O documento discute o conceito de xamanismo, suas origens, práticas e rituais. O xamanismo é uma filosofia de vida antiga que busca a conexão do homem com a natureza e o mundo espiritual através de práticas como o transe, plantas sagradas e rituais de cura que envolvem música, dança e contato com espíritos. Os xamãs atuam como intermediários nesse processo de cura espiritual e expansão da consciência.
1. XAMANISMO
“Quando eu tinha dez anos, olhei a terra e os rios, o céu acima de
mim e os animais que me cercavam, e não pude evitar de sentir que
eles eram obra de um Poder Superior.”
Tatanka-Ohitika
2. Conceito
• O xamanismo não é religião, é um conjunto de crenças ancestrais que inspira a
religiosidade.
Religiosidade é como nos relacionamos com o universo mágico e místico, é a
fé, é a nossa visão de mundo.
Religião baseia-se em dogmas, doutrinas, e liturgias específicas.
• É o termo utilizado para identificar as práticas que utilizam o êxtase, o transe,
o estado alterado de consciência para estabelecer contato com o mundo sutil
de energias, expandir a consciência.
• É uma filosofia de vida muito antiga, que visa o reencontro do homem com os
ensinamentos e fluxo da natureza e com seu próprio mundo interior.
• É uma prática de tratamento da alma, da mente e do corpo.
3. Origem
O Xamanismo existe há mais de 40 mil anos.
Um dado oficial do governo australiano nos afirma que seus aborígines são os
xamãs mais antigos de que se tem notícia e são originários da época da Lemúria,
bem antes da Atlântida.
Seus ensinamentos são milenares, e se baseiam na observação da natureza e de
seus sinais: sol, lua, Terra, Água, Fogo, Ar, Animais, Plantas, Vento, Ciclos,
etc...
O termo xamanismo é de origem siberiana, baseado no conceito do saman, que
identifica aquele que é inspirado pelo espírito, aquele que não perdeu a conexão,
a integração.
Todos os ensinamentos xamânicos foram passados até os dias de hoje através
da tradição das tribos indígenas do mundo todo.
4. O Xamã
• A palavra XAMÃ vem do dialeto “tungus”, da palavra “SAMAM”,
aparentada com o termo sânscrito “sramana”, que significa “homem inspirado
pelos espíritos”.
• É o intermediário entre os mundos, operando curas, adivinhações e
cerimônias mágico-religiosas com a ajuda de espíritos auxiliares.
• Xamã é o sacerdote ou sacerdotisa do xamanismo que entra em transe durante
rituais xamânicos, manifestando poderes sobrenaturais e invocando espíritos
da natureza, chamando-os a si e incorporando-os em si.
5. Objetivos básicos
• Reconectar o ser com sua sabedoria interior;
• Conexão com a multidimensionalidade do ser humano;
• Ancoragem do poder pessoal;
• Conexão com seres espirituais;
• Limpeza dos corpos físico e sutis;
• Limpeza e harmonização de ambientes;
• Harmonização plena do ser;
• Conscientização do aspecto espiritual de cada um e de sua inter-relação com a
natureza e com o planeta a que pertence;
• Ativação das habilidades de coragem, força e sabedoria para lidar com
questões generalizadas;
• Curas e prevenção de distúrbios e doenças.
6. Bases do Xamanismo
•Conexão com a natureza e compreensão dos seus ciclos (as quatro estações e as
doze luas do ano).
Na observação constante da natureza e de seus ciclos a fim de compreenderem a si próprios.
Amar e reverenciar os espíritos da natureza reconhecendo os aspectos dos mesmos em si.
Buscar nas diferentes energias que a natureza oferece simbologias de suas forças interiores.
Observando os comportamentos e qualidades dos animais, o homem tem a capacidade de
conhecer a si próprio e as sociedades.
7. • Foco dos xamãs
Sol – Grande fonte de luz e energia para os habitantes da Mãe Terra. Simboliza a energia
Yang, masculina. É o símbolo da vitalidade, representando nossas vontades, desejos, nossa
essência. É a magia que nos faz brilhar.
Lua – Representa o movimento e o princípio feminino. Dirige o mundo dos sonhos, da
imaginação, dos fluxos, da sensibilidade e das emoções.
Planetas – Cada um dos planetas tem características específicas
Animais, Plantas e Minerais - Cada espécie animal tem uma sabedoria e qualidades
específicas que podem ser utilizadas para várias situações. O trabalho com os animais
auxilia a despertar tais qualidades e características dentro de nós.
• 4 Elementos:
Água – corpo emocional
Terra – corpo físico, saúde
Fogo – corpo sutil
Ar – corpo mental
Atualmente os xamãs estão trabalhando também com o 5o elemento: éter
8. • Direções sagradas
Norte (ar);
Sul (água);
Leste (fogo);
Oeste (terra);
em cima (pai céu);
em baixo (mãe terra/centro da terra);
dentro de si.
