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Motrivivência Ano XX, Nº 31, P. 223-240 Dez./2008
Resumo
Na década de 1980, nosso país
foi marcado por um processo de
abertura política, que, no campo da
Educação Física, gerou um momento
de discussão e reflexão a respeito
da legitimidade e importância
dessa disciplina nas escolas,
disciplina que vinha sendo pautada
predominantemente pela perspectiva
da aptidão física. Como resultados,
surgiram diversas concepções,
abordagens e perspectivas, que
buscaram dar um novo norte para a
Educação Física escolar. Nesse viés,
Abordagens, Concepções e Perspectivas
de Educação Física Quanto à Metodologia
de Ensino nos Trabalhos Publicados
na Revista Brasileira de Ciências do
Esporte (Rbce) em 2009
1 		 Acadêmica de Educação Física Licenciatura na Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR). É
bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/SESu.
2 	 Estudante da Universidade Estadual de Maringá; bolsista do Programa de Educação Tutorial -
PET/SESu desde 2008.
3 	 Possui mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2000) e doutorado em
Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009). É professora de Fundamentos de
Educação Física na Universidade Estadual de Maringá.
Aline Fabiane Barbieri1
;
Ana Beatriz Gasquez Porelli2
;
Rosângela Aparecida Mello3
Abstract
In the 1980s, our country was marked
by a process of political opening,
which in the field of Physical Educa-
tion, led a moment of reflection and
discussion on the legitimacy and im-
portance of discipline in schools, dis-
cipline that was being guided mainly
by the prospect physical fitness. As a
result, there were several concepts,
approaches and perspectives, which
sought to give a new direction for the
school physical education. This bias,
in the following article we proposed
to analyze the articles published in
224
no seguinte trabalho nos propomos a
analisar os artigos publicados na RBCE
em 2009 quanto à metodologia de
ensino escolar e através disso verificar
se ainda existe a predominância de
alguma perspectiva.
Palavras-chave: Educação Física;
Metodologia de ensino; Teorias.
Introdução
Podemos considerar que
o papel fundamental da educação
consiste na transmissão do conhe-
cimento historicamente produzido
e acumulado pelo homem às novas
gerações. Dessa forma, a educação
atua na produção e reprodução da
vida humana (SAVIANI, 2005).
E a educação, assim como
todas as demais práticas e fenômenos
sociais, sofre transformações contí-
nuas devido às relações sociais e de
produção estabelecidas pelo homem,
como confirma Mello (2009, p. 10):
“(...) as instituições, os complexos so-
ciais, toda a práxis humana, são frutos
das relações sociais estabelecidas em
determinados períodos históricos,
respondendo a determinadas neces-
sidades humanas”.
Para o estabelecimento e
funcionamento do atual modo de
organização social –capitalista- o
processo de transmissão de conhe-
cimento às novas gerações, teve
que ser redirecionado à formação
de um novo homem: forte, ágil e
empreendedor, adaptado aos me-
canismos sociais exigidos por este
sistema. Nesse contexto, a Educa-
ção Física tomou lugar de destaque
social, pois, ao mesmo tempo em
que contribuía para educação de
corpos para o trabalho, contribuía
também para moldar mentes e ditar
comportamentos.
	 Esse papel da Educa-
ção Física, de desenvolver a aptidão
física, higiene e formação moral dos
trabalhadores, seguiu hegemônico
no Brasil até por volta da década de
1980, quando ocorre um momento
de abertura política. Este foi um
período da história da educação
física brasileira em que, buscou-se,
sobretudo, refletir sobre questões
referentes à identidade e legitimi-
dade da educação física, pautada
na perspectiva da aptidão física,
como parte do currículo da Educa-
ção Básica, ou seja, procurava-se
uma justificativa para a presença da
Educação Física nas escolas.
the RBCE in 2009 on the methodol-
ogy to school and thereby determine
whether there is still a predominance
of some perspective.
 
Keywords: Physical Education; Teach-
ing methodology; Theories.
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 225
Como frutos deste momen-
to histórico, surgiram então, diver-
sas teorias de Educação Física, clas-
sificadas por Castellani Filho (1999)
como: teorias não-propositivas,
englobando a abordagem fenome-
nológica, abordagem “sociológica”
e abordagem “cultural”; teorias de
educação física propositivas, onde
se destacam as não-sistematizadas
as quais se incluem a concepção
desenvolvimentista, a concepção
construtivista, educação física “plu-
ral”, concepção de “aulas abertas” e
a concepção crítico emancipatória.
O autor destaca ainda, as teorias
propositivas sistematizadas, repre-
sentadas pelas perspectivas da apti-
dão física e a crítico-superadora.
Mesmo com esse leque de
abordagens e concepções pedagógi-
cas publicadas a partir dos anos de
1980, no entanto, a educação física
esteve atrelada durante boa parte
de sua história à perspectiva da
aptidão física, tendo como foco de
trabalho nas aulas, principalmente,
o conteúdo esportivo. Perspectiva
essa que, de acordo com Soares,
Taffarel, Varjal et al. (1992, p. 36)
“(...) tem contribuído historicamente
para a defesa dos interesses da clas-
se no poder, mantendo a estrutura
da sociedade capitalista”.
Tendo isso em vista, com
o intuito geral de promover uma
discussão acerca do panorama atual
da prática pedagógica do educador
físico em âmbito escolar e identifi-
car se a perspectiva da aptidão física
ainda é a predominante, a seguinte
pesquisa trará uma pequena amos-
tra da prevalência de utilização de
abordagens e concepções quanto à
metodologia de ensino de Educação
Física, analisando artigos, referentes
à educação física escolar, publica-
dos na RBCE em 2009.
	
Metodologia e objetivo
O seguinte artigo é de
caráter bibliográfico e teve como
principais bases teóricas a tese de
Mello (2009) intitulada: “A Ne-
cessidade Histórica da Educação
Física na Escola: a Emancipação
Humana como Finalidade” e a tese
de Castellani Filho (1999) intitula-
da “A Educação Física no Sistema
Educacional Brasileiro: Percurso,
Paradoxos e Perspectivas”.
Partindo desse suporte
teórico em direção à compreensão
materialista histórica, nossa pesqui-
sa teve como objetivo identificar
a prevalência das abordagens e
concepções de educação física
quanto às metodologias de ensino
presentes nos trabalhos publicados
na Revista Brasileira de Ciências do
Esporte (RBCE) em 2009. A classifi-
cação das abordagens e concepções
foi realizada com base nas Teorias
da Educação Física apresentadas
por Castellani Filho (1999). Nesse
226
sentido, os trabalhos foram classifi-
cados como estando pautados nas
teorias de Educação Física não-pro-
positivas, propositivas, propositivas
não sistematizadas e propositivas
sistematizadas.
1- As Teorias Não Propositivas
e a Educação Física escolar
As teorias não propositivas
são assim denominadas por Cas-
tellani Filho (2009, p. 152) porque
não apresentam uma metodologia
de ensino da Educação Física, uma
vez que o termo metodologia de
ensino é entendido por este autor
como sendo:
(...) a explicitação de uma dinâ-
mica curricular que contemple
a relação do tratamento a ser
dispensado ao conhecimento
(desde sua seleção até sua or-
ganização no sistema escolar,
associados à questão de tempo
e espaço pedagógicos) com o
projeto de escolarização ineren-
te ao projeto pedagógico da es-
cola, tudo isso sintonizado com
uma determinada configuração
da normatização desse projeto
de escolarização na expressão
de uma determinada forma de
gestão educacional.
Nesse sentido, as teorias
componentes das teorias não propo-
sitivas são conceituadas como abor-
dagens, sendo elas: a abordagem
fenomenológica; “Sociológica” e
a abordagem “Cultural”.
A seguir, cada concep-
ção, abordagem e perspectiva
serão sinteticamente apresentadas
com o objetivo de destacar seus
principais apontamentos à Educa-
ção Física escolar.
1.1- Abordagem Fenomeno-
lógica
De acordo com Castellani
Filho (1999), os principais teóricos
dessa abordagem são Silvino San-
tin e Wagner Wey Moreira. Basei
(2008) sinaliza importantes pontos
acerca do entendimento do termo
fenomenologia. Entende que, eti-
mologicamente, fenomenologia
significa o estudo ou a ciência do
fenômeno. Concretizou-se e se de-
senvolveu com Husserl como um
movimento filosófico que constituiu
uma das principais correntes de
pensamento do século XX.
Merleau-Ponty (apud BA-
SEI, 2008, p. 1) nos trás uma defi-
nição interessante sobre o que seja
fenomenologia:
[...] fenomenologia é o estudo
das essências, é uma filosofia
que recoloca as essências na
existência; uma filosofia para a
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 227
qual não se pode compreender o
homem e o mundo senão a partir
de sua facticidade; é uma filosofia
transcendental que coloca entre
parênteses para se compreender
as afirmações da atitude natural
e, além disso, a tentativa de uma
descrição direta de nossa experi-
ência tal como é, sem levar em
conta a sua gênese psicológica e
as explicações causais do cientis-
ta. Sendo assim, ela é um cons-
tante recomeçar, um problema,
ela está sempre em estado de as-
piração – desejando alcançar um
determinado objetivo.
Em âmbito escolar, a abor-
dagem fenomenológica tem como
foco o movimentar-se humano e a
relação do indivíduo com o meio:
sujeito-espaço, sujeito-tempo, sujei-
to-objetos, etc.
Busca-se nas aulas de Edu-
cação Física desenvolver a capa-
cidade de tomada de decisão e
autonomia dos alunos, bem como
propiciar a estes uma prática lúdica,
de cooperação e socialização com
os demais colegas de classe.
