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Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de
Barros.
Art and design: A study in the work of Geraldo de Barros

Santos, Marko Alexandre Lisboa dos; Mestrando; UNESP – Faculdade de Arquitetura, Artes
e Comunicação, Bauru.
kakosantos@gmail.com

Neves, Aniceh Farah; Dra.; UNESP – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação,
Bauru.
aniceh@faac.unesp.br


Resumo

Este artigo apresenta os procedimentos iniciais de uma pesquisa a ser desenvolvida dentro de um
curso de mestrado em design. O estudo tem por objetivos apontar as contribuições da arte
concreta para o design de mobiliário e evidenciar, especificamente, a atuação de Geraldo de
Barros no referido movimento artístico.

Palavras Chave: arte concreta, design, Geraldo de Barros.


Abstract

This article has the intention of presenting a research procedures developed within a Master's
Programme in design. The study seeks to show the contributions of concret art for the
furniture design, specifically in the performance of Geraldo de Barros in the said artistic
movement.

Keywords: concret art, design, Geraldo de Barros.




Anais do 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
8 a 11 de outubro de 2008 São Paulo – SP Brasil ISBN 978-85-60186-03-7
©2008 Associação de Ensino e Pesquisa de Nível Superior de Design do Brasil (AEND|Brasil)
Reprodução permitida, para uso sem fins comerciais, desde que seja citada a fonte.

Este documento foi publicado exatamente como fornecido pelo(s) autor(es), o(s) qual(is) se responsabiliza(m) pela
totalidade de seu conteúdo.                                                                                         1216
Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros.



      Introdução

              Na atuação profissional, o designer se utiliza de diversos processos criativos e
      metodológicos para a concepção de um produto. Pelo fato do design abranger diversas áreas
      do conhecimento, esse profissional tem um vasto campo de atuação aonde pode buscar
      informações e embasamento para a projetação de um produto.
              A arte é uma dessas áreas. É possível afirmar que desde os movimentos de vanguarda
      do século XX, arte e design vêm caminhando lado a lado. Cada movimento artístico apresenta
      características particulares que se transformam em sua forma de identificação (DE FUSCO,
      1988).
              O Concretismo Brasileiro – movimento alicerçado nas experiências das vanguardas
      européias e russas (Neoplasticismo, Construtivismo, Suprematismo), que denotam forte cunho
      racional e geométrico (GULLAR, 1999) – é o fio condutor para a teoria de base deste trabalho
      que culmina na atuação de Geraldo de Barros, enquanto participante do grupo concretista
      paulista e, posteriormente, como designer de mobiliário.

      Revisão Bibliográfica

      Compreendendo o Concretismo

               Entende-se por Concretismo a vertente artística construtiva surgida no Brasil na
      década de 1950, que produziu obras rigorosamente geométricas e não figurativas construídas
      a partir de relações matemáticas.
               Em 1952 surge em São Paulo, o Grupo Ruptura formado por Waldemar Cordeiro,
      Geraldo de Barros e Anatol Wladyslaw, entre outros. O grupo propõe em seu manifesto a
      renovação dos valores essenciais das artes visuais por meio dos estudos geométricos e pela
      proximidade entre o trabalho artístico e a produção industrial. A repercussão da arte concreta
      na poesia se evidencia em São Paulo pelo lançamento da revista Noigandres, em 1952,
      editada pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e por Décio Pignatari. Os artistas
      paulistas se preocupavam com a questão da reprodução da arte por todos, por esse motivo, os
      quadros eram “projetados”. As obras mantinham estreita ligação com os princípios da Gestalt
      (AMARAL, 1998).
              No Rio de Janeiro, surge um grupo concretista denominado Grupo Frente, formado
      por alunos do curso de pintura de Ivan Serpa, que tinha como teóricos, os críticos Mário
      Pedrosa e Ferreira Gullar. Inicialmente, era composto por Aluísio Carvão, Décio Vieira, Ivan
      Serpa, João José da Silva Costa, Lygia Clark, Lygia Pape entre outros. Entretanto, por
      divergências ideológicas com o grupo concretista paulista, posteriormente, o grupo carioca
      denominou-se “Neoconcreto”. O Neoconcretismo buscava uma obra total, que rompesse com
      a moldura, a margem do papel, onde está o desenho ou o poema. (PEDROSA, 1973).
      Contrários ao racionalismo concreto, os neoconcretistas procuravam tornar expressivo o
      vocabulário geométrico da arte concreta. Para tanto, entregaram-se a uma pesquisa intuitiva,
      diferenciada, enfatizando a expressão, a sensibilidade, a subjetividade como fatores
      preponderantes na manifestação criativa.