• Respeito
Significa "olhar novamente", olhar além da primeira impressão e estar disposto a ver o
que não está óbvio, é ver para além de…
• Foco no tempo presente
O xamã está completamente focado no presente, pois, é o único tempo que existe.
O passado já não o podemos altera-lo, já passou. O futuro ainda não existe, há-de vir.
• Ritmos
A música e ritmos podem levar o indivíduo a um estado alterado de consciência.
9. • Respiração consciente
Quando nós respiramos conscientemente, nós sentimos o controle desta fonte das nossas
próprias vidas, acalmando nossas emoções e nos fortalecendo interiormente.
• Gratidão
Sentimento pleno de gratidão por todas as coisas. O sentimento de gratidão é que
possibilita o fecho dos ciclos de prosperidade e de receber..
10. Integração com a natureza
A natureza é a sua grande aliada, e nela todos os seres são vivos e podem agir
com finalidade certa. As almas e espíritos animam todas as coisas do universo
por obra do sagrado.
O xamanismo nos leva a reconhecer que somos uma semente, nos preparando
a todo instante para nos tornarmos uma árvore bela, viçosa e frutífera.
O xamanismo é a síntese da espiritualidade, da integração e da essência
divina. Não tem nenhuma conotação religiosa e onde seu templo é a própria
natureza.
Praticar xamanismo é buscar a excelência espiritual, é enxergar a realidade
existente por trás dos conceitos e se harmonizar com as marés naturais da vida,
valorizando a essência e não a forma, ampliando assim sua consciência
ecológica planetária, reconhecendo a importância de cuidarmos muito melhor
da Mãe Terra.
11. Organização
No xamanismo existem apenas os líderes de suas comunidades. Não há
instâncias administrativas nem estrutura organizacional além das
comunidades. Não há hierarquias.
Xamanismo – Sua filosofia é da cura através da força mental, por processo de
transe, dos maracás e dos tambores e também pelas plantas.
Neo-xamanismo - são os praticantes de xamanismo em centros urbanos, ou
xamãs urbanos. É o que distingue as práticas ancestrais, das práticas adaptadas
para centros urbanos.
Movimento Xamânico Universal
Deste movimento partipam:
Xamã Mateo Arevalo, nativo Shipibo, líder da Comunidade de San Francisco
de Pucallpa - Peru;
Agustin, curandeiro e estudioso do cacto San Pedrito, (que organiza grupos de
viagem Brasil-Peru para experiências xamânicas em Cuzco, Machu Pichu e na
floresta peruana) e ;
Léo Artese, orientado pelo xamã norte-americano Coiote-Em-Pé, nas
cerimônias da Tenda do Suor e do Cachimbo Sagrado.
12. Ritos
• Comunicação telepática – Os Xamãs utilizam a telepatia para a realização de curas,
através da mente, transcendendo a noção normal e comum a cerca da realidade.
O canto é usado para romper as possibilidades físicas de movimento e visão entrando
em contato com novos mundos.
• Roda medicinal - É uma cerimônia realizada por nativos norte-americanos e alguns
iniciados em outros países.
O Xamanismo é uma prática psico-espiritual, onde diversas opções de tratamentos são
apresentadas e uma delas, a Roda de Cura ou Roda Medicinal,.
A Roda medicinal ou de Cura Xamânica é feita em torno de um fogo central onde se
abre um portal aos quatro elementos, ar, fogo, água e terra. Com esta abertura entramos
na dimensão xamânica, de verdadeira magia e poder direcionado à luz.
No xamanismo o tempo existe porque há um movimento circular e, muitos ritos e
cerimônias observam o sentido horário. Os índios americanos traduzem a vida como um
movimento circular, um caminho a ser percorrido na roda medicinal. As Rodas
Medicinais dos nativos norte-americanos são constituídas de 36 pedras alinhadas de
forma circular.
13. • Tenda do suor - Os praticantes do xamantismo no Brasil e no mundo participam deste
ritual. O objetivo desta cerimônia é a de purificar o corpo e a alma oferecendo a água do
corpo para a terra.
Durante a cerimônia os participantes reunem-se ao redor da fogueira ritual, onde são
esquentadas pedras, diretamente no fogo, pelo período de aproximadamente três horas. O
fogo é saudado e evocado. A porta e fechada e o vapor começa a subir tomando conta da
tenda, elevando a temperatura de forma intensa. Neste momento, as pessoas começam a
suar, quando ocorre o ritual de purificação do corpo. É a partir daí que a consciência é
alterada.
• Técnicas utilizadas nos rituais – Para a evocação de espíritos utiliza-se tambores,
danças, jejuns, plantas de poder, respirações, posturas corporais, etc.
• Os Quatro elementos - Os xamãs urbanos se baseiam nos quatro elementos da natureza
para a realização de seus rituais.
• As Quatro direções - segue a doutrina das Quatro Direções. Quando o mensageiro do
universo, o vento, revela lições e sinais.
• O Poder do Universo - reside no Grande espírito e na Grande mãe, o masculino e o
feminino que representam o encontro dos pólos complementares e originários da vida.
