O documento resume um jornal da ENEGE (Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia) que discute: 1) a história da ENEGE e suas lutas passadas; 2) as mobilizações estudantis contra o novo Marco Regulatório da Mineração; e 3) o leilão do campo de Libra e os argumentos a favor.
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Edição de final de ano!
Dezembro, 2013, nº4
Jornal da ENEGE
Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia
Nesta edição:
Editorial:
Resgate histórico da ENEGE
Mobilizações contra o MRM
Problemas no ensino de Geologia
Outros...
EDITORIAL
O leilão do campo de libra
Recursos naturais brasileiros
As manifestações de 2013
Segurança em campo
O preço do 47º CBG!
Estefany Alves-UnB (coordenadora de imprensa da ENEGE)
Vicente Medeiros Leivas Araujo - UFRGS
Presidente da ENEGE
2013 foi um ano ímpar na história do Brasil,
e no destino da classe geológica. Neste ano vimos
a sociedade brasileira se levantar e gritar para
todo mundo ouvir que queremos mudanças no
nosso país, também acompanhamos atentamente
os trâmites envolvendo o novo Marco
Regulatório da Mineração, que irá decidir o
futuro da classe.
Em contextos regionais dentro das
universidades que praticam o ensino de Geologia
podemos constatar dificuldades que muitas vezes
são as mesmas em diferentes universidades.
Nesta edição do Jornal da ENEGE
buscamos resgatar a história da ENEGE, trazer à
tona temas polêmicos, manifestos e a questão do
Marco Regulatório da Mineração.
Os artigos apresentados foram redigidos
por alunos de diversas escolas, o que reflete o
bom momento de articulação pelo qual a ENEGE
passa.
Após 2 anos de reestruturação da ENEGE,
muito bem sucedida, em 2014 devemos
aproveitar esta estrutura e laços de união fortes e
mais do que nunca fortificar ainda mais a ENEGE
através da união e comunicação entre os alunos e
Geologia e retomar o caráter de luta histórica que
nossa Executiva tem nas costas.
Uma excelente leitura e muita Geologia e
Luta em 2014!
BREVE RESGATE HISTÓRICO DA ENEGE
A ENEGE (executiva nacional dos
estudantes de geologia) foi fundada em 1962 com
o
intuito
de
defender os interesses da classe, como a
regulamentação da profissão geólogo, a luta
contra o Ministro de Educação da época que
propunha reduzir os cursos de geologia para três
anos e a campanha pela criação de uma empresa
estatal de mineração, a MINEROBRAS. Era filiada
a UNE (união nacional dos estudantes), que foi
alvo da primeira ação da ditadura militar
brasileira com a tomada do poder em 1964 sendo
sua sede, localizada na Praia do Flamengo 132,
metralhada, invadida e incendiada, na noite de 30
de março. Mesmo com a repressão ditatorial, o
movimento estudantil continuou existindo às
escuras, com uma forte oposição ao regime
militar, o que sucedeu em grandes revoluções
culturais e sociais em todo mundo no ano de 1968.
No entanto, os militares endureciam a repressão
em episódios como o assassinato do estudante
secundarista Édson Luis e a invasão do Congresso
da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de cerca de
mil estudantes. No fim do mesmo ano, a
proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5)
indicava uma violência ainda maior. Nos anos
seguintes, a ditadura torturou e assassinou
estudantes como a militante Helenira Rezende e o
presidente da UNE, Honestino Guimarães,
estudante de geologia da Universidade de
Brasília, perseguido e executado durante o
período de clandestinidade da entidade.
Em 1968, com o aumento da repressão
militar, houve uma desarticulação da ENEGE,
assim estando inativa até 10 anos depois, quando
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os estudantes de geologia, tendo em vista um
momento de reanimação popular na luta contra o
regime militar e as péssimas condições de ensino
de geologia na maioria das escolas do país,
começaram a se articular através da organização
do I Encontro Nacional dos Estudantes de
Geologia (ENEGEO), realizado em Recife – PE no
fim de 1978, onde foi criada uma Comissão PróENEGE visando à reorganização da Executiva,
para a retomada das discussões sobre ensino,
questões profissionais e políticas. No III
ENEGEO, em 1980, foi recriada a ENEGE com a
responsabilidade de articular e dar maior vigor à
ação nacional dos estudantes. No mesmo evento
foi deliberado o Dia Nacional da Luta contra a
quebra do monopólio Estatal do Petróleo e pelo
controle popular na exploração dos recursos
naturais. Nesse dia os estudantes organizaram
atos públicos em diversos lugares do país. Na
década de 80, a ENEGE comportou-se como
organizadora e difusora das discussões e
deliberações feitas nos Encontros Nacionais
(ENEGEOs), relacionadas principalmente às
questões profissionais e ensino. Participou
ativamente
das
discussões
que
se
desenvolviam na comunidade geológica como,
por exemplo, Simpósio Nacional de Ensino de
Geologia
promovido pela SBG, que teve como resultado o
currículo mínimo que balizou a estrutura
curricular
da
grande maioria dos cursos do país. Percebe-se,
portanto, que a Executiva vem apresentando um
comportamento cíclico, alternando momentos
altamente politizados e outros de baixa
participação estudantil.
Atualmente a ENEGE busca estar sempre
em contato com os estudantes, através dos
representantes dos CA‟s (centro acadêmico)
juntamente
com
os
representantes
das
Universidades, pois estando próxima a realidade
de cada instituição a luta se mostra mais
organizada e unificada.
Neste presente ano de 2013, a nossa classe
esta passando por crises encabeçadas por
problemas de ordem política, como por exemplo,
a proposta de lei do novo Marco Regulatório de
Mineração, tal projeto de lei teve uma
repercussão negativa por parte dos estudantes,
geólogos, e alguns empresários, sendo assim foi
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criado o Movimento Consciência Mineral visando
uma reformulação desse projeto, devido a esse
movimento observou-se uma mobilização por
parte dos estudantes tendo até uma manifestação
nas ruas e a ENEGE participou ativamente
redigindo uma carta para o Lobão (ministro de
minas e energias) representando os estudantes,
que foi protocolada no Ministério de Minas e
Energia, e tendo seus representantes ativos em
cada local onde ocorreu a tal manifestação. Esse é
apenas um exemplo de como a ENEGE, tem como
um de seus principais objetivos a união e luta em
prol dos interesses da classe geológica.