      Abrangência do Concretismo

             O Concretismo não se restringiu apenas às artes plásticas. Abrangeu praticamente
      todas as produções artísticas vigentes naquele momento no Brasil. A pintura, a arquitetura, a
      escultura, a literatura e o design estavam vinculados a esse movimento artístico. Reflexos da

1217 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros.



tendência racionalista na arquitetura se encontram no projeto de Brasília por Oscar Niemeyer;
na poesia, destacam-se as obras de Décio Pignatari e dos irmãos Augusto e Haroldo de
Campos; na programação visual salienta-se o trabalho de Alexandre Wollner (DENSER e
MARANI, s/d.) que traz resquícios dessa tendência até em suas produções mais recentes e na
produção moveleira, ressalta-se a atuação de Geraldo de Barros. (SANTOS, 1995).
        A atuação de Geraldo de Barros como designer foi marcante nas empresas Unilabor e
na Hobjeto. Ao exercer atividades na primeira delas, ele ainda fazia parte do grupo concretista
paulista, o Grupo Ruptura.
        Devido à estreita relação existente entre arte e design, os artistas concretistas que se
dedicaram ao design provavelmente carregaram consigo a essência racionalista para essa
profissão. Alguns autores afirmam que no design é fundamental aliar funcionalidade à
criatividade (LÖBACH, 2001) e que mesmo enquanto produto final, o design depende de
resultados exatos para se obter êxito em um projeto.

Geraldo de Barros: pintor, fotógrafo e designer.

        Nascido em Xavantes/SP, Geraldo de Barros (1923-1998) começou a pintar na década
de 1940. Sua primeira exposição aconteceu em 1947, no Teatro Municipal, juntamente com
Athaíde de Barros. Geraldo, Athaíde, Takaoka e outros artistas criam o Grupo 15.
        Por volta de 1940, Geraldo se dedica à gravura e monta com Athaíde um pequeno
laboratório de fotografia. No final dos anos 40, conhece Mario Pedrosa, que exerceu papel
importante na sua formação, introduzindo-o na Teoria da Gestalt. Através do crítico, toma
contato com Almir Mavignier e Ivan Serpa, artistas do Rio.
        Em 1949, a convite de Pietro Maria Bardi, organiza o laboratório de fotografia do
Museu de Arte de São Paulo-MASP. Em 1950, apresenta no MASP suas Fotoformas -
trabalho com fotografia realizado na segunda metade da década de 1940 – que apresentavam
intervenções sobre negativos, superposições e marcante tendência geométrica que sinalizava
seu envolvimento no concretismo brasileiro.
        Em 1952 participa do Grupo Ruptura onde ganha prêmios de aquisição na primeira e
segunda Bienais de São Paulo. Faz contato com o artista suíço Max Bill. Em 1956-57
participa da Exposição Nacional de Arte Concreta, que reúne poetas e artistas construtivos de
São Paulo e do Rio.
        Geraldo de Barros também se dedica às artes gráficas e ao design de móveis. Assina o
cartaz do 4º Centenário de São Paulo e, com o Frei João Batista dos Santos cria, em 1954, a
Unilabor, uma fábrica de móveis com regras coletivistas, da qual se torna o designer
(CLARO, 2004). Em 1964, Geraldo funda, com sócios, a fábrica de móveis Hobjeto.
        No início dos anos 1980, depois de ter participado do Rex Time e feito incursões pela
Pop Art, volta ao construtivismo geométrico. Nessa fase realiza uma série de novos projetos
que o faz participar da Bienal de Veneza (1986) e, novamente, da Bienal de São Paulo (1991).
        As obras de Geraldo sempre tiveram grande inclinação com a idéia de projeto. A
metodologia dava respaldo à execução de uma obra que poderia ser realizada em série
posteriormente. Tais preceitos, advindos dos postulados da arte concreta, estimulavam a idéia
de socializar a arte. Este motivo levou vários integrantes do movimento a se lançarem na
atividade de designer, principalmente no design gráfico e de mobiliário. (FUNARTE, 1987).

