O documento discute a inteligência nos animais. Apresenta uma introdução sobre o conceito de inteligência e teorias de Piaget. Explora evidências da inteligência em diversas espécies, incluindo primatas, cães, golfinhos e pássaros. Fornece uma lista dos 8 animais mais inteligentes, liderados por porcos, polvos e corvos. A conclusão reflete sobre observações pessoais que confirmam a inteligência dos gatos.
1. Escola Básica e Secundária Dr. Bento da Cruz - 2012/2013
A Inteligência nos Animais
Ana Alves, nº 6, 12º B
Psicologia B
2. Índice
Introdução ………………………………………………………. 3
A Inteligência nos Animais…………………………………........ 4
Lista dos animais mais inteligentes do mundo……………........ 5/6
Conclusão ………………………………………………….......... 7
Bibliografia ……………………………………………………... 8
3. Introdução
"A inteligência é uma adaptação ao ambiente físico e social (...) Para dizer que a
inteligência é um caso particular de adaptação biológica é, portanto, supor que ela é
essencialmente uma organização e que sua função é estruturar o universo, assim como
as estruturas do organismo de seu ambiente imediato."
Piaget, 1963, pp 3-4
A palavra inteligência tem origem no latim “intelligentia”, que por sua vez, deriva,
do verbo “intelligere”, e cujo significado se pode traduzir por ler, captar, deduzir e
também ligar. Então, a inteligência é a capacidade de ler entre linhas e de interligar
ideias não explicitamente relacionadas. Desta forma, a palavra inteligência pode
também ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planear, resolver
problemas, abstrair pensamentos, compreender ideias e linguagens e aprender.
Para Piaget1
, a inteligência é o mecanismo de adaptação do organismo a uma
situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta
adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica. Desta forma, os
seres desenvolvem-se intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos
pelos meios que os cercam. Sendo assim, pode também dizer-se que, a inteligência
humana pode ser exercitada, através da procura de um aperfeiçoamento de
potencialidades, que evolui ao longo de toda uma vida. Além disso, de acordo com as
teorias deste filósofo, o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de
condicionamentos, mas construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Portanto,
tanto a inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, estão relacionadas
com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Por outras palavras,
quanto mais complexa for esta interação, mais dotado de inteligência será o indivíduo.
Até há bem pouco tempo, considerava-se que a inteligência era uma particularidade
única e exclusiva do ser humano de reprodução de conhecimentos e resolução de
problemas, refletindo um ponto de vista claramente antropocêntrico. Porém, atualmente,
para muitos investigadores, a noção de inteligência passou a ser associada à ideia de
sobrevivência. Desta forma, a questão é: será mesmo a inteligência uma capacidade
meramente humana?
1
Jean William Fritz Piaget (9 de agosto de 1896 - 16 de setembro de 1980) foi um epistemólogo suíço,
considerado um dos mais importantes filósofos do século XX, que ficou conhecido por fundar a teoria do
conhecimento com base no estudo da génese psicológica do pensamento humano.
4. A Inteligência nos Animais
“Poucos duvidam de que os seres humanos sejam as criaturas mais inteligentes do
planeta. No entanto, tendo em conta as intermináveis guerras, os danos causados ao
planeta e a violência de modo geral, esta afirmação pode ser bastante questionada. Além
disso, os chimpanzés, gorilas, orangotangos e outros primatas têm também cérebros já
bastante aprimorados e praticam ações que demonstram um grau de inteligência muito
elevado. E, aliás, fora os primatas, outras espécies parecem hoje ser também bastante
desenvolvidas. ”
Carel van Schaik, in Journal of Human Evolution, vol. 44, pp. 645-664, 2003
Todos aqueles que têm um animal de estimação podem, dizer com certezas, que o
seu é o mais esperto de todos os animais. Contudo, até meados do século passado, a
inteligência animal era considerada inexistente. E, as atitudes e ações dos animais
descritas como simples respostas instintivas ou estratégias de sobrevivência, sem
qualquer ligação com a cognição, já que esta, como já foi referido anteriormente, se
achava ser exclusiva do ser humano. Foi só a partir da década de 1960 que, com base
em indícios decorrentes de estudos feitos a longo prazo, se passou a considerar que, de
facto os animais pensam, são capazes de resolver problemas, aprender com os erros e de
se adaptar a novas situações, tal como nós, humanos. Porém, ainda hoje, apesar de todos
os avanços nas pesquisas que têm sido feitas, existem várias perguntas sem resposta e, a
inteligência nos animais continua a ser um assunto controverso entre especialistas.
