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NOÇÕES DE CONTABILIDADE GERAL


SUMÁRIO

1. Noções Preliminares .       .             .   .       .   .    .   .   4
1.1. Introdução .       .      .             .   .       .   .    .   .   4
1.2. Os Objetivos da Contabilidade           .   .       .   .    .   .   5
1.2.1. Conceito e Usuário da Contabilidade   .   .       .   .    .   .   5
1.2.2. Os Objetivos da Contabilidade         .   .       .   .    .   .   5
1.2.3. Os Atributos da Informação Contábil   .   .       .   .    .   .   5
1.2.4. Técnicas Contábeis    .      .        .   .       .   .    .   .   6
1.3. A Evolução do Conhecimento Contábil .       .           .    .   .   7
1.4. Áreas de Atuação do Contador e Perspectivas.            .    .   .   8
1.4.1. Áreas Emergentes e Perspectivas       .   .       .   .    .   .   9
2. A Estática Patrimonial: o Balanço        .   .            .    .   .   10
2.1. O Ativo .     .     .     .      .     .   .            .    .   .   10
2.2. O Passivo     .     .     .      .     .   .            .    .   .   11
2.3. O Patrimônio Líquido      .      .     .   .            .    .   .   11
2.4. Fontes de Patrimônio Líquido .         .   .            .    .   .   12
2.5. Equação Fundamental do Patrimônio .        .            .    .   .   12
2.5. Configurações do Estado Patrimonial. .     .            .    .   .   12
2.7. Representações Gráficas do Estado Patrimonial.          .    .   .   17
2.8. Situação Líquida (Outra Classificação) ..  .            .    .   .   18
2.9. Conceituação: As Várias Configurações do Capital        ..   .   .   19

3. Procedimentos Contábeis Básicos Segundo o Método das Partidas
       Dobradas .     .     .     .    .     .    .    .     .            24
3.1. Contas .    .    .     .     .    .     .    .    .     .            24
3.2. Razão .     .    .     .     .    .     .    .    .     .            24
3.2.1 Razonetes      .      .      .         .   .       .   .    .   .   25
3.3. Débito e Crédito     .    .     .     .     .    .           .   .   25
3.4. Lançamentos a Débito e a Crédito nas Contas .    .           .   .   25
3.5. Contas do Ativo      .    .     .     .     .    .           .   .   25
3.6. Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido .      .           .   .   27
3.7. Resumo do Mecanismo de Débito e Crédito .        .           .   .   27
3.8. Método das Partidas Dobradas (Double-Entry Sistem).          .   .   28
3.9. Exemplos de Registros de Operações no Razão      .           .   .   29
3.10. Diário .     .      .    .     .     .     .    .           .   .   33
3.11. Partidas de Diário (Lançamentos).    .     .    .           .   .   34
3.11.1. Fórmulas de Lançamentos .          .      .      .   .    .   .   36
3.11.2. Erros nos Lançamentos – Retificação (Correção)   .   .    .   .   39
3.12. Livros (Controles) Auxiliares do Razão.            .   .    .   .   40
3.13. Balancete de Verificação .      .    .             .   .    .   .   40

3.14. O Balanço Patrimonial        .         .   .       .   .    .   .   42
3.14.1. Os Grupos e os Subgrupos das Contas do Ativo     .   .    .   .   44
3.14.2. Os Grupos e os Subgrupos das Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido   47
3.14.3. Modelo de Balanço Patrimonial – Completo        .       .      .     .   48
3.14.4. Critério de Avaliação das Contas do BP e Comentários Adicionais      .   50

4. As Variações do Patrimônio Líquido (da Situação Líquida)                 .    52
4.1. Despesas, Receitas e Resultado .   .     .     .    .                  .    52
4.1.1. Receita .       .      .    .       .     .     .      .      .      .    52
4.1.2. Despesa .       .      .    .       .     .     .      .      .      .    52
4.1.3. Resultado       .      .    .       .     .     .      .      .      .    52
4.1.4. Mecanismo de Débito e Crédito       .     .     .      .      .      .    52
4.1.5. Período Contábil       .    .       .     .     .      .      .      .    53
4.1.6. Encerramento das Contas de Receita e Despesa    .      .      .      .    53
4.1.7. Distribuição do Resultado   .       .     .     .      .      .      .    55
4.1.8. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)    .      .      .      .    55
4.2. Exemplo Prático das Operações Normais do Exercício              .      .    55
4.2.1. A Demonstração do Resultado de Exercício (DRE) .     .        .      .    59
4.2.2. Modelo da DRE       .      .      .      .     .     .        .      .    62
4.2.3. Modelo do BP e da DRE Comparativa – Publicação Resumida       .      .    67
4.3. Registro de Operações Decorrentes do Regime de Competência
      dos Exercícios    .     .     .     .    .     .    .     .                68
4.3.1. Regime de Competência dos Exercícios       .     .     .      .      .    68
4.3.2. Despesas a Pagar e Receitas a Receber      .     .     .      .      .    68
4.3.3. Desembolsos Que se Transformarão em Despesas: Regra Geral     .      .    70
4.3.3.1. Gastos Antecipados (Despesas do Exercício Seguinte)  .      .      .    70
4.3.3.2. Estoque de Produtos e Outros Materiais .       .     .      .      .    72
4.3.3.3. Consumo do Ativo Permanente       .      .     .     .      .      .    70
4.3.4. Passivos Que se Transformarão em Receitas: Regra Geral .      .      .    76

5. O Plano de Contas .         .   .    .              .      .      .      .    77
5.1. Critério de Classificação .   .    .              .      .      .      .    78
5.2. Modelo de Plano de Contas (Comentado)             .      .      .      .    79

6. Bibliografia     .      .      .      .      .      .      .      .      .    101
1. Noções Preliminares

1.1. Introdução
        Com o advento da globalização e da desregulamentação da economia na maioria dos países
do primeiro mundo, a inovação tecnológica, e, principalmente da tecnologia da informação, houve
um conseqüente desenvolvimento e expansão do mercado de capitais em termos globais,
principalmente a partir da última década do século passado.
        A informação contábil tornou-se ainda mais importante no processo decisório das empresas,
tanto para os usuários internos – sócios e administradores –, quanto para os demais usuários
externos – investidores, financiadores, fornecedores, governos e o público em geral.
        A contabilidade é, atualmente, um instrumento fundamental para auxiliar a administração
moderna, e tem como principal objetivo a geração de informações para embasar as decisões a serem
tomadas, bem como o de reduzir o seu grau de incerteza. Para isso, identifica, registra, mensura, e
possibilita a análise e predição dos eventos econômicos que alterem o patrimônio de uma empresa.
Uma organização que não disponha de um sistema contábil ágil e eficaz para evidenciar as
oscilações e mutações relevantes em seu patrimônio e no resultado de suas operações e transações,
em resposta às ameaças e oportunidades impostas pelo atual ambiente dos negócios, não estará apta
a garantir a continuidade do empreendimento no tempo.
        Assim, as informações, geradas pela contabilidade e relatadas através das Demonstrações
Contábeis e demais relatórios financeiros, são ferramentas imprescindíveis para o entendimento da
posição passada, da situação atual e, principalmente, das expectativas futuras, garantindo dessa
forma, aos usuários e gestores responsáveis pelos destinos da organização, informações para instruir
o processo decisório com um grau de confiabilidade compatível com o atual ambiente econômico e
mercadológico.
        Nesse sentido, percebe-se que o grau de confiabilidade nas informações de natureza contábil
e financeira permite uma visão da estratégia dos planos da empresa bem próximos da realidade
atual e também estimar posições e situações futuras. A confiabilidade nas informações de natureza
contábil é, portanto, de primordial importância, para todos os que pretendam relacionar-se com a
organização, quer como acionistas, financiadores, gestores, fornecedores, empregados e demais
entidades.
        Diante disso, nota-se que a responsabilidade dos contadores que preparam as informações
contábeis nesse processo é imensa, tanto em termos da responsabilidade quanto da competência
técnica. A credibilidade nas informações apresentadas está diretamente ligada à pessoa do
preparador de tais informações, à capacidade e à ética profissional. Existe uma fronteira muito tênue
e nebulosa que separa o que é legal do que é moral. Nem sempre as duas coisas, em se tratando de
informações contábeis e financeiras, andam, necessariamente juntas.
        Uma das principais características do contador é o grau de liberdade para escolher, em sua
opinião, a melhor alternativa para resolver um problema contábil; e é por isso que podemos afirmar
que três contadores fazendo a contabilidade da mesma empresa chegarão, fatalmente, a três
resultados diferentes, a não ser que um copie do outro.
        Nesse contexto, a imposição do valor social da contabilidade abriga preceitos éticos nas
diversas relações pessoais, interpessoais e institucionais, as quais tendem a influenciar as mudanças
no âmbito conceitual e da ação do educador. Ao educador cabe a tarefa de alertar para a urgente
necessidade de um reforço nas normas e no código de ética da conduta do profissional de
Contabilidade.
1.2. Os Objetivos da Contabilidade

1.2.1. Conceito e Usuário da Informação Contábil
        De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (CFC, 2000, p.101) a Contabilidade
é uma ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das entidades. A contabilidade busca, por meio da
apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da demonstração, da análise e relato das
mutações ocorridas nos patrimônios e gerar informações qualitativas e quantitativas.
        As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar os seus usuários base segura às
suas decisões pela compreensão do estado em que se encontra a entidade ou a empresa, seu
desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece.
        Segundo a mesma norma, os usuários da Contabilidade são todas as pessoas – físicas ou
jurídicas, públicas ou privadas, internas ou externas - com interesse na entidade, sejam:
administradores, sócios ou acionistas, empregados, fornecedores, financiadores e demais credores,
clientes, governos nos diversos níveis, integrantes do mercado financeiro e de capitais, além dos
meios de comunicação e do público em geral.


1.2.2. Objetivos da Contabilidade
       O Conselho Federal de Contabilidade – CFC, apud Iudícibus (1995, p.100), através da
Resolução 774/99, que trata do Objetivo da Contabilidade, aponta que “O objetivo científico da
Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das
causas de suas mutações”. Esse é um enfoque que sintetiza e procura demonstrar a lógica das
informações fornecidas pela Contabilidade aos seus usuários internos e externos.
       Nessa mesma linha de raciocínio, o IASC – Internacional Accounting Standards Committee,
que é a Comissão internacional de Normas Contábeis, elaborou uma estrutura conceitual
denominada Framaework for the Preparation and Presentation of Financial Statments (1999, p.46)
quando definiu, de forma mais ampla, o objetivo da Contabilidade: “é dar informações contábeis
sobre a posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma empresa que
sejam úteis a um grande número de usuários em suas tomadas de decisões”.


1.2.3. Os Atributos da Informação Contábil
       De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (CFC, 2000, p.102), a informação
contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e eqüitativa de forma a satisfazer as necessidades
comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente
nenhum deles, pelo fato desses interesses não serem sempre coincidentes.
       Determina ainda, a mesma norma, que a informação deve propiciar revelação suficiente
sobre a entidade para que o usuário se sinta informado. Os atributos indispensáveis para que isso
ocorra são os seguintes:

 •   Confiabilidade
 •   Tempestividade
 •   Compreensibilidade, e
 •   Comparabilidade.
     O atributo da Confiabilidade é o que faz com que o usuário, interno ou externo, aceite a
 informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando um elemento essencial na
 relação entre o usuário e a própria informação.
     A confiabilidade e a relevância da informação contábil, de acordo com o FASB – Financial
 Accounting Standards Board, apud Hendriksen & Breda (1999, p.97) são as principais qualidades
 especificas às decisões, é a “capacidade que a informação tem de fazer a diferença numa decisão”.
     A confiabilidade é fundamental nas decisões. A informação contábil, quanto mais relevante,
 mais confiável deve ser.
Diante disso, conclui-se que o objetivo da Contabilidade é fornecer informações que sejam
  úteis aos diversos segmentos de usuários, objetivando auxilia-los no processo decisório Para que a
  informação seja considerada útil, deve ser confiável. A confiabilidade, segundo Iudícibus (1999,
  p.100), o CFC, o FASB e o IASC – organismos de normatização e emissão de pronunciamentos
  sobre Princípios e Normas Contábeis no Brasil, nos EUA e no resto do mundo - o atributo mais
  importante é o da Confiabilidade.
      O atributo da Tempestividade refere-se ao fato de a informação contábil dever chegar ao
  conhecimento do usuário em tempo hábil para sua utilização.
      A Compreensibilidade se refere a que a informação deve ser exposta de forma mais
  compreensível aos diferentes usuários, ou seja, deve ser entendida por todos os usuários da
  informação contábil.
      A Comparabilidade da informação contábil é um atributo que deve possibilitar ao usuário o
  conhecimento da evolução do patrimônio da entidade ao longo do tempo.
         Segundo o citado trabalho do International Accounting Standards Committee (IASC)
intitulado Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements, a relevância
também é uma das características ou qualidades mais importantes da informação contábil.
         Relevância quer dizer evidenciar valores relevantes. A informação, para ser útil, precisa ser
relevante. Deve ter a qualidade da relevância para influenciar nas decisões econômicas dos
usuários, ajudando-os a avaliar eventos passados, presentes ou futuros, ou confirmando ou
corrigindo avaliações passadas (deve evidenciar os custos, preços, obrigações e outras operações
planejadas).


1.2.4. Técnicas Contábeis

       Para atingir os seus objetivos a contabilidade se utiliza técnicas próprias, como por exemplo:
       •ESCRITURAÇÃO;
       • DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS;
       • ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS;
       • AUDITORIA.
Escrituração - técnica que consiste no registro de todos os fatos que influem na composição do
patrimônio. A escrituração envolve metodologia apropriada, a planificação dos elementos
patrimoniais, a utilização de livros e registros apropriados em obediência à legislação civil e
societária, tributária, trabalhista e previdenciária, e aos princípios e normas contábeis.
Elaboração de demonstrações contábeis – Para que se tenha uma visão abrangente e consolidada
da situação patrimonial – econômica e financeira - da entidade.
Auditoria Contábil – A técnica de verificação e avaliação da qualidade e confiabilidade dos
registros e dos demonstrativos contábeis.
Análise das Demonstrações Contábeis - é a técnica pela qual verifica-se a capacidade de
pagamento da empresa, o grau de solvência, a evolução da empresa, a estrutura patrimonial e outras
análises econômicas e financeiras. Pela análise de balanços á possível comparar a situação da
empresa com outras dentro de sua área de atuação. Estuda e pesquisa índices úteis para os usuários
da informação contábil, auxiliando na comparação periódica da evolução da entidade no tempo.
1.3. A evolução do conhecimento Contábil
SOCIEDADE PRIMITIVA
CENÁRIO MUNDIAL: Economia baseada na agricultura e pecuária, individual ou restrita a
pequenos grupos.

REFLEXOS NA CONTABILIDADE: contagem física dos bens. Contabilidade para o proprietário.

SOCIEDADE AGRÍCOLA
CENÁRIO MUNDIAL: Economia baseada na agricultura; método de produção artesanal; início
das relações comerciais com o advento das descobertas marítimas; formação de sociedades
comerciais denominadas Comandita.

REFLEXOS NA CONTABILIDADE: necessidade de controle mais apurado em virtude das
expedições marítimas; investimentos contabilizados no início das expedições e resultado apurado
após a venda das mercadorias para atender às necessidades dos sócios e do estado, para
controle dos impostos.

SOCIEDADE INDUSTRIAL
CENÁRIO MUNDIAL: Economia baseada no capital e no trabalho; mecanização do trabalho e
produção em série; formação de grandes empresas na área industrial e de prestação de serviços;
obrigatoriedade de pagamento de impostos para pessoas físicas e para pessoas jurídicas;
Administração científica; as duas grandes guerras mundiais.

REFLEXOS NA CONTABILIDADE: Sistemas de informações contábeis; sistemas de informações
gerenciais; divulgação de relatórios para atender aos acionistas, gerentes e governo; auditoria
externa; separação dos custos da produção; reconhecimento sistemático da depreciação;
organização formal de institutos e órgãos contábeis; realização do orçamento governamental e
formas de controle e divulgação; mensuração de custos, produtos e performance gerencial.
Primeiro trabalho sistemático abordando o Goodwill.

SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
CENÁRIO MUNDIAL: Economia globalizada; recurso do conhecimento; informatização da
produção e do trabalho; difusão da tecnologia da informação e das telecomunicações.

