2. SÉCULO XIX – CIDADE INDUSTRIAL/LIBERAL
A FORMA DA CIDADE – vincula-se exclusivamente ao lucro, ou seja, cada
empreendimento é desenvolvido considerando a maior possibilidade de lucro, sem
considerar traçados reguladores ou outros instrumentos de controle urbanístico que
viessem a colaborar com a circulação, com a infra-estrutura, ou com a estética das
cidades.
Esses empreendimentos são totalmente baseados na repetição, e na densificação,
criando ambientes monótonos e com tendência a criação de condições desfavoráveis
em termos de salubridade.
A partir de um certo momento, a qualidade de vida de todas as classes fica
comprometida, fazendo com que tanto representantes das classes abastadas como do
proletariado, passassem a discutir novas formas de intervenção pública.
Neste momento, surgem propostas utópicas e outras formas de experimentação
urbanística que tentam resolver o problema das cidades.
Gradativamente a Cidade Liberal tem fim, dando espaço para grandes intervenções
coordenadas pelo estado e para a regulamentação urbanística, ou seja, para leis que
regulam o crescimento e as modificações na cidade.
8. A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: GRANDES MUDANÇAS
ESTRUTURAIS DAS CIDADES
MODELO CULTURALISTA / HUMANISTA
Ruskin (A poesia da arquitetura)
Morris (Notícias de lugar nenhum)
Geddes (Cidades em evolução)
Mumford (A cidade na história - A condição do homem)
Sitte (A construção das cidades segundo seus princípios artísticos)
Howard (Cidades jardins do amanhã)
MODELO PROGRESSISTA
Robert Owen (Nova vista da sociedade e outros ensaios)
Fourrier (Falanstério)
Godin (Familistério)
Le Corbusier (Por uma arquitetura)
Gropius (fundador da Bauhaus)
9. URBANISMO MODERNO
A CIDADE MODERNA: RUPTURA RADICAL NA ESTRUTURA, NA
FORMA, NA ORGANIZAÇÃO DISTRIBUTIVA E NOS CONTEPUDOS
E PROPÓSITOS DA URBANISTICA E DA CIDADE.
2 MOMENTOS:
1)PERÍODO ENTRE GUERRAS:
- período heróico; de formação de teorias e experimentações
- oposição à urbanística formal
- avanço na tecnologia, nas ciências, máquinas, movimentos sociais
- a urbanística existente (tradicional) não fornecia respostas eficazes aos
problemas do século XX
- destruição e abandono do quarteirão, da rua, da praça
- TIPOLOGIA DE BLOCOS, torres;
- zoneamento rígido elimina a “mistura funcional” da cidade tradicional
10. URBANISMO MODERNO
2) PERÍODO PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL ATÉ OS ANOS 1970:
- reconstrução das cidades e as grandes necessidades habitacionais –
necessidade de habitação, bairros e cidades novas e reconstrução dos centros
- grandes conjuntos habitacionais – monótonos
- higiene e salubridade – grandes espaços verdes entre os blocos
- preponderância do sistema viário
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14. URBANISMO MODERNO
O PÓS GUERRA E A ADOÇÃO DO URBANISMO MODERNO
- até 2ª GM coexistiam na Europa: urbanismo formal com experiências
modernas
- a partir dos anos 1950: necessidade de reconstrução rápida, a
menores custos e máxima quantidade de alojamentos, dando novas
condições de vida à população
- a possibilidade de projetar e construir a cidade por sistemas
independentes (vias, infra-estrutura, prédios, equipamentos) revela-se
de grande eficácia – trabalhar com rapidez
- as vias serviam de circulação; os prédios implantavam-se livremente
no terreno; os terrenos que sobravam ligavam as entradas dos edifícios
às vias de acesso
15. “ As novas formas urbanas rompiam, em termos
ambientais e ideológicos, com os antigos sistemas
urbanos, permitindo o ar, o sol e o verde –
indispensáveis à higiene e salubridade e favoráveis à
cura do traumatismo psicológico da Guerra.”
LAMAS, 2004
16. URBANISMO MODERNO
FUNCIONALISMO E ZONEAMENTO
Crítica à cidade oitocentistas e novecentista – mistura funcional
-“boa arrumação” e distribuição dos usos do solo
- CARTA DE ATENAS: isolar, separar e arrumar as principais funções na
cidade: HABITAR, TRABALHAR, RECREAR-SE E CIRCULAR
- delocamentos: prioridade ao automóvel
- cidades e bairros “dormitórios” – grandes conjuntos habitacionais
-É mais fácil projetar edifícios com programas repetitivos em todos os pisos do
que a sobreposição de funções
-É mais fácil organizar um bairro só habitacional do que com misturas de usos
17. “Essas regras de zoneamento funcionalista retirariam às
cidades a complexidade distributiva e
conseqüentemente a complexidade formal, gerando a
monotonia visual e a falta de significação dos espaços”
LAMAS, 2004
Crítica à cidade funcionalista
18. URBANISMO MODERNO
RUPTURA COM A HISTÓRIA
-Romper com as formas tradicionais de construção de edifícios e cidades
- Não apenas estabelecer diferenças nos processos construtivos e materiais
ou estilos, mas construir uma arquitetura diferente, liberta e oposta a qualquer
continuidade histórica
NOVOS MATERIAIS E TECNOLOGIAS
-ferro, aço, concreto armado, vidro, industrialização da construção
- ruptura com as formas e escalas
- a cidade era “construída” pela arquitetura
-CARTA DE ATENAS (1941):
-“Edifícios altos, que conquistam a vista, a luz, o ar, espaçados entre si,
tornam-se as únicas formas corretas de construção moderna”.