Portanto, pode mesmo dizer-se que o que existe hoje são linhas de entendimento sobre o
que poderá ser considerado como inteligência animal, pelo qual se recorre a estudos
que, tanto podem ser feitos nos seus habitats naturais, como em laboratórios, para
suportar tais afirmações. No entanto, o que tem sido constatado é que tais estudos
podem levar anos para chegar a simples conclusões e, é só com base nestas conclusões
de observação e experiência que se poderá comprovar a inteligência nestes seres.
Por outro lado, relatos sobre animais inteligentes existem há milhares de anos. Em
“Historia Animalium”, escrita em cerca de 350 a.C., Aristóteles descreve a fisiologia e
os comportamentos de baleias e golfinhos, destacando os seus cuidados para com as
crias, o que os diferenciava dos restantes animais marinhos.
Estritamente ligadas a todas as controvérsias do tema, estão questões como a
existência autoconsciência nos animais, ou seja, a noção que cada animal tem da sua
individualidade enquanto ser único, a personalidade, o que tem gerando inúmeras
discussões éticas relacionadas com os direitos dos animais e o seu uso como cobaias em
experiências científicas. Outra descoberta que tem levantado polémica entre estudiosos
envolve o facto de que algumas espécies pareçam ter o que se assemelha a uma cultura:
em conjuntos de chimpanzés separadas ao longo do território africano por centenas de
quilómetros, investigadores descobriram e identificaram 39 hábitos relacionados com a
alimentação, a higiene, a conquista de companheiro e o uso de ferramentas que diferem
de um grupo para outro e são transmitidos pelos progenitores às crias, dentro de cada
um deles. Note-se que estes diferentes costumes não seriam nem genética, nem
ecologicamente orientados, trata-se, portanto, de um padrão cultural.
5. Atualmente, faz parte do senso comum considerar que primatas como os chimpanzés,
cujo ADN é 99% igual ao dos seres humanos, apresentam um certo grau de inteligência,
assim como outros mamíferos mais desenvolvidos, como cetáceos (baleias e golfinhos)
e elefantes. Surpreendentemente, no entanto, verificou-se que mesmo espécies mais
afastadas na escala evolutiva, como as aves e os invertebrados, também demonstram
sinais de relativa inteligência. Aqui fica a lista daqueles que são considerados os mais
inteligentes animais do mundo:
1. Porco → Entre os animais domesticados pelo
Homem, o porco é o mais inteligente de todos.
Por incrível que pareça superam cães e gatos e,
são dos poucos animais que entendem a
funcionalidade do espelho. Além disso, numa
experiência que tinha como objetivo movimentar
um curso com o focinho numa tela de vídeo e
diferencia imagens que já tinham visto de outras que viam pela primeira vez,
foram melhor sucedidos do que chimpanzés. Por outro lado, e tendo em conta
a sua rapidez de aprendizagem, estão a tornar-se um animal de estimação
cada vez mais popular nos Estados Unidos.
2. Polvo → Quem não se lembra do polvo de um
aquário marinho alemão, que ficou conhecido
durante o Mundial de futebol na África do Sul,
depois de ter acertado em todos os resultados dos
jogos? De facto, está provado que os polvos são
os mais inteligentes dos animais invertebrados
pelo seu talento de abrir frascos, apertar parafusos e até agarrar comida.
Testes com labirintos e resolução de problemas provaram que estes animais
possuem memória de factos recentes e remotos.
3. Corvo → Esta ave tradicionalmente conhecida
como portadora de maus presságios é, no entanto,
bastante inteligente. Tal como os polvos são
capazes de utilizar ferramentas simples, armazenar
alimentos para o Inverno e memorizar experiências
para uso em circunstâncias futuras. Além disso,
são capazes de imitar o som de algumas palavras e podem, também,
reconhecer pessoas e lembrar-se do seu rosto durante anos.
4. Golfinhos → Estes são os únicos animais que
aparentemente comunicam entre si através de uma
linguagem própria que, geralmente se assemelha a
conversas, já que ao contrário dos outros animais
vocalizam um de cada vez. Entre outras
capacidades, destaca-se também, a capacidade de
obedecer a inúmeros comandos dos seus
treinadores, em, nomeadamente, aquários.