AS MOBILIZAÇÕES ESTUDANTIS E DA
CLASSE CONTRA O NOVO MARCO
REGULATÓRIO DA MINERAÇÃO
Jessica Bogossian- Geóloga formada pela UnB
Nos últimos meses, o setor mineral tem
sido palco de uma série de movimentações nas
regras que regem sua regulamentação e
funcionamento. Apesar de estarem em pauta há
alguns anos, foi neste último mês de junho que o
Projeto de Lei nº 5.807/ 2013, vulgo Marco
Regulatório da Mineração, foi publicado
oficialmente. Diante do estopim apresentado,
diversas manifestações em desfavor ao texto
proposto pelo governo irromperam pelo país, seja
na forma de entidades, associações, empresas ou
mesmo por profissionais desgostosos. Esta onda
de insatisfação, que começou pela falta de
abertura por parte do governo durante o processo
de confecção de um Marco retrogado, culminou
em uma maior organização dos envolvidos, em
busca de mudanças que efetivamente contribuam
para o progresso do país.
Dentre as organizações criadas, os
estudantes, como há muito tempo não se via, se
organizaram pelas principais Universidades de
Geologia do país através do Movimento
Consciência Mineral – MCM. O grupo, nascido na
capital federal, mas com representantes de
importantes escolas do país, é formado por
estudantes, ex-alunos, professores e profissionais
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que se mobilizaram, principalmente via redes
sociais, para discutir e se estruturar diante da
maneira como as decisões estão sendo tomadas
frente ao governo. Sua expressão nacional
ocorreu no Dia da Consciência Mineral (25.09.13),
quando principalmente estudantes foram às ruas
dar seu grito diante da situação. Foram
representadas as universidades da Bahia,
Brasília, Rio Grande do Sul e de Minas Gerais (a
última durante o EXPOSIBRAM).
Além disso, diversas associações de
geólogos publicaram notas de repúdio contra a
proposta, incluindo também sindicatos dos
principais estados mineradores do país. A ABPM
– Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral, que retrata empresas de pequeno e
médio porte, tem sido muito importante em meio
a este cenário também, de maneira a tentar
estreitar interesses sem condenar o setor, já bem
prejudicado pelo atual quadro de incertezas e
pela paralização das outorgas pelo DNPM, que já
excede dois anos.
Há cerca de três semanas, o relator da
Comissão Especial criada para tratar este
assunto, Dep. Leonardo Quintão (PMDB-MG),
publicou um substitutivo ao texto original. Este
substitutivo traz muitas melhorias em relação ao
autêntico, de forma a anular o caráter estatizante
e centralizador do Poder Executivo e devolvendo
o protagonismo privado para a pesquisa mineral.
Além disso, traz melhorias como a possibilidade
dos títulos minerários servirem como garantia
(valem como ativos), a fixação da CFEM por lei, a
criação de mecanismos de financiamento e regras
de transição que respeitam o direito adquirido,
que colaborarão para o funcionamento do setor.
A extinção das chamadas públicas também
reconsolida o sistema utilizado em outros países
de economia mineira (Canadá e Austrália), de
“first come, first served”. O sistema de licitação só
será válido para áreas com recurso e reserva
comprovados e terá prazo de um ano para sua
realização que, caso não concretizada, torna a
área livre. Obviamente, isso tudo depende das
negociações com os interesses do „governo‟, que
não se mostrou muito contente com esse relatório
preliminar, que está com sua votação prometida
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ainda para esse ano na Câmara. Enquanto isso,
nosso país não só deixa de andar para frente, mas
caminha para trás mais e mais, muitos
profissionais sem emprego e uma ansiedade
inerente de saber o desfecho desta prosa.
O LEILÃO DO CAMPO DE LIBRA
Por que sim?
Luis Filipe Horta Jr., 10º período de Geologia da UERJ
Vou começar pelo valor do leilão, 16 bilhões
de reais, que muitas pessoas contrárias ao mesmo
compararam com o lance dado pelo Aeroporto
Tom Jobim no Rio, de 19 bilhões de reais. Muitos
consideraram isso um verdadeiro absurdo, como
um campo de petróleo com algo em torno dos "10
bilhões de barris" , que vai gerar renda de quase
meio trilhão ao final dos 24 anos de produção
pode valer menos que o leilão de um aeroporto?
Para responder isso, iniciamos o primeiro
dilema e um dos motivos da minha visão “próleilão". Existem dois poços que furaram a
estrutura de Libra e todos nós como geólogos, ou
quase
geólogos,
deveríamos
saber
das
heterogeneidades dos carbonatos, ainda mais
quando se tratam de carbonatos estromatolítico,
muitas vezes dolomitizados, como ocorre no présal da Bacia de Santos. Por isso eu diria que este
risco representa um pulo pra que esses 10 bilhões
que podem ser produzidos, caiam para 5 ou
quem sabe apenas 2 bilhões. O grau de incerteza
exploratória ainda é absurdamente alto. Dessa
forma, comparando com o aeroporto que já existe
e que todo mundo sabe que dá lucro, essa
informação já agregaria valor para o leilão do
aeroporto.
Outro ponto importante a se levar em conta
é que o consórcio que arrematou o aeroporto terá
que gastar menos de 10 bilhões de reais em
reformas no aeroporto, enquanto o consórcio que
ganhou o direito de exploração e produção de
Libra terá que gastar nada menos do que 180
bilhões de dólares (em algumas fontes, como no
setor de economia do site Ig, chegam a falar em
400 bilhões!) para produzir esse campo. Este fato
nos garante mais um ponto favorável ao valor
mais baixo do leilão de Libra.
Após discutirmos este dilema, podemos
passar para outro questionamento importante,
que ao meu ver foi de todos o mais
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preponderante para escolha do governo em
realizar esse leilão. A Petrobras teria dinheiro
em caixa para fazer esse campo produzir? E
como todos os governos tem um fim, isso faz
deles, infelizmente, imediatistas, ou seja, a idéia
era : se quisermos produzir Libra em menos de
10 anos teremos que fazer com que empresas
estrangeiras
coloquem
dinheiro
nessa
empreitada.
Então, após falar dos motivos que levaram
a esse leilão, e já que não será mais possível
revertê-lo, é importante refletirmos sobre lado
bom da questão.
Primeiro para nós, geólogos. A partir do
momento em que quatro empresas estrangeiras
entram no nosso mercado, todas elas vão ter que
ter cede no Brasil e profissionais brasileiros,
“conteúdo local” exigido pela ANP. Isto é, na
hora de discutir aonde será furado um poço, a
modelagem geológica e todos os trâmites que
envolvem nosso conhecimento específico, serão
os geólogos de cinco empresas, as estrangeiras e
a Petrobras, que irão discutir o assunto e não
somente de uma.
