1) O documento discute os desafios da construção da identidade na adolescência, incluindo rituais de iniciação e a busca por autonomia.
2) Na sociedade moderna, os adolescentes afirmam sua individualidade através de comportamentos de risco controlado.
3) A identidade é construída equilibrando o risco necessário e o risco perigoso.
2. As alterações próprias da adolescência são
universais, pois são vividas por todos os
rapazes e raparigas em qualquer parte do
mundo.
Em muitas culturas a fase da adolescência
é encarada como etapa de preparação para
o futuro e para o seu papel no mundo dos
adultos.
3. Essa passagem é facilitada pela
organização de uma série de
rituais em que os adolescentes se
confrontam com situações
inesperadas, no sentido de porem
à prova a sua coragem, a sua
astúcia, os seus limites.
Os rituais de iniciação são
cerimónias (actos, provas) que,
solenemente e aos olhos de
todos, introduzem o adolescente
na vida comunitária, social e
simbólica do grupo, da
comunidade. Ele passará a ser
adulto, mas antes terá de
mostrar a sua coragem,
perseverança e sentido de
responsabilidade.
4. Na sociedade ocidental moderna os ritos de iniciação ou não
existem ou não são tão evidentes como noutras sociedades.
Mas todo o adolescente quer, à sua maneira, fazer este processo de
afirmação do seu ser adulto.
Fá-lo normalmente através de infracções às regras estabelecidas ou
pelo menos através da assunção de outros papéis: começa a fumar,
quer conduzir uma moto ou um carro, sai à noite com os amigos,
seduz e deixa-se seduzir... são, na sua opinião, uma prova de que
se tornou adulto.
5. Contudo, alguns destes rituais
podem ser perigosos; há que
avaliar se vale mesmo a pena
experimentar tudo!
Estimulado pela necessidade de
agradar, o adolescente parte à
conquista de um estilo original
voltando toda a sua atenção para as
roupas, para o cabelo e para
objectos que possam realçar a sua
personalidade (telemóvel,
tatuagem, piercing...).
Usam, por vezes, uma linguagem
secreta, sendo uma das formas que
encontram de excluírem o adulto e
de se sentirem seres à parte; isso
dá-lhes, por vezes, um ara de
conspiradores, satisfaz as suas
fantasias assim como o gosto pelo
mistério.
6. Nesta etapa, o
adolescente
prepara-se para
viver com maior
plenitude e
autonomia.
Até há pouco tempo,
o rapaz e a rapariga
dependiam em tudo
ou quase tudo dos
pais e agora,
começam a pensar e
a agir de forma
pessoal e afirmativa.
A procura da autonomia
7. O adolescente sabe
que ninguém pode
tomar o seu lugar
na procura de um
caminho pessoal.
Por isso, esforça-
se, engana-
se, volta a
tentar, na certeza
de que é único e
inimitável, destinad
o a viver de forma
original.
8. Numa espécie de furacão, que parece desordenar-
lhe todo o seu ser, vai descobrindo o seu Eu.
Irrompe a vontade de se afirmar a respeito de
tudo e de todos.
Para tornar mais evidente a sua aspiração a uma
maior independência do pensar e do agir, é levado
a uma posição crítica e contestatária nas relações
com os pais e professores.
9. Pais
Adolescentes
Necessidade de
Necessidade de
educar e proteger
afirmação
os filhos
Conflito de interesses
Diálogo
Falta de diálogo
Responsazação
Submissão à
Revolta Equilíbrio
vontade dos pais
10. A imprevisibilidade no
processo de crescimento
coloca-nos perante o medo e
o desejo: medo do
desconhecido e desejo de
realização.
Há pessoas que arriscam
muito pouco, protegendo-se,
assim, das incertezas e dos
imprevistos, mas reduzindo o
seu mundo a um espaço
mínimo e atrofiado.
Por outro lado, existem
pessoas que, vivendo em
situação de risco, estão
sempre numa tal instabilidade
que se sentem vazias ou
perdidas no seu mundo.
Identidade e risco
11. O risco faz parte do
crescimento. Tem como função
testar os limites, reajustar
fronteiras na construção e
afirmação da identidade.
A adolescência é a espantosa
oportunidade de se afirmarem
escolhas, de se realizarem
fantasias, de se ensaiarem
modalidades, de se explorarem
realidades.
A sabedoria do adolescente está
no facto de saber viver no
equilíbrio entre o risco
necessário para a construção do
futuro e o risco perigoso e
inútil.
Identidade e risco
12. A necessidade de pertença e a vontade de
ser aceite levam frequentemente à
utilização de estratégias tendo em vista à
conquista de um lugar entre os pares.
Fazer-se passar por aquilo que não se é.
Agir de forma fictícia.
Ter uma obsessão doentia para atingir um
ideal de beleza (bulimia, anorexia,
praticas desportivas violentas, ingestão de
substâncias proibidas).
Conquista da aceitação social