1. Planejamento e Controle da Produção: um estudo de caso no setor de
confecções de uma pequena indústria manufatureira
Erick Moreira Donatelli (UFV) erickdonatelli@yahoo.com.br
Igor Teixeira de Melo (UFV) igormelo@isight.com.br
João Marcell Faria Silva (UFV) joaomarcell@yahoo.com.br
Márcio Albeniz Bresolini (UFV) marcio.bresolini@yahoo.com.br
Resumo: Num ambiente de constantes mudanças ocorridas nas organizações, não é mais
possível deixar de se preocupar com a atualização do sistema produtivo e com a agilidade na
tomada de decisões sobre os negócios da empresa. Neste trabalho essa necesssidade é vista
sob a ótica do planejamento e controle de produção (PCP) . É através de um planejamento
bem elaborado que a empresa poderá fazer inovações, ter prazos de entrega confiáveis e
reduzir custos através do aproveitamento dos recursos. Neste contexto é apresentada uma
revisão bibliográfica sobre PCP, e uma pesquisa de campo exploratória descritiva em que se
analisa o sistema de produção de uma micro-empresa no setor de confecções situada no
centro-oeste mineiro a fim de se elaborar uma planilha que permita tornar mais ágil e
prático o planejamento e controle da produção e da demanda de forma a torná-la mais
preparada para os desafios desse crescimento. A planilha elaborada mostrou-se eficiente em
ajudar ao gerente de produção a tomar melhores decisões relativas ao tempo de produção
para entrega de pedidos, compra de matéria-prima e tamanho do estoque de segurança.
Palavras-chave: PCP, controle da produção, processo produtivo.
1. Introdução
Nos últimos anos observa-se que os clientes tem se tornado mais exigentes no que
tange a qualidade dos produtos e do atendimento, melhores preços e principalmente em
relação ao cumprimento de prazos em relação aos produtos e serviços contratados. Nesse
contexto o mercado tem se tornado cada vez mais dinâmico e competitivo. Isso tem feito com
que as empresas busquem sempre atender aos produtos e serviços requeridos pelos clientes na
hora e quantidade certa, e ainda procurem por formas de minimizar seus custos e reduzir o
tempo em seus processos a fim de torná-los mais eficientes. Para tanto, é importante que as
empresas busquem ferramentas que as possibilitem manter-se vivas no mercado através da
otimização da produção e utilização dos seus recursos de maneira mais eficaz.
Durante muito tempo a prioridade dada à função produção era essencialmente a busca
incessante pela redução dos custos e o aumento da eficiência. Contudo, as recentes mudanças
econômicas, políticas e sociais, relativas aos sistemas de produção, tem levado as
organizações a repensar sua forma de organização de trabalho. A redução de custos, passa a
ser acompanhada por objetivos de desempenho antes deixados em segundo plano, tais como a
qualidade, rapidez, confiabilidade e flexibilidade.
O planejamento e controle da produção (PCP) precisa responder, de forma mais rápida
e precisa a essas mudanças, tanto internas como externas à organização, de forma a otimizar
os recursos envolvidos na produção e os objetivos de desempenho organizacionais (qualidade,
rapidez, confiabilidade, flexibilidade, custo).
2. Sendo assim, a abordagem do planejamento e controle de produção é focada na
otimização dos controles de fluxos de informações, materiais e pessoas.
Destaca-se também a programação da produção como requisito essencial para que o
processo de planejamento e controle de bens e serviços seja realizado conforme o previsto.
Portanto, este processo envolve o planejamento, programação e controle da produção (PPCP).
A complexidade dessas atividades resultou no desenvolvimento de ferramentas
eficazes à gestão da produção. Entre as mais difundidas encontramos, o MRP ou ERP, JIT,
Kanban, entre outros. Sabe-se que esses sistemas, quando bem aplicados, ampliam a
capacidade operacional e conseqüentemente a produtividade organizacional.