Quanto ao Brasil, não acho que o mesmo
perde tanto como as pessoas tem protestado, já
que este último leilão teve um processo diferente
dos feitos anteriormente, sendo esse em regime
de partilha. Isso quer dizer que de todo o óleo
que irá sair deLibra, as empresas ofertarião
quanto seria dado à União (ou devolvido, já que
todo bem mineral é da União por lei).
Dessa forma, se pensarmos que a Petrobras
adquiriu 40% do bloco e formos pela linha de
raciocínio que tudo que é da Petrobras é do
Brasil, podemos dizer que 40% de todo óleo já irá
para o Brasil. Se considerarmos que dos 60%
restantes, 41,65% vão diretamente para a mão do
Eestado, elevamos os 40% iniciais para 65% de
tudo que for retirado indo para o Estado. Além
disso, ainda precisamos adicionar ao bolo os
royalties, que irei estimar em aproximadamente
7% (nada consultado), incluindo assim mais 4,5%
nos 65% e chegando a quase 70% de lucro
destinado ao País. Por fim, podemos ainda somar
todos os impostos incidentes , como ICMS, ISS,
etc., além de todos os custos de se abrir uma
sucursal brasileira que as chinesas irão ter.
Dessa forma diversos economistas tem
calculado como retorno para o País algo em torno
de 75 a 80%. Sobrando apenas 20% para ser
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dividido de forma heterogênea entre as quatro
empresas estrangeiras.
Com esses argumentos, acabo de mostrar
minha visão do porquê não considerar o leilão de
Libra um mal negócio, como é falado por aí.
Por que não?
Vicente Medeiros Leivas Araujo- 8º Semestre de Graduação em
Geologia UFRGS.
Na contramão de outros países da América
Latina que estatizaram a produção de seus
recursos
minerais
(hidrocarbonetos
principalmente) nos últimos anos nós vemos o
Brasil. Uma sequência de governos neoliberais
colocou o Brasil e seus recursos minerais
literalmente à venda para o capital privado para
quem pagar mais, estamos leiloando nossos bens
minerais, que, diga-se de passagem, não dão duas
safras.
Estima-se que o campo de Libra possua em
torno de 10 bilhões de barris de petróleo.
Atualmente um barril de petróleo custa
aproximadamente 110 dólares equivalentes a
aproximadamente 246 reais. Fazendo-se as contas
facilmente se chega a conclusão que o valor do
campo leiloado é estimado em 2,46 Trilhões de
reais! Na pior das hipóteses se apenas 5 bilhões de
barris forem recuperados a renda gerada será
igual a 1,23 Trilhões de reais. Se o campo produzir
5 bilhões de barris (metade do conteúdo total de
petróleo calculado) nos roubaram 1,2 Trilhões de
reais! Se o campo produzir os 10 bilhões de barris
2,3 trilhões de reais nos foram roubados tendo em
vista os 16 bilhões de reais pagos ao Brasil pelas
companhias que irão explorar este campo de
petróleo. Esta é a triste matemática do pré-sal.
A lógica do Brasil de leiloar uma de suas
maiores riquezas naturais por não apresentar
fundos para investimento no campo de Libra é
retrógrada. Existe dinheiro sim e todos sabem
disso. O que não existe no nosso Brasil
infelizmente são políticas de longo prazo que
visem o desenvolvimento do nosso país e de seu
povo. O que existe é um imediatismo radical que
deve ser abolido, mudanças sociais caminham
devagar e são de extrema urgência no nosso país.
Sem contar que se o governo federal fizesse um
investimento maciço para viabilizar a produção
de óleo no campo de Libra este dinheiro
rapidamente retornaria aos cofres públicos tendo
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em vista os preços do óleo que vem subindo a
cada dia. Além dos retornos financeiros
precisaríamos de mão de obra qualificada o que
fomentaria o investimento em profissionais
qualificados.
Tendo em vista o avanço social que outros
países que nacionalizaram seus recursos minerais
obtiveram, mesmo que de forma lenta; e um
roubo histórico (talvez até o maior da história do
Brasil) devemos nos posicionar de forma
contrária aos leilões e as privatizações que por
aqui acontecem. O petróleo é do povo brasileiro e
seus lucros devem beneficiar o povo brasileiro e
não a meia dúzia de multinacionais. O que está
faltando no Brasil são governos que operem para
o povo e não exclusivamente para o capitalismo.
Há quinhentos anos o Brasil vem sendo
explorado e seu povo negligenciado, agora já
basta! Não queremos migalhas queremos o que é
nosso literalmente por natureza!
OS RECURSOS NATURAIS COMO FONTE
DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
Vicente Medeiros Leivas Araujo- Geologia UFRGS
O Brasil apresenta um contexto muito
favorável ao desenvolvimento social de uma
nação. Estamos posicionados geograficamente
em uma porção da Plataforma Sulamericana
bastante estável sobre o ponto de vista tectônico,
possuímos extensa área litorânea e continental,
temos recursos hídricos e minerais abundantes, e
somos um povo com grande diversidade
cultural. Não é à toa que somos a bola da vez no
cenário internacional. Somos a 6ª economia mais
forte do mundo.
Porém infelizmente o cenário que temos
por aqui não é dos melhores por aqui nós vemos:
a segunda pior distribuição de renda no mundo,
o 86º lugar na educação mundial, graves
problemas sociais, problemas na área de saúde
pública, altos índices de corrupção que são
provocados claramente por interesses próprios
por partes daqueles que nos representam.
Nossa grande tarefa como estudantes de
Geologia e futuros Geólogos e Geólogas é usar
toda nossa força e inteligência e nos unir para
mostrar para a sociedade que esse sistema atual é
falido e ultrapassdo e que outro mundo ainda é
possível.
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Já roubaram nosso Ouro, já leiloram nosso
minério, há pouco leiloaram nosso pré-sal, qual o
próximo passo leiloarem nossa água!?
Não podemos mais tolerar esses saques
sistemáticos aos recursos minerais. Devemos lutar
por políticas que repassem diretamente a
população grande parte dos impostos oriundos de
atividades de mineração, extração de petróleo, e
garantir que nossa água também não seja
entregue de bandeja para o capital estrangeiro.
Através destas ações estaremos mostrando a
sociedade a nossa importância como pensadores e
como profissionais e com certeza iremos receber o
apoio e admiração da população. Não sigamos os
exemplos da maioria dos médicos e engenheiros
brasileiros que vivem exclusivamente para ganhar
dinheiro e não apresentam preocupação social
alguma.