6. 5. Elefante → Estes animais extremamente inteligentes
vivem em comunidades complexas, nas quais prevalece
uma hierarquia e demonstram solidariedade com os
outros animais. Utilizam ferramentas para diversas
finalidades e, são o único animal além do Homem a ter
um ritual fúnebre reconhecido: cobrem o corpo do
animal morto com terra, folhas e galhos e, permanecem
de vigia durante alguns dias, ausentando-se apenas para
se alimentar; sabe-se ainda, que, costumam visitar os
túmulos dos falecidos.
6. Primatas → Chimpanzés, Orangotangos e todos os
outros da família dos primatas apresentam grandes
capacidades intelectuais, para muitos, até, comparáveis
com as dos seres humanos. Os orangotangos, por
exemplo, são competentes de aprender linguagem de
sinais, de se reconhecer no espelho e, até mesmo de
mentir e roubar; Os chimpanzés são capazes de criar e
usar ferramentas e, são os únicos animais que, além do
Homem, riem. Aliás, o chimpanzé bebé, assim como o humano, aprende a
reconhecer e voz do tratador e responde com um olhar e sorriso.
7. Papagaio → Sabe-se que os papagaios conseguem imitar o
som de algumas palavras. Porém, era desconhecida a
capacidade que os papagaios têm de manter uma conversa.
Alex, um papagaio cinzento, ficou conhecido por conseguir
conversar; tinha a inteligência aproximada de uma criança
de 6 anos: podia contar até 6, reconhecer 7 cores, 5 formatos
e compreender a ideia de “maior”, “menor”, “igual” e
“diferente”. Este papagaio trabalha já à 20 anos para a
Universidade de Arizona, nos Estados Unidos.
8. Cão → Os cães são dos animais que aprendem mais
rápida e facilmente os comandos dos seus treinadores,
daí que, frequentemente, sejam usados para ajudar o ser
humano em diversas situações de perigo, isto porque o
cão é considerado o “melhor amigo do Homem”. São
capazes de reconhecer hierarquias e estruturas sociais;
alguns conseguem aprender a reconhecer mais de 200
palavras e também, são capazes de emoções complexas
como a culpa e a inveja.
Em suma, depois de observar as características fundamentais dos animais
mais inteligentes do mundo, constatamos que o termo inteligência animal se
refere às capacidades cognitivas dos animais, tais como as capacidades de criar
ferramentas, mapas mentais e fazer planos conscientemente.
7. Conclusão
Aquando da realização deste trabalho procurei sempre observar o comportamento
dos meus animais de estimação, os gatos, de forma a comprovar, posteriormente a tese
que defende a inteligência nos animais, já que, desde sempre, através dos seus
comportamentos, tive a ideia de que realmente os gatos eram dotados de inteligência.
Porém, agora tenho ainda mais certezas, não só pela informação que recolhi,
experiências a que assisti, mas também pela atenção que prestei aos meus animais tendo
em conta práticas ou pesquisas que já tinham sido realizadas com os mesmos animais
anteriormente. E, curiosamente, durante o período da realização deste trabalho tive a
oportunidade de presenciar um verdadeiro caso de inteligência de um dos gatos: tendo
eles que ficar na rua, quando sabem que dentro de casa o clima é mais ameno e
agradável e que é no interior do lar que se encontra toda a comida a que podem ter
acesso, aproveitou o facto da existência de uma mesa ao lado da porta principal para se
aproximar o suficiente do puxador da porta, sobre o qual exerceu a sua força, talvez
tendo em consideração situações presenciadas no passado realizadas por uma pessoa, de
forma a abrir a porta. Ora, este ato assegura a existência de alguma inteligência como é
óbvio. Além deste caso em concreto, gostaria também de destacar a capacidade que os
gatos tem de comunicar com os da sua espécie e até mesmo com o seu dono através de
miados, ronronares, linguagens corporais, bufos ou gritos, que, para mim, se revela de
extrema importância na construção de relações afetivas, tanto para a pessoa, como para
o animal, sim, porque eu defendo que os animais são também contemplados por um
lado emocional e sensível. Em especial os gatos e os cães, isto porque posso afirmar já
ter assistido a casos em que estes animais expressaram emoções complexas como a
culpa e a inveja.
Uma vez no final da realização do trabalho, penso que posso dizer que este me foi
útil e que realizei o meu derradeiro objetivo: confirmar que os animais também são
providos de inteligência e sensibilidade, pelo que merecem um tratamento respeitoso e
digno da sua condição.