Deste modo, este estudo procura utilizar os conceitos do PCP para planejar e
seqüenciar, de forma mais eficiente, o processo produtivo de uma pequena indústria de
confecção de camisas, situada na região centro-oeste mineira. O estudo poderá gerar
alternativas úteis a gerência, para o desenvolvimento de ações visando à melhoria e
otimização dos processos produtivos, com objetivo de aumentar a eficiência da produção,
como também diminuir os custos.
Antes de se realizar a programação, será realizada a revisão bibliográfica e a
apresentação da metodologia utilizada.
2. Revisão Bibliográfica
A administração da produção consiste na maneira pela quais as organizações
produzem bens ou serviços, sendo uma função central para uma organização, pois afeta
diretamente o nível pelo quais as organizações satisfazem aos seus clientes.
O departamento de produção normalmente é responsável pela transformação efetiva de
insumos em produtos acabados ou serviços, onde o método mais útil de modelar a produção é
representado pelo sistema de input-transformação-output. Os recursos de input podem ser
classificados como recursos de transformação ( instalações e funcionários ) que agem em
direção aos recursos transformados ( materiais, informações e consumidores ) que são de
algum modo, transformados pela produção.
Segundo Davis (2001), as principais questões enfrentadas pelos executivos da
administração da produção hoje, neste ambiente empresarial em constante mudança, incluem:
Redução do tempo de desenvolvimento e produção de novos bens e serviços;
Equilíbrio entre qualidade e custos;
Integração de novas tecnologias ao processo produtivo existente;
Trabalhar ao lado das outras funções da empresa (marketing, finanças e recursos
humanos) para cumprimento dos objetivos da empresa.
Trabalhar efetivamente com fornecedores e estar aberto para tratar com os clientes;
Fazer parcerias através de alianças estratégicas.
Todas essas questões estão inter-relacionadas. A chave para o sucesso em
administração da produção é realizar tudo isso em um nível que seja competitivo tanto no
mercado global, quanto no doméstico.
2.1 Planejamento e Controle da Produção – PCP
Em um sistema produtivo para se alcançar metas e consolidar estratégias, é necessário
formular planos, administrar recursos humanos, direcionar estes recursos acompanhando a
ação e por fim, corrigir alguns desvios. Essas atividades são desenvolvidas pelo planejamento
e controle da produção; também são exercidas através de níveis hierárquicos no sistema de
produção que são: PEP - Planejamento Estratégico de Produção, PMP - Planejamento Mestre
3. da Produção, PP - Planejamento da Produção e ACP - Acompanhamento e Controle da
Produção.
A grande importância da aplicação do estudo do planejamento e controle da produção
pode ser observada em todos os sistemas produtivos (e.g. produção de bens ou serviços em
instituições públicas e privadas com ou sem fins lucrativos).
O Planejamento e Controle consiste em uma "função de apoio de coordenação das
várias atividades de acordo com os planos de produção, de modo que os programas
reestabelecidos possam ser atendidos nos prazos e quantidades" (RUSSOMANO, 2000, p.49).
Bonney (2000) acrescenta que a função de PPC e seus sistemas integrados direcionam o
planejamento e controle de forma que a empresa possa detectar efetivamente as exigências do
seu processo produtivo. Sendo assim, pode-se constatar que cabe a esta função assegurar o
cumprimento dos objetivos de desempenho organizacionais a partir da aplicação eficiente dos
recursos de produção.
O estudo do PCP pode ser considerado a partir da visão de diversos autores. Neste
artigo serão utilizados os parâmetros definidos por Slack, Chambers e Johnston (2002) para
definir suas funções. Tal autor compreende esse tema a partir da natureza de planejamento e
controle, planejamento e controle da capacidade, planejamento e controle de estoque,
planejamento e controle da cadeia de suprimentos, MRP, Just in time, planejamento e controle
de projetos e planejamento e controle da qualidade.
A princípio, deve ficar claro que a função do planejamento e controle é conciliar o
fornecimento de produtos e serviços com a demanda. Assim, caberá ao PCP definir as
quantidades de produtos a serem produzidos, manter o controle sobre os estoques, emitir
ordens de produção programadas, movimentá-las e, finalmente, fazer seu acompanhamento na
quantidade, tempo e qualidade exigida.