Vamos
mostrar
respeito
e
comprometimento com a sociedade brasileira e
garantir um futuro bom para as próximas
gerações. Essa é claramente a forma mais direta
de retorno à sociedade do conhecimento que nos
foi proporcionado às custas de impostos pagos
por trabalhadores que infelizmente jamais terão
acesso à Universidade. Afinal de contas pra
que(m) serve a tua Geologia?
2013
O
LEVANTE
POPULAR
E
A
CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS
SOCIAIS
Vicente Medeiros Leivas Araujo- Geologia UFRGS
Durante o ano de 2013 participamos ou
vimos um grande movimento social apartidário
que reivindicou mudanças sociais e políticas em
todo Brasil.
O movimento começou inicialmente na luta
por tarifas mais justas para os trabalhadores e
passe livre estudantil. Posteriormente tivemos a
expansão das lutas atingindo também outros
temas, como a questão da copa do mundo, da
educação, da saúde pública e outros problemas
que enfrentamos no Brasil.
Ao invés dos governos federais, estaduais e
municipais aproveitarem a situação para mostrar
que querem mudanças e abrirem um canal de
comunicação direto com a sociedade o que vimos
em todos Brasil foi uma repressão e
criminalização dos movimentos sociais que
lembrou os tempos de ditadura militar.
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Durante as Jornadas de Junho, como
ficaram conhecidas as manifestações no Brasil e
no mundo todo, vimos violências policiais das
formas mais brutas possíveis contra os
manifestantes, prisões políticas e tudo isso sendo
acobertado pela grande mídia burguesa, que não
quer ver mudanças sociais neste país.
Ano que vêm seremos palco da Copa do
Mundo e com certeza não esqueceremos Junho
de 2013! Munidos de cartazes, muita disposição e
muita vontade de mudanças devemos ocupar as
ruas e praças do nosso país para mostrar para os
governantes que nós não temos medo de
repressão, que nós não iremos nos calar, que nós
queremos mudanças urgentes neste país!
Em memória de todxs aquelxs que lutaram
por uma sociedade mais justa e contra a
repressão da ditadura militar e foram
sequestrados, torturados e assassinados.
#JunhoÑacabou
SEGURANÇA EM CAMPO
Amanda Lira Porto, 10º semestre Geologia UERJ
“Fiquem atentos, estudantes, toda a atividade de risco
imposta exige uma regulamentação adequada, exijamna!”
Entre 25 e 29 de agosto de 2013, o
desaparecimento e posterior constatação de
falecimento de Yego Cunha Leal, estudante da
Faculdade de Geologia da UFPA/Marabá
durante atividade de campo em Tocantins
chocou toda a Comunidade Geológica do Brasil,
principalmente nós, estudantes. O aluno e mais
dois colegas, além do professor Antônio Emídio de
Araújo Santos Júnior, realizavam mapeamento na
região de Babaçulândia, norte do Tocantins,
quando dois colegas teriam passado mal por
insolação. O aluno e o professor, foram buscar o
carro para socorrê-los. No caminho, Yego
também teria passado mal, pelo mesmo motivo, e
o professor pediu que ele esperasse no caminho.
Quando
o
professor
voltou,
Yego
havia
desaparecido. Quatro dias depois, o corpo do
estudante de geologia foi encontrado, já em
estado de decomposição, nos arredores da região
em que foi visto pela última vez.
Dezembro, 2013, nº4
Desde então, o assunto sobre medidas de
segurança no campo voltou às discussões nas
redes sociais, em reuniões de departamento,
centros e diretórios academicos e até mesmo
dentro de casa. Para alguns, mais conformados,
tais acidentes são fatalidades, acontecem. No
entanto, para outros, o tema fez com que uma
triste realidade voltasse a aflorar de maneira tão
evidente quanto um monólito no deserto: o
despreparo e o desamparo regulamentar da
maioria das universidades brasileiras para com
trabalhos de campo, sejam de Geologia ou de
qualquer outro curso.
Em 2006, a morte de outro aluno, Vinícius
Santana da Silva, da UFRN, também durante
atividade de campo, acarretou em consequencias
polêmicas para a instituição. O aluno, ao se
distanciar da turma e do professor com mais
alguns colegas para uma área pouco segura, foi
vítima de traumatismo craniano-encefálico
causado pelo deslizamento de blocos no Pico do
Cabugi, Rio Grande do Norte. O professor da
disciplina em questão, Vanildo Pereira da Fonseca,
respondeu a um processo criminal, sendo
condenado ao pagamento mensal durante dois
anos de um salário mínimo à família da vítima.
Além disso, os alunos também ficaram sem
atividades de campo de 2007 , quando o professor
foi acusado, até 2010, quando a proposta de
“Normas e Protocolo de Segurança das
Atividades de Campo” foi então aceita e
oficializada. Segundo o juiz Carlos Wagner,
presidente da comissão que aprovou tal
documento, “a UFRN é a precursora na elaboração
deste documento que servirá de espelho para tantas
outras entidades”.
Dentre outros procedimentos, o documento
atribui responsabilidades à universidade, ao
professor solicitante, ao motorista do veículo
utilizado e aos alunos participantes da atividade .
Foi estabelecido que a UFRN pagará seguro
obrigatório aos participantes da atividade,
prestando-lhes assistência a acidentes que
requeiram medidas de emergência, atendimento
médico e/ou acompanhamento técnico ou
jurídico, além também de representação judicial
aos docentes e técnico-administrativos em caso de
processos judiciais.
Aos professores, compete a elaboração de
planejamento detalhado da atividade de campo,
com estudo prévio do local, grau de dificuldade e
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necessidade de equipamentos de segurança,
garantindo uma efetiva orientação aos alunos
sobre todos os procedimentos de segurança e
materiais necessários. Ao motorista cabe a
manutenção adequada do veículo, a condução
segura do mesmo e orientação sobre a conduta
adequada dos demais passageiros do veículo.
Já os alunos, dentre outras recomendações,
devem preencher e assinar o Termo de
Responsabilidade e Conhecimento de Risco,
anexos ao documento, e ter comportamento
adequado mesmo quando fora dos horários de
atividades,
podendo
responder
administrativamente ou judicialmente por
posturas impróprias.
Até onde é sábido, além da UFRN, somente
a UFMT oficializou um documento similar em
Abril de 2013. No entanto, o documento da
UFMT não atribui responsabilidades à
universidade, tal como o seguro obrigatório
estabelecido pela UFRN, além disso, o
documento da UFMT é categórica sobre a
proibição do uso de bebidas alcoólicas e outros
entorpecentes por parte dos alunos. A UFMG
também já divulgou uma proposta de documento
sobre o tema, mas que ainda nao foi aprovada.
