DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Relatório HP Salas Ambiente.doc
1. Relatório das atividades do HP de Salas Ambientes
1º semestre de 2014
Demos início às nossas atividades logo no início do ano, em 07 de fevereiro, fazendo a
organização das salas ambiente, o que nos ocupou, praticamente, o mês inteiro. Essa organização
engloba: fotografia dos materiais de cada sala, etiquetação dos mesmos, descarte dos que não estão
mais em condições de uso, elaboração de lista de compras, verificação dos materiais disponíveis na
escola, visita à Cooperativa de costureiras para verificar as fantasias encomendadas o ano passado.
Mas isso não deixou de acontecer ao longo deste semestre, pois a manutenção das salas deve ser
feita constantemente.
Como tivemos algumas dificuldades com relação ao andamento dos trabalhos deste grupo,
elaboramos um cronograma semestral que foi sendo alterado conforme o andamento das atividades.
Concomitante ao cronograma, discutimos em alguns encontros a reformulação deste projeto de HP.
Sentimos que nosso grupo estava funcionando mais para a organização dos espaços do que para o
estudo e proposição de ideias para os mesmos.
Dessa maneira, decidimos por nos organizar para que cada integrante fizesse uma pesquisa
bibliográfica referente ao tema: Espaços na/para Educação Infantil, para selecionarmos alguns para
o estudo e embasamento teórico do grupo.
Os materiais pesquisados foram:
* LIVROS:
1. As Cem linguagens da Criança;
2. O papel do ateliê na Educação Infantil;
3. Crianças, espaços e relações;
4. Educação Infantil – pra que te quero?
5. Por amor e por força: rotinas na Educação Infantil;
6. Os fazeres na Educação Infantil;
7. Educação Infantil pós LDB: rumos e perspectivas;
8. Espaços em educação infantil.
9. Sabores, cores, sons e aromas.
* ARTIGOS/TEXTOS/TESES/DISSERTAÇÕES
1. A reorganização do espaço da sala de educação infantil: uma experiência concreta à luz da
Teoria HistóricoCultural
→
http://www.marilia.unesp.br/Home/PosGraduacao/
Educacao/Dissertacoes/vieira_er_me_m
ar.pdf;
2. A organização do espaço e do tempo na educação infantil, vídeo com alguns parâmetros
para reflexão do grupo → https://www.youtube.com/watch?v=Gdg2j_YBsQ
A partir disso, decidimos que o primeiro material para nosso estudo seria “As cem
linguagens da criança a
abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância”, um
livro baseado na experiência das escolas infantis italianas. A cada semana fizemos a leitura de um
capítulo deste livro, neste momento paramos no capítulo 8.
Seguem algumas ideiais principais que destacamos de nossas leituras:
✗ A abordagem italiana para as crianças na primeira infância realizou investimentos
financeiros e de recursos humanos mais consistentes e reconhecidos por sua filosofia
centrada na família, por sua opção pela combinação de cuidado, intervenção e educação e
por suas abordagens inovadoras no planejamento de espaços e ambientes organizados de
forma que as crianças possam explorar os materiais e objetos num ambiente rico e
investigativo através de projetos.
✗ Essa abordagem inciou no pósguerra
com a reestruturação da cidade e, Lóris Malaguzzi,
2. propos, junto das famílias um novo modelo de educação de crianças pequenas;
✗ Os pais e mães, assim como a comunidade, de acordo com seu nível de organização
participam das atividades que podem ser delegadas e testemunham aquelas que, por sua
natureza, cabem aos educadores e não devem ser delegadas à comunidade. Pais e mães são
protagonistas da experiência educativa em conjunto com os educadores e com as crianças.
Escola e família se articulam como pólos complementares na tarefa de educar as crianças;
✗ O espaço é também uma forma de mostrar o que os adultos pensam sobre as crianças;
✗ Concordamos com o ideal italiano de que a escola para crianças pequenas precisa
proporcionar a construção da “cultura infantil”, ou seja, valorizar a cultura que é produzida
pela própria criança.
✗ A escola deve permitir o convívo com as diferenças, o direito à infância e a melhores
condições de vida para todas as crianças;
✗ Os espaços voltados para educação infantil devem ser organizados para permitir a expressão
de diferentes linguagens num contexto cultural e educativo em que ocorre a sistematização
do mundo real.