Uma boa implementação do PCP requer o reconhecimento das características dos
produtos e serviços a serem executados, tais como, a natureza da demanda e suprimento. As
diferenças encontradas em cada uma delas fazem com que os responsáveis pelo PCP alterem a
forma que devem planejar e controlar suas atividades. Isto ocorre porque quanto mais incerta
for a demanda, seja ela dependente ou independente, mais difícil será a definição do
planejamento e mais rigoroso deverá ser o seu controle.
De forma geral a atividade executada pelo PCP envolve o carregamento, a
programação, o monitoramento e o controle. A primeira delas, ou seja, o carregamento,
consiste na definição do volume a ser produzido em cada centro de trabalho mediante
disponibilidade de equipamentos, tempo e pessoal.
Concluída essa etapa verifica-se, por meio do seqüênciamento, a ordem em que estas
tarefas serão executadas. A escolha desta seqüência dar-se-á através das restrições físicas, do
cumprimento de data prometida, do fifo (first in first) ou lifo (last in first out), dentre outros.
A adoção de uma dessas formas de seqüenciamento dependerá da atividade desempenhada
pela organização, neste caso, com ênfase dada nas empresas de manufatura e dos objetivos de
desempenho que estas desejam atingir.
O planejamento e controle da capacidade objetiva “assegurar a compatibilidade entre a
capacidade disponível em centros de trabalho específicos e a capacidade necessária para
atender a produção planejada” (FAVARETTO, 2001, p.39). Assim, entende-se que
identificada a capacidade para atender à demanda futura no momento do planejamento, deverá
ser tomada a decisão sobre a adoção de políticas alternativas de suprimento da demanda, caso
se faça necessário. Entre as políticas alternativas de suprimento da demanda encontra-se:
manutenção da capacidade; acompanhamento da demanda através do ajuste na capacidade e
4. mudança na demanda existente, de modo a manter a capacidade instalada (SLACK;
CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).
Quando do ajuste na capacidade instalada, o tomador de decisão precisa estar ciente
entre a menor ou maior capacidade que precisa ser alcançada. Esta capacidade será
identificada a partir de avaliações de acordo com a demanda futura, sazonalidades ou até
mesmo flutuações previstas de ciclos mais curtos, como diários ou semanais. Nestas
circunstâncias o uso da capacidade ociosa, a implantação de novas tecnologias, a adoção de
técnicas efetivas de programação e controle, contratação de pessoal ou até mesmo a
reorganização do arranjo físico são muitas vezes implantados objetivando o aumento da
capacidade (MOREIRA, 1996).
3. Metodologia
A importância metodológica de um trabalho pode ser justificada pela necessidade de
embasamento científico adequado, geralmente caracterizado pela busca da melhor abordagem
de pesquisa a ser utilizada para endereçar as questões da pesquisa, bem como seus respectivos
métodos e técnicas para seu planejamento e condução. O resultado é o desenvolvimento de
trabalhos melhor estruturados que possam ser replicados e aperfeiçoados por outros
pesquisadores visando, acima de tudo, a busca do desenvolvimento da teoria, por meio de sua
extensão ou refinamento ou, em última instância, da proposição de novas teorias, contribuindo
assim para a geração de conhecimento (Miguel, 2007).
O trabalho relatado nesse artigo trata-se de pesquisa exploratória descritiva.
Exploratória porque seu objetivo, não consistiu em uma exploração exaustiva de um fato, mas
pelo contrário, proporcionou uma visão geral sobre o tema. O caráter descritivo do estudo, por
sua vez, está presente à medida que se buscou o conhecimento sobre uma realidade específica
a partir da descrição das características de seu processo dentro da população pesquisada, sem
que houvesse, desse modo, interferências para modificá-las (GIL, 1991; RUDIO, 1999).