Objetivos

       A presente pesquisa vislumbra analisar a atuação de Geraldo de Barros, pintor,
designer gráfico e de produto, do ponto de vista de suas metodologias de projeto e de seu

                                      8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design 1218
Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros.



      processo criativo com vistas à concepção de um produto, mais especificamente na concepção
      de mobiliários.

      Materiais e métodos

              O objeto de estudo desta pesquisa é a metodologia de projeto e o processo criativo
      utilizado por Geraldo de Barros enquanto artista plástico concretista. Para tanto, faz-se
      necessário um estudo aprofundado do Concretismo, da sua ideologia enquanto movimento
      artístico, da visão dos artistas participantes e do contexto social da época.
               Autores que pesquisam o processo criativo e a metodologia de projeto ainda serão
      consultados e tornar-se-ão indispensáveis para a fundamentação teórica da pesquisa, de modo
      a estabelecer discussões e validações da metodologia projetual criativa utilizada por esse
      designer.
               A obra de Geraldo de Barros é consultada com a finalidade de analisar seu processo
      criativo na realização de um quadro, para depois comparar com a metodologia utilizada na
      concepção de um móvel.

      Resultados preliminares

              Alguns experimentos para análises de quadros de Geraldo de Barros já foram
      elaborados. Um deles, abaixo apresentado, tem por base a ilustração (figura 1) do convite para
      uma exposição realizada por ele. (extraído de CLARO, 2004).
              Percebe-se claramente a tendência geométrica da composição, assim como a
      preocupação com um resultado final bem definido. Para tanto, a contribuição do contraste
      figura-fundo - elemento da Gestalt – é bastante significativa.




                                     Figura 1: Geraldo de Barros, Sem Título, 1958

             As imagens seguintes (figuras 2, 3 e 4) evidenciam o suposto projeto para realização
      da obra e sua posterior reprodução.




1219 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros.




                                  Figura 2: Desconstrução da obra.

        Primeiramente, o pintor dimensionou a obra sobre um retângulo, cujo comprimento
foi gerado a partir de um quadrado de lado qualquer acrescido de sua metade (figura 2a). A
seguir, dividiu ao meio, a parte adicionada ao quadrado, de maneira a se obter dois quadrados
menores. Segmentos de retas ligaram os vértices aos pontos-médios dos quadrados formados
(figura 2b).




                                  Figura 3: Desconstrução da obra.

        A divisão pelos pontos-médios definiu quais seriam as figuras principais da obra
(figura 3a). O prolongamento dos segmentos de retas, partindo dos lados dessas figuras,
determinou a intersecção dos quadrados (figura 3b).




                        Figura 4: Desconstrução da obra e configuração final.

       O delineamento de um retângulo formado por dois pequenos quadrados que teriam
sido “deslocados” dos dois quadrados iniciais determinou a configuração final da obra (figura
4).

Considerações finais

        A pesquisa encontra-se em andamento. Pretende-se, ainda, analisar de maneira mais
aprofundada outras obras pictóricas bem como uma série de móveis elaborados por Geraldo
de Barros.
        É possível antecipar que ele projetava, de fato, seus quadros preocupando-se com a
posterior reprodução e que as formas com as quais compunha não eram aleatórias: geralmente

                                       8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design 1220
Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros.



      encontram-se encaixadas em alguma estrutura bem definida ou ainda existe uma razão
      geométrica para a existência delas.

      Referências bibliográficas

      AMARAL, Aracy (org.) Arte Construtiva no Brasil. São Paulo: Companhia
      Melhoramentos; São Paulo: DBA Artes Gráficas, 1998.

      CLARO, Mauro. Unilabor: desenho industrial, arte moderna e autogestão operária. São
      Paulo: Senac, São Paulo, 2004.

      DE FUSCO, R. História da arte contemporânea. Lisboa: Presença,1988.

      DENSER, Márcia; MARANI, Márcia. Alexandre Wollner: A referência do design no
      Brasil. Revista D'Art, Nº 5. São Paulo: Publicação semestral da Divisão de Pesquisas do
      Centro Cultural São Paulo. ISSN 1415-2231. s/d.

      FUNARTE. Projeto arte brasileira. Abstração Geométrica 1. Concretismo e
      Neoconcretismo. Rio de Janeiro: Funarte, 1987.