✗ As escolas italianas são um projeto da comunidade, que conta com um conselho de pais, de
voz ativa;
✗ Nessa abordagem para educação infantil é proposto um programa em que a criança aprende
mais pela exploração e pela descoberta, ao invés do ensino baseado na fala do professor
num ambiente uniforme e rígido.
✗ Cada sala em Reggio Emilia conta com 2 educadores e, consideram que o espaço funciona
como um terceiro educador, na medida em que estimula a investigação e é capaz de se
renovar, ou seja, autotransformarse,
e de reconhecer as necessidades e a vida das crianças e
dos adultos que o habitam, incentiva a investigação e o desenvolvimento das capacidades de
cada criança, ajuda a manter a concentração, encoraja a ação e a autonomia, ou seja,
interfere no desenvolvimento das crianças;
✗ Uma vez a filosofia estabelecida, os educadores planejaram e criaram a estrutura e o arranjo
do espaço de acordo com a visão que entende a educação de crianças pequenas como parte
da preocupação e da responsabilidade baseadas no contexto social e cultural, um espaço
ideal para o desenvolvimento e valorização da aprendizagem e das experiências das
crianças. Eles refletem a cultura e as histórias de cada centro particular, retratam os projetos
e as atividades, ou seja, mostram as rotinas diárias das pessoas grandes e pequenas que
fazem da complexa interação que ocorrem nele algo significativo e alegre.
✗ Para a abordagem italiana, o espaço reflete a cultura das pessoas que nele vivem, e é visto
como um intercâmbio social importante para a aprendizagem. Nele as crianças constroem
juntas seu conhecimento sobre o mundo através da atividade compartilhada, da
comunicação e da cooperação.
✗ A quantidade de trabalhos das crianças exibidos por todos os cantos da escola →
contribuições das crianças para moldarem o espaço da escola.
✗ As salas de aula são abertas, arejadas, muito claras e coloridas. Contêm materiais ricos
relacionados à cultura e à vida familiar das crianças, por exemplo, fotos de família, comidas
regionais e lembranças pessoais de casa, e todos os materiais são exibidos de forma estética.
Além desse material ligado à vida das crianças, há também materiais de arte colocados de
maneira organizada nas prateleiras, em recipientes transparentes acessíveis às crianças. Os
objetos são exibidos em prateleiras iluminadas no nível dos olhos das crianças e são
revezados periodicamente para tornálas
mais atraentes.
✗ O papel do professor na abordagem italiana centralizase
na provocação de oportunidades de
descobertas, de estimulação do diálogo, de ação conjunta e da coconstrução
do
conhecimento da criança. O papel do adulto é o de ouvinte, de observador. O professor é
aquele que mantém o jogo da comunicação, ou seja, ele guia a aprendizagem das crianças
vendoas
como competentes, ativas e críticas. Ele organiza e prepara o ambiente para
3. projetos e atividade incentivando a curiosidade e ajudando as crianças a reconhecerem o seu
pensamento e a compartilhálo
com o grupo.
✗ A educação para crianças pequenas na abordagem italiana, como já vimos, implica no
envolvimento de pais e professores. Assim, a educação é estruturada no relacionamento e na
participação das famílias, elas participam de reuniões para discussão de currículos,
cooperam na organização das atividades no estabelecimento do espaço e na preparação das
boasvindas
às novas crianças, são encorajadas a participar de visitas, de excursões, de
jantares e de celebrações.
✗ O trabalho com projetos faz com que haja maior intercâmbio de ideias e de relacionamentos
num ambiente rico e estimulante.