REFLEXOS NA CONTABILIDADE: harmonização das normas internacionais de contabilidade;
sistema de informações contábeis para decisões estratégicas; novas formas de mensuração do
valor da empresa.
1.4. Áreas de Atuação do Contador e Perspectivas

As principais áreas tradicionais de atuação do contador são as seguintes:

•   Contabilidade fiscal (ou tributária) - participa do processo de elaboração de informações para o
    fisco federal estadual e municipal, sendo responsável pelo planejamento tributário da empresa.
    Esta área de atuação possui uma remuneração bastante atrativa para os profissionais
    especializados.
•   Contabilidade pública - no controle e gestão das finanças públicas, sendo que este é um campo
    possui um amplo mercado de trabalho devido às dimensões continentais de nosso país. Na
    União, nos Estados e nos milhares de municípios existem atribuições em diversas áreas e níveis,
    tanto no Legislativo, no Executivo e no Judiciário.
•   Contabilidade de Custos – atualmente é uma das áreas mais valorizadas no Brasil e
    internacionalmente. Tornou-se muito importante com o aumento da concorrência provocada
    pela abertura do mercado aos produtos estrangeiros e na desregulamentação da economia. A
    gestão estratégica de custos se destaca como ferramenta de decisão na formação dos preços dos
    produtos e serviços das organizações.
•   Contabilidade Gerencial e Controladoria - Voltada para a melhor utilização dos recursos
    econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema
    de informação gerencial. O controller é um dos profissionais com melhores remunerações no
    mercado.
•   Auditoria - Através de empresas de auditoria ou através de setores internos da organização
    controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pelos
    administradores. Os auditores, tanto internos quanto externos, vêm tendo grande destaque no
    processo de privatização e no desenvolvimento do mercado de capitais.
•   Perícia Contábil - Atuando na elaboração de laudos em processos judiciais ou extrajudiciais.
    Área de atuação exclusiva do contador.
•   Contabilidade Financeira - responsável pela elaboração e consolidação das demonstrações
    contábeis para fins externos.
•   Análise Econômico-financeira - Denominação moderna para a análise de balanços. Atua na
    elaboração de análises sobre a situação patrimonial de uma organização a partir de seus
    relatórios contábeis.
•   Avaliação de Projetos - Elaboração e análise de projetos de viabilidade de longo prazo, com a
    estimativa do fluxo de caixa e o cálculo de sua atratividade para a empresa.
•   Professor, Pesquisador e Palestrante – À medida que a formação profissional do contador se
    torna fortalecida com a criação do exame de suficiência do CFC para a obtenção do Registro
    Profissional e a extinção do curso técnico em contabilidade, isso tudo associado à qualidade das
    disposições legais que envolvem conceitos contábeis, os horizontes da contabilidade foram
    ampliados propiciando um terreno fértil para o ensino, a pesquisa e a divulgação da ciência da
    contabilidade para a sociedade.
1.4.1. Áreas Emergentes e Perspectivas:

    Além das áreas citadas anteriormente é importante destacar algumas áreas emergentes onde
existe uma grande perspectiva de crescimento profissional. Estas áreas poderão vir a ser um grande
campo de trabalho para o contador do ano 2000:

•   Contabilidade Atuarial - responsável pela contabilidade de fundos de pensão e empresas de
    previdência privada.
•   Contabilidade Ambiental - responsável por informações sobre o impacto ambiental da empresa
    no meio-ambiente.
•   Contabilidade Social - dimensionando o impacto social da empresa, com sua agregação de
    riqueza e seus custos sociais, produtividade, distribuição da riqueza etc.
•   Contabilidade de Empresas Transnacionais - As perspectivas são as melhores possíveis. A
    informática contribuiu, contribui e contribuirá muito na velocidade, qualidade e apresentação
    dos informativos contábeis, gerenciais e de auditoria. Os softwares contábeis estão cada vez
    mais integrados e facilitando a operacionalidade dos registros contábeis, destaca-se também a
    internet, na qual os órgãos governamentais disponibilizam aplicativos tributários e toda a
    legislação pertinente, além facilitar o cumprimento das obrigações acessórias das empresas –
    cadastros, informações, guias, declarações, etc - . São ferramentas alavancadoras no processo de
    qualidade.
2.       A Estática Patrimonial: O Balanço

      Um dos princípios fundamentais da Contabilidade é o Princípio da Entidade. A contabilidade
deve tratar a pessoa jurídica da empresa como distinta das pessoas físicas e/ou jurídicas de seus
proprietários. O objetivo da Contabilidade é medir o desempenho da entidade, muito embora o que
for útil para a empresa usualmente seja útil para os proprietários.
      O Balanço Patrimonial é uma importante demonstração contábil, por meio do qual pode-se
apurar (atestar) a situação patrimonial e financeira da empresa em um determinado momento. O BP
evidencia claramente o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido da entidade, como pode ser
observado no exemplo abaixo:

                                   Comercial Varginha Ltda.
                                Balanço Patrimonial em 31.12.20X1
                                                                                          Em R$ mil
                   ATIVO                             PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                                  1.000   PASSIVO
Bancos                                   800   Títulos a Pagar                  3.500
Títulos a Receber                      3.000   Fornecedores                     1.800           5.300
Estoque de Materiais                   3.000   PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Terrenos                               1.700   Capital                          4.000
Veículos                                 500   Lucros Acumulados                  700           4.700
Total                                 10.000   Total                                           10.000

       O Balanço Patrimonial demonstra os bens e os direitos (do lado do Ativo) e as obrigações
(do lado do Passivo).


2.1. Ativo
       O Ativo compreende os bens e os direitos da entidade expressos em moeda: Caixa, Bancos
(ambos constituem disponibilidades financeiras imediatas), Imóveis, Veículos, Máquinas e
Equipamentos, Estoques de Mercadorias, Títulos a receber e Clientes – devedores da entidade em
virtude de transações de crédito ou vendas a prazo –. Esses são alguns bens e direitos que a maioria
das empresas normalmente possuem.
       Os elementos do Ativo são discriminados do lado esquerdo do BP.

     •    Bens: São coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas. Podem ser: (a) Bens de
          uso, são aqueles utilizados equipar a empresa para que possa realizar o seu objetivo
          empresarial, são os móveis, imóveis, utensílios, máquinas, equipamentos, ferramentas,
          computadores, veículos, balcão, prateleiras e demais instalações comerciais, industriais,
          agrícolas, etc. (b) Bens de consumo, são os bens adquiridos para serem consumidos nas
          atividades da empresa de forma imediata e integral na manutenção de sua atividade e do seu
          funcionamento, são os materiais de consumo no escritório, na manutenção e na limpeza
          geral; os combustíveis e lubrificantes, impressos e formulários, etc. E por último (c) os Bens
          de Troca (ou de Venda), são os bens adquiridos ou produzidos com o objetivo de serem
          vendidos, isto é, trocados por dinheiro, como por exemplo: as mercadorias para revenda e os
          produtos fabricados para serem vendidos.
          Os Bens podem ser classificados também em móveis e imóveis, materiais (tangíveis) e
          imateriais (intangíveis). Nesse último são classificadas as Marcas, Patentes de Invenção, o
          Goodwill (fundo de comércio), etc.
     •    Direitos: Constituem direitos para a entidade ou empresa, todos os valores que ela tem a
          receber de terceiros – principalmente dos clientes. Os direitos, geralmente, vêm seguidos da
          expressão a Receber, por exemplo: Duplicatas a Receber, Títulos a Receber, Aluguéis a
Receber, Comissões a Receber. Os valores aplicados em instituições financeiras –
       aplicações em bancos - também são direitos que as empresas tem a receber.


2.2. Passivo

     O Passivo compreende basicamente as obrigações a pagar. É composto pelos valores que a
empresa deve a terceiros: Títulos a Pagar, Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar são
algumas das obrigações assumidas normalmente pela entidade. Por isso é chamado de Passivo
Exigível.
     Os elementos do Passivo estão discriminados do lado direito do BP.

Obs: Em relação aos valores a receber (direitos) e a pagar (obrigações), é necessário o
entendimento dos conceitos de DOMÍNIO e POSSE. Angélico (1982, p.13) esclarece que:

        “Quando somos o legítimo proprietário de um bem, dizemos que temos DOMÍNIO sobre
        esse bem; e, estando ele em nosso poder, dizemos ter-lhe a POSSE. Podemos ter a posse
        de um bem sem exercer sobre ele domínio; ou, inversamente, exercer domínio sobre um
        bem sem que lhe tenhamos a posse. Nessa hipótese, temos o DIREITO de reivindicar a
        posse; no caso anterior, temos a OBRIGAÇÃO de transmitir a posse”.


2.3. Patrimônio Líquido

     O Patrimônio Líquido é diferença entre o valor do Ativo e do Passivo de uma entidade em um
determinado momento. Exemplo:

     Se a empresa tem um ativo de      .       R$ 10.000
     e um Passivo de     .       .     .       R$ 5.300
     O Patrimônio Líquido da empresa será de   R$ 4.700


                    Representação Gráfica do Patrimônio


                     Ativo                           Passivo e Patrimônio Líquido


               Lado                                            Lado
2.4. Fontes de Patrimônio Líquido
       O Patrimônio Líquido de uma empresa pode ser proveniente (formado) das seguintes fontes:
   a) Investimentos – efetuados pelos proprietários em troca de ações ou cotas – participação.
   b) Lucros – acumulados na empresa como fonte (adicional) de financiamento das atividades da
      entidade.
   Obs: inicialmente trataremos apenas dos Investimentos realizados pelos sócios. Os Lucros
   Acumulados serão estudados posteriormente no Capítulo 4.


2.5. Equação Fundamental do Patrimônio
       O BP é a representação quantitativa do patrimônio de uma empresa. Sabe-se que o
Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma entidade. Por isso que o balanço é
denominado Balanço Patrimonial.

                     PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - PASSIVO

       Já que na maioria das entidades o Ativo (Bens e Direitos) suplanta o Passivo (Obrigações), a
representação mais comum de seu patrimônio (BP) assume a forma:

                        ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
                    (LADO ESQUERDO)         (LADO DIREITO)

      Se o Passivo suplantar o Ativo, teremos o Passivo a Descoberto, ou o chamado Patrimônio
Líquido Negativo.

                   ATIVO + PASSIVO A DESCOBERTO = PASSIVO


2.6.    Configurações do estado patrimonial
      Uma balança de dois pratos em que se coloca no da esquerda o Ativo e no da direita o Passivo
poderá ilustrar o estado patrimonial. Se ambos tiverem valores iguais o equilíbrio estará
conseguido. Mas como normalmente o Ativo e Passivo apresentam valores diferentes, a balança
penderá, fatalmente, para um dos lados. O peso (valor) que for colocado apenas para a obtenção do
equilíbrio é o que se chama de Patrimônio Líquido e está do lado de menor valor.




                      Ativo                               Passivo e PL
(Lado Direito)
           (Lado Esquerdo)                                            P
                  A                                              Obrigações

                                  Ativo = Passivo
                                  Patrimônio Líquido = 0


                                                                (Lado Direito)
         (Lado Esquerdo)                                           P + PL
                A

                                  Ativo > Passivo
                                  Patrimônio Líquido > 0


         (lado Esquerdo)
                A                                               (Lado Direito)
           Bens e Direitos
                                                                      PL

                                Ativo = Patrimônio Líquido
                                Passivo = 0




          (Lado Esquerdo)                                         (Lado Direito)
              A + PL                                                    P


                                Ativo < Passivo
                                Patrimônio Líquido < 0
                                (situação de Passivo a Descoberto)



Após essas considerações passaremos a realizar algumas operações de uma empresa e preparar um
BP após cada operação e observaremos também a contínua igualdade entre os dois lados do
Balanço.
1ª Operação – Subscrição do Capital Social

       Algumas pessoas resolvem constituir uma empresa. Essa empresa será denominada
Eletrônica ET Ltda., com o capital subscrito e integralizado em dinheiro de R$4.000 (dividido em
40 cotas $100 cada uma). A empresa iniciou suas atividades em 15.jan.20x1, dedicando ao ramo de
prestação de serviços de consertos e reparos de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos.
       Após a subscrição e integralização do capital social, o BP ficou:

                                    Eletrônica ET Ltda.
                             Balanço Patrimonial em 15.01.20x1
                ATIVO                          PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                               4.000 Patrimônio Líquido
                                          Capital Subscrito                                4.000
Total                               4.000 Total                                            4.000

       A entidade recebe um Ativo (Caixa) no valor de R$4.000 e, em contrapartida, forma um
Patrimônio Líquido Inicial.
       O BP apresenta o seguinte aspecto em 31.01.20x1, data de integração do capital social. No
exemplo da “balança”, teríamos:

           (lado esquerdo)                                              (lado direito)
                                                                   Passivo = 0
          Ativo Caixa: 4.000                                       Patr.Líquido= Capital 4.000




2ª Operação – aquisição de um imóvel

       A empresa resolve adquirir em 10.01.20x1, pagando à vista, um imóvel de dois pavimentos
para abrigar suas instalações, por R$1.200.
       Com essa transação a empresa adquiriu um novo Ativo (Imóveis), em contrapartida viu seu
dinheiro (Caixa) diminuído no mesmo valor.
       Após essa transação imobiliária, o BP passou a se apresentar:

                                    Eletrônica ET Ltda.
                               Balanço Patrimonial em 15.01.20x1
                ATIVO                            PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                               2.800 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Imóveis                             1.200 Capital                                            4.000
Total                               4.000 Total                                              4.000
3ª Operação – Compra de materiais
       Para realizar suas atividades a empresa necessitará adquirir materiais, que serão estocados,
para posterior utilização, quando for prestar serviços aos seus clientes.
       Os materiais foram adquiridos em 05.02.20x1, de uma empresa, do mesmo ramo, em
processo de liquidação (baixa). Essa empresa, por estar encerrando suas atividades, os materiais
foram arrematados pelo valor de R$2.000, embora o valor de mercado desses materiais seja de
aproximadamente R$2.800.
       Na contabilidade os valores do ativo devem ser registrados pelo valor do seu custo de
aquisição não importando o valor de mercado do bem, se este for maior. Conseqüentemente esses
materiais, quando forem consumidos na prestação de serviços, serão considerados pelo valor de
aquisição constante na Nota Fiscal de compra.
       Assim, o material adquirido figurará no BP pelo preço de custo (compra) de R$2.000.
       Nenhum pagamento foi feito ao fornecedor, a compra foi realizada a prazo, o pagamento
deverá ser feito da seguinte forma: R$1.300 com 30 dias (a vencer em 05.03.20x1) e o restante dos
R$700 com 60 dias (a vencer em 05.05.20x1).
       Por essa transação a empresa adquiriu um novo Ativo (Materiais) e assumiu um Passivo,
uma obrigação de pagar (Fornecedores). Após isso, o BP ficou:

                                    Eletrônica ET Ltda.
                             Balanço Patrimonial em 05.02.20x1
                ATIVO                            PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                               2.800 PASSIVO
Imóveis                             1.200 Fornecedores                                     2.000
Estoque de Materiais                2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
                                          Capital                                          4.000
Total                               6.000 Total                                            6.000



4ª Operação – Compra de Veículo
        A Eletrônica ET Ltda, resolve adquirir um veículo para coletar e entregar os aparelhos
eletrônicos consertados de seus clientes.
        Comprou, então, em 20.02.20x1, da Mutuca Veículos Ltda, um fusquinha, à vista, por
R$200.
        Após essa nova transação, a empresa adquiriu um novo Ativo (Veículos) e seu dinheiro
(caixa) diminuiu no mesmo valor. O BP da empresa ficará agora:

                                    Eletrônica ET Ltda.
                              Balanço Patrimonial em 20.02.20x1
                ATIVO                          PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                              2.600 PASSIVO
Imóveis                            1.200 Fornecedores                       2.000
Estoque de Materiais               2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Veículos                             200 Capital                            4.000
Total                              6.000 Total                              6.000
5ª Operação – Venda de parte do Imóvel

       Os administradores da empresa, verificando que o prédio adquirido para o funcionamento da
entidade estava superdimensionado, resolveram vender o pavimento superior para o Sr. Silva, em
23.02.20x1, por R$600.
       Para formalizar a transação, foi assinados um contrato de compra e venda, e o Sr Silva
emitiu duas Notas Promissórias para representar o direito da empresa receber os R$600, a saber:
R$400 em 10.03.20x1 e o restante – R$200 – em 10.04.20x1.
       Esses direitos são denominados de Títulos a Receber. Essa operação ocasionou redução no
Ativo Imóveis e o BP ficou:

                                   Eletrônica ET Ltda.
                            Balanço Patrimonial em 23.02.20x1
                ATIVO                             PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                             2.600   PASSIVO
Imóveis                             600   Fornecedores                                  2.000
Estoque de Materiais              2.000   PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Veículos                            200   Capital                                       4.000
Títulos a receber                   600
Total                             6.000   Total                                         6.000



6ª Operação – Pagamento de Obrigação (dívida)

       Em 05.03.20x1, a Eletrônica ET Ltda. pagou a parcela de R$1.300 relativa à sua dívida
assumida com o fornecedor dos materiais adquiridos em 05/02. Esta operação diminuiu o Passivo
(Fornecedores) e também o dinheiro disponível (Caixa). Em decorrência dessa operação o BP ficou:

                                   Eletrônica ET Ltda.
                            Balanço Patrimonial em 05.03.20x1
                                                                                   Em R$ mil
                ATIVO                             PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                             1.300   PASSIVO
Imóveis                             600   Fornecedores                                    700
Estoque de Materiais              2.000   PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Veículos                            200   Capital                                       4.000
Títulos a receber                   600
Total                             4.700   Total                                         4.700
7ª Operação – Recebimento de Direito

       Em 10.03.20x1, foram recebidos $400 do Sr. Silva. Esse fato contribuiu para aumentar o
dinheiro em Caixa (Ativo) e diminuir os Títulos a Receber (Ativo). Depois de realizada a operação
o BP fica:

                                    Eletrônica ET Ltda.
                             Balanço Patrimonial em 10.03.20x1
                ATIVO                               PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Caixa                               1.700   PASSIVO
Imóveis                               600   Fornecedores                                        700
Estoque de Materiais                2.000   PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Veículos                              200   Capital                                            4.000
Títulos a receber                     200
Total                               4.700   Total                                              4.700


2.7.    Representação Gráfica dos Estados Patrimoniais

       Como já foi visto o Patrimônio Líquido (PL) é a diferença algébrica entre o Ativo (A) e o
Passivo (P).
       Não tem sentido se falar em Ativo ou Passivo negativo. Assim, os elementos patrimoniais
poderão assumir os seguintes valores:

  A ≥0                      P ≥0                      PL > ou ≤ 0

     Com base na equação do balanço (A – P = PL) pode, então, concluir que, em dado
momento, o patrimônio assume um do cinco estados:


1º) Quando A > P             teremos PL > 0
       A = P + PL

    A        P $80      Revela a existência de riqueza própria
   $100     PL $20


2º) Quando A > P e P = 0, teremos PL > 0

        A = PL

    A         PL        Revela inexistência de dívidas (Passivo); logo, propriedade plena de Ativo.
   $100      $100


3º) Quando A = P, teremos PL = 0

       A = P
  A          P         Revela inexistência de riqueza própria. O Ativo se iguala ao Passivo.
 $100       $100
4º) Quando P > A, teremos PL < 0.