1.2- Abordagem “Sociológica”
Castellani Filho (1999)
e Palafox e Nazari (2007) aponta
como principal teórico correspon-
dente à abordagem “Sociológica”
Mauro Betti.
Mauro Betti é o autor da
obra “Educação Física e Sociedade”,
uma das principais obras acerca
da abordagem “sociológica”. Este
autor destaca a relação fenômeno
esportivo e instituição escolar como
entendimento fundamental para os
adeptos a essa abordagem, assim a
define como:
(...) não é difícil definir o objeti-
vo da Educação Física na escola,
incluindo o esporte como um de
seus conteúdos: introduzir o alu-
no no universo cultural das ativi-
dades físicas, de modo a prepa-
rá-lo para elas usufruir durante
toda sua vida. (...) Deve-se en-
sinar o basquetebol, o voleibol
(a dança, a ginástica, o jogo...),
visando não apenas o aluno
presente, mas o cidadão futuro,
que vai partilhar, produzir, re-
produzir e transformar as formas
culturais da atividade física. Por
isso, na Educação Física escolar,
o esporte não deve restringir-se
a um ‘fazer’ mecânico, visando
um rendimento exterior ao indi-
víduo, mas tornar-se um ‘com-
preender’, um ‘incorporar’, um
‘aprender’ atitudes, habilidades
e conhecimentos, que levem o
aluno a dominar os valores e pa-
drões da cultura esportiva (BET-
TI, 1991 p.16).
Nesse sentido, podemos
concluir que, para Betti, o conteúdo
228
principal da Educação Física em
âmbito escolar é o esporte. Pois,
mesmo fazendo referência aos ou-
tros conteúdos da Educação Física,
enfatiza-se o conteúdo esporte, a
cultura esportiva.
1.3- Abordagem “Cultural” 	
Nesta abordagem, o prin-
cipal autor representante é Jocimar
Daolio. Para o mesmo, a Educação
Física é considerada como parte
da cultura humana, ou seja, ela
se constitui numa área de conhe-
cimento que estuda e atua sobre
um conjunto de práticas ligadas ao
corpo e ao movimento, criadas pelo
homem ao longo de sua história:
os jogos, as ginásticas, as lutas, as
danças e os esportes.
O corpo é uma síntese da cultu-
ra, porque expressa elementos
específicos da sociedade da qual
faz parte. O homem, através do
seu corpo, vai assimilando e se
apropriando dos valores, normas
e costumes sociais, num proces-
so de inCORPOração (a palavra
é significativa). Mais do que um
aprendizado intelectual, o indiví-
duo adquire um conteúdo cultu-
ral, que se instala no seu corpo,
no conjunto de suas expressões
(DAOLIO, 1995, p. 25).
Ainda de acordo com o
autor, o profissional de Educação
Física deve respeitar as diversas
culturas e, dessa forma, ficar aten-
to, pois, quando trabalha com o
homem através de seu corpo, estão
trabalhando com a cultura impres-
sa nesse corpo e expressa por ele.
Ou seja, trabalhar com o corpo é
interferir na sociedade na qual este
corpo faz parte.
2- Teorias propositivas não
sistematizadas e a educação
física escolar
Dentro do grupo de teo-
rias propositivas, ou seja, daquelas
pedagogias que propõem uma
metodologia de trabalho, Castellani
Filho (1999) ainda divide as teorias
de educação física em sistematiza-
das e não sistematizadas. As teorias
não sistematizadas são ditas pelo
autor como sendo concepções,
tendo em vista que aspiram uma
nova conformação para a aula de
educação física, sem, contudo, sis-
tematizar os conteúdos que devam
ser trabalhados.
2.1- Concepção Desenvolvi-
mentista
A concepção desenvolvi-
mentista de Educação Física tem
como principal referencial teórico
Go Tani. De acordo com este autor,
as aulas de Educação Física devem
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 229
proporcionar às crianças oportunida-
des que as possibilitem ter um pleno
desenvolvimento motor, de modo
que aos 12 anos ela já tenha desen-
volvido um grande repertório motor
de todas as habilidades básicas.
O condicionamento fí-
sico adequado, desenvolvimento
afetivo-social e cognitivo da criança
seriam, de acordo com essa concep-
ção, baseados no desenvolvimento
motor (MANOEL; KOKUBUN;
TANI et al. 1988).
Em resumo:
[...] os movimentos são de fun-
damental importância para a
vida do ser humano em seus di-
ferentes aspectos. Onde existe
vida, existe movimento; e vida
é impossível sem movimento
(MANOEL; KOKUBUN; TANI
et al. 1988, p. 13).
Nesse sentido, o movi-
mento, nessa concepção, é consi-
derado como o objeto de estudo e
aplicação da Educação Física.
2.2- Concepção Construtivista
Como principal referen-
cial teórico desta concepção de
Educaçao Física, podemos destacar
João Batista Freire.
De acordo com essa con-
cepção, para que as atividades
físicas e noções lógico-matemáticas,
necessárias para as atividades es-
colares, se desenvolvam adequa-
damente nas crianças, a Educação
Física deve contribuir para o desen-
volvimento motor destas.
Os jogos e brincadeiras
que estimulem a cognição, a mo-
tricidade, socialização e afetividade
da criança, bem como a utilização
de materiais alternativos, são os
conteúdos privilegiados nas aulas
de Educação Física pautadas nessa
concepção.
Palafox e Nazari (2007)
destacam como objeto de estudo
da concepção construtivista a mo-
tricidade humana, entendida como
o conjunto de habilidades que
permitem ao homem produzir co-
nhecimento e se expressar. Quanto
ao seu conteúdo básico, seria traba-
lhado, inicialmente, a cultura dos
próprios alunos, de modo a tornar, o
conhecimento significativo a estes.
O foco é trabalhar com a educação
dos sentidos, educação da motrici-
dade, educação do símbolo.
Nessa concepção a Edu-
cação Física tem como conteúdos
principais:
[...] brincadeiras populares, jogo
simbólico e jogo de regras. Sua
finalidade é a construção do co-
nhecimento através do resgate
de conhecimento do aluno para
a solução de problemas. A te-
mática principal fica por conta
230
da cultura popular, do jogo e
do que é lúdico (VALDANHA
NETTO, 2006, p. 1).
2.3- Educação Física “Plural”
Os principais autores des-
sa concepção são Jocimar Daolio e
Tarcísio Mauro Vago. A pedagogia
dita Educação Física “Plural” origi-
nou-se da abordagem “Cultural”.
Para Daolio (1996, p. 41),
a proposta de uma Educação Física
Plural tem como condição mínima
e primeira que:
(...) as aulas atinjam todos os alu-
nos, sem discriminação dos me-
nos hábeis, ou das meninas, ou
dos gordinhos, dos baixinhos,
dos mais lentos. Esta Educação
Física Plural parte do pressupos-
to que os alunos são diferentes,
recusando o binômio igualda-
de/desigualdade para compará-
los. Sendo eles diferentes e ten-
do a aula que alcançar todos os
alunos, alguns padrões de aula
terão que, necessariamente, ser
reavaliados. Parece que é o que
vem acontecendo com as aulas
mistas. Os professores, não sem
dificuldades, tem lidado com
as diferenças entre meninos e
meninas. objetivo não será a
aptidão física dos alunos, nem a
busca de um melhor rendimen-
to esportivo. Os elementos da
cultura corporal serão tratados
como conhecimentos a serem
sistematizados e reconstruídos
pelos alunos.
A sistematização dessa con-
cepçãotememvistapropiciaroportu-
nidades motoras aos alunos, afim de
que eles explorem sua capacidade de
movimentação, descubra expressões
corporais e domine seu corpo.
2.4- Concepção de “Aulas
Abertas”
A concepção de meto-
dologia de ensino denominada de
“Aulas Abertas” tem como idealiza-
dor Reiner Hildebrandt e, de acordo
com Hirai e Cardoso (2006), aponta
para aulas orientadas nos alunos, no
processo, na problematização e na
comunicação. Nessa concepção, o
professor deixa de ter papel central
nas aulas de educação física, sen-
do o ensino orientado ao aluno.	
Já Mezzaroba, Coelho e Cardoso
(2007) chamam essa concepção
de “método de aulas abertas às
experiências”, e apontam como
suas principais características:
1- ação simultânea de professor e
aluno no processo de aprendiza-
gem; 2- o esporte é determinado
como uma peça modificável; 3- o
modo de transferir conhecimentos
deve deixar espaço para um jogo
de ações, permitindo que o aluno
aja autonomamente, visando o de-
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 231
senvolvimento de sua criatividade,
comunicação e cooperação; 4- o
aluno é o sujeito de seu processo
de aprendizagem.
Em síntese, uma aula de
Educação Física pautada nessa con-
cepção, tem como:
Objetivos Gerais: Trabalhar o
mundo do movimento em sua
amplitude e complexidade com
a intenção de proporcionar, aos
participantes, autonomia para
as capacidades de ação. Seria-
ção Escolar: Pode ser trabalhada
dentro da atual estrutura curri-
cular escolar. Preocupa-se mais
em como trabalhar, acessar e
tornar significativo os conteú-
dos aos participantes. Conteú-
dos Básicos: O mundo do mo-
vimento e suas relações com os
outros e as coisas (PALAFOX;
NAZARI; 2007, p. 1).
2.5- Concepção Crítico-Eman-
cipatória
Essa concepção indica que
as aulas de Educação Física devem
proporcionar às crianças o aprendi-
zado das modalidades esportivas e,
por meio desta, contribuindo para a
formação do aluno.
