2. Nós sabemos que, na antiguidade, as explicações sobre a Criação,
apresentadas pelas religiões, eram naturalmente muito simples, dado a
mentalidade e os conhecimentos da época. Em nossa tradição ocidental, por
exemplo, afirmava-se que tudo surgiu no espaço de uma semana. Pois antes,
não existiam o Sol e nem a Terra Durante a tal semana, foram
sucessivamente criados o mundo e os seres, inclusive o próprio homem.
Inicialmente, um boneco de barro que passou a viver, graças a um sopro
divino. Não havia realmente preocupação com rigor, pois, embora o texto
bíblico fale em luz e dias... Primeiro dia, segundo dia, etc. O sol somente teria
sido criado no quarto dia. Esta contradição não preocupou os escritores
bíblicos.
3. O tempo passou, transcorreram dezenas de séculos, e a Ciência
desenvolvendo-se, veio mostrar uma realidade totalmente diversa, uma vez
que, apoiada em fatos, observações e interpretações lógicas, e submetidas a
controle. Não se conhece as origens do Universo e da vida que, em sua feição
atual, são resultados de uma longa evolução, tendo a vida começado com
formas simples, unicelulares, tornando-se progressivamente mais complexa.
Espécies de animais surgiram e desapareceram ao longo de incontáveis
milênios, chegando-se nessa sucessão ao aparecimento da raça humana. A
inconsistência das explicações religiosas, bem como o orgulho, levaram
alguns homens da Ciência a uma postura ostensivamente materialista
4. Não existiriam diretrizes nem finalidades no Universo, sendo, até mesmo, a
regularidade das leis físicas obra do acaso, e não passando as ideias de
Criador e criação de ficções religiosas, destinadas a satisfazer a Humanidade,
em seu período infantil. Atingida a idade da razão, afirmaram eles, tais
fantasias se tornavam desnecessárias. A propósito, em apoio a essa ponto de
vista, afirmou-se, durante muitos anos, que o pensamento era produzido pelo
cérebro, de vez que, uma lesão deste órgão alterava as faculdades mentais.
Argumento, hoje, reconhecido como falho, porque um defeito no nosso
aparelho TV também afeta o seu funcionamento, que se normaliza após o
necessário reparo. Mas isto, evidentemente, nunca foi considerado uma prova
de que a programação esteja sendo gerada nele.
5. Na verdade, o aparelho apresenta apenas som e imagem, produzidos noutro
lugar. O fato de o cérebro doente alterar o pensamento não quer dizer que ele
produzisse o pensamento. Nós sabemos que o pensamento vem do Espírito do
ser. Surgida no século XIX, a Doutrina Espírita, que prega os mesmos
procedimentos da Ciência, ou seja, a observação, o exame racional, o
controle, oferecendo demonstrações irrecusáveis da existência do Espírito,
como ser autônomo, que preexiste e sobrevive ao corpo.
Referindo-se às ideias materialistas, segundo as quais a afetividade e a
experiência humanas teriam como estação de destino o nada.
6. Assim se expressou Allan Kardec: “A missão do Espiritismo consiste
precisamente em nos esclarecer a cerca desse futuro e fazer com que, até certo
ponto, o toquemos com um dedo, e o penetremos com um olhar. Não mais
pelo raciocínio, somente, porém, pelos fatos. É a realidade que aparece, pois,
que são os próprios seres além-túmulo que nos vêm descrever a situação em
que se acham, mostrando-nos, por esse meio, a sorte inevitável que nos está
reservada, de acordo com os nossos méritos e deméritos”. O Espiritismo é,
pois, o mais potente auxiliar da religião. E se ele aqui está é porque Deus o
permite, para que as nossas vacilantes esperanças se revigorem, e para que
sejamos reconduzidos à senda do bem, pela perspectiva do futuro.
Muita Paz!