   A + PL = P

  A $100                   Revela má situação, existência de “Passivo a Descoberto”.
               P $80       Denominação tecnicamente mais correta que “PL negativo”
 PL ($20)


5º Quando P > A e A = 0, teremos PL < 0·.

       PL = P

                         Revela inexistência de Ativo, inexistência de bens e/ou direitos. Apenas
    PL          P        dívidas (obrigações).
   ($20)       $20

        As situações mais comumente encontradas nas empresas em atividade são as de nº 1 e 4. As
demais poderão ser verificadas em situações especiais ou apenas momentaneamente.
        Entretanto, outros enfocam o mesmo assunto – estados patrimoniais – sob outros pontos de
vista, como poderá ser visto adiante.



2.8.    Situação Líquida (outra classificação)

       Em muitos livros de Contabilidade, apenas três situações (chamadas de Situações Líquidas)
são apontadas:

1a SITUAÇÃO:     ATIVO > PASSIVO

       Nesse caso, os bens e direitos - valores positivos - são maiores que as obrigações, valores
negativos, resultando uma SITUAÇÃO LÍQUIDA ATIVA (SLa) também denominada POSITIVA,
SUPERAVITÁRIA ou FAVORÁVEL.

        Graficamente:
                ATIVO                        PASSIVO                        SITUAÇÃO
                 BENS                       OBRIGAÇÕES                      LÍQUIDA
                     E                                                      ATIVA,
                                                                            POSITIVA OU
               DIREITOS
                                                                            ATIVO LÍQUIDO


2a SITUAÇÃO:     ATIVO = PASSIVO
     Os bens e direitos são suficientes apenas para honrar as obrigações. A SITUAÇÃO
LÍQUIDA é NULA ou COMPENSADA.

                ATIVO                         PASSIVO
                 BENS
                  E                         OBRIGAÇÕES
               DIREITOS
3a SITUAÇÃO:     ATIVO < PASSIVO
       Teríamos insuficiência de bens e direitos para o pagamento das obrigações. A diferença entre
o passivo e o ativo é denominada SITUAÇÃO LÍQUIDA PASSIVA (SLp) também denominada
NEGATIVA, DEFICITÁRIA ou DESFAVORÁVEL.
       O excesso de elementos negativos quando relacionados com os positivos, demonstra um
PASSIVO A DESCOBERTO.

       ATIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA PASSIVA = PASSIVA

       Ou graficamente:
                                         ATIVO                    PASSIVO
                                          BENS
                                           E                    OBRIGAÇÕES
   SITUAÇÃO LÍQUIDA
                                        DIREITOS
   PASSIVA, NEGATIVA
   OU PASSIVO A
   DESCOBERTO



2.9.   Conceituação: as várias configurações do capital

       Na contabilidade, podemos considerar quatro conceitos de capital:

1º Capital nominal – O investimento inicial feito pelos proprietários de uma empresa é registrado
pela contabilidade numa conta denominada Capital. Esse patrimônio Líquido inicial da empresa, e
só é alterado quando os sócios aumentarem ou diminuírem o capital. Estas variações no capital
nominal deverão ser registradas (na Junta Comercial – no caso de sociedades empresárias ou no
cartório - no caso das sociedades simples) por alterações no Contrato Social da empresa.
        O Patrimônio Líquido é alterado pelos lucros (ou prejuízos) apurados nos Balanços. Por isso
o Capital Nominal (registrado) raramente coincidirá com o valor do Patrimônio Líquido.
        No exemplo a seguir demonstrado, temos uma sociedade constituída por quatro sócios, com
o capital integralizado de R$800.000. Essa situação, como já visto, é representada da seguinte
forma:

              CAIXA (dinheiro) 800.000 A CAPITAL                       800.000 PL



2º Capital Próprio – corresponde ao conceito de Patrimônio Líquido, isto é, abrange todo o PL.
Por exemplo: após um determinado período de tempo a empresa obteve um lucro de R$10.000
provenientes de suas operações normais. O capital próprio da empresa aumentou para R$810.000
(Capital + Lucro). Todavia o Capital nominal (registrado) será mantido pela contabilidade:

       CAIXA (dinheiro)             800.000         CAPITAL                800.000
       TÍTULOS A RECEBER            390.000         LUCRO                   10.000
                                    810.000                                810.000
3º Capital de Terceiros – são os investimentos feitos na empresa com recursos provenientes de
terceiros: fornecedores, bancos, etc. Por exemplo: se a empresa comprar, a prazo, móveis para
escritório no valor de R$10.000, teremos:

      CAIXA (dinheiro)            800.000          CONTAS A PAGAR            10.000
      TÍTULOS A RECEBER           390.000
                                                   CAPITAL                  800.000
      MÓVEIS E UTENSÍLIOS          10.000          LUCRO                     10.000
                                  820.000                                   820.000

O Capital de Terceiros, nesse caso, está representado pelo saldo do Contas a Pagar, que por sua vez
representa o Passivo da entidade.


4º Capital Total à Disposição da Empresa – em sentido amplo, pode-se conceituar o capital como
o conjunto de valores disponíveis pela empresa em um determinado momento. No nosso exemplo
seria:


              CREDORES + CAPITAL + LUCROS = $820.000 = ( P + PL)

                                 QUADRO - RESUMO
                   ATIVO                   PASSIVO e PATR. LÍQUIDO
           (Aplicações de Recursos)              (Fontes de Recursos)
                                        (1) Passivo = Capitais de Terceiros
          • Bens                        (2) Patr. Líquido = Capital Próprio
          • Direitos                       (2.1) Capital = Capital Nominal
                                           (2.2) Lucros e Reservas = Variações
                                     Capital Total à Disposição
                                     (Recursos Totais) = (1) + (2)



Ou:




                                                                                $$$$$$$$
                 Ativo                       P e PL (origens)                      $$$
                                                                                    $
                                                De terceiros              $$$$$$$$ $
       Aplicações              $$$$$$$$          e próprio
EXERCÍCIOS
1- Uma empresa comercial realizou, em ordem cronológica, as seguintes transações no
      mês de Janeiro de 20x1.

02/jan – Integralização do capital pelos sócios, em dinheiro – R$ 12.000.

04/jan – compra de um imóvel da Cia A, por R$5.000, com pagamento de R$2.500 à vista e o
restante a prazo.

05/jan – compra à vista de instalações (divisórias, cortinas, etc) por R$2.000.

15/jan – Compra de equipamentos a prazo, de M&Cia. por R$4.000.

18/jan – Obtenção de empréstimos de R$10.000, do banco Alfa.

23/jan – Pagamento de R$1.000, a M&Cia, referente parte da dívida da compra em 15/01.

26/jan – Investimento de mais R$5.000 - referente aumento de capital pelos sócios.

30/01 – compra à vista de mercadorias para revenda, no valor de R$8.500.

PEDE-SE: Levantar um balanço da Empresa após cada operação:

a)dia 2/jan                                                                 Valores em R$mil



b)dia 4/jan




c)dia 05/jan




d)dia 15/01




e)dia 18/jan
f) dia 23/jan




g) dia 26/jan




h) dia 30/01




2.   Identifique as operações que dão origem às situações apresentadas a seguir:
a)____________________________________________________________________________

CAIXA                            12.000 CAPITAL                           24.000
ESTOQUE DE MATERIAIS             12.000
                                 24.000                                   24.000

b)____________________________________________________________________________

CAIXA                            12.000 CONTAS A PAGAR      Cia .A         6.000
ESTOQUE DE MATERIAIS             12.000 CAPITAL                           24.000
MÓVEIS E UTENSÍLIOS               6.000
                                 30.000                                   30.000

c) _____________________________________________________________________________

CAIXA                            14.000 CONTAS A PAGAR Cia .A.             6.000
ESTOQUE DE MATERIAIS             12.000 CAPITAL                           26.000
MÓVEIS E UTENSÍLIOS               6.000
                                 32.000                                   32.000

d)____________________________________________________________________________

CAIXA                            13.000 CONTAS A PAGAR – Cia A             6.000
ESTOQUE DE MATERIAIS             12.000 CAPITAL                           26.000
MÓVEIS E UTENSÍLIOS               6.000
VEÍCULOS                          1.000
                                 32.000                                   32.000
e)____________________________________________________________________________

CAIXA                             10.000 CONTAS A PAGAR – Cia A             3.000
ESTOQUE DE MATERIAIS              12.000 CAPITAL                           26.000
MÓVEIS E UTENSÍLIOS                 6.000
VEÍCULOS                            1.000
                                   29.000                                  29.000
f)____________________________________________________________________________

CAIXA                                     5.000 CONTAS A PAGAR – Cia A                      3.000
ESTOQUE DE MATERIAIS                     12.000 CONTAS A PAGAR – Cia B                      5.000
MÓVEIS E UTENSÍLIOS                       6.000 CAPITAL                                    26.000
VEÍCULOS                                  1.000
EQUIPAMENTOS                             10.000
                                         34.000                                            29.000

3.   Procedimentos Contábeis Básicos Segundo o Método das Partidas Dobradas

3.1. Contas
        No Capítulo 2 preparava-se um balanço após a ocorrência de cada operação na empresa.
Essa metodologia foi utilizada para demonstrar a contínua igualdade da Equação Patrimonial
(A=P+PL) e explicar os efeitos dos eventos sobre os elementos do patrimônio.
        Na prática isso não corre, pois o volume de operações: de compras, vendas, pagamentos,
recebimentos, etc., é muito grande e fica inviável se preparar um balanço após cada operação
realizada. Por outro lado, os usuários interessados nos balanços, como administradores, sócios,
governo, etc., necessitam apenas de balanços periódicos (mensais, trimestrais ou anuais) que são
preparados com base nos dados fornecidos pelos registros das operações – escrituração contábil.
        Como já foi visto, as operações provocam variações no patrimônio – aumentos ou
diminuições no Ativo, no Passivo no Patrimônio Líquido. Essas variações – aumentos e
diminuições – são registradas em contas. Cada elemento patrimonial: caixa, mercadorias, veículos,
contas a pagar, capital, etc., é controlado individualmente em uma conta. Vide abaixo um modelo
de conta:

     TÍTULO DA CONTA:                                                      Código:
     DATA               OPERAÇÕES                   DÉBITO       CRÉDITO        SALDO      D/C




3.2. Razão
     Antigamente as contas eram registradas nas páginas de um livro chamado Razão, também
conhecido como contas correntes. Há algum tempo atrás, nos anos 70 e até o final dos anos 80 a
maioria das empresas e escritórios de contabilidade passou a adotar o Razão – registro das contas –
em forma de folhas ou fichas soltas.
     Atualmente as variações das contas estão na memória do computador. Os registros são feitos
por meio de softwares contábeis que controlam a situação das contas. No entanto, em seu conjunto,
mantidas em forma de livro, de arquivo de fichas ou arquivo eletrônico, continuam com a mesma
denominação, Razão. O importante é que se mantenha o histórico da movimentação de cada conta
que compõem o patrimônio da empresa (Ativo, Passivo ou PL).
     É um livro obrigatório por lei e cada elemento do Ativo, do Passivo ou do PL, é controlado
numa conta em separado e com denominação própria.
Cada conta do patrimônio receberá o nome que melhor caracterize os elementos que
representa (controla), exemplos:
    • O conjunto de bens formado por mesas, cadeiras, calculadoras, armários etc. poderiam ser
       registrados em uma única conta, denominada Móveis e Utensílios.
    • O conjunto de diversos tributos a pagar: IPTU, Alvará, Taxa Sanitária a pagar etc, poderia
       ser agrupada em uma única conta: Tributos Municipais a Pagar.
    • Diversos valores a receber ou a pagar, sem a necessidade de representação isolada, poderiam
       ser registrados nas contas: Valores ou Contas a receber (do Ativo) ou Valores ou Contas a
       Pagar (do Passivo).
    • Um grupo de pequenas despesas, sem necessidade de discriminação, por apresentarem um
       valor muito pequeno em relação ao total das despesas, receberia o nome de Despesas Gerais
       ou Despesas Diversas.

       A prática atual, nos softwares contábeis existentes, é a codificação ou numeração das contas,
   de forma racional e bem planificada, conforme demonstrado abaixo:

                           CONTAS                    CÓDIGO
                   Ativo
                   Caixa                                101
                   Contas a Receber                     102
                   Estoques                             105
                   Móveis e Utensílios                  121
                   Terrenos                             125
                   Veículos                             131
                   Passivo
                   Contas a Pagar                       201
                   Impostos a Pagar                     221
                   Fornecedores                         231

                   Patrimônio Líquido
                   Capital                              501
                   Lucros Acumulados                    521




3.2.1. Razonetes

        Uma simplificação da representação gráfica da conta, muito utilizada para simplificar as
ilustrações, explicações e resoluções de problemas, que também utilizaremos em nosso trabalho é a
denominada Conta em T ou Razonete. Sua forma gráfica é seguinte:
3.3. Débito e Crédito
      Em contabilidade, os termos débito e crédito são convenções contábeis. Não significam algo
favorável ou desfavorável. Os leigos em contabilidade costumam associar esses termos – débito e
crédito – a valores a receber ou a pagar e até a significados de coisas boas e ruins no patrimônio da
empresa.
      Em verdade, débito e crédito são simplesmente convenções contábeis, com uma função
específica em cada conta, como veremos a seguir.
      A diferença entre o total de débitos e o total de créditos feitos em uma conta, em determinado
período, é denominada saldo. Se o valor dos débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá
um saldo devedor. Se acontecer o contrário, a conta terá um saldo credor.

               Titulo da Conta                                     Titulo da Conta
        Débito                Crédito                        Débito               Crédito


         Lado                     Lado                       Lado                     Lado
       esquerdo                  direito                   esquerdo                  direito




3.4. Lançamentos a Débito e a Crédito das Contas
      Como já foi visto, as operações provocam aumentos e diminuições do Ativo, do Passivo de do
Patrimônio Líquido.
      As contas possuem dois lados – esquerdo e direito -, assim, os aumentos podem ser
registrados de um lado e as diminuições de outro. A natureza da conta é que irá determinar o lado
a ser utilizado para os aumentos e o lado para as diminuições, como pode ser visto a seguir.

3.5. Contas do Ativo
      Os elementos do Ativo ficam do lado esquerdo do Balanço. Por isso, todas as contas do Ativo
(Bens e Direitos) sempre devem apresentar saldos devedores, isto é, no lado esquerdo.
      Deve-se observar que uma empresa possui ou não possui bens e direitos. Não existem bens
negativos e tampouco direitos negativos; portanto as contas do Ativo possuem saldo devedor ou
nulo. Para que uma conta do Ativo (Bens e Direitos) tenha saldo devedor, é necessário que as
variações (aumentos e diminuições) nela ocorridas sejam registrados da seguinte forma:

                                   Qualquer Conta do Ativo
                                   Débito              Crédito
                                    $                     $
                                 Aumentos            Diminuições
3.6. Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido
Do Passivo: As contas do Passivo aparecem sempre no lado direito do Balanço, por isso ocorre,
com elas, o inverso do que acontece com o Ativo. Com efeito, os aumentos e as diminuições do
Passivo (obrigações) devem ser registrados da seguinte forma:

                                Qualquer Conta do Passivo
                                 Débito              Crédito
                                   $                   $
                              Diminuições           Aumentos

Do Patrimônio Líquido: O PL também fica do lado direito do Balanço, e o critério é o mesmo do
Passivo. O funcionamento do sistema de débito e crédito será idêntico ao do Passivo, ou seja:

                         Qualquer Conta do Patrimônio Líquido
                              Débito                    Crédito
                                $                        $
                           Diminuições                Aumentos
      O Patrimônio Líquido poderá ser negativo (saldo devedor); quando isso ocorrer, ele
permanecerá do lado direito do Balanço, juntamente com o Passivo, subtraindo do seu total.
       Com efeito, qualquer aumento no Patrimônio Líquido será regido por Crédito, e qualquer
diminuição, por débito. VIDE QUADRO ACIMA.

      Obs. (a) Uma empresa possui ou não possui Passivo (dívidas, obrigações); não existem,
      portanto, dívidas negativas.
           (b) O Patrimônio Líquido (Ativo – Passivo), entretanto, pode ser maior, igual ou menor
       que zero. Ou seja, pode ser positivo, nulo ou negativo.