Tem como principal re-
ferência Elenor Kunz. Que desse
modo Kunz (1996) aponta a dife-
rença entre a proposta da Educação
Física hoje e o que se entende como
compromisso educacional escolar
só pode ser resolvida quando a
Educação Física conseguir transfor-
mar as suas especificidades práticas
em tarefas pedagógicas desejáveis,
ou seja, não excluir a prática do
esporte, movimentos e jogos, mas,
por meios deles, desenvolver a fun-
ção social e política que é inerente
a toda ação pedagógica. Para ele
compreender e discutir a situação
da Educação Física escolar se faz
necessário considerar os fatores
individuais, biológicos, sociais (fa-
miliares), históricos, culturais que,
envolvem e determinam a relação
do indivíduo, no caso, aluno com a
prática da Educação Física.
De acordo com Kunz, nes-
sa concepção, a Educação Física de-
verá proporcionar ao aluno conhe-
cimentos que transcendam apenas
os da prática esportiva, proporcio-
nando as estes o desenvolvimento
de sua comunicação, não apenas
dentro da prática esportiva, mas
também no seu relacionamento so-
cial, político, econômico e cultural,
além de levar até os alunos diver-
sos outros tipos de conhecimento,
como por exemplo, conhecimentos
relacionados à saúde.
Busso e Venditti Junior
(2005, p. 1) entendem que aulas
de Educação Física pautadas na
concepção crítico-emancipatória
objetiva, sobretudo:
232
[...] alcançar, objetivos primor-
diais do ensino, e através das
atividades com o movimento
humano, o desenvolvimento de
competências como a autono-
mia, a competência social e a
competência objetiva.
Os autores ainda destacam
que a concepção crítico-emancipa-
tória tem como temática principal
aplicar o conhecimento conscien-
temente e refuncionalizar o conhe-
cimento humano, com o objetivo
fundamental de identificar o esporte
e suas transformações sociais por
meio do movimentar-se humano.
3- Teorias propositivas siste-
matizadas e a educação física
escolar
As únicas teorias a respeito
da metodologia de ensino da educa-
ção física que, de acordo com Cas-
tellani Filho (1999) são propositivas
e sistematizadas são as perspectivas
da aptidão física e a perspectiva
crítico-superadora.
	
3.1- Perspectiva da Aptidão
Física
Essa perspectiva de Edu-
cação Física tem como principal
teórico na atualidade Vitor Mat-
sudo e como base fundamental as
ciências biológicas e foi de grande
importância para o estabelecimento
e manutenção da sociedade capita-
lista no sentido em que contribuiu
para a formação de um novo ho-
mem: forte, ágil e empreendedor,
adaptado aos mecanismos sociais
exigidos por este sistema. Neste
sentido, o conteúdo esporte é pri-
vilegiado, mais especificamente:
o vôlei, futebol, basquete e han-
debol (PALAFOX; NAZARI, 2007;
SOARES; TAFFAREL; VARJAL et al.
1992; MELLO, 2009)
Tabela 1: Principais pontos da metodologia de ensino e objetivo da Edu-
cação Física escolar na perspectiva da aptidão física.
Principais pontos da metodologia de ensino Objetivo da aula
- Modelos de aulas são estabelecidos pelo professor com base na
repetição de exercícios e movimentos;
- Exposição oral do professor;
- Rigidez e disciplina nas aulas (visão militarista);
- Ausência de momentos de reflexão pedagógica sobre os
conteúdos;
- Aulas no formato de treinamento esportivo;
- Aulas marcadas por três partes: aquecimento, parte principal e
volta à calma.
- Aprimoramento
da aptidão física
dos alunos,
visando o
desenvolvimento
da capacidade
física máxima
destes.
* Principais referenciais utilizados para a construção da tabela: Cordeiro Júnior e Ferreira (1999) e
Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992).
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 233
3.2- Perspectiva Crítico-Su-
peradora
A perspectiva crítico-su-
peradora foi explicitada no ano de
1992 com a publicação do livro
“Metodologia do Ensino de Edu-
cação Física” escrito por Soares,
Taffarel, Varjal, Bracht, Castellani
Filho e Escobar, grupo conhecido
como “Coletivo de Autores”.
A seguinte proposta de
trabalho com a Educação Física
tem como raiz teórica a perspectiva
materialista-histórica de Karl Marx e
entende a Educação Física como:
(...) uma prática pedagógica
que, no âmbito escolar, temati-
za formas de atividades expres-
sivas corporais como: jogo, es-
porte, dança, ginástica, formas
estas que configuram uma área
de conhecimento que podemos
chamar de cultura corporal (SO-
ARES, TAFFAREL; VARJAL et al.
1992, p. 50).
Essa perspectiva tem três
características específicas de re-
flexão pedagógica: é diagnóstica
porque constata e lê os dados da
realidade; é também judicativa,
uma vez que julga essa constatação
a partir de uma ética proveniente de
interesses de determinada classe so-
cial e, por fim, é teleológica por que
tem um objetivo específico. Assim,
tendo em vista as determinações de
classes o projeto político-pedagógi-
co representa uma intenção, a qual
o professor deve ter bem definida
(SOARES; TAFFAREL; VARJAL et
al. 1992).
Tendo como conteúdos
específicos os elementos da cultura
corporal, as aulas de Educação Físi-
ca na perspectiva crítico-superadora
devem partir dos conhecimentos
que os alunos já tem sobre os con-
teúdos a serem trabalhados. Deve
ser levado em conta, também, a
realidade histórico-social a qual os
alunos estão inseridos, para que as
aulas proporcionem a estes uma
leitura da realidade. Em suma, o
conhecimento escolar seria tratado
desde sua gênese, permitindo ao
aluno entender-se como sujeito
histórico capaz de interferir na
sociedade.
Na escola essa perspectiva
de Educação Física pode contri-
buir para os interesses populares,
substituindo a individualidade
pela solidariedade, a disputa pela
cooperação, enfim. Nesse processo,
Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992)
destacam a grande importância da
presença da técnica e da tática no
processo de ensino/aprendizagem.
A observação realizada é referente
à limitação que o professor vem
dando em suas aulas à técnica e a
tática, ou seja, de acordo com esta
perspectiva de trabalho na Educa-
234
ção Física a técnica não deve ser
vista como objetivo, como fim, mas
sim, como meio para proporcionar
o desenvolvimento completo do
aluno (BARBIERI, 2010).
A proposta metodológica
dessa perspectiva consiste em, so-
bretudo, substituir o sistema vigente
de ensino, organizado por séries,
pela adoção de ciclos de escola-
rização, organizados da seguinte
maneira:
- 1º Ciclo: Organização da Identifi-
cação da Realidade, abordando 1º e
3º séries do ensino fundamental;
- 2º Ciclo: Iniciação à Sistematiza-
ção do Conhecimento, englobando
da 4º a 6º séries do Ensino Funda-
mental;
- 3º Ciclo: Ampliação da Sistema-
tização do Conhecimento, corres-
pondente 7º a 8º séries do Ensino
Fundamental;
- 4º Ciclo: Sistematização do Co-
nhecimento, materializada no
período de 1º a 3º séries do Ensino
Médio.
A seguir, estão apresen-
tados, de forma sintetizada, os
principais pontos metodológicos
propostos, bem como o objetivo
norteador de uma aula pautada
nessa perspectiva:
Tabela 2: Principais pontos da metodologia de ensino e objetivos da edu-
cação física escolar na perspectiva crítico-superadora.
Principais pontos da metodologia de ensino Objetivos da aula
- Regate histórico do conteúdo a ser trabalhado em aula;
- Aulas em diversos espaços;
- Ponderada rigidez/disciplina nas regras de convívio social;
- Trabalhos em pequenos grupos utilizando o recurso da
problematização;
- Utilização de diversos materiais (oficiais e alternativos);
- Diálogo entre professor e aluno;
- Aulas marcadas pelos momentos: introdução, desenvolvimento
e avaliação final.
- Aprendizagem
dos conteúdos da
cultura corporal
pelo aluno;
- Leitura da
realidade;
- Desenvolvimento
humano.
* Principais referenciais para a construção da tabela: Cordeiro Júnior e Ferreira
(1999) e Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992).
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 235
4-Análisedosartigospublicados
em2009narevistabrasileirade
ciências do esporte (rbce)
A Revista Brasileira de
Ciências do Esporte (RBCE) é um
dos mais tradicionais e importantes
periódicos científicos brasileiros
na área da Educação Física. Essa
revista publica anualmente três
exemplares, sendo o primeiro no
mês de janeiro, o segundo no mês
de maio e o terceiro em setembro.
No ano de 2009, suas edições
foram compostas por 13, 14 e 12
artigos originais, respectivamente.
Foi publicado, também, de forma
adicional, o Cadernos de Formação
RBCE, no mês de setembro, com-
posto por 8 artigos, totalizando 47
artigos publicados em 2009.
Tendo em vista o objetivo
de nossa pesquisa - identificar a pre-
valência das abordagens e concep-
ções de Educação Física quanto às
metodologias de ensino presentes
nos trabalhos publicados na RBCE
em 2009 – foram analisados apenas
artigos que tratassem da educação
física em âmbito escolar. Alguns au-
tores não explicitaram a abordagem/
concepção a qual pautaram suas
pesquisas. Nesse sentido, algumas
classificações foram feitas mediante
as características apresentadas no
decorrer dos textos. No total, foram
selecionados para análise apenas
11 artigos, apresentados na tabela
a seguir:
Tabela 3: Lista de artigos analisados e abordagens/concepções destes.