Os dados da pesquisa foram obtidos através do acompanhamento da rotina diária dos
funcionários envolvidos no processo. Foram mensurados os tempos médios de manufatura de
cada etapa produtiva e quantificada a quantidade de matéria prima gasta em cada fase da
confecção das camisas.
Quanto ao tratamento dos dados, utilizou-se a técnica da análise de conteúdo. Tais
dados foram utilizados para se obter o planejamento e a programação da produção com o
auxílio do software Microsoft Excel 2007 de forma a se obter uma planilha que pudesse
seqüenciar e programar de forma rápida e eficiente as operações de todo o processo de
manufatura de camisas.
O presente artigo também fez uso da pesquisa bibliográfica como suporte à pesquisa
de campo, e foi dada ênfase aos registros já publicados, como por exemplo, livros, artigos
científicos, teses e dissertações.
4. O caso em estudo
O estudo aqui apresentado se desenvolveu com base na análise do processo produtivo
de uma micro-empresa do ramo de confecção localizada na cidade de Lagoa da Prata/MG. A
empresa produz, atualmente, apenas camisas do tipo social e emprega um total de 10
funcionários. Durante seus primeiros 5 meses de vida a fábrica localizava-se em um ambiente
provisório, onde produzia apenas uma pequena parcela do que seu mercado era capaz de
absorver. Hoje com a nova fábrica construída a empresa possui uma folga de capacidade, o
5. que lhe permite atender todo o seu mercado alvo e também a trabalhar com pedidos
antecipados.
Com esse grande aumento da capacidade produtiva o diretor da empresa viu a
necessidade de um planejamento de sua produção e de pedido das matérias-primas. Neste
trabalho propor-se-á, então, a elaboração de uma planilha em Excel que permita o
planejamento do requerimento de materiais. A planilha foi confeccionada com base em dados
colhidos no chão de fábrica sobre o processo produtivo e sobre os tempos de processamento
de pedidos. O fluxograma do processo produtivo está apresentado, na Figura 1.
Pedido de Peças Pedido de Peças
NÃO NÃO
Matéria-Prima
Peças Peças
Completas? Completas?
SIM
Cortar Tecido
Fazer Frente e
Entertelar
Embanhar
Bolso
Separar
Marcas e Tecido Barra, Pregar
Passar Etiqueta e
Bolso Fechar Gola
Pregar Gola
Pregar Bolso, Unir Recartar
Costas, Ombro e e Virar a
Manga com a Pala Fazer Casa Gola
Marcar
Pesponto no Botão
Ombro, Manga Montar Gola
e Pala Pregar Botão
Aparar
Fechar Lateral
Rebarba
Arrematar
e Passar
Reparar Emblar
Fazer Barra e
Embanhar
Manga Teste de
Qualidade?
NÃO SIM
Relatório de Relatório de
Defeitos Estoque
Figura 1 – Fluxograma do Processo Produtivo. Fonte: os autores.
4.1 Desenvolvimento
4.1.1 Estrutura do Produto
Através de uma análise do processo e da composição de cada camisa, definiram-se
seus componentes e a estrutura hierarquizada do produto, ou seja, os itens “pais” e “filhos”, e
suas ligações. Depois de construída a lista de materiais “indentada”, desmembrou-se, em um
fluxograma, a estrutura de produtos da camisa, que pode ser observado na Figura 2.
6. Camisa Social
Manga
Gola Corpo
2X
Tecido Tecido
Intertela Frente Costas
0,087(m2) 0,1(m2)
Frente esquerda Frente Direita Pala Corpo das costas
Tecido Tecido Botão Tecido Tecido
Bolso 0,2(m2) Etiqueta
0,2(m2) 7X 0,05(m2) O,25(m2)
Tecido
0,015(m2)
Figura 2 – Estrutura de produtos de uma camisa. Fonte: os autores.