3.7. Resumo do Mecanismo de Débito e Crédito
     Em suma, considerando o mecanismo acima, podemos concluir que:



                                        Efetua-se um lançamento a
                 Contas
                                          Débito                 Crédito
                    de                     para                   para
         Ativo                           Aumentar                Diminuir
         Passivo                         Diminuir               Aumentar
         Patrimônio Líquido              Diminuir               Aumentar
REGRAS GERAIS:
  Todo aumento de Ativo (lança-se no lado esquerdo do razonete): debita-se.
  Toda diminuição de Ativo (lança-se no lado direito do razonete): credita-se.
  Todo aumento de Passivo e PL (lança-se no lado direito do razonete): credita-se.
  Toda diminuição de Passivo e PL (lança-se no lado esquerdo do razonete): debita-se.




                 ATIVO                                    PASSIVO e PL
            +                 (-)                      (-)               +
   +                                                                                  +
   +     Aumenta           Diminui                  Diminui           Aumenta         +
   +                                                                                  +
   +                                                                                  +
   +                                                                                  +
   +           DÉBITO                                        CRÉDITO                  +




3.8. Método das Partidas Dobradas (Double-Entry System)
       A essência do método, de prática internacional, tem um princípio fundamental: "Não há
devedor sem credor e vice-versa”.
        Equivale a dizer: para cada registro ou soma de registros a débito, haverá um registro ou
soma de registros a crédito, de igual valor.
       A digrafia é princípio básico de escrituração contábil no mundo todo. Baseando-se nesse
princípio, não se pode registrar um valor a débito de uma conta, sem que se registre o mesmo valor
a crédito de outra conta.
       Pelo princípio da digrafia – ou das partidas dobradas - em qualquer momento que se elabore
um balanço patrimonial, há que se igualarem, em total, os saldos das contas do ativo, de um lado, e
do passivo e patrimônio líquido, de outro.
       A aplicação do princípio das partidas dobradas indicará, pelo confronto entre saldos, inicial e
final, de cada conta do sistema patrimonial, uma variação aumentativa ou diminutiva, conforme o
caso.
        Decorrentes desse princípio fundamental destacam-se alguns axiomas:
    • A soma dos débitos é sempre igual dos créditos;
    • A soma de todos os saldos devedores é sempre igual a soma dos saldos credores;
    • A soma do ativo, constituído de contas de natureza devedora e representativa de aplicações de
        recursos é sempre igual à soma do passivo, constituído de contas de natureza credora e
        representativa da origem de recursos, próprios e de terceiros.

    O método, utilizado há mais de cinco séculos, nada mais é do que uma equação matemática de
igualdade associada a uma lógica - para todo recurso tem que existir uma fonte. A contabilidade usa
as partidas dobradas, representadas por débitos e créditos de mesmo valor, para indicar a conta onde
foi feita a aplicação do recurso e para creditar a conta que representou a origem. Concluiu-se que,
para todo débito, teremos um ou mais créditos ou vice-versa. Se o "Balanço não bate" é porque uma
das partidas não foi feita, está defeituosa ou a soma não confere. O modelo contábil de partidas
dobradas impõe que deva existir sempre uma precisão matemática nas suas informações.
Partidas Dobradas
                                ATIVO                               =         PASSIVO
                                                                              (+PL)
                                                                                 =
                                       =
                                APLICAÇÃO                           =         ORIGEM

                                       =                                               =
                                DÉBITO                            =           CRÉDITO
3.9. Exemplos de Registro de Operações no Razão
     Objetivando ilustrar a função do débito e do crédito nas contas, realizaremos, a seguir,
algumas operações em uma empresa. O foco será dado na verificação de quais seriam os
lançamentos necessários para o registro das variações – aumentos e diminuições -.
Para simplificar a demonstração serão usados os razonetes, nos quais serão colocados apenas os
valores, a débito ou a crédito. Para auxiliar na identificação dos lançamentos, o débito e o crédito de
cada operação terão a mesma numeração, entre parênteses, conforme figura abaixo:

    D           XXXX            C                               D           YYY             C


                       vvvv                                         vvvv




1. Algumas pessoas resolveram, em 20.07.20x1, constituir uma empresa comercial, com o Capital
  de R$17.000, totalmente integralizado em dinheiro, no ato, dividido em 1700 cotas de R$10,00
  cada. Com a entrada do dinheiro para a sociedade (empresa), o Ativo CAIXA foi aumentado
  (debita-se CAIXA), e o Patrimônio Líquido também foi aumentado (credita-se CAPITAL).
2.

                      CAIXA                                              CAPITAL
            (1) 17.000                                                        17.000 (1)

Se a operação anterior fosse representada em contas reais e não em razonetes simplificados, essa
operação seria registrada da seguinte forma:

      Conta: CAIXA                                                             Código: 101
      DATA                   OPERAÇÕES                  DÉBITO      CRÉDITO        SALDO D/C
     20.07.x1 Rec. ref. Integralização Capital - 501   17 000 00                 17 000 00 D



     Conta: CAPITAL                                                             Código: 501
     DATA                    OPERAÇÕES                 DÉBITO       CRÉDITO        SALDO D/C
     20.07.x1 Rec. ref. Integralização Capital - 101                17 000 00    17 000 00 C



Obs: Ativo, se existe, tem saldo devedor. Logo, ao surgir dinheiro onde não havia nada, há que se
debitar o Caixa. Em contrapartida, o PL, que está do lado direito do Balanço tem saldo Credor, ao
passar de zero para o valor positivo de R$17.000, provoca um Crédito na Conta Capital.

2.Compra de Terrenos – A empresa, pretendendo construir um prédio para suas instalações
comerciais, adquire dois lotes de terrenos contíguos, em 22.07, por R$3.100 cada um, pagando à
vista. Dessa operação resulta:
           • o Ativo Terrenos foi aumentado – debita-se Terrenos.
           • o Ativo Caixa foi diminuído – credita-se Caixa.

                     TERRENOS                                           CAIXA
                                                              (1)   17.000
            (2) 6.200                                                       6.200       (2)
                                                              Saldo=10.800

3.Venda de Terrenos – Os administradores da empresa resolvem vender um dos lotes ao Sr. Silva,
em 27.07, por R$3.100, ou seja, pelo preço de custo. Não houve recebimento nessa data, a venda foi
a prazo, porém a empresa adquiriu o direito de cobrar R$3.100 do Sr. Silva, quando vencer o prazo
do contrato de compra e venda. Conseqüentemente:
       • O Ativo Terrenos foi diminuído – credita-se Terrenos
       • O ativo ficou aumentado pelo surgimento de um direito – debita-se Títulos a Receber.

                   TERRENOS                                      TÍTULOS A RECEBER
            (2)    6.200
                         3.100 (3)                            (3)      3.100
            Saldo= 3.100

4. Compra de Materiais – em 28.07, foram adquiridas, a prazo, diversos materiais no valor total de
R$7.800. Como resultado, teremos:
    • Um novo Ativo – Materiais – foi adquirido – debita-se Estoques
    • Foi assumida uma obrigação a pagar – credita-se Contas a Pagar

                     ESTOQUES                                       CONTAS A PAGAR
            (4)     7.800                                                    17.000 (4)
5. Compra de Móveis e Utensílios – No mesmo dia, foram adquiridos, também a prazo, duas
mesas, quatro cadeira e um computador, pelo valor total de R$5.000. Todos os elementos podem ser
agrupados e representados por uma única conta do Ativo – Móveis, Utensílios e Equipamentos.
Assim:
       • Um novo Ativo foi adquirido – debita-se Móveis, utensílios e Equipamentos.
       • O Passivo Contas a Pagar foi aumentado – credita-se Contas a Pagar

          MÓV. UTENS. E EQUIPS.                                    CONTAS A PAGAR
                                                                                6.200 (4)
          (5)    5.000                                                          5.000 (5)
                                                                               12.800=Saldo
6. Em 30.07, a empresa recebeu do Sr. Silva R$2.200 – referente parte de sua dívida -. Após esse
fato, temos:
        • O Ativo Caixa foi aumentado – debita-se Caixa.
        • O Ativo Títulos a Receber foi diminuido – credita-se Títulos à Receber.

                    CAIXA                                         TÍTULOS A RECEBER
          (1)    17.000 6.200        (2)                        (3)   3.100
          (6)     2.200                                                     2.200 (6)
          Saldo= 13.000                                         Saldo= 900


7. Foi pago, em 31.07, parte da dívida referente à compra do dia 28.07, o valor pago foi de R$7.000.
Esse fato provocou uma nova alteração:
        • O Passivo Contas a Pagar foi diminuído – debita-se Contas a Pagar.
        • O Ativo Caixa foi diminuído – credita-se Caixa.

                   CAIXA                                            CONTAS A PAGAR
          (1)   17.000 6.200         (2)                                    7.800  (4)
          (6)    2.200                                                      5.000  (5)
                       7.000         (7)                        (7)   7.000
          Saldo= 6.000                                          Saldo= 900


Obs. As contas Títulos a Receber (do Ativo) e Contas a Pagar (do Passivo) e outras do mesmo tipo
podem abrigar diversos devedores ou credores. Os saldos dessas contas representação, dessa forma,
o total de débitos e créditos que a empresa mantêm com outros patrimônios (terceiros). Essas contas
(coletivas) podem ser desdobradas em diversas subcontas, quando for necessário o controle
individualizado de cada devedor ou credor da empresa. Atualmente, os softwares contábeis podem
controlar centenas de milhares de clientes, fornecedores e até dos itens existentes nos estoques de
forma individualizada – como no caso dos bancos e das empresas comerciais atacadistas com os
seus milhares de clientes e dos hipermercados com seus milhares de itens em estoque.
Esquema ilustrativo de débito e crédito:


                                           DÉBITO



                                                          PATRIMÔNIO
                    ATIVO                  PASSIVO
                                                            LÍQUIDO



                   Aumento                 Diminuição      Diminuição
                   do valor                 do valor        do valor



                   Aplicação                Aplicação       Aplicação
                  de recursos              de recursos     de recursos




                                           CRÉDITO



                                                          PATRIMÔNIO
                    ATIVO                   PASSIVO
                                                            LÍQUIDO



                  Diminuição                 Aumento         Aumento
                   do valor                  do valor        do valor



                    Origem                    Origem          Origem
                  de recursos               de recursos     de recursos
3.10. Diário
      É o livro no qual são registrados todos os lançamentos que compôem a contabilidade da
empresa, em ordem cronológica e com certas formalidades.
      As Formalidades extrínsecas (ou externas) do Livro Diário são: estar encadernado em folhas
numeradas tipograficamente, conter termo de abertura e encerramento, e estar registrado na Junta
Comercial.
      As Formalides intrínsecas (ou internas): Escriturado sem rasuras, sem emendas, raspaduras
ou borrões, sem linhas em branco, sem escritos nas entrelinhas ou às margens; os registros devem
obedecer a ordem cronológica de dia, mês e ano, segundo um método uniforme de contabilidade –
método das partidas dobradas - e em idioma e moeda nacional.
      Antigamente o livro diário era manuscrito. Depois, passou a ser escriturado mecanicamente
em folhas soltas, para, em seguida, serem copiadas em livro numerado e encadernado.
      Atualmente os lançamentos são digitados no computador e através do processamento
eletrônico das contas são emitidos o Livro Diário e o Razão em folhas impressas, para,
posteriormente, serem encadernadados e registrados.


3.11. Partidas de Diário (lançamentos)

      O registro de uma operação no livro Diário denomina-se partida de Diário.
      O metodo usado internacionalmente em todos os sistemas contábeis é o Método das Partidas
Dobradas.
       A expressão partidas dobradas não quer dizer duplicidade ou repetição do mesmo registro.
Como já foi visto nos exemples anteriores, sempre que ocorria um fato, dois ou mais elementos do
patrimônio eram alterados equivalentemente – e concomitantemente – permitindo equilíbrio
constante e, em obediência à fórmula:

                     ATIVO     =   PASSIVO     +   PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Os requisitos necessários de uma partida de diário são os seguintes:
1.   data da operação – dia, mês e ano.
2.   conta a der debitada
3.   conta a ser creditada
4.   histórico da operação (descrição suscinta do evento e dos documentos suporte da operação)
5.   valor da operação (em moeda nacional).

Obs. Muitos autores mencionam os requisitos acima como: Os cinco elementos do lançamento.
      Exemplo de uma partida de Diário (lançamento manual):

        Varginha-MG, 03 de Agosto de 20x3.
      D - Estoque de Mercadorias (105)
      C – Caixa (101)
              Pago a Cia ET Ltda., conforme N.Fiscal nº00243                         3.400,00


        Esse mesmo lançamento, se realizado por CPD (computador), poderia ser planilhado – para
digitação - da seguinte forma:

 DATA       CONTA        CONTA               HISTÓRICO                        VALOR
 20x 3    DEVEDORA      CREDORA
03/08         105          101      pg. NF.00243, Cia . ET Ltda              3 400     00
Observe-se que os cinco elementos do lançamento (ou requisitos da partida de Diário), de 1
a 5, seguem rigorosamente a ordem indicada: (1) data da operação, observando-se rigorosamente a
ordem cronológica da sucessão dos fatos registrados, (2) e (3) o título das contas devedora e credora
– no CPD o plano de contas já deverá estar cadastrado -, (4) o histórico – descrição sumária do fato
– que mencione o evento e as principais características da documentação comprobatória e (5) o
valor – em moeda nacional.

Obs: Quando a escrituração é manual, a conta debitada é colocada em primeiro lugar e a conta
creditada logo abaixo e precedida da preposição a.
        No século XV, início da fase científica da contabilidade, o Frei Luca Paciolo expôs em seu
Tratado sobre Contabilidade e Escrituração – “Tratactus de Computis et Scripturis”, publicado em
1494, a terminologia adotada no método das partidas dobradas era a seguinte:
    • “Per”, mediante o qual se reconhece o devedor;
    • “A”, pelo qual se reconhece o credor.
        Da mesma forma que se faz hoje, a metodologia daquela época era a de se debitar a
aplicação e se creditar a origem do recurso, ou seja, no exemplo acima, o Ativo Estoque deve ao
Ativo Caixa, ou seja: Estoque deve “a” Caixa, o estoque é o devedor e o caixa é o credor do
recurso. Nesse sentido, o Estoque (onde foi aplicado o recurso) deve ao Caixa (que forneceu o
recurso).
        Pouco tempo depois, De Granges, francês, criou o célebre axioma: “Debita-se aquilo que se
recebe e credita-se aquilo que se dá” (Debiter celui qui reçoit et crediter celui qui donne).
        Goethe (1949, p. 39) deixou escrito no seu livro “Wilbelm Meisters Lebrjabre”, que a
partida dobrada era uma das mais belas invenções do espírito humano.(“eine der schonsten
Erfindugen des menschlichen geistes”)1.
        No Brasil, apenas com a chegada do Príncipe Regente D.João VI, com vistas à necessidade
de assegurar à administração maior rigor e segurança, oficializou-se a adoção da escrituração pelo
método das partidas dobradas:
            “Para que o método de escrituração de minha real Fazenda não fique arbitrário e
            sujeito à maneira de pensar de cada um dos Contadores-Gerais, que sou servido criar
            para o Erário: Ordeno que a escrituração seja mercantil por partidas dobradas, por ser
            a única seguida pelas nações mais civilizadas. Assim pela sua brevidade para maneio
            das grandes somas, como por ser a mais clara e a que menos lugar dá a erros e
            subterfúgios, onde se esconda a malícia e a fraude de prevaricadores”.
        Atualmente, no mundo financeiro globalizado, apenas a indicação das letras “D” e “C”
determinam os lançamentos a débito e a crédito nas contas. Outra convenção internacionalmente
aceita, há mais de 500 anos é a de que o Débito sempre vem à esqueda ou acima do Crédito




1
 GOETHE, W. (1949). Wilbelm Meisters Lebrjafre. Ed. Zurique. Apud. CASSANDRO, Paolo Emilio.
Betriebswirtschaftslehre e Economia Aziendal. In Revista Paulista de Contabilidade nº 448/1976.
3.11.1. Fórmulas de Lançamento

       Segundo a quantidade de contas debitadas e creditadas utilizadas para o registro do fato,
existem quatro fórmulas de lançamento no Livro Diário:

LANÇAMENTOS DE 1a FÓRMULA: UM DÉBITO X UM CRÉDITO

             DÉBITO                                             CRÉDITO

       Os modelos do lançamento contábil de 1a fórmula:

                                          Local, data
              Conta debitada
              a Conta creditada
         Histórico                                                            Valor
Ou:

                               Local, data
             D - Conta debitada
             C - Conta creditada
        Histórico                                                     Valor


Ou, ainda:

                                          Local, data

             Conta debitada                Valor a débito
             Conta creditada                                       Valor a crédito

                   Histórico


        Os modelos apresentados são bastante usuais. Deve-se observar que a partícula "a" é um
identificador da(s) conta(s) que é (são) creditada(s).
        No terceiro modelo as colunas representam: à esquerda a coluna de débitos e à direita, a de
créditos. O posicionamento das contas também é convencionado.
        No quadro abaixo é dado um exemplo de depósito bancário e uma compra a prazo:

                                                         Varginha-MG, 06 de janeiro de 20x1
      BANCOS C/ MOVIMENTO
          Banco do Brasil S/A
      a CAIXA
             Vlr. dep.conf. rec. 123.345.......................................10.000,00

ou uma compra de mesas e cadeiras, para uso, a prazo, mediante duplicatas:

                                                   Varginha-MG, 15 de fevereiro de 20x1.
      D - MÓVEIS E UTENSÍLIOS
      C - DUPLICATAS A PAGAR
           Fornecedor "X"
           Vlr. s/ N.F. 1515 ...........................................……..20.000,00
LANÇAMENTOS DE 2a FÓRMULA: UM DÉBITO X MAIS DE UM CRÉDITO
                                           CRÉDITO


               DÉBITO

                                        DÉBITO
      Modelo do lançamento contábil de 2a fórmula:



                                             Local, data
            Conta debitada
          a Diversos
          a Conta creditada − 1
              Histórico − 1                     Valor crédito − 1
          a Conta creditada − 2
              Histórico − 2                     Valor crédito − 2         Total de débito




      Ou:


                                             Local, data

               D – Conta debitada
                     Histórico débito                            valor débito
               C – Diversos
               C – Contas creditada – 1
                     Histórico crédito – 1                       valor crédito – 1
               C – Conta creditada – 2
                     Histórico crédito – 2                        valor crédito – 2



        Existem, como visto acima, variantes no modelo de 2a fórmula. No primeiro caso, o valor à
direita seria o totalizador da conta única (debitada); no segundo caso, obedece ao posicionamento
das colunas do Diário. Temos a destacar a utilização da palavra "Diversos" que é usada quando
mais de uma conta é creditada e/ou, veremos adiante, debitada.
        Para exemplificar consideremos o seguinte fato: Compra de materiais por R$ 4.000, sendo
que as metades foram pagas à vista e o restante – R$2.000 – a prazo.

