2. Quando um povo corrompido logra a
ser livre dificilmente conserva a
liberdade.
3. A verdade na política
A política só tem um fim: o poder. E não
importam os meios para o sucesso.
O bem estar do estado justifica qualquer
tipo de ação.
A necessidade sobrepuja a ética.
Política e ética são coisas distinta.
5. Certamente não se pode chamar de
virtude: trair, matar, não ter boa fé, nem
piedade e religião. Condições com as quais
se pode conquistar a soberania, mas não a
gloria.
6. Minha intensão é escrever coisas uteis a
quem as ler. Mais conveniente dizer a
verdade tal qual é, do que se idealiza. Muitos
têm visto principados e repúblicas em sua
imaginação que nunca serão reais.
Tanta é a distância de como se vive e de
como se deveria como quem prefere o que
faz ao que deveria fazer.
7. Caminha para a ruína o homem que quer
portar-se em tudo como bom. O príncipe que
quer conservar o poder deve estar disposto a
ser bom ou não, segundo circunstâncias.
Seria louvável um príncipe ter todas as
qualidades boas, mas não é possível pratica-
las, pois a condição humana não permite.
8. O príncipe deve evitar a infâmia daqueles
vícios que o privariam do poder.
Fala-se de qualidades que parecem ser
virtudes, mas sua aplicação produzam
sua ruína, e outras que parecem vícios,
que as cultivando proporcionem
segurança e bem estar.
9. O príncipe fará bem em ser liberal. A
liberalidade praticada por que não seja
temido o prejudica.
O vício da avareza é um dos que o
mantêm no poder.
10. Seria bom ao príncipe ser amado e
temido, mas é difícil ambos. Por isso
mais seguro é ser temido. As amizades
que se adquiriram por nobreza de alma
duram até os contratempos da fortuna
os por a prova. Os homens temem
menos ofender a quem se faz amar do
que a quem inspira temor.
11. A amizade é um laço moral, os homens
maus o rompem, dão preferência a seus
interesses; mas o temor os mantêm, o
medo a um castigo que se quer evitar.
Ser temido, mas não odiado.
12. Se necessitar derramar o sangue de
alguém faça com justificativa
conveniente.
Sobre tudo abstenha-se de gastar seus
bens, porque os homens esquecem
antes a morte do pai do que a perda de
patrimônio.
13. Digo os homens amam segundo sua
vontade, porém temem conforme a
vontade do príncipe. Sendo sábio deve fiar
no seu e não no alheio.
14. É louvável preferir a lealdade à falácia. Mas
os exemplos de nosso tempo de feitos
grandiosos, foram de ter pouco em conta a
fé jurada, procurando enganar e
conseguindo dominar os que lhes tinham em
confiança.
15. O príncipe deve ser como o leão e como a
raposa: o leão pode se defender dos lobos e
a raposa das armadilhas.
Não deve ser fiel as suas promessas se isso
lhe prejudica. Se todos os homens fossem
bons isso não seria um preceito.
Os homens são maus e desleais, seja
também com eles.
16. É indispensável saber disfarçar e ser mestre
em fingimento.
Quem engana sempre encontra alguém para
enganar.
O príncipe não precisa ter todas virtudes,
mas convém que pareça.
Digo quem pratica constantemente tais
virtudes acaba prejudicado.
17. Pareça: piedoso, leal, integro,
compassivo e religioso. Religioso é o
que deve mais aparentar; os homens
compreendem mais pelos olhos do
que por outros sentidos. Todos verão
o que aparenta, poucos saberão o
que é, e estes poucos não ficarão
contra a maioria.
18. Outro preceito, o príncipe deve reservar-
se em conceder favores e deixar os
castigos e cobranças de obrigações a
outros.
O que faz com que aumente a estima
são as grandes empresas e exemplos de
grandeza.
19. Tomar partido é muito mais útil do que
ficar neutro.
Quem não for seu amigo lhe
aconselhara a neutralidade.
Deve em épocas convenientes distrair o
povo com festas e espetáculos.
20. A compreensão humana é de três espécies:
Uns discernem por si mesmos;
Outros compreendem o que lhes mostra;
Finalmente aqueles que nem por si mesmos
e nem por demonstração alheia entendem.
Os primeiros são sobressalentes; os
segundos bons; os terceiros inúteis.
21. O príncipe deve sempre aconselhar-se; mas
quando quer e não quando os outros
queiram.
Se o príncipe não for inteligente não pode
ser aconselhado. Salvo se a sorte o por nas
mãos de homens prudentes.
Os homens sempre serão maus se a
necessidade os obriga.
23. Comparo a fortuna com um rio de rápida
correnteza que, quando sai do leito inunda
a planície, derruba árvores e casas e leva
tudo. Porém quando voltar a seu leito nada
impede que se construam diques para
precaver outras inundações.
A fortuna mostra seu poder quando não
tem força ordenada que a resista.
24. Assim sucede com a fortuna, a qual mostra o
seu poder onde não existe virtude preparada
para resistir e então, volta seu ímpeto em
direção onde sabe não foram construídos
diques e anteparos para contê-la.
Fiando unicamente na fortuna se arruinará
quando ela variar.
25. Entendo que é melhor ser atrevido que
circunspecto, porque a fortuna é mulher e
para domina-la é preciso trata-la sem
fascínio, quem a obriga vence, e não quem
a respeita. Como mulher é sempre amiga
da juventude, pois os jovens a consideram
menos, são audazes.