Autores Título do artigo
Abordagem,
concepção ou
perspectiva
VAGO (2009)
Pensar a Educação Física na Escola:
para uma formação cultural da infância
e da juventude
Propositiva não
sistematizada:
Educação Física
“Plural”
RICHTER (2009)
Dos lugares do Esporte nas aulas de
Educação Física: algumas possibilidades
de intervenção pedagógica
Não propositiva:
Abordagem
Fenomenológica
NASCIMENTO;
VASCONCELOS
(2009)
Esporte, Educação Física e Educação
Infantil: Estabelecendo novos diálogos
Não propositiva:
Abordagem
Fenomenológica
236
Autores Título do artigo
Abordagem,
concepção ou
perspectiva
REZER (2009)
Pressupostos orientadores para o ensino
dos “Futebóis” na Educação Física
Escolar...
Propositiva
sistematizada:
Perspectiva Crítico-
Superadora
GOLÇALVES;
ABELHA;
NOGUEIRA
(2009)
Handebol Educacional e a Organização
do trabalho pedagógico
Propositiva
sistematizada:
Perspectiva Crítico-
Superadora
LOPES; VIEIRA
(2009)
A construção do saber ensinar
caratê nas aulas de Educação Física:
Enfrentamentos e possibilidades na
prática pedagógica da EMEF “Centro de
Jacaraípe”, Serra-ES
Propositiva
sistematizada
Perspectiva Crítico-
Superadora
MELO (2009)
Esporte e Cinema: Relações e
Possibilidades Pedagógicas
Perspectiva da
Educação Estética
STIGGER (2009)
Lazer, Cultura e Educação: Possíveis
Articulações
Abordagem Sócio-
Cultural
NASCIMENTO;
DANTAS (2009)
FENSTERSEIFER
(2009)
MENDES; PIRES
(2009)
O Desenvolvimento Histórico-Cultural
Da Criança Nas Aulas de Educação
Física: Possibilidades de Trabalho a
Partir da Atividade Principal e Dos
Temas
Epstemologia e Prática Pedagógica
Desvelando a Janela de Vidro: Relato
de Experiência de Mídia- Educação e
Educação Física
Propositiva
sistematizada:
Perspectiva Crítico-
Superadora
Propositiva não-
sistematizada:
Crítico-Emancipatória
Propositiva não
sistematizada:
Abordagem
“Sociológica”
Logo, em nossa análise, foi
encontrada a seguinte prevalência
de abordagens, concepções e pers-
pectivas de Educação Física:
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 237
Tabela 4: Prevalência das abordagens/concepções/perspectivas de Educa-
ção Física encontrada nos artigos relacionados à Educação Física escolar
publicados na RBCE em 2009.
Abordagem/concepção/perspectiva
Nº de
artigos
Abordagem Fenomenológica 2
Abordagem “Sociológica” 1
Abordagem “Cultural” 0
Concepção Desenvolvimentista 0
Concepção Construtivista 0
Educação Física “Plural” 1
Concepção de “Aulas Abertas” 0
Concepção Crítico-Emancipatória 1
Perspectiva da Aptidão Física 0
Perspectiva Crítico-Superadora 4
Perspectiva da Educação Estética e
Abordagem Sócio-Cultural
2
Mediante esse resultado,
podemos entender que a produção
bibliográfica de artigos científicos
publicados em 2009 na RBCE
encontrou-se bastante heterogênea
quanto às abordagens, concepções
e perspectivas de Educação Física
no que se refere a metodologia de
ensino, o que nos leva a concluir
que não existe mais uma predomi-
nância de perspectiva como havia
anteriormente a década de 80.
Considerações finais
A análise da prevalência
das perspectivas em que vêem
sendo produzidos os trabalhos
científicos faz-se relevante na me-
dida em que estes evidenciam ou,
até mesmo, servem de referência à
prática pedagógica do professor de
Educação Física nas escolas.
Entendemos que o surgi-
mento das diversas concepções,
abordagens e perspectivas de Edu-
cação Física a partir da década de 80
vieram estabelecer um grande avan-
ço nessa área de conhecimento. Isso
porque estas obras e pensamentos
trouxeram, cada uma à sua manei-
ra, um significado à presença da
Educação Física naquele momento
histórico e serviram de base para o
desenvolvimento do entendimento
de Educação Física quanto à meto-
dologia de ensino no espaço escolar
que temos atualmente.
Por outro lado, é impor-
tante salientarmos que essa hetero-
geneidade pode gerar uma confusão
ao professor em sua prática escolar,
238
EF DEPORTES, Buenos Aires, a.
10, n. 83, abr. 2005. Disponível
em: http://www.efdeportes.com/
efd83/efb.htm. Acesso em: 29 de
dezembro de 2009.
CASTELLANI FILHO, L. A Educação
Física no Sistema Educacional
Brasileiro: percurso, paradoxos
e perspectivas. (Tese apresentada
à Universidade Estadual de
Campinas) Campinas, 1999.
CORDEIROJÚNIOR,O.;FERREIRA,
M. G. Uma proposta para o
ensino do judô sob a ótica
crítico-superadora: dando os
primeiros passos no dojô... Rev.
Bras. Cienc. Esporte, v. 21, n. 1,
p. 449-457, set. 1999.
DAOLIO, J. Os significados do corpo
na cultura e as implicações para
a Educação Física. Movimento,
a. 2, n. 2, p. 24-28, jun. 1995.
DAOLIO, J. Educação Física Escolar:
em busca da Pluralidade. Rev.
paul. Educ. Fís., São Paulo,
supl.2, p.40-42, 1996.
FENSTERSEIFER, P. E. Epistemologia
e Prática Pedagógica. Rev. Bras.
Cienc. Esporte, Campinas, v. 30,
n. 3, p. 203-214, maio 2009.
GONÇALVES, L. L.; ABELHA, W. L.;
NOGUEIRA, Q. W. C. Handebol
Educacional e a Organização do
Trabalho Pedagógico. Cadernos
de Formação RBCE, p. 88-99,
set. 2009.
HIRAI, R. T.; CARDOSO, C. L. Para a
compreensão da concepção de
uma vez que, em nossa análise,
alguns artigos não demonstraram
claramente em que perspectiva
teórica estavam direcionados, fato
que poderia dificultar a transmissão
do conhecimento aos alunos.
Referências
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Ensino de Educação Física.
(Resenha). Conexões: revista da
Faculdade de Educação Física da
UNICAMP, Campinas, v. 8, n. 1,
p. 203-209, jan./abr. 2010.
BASEI, A. P.. O pensamento
fenomenológico e a Educação/
Educação Física: possibilidades
de construção do conhecimento
a partir do mundo vivido dos
sujeitos. Revista Digital EF
DEPORTES, Buenos Aires, a. 13,
n. 119, abr. 2008. Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd119/
o-pensamento-fenomenologico-e-
a-educacao-educacao-fisica.htm.
Acesso em: 29 de dezembro de
2009.
BETTI, M. Educação Física
e Sociedade. São Paulo:
Movimento, 1991.
BUSSO, G. L.; VENDITTI JÚNIOR,
R..Sistematizaçãoepistemológica
da Educação Física brasileira:
concepções pedagógicas
crítico-superadora e crítico-
emancipatória. Revista Digital
Ano XX, n° 31, dezembro/2008 239
“aulas abertas” na educação física
escolar: orientada no aluno, no
processo, na problematização, na
comunicaçãoe...,Motrivivência,
a. XVIII, n. 27, p. 119-136, dez.
2006.
KUNZ, E. Transformação didático-
pedagógica do Esporte. Ijuí:
Unijuí. 1996.
LOPES, Y. M. S; VIEIRA, A. O. A
construção do Saber Ensinar
Caratê nas Aulas de Educação
Física: Enfrentamentos e
Possibilidades na prática da
EMEF “Centro de Jacaraípe”,
Serra-ES. Cadernos de Formação
RBCE, p. 100-110, set. 2009.
MANOEL, E. J.; KOKUBUN, E.;
TANI, G., et al. Educação Física
Escolar: Fundamentos de uma
Abordagem Desenvolvimentista.
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MELO, V. A. Esporte e Cinema:
Relações e Possibilidades
Pedagógicas. Cadernos de
Formação RBCE, p. 111-126,
set. 2009.
MELLO, R. Ap. A necessidade
histórica da Educação Física
na Escola: a emancipação
humana como finalidade. (Tese
apresentada à Universidade
Federal de Santa Catarina)
Florianópolis, 2009.
MENDES, D. S.; PIRES, G. L.
Desvendando a janela de vidro:
relato de uma experiência escolar
de mídia-educação e Educação
Física. Rev. Bras. Cienc. Esporte,
Campinas, v. 30, n. 3, p. 79-94,
maio 2009.
MEZZAROBA, C.; COELHO, G. F.
M.; CARDOSO, C. L. Planejar/
Ministrar “aulas abertas” no
Ensino Médio: uma experiência
de ensino em turma mista de
voleibol. Motrivivência, a.
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Disponível em:
http://www.periodicos.ufsc.br/
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2009.
NASCIMENTO, C. P.; DANTAS, L.
E. P. B. T. O Desenvolvimento
Histórico-Cultural Da Criança
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Possibilidades de Trabalho a
Partir da Atividade Principal e
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N A S C I M E N T O , B . D . ;
VASCONCELOS, V. C. P.;
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Educação Física e Educação
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RBCE, p. 57-70, set. 2009.