Diante de tais informações, percebemos
que, infelizmente, muito pouco avançamos nas
universidades brasileiras desde 2010, quando
houve a oficialização do primeiro documento
zelando pela segurança de atividades acadêmicas
de campo. Por isso, faz-se urgente a participação
de nós, alunos, para obtermos tal avanço.
Precisamos levar as propostas deste documento
aos professores, colocando o assunto em pauta
para as próximas reuniões de departamento em
nossas universidades. Os professores e
coordenadores sabem muito bem que tanto eles,
como nós podemos sofrer consequencias graves
diante da lacuna regulamentar que existe na
maioria das instituições sobre o tema. Por isso,
estudantes, organizem-se, pressionem, cobrem e
se façam ouvidos, pois, não se enganem, nós
temos muito mais poder do que pensamos ter!
OBS.:
Para
mais
detalhes,
acessem
www.enegegeologia.blogspot.com.br e baixem os
documentos oficiais da UFRN, UFMT e a proposta da
UFMG.
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Dezembro, 2013, nº4
ÁNALISES DE PERSPECTIVAS DESDE A
GEOLOGIA UFMT
Valéria Schmidt- Representante da ENEGE UFMT
Pelo mundo afora vemos manifestações
políticas e levantes populares em busca de “Um
mundo melhor”, até mesmo “O gigante acordou”.
As novas ferramentas das comunicações a nossa
favor garantem as condições da propagação da
informação e permitem a rápida mobilização
social. Milhões de pessoas foram às ruas pelo
Brasil afora, e em Cuiabá contabilizamos 60 mil
pessoas no Dia Nacional de Lutas (claro que a
mídia e a polícia contaram menos). O levante
popular pareceu impressionável aos olhos, mas
com o tempo as manifestações voltaram a ser
cotidianas - como de fato devem pró-ativamente
ser.
A revisão do Marco Regulatório era uma
das demandas apresentadas nos milhares de
cartazes. Motivo de discussão em corredores,
temas
de palestras
e motivação
para
manifestações junto à sede do DNPM em Cuiabá,
o Marco Regulatório é uma preocupação latente.
O XIII Simpósio de Geologia do Centro-Oeste –
SBG (realizado de 20 a 23 de outubro na UFMT)
foi a oportunidade mais abrangente de apresentar
leituras e manifestar-se a respeito ocorrida em
Cuiabá, já que reuniu no mesmo auditório
estudantes,
professores,
pesquisadores,
profissionais da mineração e DNPM. O geólogo e
representante da ABPM Luis Antonio Vessani em
sua apresentação deu ares de uma luz ao fim do
túnel e é exatamente nisso que temos esperanças,
que são renovadas com os fatos: o “Texto para
discussão 137 do Senado Federal: ANÁLISE DO
PROJETO DE LEI DE MARCO REGULATÓRIO
DA MINERAÇÃO DO BRASIL” foi organizado e
apresentado por acessores parlamentares que
"buscaram" entender porque a proposta
apresentada pelo governo como "perfeita" e
"salvadora" estava sendo questionada pela
"classe" da mineração, alterações já foram
apresentadas no substituto do Código Mineral, e a
votação foi deixada para o próximo ano.
Fato é que estamos todos preocupados com
o futuro da mineração do país diante da real
ameaça a estabilidade desta atividade de tão alto
risco, e como estudantes é também real a
preocupação com as condições de mercado que
encontraremos ao sair da faculdade. Não é fácil
encontrar com amigos já formados que perderam
8. www. enegegeologia.blogspot.com.br
seus empregos, ou que ainda não conseguiram
seu primeiro emprego devido as condições atuais
do mercado. O apagão mineral é um fato
tristemente observado e temido.
Mas enquanto estudantes, para além das
problemáticas acerca do atual mercado de
trabalho também temos as demandas para
garantia de uma formação de qualidade.
Problemas com estrutura, necessidade de
professores, falta de sala de aulas, necessidades
de técnicos em nossos laboratórios, falta de
equipamentos e falha na manutenção dos
existentes são alguns dos problemas enfrentados
pela Geologia UFMT, e incidentes como o
ocorrido com Yego Cunha Leal (UFPA)
reacendem preocupações, é claro o interesse de
estudantes e professores por adequações do
curriculum acadêmico no que diz respeito a
segurança em atividades em campo, laboratórios
e salas de aula, mas providências a respeito ainda
não foram tomadas mesmo que cobradas
constantemente.
A LUTA CONTINUA
Carlos Alberto Alvarenga-Presidente do Centro Acadêmico da
Geologia-UFES
O jovem curso de geologia da Universidade
Federal do Espírito Santo assim como muito
cursos em seu inicio teve vários problemas, desde
estruturas físicas como laboratórios, salas de
aula, até quantidade de docentes. Porém o
pioneiro curso capixaba veio para ficar e contou
com a sinergia entre discentes e docentes nessa
luta. Logo no inicio fez-se necessário a criação e o
fortalecimento de um centro acadêmico atuante e
estruturado o CAGE (Centro Acadêmico de
Geologia da UFES), força que não se perdeu, com
lutas dos estudantes em paralisações, denúncias
no Ministério Público Federal e reivindicações
apoiadas pelos professores, com isso vitórias
foram alcançadas sanando as necessidades
iniciais e formando excelentes profissionais.
Hoje a luta dos estudantes é outra, muito
mais delicada e desamparada. A prática docente.
Temos um excelente corpo docente, de
profissionais engajados e determinados a
solidificar a formação geológica no estado. Porém
infelizmente esse grupo não é absoluto, um
docente é um ponto fora da curva, desde 2009 os
estudantes enfrentam problemas com as
Edição de final de ano!
Dezembro, 2013, nº4
disciplinas de Paleontologia, Estratigrafia,
Recursos Energéticos, Micropalentologia e
Geologia do petróleo.
Mediante as incansáveis e fracassadas
formas de diálogo dos estudantes para com o
professor durante todos esses anos o CAGE, após
assembleias estudantis, elaborou uma carta
denunciando todas as práticas vexatórias,
humilhantes e anti-pedagógicas exercidas pelo
docente em sala de aula e aulas de campo. Tal
denuncia resultou na abertura de sindicância pela
CPPAD (Comissão Permanente de Processo
Administrativo Disciplinar). E continuaremos
lutando pela melhora da geologia no Brasil, até
enfrentando o corporativismo docente.