4.1.2 Explosão de Necessidade Brutas de Materiais
Duas questões fundamentais na logística do sistema de administração da produção são
pertinentes nesta etapa do presente estudo: o que e quanto, produzir e comprar. Através da
estrutura de produtos representada acima, é possível responder o que comprar, pois as
estruturas trazem univocamente quais componentes são necessários à produção de
determinado produto, e o que produzir, já que as informações de quantidade de itens “filho”
por unidade de item “pai” produzido permitem saber quantos itens “filhos” são necessários
para qualquer quantidade de item “pai” necessária.
No entanto, existe outra questão que deve ser respondida e que não consta
explicitamente na estrutura apresentada que é, quando produzir. Neste momento é necessário
analisar os tempos de processamento de cada item presente na lista de materiais, bem como
definir se o produto específico é comprado ou produzido. A Tabela 1 resume basicamente as
três perguntas dessa etapa.
7. Tabela 1 – Tabela da explosão de necessidades para 100 camisas, Lead Time do processo e modo de
obtenção. Fonte: os autores.
ITENS DA CAMISA
Item Quantidade Lead Time Comprado/Produzido
Camisa Social 100 - Produzido
Manga 200 1 Semana Produzido
Gola 100 2 Semanas Produzido
Corpo 100 1 Semana Produzido
Tecido 8,7m² 3 Semanas Comprado
Intertela 100 1 Semana Comprado
Tecido 10m² 3 Semanas Comprado
Frente 100 1 Semana Produzido
Costas 100 1 Semana Produzido
Frente Esquerda 100 1 Semana Produzido
Frente Direita 100 1 Semana Produzido
Pala 100 1 Semana Produzido
Corpo das Costas 100 1 Semana Produzido
Bolso 100 1 Semana Produzido
Tecido 20m² 3 Semanas Comprado
Tecido 20m² 3 Semanas Comprado
Botão 700 2 Semanas Comprado
Etiqueta 100 4 semanas Comprado
Tecido 5m² 3 Semanas Comprado
Tecido 25m² 3 Semanas Comprado
Tecido 1,5m² 3 Semanas Comprado
Os tempos de obtenção (Lead Time) foram calculados através de um estudo de tempos
e movimentos do processo e dos tempos de entrega dos fornecedores, no caso dos itens
comprados.
4.1.3 A Planilha de Excel
Com base nos resultados obtidos das análises acima, foi possível criar uma tabela no
software Microsoft Excel, para calcular toda a necessidade de materiais para a fabricação
semanal da empresa. Como dados de entrada temos apenas as liberações de ordens ao longo
da semana, de segunda a sexta, e como saída temos toda a necessidade dos ítens produzidos
ou comprados pela empresa.
No momento em que é inserida a liberação de ordens na planilha, automaticamente ela
faz uma explosão de necessidades ao longo do fluxograma hierárquico, informando ao usuário
a quantidade e o momento de liberação de ordens de produção e compra.
Na Figura 3, é apresentado parte da planilha, mostrando os campos de liberação de
ordens e o início da explosão dos materiais:
8. PERÍODO (em dias)
Camisas 1 2 3 4 5 6 7
Liberação de Ordens 100 150 200 50 300 400 250
Manga 1 2 3 4 5 6 7
Lote = 150 Necessidades Brutas 200 300 400 100 600 800 500
(múltiplo) Recebimentos Programados 300 0 0 0 0 0 0
Estoque Disponível 1 101 101 1 51 51 1 101
LT = 1 Recebimento de Ordens Planejadas 0 300 300 150 600 750 600
ES = 0 Liberação de Ordens Planejadas 300 300 150 600 750 600 0
Gola 1 2 3 4 5 6 7
Lote = 100 Necessidades Brutas 100 150 200 50 300 400 250
(múltiplo) Recebimentos Programados 300 200 0 0 0 0 0
Estoque Disponível 0 200 250 250 200 200 200 250
LT = 2 Recebimento de Ordens Planejadas 0 0 200 0 300 400 300
ES = 200 Liberação de Ordens Planejadas 200 0 300 400 300 0 0
Figura 3 – Planilha de MRP. Fonte: dos autores.