PALAFOX, G. H. M.; NAZARI,
J. Abordagens metodológicas
do ensino da Educação Física
escolar. Revista Digital EF
DEPORTES, Buenos Aires, a. 12,
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240
http://www.efdeportes.com/efd112/
abordagens-metodologicas-do-
ensino-da-educacao-fisica-escolar.
htm. Acesso em: 21 de abril de
2010.
RICHTER, A. C. Dos lugares do
Esporte nas aulas de Educação
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REZER, R. Pressupostos orientadores
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SARAIVA, M. C. Elementos para
uma concepção do ensino de
dança na escola: a perspectiva
da educação estética. Rev. Bras.
Cienc. Esporte, Campinas, v. 30,
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S A V I A N I , D . P e d a g o g i a
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a p r o x i m a ç õ e s . C o l e ç ã o
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VALDANHANETTO,A.Abordagens
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Disponível em: http://www.
efdeportes.com/efd95/pedagog.
htm. Acesso em: 21 de abril de
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Recebido: 11/fevereiro/2010.
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Análise das abordagens de Educação Física em artigos da RBCE 2009

  • 1. Motrivivência Ano XX, Nº 31, P. 223-240 Dez./2008 Resumo Na década de 1980, nosso país foi marcado por um processo de abertura política, que, no campo da Educação Física, gerou um momento de discussão e reflexão a respeito da legitimidade e importância dessa disciplina nas escolas, disciplina que vinha sendo pautada predominantemente pela perspectiva da aptidão física. Como resultados, surgiram diversas concepções, abordagens e perspectivas, que buscaram dar um novo norte para a Educação Física escolar. Nesse viés, Abordagens, Concepções e Perspectivas de Educação Física Quanto à Metodologia de Ensino nos Trabalhos Publicados na Revista Brasileira de Ciências do Esporte (Rbce) em 2009 1 Acadêmica de Educação Física Licenciatura na Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR). É bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/SESu. 2 Estudante da Universidade Estadual de Maringá; bolsista do Programa de Educação Tutorial - PET/SESu desde 2008. 3 Possui mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2000) e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009). É professora de Fundamentos de Educação Física na Universidade Estadual de Maringá. Aline Fabiane Barbieri1 ; Ana Beatriz Gasquez Porelli2 ; Rosângela Aparecida Mello3 Abstract In the 1980s, our country was marked by a process of political opening, which in the field of Physical Educa- tion, led a moment of reflection and discussion on the legitimacy and im- portance of discipline in schools, dis- cipline that was being guided mainly by the prospect physical fitness. As a result, there were several concepts, approaches and perspectives, which sought to give a new direction for the school physical education. This bias, in the following article we proposed to analyze the articles published in
  • 2. 224 no seguinte trabalho nos propomos a analisar os artigos publicados na RBCE em 2009 quanto à metodologia de ensino escolar e através disso verificar se ainda existe a predominância de alguma perspectiva. Palavras-chave: Educação Física; Metodologia de ensino; Teorias. Introdução Podemos considerar que o papel fundamental da educação consiste na transmissão do conhe- cimento historicamente produzido e acumulado pelo homem às novas gerações. Dessa forma, a educação atua na produção e reprodução da vida humana (SAVIANI, 2005). E a educação, assim como todas as demais práticas e fenômenos sociais, sofre transformações contí- nuas devido às relações sociais e de produção estabelecidas pelo homem, como confirma Mello (2009, p. 10): “(...) as instituições, os complexos so- ciais, toda a práxis humana, são frutos das relações sociais estabelecidas em determinados períodos históricos, respondendo a determinadas neces- sidades humanas”. Para o estabelecimento e funcionamento do atual modo de organização social –capitalista- o processo de transmissão de conhe- cimento às novas gerações, teve que ser redirecionado à formação de um novo homem: forte, ágil e empreendedor, adaptado aos me- canismos sociais exigidos por este sistema. Nesse contexto, a Educa- ção Física tomou lugar de destaque social, pois, ao mesmo tempo em que contribuía para educação de corpos para o trabalho, contribuía também para moldar mentes e ditar comportamentos. Esse papel da Educa- ção Física, de desenvolver a aptidão física, higiene e formação moral dos trabalhadores, seguiu hegemônico no Brasil até por volta da década de 1980, quando ocorre um momento de abertura política. Este foi um período da história da educação física brasileira em que, buscou-se, sobretudo, refletir sobre questões referentes à identidade e legitimi- dade da educação física, pautada na perspectiva da aptidão física, como parte do currículo da Educa- ção Básica, ou seja, procurava-se uma justificativa para a presença da Educação Física nas escolas. the RBCE in 2009 on the methodol- ogy to school and thereby determine whether there is still a predominance of some perspective.   Keywords: Physical Education; Teach- ing methodology; Theories.
  • 3. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 225 Como frutos deste momen- to histórico, surgiram então, diver- sas teorias de Educação Física, clas- sificadas por Castellani Filho (1999) como: teorias não-propositivas, englobando a abordagem fenome- nológica, abordagem “sociológica” e abordagem “cultural”; teorias de educação física propositivas, onde se destacam as não-sistematizadas as quais se incluem a concepção desenvolvimentista, a concepção construtivista, educação física “plu- ral”, concepção de “aulas abertas” e a concepção crítico emancipatória. O autor destaca ainda, as teorias propositivas sistematizadas, repre- sentadas pelas perspectivas da apti- dão física e a crítico-superadora. Mesmo com esse leque de abordagens e concepções pedagógi- cas publicadas a partir dos anos de 1980, no entanto, a educação física esteve atrelada durante boa parte de sua história à perspectiva da aptidão física, tendo como foco de trabalho nas aulas, principalmente, o conteúdo esportivo. Perspectiva essa que, de acordo com Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992, p. 36) “(...) tem contribuído historicamente para a defesa dos interesses da clas- se no poder, mantendo a estrutura da sociedade capitalista”. Tendo isso em vista, com o intuito geral de promover uma discussão acerca do panorama atual da prática pedagógica do educador físico em âmbito escolar e identifi- car se a perspectiva da aptidão física ainda é a predominante, a seguinte pesquisa trará uma pequena amos- tra da prevalência de utilização de abordagens e concepções quanto à metodologia de ensino de Educação Física, analisando artigos, referentes à educação física escolar, publica- dos na RBCE em 2009. Metodologia e objetivo O seguinte artigo é de caráter bibliográfico e teve como principais bases teóricas a tese de Mello (2009) intitulada: “A Ne- cessidade Histórica da Educação Física na Escola: a Emancipação Humana como Finalidade” e a tese de Castellani Filho (1999) intitula- da “A Educação Física no Sistema Educacional Brasileiro: Percurso, Paradoxos e Perspectivas”. Partindo desse suporte teórico em direção à compreensão materialista histórica, nossa pesqui- sa teve como objetivo identificar a prevalência das abordagens e concepções de educação física quanto às metodologias de ensino presentes nos trabalhos publicados na Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE) em 2009. A classifi- cação das abordagens e concepções foi realizada com base nas Teorias da Educação Física apresentadas por Castellani Filho (1999). Nesse
  • 4. 226 sentido, os trabalhos foram classifi- cados como estando pautados nas teorias de Educação Física não-pro- positivas, propositivas, propositivas não sistematizadas e propositivas sistematizadas. 1- As Teorias Não Propositivas e a Educação Física escolar As teorias não propositivas são assim denominadas por Cas- tellani Filho (2009, p. 152) porque não apresentam uma metodologia de ensino da Educação Física, uma vez que o termo metodologia de ensino é entendido por este autor como sendo: (...) a explicitação de uma dinâ- mica curricular que contemple a relação do tratamento a ser dispensado ao conhecimento (desde sua seleção até sua or- ganização no sistema escolar, associados à questão de tempo e espaço pedagógicos) com o projeto de escolarização ineren- te ao projeto pedagógico da es- cola, tudo isso sintonizado com uma determinada configuração da normatização desse projeto de escolarização na expressão de uma determinada forma de gestão educacional. Nesse sentido, as teorias componentes das teorias não propo- sitivas são conceituadas como abor- dagens, sendo elas: a abordagem fenomenológica; “Sociológica” e a abordagem “Cultural”. A seguir, cada concep- ção, abordagem e perspectiva serão sinteticamente apresentadas com o objetivo de destacar seus principais apontamentos à Educa- ção Física escolar. 1.1- Abordagem Fenomeno- lógica De acordo com Castellani Filho (1999), os principais teóricos dessa abordagem são Silvino San- tin e Wagner Wey Moreira. Basei (2008) sinaliza importantes pontos acerca do entendimento do termo fenomenologia. Entende que, eti- mologicamente, fenomenologia significa o estudo ou a ciência do fenômeno. Concretizou-se e se de- senvolveu com Husserl como um movimento filosófico que constituiu uma das principais correntes de pensamento do século XX. Merleau-Ponty (apud BA- SEI, 2008, p. 1) nos trás uma defi- nição interessante sobre o que seja fenomenologia: [...] fenomenologia é o estudo das essências, é uma filosofia que recoloca as essências na existência; uma filosofia para a