      GULLAR, Ferreira. Etapas da arte contemporânea. Do cubismo à arte neoconcreta. 3ª ed.
      Rio de Janeiro: Renavan, 1999.

      LÖBACH, Bernd. Desenho industrial. Bases para a configuração dos produtos
      industriais. São Paulo: Edgar Blücher, 2001.

      PEDROSA, Mario (coord.). Arte Brasileira Hoje. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S.A.,
      1973.

      SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel Moderno no Brasil. São Paulo: Studio
      Nobel: FAPESP: Edusp, 1995.




1221 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

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  • 1. Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros. Art and design: A study in the work of Geraldo de Barros Santos, Marko Alexandre Lisboa dos; Mestrando; UNESP – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru. kakosantos@gmail.com Neves, Aniceh Farah; Dra.; UNESP – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru. aniceh@faac.unesp.br Resumo Este artigo apresenta os procedimentos iniciais de uma pesquisa a ser desenvolvida dentro de um curso de mestrado em design. O estudo tem por objetivos apontar as contribuições da arte concreta para o design de mobiliário e evidenciar, especificamente, a atuação de Geraldo de Barros no referido movimento artístico. Palavras Chave: arte concreta, design, Geraldo de Barros. Abstract This article has the intention of presenting a research procedures developed within a Master's Programme in design. The study seeks to show the contributions of concret art for the furniture design, specifically in the performance of Geraldo de Barros in the said artistic movement. Keywords: concret art, design, Geraldo de Barros. Anais do 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design 8 a 11 de outubro de 2008 São Paulo – SP Brasil ISBN 978-85-60186-03-7 ©2008 Associação de Ensino e Pesquisa de Nível Superior de Design do Brasil (AEND|Brasil) Reprodução permitida, para uso sem fins comerciais, desde que seja citada a fonte. Este documento foi publicado exatamente como fornecido pelo(s) autor(es), o(s) qual(is) se responsabiliza(m) pela totalidade de seu conteúdo. 1216
  • 2. Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros. Introdução Na atuação profissional, o designer se utiliza de diversos processos criativos e metodológicos para a concepção de um produto. Pelo fato do design abranger diversas áreas do conhecimento, esse profissional tem um vasto campo de atuação aonde pode buscar informações e embasamento para a projetação de um produto. A arte é uma dessas áreas. É possível afirmar que desde os movimentos de vanguarda do século XX, arte e design vêm caminhando lado a lado. Cada movimento artístico apresenta características particulares que se transformam em sua forma de identificação (DE FUSCO, 1988). O Concretismo Brasileiro – movimento alicerçado nas experiências das vanguardas européias e russas (Neoplasticismo, Construtivismo, Suprematismo), que denotam forte cunho racional e geométrico (GULLAR, 1999) – é o fio condutor para a teoria de base deste trabalho que culmina na atuação de Geraldo de Barros, enquanto participante do grupo concretista paulista e, posteriormente, como designer de mobiliário. Revisão Bibliográfica Compreendendo o Concretismo Entende-se por Concretismo a vertente artística construtiva surgida no Brasil na década de 1950, que produziu obras rigorosamente geométricas e não figurativas construídas a partir de relações matemáticas. Em 1952 surge em São Paulo, o Grupo Ruptura formado por Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros e Anatol Wladyslaw, entre outros. O grupo propõe em seu manifesto a renovação dos valores essenciais das artes visuais por meio dos estudos geométricos e pela proximidade entre o trabalho artístico e a produção industrial. A repercussão da arte concreta na poesia se evidencia em São Paulo pelo lançamento da revista Noigandres, em 1952, editada pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e por Décio Pignatari. Os artistas paulistas se preocupavam com a questão da reprodução da arte por todos, por esse motivo, os quadros eram “projetados”. As obras mantinham estreita ligação com os princípios da Gestalt (AMARAL, 1998). No Rio de Janeiro, surge um grupo concretista denominado Grupo Frente, formado por alunos do curso de pintura de Ivan Serpa, que tinha como teóricos, os críticos Mário Pedrosa e Ferreira Gullar. Inicialmente, era composto por Aluísio Carvão, Décio Vieira, Ivan Serpa, João José da Silva Costa, Lygia Clark, Lygia Pape