                                                       Varginha-MG, 15 de janeiro de 20x1.
        MATERIAIS (ativo)
      a DIVERSOS
      a DUPLICATAS A PAGAR (passivo)
         ET & CIA. LTDA.
         Vlr. Duplicata 2345/B – ET & CIA LTDA................... 2.000,00
      a CAIXA (ativo)
         Pg.Dupl.2345/A –ET & CIA...................................... 2.000,00 4.000,00
MODELO DO LANÇAMENTO CONTÁBIL DE 3a FÓRMULA

             CRÉDITO


                                   DÉBITO


              DÉBITO

     Modelo do lançamento contábil de 3a fórmula:


                                    Local, data

             Diversos
           a Conta creditada
              Conta debitada – 1
                 Histórico – 1           valor débito – 1
             Contas creditada – 2
                 Histórico – 2           valor crédito – 2   Total crédito
Exemplo: aquisição de um imóvel, composto de terreno e prédio, com pagamento à vista,
em cheque:

                                                        Varginha-MG, 31 de janeiro de 20x1.
DIVERSOS
a BANCOS C/ MOVIMENTO (ativo)
 Banco Real S/A


de TERRENOS (ativo)
   Vlr.Terreno, Rua tal, ch.0934 cf.Reg.Imóveis........ 15.000.00


de EDIFICAÇÕES (ativo)
  Vr.Imóvel, Rua tal ch.934 cf.Reg.Imóveis................. 20.000.00      35.000,00




LANÇAMENTO DE 4A FÓRMULA: MAIS DE UM DEVEDOR X MAIS DE UM CREDOR:

      Débito                     Crédito

      Débito                     Crédito

      MODELO DO LANÇAMENTO CONTÁBIL DE 4a FÓRMULA:


                                              Local, data

             DIVERSOS
           a DIVERSOS
            Conta debitada − 1
                Histórico – 1                             vr. débito – 1
            Conta debitada – 2
                Histórico – 2                             vr. débito – 2      Total débitos
           a Conta creditada – 1
                Histórico – 3                             vr. crédito – 1
           a Conta creditada – 2
                Histórico – 4                             vr. crédito – 2     Total créditos



      Os lançamentos de 4a fórmula são muito pouco utilizados. Podemos apresentar o seguinte
exemplo: Compra de Materiais por R$ 200 e de Móveis e Utensílios por R$ 1.000, sendo a metade
(R$600) pago à vista e o restante a prazo:
Varginha-MG, 31 de janeiro de 20x1.
        DIVERSOS
      a DIVERSOS
      de ESTOQUE DE MATERIAIS (ativo)
              Vr. NF 675 – Com. Varginha Ltda........... 200
      de MÓVEIS E UTENSÍLIOS (ativo)
              Vr. NF 675 Com. Varginha Ltda......... 1.000,00       1.200,00
      a CAIXA (ativo)
              Pg. NF. 675/parte – Com Varginha.......600,00
      a FORNECEDORES (passivo)
             Com.Varginha Ltda
              Vr.parte da NF 675.......................   600,00 1.200,00

      Os modelos de lançamentos foram apresentados de forma didática (para escrituração
manual). Os lançamentos, atualmente, são feitos em planilhas, conforma já visto, onde os cinco
elementos são dispostos de forma a facilitar a digitação para alimentar os softwares existentes no
mercado.


3.11.2. Erros nos lançamentos – Retificação (Correção)

O CFC através das Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 2, que trata da escrituração
contábil, considerando que a escrituração contábil não deve conter rasuras, emendas, raspaduras ou
escritos nas entrelinhas, estabelece a forma de correção dos eventuais erros nos lançamentos
contábeis, e define o seguinte:
      Retificação de lançamento é o processo técnico de correção de um registro realizado com erro
na escrituração contábil das Entidades.
      São formas de retificação :
        a) o estorno;
        b) a transferência;
        c) a complementação.
      Em qualquer das modalidades acima, o histórico do lançamento deverá precisar o motivo da
retificação, a data e a localização do lançamento de origem.
      O estorno consiste em lançamento inverso àquele feito erroneamente, anulando-o totalmente.
       Lançamento de transferência é aquele que promove a regularização de conta indevidamente
debitada ou creditada, através da transposição do valor para a conta adequada.
      Lançamento de complementação é aquele que vem, posteriormente, complementar,
aumentando ou reduzindo, o valor anteriormente registrado.
      Os lançamentos realizados fora da época devida deverão consignar, nos seus históricos, as
datas efetivas das ocorrências e a razão do atraso.
3.12. Livros (Controles) Auxiliares do Razão

Como foi visto, existem algumas contas coletivas, como Contas a Receber, Contas a Receber,
Fornecedores, Bancos Conta Movimento, etc. A empresa precisa manter controles adicionais para
o controle individualizado de cada devedor ou credor. Quando o sistema de contabilidade –
software contábil – não oferecer condições para que esse controle seja feito de forma integrada, a
empresa deverá adotar livros auxiliares (ou sistemas separados – descentralizados -) do razão que
funcionam como desdobramento das contas coletivas. Exemplos de controles (livros) auxiliares
são: livro caixa, conta corrente de bancos, de clientes e de fornecedores, movimentação de
estoques, Imobilizado de uso, etc.


3.13. Balancete de Verificação

        Como já foi estudado no item 3.8, quando se tratou do método das partidas dobradas, foi
visto que, em decorrência do seu uso, o valor total dos saldos devedores deve ser igual ao valor
total dos saldos devedores das contas.
        É costume procurar verificar essa igualdade periodicamente, relacionando todas as contas
em um demonstrativo chamado Balancete de Verificação do Razão, Balancete de Verificação ou
simplesmente Balancete como pode ser visto no exemplo abaixo:

                               Comercial ET Ltda.
                      Balancete de Verificação em 31/07/20x1.
                                                 SALDOS
             CONTAS                  Devedores                Credores
        Caixa                           6.000                    -
        Contas a Receber               63.000                    -
        Estoques                       78.000                    -
        Terrenos                       31.000                    -
        Móveis e Utensílios            50.000                    -
        Fornecedores                      -                    58.000
        Capital                           -                   170.000
        SOMA                          228.000                 228.000
Este é um exemplo de balancete que evidencia apenas a posição do saldo existente de cada, ao final
do período. Existem outros tipos de balancetes que demonstram, além do saldo final, o saldo inicial
e a movimentação precedente – de seis e de oito colunas:


                                  Mercantil Mutuca Ltda.
                           Balancete de Verificação em 31/05/20x1
                       Balancete Anterior    Movimento do Período      Balancete Atual
         Contas             Saldos                                      Saldos Atuais
                      Devedores   Credores     Débito     Crédito    Devedores   Credores




                                   Mercantil Mutuca Ltda.
                            Balancete de Verificação em 31/05/20x1
           Balancete Anterior                Movimento do Período                Balancete Atual
Contas            Saldos                                      Saldos             Saldos Atuais
          Devedores    Credores    Débito     Crédito   Devedores   Credores   Devedores Credores




3.14. O Balanço Patrimonial


     O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e
qualitativamente, numa determinada data, o patrimônio e a composição do patrimônio líquido da
entidade.


     Conforme determina o artigo 178 da Lei nº 6.404-76, “No balanço, as contas serão
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o
conhecimento e a análise da situação financeira da companhia”.


    Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com os preceitos da Lei nº 6.404-76 e
segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.
RES. CFC nº 686-90 NBC T 3                             LEI nº 6.404-76
ATIVO     CIRCULANTE                             CIRCULANTE
          a) Disponível                          - disponibilidades;
          b) Créditos                            - direitos realizáveis no curso do exercício social
          c) Estoques                            subseqüente;
          d) Despesas Antecipadas                - aplicações de recursos em despesas do exercício
          e) Outros Valores e Bens               seguinte.
          REALIZÁVEL A LONGO                     REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
          PRAZO
          São os ativos referidos nos itens  São assim classificados os direitos realizáveis após
          b, c, d e e anteriores, cujos prazos
                                             o término do exercício seguinte, assim como os
          esperados de realização se situem  derivados de vendas, adiantamentos ou
          após o término do exercício        empréstimos a sociedades coligadas ou
          subseqüente à data do balanço      controladas, diretores, acionistas ou participantes
          patrimonial.                       no lucro da cia, que não constituírem negócios
                                             usuais na exploração do objeto da companhia.
          PERMANENTE                         PERMANENTE
          a) Investimentos – São as          Investimentos – São as participações permanentes
          participações em sociedades além em outras sociedades e os direitos de qualquer
          dos bens e direitos que não se     natureza, não-
          destinem à manutenção das          -classificáveis no ativo circulante, e que não se
          atividades-fins da entidade.       destinem à manutenção da atividade da companhia
          b) Imobilizado – São os bens e     ou da empresa.
          direitos, tangíveis e intangíveis, Imobilizado – São os direitos que tenham por
          utilizados na consecução das       objeto bens destinados à manutenção das
          atividades-fins da entidade.       atividades da companhia e da empresa, ou
          c) Diferido – São as aplicações de exercidos com essa finalidade, inclusive os de
          recursos em despesas que           propriedade industrial ou comercial.
          contribuirão para a formação do     Diferido – São as aplicações de recursos em
          resultado de mais de um exercício despesas que contribuirão para a formação do
          social.                            resultado de mais de um exercício social, inclusive
                                             os juros pagos ou creditados aos acionistas durante
                                             o período que anteceder o início das operações
                                             sociais.

         RES. CFC nº 686-90 NBC T 3                                LEI nº 6.404-76
PASSIVO CIRCULANTE                               CIRCULANTE E EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
        São as obrigações conhecidas e           As obrigações da companhia, inclusive
        os encargos estimados cujos              financiamentos para a aquisição de direitos do
        prazos estabelecidos ou esperados        ativo permanente, serão classificadas no passivo
        se situem no curso do exercício          circulante, quando se vencerem no exercício
        subseqüente à data do balanço            seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se
        patrimonial.                             tiverem vencimento em prazo maior.
        EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
        São as obrigações conhecidas e os
        encargos estimados, cujos prazos
        estabelecidos ou esperados,
situem-se após o término do
        exercício subseqüente à data do
        balanço patrimonial.
         RES. CFC nº 686-90 NBC T 3                              LEI nº 6.404-76
PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO                    PATRIMÔNIO LÍQUIDO
        Capital – São os valores              Capital Social: discriminará o montante subscrito
        aportados pelos proprietários e os    e, por dedução, a parcela ainda não realizada.
        decorrentes de incorporação de        Reservas de Capital:
        reservas e lucros.                    a) a contribuição do subscritor de ações que
        Reservas – São os valores             ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de
        decorrentes de retenções de           emissão das ações, sem valor nominal, que
        lucros, de reavaliação de ativos e    ultrapassar a importância destinada à formação do
        de outras circunstâncias.             capital social, inclusive nos casos de conversão em
        Lucros ou Prejuízos Acumulados        ações de debêntures ou partes beneficiárias;
        – São os lucros retidos ou ainda      b) o produto da alienação de partes beneficiárias e
        não destinados e os prejuízos         bônus de subscrição;
        ainda não compensados, estes          c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;
        apresentados como parcela             d) as doações e as subvenções para investimento.
        redutora do patrimônio líquido.       Será ainda registrado como reserva de capital o
                                              resultado da correção monetária do capital
                                              realizado, enquanto não capitalizado.
                                              Reserva de Reavaliação: as contrapartidas de
                                              aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo
                                              em virtude de novas avaliações com base em
                                              laudos.
                                              Reservas de Lucros: são as contas constituídas
                                              pela apropriação de lucros da companhia.
                                              Ações em Tesouraria: destacadas no balanço
                                              patrimonial como dedução da conta do patrimônio
                                              líquido.

     A Lei das SAs estabelece, em seu artigo 178, §1º, que, no ativo, as contas serão dispostas em
ordem decrescente de liquidez, e, dentro desse conceito, as contas de disponibilidades são as
primeiras a serem apresentadas no balanço, dentro do ativo circulante. Seguem-se os direitos
realizáveis no curso do exercício social subseqüente e aplicações de recursos em despesa do
exercício seguinte.


3.14.1. Os grupos e subgrupos das Contas do Ativo

A NBC T 3 estabelece a divisão do ativo em:

I – CIRCULANTE

a) Disponível – São os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da entidade,
compreendendo os meios de pagamento em moeda e em outras espécies, os depósitos bancários à
vista e os títulos de liquidez imediata.
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Contabilidade i
 