  • 5. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 227 qual não se pode compreender o homem e o mundo senão a partir de sua facticidade; é uma filosofia transcendental que coloca entre parênteses para se compreender as afirmações da atitude natural e, além disso, a tentativa de uma descrição direta de nossa experi- ência tal como é, sem levar em conta a sua gênese psicológica e as explicações causais do cientis- ta. Sendo assim, ela é um cons- tante recomeçar, um problema, ela está sempre em estado de as- piração – desejando alcançar um determinado objetivo. Em âmbito escolar, a abor- dagem fenomenológica tem como foco o movimentar-se humano e a relação do indivíduo com o meio: sujeito-espaço, sujeito-tempo, sujei- to-objetos, etc. Busca-se nas aulas de Edu- cação Física desenvolver a capa- cidade de tomada de decisão e autonomia dos alunos, bem como propiciar a estes uma prática lúdica, de cooperação e socialização com os demais colegas de classe. 1.2- Abordagem “Sociológica” Castellani Filho (1999) e Palafox e Nazari (2007) aponta como principal teórico correspon- dente à abordagem “Sociológica” Mauro Betti. Mauro Betti é o autor da obra “Educação Física e Sociedade”, uma das principais obras acerca da abordagem “sociológica”. Este autor destaca a relação fenômeno esportivo e instituição escolar como entendimento fundamental para os adeptos a essa abordagem, assim a define como: (...) não é difícil definir o objeti- vo da Educação Física na escola, incluindo o esporte como um de seus conteúdos: introduzir o alu- no no universo cultural das ativi- dades físicas, de modo a prepa- rá-lo para elas usufruir durante toda sua vida. (...) Deve-se en- sinar o basquetebol, o voleibol (a dança, a ginástica, o jogo...), visando não apenas o aluno presente, mas o cidadão futuro, que vai partilhar, produzir, re- produzir e transformar as formas culturais da atividade física. Por isso, na Educação Física escolar, o esporte não deve restringir-se a um ‘fazer’ mecânico, visando um rendimento exterior ao indi- víduo, mas tornar-se um ‘com- preender’, um ‘incorporar’, um ‘aprender’ atitudes, habilidades e conhecimentos, que levem o aluno a dominar os valores e pa- drões da cultura esportiva (BET- TI, 1991 p.16). Nesse sentido, podemos concluir que, para Betti, o conteúdo
  • 6. 228 principal da Educação Física em âmbito escolar é o esporte. Pois, mesmo fazendo referência aos ou- tros conteúdos da Educação Física, enfatiza-se o conteúdo esporte, a cultura esportiva. 1.3- Abordagem “Cultural” Nesta abordagem, o prin- cipal autor representante é Jocimar Daolio. Para o mesmo, a Educação Física é considerada como parte da cultura humana, ou seja, ela se constitui numa área de conhe- cimento que estuda e atua sobre um conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento, criadas pelo homem ao longo de sua história: os jogos, as ginásticas, as lutas, as danças e os esportes. O corpo é uma síntese da cultu- ra, porque expressa elementos específicos da sociedade da qual faz parte. O homem, através do seu corpo, vai assimilando e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais, num proces- so de inCORPOração (a palavra é significativa). Mais do que um aprendizado intelectual, o indiví- duo adquire um conteúdo cultu- ral, que se instala no seu corpo, no conjunto de suas expressões (DAOLIO, 1995, p. 25). Ainda de acordo com o autor, o profissional de Educação Física deve respeitar as diversas culturas e, dessa forma, ficar aten- to, pois, quando trabalha com o homem através de seu corpo, estão trabalhando com a cultura impres- sa nesse corpo e expressa por ele. Ou seja, trabalhar com o corpo é interferir na sociedade na qual este corpo faz parte. 2- Teorias propositivas não sistematizadas e a educação física escolar Dentro do grupo de teo- rias propositivas, ou seja, daquelas pedagogias que propõem uma metodologia de trabalho, Castellani Filho (1999) ainda divide as teorias de educação física em sistematiza- das e não sistematizadas. As teorias não sistematizadas são ditas pelo autor como sendo concepções, tendo em vista que aspiram uma nova conformação para a aula de educação física, sem, contudo, sis- tematizar os conteúdos que devam ser trabalhados. 2.1- Concepção Desenvolvi- mentista A concepção desenvolvi- mentista de Educação Física tem como principal referencial teórico Go Tani. De acordo com este autor, as aulas de Educação Física devem
  • 7. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 229 proporcionar às crianças oportunida- des que as possibilitem ter um pleno desenvolvimento motor, de modo que aos 12 anos ela já tenha desen- volvido um grande repertório motor de todas as habilidades básicas. O condicionamento fí- sico adequado, desenvolvimento afetivo-social e cognitivo da criança seriam, de acordo com essa concep- ção, baseados no desenvolvimento motor (MANOEL; KOKUBUN; TANI et al. 1988). Em resumo: [...] os movimentos são de fun- damental importância para a vida do ser humano em seus di- ferentes aspectos. Onde existe vida, existe movimento; e vida é impossível sem movimento (MANOEL; KOKUBUN; TANI et al. 1988, p. 13). Nesse sentido, o movi- mento, nessa concepção, é consi- derado como o objeto de estudo e aplicação da Educação Física. 2.2- Concepção Construtivista Como principal referen- cial teórico desta concepção de Educaçao Física, podemos destacar João Batista Freire. De acordo com essa con- cepção, para que as atividades físicas e noções lógico-matemáticas, necessárias para as atividades es- colares, se desenvolvam adequa- damente nas crianças, a Educação Física deve contribuir para o desen- volvimento motor destas. Os jogos e brincadeiras que estimulem a cognição, a mo- tricidade, socialização e afetividade da criança, bem como a utilização de materiais alternativos, são os conteúdos privilegiados nas aulas de Educação Física pautadas nessa concepção. Palafox e Nazari (2007) destacam como objeto de estudo da concepção construtivista a mo- tricidade humana, entendida como o conjunto de habilidades que permitem ao homem produzir co- nhecimento e se expressar. Quanto ao seu conteúdo básico, seria traba- lhado, inicialmente, a cultura dos próprios alunos, de modo a tornar, o conhecimento significativo a estes. O foco é trabalhar com a educação dos sentidos, educação da motrici- dade, educação do símbolo. Nessa concepção a Edu- cação Física tem como conteúdos principais: [...] brincadeiras populares, jogo simbólico e jogo de regras. Sua finalidade é a construção do co- nhecimento através do resgate de conhecimento do aluno para a solução de problemas. A te- mática principal fica por conta
  • 8. 230 da cultura popular, do jogo e do que é lúdico (VALDANHA NETTO, 2006, p. 1). 2.3- Educação Física “Plural” Os principais autores des- sa concepção são Jocimar Daolio e Tarcísio Mauro Vago. A pedagogia dita Educação Física “Plural” origi- nou-se da abordagem “Cultural”. Para Daolio (1996, p. 41), a proposta de uma Educação Física Plural tem como condição mínima e primeira que: (...) as aulas atinjam todos os alu- nos, sem discriminação dos me- nos hábeis, ou das meninas, ou dos gordinhos, dos baixinhos, dos mais lentos. Esta Educação Física Plural parte do pressupos- to que os alunos são diferentes, recusando o binômio igualda- de/desigualdade para compará- los. Sendo eles diferentes e ten- do a aula que alcançar todos os alunos, alguns padrões de aula terão que, necessariamente, ser reavaliados. Parece que é o que vem acontecendo com as aulas mistas. Os professores, não sem dificuldades, tem lidado com as diferenças entre meninos e meninas. objetivo não será a aptidão física dos alunos, nem a busca de um melhor rendimen- to esportivo. Os elementos da cultura corporal serão tratados como conhecimentos a serem sistematizados e reconstruídos pelos alunos. A sistematização dessa con- cepçãotememvistapropiciaroportu- nidades motoras aos alunos, afim de que eles explorem sua capacidade de movimentação, descubra expressões corporais e domine seu corpo. 2.4- Concepção de “Aulas Abertas” A concepção de meto- dologia de ensino denominada de “Aulas Abertas” tem como idealiza- dor Reiner Hildebrandt e, de acordo com Hirai e Cardoso (2006), aponta para aulas orientadas nos alunos, no processo, na problematização e na comunicação. Nessa concepção, o professor deixa de ter papel central nas aulas de educação física, sen- do o ensino orientado ao aluno. Já Mezzaroba, Coelho e Cardoso (2007) chamam essa concepção de “método de aulas abertas às experiências”, e apontam como suas principais características: 1- ação simultânea de professor e aluno no processo de aprendiza- gem; 2- o esporte é determinado como uma peça modificável; 3- o modo de transferir conhecimentos deve deixar espaço para um jogo de ações, permitindo que o aluno aja autonomamente, visando o de-