✗ [...]desejávamos reconhecer o direito de cada criança de ser um protagonista e a necessidade
de manter a curiosidade espontânea de cada uma delas em um nível máximo [...] (pág. 62)
✗ [...] O modo como nos relacionamos com as crianças influencia o que as motiva e o que
aprendem. [...] (pág 77)
Neste semestre também criamos um blog, a fim de compartilharmos nossos estudos e
buscarmos outras instituições que queiram discutir conosco sobre o tema de espaços na Educação
Infantil e Salas Ambiente: http://salaambientecemeimariajose.blogspot.com.br/
Finalizamos nossos encontros deste semestre com uma visita à outra instituição de Educação
Infantil da Rede Municipal de Campinas, o CEMEI Fernanfo Alpheo Miguel, que também
desenvolve um trabalho, há 6 anos, com Salas Ambiente. O que pudemos observar foi:
● O trabalho com salas ambiente nessa escola vem sendo desenvolvido há 6 anos, desde a
chegada da equipe gestora;
● Foi proposto na intenção de facilitar a organização da equipe gestora, pensando no
atendimento da demanda da escola e não como uma proposta pedagógica. E necessitou de mais de
dois anos de adaptação;
● Hoje há duas turmas a mais do que salas disponíveis e isso só é possível graças ao rodízio
entre as turmas: 45’ cada em cada espaço. Só o berçário tem sala fixa, mas todas as salas participam
do rodízio;
● Há 5 salas ambientes identificadas por cores: verde (brinquedoteca), amarela (leitura e
escrita, com computador, livros, lousa, jogos de mesa), azul (movimento corporal, para dança,
música, com fantoches, fantasias, bandinha, maquiagem), lilás (berçário), laranja (Ciências, com
livros, pranchetas, lanterna, lupa), salão multiuso (Ateliê de Artes com tv, datashow).
● O espaço foi pensado dentro das diferentes linguagens (de acordo com MEC, Currículo em
Construção,...). E o grupo discutiu as propostas para cada sala no PPP;
● Trabalham com a ideia de que o espaço ajuda o professor a se formar naquilo que ainda não
conhece;
● Além disso, um dos pilares dessa escola é que “nada é descartável”;
● Os monitores são incentivados a pensar projetos autônomos para as turmas (durante o
horário do GEM, pois não é aberto a eles para que saiam para fazer cursos, ainda assim, tem perfil
formativo).
● Semestralmente a escola investe R$5 mil em livros para a biblioteca, e todos são para
empréstimo às crianças, pois entendem que elas têm de ter acesso à boa leitura.
Tendo tudo isso em vista, avaliamos que nosso trabalho neste semestre foi muito produtivo
na medida em que realizamos o estudo de toda bibliografia citada, organizamos os espaços das
salas, fizemos o levantamento dos materias que ainda precisam ser adquiridos e/ou adaptados às
nossas necessidades, pensamos juntas qual a melhor maneira de conduzirmos nossa prática
pedagógica dentro desta proposta o
que ainda estamos fazendo, e acreditamos que não deixará de
4. feito nunca.
Escrever sobre a convivência e o progresso de um grupo de estudos nos causa dois
sentimentos: alegria e tristeza. A alegria é por ver o quanto crescemos enquanto grupo e
emocionalmente e, saber que cada integrante teve uma parcela de contribuição nesse processo. E a
tristeza...bem, é pela indefinição e continuidade ou não dos estudos, é um trabalho árduo e que
precisa do apoio de todos da unidade para que aconteça.
O ano começou bastante tumultuado e o semestre terminando com um saldo bastante
positivo, nós evoluímos bastante em relação à convivência em grupo, respeitando os combinados
das salas, porém temos muito para caminhar, na busca pelo trabalho coletivo, respeito às nossas
diferenças e colaboração em nossas dificuldades.
A parceria do grupo de HP, carinho e responsabilidade nos dão segurança e certa
tranquilidade durante e no caminhar dos estudos sobre a organização dos espaços na educação
infantil e atividades diárias.
Mas, como observamos na escola visitada, o trabalho demora para ser consolidado,
compreendido, mas com o tempo ele tende a crescer e se estabilizar, a ser incorporado em nossas
práticas pedagógicas diárias. O que não podemos é perder o entusiasmo e a vontade de sempre
pensar e tentar fazer o melhor para nossas crianças e nossa escola.
Temos realizado, pensando nesta questão, o nosso trabalho no rodizio das salas enfocando o
que cada sala “sugere” ou seja, direcionado as atividades pedagogicas diárias aos materais
disponíveis em cada sala ambiente, contudo isso não significa que não possamos conduzir nossa
rotina de acordo com a intencionalidade específica de cada uma de nós.