entre outros. Entretanto, por divergências ideológicas com o grupo concretista paulista, posteriormente, o grupo carioca denominou-se “Neoconcreto”. O Neoconcretismo buscava uma obra total, que rompesse com a moldura, a margem do papel, onde está o desenho ou o poema. (PEDROSA, 1973). Contrários ao racionalismo concreto, os neoconcretistas procuravam tornar expressivo o vocabulário geométrico da arte concreta. Para tanto, entregaram-se a uma pesquisa intuitiva, diferenciada, enfatizando a expressão, a sensibilidade, a subjetividade como fatores preponderantes na manifestação criativa. Abrangência do Concretismo O Concretismo não se restringiu apenas às artes plásticas. Abrangeu praticamente todas as produções artísticas vigentes naquele momento no Brasil. A pintura, a arquitetura, a escultura, a literatura e o design estavam vinculados a esse movimento artístico. Reflexos da 1217 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
  • 3. Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros. tendência racionalista na arquitetura se encontram no projeto de Brasília por Oscar Niemeyer; na poesia, destacam-se as obras de Décio Pignatari e dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos; na programação visual salienta-se o trabalho de Alexandre Wollner (DENSER e MARANI, s/d.) que traz resquícios dessa tendência até em suas produções mais recentes e na produção moveleira, ressalta-se a atuação de Geraldo de Barros. (SANTOS, 1995). A atuação de Geraldo de Barros como designer foi marcante nas empresas Unilabor e na Hobjeto. Ao exercer atividades na primeira delas, ele ainda fazia parte do grupo concretista paulista, o Grupo Ruptura. Devido à estreita relação existente entre arte e design, os artistas concretistas que se dedicaram ao design provavelmente carregaram consigo a essência racionalista para essa profissão. Alguns autores afirmam que no design é fundamental aliar funcionalidade à criatividade (LÖBACH, 2001) e que mesmo enquanto produto final, o design depende de resultados exatos para se obter êxito em um projeto. Geraldo de Barros: pintor, fotógrafo e designer. Nascido em Xavantes/SP, Geraldo de Barros (1923-1998) começou a pintar na década de 1940. Sua primeira exposição aconteceu em 1947, no Teatro Municipal, juntamente com Athaíde de Barros. Geraldo, Athaíde, Takaoka e outros artistas criam o Grupo 15. Por volta de 1940, Geraldo se dedica à gravura e monta com Athaíde um pequeno laboratório de fotografia. No final dos anos 40, conhece Mario Pedrosa, que exerceu papel importante na sua formação, introduzindo-o na Teoria da Gestalt. Através do crítico, toma contato com Almir Mavignier e Ivan Serpa, artistas do Rio. Em 1949, a convite de Pietro Maria Bardi, organiza o laboratório de fotografia do Museu de Arte de São Paulo-MASP. Em 1950, apresenta no MASP suas Fotoformas - trabalho com fotografia realizado na segunda metade da década de 1940 – que apresentavam intervenções sobre negativos, superposições e marcante tendência geométrica que sinalizava seu envolvimento no concretismo brasileiro. Em 1952 participa do Grupo Ruptura onde ganha prêmios de aquisição na primeira e segunda Bienais de São Paulo. Faz contato com o artista suíço Max Bill. Em 1956-57 participa da Exposição Nacional de Arte Concreta, que reúne poetas e artistas construtivos de São Paulo e do Rio. Geraldo de Barros também se dedica às artes gráficas e ao design de móveis. Assina o cartaz do 4º Centenário de São Paulo e, com o Frei João Batista dos Santos cria, em 1954, a Unilabor, uma fábrica de móveis com regras coletivistas, da qual se torna o designer (CLARO, 2004). Em 1964, Geraldo funda, com sócios, a fábrica de móveis Hobjeto. No início dos anos 1980, depois de ter participado do Rex Time e feito incursões pela Pop Art, volta ao construtivismo geométrico. Nessa fase realiza uma série de novos projetos que o faz participar da Bienal de Veneza (1986) e, novamente, da Bienal de São Paulo (1991). As obras de Geraldo sempre tiveram grande inclinação com a idéia de projeto. A metodologia dava respaldo à execução de uma obra que poderia ser realizada em série posteriormente. Tais preceitos, advindos dos postulados da arte concreta, estimulavam a idéia de socializar a arte. Este motivo levou vários integrantes do movimento a se lançarem na atividade de designer, principalmente no design gráfico e de mobiliário. (FUNARTE, 1987). Objetivos A presente pesquisa vislumbra analisar a atuação de Geraldo de Barros, pintor, designer gráfico e de produto, do ponto de vista de suas metodologias de projeto e de seu 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design 1218