  • 9. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 231 senvolvimento de sua criatividade, comunicação e cooperação; 4- o aluno é o sujeito de seu processo de aprendizagem. Em síntese, uma aula de Educação Física pautada nessa con- cepção, tem como: Objetivos Gerais: Trabalhar o mundo do movimento em sua amplitude e complexidade com a intenção de proporcionar, aos participantes, autonomia para as capacidades de ação. Seria- ção Escolar: Pode ser trabalhada dentro da atual estrutura curri- cular escolar. Preocupa-se mais em como trabalhar, acessar e tornar significativo os conteú- dos aos participantes. Conteú- dos Básicos: O mundo do mo- vimento e suas relações com os outros e as coisas (PALAFOX; NAZARI; 2007, p. 1). 2.5- Concepção Crítico-Eman- cipatória Essa concepção indica que as aulas de Educação Física devem proporcionar às crianças o aprendi- zado das modalidades esportivas e, por meio desta, contribuindo para a formação do aluno. Tem como principal re- ferência Elenor Kunz. Que desse modo Kunz (1996) aponta a dife- rença entre a proposta da Educação Física hoje e o que se entende como compromisso educacional escolar só pode ser resolvida quando a Educação Física conseguir transfor- mar as suas especificidades práticas em tarefas pedagógicas desejáveis, ou seja, não excluir a prática do esporte, movimentos e jogos, mas, por meios deles, desenvolver a fun- ção social e política que é inerente a toda ação pedagógica. Para ele compreender e discutir a situação da Educação Física escolar se faz necessário considerar os fatores individuais, biológicos, sociais (fa- miliares), históricos, culturais que, envolvem e determinam a relação do indivíduo, no caso, aluno com a prática da Educação Física. De acordo com Kunz, nes- sa concepção, a Educação Física de- verá proporcionar ao aluno conhe- cimentos que transcendam apenas os da prática esportiva, proporcio- nando as estes o desenvolvimento de sua comunicação, não apenas dentro da prática esportiva, mas também no seu relacionamento so- cial, político, econômico e cultural, além de levar até os alunos diver- sos outros tipos de conhecimento, como por exemplo, conhecimentos relacionados à saúde. Busso e Venditti Junior (2005, p. 1) entendem que aulas de Educação Física pautadas na concepção crítico-emancipatória objetiva, sobretudo:
  • 10. 232 [...] alcançar, objetivos primor- diais do ensino, e através das atividades com o movimento humano, o desenvolvimento de competências como a autono- mia, a competência social e a competência objetiva. Os autores ainda destacam que a concepção crítico-emancipa- tória tem como temática principal aplicar o conhecimento conscien- temente e refuncionalizar o conhe- cimento humano, com o objetivo fundamental de identificar o esporte e suas transformações sociais por meio do movimentar-se humano. 3- Teorias propositivas siste- matizadas e a educação física escolar As únicas teorias a respeito da metodologia de ensino da educa- ção física que, de acordo com Cas- tellani Filho (1999) são propositivas e sistematizadas são as perspectivas da aptidão física e a perspectiva crítico-superadora. 3.1- Perspectiva da Aptidão Física Essa perspectiva de Edu- cação Física tem como principal teórico na atualidade Vitor Mat- sudo e como base fundamental as ciências biológicas e foi de grande importância para o estabelecimento e manutenção da sociedade capita- lista no sentido em que contribuiu para a formação de um novo ho- mem: forte, ágil e empreendedor, adaptado aos mecanismos sociais exigidos por este sistema. Neste sentido, o conteúdo esporte é pri- vilegiado, mais especificamente: o vôlei, futebol, basquete e han- debol (PALAFOX; NAZARI, 2007; SOARES; TAFFAREL; VARJAL et al. 1992; MELLO, 2009) Tabela 1: Principais pontos da metodologia de ensino e objetivo da Edu- cação Física escolar na perspectiva da aptidão física. Principais pontos da metodologia de ensino Objetivo da aula - Modelos de aulas são estabelecidos pelo professor com base na repetição de exercícios e movimentos; - Exposição oral do professor; - Rigidez e disciplina nas aulas (visão militarista); - Ausência de momentos de reflexão pedagógica sobre os conteúdos; - Aulas no formato de treinamento esportivo; - Aulas marcadas por três partes: aquecimento, parte principal e volta à calma. - Aprimoramento da aptidão física dos alunos, visando o desenvolvimento da capacidade física máxima destes. * Principais referenciais utilizados para a construção da tabela: Cordeiro Júnior e Ferreira (1999) e Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992).
  • 11. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 233 3.2- Perspectiva Crítico-Su- peradora A perspectiva crítico-su- peradora foi explicitada no ano de 1992 com a publicação do livro “Metodologia do Ensino de Edu- cação Física” escrito por Soares, Taffarel, Varjal, Bracht, Castellani Filho e Escobar, grupo conhecido como “Coletivo de Autores”. A seguinte proposta de trabalho com a Educação Física tem como raiz teórica a perspectiva materialista-histórica de Karl Marx e entende a Educação Física como: (...) uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, temati- za formas de atividades expres- sivas corporais como: jogo, es- porte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (SO- ARES, TAFFAREL; VARJAL et al. 1992, p. 50). Essa perspectiva tem três características específicas de re- flexão pedagógica: é diagnóstica porque constata e lê os dados da realidade; é também judicativa, uma vez que julga essa constatação a partir de uma ética proveniente de interesses de determinada classe so- cial e, por fim, é teleológica por que tem um objetivo específico. Assim, tendo em vista as determinações de classes o projeto político-pedagógi- co representa uma intenção, a qual o professor deve ter bem definida (SOARES; TAFFAREL; VARJAL et al. 1992). Tendo como conteúdos específicos os elementos da cultura corporal, as aulas de Educação Físi- ca na perspectiva crítico-superadora devem partir dos conhecimentos que os alunos já tem sobre os con- teúdos a serem trabalhados. Deve ser levado em conta, também, a realidade histórico-social a qual os alunos estão inseridos, para que as aulas proporcionem a estes uma leitura da realidade. Em suma, o conhecimento escolar seria tratado desde sua gênese, permitindo ao aluno entender-se como sujeito histórico capaz de interferir na sociedade. Na escola essa perspectiva de Educação Física pode contri- buir para os interesses populares, substituindo a individualidade pela solidariedade, a disputa pela cooperação, enfim. Nesse processo, Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992) destacam a grande importância da presença da técnica e da tática no processo de ensino/aprendizagem. A observação realizada é referente à limitação que o professor vem dando em suas aulas à técnica e a tática, ou seja, de acordo com esta perspectiva de trabalho na Educa-
  • 12. 234 ção Física a técnica não deve ser vista como objetivo, como fim, mas sim, como meio para proporcionar o desenvolvimento completo do aluno (BARBIERI, 2010). A proposta metodológica dessa perspectiva consiste em, so- bretudo, substituir o sistema vigente de ensino, organizado por séries, pela adoção de ciclos de escola- rização, organizados da seguinte maneira: - 1º Ciclo: Organização da Identifi- cação da Realidade, abordando 1º e 3º séries do ensino fundamental; - 2º Ciclo: Iniciação à Sistematiza- ção do Conhecimento, englobando da 4º a 6º séries do Ensino Funda- mental; - 3º Ciclo: Ampliação da Sistema- tização do Conhecimento, corres- pondente 7º a 8º séries do Ensino Fundamental; - 4º Ciclo: Sistematização do Co- nhecimento, materializada no período de 1º a 3º séries do Ensino Médio. A seguir, estão apresen- tados, de forma sintetizada, os principais pontos metodológicos propostos, bem como o objetivo norteador de uma aula pautada nessa perspectiva: Tabela 2: Principais pontos da metodologia de ensino e objetivos da edu- cação física escolar na perspectiva crítico-superadora. Principais pontos da metodologia de ensino Objetivos da aula - Regate histórico do conteúdo a ser trabalhado em aula; - Aulas em diversos espaços; - Ponderada rigidez/disciplina nas regras de convívio social; - Trabalhos em pequenos grupos utilizando o recurso da problematização; - Utilização de diversos materiais (oficiais e alternativos); - Diálogo entre professor e aluno; - Aulas marcadas pelos momentos: introdução, desenvolvimento e avaliação final. - Aprendizagem dos conteúdos da cultura corporal pelo aluno; - Leitura da realidade; - Desenvolvimento humano. * Principais referenciais para a construção da tabela: Cordeiro Júnior e Ferreira (1999) e Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992).