MANIFESTO POR UMA GESTÃO MAIS
ÉTICA E COMPROMETIDA COM O
DESENVOLVIMENTO DO CURSO DE
GEOLOGIADA UFS
ALUNOS UFS
Estamos cansados, chega desta sede
injustificável por poder! Tudo que queremos é
estudar com o mínimo de tranquilidade. É chegar
no departamento de geologia e não se sentir em
um campo de batalha. É não ter a preoupação de
sermos prejudicados caso tenhamos uma opnião
diferente ou somos alunos/orientandos de
alguém que tenha a opnião diferente. Nós,
estudantes de geologia, estamos passando por
uma situação difícil, desde o início do curso. Os
protestos de terça-feira (29/10/2013), não foi algo
isolado, mas sim o estopim, um desabafo das
dificuldades que temos vivido durante anos.
Finalmente conseguimos externá-los! A questão
reclamada era a falta de vagas em disciplinas
obrigatórias anuais. O contraditório é que o curso
cobria a demanda de discentes quando era Núcleo
e agora, Departamento, não a satisfaz. Há
professor para ministrar a disciplina, mas este não
o quer fazer, pouco se importa com mais um ano
da vida dos estudantes e menos ainda que alguns
não possam concluir sua formação. Há algo que
atrapalha muito o desenvolvimento da geologia
na UFS, os desentendimentos entre os
professores. Nota-se que é sempre um pequeno
grupo que está envolvido. E este não tem o
mínimo de ética profissonal, e começa a agir de
forma a dificultar o trabalho dos outros, pouco se
importando e interferindo de forma negativa para
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o
desenvolvimento
do
curso
e
para
aprendizagem dos discentes. Já houve quatro
professores efetivos que desistiram do nosso
curso apenas por buscar um ambiente de
trabalho menos hostil, não mencionando vários
outros casos, que parecem, no mínimo, absurdos.
Onde está o compromisso com a formação de
profissionais? Estes são exemplos de nossos
educadores? O acesso aos laboratórios do
departamento é complicado. Há toda uma
facilidade
para
um
grupo
e
muitos
procedimentos burocráticos e impedimentos para
o resto. Onde estão os equipamentos? Será que
apenas alunos envolvidos em projeto de pesquisa
de determinado grupo podem fazer suas
análises? Não houve consideração pelos direitos
dos alunos com a mudança de turno do nosso
curso. Em momento algum fomos consultados.
Foi algo que nos foi imposto, bruscamente, sem
nenhum período transicional e os discentes que
realizavam estágio, trabalhavam ou efetuavam
qualquer tipo de atividade no turno oposto
tiveram que fazer renuncias devido a esta
mudança. O fato de que poucos ou nenhum
curso desta universidade tenha ajuda de custo e
seguro de vida para aulas externas não justifica
não termos este benefício. O curso de geologia
tem quatro turmas que ingressaram no regime de
cotas. Isto é inclusão social? Onde estão as
políticas afirmativas? Se não tivermos dinheiro
pra custear as aulas ficamos sem elas. Por que só
depois de sete anos, isto vem a ter a atenção da
universidade? É necessário que acabem estas
justificativas de que o curso é novo, portanto é
bastante aceitável ter problemas. Está mais do
que na hora que universidade aja, investigue,
puna, interfira, pondere, opine, FAÇA por nosso
curso! Com este manifesto, estamos tentando
mostrar a comunidade universitária as nossas
dificuldades. Obviamente temos muitos outros
problemas e poderímos citar diversos casos
específicos. E para aquele que se opõem
queremos deixar claro que não é errado
denunciar o que não está certo! Se manifestar é
direito, não é um crime. Se não concordam com a
nossa causa respeitem nosso direito de defendêla. E para aqueles de acordo juntem-se a nós, são
bem-vindos! Os problemas podem ser da
geologia, mas uma universidade melhor é de
todos!
Edição de final de ano!
Dezembro, 2013, nº4
RELATO SOBRE A FALTA DE ASSISTÊNCIA
DE CAMPO
Amanda Lesjack-UnB
O curso de graduação em geologia na UnB
se destaca, principalmente, pela quantidade e
qualidade dos campos oferecidos durante o curso.
No período de 11 a 15 de novembro deveria ter
ocorrido o campo da disciplina Petrologia
Metamorfica. Os alunos deveriam ter visto rochas
máficas e ultramáficas dos complexos de
niquelandia e cana brava, e os granulitos da
região de inhumas. Porém, no dia 13/11,
exatamente no meio do trabalho de campo, o
professor responsável pela matéria resolveu
voltar para brasília. Ele alegou que a interrupção
da saída de campo era devida ao auxilio-campo
dos alunos, do próprio professor e dos motoristas
dos onibus não ter sido pago a ninguém. Estou
cursando geologia na UnB a 7 semestres e nunca
nenhum auxílio-campo foi dado aos alunos antes
dos mesmo já estarem no local do trabalho, porém
foi a primeira vez que um professor resolveu
interromper a saída de campo. Não é certo deixar
que burocracias, falta de organização dos
professores, ou qualquer outra coisa interfira na
qualidade do ensino nas universidades. Como
qualquer pessoa da área das geociências sabe,
trabalhos de campo são imprescindíveis no
aprendizado dos alunos. Outro agravante para a
indignação dos alunos que tiveram o campo
interrompido é que o trabalho final, que
praticamente todos que cursam essa matéria fará,
será em uma região onde o que domina são
rochas igneas metamorfisadas. Logo a falta do
conhecimento de campo em metamórfica significa
um grande déficit no conhecimento que será
exigido para se fazer um bom trabalho de
conclusão de curso
MANIFESTO DO CENTRO ACADÊMICO
MARTELO DE PRATA UFSC
Manuela Bahiense- Presidente do CA- UFSC
Centro Acadêmico Martelo de Prata
Oficio para o Sr. Chefe do Gabinete da
Reitoria prof. Carlos Vieira
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Os alunos do Centro Acadêmico Martelo de
Prata do Curso de Geologia, vem por meio desse
oficio, solicitar uma reunião com o Sr. Chefe do
Gabinete da Reitoria prof. Carlos Vieira, e demais
representantes dos setores administrativos
(PRAE, PROGRAD), para tratar das seguintes
problemáticas do curso:
Falta de Professores efetivos:
O curso de Geologia recebeu apenas 7
professores efetivos, sendo que estava previsto
no Projeto Político Pedagógico a contratação de
20 professores. O curso está atualmente com um
elevado número de professores substitutos
(somente nesse ano 13 matérias ofertadas pela
Geociências são ministradas por substitutos),
muitos deles sem a devida qualificação ou
experiência na área, e os professores efetivos
estão sobrecarregados. Por ser um curso integral
e de elevado número de matérias especificas da
área de Geologia (36 matérias obrigatórias mais
13 optativas especificas), os alunos vem sofrendo
com atrasos e adiamento de matérias, falta de
professores para orientação de TCC, poucas
oportunidades para iniciação cientifica.