  • 4. Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros. processo criativo com vistas à concepção de um produto, mais especificamente na concepção de mobiliários. Materiais e métodos O objeto de estudo desta pesquisa é a metodologia de projeto e o processo criativo utilizado por Geraldo de Barros enquanto artista plástico concretista. Para tanto, faz-se necessário um estudo aprofundado do Concretismo, da sua ideologia enquanto movimento artístico, da visão dos artistas participantes e do contexto social da época. Autores que pesquisam o processo criativo e a metodologia de projeto ainda serão consultados e tornar-se-ão indispensáveis para a fundamentação teórica da pesquisa, de modo a estabelecer discussões e validações da metodologia projetual criativa utilizada por esse designer. A obra de Geraldo de Barros é consultada com a finalidade de analisar seu processo criativo na realização de um quadro, para depois comparar com a metodologia utilizada na concepção de um móvel. Resultados preliminares Alguns experimentos para análises de quadros de Geraldo de Barros já foram elaborados. Um deles, abaixo apresentado, tem por base a ilustração (figura 1) do convite para uma exposição realizada por ele. (extraído de CLARO, 2004). Percebe-se claramente a tendência geométrica da composição, assim como a preocupação com um resultado final bem definido. Para tanto, a contribuição do contraste figura-fundo - elemento da Gestalt – é bastante significativa. Figura 1: Geraldo de Barros, Sem Título, 1958 As imagens seguintes (figuras 2, 3 e 4) evidenciam o suposto projeto para realização da obra e sua posterior reprodução. 1219 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design
  • 5. Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros. Figura 2: Desconstrução da obra. Primeiramente, o pintor dimensionou a obra sobre um retângulo, cujo comprimento foi gerado a partir de um quadrado de lado qualquer acrescido de sua metade (figura 2a). A seguir, dividiu ao meio, a parte adicionada ao quadrado, de maneira a se obter dois quadrados menores. Segmentos de retas ligaram os vértices aos pontos-médios dos quadrados formados (figura 2b). Figura 3: Desconstrução da obra. A divisão pelos pontos-médios definiu quais seriam as figuras principais da obra (figura 3a). O prolongamento dos segmentos de retas, partindo dos lados dessas figuras, determinou a intersecção dos quadrados (figura 3b). Figura 4: Desconstrução da obra e configuração final. O delineamento de um retângulo formado por dois pequenos quadrados que teriam sido “deslocados” dos dois quadrados iniciais determinou a configuração final da obra (figura 4). Considerações finais A pesquisa encontra-se em andamento. Pretende-se, ainda, analisar de maneira mais aprofundada outras obras pictóricas bem como uma série de móveis elaborados por Geraldo de Barros. É possível antecipar que ele projetava, de fato, seus quadros preocupando-se com a posterior reprodução e que as formas com as quais compunha não eram aleatórias: geralmente 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design 1220
  • 6. Arte e design: Um estudo na obra de Geraldo de Barros. encontram-se encaixadas em alguma estrutura bem definida ou ainda existe uma razão geométrica para a existência delas. Referências bibliográficas AMARAL, Aracy (org.) Arte Construtiva no Brasil. São Paulo: Companhia Melhoramentos; São Paulo: DBA Artes Gráficas, 1998. CLARO, Mauro. Unilabor: desenho industrial, arte moderna e autogestão operária. São Paulo: Senac, São Paulo, 2004. DE FUSCO, R. História da arte contemporânea. Lisboa: Presença,1988. DENSER, Márcia; MARANI, Márcia. Alexandre Wollner: A referência do design no Brasil. Revista D'Art, Nº 5. São Paulo: Publicação semestral da Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo. ISSN 1415-2231. s/d. FUNARTE. Projeto arte brasileira. Abstração Geométrica 1. Concretismo e Neoconcretismo. Rio de Janeiro: Funarte, 1987. GULLAR, Ferreira. Etapas da arte contemporânea. Do cubismo à arte neoconcreta. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renavan, 1999. LÖBACH, Bernd. Desenho industrial. Bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Edgar Blücher, 2001. PEDROSA, Mario (coord.). Arte Brasileira Hoje. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S.A., 1973. SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Móvel Moderno no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Edusp, 1995. 1221 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design