14. Os rituais xamânicos foram amplamente difundidos nos centros urbanos
através de comunidades religiosas, que usando o seu processo de cura,
começaram a utilizar-se das plantas.
As principais comunidades e suas plantas são:
• A Igreja Nativa Americana – usa o peiote (Don Juan),
• A União do Vegetal – utiliza o Ayahuasca, também conhecida nas matas
brasileiras como Iagé, Nixi, Honi, Xuma, Caapi.
• A Barquinha – utiliza o ayahuasca.
• O Catimbó - usa a jurema.
No entanto, o ponto forte do xamanismo são as práticas em EAC (Estados
Alterados de Consciência), um processo de transe que pode ser obtido com
cantos, posturas, jejuns, exercícios respiratórios, saunas, danças, meditações, e
também através das plantas de poder.
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16. A Saúde e a doença no contexto xamânico
A cura, para o xamã, é uma questão espiritual. A doença é por ele considerada
originária do mundo espiritual e dele adquire seu significado.
Perder a própria alma é a ocorrência mais grave de todas, eliminando
qualquer significado da vida, agora e para sempre. O objetivo de boa parte da
cura xamânica é, nutrir , preservar a alma e protegê-la de vagar eternamente.
A doença, é algo que deve ser removido, destruído ou algo do qual é preciso
proteger-se.
No xamanismo o problema básico não é o elemento externo, mas a perda de
poder pessoal que permitiu a invasão, seja de uma flecha, seja de um mau
espírito.
O tratamento xamânico de todas as enfermidades dá ênfase, em primeiro
lugar, ao aumento do poder da pessoa doente, e apenas em segundo lugar se
opõe ao poder do agente que produziu a doença.
17. Xamanismo no Brasil - Pajelança
No caso da pajelança ,o elemento gerador é genuinamente ameríndio. As curas são levadas a efeito
pelos pajés, verdadeiros xamãs indígenas. O instrumento básico de pajelança é o maracá,
instrumento sagrado do pajé.
As cerimônias acompanham-se sempre de cantos e danças para divertir os espíritos. Os cantos são
melodias folclóricas conhecidas; as danças, exercícios mímicos, com rugidos e uivos imitativos dos
animais invocados.
Há inúmeras diferenças rituais entre uma pajelança e outra, sendo mais característica entre as rurais,
a pureza dos traços ameríndios, enquanto nas urbanas se registra uma mescla de elementos afróides,
do catimbó, do espiritismo e do baixo catolicismo.
Esse xamanismo é conhecido em algumas regiões como pajelança cabocla, culto aos encantados,
toré, catimbó, candomblé de caboclo, em rituais de Umbanda, culto a Jurema Sagrada.
Uma versão da pajelança amazônica é a encantaria ou encantaria piauiense, fortemente aculturada
com o catolicismo popular. Na encantaria, os crentes repetem várias vezes certa quadra rogatória de
purificação, após o que o pai-de-santo dança em volta da guna (forquilha central da sala), no centro
de um círculo formado por todos os dançantes, que giram sobre si mesmos da direita para a
esquerda, em torno do mestre, que entoa cantos (aié) para que algum moço (espírito) se aposse de
seu aparelho (filho ou filha-de-santo) e cante sua doutrina, dançando em transe.
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19. Umbanda x Xamanismo
Na Umbanda se manifestam espíritos de origens diversas, desde um caboclo brasileiro, um escravo,
um aborígene, um hindú, um inca ou egípcio.
Temos por parte dos caboclos que incorporam nos médiuns, trabalhos mediúnicos que podem
perfeitamente se qualificar como pajelança, em muitos casos a justificativa de que se manifesta um
caboclo que em vida foi um pajé e que agora volta para continuar seu trabalho junto ao médium de
Umbanda como uma missão assumida.
Com relação a essa explicação podemos dizer que aqui quem realiza o xamanismo é o espírito, no
entanto o que se vê é aquele homem ou mulher exercendo uma prática xamânica, o médium, realiza o
processo que tem em si todas as características xamânicas.
Está incorporado de um espírito indígena, pajé e xamã, e nesse momento está realizando xamanismo,
pois o médium em sua constituição física está ali presente, seja consciente ou não desse fato. Se faz
uma cura, essa se realizou por meio dele, a se fizer alguma bobagem, a culpa é dele também.
Ao incorporar um caboclo que trabalhe com práticas xamâncias, não o torna um caboclo nem um
xamã, mas a prática está acontecendo por seu intermédio. Está praticando xamanismo em parceria
com uma força, inteligência, uma outra consciência que toma a frente de seu mental e que se
identifica como caboclo, uma entidade (espírito) manifestante da qual te considera apenas um
instrumento, mas que de fato está realizando a prática xamânica.
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21. Fontes de consultas
Site: www.netfenix.com.br
pt.wikipedia.org
Site: www.xamanismo.com.br
Jornal de Umbanda Sagrada (texto de Alexandre Cumino)
Site: www.nascentedeluz.com
Trabalho elaborado e apresentado por Solange / Noemi