  • 13. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 235 4-Análisedosartigospublicados em2009narevistabrasileirade ciências do esporte (rbce) A Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE) é um dos mais tradicionais e importantes periódicos científicos brasileiros na área da Educação Física. Essa revista publica anualmente três exemplares, sendo o primeiro no mês de janeiro, o segundo no mês de maio e o terceiro em setembro. No ano de 2009, suas edições foram compostas por 13, 14 e 12 artigos originais, respectivamente. Foi publicado, também, de forma adicional, o Cadernos de Formação RBCE, no mês de setembro, com- posto por 8 artigos, totalizando 47 artigos publicados em 2009. Tendo em vista o objetivo de nossa pesquisa - identificar a pre- valência das abordagens e concep- ções de Educação Física quanto às metodologias de ensino presentes nos trabalhos publicados na RBCE em 2009 – foram analisados apenas artigos que tratassem da educação física em âmbito escolar. Alguns au- tores não explicitaram a abordagem/ concepção a qual pautaram suas pesquisas. Nesse sentido, algumas classificações foram feitas mediante as características apresentadas no decorrer dos textos. No total, foram selecionados para análise apenas 11 artigos, apresentados na tabela a seguir: Tabela 3: Lista de artigos analisados e abordagens/concepções destes. Autores Título do artigo Abordagem, concepção ou perspectiva VAGO (2009) Pensar a Educação Física na Escola: para uma formação cultural da infância e da juventude Propositiva não sistematizada: Educação Física “Plural” RICHTER (2009) Dos lugares do Esporte nas aulas de Educação Física: algumas possibilidades de intervenção pedagógica Não propositiva: Abordagem Fenomenológica NASCIMENTO; VASCONCELOS (2009) Esporte, Educação Física e Educação Infantil: Estabelecendo novos diálogos Não propositiva: Abordagem Fenomenológica
  • 14. 236 Autores Título do artigo Abordagem, concepção ou perspectiva REZER (2009) Pressupostos orientadores para o ensino dos “Futebóis” na Educação Física Escolar... Propositiva sistematizada: Perspectiva Crítico- Superadora GOLÇALVES; ABELHA; NOGUEIRA (2009) Handebol Educacional e a Organização do trabalho pedagógico Propositiva sistematizada: Perspectiva Crítico- Superadora LOPES; VIEIRA (2009) A construção do saber ensinar caratê nas aulas de Educação Física: Enfrentamentos e possibilidades na prática pedagógica da EMEF “Centro de Jacaraípe”, Serra-ES Propositiva sistematizada Perspectiva Crítico- Superadora MELO (2009) Esporte e Cinema: Relações e Possibilidades Pedagógicas Perspectiva da Educação Estética STIGGER (2009) Lazer, Cultura e Educação: Possíveis Articulações Abordagem Sócio- Cultural NASCIMENTO; DANTAS (2009) FENSTERSEIFER (2009) MENDES; PIRES (2009) O Desenvolvimento Histórico-Cultural Da Criança Nas Aulas de Educação Física: Possibilidades de Trabalho a Partir da Atividade Principal e Dos Temas Epstemologia e Prática Pedagógica Desvelando a Janela de Vidro: Relato de Experiência de Mídia- Educação e Educação Física Propositiva sistematizada: Perspectiva Crítico- Superadora Propositiva não- sistematizada: Crítico-Emancipatória Propositiva não sistematizada: Abordagem “Sociológica” Logo, em nossa análise, foi encontrada a seguinte prevalência de abordagens, concepções e pers- pectivas de Educação Física:
  • 15. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 237 Tabela 4: Prevalência das abordagens/concepções/perspectivas de Educa- ção Física encontrada nos artigos relacionados à Educação Física escolar publicados na RBCE em 2009. Abordagem/concepção/perspectiva Nº de artigos Abordagem Fenomenológica 2 Abordagem “Sociológica” 1 Abordagem “Cultural” 0 Concepção Desenvolvimentista 0 Concepção Construtivista 0 Educação Física “Plural” 1 Concepção de “Aulas Abertas” 0 Concepção Crítico-Emancipatória 1 Perspectiva da Aptidão Física 0 Perspectiva Crítico-Superadora 4 Perspectiva da Educação Estética e Abordagem Sócio-Cultural 2 Mediante esse resultado, podemos entender que a produção bibliográfica de artigos científicos publicados em 2009 na RBCE encontrou-se bastante heterogênea quanto às abordagens, concepções e perspectivas de Educação Física no que se refere a metodologia de ensino, o que nos leva a concluir que não existe mais uma predomi- nância de perspectiva como havia anteriormente a década de 80. Considerações finais A análise da prevalência das perspectivas em que vêem sendo produzidos os trabalhos científicos faz-se relevante na me- dida em que estes evidenciam ou, até mesmo, servem de referência à prática pedagógica do professor de Educação Física nas escolas. Entendemos que o surgi- mento das diversas concepções, abordagens e perspectivas de Edu- cação Física a partir da década de 80 vieram estabelecer um grande avan- ço nessa área de conhecimento. Isso porque estas obras e pensamentos trouxeram, cada uma à sua manei- ra, um significado à presença da Educação Física naquele momento histórico e serviram de base para o desenvolvimento do entendimento de Educação Física quanto à meto- dologia de ensino no espaço escolar que temos atualmente. Por outro lado, é impor- tante salientarmos que essa hetero- geneidade pode gerar uma confusão ao professor em sua prática escolar,
  • 16. 238 EF DEPORTES, Buenos Aires, a. 10, n. 83, abr. 2005. Disponível em: http://www.efdeportes.com/ efd83/efb.htm. Acesso em: 29 de dezembro de 2009. CASTELLANI FILHO, L. A Educação Física no Sistema Educacional Brasileiro: percurso, paradoxos e perspectivas. (Tese apresentada à Universidade Estadual de Campinas) Campinas, 1999. CORDEIROJÚNIOR,O.;FERREIRA, M. G. Uma proposta para o ensino do judô sob a ótica crítico-superadora: dando os primeiros passos no dojô... Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 21, n. 1, p. 449-457, set. 1999. DAOLIO, J. Os significados do corpo na cultura e as implicações para a Educação Física. Movimento, a. 2, n. 2, p. 24-28, jun. 1995. DAOLIO, J. Educação Física Escolar: em busca da Pluralidade. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.40-42, 1996. FENSTERSEIFER, P. E. Epistemologia e Prática Pedagógica. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 30, n. 3, p. 203-214, maio 2009. GONÇALVES, L. L.; ABELHA, W. L.; NOGUEIRA, Q. W. C. Handebol Educacional e a Organização do Trabalho Pedagógico. Cadernos de Formação RBCE, p. 88-99, set. 2009. HIRAI, R. T.; CARDOSO, C. L. Para a compreensão da concepção de uma vez que, em nossa análise, alguns artigos não demonstraram claramente em que perspectiva teórica estavam direcionados, fato que poderia dificultar a transmissão do conhecimento aos alunos. Referências BARBIERI, A. F. Metodologia do Ensino de Educação Física. (Resenha). Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 8, n. 1, p. 203-209, jan./abr. 2010. BASEI, A. P.. O pensamento fenomenológico e a Educação/ Educação Física: possibilidades de construção do conhecimento a partir do mundo vivido dos sujeitos. Revista Digital EF DEPORTES, Buenos Aires, a. 13, n. 119, abr. 2008. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd119/ o-pensamento-fenomenologico-e- a-educacao-educacao-fisica.htm. Acesso em: 29 de dezembro de 2009. BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BUSSO, G. L.; VENDITTI JÚNIOR, R..Sistematizaçãoepistemológica da Educação Física brasileira: concepções pedagógicas crítico-superadora e crítico- emancipatória. Revista Digital
  • 17. Ano XX, n° 31, dezembro/2008 239 “aulas abertas” na educação física escolar: orientada no aluno, no processo, na problematização, na comunicaçãoe...,Motrivivência, a. XVIII, n. 27, p. 119-136, dez. 2006. KUNZ, E. Transformação didático- pedagógica do Esporte. Ijuí: Unijuí. 1996. LOPES, Y. M. S; VIEIRA, A. O. A construção do Saber Ensinar Caratê nas Aulas de Educação Física: Enfrentamentos e Possibilidades na prática da EMEF “Centro de Jacaraípe”, Serra-ES. Cadernos de Formação RBCE, p. 100-110, set. 2009. MANOEL, E. J.; KOKUBUN, E.; TANI, G., et al. Educação Física Escolar: Fundamentos de uma Abordagem Desenvolvimentista. São Paulo: EPU: EDUSP, 1988. MELO, V. A. Esporte e Cinema: Relações e Possibilidades Pedagógicas. Cadernos de Formação RBCE, p. 111-126, set. 2009. MELLO, R. Ap. A necessidade histórica da Educação Física na Escola: a emancipação humana como finalidade. (Tese apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina) Florianópolis, 2009. MENDES, D. S.; PIRES, G. L. Desvendando a janela de vidro: relato de uma experiência escolar de mídia-educação e Educação Física. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 30, n. 3, p. 79-94, maio 2009. MEZZAROBA, C.; COELHO, G. F. M.; CARDOSO, C. L. Planejar/ Ministrar “aulas abertas” no Ensino Médio: uma experiência de ensino em turma mista de voleibol. Motrivivência, a. XIX, n. 28, p. 70-89, jul. 2007. Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/ index.php/motrivivencia/article/ viewPDFInterstitial/6340/9495. Acesso em: 29 de dezembro de 2009. NASCIMENTO, C. P.; DANTAS, L. E. P. B. T. O Desenvolvimento Histórico-Cultural Da Criança Nas Aulas de Educação Física: Possibilidades de Trabalho a Partir da Atividade Principal e Dos Temas. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 31, n. 1, p. 147-161, setembro 2009. N A S C I M E N T O , B . D . ; VASCONCELOS, V. C. P.; GONÇALVES, M. C. Esporte, Educação Física e Educação Infantil: Estabelecendo Novos Diálogos.CadernosdeFormação RBCE, p. 57-70, set. 2009. PALAFOX, G. H. M.; NAZARI, J. Abordagens metodológicas do ensino da Educação Física escolar. Revista Digital EF DEPORTES, Buenos Aires, a. 12, n. 112, set. 2007. Disponível em:
  • 18. 240 http://www.efdeportes.com/efd112/ abordagens-metodologicas-do- ensino-da-educacao-fisica-escolar. htm. Acesso em: 21 de abril de 2010. RICHTER, A. C. Dos lugares do Esporte nas aulas de Educação Física: algumas possibilidades de intervenção pedagógica. Cadernos de Formação RBCE, p. 43-56, set. 2009. REZER, R. Pressupostos orientadores para o ensino dos “futebóis” na educação física escolar... Cadernos de Formação RBCE, p. 71-87, set. 2009. SARAIVA, M. C. Elementos para uma concepção do ensino de dança na escola: a perspectiva da educação estética. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 30, n. 3, p. 157-171, maio 2009. S A V I A N I , D . P e d a g o g i a Histórico-crítica: primeiras a p r o x i m a ç õ e s . C o l e ç ã o educação contemporânea, 9. ed - Campinas: Autores Associados. 2005. SOARES, C. L.; TAFFAREL, C. N.; VARJAL, E.; et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo, Cortez, 1992. STIGGER, M. P. Lazer, Cultura e Educação: Possíveis Articulações. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 30, n. 2, p. 73-88, jan. 2009. VAGO, T. M. Pensar a Educação Física na Escola: para uma formação cultural da infância e da juventude. Cadernos de Formação RBCE, p. 25-42, set. 2009. VALDANHANETTO,A.Abordagens pedagógicas em educação física: corpo como objeto e abordagem cultural como conteúdo. Revista Digital EF DEPORTES, Buenos Aires, a. 11, n. 95, abr. 2006. Disponível em: http://www. efdeportes.com/efd95/pedagog. htm. Acesso em: 21 de abril de 2010. Recebido: 11/fevereiro/2010. Aprovado: 24/abril/2010.