Apostila nocoes de contabilidade geral

  • 1. NOÇÕES DE CONTABILIDADE GERAL SUMÁRIO 1. Noções Preliminares . . . . . . . . 4 1.1. Introdução . . . . . . . . . 4 1.2. Os Objetivos da Contabilidade . . . . . . 5 1.2.1. Conceito e Usuário da Contabilidade . . . . . . 5 1.2.2. Os Objetivos da Contabilidade . . . . . . 5 1.2.3. Os Atributos da Informação Contábil . . . . . . 5 1.2.4. Técnicas Contábeis . . . . . . . . 6 1.3. A Evolução do Conhecimento Contábil . . . . . 7 1.4. Áreas de Atuação do Contador e Perspectivas. . . . 8 1.4.1. Áreas Emergentes e Perspectivas . . . . . . 9 2. A Estática Patrimonial: o Balanço . . . . . 10 2.1. O Ativo . . . . . . . . . . 10 2.2. O Passivo . . . . . . . . . 11 2.3. O Patrimônio Líquido . . . . . . . 11 2.4. Fontes de Patrimônio Líquido . . . . . . 12 2.5. Equação Fundamental do Patrimônio . . . . . 12 2.5. Configurações do Estado Patrimonial. . . . . . 12 2.7. Representações Gráficas do Estado Patrimonial. . . . 17 2.8. Situação Líquida (Outra Classificação) .. . . . . 18 2.9. Conceituação: As Várias Configurações do Capital .. . . 19 3. Procedimentos Contábeis Básicos Segundo o Método das Partidas Dobradas . . . . . . . . . 24 3.1. Contas . . . . . . . . . . 24 3.2. Razão . . . . . . . . . . 24 3.2.1 Razonetes . . . . . . . . . 25 3.3. Débito e Crédito . . . . . . . . 25 3.4. Lançamentos a Débito e a Crédito nas Contas . . . . 25 3.5. Contas do Ativo . . . . . . . . 25 3.6. Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido . . . . 27 3.7. Resumo do Mecanismo de Débito e Crédito . . . . 27 3.8. Método das Partidas Dobradas (Double-Entry Sistem). . . 28 3.9. Exemplos de Registros de Operações no Razão . . . 29 3.10. Diário . . . . . . . . . . 33 3.11. Partidas de Diário (Lançamentos). . . . . . 34 3.11.1. Fórmulas de Lançamentos . . . . . . . 36 3.11.2. Erros nos Lançamentos – Retificação (Correção) . . . . 39 3.12. Livros (Controles) Auxiliares do Razão. . . . . 40 3.13. Balancete de Verificação . . . . . . . 40 3.14. O Balanço Patrimonial . . . . . . . 42 3.14.1. Os Grupos e os Subgrupos das Contas do Ativo . . . . 44
  • 2. 3.14.2. Os Grupos e os Subgrupos das Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido 47 3.14.3. Modelo de Balanço Patrimonial – Completo . . . . 48 3.14.4. Critério de Avaliação das Contas do BP e Comentários Adicionais . 50 4. As Variações do Patrimônio Líquido (da Situação Líquida) . 52 4.1. Despesas, Receitas e Resultado . . . . . . 52 4.1.1. Receita . . . . . . . . . . 52 4.1.2. Despesa . . . . . . . . . . 52 4.1.3. Resultado . . . . . . . . . 52 4.1.4. Mecanismo de Débito e Crédito . . . . . . 52 4.1.5. Período Contábil . . . . . . . . 53 4.1.6. Encerramento das Contas de Receita e Despesa . . . . 53 4.1.7. Distribuição do Resultado . . . . . . . 55 4.1.8. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) . . . . 55 4.2. Exemplo Prático das Operações Normais do Exercício . . 55 4.2.1. A Demonstração do Resultado de Exercício (DRE) . . . . 59 4.2.2. Modelo da DRE . . . . . . . . 62 4.2.3. Modelo do BP e da DRE Comparativa – Publicação Resumida . . 67 4.3. Registro de Operações Decorrentes do Regime de Competência dos Exercícios . . . . . . . . 68 4.3.1. Regime de Competência dos Exercícios . . . . . 68 4.3.2. Despesas a Pagar e Receitas a Receber . . . . . 68 4.3.3. Desembolsos Que se Transformarão em Despesas: Regra Geral . . 70 4.3.3.1. Gastos Antecipados (Despesas do Exercício Seguinte) . . . 70 4.3.3.2. Estoque de Produtos e Outros Materiais . . . . . 72 4.3.3.3. Consumo do Ativo Permanente . . . . . . 70 4.3.4. Passivos Que se Transformarão em Receitas: Regra Geral . . . 76 5. O Plano de Contas . . . . . . . . 77 5.1. Critério de Classificação . . . . . . . 78 5.2. Modelo de Plano de Contas (Comentado) . . . . 79 6. Bibliografia . . . . . . . . . 101
  • 3. 1. Noções Preliminares 1.1. Introdução Com o advento da globalização e da desregulamentação da economia na maioria dos países do primeiro mundo, a inovação tecnológica, e, principalmente da tecnologia da informação, houve um conseqüente desenvolvimento e expansão do mercado de capitais em termos globais, principalmente a partir da última década do século passado. A informação contábil tornou-se ainda mais importante no processo decisório das empresas, tanto para os usuários internos – sócios e administradores –, quanto para os demais usuários externos – investidores, financiadores, fornecedores, governos e o público em geral. A contabilidade é, atualmente, um instrumento fundamental para auxiliar a administração moderna, e tem como principal objetivo a geração de informações para embasar as decisões a serem tomadas, bem como o de reduzir o seu grau de incerteza. Para isso, identifica, registra, mensura, e possibilita a análise e predição dos eventos econômicos que alterem o patrimônio de uma empresa. Uma organização que não disponha de um sistema contábil ágil e eficaz para evidenciar as oscilações e mutações relevantes em seu patrimônio e no resultado de suas operações e transações, em resposta às ameaças e oportunidades impostas pelo atual ambiente dos negócios, não estará apta a garantir a continuidade do empreendimento no tempo. Assim, as informações, geradas pela contabilidade e relatadas através das Demonstrações Contábeis e demais relatórios financeiros, são ferramentas imprescindíveis para o entendimento da posição passada, da situação atual e, principalmente, das expectativas futuras, garantindo dessa forma, aos usuários e gestores responsáveis pelos destinos da organização, informações para instruir o processo decisório com um grau de confiabilidade compatível com o atual ambiente econômico e mercadológico. Nesse sentido, percebe-se que o grau de confiabilidade nas informações de natureza contábil e financeira permite uma visão da estratégia dos planos da empresa bem próximos da realidade atual e também estimar posições e situações futuras. A confiabilidade nas informações de natureza contábil é, portanto, de primordial importância, para todos os que pretendam relacionar-se com a organização, quer como acionistas, financiadores, gestores, fornecedores, empregados e demais entidades. Diante disso, nota-se que a responsabilidade dos contadores que preparam as informações contábeis nesse processo é imensa, tanto em termos da responsabilidade quanto da competência técnica. A credibilidade nas informações apresentadas está diretamente ligada à pessoa do preparador de tais informações, à capacidade e à ética profissional. Existe uma fronteira muito tênue e nebulosa que separa o que é legal do que é moral. Nem sempre as duas coisas, em se tratando de informações contábeis e financeiras, andam, necessariamente juntas. Uma das principais características do contador é o grau de liberdade para escolher, em sua opinião, a melhor alternativa para resolver um problema contábil; e é por isso que podemos afirmar que três contadores fazendo a contabilidade da mesma empresa chegarão, fatalmente, a três resultados diferentes, a não ser que um copie do outro. Nesse contexto, a imposição do valor social da contabilidade abriga preceitos éticos nas diversas relações pessoais, interpessoais e institucionais, as quais tendem a influenciar as mudanças no âmbito conceitual e da ação do educador. Ao educador cabe a tarefa de alertar para a urgente necessidade de um reforço nas normas e no código de ética da conduta do profissional de Contabilidade.
  • 4. 1.2. Os Objetivos da Contabilidade 1.2.1. Conceito e Usuário da Informação Contábil De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (CFC, 2000, p.101) a Contabilidade é uma ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das entidades. A contabilidade busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da demonstração, da análise e relato das mutações ocorridas nos patrimônios e gerar informações qualitativas e quantitativas. As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar os seus usuários base segura às suas decisões pela compreensão do estado em que se encontra a entidade ou a empresa, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece. Segundo a mesma norma, os usuários da Contabilidade são todas as pessoas – físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, internas ou externas - com interesse na entidade, sejam: administradores, sócios ou acionistas, empregados, fornecedores, financiadores e demais credores, clientes, governos nos diversos níveis, integrantes do mercado financeiro e de capitais, além dos meios de comunicação e do público em geral. 1.2.2. Objetivos da Contabilidade O Conselho Federal de Contabilidade – CFC, apud Iudícibus (1995, p.100), através da Resolução 774/99, que trata do Objetivo da Contabilidade, aponta que “O objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas de suas mutações”. Esse é um enfoque que sintetiza e procura demonstrar a lógica das informações fornecidas pela Contabilidade aos seus usuários internos e externos. Nessa mesma linha de raciocínio, o IASC – Internacional Accounting Standards Committee, que é a Comissão internacional de Normas Contábeis, elaborou uma estrutura conceitual denominada Framaework for the Preparation and Presentation of Financial Statments (1999, p.46) quando definiu, de forma mais ampla, o objetivo da Contabilidade: “é dar informações contábeis sobre a posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma empresa que sejam úteis a um grande número de usuários em suas tomadas de decisões”. 1.2.3. Os Atributos da Informação Contábil De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (CFC, 2000, p.102), a informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e eqüitativa de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente nenhum deles, pelo fato desses interesses não serem sempre coincidentes. Determina ainda, a mesma norma, que a informação deve propiciar revelação suficiente sobre a entidade para que o usuário se sinta informado. Os atributos indispensáveis para que isso ocorra são os seguintes: • Confiabilidade • Tempestividade • Compreensibilidade, e • Comparabilidade. O atributo da Confiabilidade é o que faz com que o usuário, interno ou externo, aceite a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando um elemento essencial na relação entre o usuário e a própria informação. A confiabilidade e a relevância da informação contábil, de acordo com o FASB – Financial Accounting Standards Board, apud Hendriksen & Breda (1999, p.97) são as principais qualidades especificas às decisões, é a “capacidade que a informação tem de fazer a diferença numa decisão”. A confiabilidade é fundamental nas decisões. A informação contábil, quanto mais relevante, mais confiável deve ser.
  • 5. Diante disso, conclui-se que o objetivo da Contabilidade é fornecer informações que sejam úteis aos diversos segmentos de usuários, objetivando auxilia-los no processo decisório Para que a informação seja considerada útil, deve ser confiável. A confiabilidade, segundo Iudícibus (1999, p.100), o CFC, o FASB e o IASC – organismos de normatização e emissão de pronunciamentos sobre Princípios e Normas Contábeis no Brasil, nos EUA e no resto do mundo - o atributo mais importante é o da Confiabilidade. O atributo da Tempestividade refere-se ao fato de a informação contábil dever chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil para sua utilização. A Compreensibilidade se refere a que a informação deve ser exposta de forma mais compreensível aos diferentes usuários, ou seja, deve ser entendida por todos os usuários da informação contábil. A Comparabilidade da informação contábil é um atributo que deve possibilitar ao usuário o conhecimento da evolução do patrimônio da entidade ao longo do tempo. Segundo o citado trabalho do International Accounting Standards Committee (IASC) intitulado Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements, a relevância também é uma das características ou qualidades mais importantes da informação contábil. Relevância quer dizer evidenciar valores relevantes. A informação, para ser útil, precisa ser relevante. Deve ter a qualidade da relevância para influenciar nas decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar eventos passados, presentes ou futuros, ou confirmando ou corrigindo avaliações passadas (deve evidenciar os custos, preços, obrigações e outras operações planejadas). 1.2.4. Técnicas Contábeis Para atingir os seus objetivos a contabilidade se utiliza técnicas próprias, como por exemplo: •ESCRITURAÇÃO; • DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS; • ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS; • AUDITORIA. Escrituração - técnica que consiste no registro de todos os fatos que influem na composição do patrimônio. A escrituração envolve metodologia apropriada, a planificação dos elementos patrimoniais, a utilização de livros e registros apropriados em obediência à legislação civil e societária, tributária, trabalhista e previdenciária, e aos princípios e normas contábeis. Elaboração de demonstrações contábeis – Para que se tenha uma visão abrangente e consolidada da situação patrimonial – econômica e financeira - da entidade. Auditoria Contábil – A técnica de verificação e avaliação da qualidade e confiabilidade dos registros e dos demonstrativos contábeis. Análise das Demonstrações Contábeis - é a técnica pela qual verifica-se a capacidade de pagamento da empresa, o grau de solvência, a evolução da empresa, a estrutura patrimonial e outras análises econômicas e financeiras. Pela análise de balanços á possível comparar a situação da empresa com outras dentro de sua área de atuação. Estuda e pesquisa índices úteis para os usuários da informação contábil, auxiliando na comparação periódica da evolução da entidade no tempo.
  • 6. 1.3. A evolução do conhecimento Contábil SOCIEDADE PRIMITIVA CENÁRIO MUNDIAL: Economia baseada na agricultura e pecuária, individual ou restrita a pequenos grupos. REFLEXOS NA CONTABILIDADE: contagem física dos bens. Contabilidade para o proprietário. SOCIEDADE AGRÍCOLA CENÁRIO MUNDIAL: Economia baseada na agricultura; método de produção artesanal; início das relações comerciais com o advento das descobertas marítimas; formação de sociedades comerciais denominadas Comandita. REFLEXOS NA CONTABILIDADE: necessidade de controle mais apurado em virtude das expedições marítimas; investimentos contabilizados no início das expedições e resultado apurado após a venda das mercadorias para atender às necessidades dos sócios e do estado, para controle dos impostos. SOCIEDADE INDUSTRIAL CENÁRIO MUNDIAL: Economia baseada no capital e no trabalho; mecanização do trabalho e produção em série; formação de grandes empresas na área industrial e de prestação de serviços; obrigatoriedade de pagamento de impostos para pessoas físicas e para pessoas jurídicas; Administração científica; as duas grandes guerras mundiais. REFLEXOS NA CONTABILIDADE: Sistemas de informações contábeis; sistemas de informações gerenciais; divulgação de relatórios para atender aos acionistas, gerentes e governo; auditoria externa; separação dos custos da produção; reconhecimento sistemático da depreciação; organização formal de institutos e órgãos contábeis; realização do orçamento governamental e formas de controle e divulgação; mensuração de custos, produtos e performance gerencial. Primeiro trabalho sistemático abordando o Goodwill. SOCIEDADE DO CONHECIMENTO CENÁRIO MUNDIAL: Economia globalizada; recurso do conhecimento; informatização da produção e do trabalho; difusão da tecnologia da informação e das telecomunicações. REFLEXOS NA CONTABILIDADE: harmonização das normas internacionais de contabilidade; sistema de informações contábeis para decisões estratégicas; novas formas de mensuração do valor da empresa.
  • 7. 1.4. Áreas de Atuação do Contador e Perspectivas As principais áreas tradicionais de atuação do contador são as seguintes: • Contabilidade fiscal (ou tributária) - participa do processo de elaboração de informações para o fisco federal estadual e municipal, sendo responsável pelo planejamento tributário da empresa. Esta área de atuação possui uma remuneração bastante atrativa para os profissionais especializados. • Contabilidade pública - no controle e gestão das finanças públicas, sendo que este é um campo possui um amplo mercado de trabalho devido às dimensões continentais de nosso país. Na União, nos Estados e nos milhares de municípios existem atribuições em diversas áreas e níveis, tanto no Legislativo, no Executivo e no Judiciário. • Contabilidade de Custos – atualmente é uma das áreas mais valorizadas no Brasil e internacionalmente. Tornou-se muito importante com o aumento da concorrência provocada pela abertura do mercado aos produtos estrangeiros e na desregulamentação da economia. A gestão estratégica de custos se destaca como ferramenta de decisão na formação dos preços dos produtos e serviços das organizações. • Contabilidade Gerencial e Controladoria - Voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial. O controller é um dos profissionais com melhores remunerações no mercado. • Auditoria - Através de empresas de auditoria ou através de setores internos da organização controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pelos administradores. Os auditores, tanto internos quanto externos, vêm tendo grande destaque no processo de privatização e no desenvolvimento do mercado de capitais. • Perícia Contábil - Atuando na elaboração de laudos em processos judiciais ou extrajudiciais. Área de atuação exclusiva do contador. • Contabilidade Financeira - responsável pela elaboração e consolidação das demonstrações contábeis para fins externos. • Análise Econômico-financeira - Denominação moderna para a análise de balanços. Atua na elaboração de análises sobre a situação patrimonial de uma organização a partir de seus relatórios contábeis. • Avaliação de Projetos - Elaboração e análise de projetos de viabilidade de longo prazo, com a estimativa do fluxo de caixa e o cálculo de sua atratividade para a empresa. • Professor, Pesquisador e Palestrante – À medida que a formação profissional do contador se torna fortalecida com a criação do exame de suficiência do CFC para a obtenção do Registro Profissional e a extinção do curso técnico em contabilidade, isso tudo associado à qualidade das disposições legais que envolvem conceitos contábeis, os horizontes da contabilidade foram ampliados propiciando um terreno fértil para o ensino, a pesquisa e a divulgação da ciência da contabilidade para a sociedade.