Legenda:
Necessidades Brutas: Necessidade exata de cada item;
Recebimentos Programados: Representa a chegada de material disponibilizado no estoque;
Estoque Disponível: Representa a quantidade do item em questão que esperamos ter ao final
de cada período;
Recebimentos de Ordens Planejadas: São as ordens referentes à liberação de ordens
planejadas;
Liberação de Ordens Planejadas: São as quantidades de cada item que foi ordenado.
4.2. Considerações
Algumas considerações foram feitas para simplificar o estudo e facilitar o
desenvolvimento do processo, no entanto, nenhuma simplificação prejudicou a qualidade dos
resultados.
Considerações:
1. Os lotes foram estimados através do histórico de vendas, pois a fábrica não possui um
tamanho de lote bem definido;
2. A capacidade produtiva diária foi determinada com base no caminho crítico de
produção, o qual foi limitado a 1000 unidades. Portanto, não é possível entrar com
quantidades acima de 1000 unidades na planilha, ocorrendo um erro, caso isso seja
feito;
3. Como a empresa possui capacidade extra e trabalha com pedidos, os estoques de
segurança foram definidos como sendo zero.
Foi possível verificar resultados satisfatórios mesmo trabalhando com algumas
considerações aproximadas da realidade, o que permitiu simplificar o processo de confecção
da planilha.
4.2.1 Pontos Críticos
Apesar da eficácia da planilha apresentada, existem alguns fatores que podem afetar
drasticamente a qualidade dos resultados.
9. 1. O fato de ser altamente dependente da inserção dos dados por parte do planejador, o
fato de a planilha não ser dinâmica exige a constante verificação dos dados;
2. Outro ponto que pode ser crítico é a consideração de pedidos múltiplos, que pode
acabar por inviabilizar uma venda ou exigir um estoque muito elevado, prejudicando
assim o planejamento;
3. O usuário ter certa habilidade com o software para resolver possíveis inoportunos
futuros que não puderam ser previstos de antemão pelos autores;
4. O lead time não poderá exceder uma semana e o planejamento será limitado a esse
horizonte de planejamento.
5. Considerações finais
O presente artigo teve por objetivo conhecer o processo produtivo da empresa
pesquisada e propor uma maneira mais dinâmica, fácil e eficiente de se realizar a
programação da produção de forma a se conseguir atender a crescente demanda do produto no
mercado e a se determinar o melhor tempo a ser prometido aos clientes para a entrega dos
pedidos.
Observou-se que a planilha elaborada irá facilitar esse processo, uma vez que
permitirá à empresa controlar a quantidade de matéria prima necessária para atender cada
pedido, prever o tempo de manufatura baseando-se no fato de já haverem pedidos anteriores.
O desenvolvimento de planilhas eletrônicas para o planejamento da produção
apresenta-se eficaz para pequenas empresas, mesmo com certas limitações. Quando a
complexidade do processo aumenta, o uso de planilhas eletrônicas torna-se inviável devido à
baixa flexibilidade do software, sendo necessário assim, a procura de ferramentas mais
avançadas para se ter um bom planejamento.
5. Referências
BONNEY, Maurice. Reflections on production planning and control (PPC). Revista Gestão & Produção. Vol.
7, número 3, p.181-207, 2000.
DAVIS, Mark M. Fundamentos da administração da produção. Porto Alegre: Bookman Editora, 2001.
FAVARETTO, Fábio.Uma contribuição ao processo de gestão da produção pelo uso da coleta automática de
dados de chão de fábrica. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Escola de Engenharia de São Carlos.
USP, São Paulo, 2001.
GIL, A. C.. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1995.
MIGUEL, P. A. C. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua condução.
Revista Produção, v. 17, n. 1, p. 216-229, Jan./Abr. 2007.
MOREIRA, D. A.. Administração da produção e operações. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 1996.
RUDIO, F. V.. Introdução ao projeto de pesquisa cientifica. 25 ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
RUSSOMANO, V. H.. Planejamento e controle da produção. 6.ed. São Paulo: Pioneira, 2000.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R.. Administração da Produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002.