Diárias de campo:
O curso de Geologia conta com um número
elevado de dias de atividades de campo (sendo
exigido pelas diretrizes básicas do MEC no
mínimo 20% do total da carga horaria do curso
em atividades de campo), mas o atual sistema de
diárias de campo para os alunos, onde é
necessário que se cadastre o Hotel e Restaurante
junto a empresa de turismo vinculada a UFSC,
vem apresentando inúmeros problemas (como
cancelamento do Hotel durante a viajem) e em
alguns casos a diária de alimentação não é
possível de ser utilizada devido ao fato de que as
atividades de campo acorrem em locais remotos e
que muitas vezes não contam com restaurantes
cadastrados (ou que possa ser cadastrados)
fazendo com que os alunos tenham que pagar
pela alimentação.
Espaço Físico:
Atualmente 2 professores do curso se
encontram sem sala, e outros com situação de
espaço precárias, e com a previsão de entrada de
Edição de final de ano!
Dezembro, 2013, nº4
mais 2 professores do concurso anterior que não
foram aprovados, o problema se atenua. Também
é necessário espaço para o armazenamento de
amostras que são coletadas nas disciplinas de
Mapeamento Geológico e TCC.
Ass: Manuela Bahiense
Presidente do Centro Acadêmico Martelo de
Prata, Florianópolis, 22 de Outubro
ATUAL
CONJUNTURA
NO
GEOLÓGICO,
ESTUDANTIL
PROFISSIONAL
Adriano Cavalcante de Sousarepresentante da ENEGE UFC
aluno
de
MEIO
E
Geologia
e
Os gigantes resolveram acordar, pois já é
hora de lutar por melhorias na educação e na
formação de profissionais qualificados na
geologia e demais cursos. O mercado oscila e de
repente para tudo, para acompanharmos as
mudanças na legislação e no novo código mineral.
Neste momento a economia congela o período é
de extrema ansiedade, por parte dos profissionais.
Nem tudo gira em torno da mineração para
um curso como a Geologia, áreas adjacentes e de
intenso
movimento
econômico
como:
Hidrogeologia, Geofísica, Geologia ambiental,
Engenharia geológica e Paleontologia ainda se
manter fortes e com grandes ações globais. Para
termos grandes profissionais nestas áreas é
necessário, um acompanhamento de qualidade
por parte de seus orientadores/ professores, já no
primeiro ano o aluno tem atividades de campo
para se familiarizar com os conteúdos próprios da
Geologia, nos trabalhos de campo, o estudante faz
mapeamentos e coleta material que será mais
tarde analisado em laboratório, sempre com o
acompanhamento de um profissional. Esta
dinâmica de práticas de campo deve ocorrer nos
cursos de geologia, seu mínimo de 720 horas é
balizado pela DCN (2012).
Em contrapartida existem professores que
faltam com este compromisso prático, pondo em
risco a formação de futuros profissionais,
perguntamos como fiscalizar, Governo Federal e
11. www. enegegeologia.blogspot.com.br
MEC (Ministério da Educação e Cultura). Será
que estes órgãos sabem que boa parte dos
laboratórios das Universidades Federais é
utilizada como empresas fantasmas? Água, luz,
telefone e meia dúzia de bolsistas trabalhando
muitas vezes em projetos particulares de
professores,
bolsas
essas
pagas
pela
universidade.
A falta de compromisso com os estudantes,
futuros geólogos é tamanho ao ponto de vetar
aulas de campo, portanto pergunta-se: Será que
este professor formou-se em Geologia sem fazer
campo? Desculpas como falta de verbas para
custear estas aulas, parecem agregar valores a
seus egos, pois é a coordenação do curso
responsável em passar a demanda de viagens e
diárias do curso no final de cada semestre à
universidade, para que esta se programe em seu
plano diretor do começo do semestre e venha a
atender o curso.
Será que está falta de competência é
repassada pela coordenação aos fiscais do
Ministério da Educação e Cultura. Na semana em
que houve o Simpósio de Geologia do Nordeste
os cursos de Geologia foram visitado por fiscais
do MEC para avaliação do curso, o que talvez
eles tenham visto foram paredes pintadas, portas
pintadas, sistemas de refrigeração funcionando
resultado de uma maquiagem feita as pressas.
O que tem que ser apurado é se o curso
realiza aulas de campo, se os laboratórios são
equipados e atendem a maioria dos estudantes e
não só bolsistas, se os bolsistas são selecionados a
base de editais e não de indicações, se o curso
tem professores efetivos e se estes são pontuais
ou se aparecem só para assinar o ponto.
O manifesto promovido pelos estudantes
do curso de Geologia da UFS (Universidade
Federal de Sergipe) no ultimo dia 29-10-2013 foi
um estopim, um desabafo das dificuldades que
eles vem enfrentando no curso, este ato teve
grande repercussão dentro da comunidade
geológica,
entre
alunos,
professores
e
profissionais da área que ainda discutem as
atitudes irregulatórias de certos docentes destas
instituições.
Edição de final de ano!
Dezembro, 2013, nº4
O PREÇO DO 47º CONGRESSO BRASILEIRO
DE GEOLOGIA
Germano Alves Batista –Secretário da ENEGE UFOP
Uma situação que está incomodando e
muito a comunidade acadêmica de geologia são
os altos valores que estão sendo cobrados como
taxa de inscrição para o 47º Congresso Brasileiro
de Geologia Salvador – BA. A indignação por
parte de todos é nítida quando analisados
diversas opiniões e comentários por parte dos
estudantes em mídias sociais como o facebook nos
grupos Geologia Brasil e ENEGE. O fator que
mais agrava é que além da taxa de inscrição
durante a participação do evento existem
despesas como estadia, alimentação, dentre
outras. Sendo assim fica de fácil percepção que
haverá uma baixa participação de estudantes no
evento.
Atualmente tais valores para estudantes de
graduação sócios da SBG é R$280 e para
estudantes de pós-graduação é de R$430. Se
comparados com os valores do último congresso
realizado em Santos, valor este de R$110, o
aumento foi de mais de 250%.