  • 8. 1.4.1. Áreas Emergentes e Perspectivas: Além das áreas citadas anteriormente é importante destacar algumas áreas emergentes onde existe uma grande perspectiva de crescimento profissional. Estas áreas poderão vir a ser um grande campo de trabalho para o contador do ano 2000: • Contabilidade Atuarial - responsável pela contabilidade de fundos de pensão e empresas de previdência privada. • Contabilidade Ambiental - responsável por informações sobre o impacto ambiental da empresa no meio-ambiente. • Contabilidade Social - dimensionando o impacto social da empresa, com sua agregação de riqueza e seus custos sociais, produtividade, distribuição da riqueza etc. • Contabilidade de Empresas Transnacionais - As perspectivas são as melhores possíveis. A informática contribuiu, contribui e contribuirá muito na velocidade, qualidade e apresentação dos informativos contábeis, gerenciais e de auditoria. Os softwares contábeis estão cada vez mais integrados e facilitando a operacionalidade dos registros contábeis, destaca-se também a internet, na qual os órgãos governamentais disponibilizam aplicativos tributários e toda a legislação pertinente, além facilitar o cumprimento das obrigações acessórias das empresas – cadastros, informações, guias, declarações, etc - . São ferramentas alavancadoras no processo de qualidade.
  • 9. 2. A Estática Patrimonial: O Balanço Um dos princípios fundamentais da Contabilidade é o Princípio da Entidade. A contabilidade deve tratar a pessoa jurídica da empresa como distinta das pessoas físicas e/ou jurídicas de seus proprietários. O objetivo da Contabilidade é medir o desempenho da entidade, muito embora o que for útil para a empresa usualmente seja útil para os proprietários. O Balanço Patrimonial é uma importante demonstração contábil, por meio do qual pode-se apurar (atestar) a situação patrimonial e financeira da empresa em um determinado momento. O BP evidencia claramente o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido da entidade, como pode ser observado no exemplo abaixo: Comercial Varginha Ltda. Balanço Patrimonial em 31.12.20X1 Em R$ mil ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 1.000 PASSIVO Bancos 800 Títulos a Pagar 3.500 Títulos a Receber 3.000 Fornecedores 1.800 5.300 Estoque de Materiais 3.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Terrenos 1.700 Capital 4.000 Veículos 500 Lucros Acumulados 700 4.700 Total 10.000 Total 10.000 O Balanço Patrimonial demonstra os bens e os direitos (do lado do Ativo) e as obrigações (do lado do Passivo). 2.1. Ativo O Ativo compreende os bens e os direitos da entidade expressos em moeda: Caixa, Bancos (ambos constituem disponibilidades financeiras imediatas), Imóveis, Veículos, Máquinas e Equipamentos, Estoques de Mercadorias, Títulos a receber e Clientes – devedores da entidade em virtude de transações de crédito ou vendas a prazo –. Esses são alguns bens e direitos que a maioria das empresas normalmente possuem. Os elementos do Ativo são discriminados do lado esquerdo do BP. • Bens: São coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas. Podem ser: (a) Bens de uso, são aqueles utilizados equipar a empresa para que possa realizar o seu objetivo empresarial, são os móveis, imóveis, utensílios, máquinas, equipamentos, ferramentas, computadores, veículos, balcão, prateleiras e demais instalações comerciais, industriais, agrícolas, etc. (b) Bens de consumo, são os bens adquiridos para serem consumidos nas atividades da empresa de forma imediata e integral na manutenção de sua atividade e do seu funcionamento, são os materiais de consumo no escritório, na manutenção e na limpeza geral; os combustíveis e lubrificantes, impressos e formulários, etc. E por último (c) os Bens de Troca (ou de Venda), são os bens adquiridos ou produzidos com o objetivo de serem vendidos, isto é, trocados por dinheiro, como por exemplo: as mercadorias para revenda e os produtos fabricados para serem vendidos. Os Bens podem ser classificados também em móveis e imóveis, materiais (tangíveis) e imateriais (intangíveis). Nesse último são classificadas as Marcas, Patentes de Invenção, o Goodwill (fundo de comércio), etc. • Direitos: Constituem direitos para a entidade ou empresa, todos os valores que ela tem a receber de terceiros – principalmente dos clientes. Os direitos, geralmente, vêm seguidos da expressão a Receber, por exemplo: Duplicatas a Receber, Títulos a Receber, Aluguéis a
  • 10. Receber, Comissões a Receber. Os valores aplicados em instituições financeiras – aplicações em bancos - também são direitos que as empresas tem a receber. 2.2. Passivo O Passivo compreende basicamente as obrigações a pagar. É composto pelos valores que a empresa deve a terceiros: Títulos a Pagar, Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar são algumas das obrigações assumidas normalmente pela entidade. Por isso é chamado de Passivo Exigível. Os elementos do Passivo estão discriminados do lado direito do BP. Obs: Em relação aos valores a receber (direitos) e a pagar (obrigações), é necessário o entendimento dos conceitos de DOMÍNIO e POSSE. Angélico (1982, p.13) esclarece que: “Quando somos o legítimo proprietário de um bem, dizemos que temos DOMÍNIO sobre esse bem; e, estando ele em nosso poder, dizemos ter-lhe a POSSE. Podemos ter a posse de um bem sem exercer sobre ele domínio; ou, inversamente, exercer domínio sobre um bem sem que lhe tenhamos a posse. Nessa hipótese, temos o DIREITO de reivindicar a posse; no caso anterior, temos a OBRIGAÇÃO de transmitir a posse”. 2.3. Patrimônio Líquido O Patrimônio Líquido é diferença entre o valor do Ativo e do Passivo de uma entidade em um determinado momento. Exemplo: Se a empresa tem um ativo de . R$ 10.000 e um Passivo de . . . R$ 5.300 O Patrimônio Líquido da empresa será de R$ 4.700 Representação Gráfica do Patrimônio Ativo Passivo e Patrimônio Líquido Lado Lado
  • 11. 2.4. Fontes de Patrimônio Líquido O Patrimônio Líquido de uma empresa pode ser proveniente (formado) das seguintes fontes: a) Investimentos – efetuados pelos proprietários em troca de ações ou cotas – participação. b) Lucros – acumulados na empresa como fonte (adicional) de financiamento das atividades da entidade. Obs: inicialmente trataremos apenas dos Investimentos realizados pelos sócios. Os Lucros Acumulados serão estudados posteriormente no Capítulo 4. 2.5. Equação Fundamental do Patrimônio O BP é a representação quantitativa do patrimônio de uma empresa. Sabe-se que o Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma entidade. Por isso que o balanço é denominado Balanço Patrimonial. PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - PASSIVO Já que na maioria das entidades o Ativo (Bens e Direitos) suplanta o Passivo (Obrigações), a representação mais comum de seu patrimônio (BP) assume a forma: ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO (LADO ESQUERDO) (LADO DIREITO) Se o Passivo suplantar o Ativo, teremos o Passivo a Descoberto, ou o chamado Patrimônio Líquido Negativo. ATIVO + PASSIVO A DESCOBERTO = PASSIVO 2.6. Configurações do estado patrimonial Uma balança de dois pratos em que se coloca no da esquerda o Ativo e no da direita o Passivo poderá ilustrar o estado patrimonial. Se ambos tiverem valores iguais o equilíbrio estará conseguido. Mas como normalmente o Ativo e Passivo apresentam valores diferentes, a balança penderá, fatalmente, para um dos lados. O peso (valor) que for colocado apenas para a obtenção do equilíbrio é o que se chama de Patrimônio Líquido e está do lado de menor valor. Ativo Passivo e PL
  • 12. (Lado Direito) (Lado Esquerdo) P A Obrigações Ativo = Passivo Patrimônio Líquido = 0 (Lado Direito) (Lado Esquerdo) P + PL A Ativo > Passivo Patrimônio Líquido > 0 (lado Esquerdo) A (Lado Direito) Bens e Direitos PL Ativo = Patrimônio Líquido Passivo = 0 (Lado Esquerdo) (Lado Direito) A + PL P Ativo < Passivo Patrimônio Líquido < 0 (situação de Passivo a Descoberto) Após essas considerações passaremos a realizar algumas operações de uma empresa e preparar um BP após cada operação e observaremos também a contínua igualdade entre os dois lados do Balanço.
  • 13. 1ª Operação – Subscrição do Capital Social Algumas pessoas resolvem constituir uma empresa. Essa empresa será denominada Eletrônica ET Ltda., com o capital subscrito e integralizado em dinheiro de R$4.000 (dividido em 40 cotas $100 cada uma). A empresa iniciou suas atividades em 15.jan.20x1, dedicando ao ramo de prestação de serviços de consertos e reparos de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. Após a subscrição e integralização do capital social, o BP ficou: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 15.01.20x1 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 4.000 Patrimônio Líquido Capital Subscrito 4.000 Total 4.000 Total 4.000 A entidade recebe um Ativo (Caixa) no valor de R$4.000 e, em contrapartida, forma um Patrimônio Líquido Inicial. O BP apresenta o seguinte aspecto em 31.01.20x1, data de integração do capital social. No exemplo da “balança”, teríamos: (lado esquerdo) (lado direito) Passivo = 0 Ativo Caixa: 4.000 Patr.Líquido= Capital 4.000 2ª Operação – aquisição de um imóvel A empresa resolve adquirir em 10.01.20x1, pagando à vista, um imóvel de dois pavimentos para abrigar suas instalações, por R$1.200. Com essa transação a empresa adquiriu um novo Ativo (Imóveis), em contrapartida viu seu dinheiro (Caixa) diminuído no mesmo valor. Após essa transação imobiliária, o BP passou a se apresentar: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 15.01.20x1 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 2.800 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imóveis 1.200 Capital 4.000 Total 4.000 Total 4.000
  • 14. 3ª Operação – Compra de materiais Para realizar suas atividades a empresa necessitará adquirir materiais, que serão estocados, para posterior utilização, quando for prestar serviços aos seus clientes. Os materiais foram adquiridos em 05.02.20x1, de uma empresa, do mesmo ramo, em processo de liquidação (baixa). Essa empresa, por estar encerrando suas atividades, os materiais foram arrematados pelo valor de R$2.000, embora o valor de mercado desses materiais seja de aproximadamente R$2.800. Na contabilidade os valores do ativo devem ser registrados pelo valor do seu custo de aquisição não importando o valor de mercado do bem, se este for maior. Conseqüentemente esses materiais, quando forem consumidos na prestação de serviços, serão considerados pelo valor de aquisição constante na Nota Fiscal de compra. Assim, o material adquirido figurará no BP pelo preço de custo (compra) de R$2.000. Nenhum pagamento foi feito ao fornecedor, a compra foi realizada a prazo, o pagamento deverá ser feito da seguinte forma: R$1.300 com 30 dias (a vencer em 05.03.20x1) e o restante dos R$700 com 60 dias (a vencer em 05.05.20x1). Por essa transação a empresa adquiriu um novo Ativo (Materiais) e assumiu um Passivo, uma obrigação de pagar (Fornecedores). Após isso, o BP ficou: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 05.02.20x1 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 2.800 PASSIVO Imóveis 1.200 Fornecedores 2.000 Estoque de Materiais 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 4.000 Total 6.000 Total 6.000 4ª Operação – Compra de Veículo A Eletrônica ET Ltda, resolve adquirir um veículo para coletar e entregar os aparelhos eletrônicos consertados de seus clientes. Comprou, então, em 20.02.20x1, da Mutuca Veículos Ltda, um fusquinha, à vista, por R$200. Após essa nova transação, a empresa adquiriu um novo Ativo (Veículos) e seu dinheiro (caixa) diminuiu no mesmo valor. O BP da empresa ficará agora: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 20.02.20x1 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 2.600 PASSIVO Imóveis 1.200 Fornecedores 2.000 Estoque de Materiais 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Veículos 200 Capital 4.000 Total 6.000 Total 6.000
  • 15. 5ª Operação – Venda de parte do Imóvel Os administradores da empresa, verificando que o prédio adquirido para o funcionamento da entidade estava superdimensionado, resolveram vender o pavimento superior para o Sr. Silva, em 23.02.20x1, por R$600. Para formalizar a transação, foi assinados um contrato de compra e venda, e o Sr Silva emitiu duas Notas Promissórias para representar o direito da empresa receber os R$600, a saber: R$400 em 10.03.20x1 e o restante – R$200 – em 10.04.20x1. Esses direitos são denominados de Títulos a Receber. Essa operação ocasionou redução no Ativo Imóveis e o BP ficou: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 23.02.20x1 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 2.600 PASSIVO Imóveis 600 Fornecedores 2.000 Estoque de Materiais 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Veículos 200 Capital 4.000 Títulos a receber 600 Total 6.000 Total 6.000 6ª Operação – Pagamento de Obrigação (dívida) Em 05.03.20x1, a Eletrônica ET Ltda. pagou a parcela de R$1.300 relativa à sua dívida assumida com o fornecedor dos materiais adquiridos em 05/02. Esta operação diminuiu o Passivo (Fornecedores) e também o dinheiro disponível (Caixa). Em decorrência dessa operação o BP ficou: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 05.03.20x1 Em R$ mil ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 1.300 PASSIVO Imóveis 600 Fornecedores 700 Estoque de Materiais 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Veículos 200 Capital 4.000 Títulos a receber 600 Total 4.700 Total 4.700
  • 16. 7ª Operação – Recebimento de Direito Em 10.03.20x1, foram recebidos $400 do Sr. Silva. Esse fato contribuiu para aumentar o dinheiro em Caixa (Ativo) e diminuir os Títulos a Receber (Ativo). Depois de realizada a operação o BP fica: Eletrônica ET Ltda. Balanço Patrimonial em 10.03.20x1 ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 1.700 PASSIVO Imóveis 600 Fornecedores 700 Estoque de Materiais 2.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Veículos 200 Capital 4.000 Títulos a receber 200 Total 4.700 Total 4.700 2.7. Representação Gráfica dos Estados Patrimoniais Como já foi visto o Patrimônio Líquido (PL) é a diferença algébrica entre o Ativo (A) e o Passivo (P). Não tem sentido se falar em Ativo ou Passivo negativo. Assim, os elementos patrimoniais poderão assumir os seguintes valores: A ≥0 P ≥0 PL > ou ≤ 0 Com base na equação do balanço (A – P = PL) pode, então, concluir que, em dado momento, o patrimônio assume um do cinco estados: 1º) Quando A > P teremos PL > 0 A = P + PL A P $80 Revela a existência de riqueza própria $100 PL $20 2º) Quando A > P e P = 0, teremos PL > 0 A = PL A PL Revela inexistência de dívidas (Passivo); logo, propriedade plena de Ativo. $100 $100 3º) Quando A = P, teremos PL = 0 A = P A P Revela inexistência de riqueza própria. O Ativo se iguala ao Passivo. $100 $100
  • 17. 4º) Quando P > A, teremos PL < 0. A + PL = P A $100 Revela má situação, existência de “Passivo a Descoberto”. P $80 Denominação tecnicamente mais correta que “PL negativo” PL ($20) 5º Quando P > A e A = 0, teremos PL < 0·. PL = P Revela inexistência de Ativo, inexistência de bens e/ou direitos. Apenas PL P dívidas (obrigações). ($20) $20 As situações mais comumente encontradas nas empresas em atividade são as de nº 1 e 4. As demais poderão ser verificadas em situações especiais ou apenas momentaneamente. Entretanto, outros enfocam o mesmo assunto – estados patrimoniais – sob outros pontos de vista, como poderá ser visto adiante. 2.8. Situação Líquida (outra classificação) Em muitos livros de Contabilidade, apenas três situações (chamadas de Situações Líquidas) são apontadas: 1a SITUAÇÃO: ATIVO > PASSIVO Nesse caso, os bens e direitos - valores positivos - são maiores que as obrigações, valores negativos, resultando uma SITUAÇÃO LÍQUIDA ATIVA (SLa) também denominada POSITIVA, SUPERAVITÁRIA ou FAVORÁVEL. Graficamente: ATIVO PASSIVO SITUAÇÃO BENS OBRIGAÇÕES LÍQUIDA E ATIVA, POSITIVA OU DIREITOS ATIVO LÍQUIDO 2a SITUAÇÃO: ATIVO = PASSIVO Os bens e direitos são suficientes apenas para honrar as obrigações. A SITUAÇÃO LÍQUIDA é NULA ou COMPENSADA. ATIVO PASSIVO BENS E OBRIGAÇÕES DIREITOS
  • 18. 3a SITUAÇÃO: ATIVO < PASSIVO Teríamos insuficiência de bens e direitos para o pagamento das obrigações. A diferença entre o passivo e o ativo é denominada SITUAÇÃO LÍQUIDA PASSIVA (SLp) também denominada NEGATIVA, DEFICITÁRIA ou DESFAVORÁVEL. O excesso de elementos negativos quando relacionados com os positivos, demonstra um PASSIVO A DESCOBERTO. ATIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA PASSIVA = PASSIVA Ou graficamente: ATIVO PASSIVO BENS E OBRIGAÇÕES SITUAÇÃO LÍQUIDA DIREITOS PASSIVA, NEGATIVA OU PASSIVO A DESCOBERTO 2.9. Conceituação: as várias configurações do capital Na contabilidade, podemos considerar quatro conceitos de capital: 1º Capital nominal – O investimento inicial feito pelos proprietários de uma empresa é registrado pela contabilidade numa conta denominada Capital. Esse patrimônio Líquido inicial da empresa, e só é alterado quando os sócios aumentarem ou diminuírem o capital. Estas variações no capital nominal deverão ser registradas (na Junta Comercial – no caso de sociedades empresárias ou no cartório - no caso das sociedades simples) por alterações no Contrato Social da empresa. O Patrimônio Líquido é alterado pelos lucros (ou prejuízos) apurados nos Balanços. Por isso o Capital Nominal (registrado) raramente coincidirá com o valor do Patrimônio Líquido. No exemplo a seguir demonstrado, temos uma sociedade constituída por quatro sócios, com o capital integralizado de R$800.000. Essa situação, como já visto, é representada da seguinte forma: CAIXA (dinheiro) 800.000 A CAPITAL 800.000 PL 2º Capital Próprio – corresponde ao conceito de Patrimônio Líquido, isto é, abrange todo o PL. Por exemplo: após um determinado período de tempo a empresa obteve um lucro de R$10.000 provenientes de suas operações normais. O capital próprio da empresa aumentou para R$810.000 (Capital + Lucro). Todavia o Capital nominal (registrado) será mantido pela contabilidade: CAIXA (dinheiro) 800.000 CAPITAL 800.000 TÍTULOS A RECEBER 390.000 LUCRO 10.000 810.000 810.000