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20. URBANISMO MODERNO
A metodologia da concepção moderna da cidade é completamente
diferente.
- Na cidade tradicional, a dimensão e a organização do alojamento resultam da
forma do edifício, e esse da forma do lote e da sua posição no quarteirão;
- Para o urbanismo moderno, a célula habitacional é o elemento-base da
formação da cidade.
-As relações da cidade tradicional entre lote, quarteirão e cidade são
substituídas pela relação entre alojamento, edifício, bairro e cidade.
- Menospreza o potencial dos espaços urbanos para a VIDA COLETIVA.
21. URBANISMO MODERNO
CIDADE FUNCIONALISTA
-4 funções principais (chaves do urbanismo moderno):
Habitar, trabalhar, recrear-se e circular
- a cada função a sua área de solo exclusiva
- A área residencial ocupa lugar principal no urbanismo, enquanto a circulação
deverá organizar a cidade existente
- O grande objetivo será circular bem, em vias hierarquizadas que privilegiem o
deslocamento e separem os percursos entre o pedestre e o automóvel
“FUNÇÕES BEM ARRUMADAS EM LUGARES PRÓPRIOS ,
SEM SOBREPOSIÇÕES”
22. URBANISMO MODERNO
CIDADE FUNCIONALISTA
-áreas centrais vazias à noite e cidades “dormitórios”
- necessidade de circular rapidamente: destruição de bairros e tecidos
sociais, lançando vias e nós desnivelados, alargando ruas, destruindo
edifícios
- hoje: necessidade de “domesticação” do automóvel
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24. URBANISMO MODERNO
CRÍTICA AO QUARTEIRÃO, À RUA E À MORFOLOGIA DA CIDADE
TRADICIONAL
Gropius – estudos de distância entre edifícios, a sua altura e os ganhos de
solo público
-A organização das edificações não se “encaixava” com a divisão tradicional
de quarteirões e ruas
- higiene, salubridade e funcionamento
- inconvenientes de trânsito (ruídos, poeiras, gases)
- necessidade de insolação
TUDO ISSO CONDENAVA O ALINHAMENTO DOS EDIFÍCIOS AO LONGO
DAS VIAS
25. O URBANISMO MODERNO
ZONEAMENTO FUNCIONAL – local de morar, de trabalhar, comércio, bancos, hotéis...
EDIFÍCIOS COMO UNIDADES AUTÔNOMAS INSERIDOS EM UM ESPAÇO ABERTO
COM OBJETIVOS HIGIÊNICOS – inversão do esquema de figura-fundo da cidade
tradicional – ao invés dos espaços verdes estarem restritos às praças e aos pátios das
casas, propõe-se a ocupação do espaço de forma mais densificada, ou seja em grandes
edifícios em altura, permitindo a liberação do solo.
DESCONSIDERAÇÃO DOS PRECEDENTES EM TERMOS DE FORMA URBANA E EM
TERMOS DE CARACTERÍSTICAS FUNDIÁRIAS – super-quadras.
A ESCALA DOS PERCURSOS VOLTA-SE AO AUTOMÓVEL – praticamente ignora o
pedestre – ruas a cada 400m e em alguns casos ruas complementares nos 200m
intermediários; número de ruas deveria ser diminuído em 2/3, o que diminuiria o número de
cruzamentos e tornaria mais ágil a circulação; eliminar cruzamentos.
PROPOSIÇÃO DE UM SISTEMA VIÁRIO HIERARQUIZADO DE FORMA A PROPICIAR
MAIOR VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO – vias rápidas e vicinais, vias locais, vias
coletoras
CONSIDERAÇÃO DA ORIENTAÇÃO SOLAR COMO UMA DAS PRIORIDADES DE
PRODUÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO – higienização e salubridade.
28. PROPOSTAS DE LE CORBUSIER PARA O RIO DE JANEIRO:
Dentro de seu conceito urbanístico ligado à arquitetura moderna, Le
Corbusier apresentou propostas para a cidade do Rio de Janeiro.
A cidade planejada continha quatro princípios fundamentais, são eles:
- Descongestionamento do centro das cidades, para fazer frente às
exigências de trânsito;
- Aumento da densidade dos centros das cidades, para realizar o contato
exigido pelos negócios;
- Aumento dos meios de circulação, ou seja, modificar completamente a
atual concepção de rua que se acha sem efeito ante o fenômeno novo dos
meios de transporte modernos: metrôs ou carros, bondes, aviões;
- Aumento das superfícies arborizadas, único meio de assegurar a higiene
suficiente e a calma útil ao trabalho atento exigido pelo ritmo dos novos
negócios.
29. - O novo centro seria construído com vias expressas onde a velocidade seria
primordial.
- A cidade moderna deveria possuir ruas largas com pouquíssimos
cruzamentos para que não houvesse possibilidade de aglomeração de carros,
dificultando assim o deslocamento pela cidade.
- A cidade planejada deveria possuir módulos de 400 metros cada um:
“Minha cidade é traçada sobre um quadriculado regular de ruas espaçadas de
400 metros e cortadas, às vezes, a 200 metros.
Le Corbusier apresenta, também, propostas para a cidade de São Paulo.
Das características da proposta pode-se resumir no objetivo de se ligar de
cume a cume, as colinas da cidade, com grandes viadutos para não
sobrecarregar a cidade com seus veículos.
Ele propunha o desenvolvimento de seus viadutos em estrutura de concreto
armado em pilares, e não em “arcos custosos”, para que fosse viável a
ocupação destas áreas abaixo das autopistas com edifícios de escritório
e habitações em cubos.