Nunca ouve um registro de valores tão
absurdos cobrados como estes se comparados
com a realidade em que um estudante vive.
Durante o 13º Simpósio de Geologia do
Sudeste realizado na cidade de Juiz de Fora-MG, a
ENEGE juntos com estudantes representantes da
UFOP, UFRJ, UFRRJ,UERJ, UFES se uniram e
conseguiram se reunirem com a SBG para
questionarem e debater o assunto. Na reunião
estavam presentes representantes da SBG
NACIONAL , da SBG núcleos Minas Gerais e São
Paulo e o presidente do 46º CBG Santos 2011.
Durante a reunião foi explicado um pouco sobre a
organização do congresso, e que o núcleo ao qual
esteja sediando o congresso tem autonomia em
estipular os preços. Foi informado que na
realização do CBG os estudantes são subsidiados
pela SBG nas taxas de inscrições e exemplificado
que no último congresso o subsídio foi de R$56
por estudante inscrito. A atual crise que o
mercado passa influência na aquisição de
patrocínios, o que pode ser um fator que
influenciou na determinação dos preços.
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Foi acordado então que uma carta anexada
das assinaturas de representantes de todos
centros acadêmicos e diretórios acadêmicos do
Brasil fosse enviada a SBG formalizando então as
reivindicações feitas durante a reunião. Tais
assinaturas foram recolhidas e junto com a carta
foram encaminhadas ao presidente da SBG
Moacir Macambira. O mesmo ficou de entrar em
contato com o núcleo organizador e avaliar uma
possível redução nos valores até então cobrados.
A esperança é de que a SBG possa ajudar
os alunos e mostrar que realmente a representa
reduzindo tais valores para que então cada vez
mais a participação de estudantes no evento
cresça. Tendo em vista que a participação em
congressos é de suma importância para o
crescimento do estudante, pois é uma
oportunidade única do mesmo ter contato com
outros estudantes, profissionais da área,
pesquisadores e diversas empresas do setor. Até
o fechamento dessa reportagem a SBG não se
pronunciou sobre o assunto.
A ENEGE organizou uma carta para SBG
assinada por todos os CA‟s e DA‟s das
Universidades brasileiras, resta agora esperar e
torcemos para que eles abaixem os preços do
contrário o 47º congresso terá muito pouca
participação estudantil.
OPORTUNIDADE DE OURO – FIQUEM
LIGADOS!
AAPG - Associação Americana de Geólogos do
Petróleo e os Capítulos Estudantis nas
universidades brasileiras
Diego Costa (Presidente do Capítulo Estudantil da AAPG na UERJ)
Fundada em 1917, a Associação Americana
de Geólogos do Petróleo (AAPG), é atualmente a
maior sociedade profissional em Geologia do
mundo. Presente em todos os continentes, a
AAPG conta com suas subdivisões regionais para
ampliar e difundir atividades da sociedade em
encontros locais e globais, em revistas, na forma
de produção científica e na parceria com
universidades e empresas há quase um século.
É exatamente sobre esta parceria que existe
uma oportunidade ímpar para os estudantes de
geologia e cursos afins: filiar-se a AAPG na
categoria de estudante de forma gratuita e
anuidades patrocinadas pela Chevron. Filiar-se a
AAPG significa ainda abrir as portas para toda
uma sociedade que tem como única paixão a
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Dezembro, 2013, nº4
devoção pela Geologia. Significa criar uma rede
de contatos, e até mesmo desenvolver atividades
de liderança e gerenciamento, como a criação de
um Capítulo Estudantil vinculado a AAPG em
sua universidade.
O Capítulo Estudantil é uma espécie de
grêmio que conta com um corpo executivo de
estudantes composto pelos cargos de presidência,
vice-presidência, secretaria e tesouraria, já que há
oportunidade de investimento financeiro. Hoje no
Brasil existem quatro capítulos estudantis ativos,
o da UERJ, UFF e UFS, AAPG- Pampa (região
Sul). Desde 2012 os estudantes da pós-graduação
da UERJ vêm se organizando para participarem
do evento global chamado Imperial Barrel Award
organizado pela AAPG, e na edição de 2013, as
equipes formadas por estudantes da UERJ e UFF
conquistaram na etapa regional (Lima-Peru) o
primeiro e terceiro lugar, respectivamente, contra
outras 12 universidades de seis países da América
Latina. Ao primeiro lugar, coube representar a
região na etapa final em Pittsburgh-EUA com as
despesas todas pagas. Em 2014, a edição regional
do IBA será sediada no Rio de Janeiro.
A AAPG possibilita aos estudantes que
fazem parte do comitê executivo e membros
ativos do capítulo estudantil viagens de
treinamento, como o treinamento “SCLS and
Leadership Days” que ocorreu no ano de 2012 em
Tulsa-OK, e congressos, como a “International
Conference & Exhibition, AAPG 2013” ocorrido
em Cartagena na Colômbia, inteiramente
financiados com o único intuito de ajudar no
desenvolvimento profissional dos estudantes.
Os capítulos estudantis recebem anualmente
a verba de 200 dólares para a compra de livros,
além da oportunidade de participar de eventos e
competições, de usufruir de doações da AAPG
Foundation para viagens de campo, compra de
materiais, despesas em congressos e etc. Para
saber mais visite a página da AAPG na internet
(aapg.org), ou ainda via e-mail, para informações
diretas com o Presidente do Capítulo Estudantil
da
UERJ,
Diego
Costa,
pelo
costa.geologia@gmail.com.
Falem
com
seus
professores, divulguem esta parceria e levem
essa oportunidade de ouro para as suas
universidades!
CHEGA ENEGEO!!!
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EM 2014 O ENEGEO SERÁ REALIZADO NO
LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.
COMO SEMPRE UM LOCAL FANTÁSTICO
QUE COMPORTE O EVENTO ESTÁ SENDO
ESCOLHIDO.
BREVE
ESTAREMOS
DIVULGANDO O LOCAL DO EVENTO.
CONVIDE SEUS COLEGAS E VÁ AO ENEGEO
2014. JÁ IMAGINOU VOCÊ NAQUELA PRAIA
COM AQUELE ISOPOR CHEIO DE CEVA E
MELHOR DE TUDO NO ENEGEO? UMA NOVA
LEVA DE CARTEIRINHAS IRÁ SER FEITA EM
MARÇO, E AS CARTEIRINHAS DA ENEGE
QUE FICARAM EM ABERTO TAMBÉM SERÃO
ENCAMINHADAS EM MARÇO.
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Dezembro, 2013, nº4