  • 19. 3º Capital de Terceiros – são os investimentos feitos na empresa com recursos provenientes de terceiros: fornecedores, bancos, etc. Por exemplo: se a empresa comprar, a prazo, móveis para escritório no valor de R$10.000, teremos: CAIXA (dinheiro) 800.000 CONTAS A PAGAR 10.000 TÍTULOS A RECEBER 390.000 CAPITAL 800.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 10.000 LUCRO 10.000 820.000 820.000 O Capital de Terceiros, nesse caso, está representado pelo saldo do Contas a Pagar, que por sua vez representa o Passivo da entidade. 4º Capital Total à Disposição da Empresa – em sentido amplo, pode-se conceituar o capital como o conjunto de valores disponíveis pela empresa em um determinado momento. No nosso exemplo seria: CREDORES + CAPITAL + LUCROS = $820.000 = ( P + PL) QUADRO - RESUMO ATIVO PASSIVO e PATR. LÍQUIDO (Aplicações de Recursos) (Fontes de Recursos) (1) Passivo = Capitais de Terceiros • Bens (2) Patr. Líquido = Capital Próprio • Direitos (2.1) Capital = Capital Nominal (2.2) Lucros e Reservas = Variações Capital Total à Disposição (Recursos Totais) = (1) + (2) Ou: $$$$$$$$ Ativo P e PL (origens) $$$ $ De terceiros $$$$$$$$ $ Aplicações $$$$$$$$ e próprio EXERCÍCIOS
  • 20. 1- Uma empresa comercial realizou, em ordem cronológica, as seguintes transações no mês de Janeiro de 20x1. 02/jan – Integralização do capital pelos sócios, em dinheiro – R$ 12.000. 04/jan – compra de um imóvel da Cia A, por R$5.000, com pagamento de R$2.500 à vista e o restante a prazo. 05/jan – compra à vista de instalações (divisórias, cortinas, etc) por R$2.000. 15/jan – Compra de equipamentos a prazo, de M&Cia. por R$4.000. 18/jan – Obtenção de empréstimos de R$10.000, do banco Alfa. 23/jan – Pagamento de R$1.000, a M&Cia, referente parte da dívida da compra em 15/01. 26/jan – Investimento de mais R$5.000 - referente aumento de capital pelos sócios. 30/01 – compra à vista de mercadorias para revenda, no valor de R$8.500. PEDE-SE: Levantar um balanço da Empresa após cada operação: a)dia 2/jan Valores em R$mil b)dia 4/jan c)dia 05/jan d)dia 15/01 e)dia 18/jan
  • 21. f) dia 23/jan g) dia 26/jan h) dia 30/01 2. Identifique as operações que dão origem às situações apresentadas a seguir: a)____________________________________________________________________________ CAIXA 12.000 CAPITAL 24.000 ESTOQUE DE MATERIAIS 12.000 24.000 24.000 b)____________________________________________________________________________ CAIXA 12.000 CONTAS A PAGAR Cia .A 6.000 ESTOQUE DE MATERIAIS 12.000 CAPITAL 24.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 6.000 30.000 30.000 c) _____________________________________________________________________________ CAIXA 14.000 CONTAS A PAGAR Cia .A. 6.000 ESTOQUE DE MATERIAIS 12.000 CAPITAL 26.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 6.000 32.000 32.000 d)____________________________________________________________________________ CAIXA 13.000 CONTAS A PAGAR – Cia A 6.000 ESTOQUE DE MATERIAIS 12.000 CAPITAL 26.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 6.000 VEÍCULOS 1.000 32.000 32.000
  • 22. e)____________________________________________________________________________ CAIXA 10.000 CONTAS A PAGAR – Cia A 3.000 ESTOQUE DE MATERIAIS 12.000 CAPITAL 26.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 6.000 VEÍCULOS 1.000 29.000 29.000 f)____________________________________________________________________________ CAIXA 5.000 CONTAS A PAGAR – Cia A 3.000 ESTOQUE DE MATERIAIS 12.000 CONTAS A PAGAR – Cia B 5.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 6.000 CAPITAL 26.000 VEÍCULOS 1.000 EQUIPAMENTOS 10.000 34.000 29.000 3. Procedimentos Contábeis Básicos Segundo o Método das Partidas Dobradas 3.1. Contas No Capítulo 2 preparava-se um balanço após a ocorrência de cada operação na empresa. Essa metodologia foi utilizada para demonstrar a contínua igualdade da Equação Patrimonial (A=P+PL) e explicar os efeitos dos eventos sobre os elementos do patrimônio. Na prática isso não corre, pois o volume de operações: de compras, vendas, pagamentos, recebimentos, etc., é muito grande e fica inviável se preparar um balanço após cada operação realizada. Por outro lado, os usuários interessados nos balanços, como administradores, sócios, governo, etc., necessitam apenas de balanços periódicos (mensais, trimestrais ou anuais) que são preparados com base nos dados fornecidos pelos registros das operações – escrituração contábil. Como já foi visto, as operações provocam variações no patrimônio – aumentos ou diminuições no Ativo, no Passivo no Patrimônio Líquido. Essas variações – aumentos e diminuições – são registradas em contas. Cada elemento patrimonial: caixa, mercadorias, veículos, contas a pagar, capital, etc., é controlado individualmente em uma conta. Vide abaixo um modelo de conta: TÍTULO DA CONTA: Código: DATA OPERAÇÕES DÉBITO CRÉDITO SALDO D/C 3.2. Razão Antigamente as contas eram registradas nas páginas de um livro chamado Razão, também conhecido como contas correntes. Há algum tempo atrás, nos anos 70 e até o final dos anos 80 a maioria das empresas e escritórios de contabilidade passou a adotar o Razão – registro das contas – em forma de folhas ou fichas soltas. Atualmente as variações das contas estão na memória do computador. Os registros são feitos por meio de softwares contábeis que controlam a situação das contas. No entanto, em seu conjunto, mantidas em forma de livro, de arquivo de fichas ou arquivo eletrônico, continuam com a mesma denominação, Razão. O importante é que se mantenha o histórico da movimentação de cada conta que compõem o patrimônio da empresa (Ativo, Passivo ou PL). É um livro obrigatório por lei e cada elemento do Ativo, do Passivo ou do PL, é controlado numa conta em separado e com denominação própria.
  • 23. Cada conta do patrimônio receberá o nome que melhor caracterize os elementos que representa (controla), exemplos: • O conjunto de bens formado por mesas, cadeiras, calculadoras, armários etc. poderiam ser registrados em uma única conta, denominada Móveis e Utensílios. • O conjunto de diversos tributos a pagar: IPTU, Alvará, Taxa Sanitária a pagar etc, poderia ser agrupada em uma única conta: Tributos Municipais a Pagar. • Diversos valores a receber ou a pagar, sem a necessidade de representação isolada, poderiam ser registrados nas contas: Valores ou Contas a receber (do Ativo) ou Valores ou Contas a Pagar (do Passivo). • Um grupo de pequenas despesas, sem necessidade de discriminação, por apresentarem um valor muito pequeno em relação ao total das despesas, receberia o nome de Despesas Gerais ou Despesas Diversas. A prática atual, nos softwares contábeis existentes, é a codificação ou numeração das contas, de forma racional e bem planificada, conforme demonstrado abaixo: CONTAS CÓDIGO Ativo Caixa 101 Contas a Receber 102 Estoques 105 Móveis e Utensílios 121 Terrenos 125 Veículos 131 Passivo Contas a Pagar 201 Impostos a Pagar 221 Fornecedores 231 Patrimônio Líquido Capital 501 Lucros Acumulados 521 3.2.1. Razonetes Uma simplificação da representação gráfica da conta, muito utilizada para simplificar as ilustrações, explicações e resoluções de problemas, que também utilizaremos em nosso trabalho é a denominada Conta em T ou Razonete. Sua forma gráfica é seguinte:
  • 24. 3.3. Débito e Crédito Em contabilidade, os termos débito e crédito são convenções contábeis. Não significam algo favorável ou desfavorável. Os leigos em contabilidade costumam associar esses termos – débito e crédito – a valores a receber ou a pagar e até a significados de coisas boas e ruins no patrimônio da empresa. Em verdade, débito e crédito são simplesmente convenções contábeis, com uma função específica em cada conta, como veremos a seguir. A diferença entre o total de débitos e o total de créditos feitos em uma conta, em determinado período, é denominada saldo. Se o valor dos débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá um saldo devedor. Se acontecer o contrário, a conta terá um saldo credor. Titulo da Conta Titulo da Conta Débito Crédito Débito Crédito Lado Lado Lado Lado esquerdo direito esquerdo direito 3.4. Lançamentos a Débito e a Crédito das Contas Como já foi visto, as operações provocam aumentos e diminuições do Ativo, do Passivo de do Patrimônio Líquido. As contas possuem dois lados – esquerdo e direito -, assim, os aumentos podem ser registrados de um lado e as diminuições de outro. A natureza da conta é que irá determinar o lado a ser utilizado para os aumentos e o lado para as diminuições, como pode ser visto a seguir. 3.5. Contas do Ativo Os elementos do Ativo ficam do lado esquerdo do Balanço. Por isso, todas as contas do Ativo (Bens e Direitos) sempre devem apresentar saldos devedores, isto é, no lado esquerdo. Deve-se observar que uma empresa possui ou não possui bens e direitos. Não existem bens negativos e tampouco direitos negativos; portanto as contas do Ativo possuem saldo devedor ou nulo. Para que uma conta do Ativo (Bens e Direitos) tenha saldo devedor, é necessário que as variações (aumentos e diminuições) nela ocorridas sejam registrados da seguinte forma: Qualquer Conta do Ativo Débito Crédito $ $ Aumentos Diminuições
  • 25. 3.6. Contas do Passivo e do Patrimônio Líquido Do Passivo: As contas do Passivo aparecem sempre no lado direito do Balanço, por isso ocorre, com elas, o inverso do que acontece com o Ativo. Com efeito, os aumentos e as diminuições do Passivo (obrigações) devem ser registrados da seguinte forma: Qualquer Conta do Passivo Débito Crédito $ $ Diminuições Aumentos Do Patrimônio Líquido: O PL também fica do lado direito do Balanço, e o critério é o mesmo do Passivo. O funcionamento do sistema de débito e crédito será idêntico ao do Passivo, ou seja: Qualquer Conta do Patrimônio Líquido Débito Crédito $ $ Diminuições Aumentos O Patrimônio Líquido poderá ser negativo (saldo devedor); quando isso ocorrer, ele permanecerá do lado direito do Balanço, juntamente com o Passivo, subtraindo do seu total. Com efeito, qualquer aumento no Patrimônio Líquido será regido por Crédito, e qualquer diminuição, por débito. VIDE QUADRO ACIMA. Obs. (a) Uma empresa possui ou não possui Passivo (dívidas, obrigações); não existem, portanto, dívidas negativas. (b) O Patrimônio Líquido (Ativo – Passivo), entretanto, pode ser maior, igual ou menor que zero. Ou seja, pode ser positivo, nulo ou negativo. 3.7. Resumo do Mecanismo de Débito e Crédito Em suma, considerando o mecanismo acima, podemos concluir que: Efetua-se um lançamento a Contas Débito Crédito de para para Ativo Aumentar Diminuir Passivo Diminuir Aumentar Patrimônio Líquido Diminuir Aumentar
  • 26. REGRAS GERAIS: Todo aumento de Ativo (lança-se no lado esquerdo do razonete): debita-se. Toda diminuição de Ativo (lança-se no lado direito do razonete): credita-se. Todo aumento de Passivo e PL (lança-se no lado direito do razonete): credita-se. Toda diminuição de Passivo e PL (lança-se no lado esquerdo do razonete): debita-se. ATIVO PASSIVO e PL + (-) (-) + + + + Aumenta Diminui Diminui Aumenta + + + + + + + + DÉBITO CRÉDITO + 3.8. Método das Partidas Dobradas (Double-Entry System) A essência do método, de prática internacional, tem um princípio fundamental: "Não há devedor sem credor e vice-versa”. Equivale a dizer: para cada registro ou soma de registros a débito, haverá um registro ou soma de registros a crédito, de igual valor. A digrafia é princípio básico de escrituração contábil no mundo todo. Baseando-se nesse princípio, não se pode registrar um valor a débito de uma conta, sem que se registre o mesmo valor a crédito de outra conta. Pelo princípio da digrafia – ou das partidas dobradas - em qualquer momento que se elabore um balanço patrimonial, há que se igualarem, em total, os saldos das contas do ativo, de um lado, e do passivo e patrimônio líquido, de outro. A aplicação do princípio das partidas dobradas indicará, pelo confronto entre saldos, inicial e final, de cada conta do sistema patrimonial, uma variação aumentativa ou diminutiva, conforme o caso. Decorrentes desse princípio fundamental destacam-se alguns axiomas: • A soma dos débitos é sempre igual dos créditos; • A soma de todos os saldos devedores é sempre igual a soma dos saldos credores; • A soma do ativo, constituído de contas de natureza devedora e representativa de aplicações de recursos é sempre igual à soma do passivo, constituído de contas de natureza credora e representativa da origem de recursos, próprios e de terceiros. O método, utilizado há mais de cinco séculos, nada mais é do que uma equação matemática de igualdade associada a uma lógica - para todo recurso tem que existir uma fonte. A contabilidade usa as partidas dobradas, representadas por débitos e créditos de mesmo valor, para indicar a conta onde foi feita a aplicação do recurso e para creditar a conta que representou a origem. Concluiu-se que, para todo débito, teremos um ou mais créditos ou vice-versa. Se o "Balanço não bate" é porque uma das partidas não foi feita, está defeituosa ou a soma não confere. O modelo contábil de partidas dobradas impõe que deva existir sempre uma precisão matemática nas suas informações.
  • 27. Partidas Dobradas ATIVO = PASSIVO (+PL) = = APLICAÇÃO = ORIGEM = = DÉBITO = CRÉDITO 3.9. Exemplos de Registro de Operações no Razão Objetivando ilustrar a função do débito e do crédito nas contas, realizaremos, a seguir, algumas operações em uma empresa. O foco será dado na verificação de quais seriam os lançamentos necessários para o registro das variações – aumentos e diminuições -. Para simplificar a demonstração serão usados os razonetes, nos quais serão colocados apenas os valores, a débito ou a crédito. Para auxiliar na identificação dos lançamentos, o débito e o crédito de cada operação terão a mesma numeração, entre parênteses, conforme figura abaixo: D XXXX C D YYY C vvvv vvvv 1. Algumas pessoas resolveram, em 20.07.20x1, constituir uma empresa comercial, com o Capital de R$17.000, totalmente integralizado em dinheiro, no ato, dividido em 1700 cotas de R$10,00 cada. Com a entrada do dinheiro para a sociedade (empresa), o Ativo CAIXA foi aumentado (debita-se CAIXA), e o Patrimônio Líquido também foi aumentado (credita-se CAPITAL).
  • 28. 2. CAIXA CAPITAL (1) 17.000 17.000 (1) Se a operação anterior fosse representada em contas reais e não em razonetes simplificados, essa operação seria registrada da seguinte forma: Conta: CAIXA Código: 101 DATA OPERAÇÕES DÉBITO CRÉDITO SALDO D/C 20.07.x1 Rec. ref. Integralização Capital - 501 17 000 00 17 000 00 D Conta: CAPITAL Código: 501 DATA OPERAÇÕES DÉBITO CRÉDITO SALDO D/C 20.07.x1 Rec. ref. Integralização Capital - 101 17 000 00 17 000 00 C Obs: Ativo, se existe, tem saldo devedor. Logo, ao surgir dinheiro onde não havia nada, há que se debitar o Caixa. Em contrapartida, o PL, que está do lado direito do Balanço tem saldo Credor, ao passar de zero para o valor positivo de R$17.000, provoca um Crédito na Conta Capital. 2.Compra de Terrenos – A empresa, pretendendo construir um prédio para suas instalações comerciais, adquire dois lotes de terrenos contíguos, em 22.07, por R$3.100 cada um, pagando à vista. Dessa operação resulta: • o Ativo Terrenos foi aumentado – debita-se Terrenos. • o Ativo Caixa foi diminuído – credita-se Caixa. TERRENOS CAIXA (1) 17.000 (2) 6.200 6.200 (2) Saldo=10.800 3.Venda de Terrenos – Os administradores da empresa resolvem vender um dos lotes ao Sr. Silva, em 27.07, por R$3.100, ou seja, pelo preço de custo. Não houve recebimento nessa data, a venda foi a prazo, porém a empresa adquiriu o direito de cobrar R$3.100 do Sr. Silva, quando vencer o prazo do contrato de compra e venda. Conseqüentemente: • O Ativo Terrenos foi diminuído – credita-se Terrenos • O ativo ficou aumentado pelo surgimento de um direito – debita-se Títulos a Receber. TERRENOS TÍTULOS A RECEBER (2) 6.200 3.100 (3) (3) 3.100 Saldo= 3.100 4. Compra de Materiais – em 28.07, foram adquiridas, a prazo, diversos materiais no valor total de R$7.800. Como resultado, teremos: • Um novo Ativo – Materiais – foi adquirido – debita-se Estoques • Foi assumida uma obrigação a pagar – credita-se Contas a Pagar ESTOQUES CONTAS A PAGAR (4) 7.800 17.000 (4)
  • 29. 5. Compra de Móveis e Utensílios – No mesmo dia, foram adquiridos, também a prazo, duas mesas, quatro cadeira e um computador, pelo valor total de R$5.000. Todos os elementos podem ser agrupados e representados por uma única conta do Ativo – Móveis, Utensílios e Equipamentos. Assim: • Um novo Ativo foi adquirido – debita-se Móveis, utensílios e Equipamentos. • O Passivo Contas a Pagar foi aumentado – credita-se Contas a Pagar MÓV. UTENS. E EQUIPS. CONTAS A PAGAR 6.200 (4) (5) 5.000 5.000 (5) 12.800=Saldo 6. Em 30.07, a empresa recebeu do Sr. Silva R$2.200 – referente parte de sua dívida -. Após esse fato, temos: • O Ativo Caixa foi aumentado – debita-se Caixa. • O Ativo Títulos a Receber foi diminuido – credita-se Títulos à Receber. CAIXA TÍTULOS A RECEBER (1) 17.000 6.200 (2) (3) 3.100 (6) 2.200 2.200 (6) Saldo= 13.000 Saldo= 900 7. Foi pago, em 31.07, parte da dívida referente à compra do dia 28.07, o valor pago foi de R$7.000. Esse fato provocou uma nova alteração: • O Passivo Contas a Pagar foi diminuído – debita-se Contas a Pagar. • O Ativo Caixa foi diminuído – credita-se Caixa. CAIXA CONTAS A PAGAR (1) 17.000 6.200 (2) 7.800 (4) (6) 2.200 5.000 (5) 7.000 (7) (7) 7.000 Saldo= 6.000 Saldo= 900 Obs. As contas Títulos a Receber (do Ativo) e Contas a Pagar (do Passivo) e outras do mesmo tipo podem abrigar diversos devedores ou credores. Os saldos dessas contas representação, dessa forma, o total de débitos e créditos que a empresa mantêm com outros patrimônios (terceiros). Essas contas (coletivas) podem ser desdobradas em diversas subcontas, quando for necessário o controle individualizado de cada devedor ou credor da empresa. Atualmente, os softwares contábeis podem controlar centenas de milhares de clientes, fornecedores e até dos itens existentes nos estoques de forma individualizada – como no caso dos bancos e das empresas comerciais atacadistas com os seus milhares de clientes e dos hipermercados com seus milhares de itens em estoque.
  • 30. Esquema ilustrativo de débito e crédito: DÉBITO PATRIMÔNIO ATIVO PASSIVO LÍQUIDO Aumento Diminuição Diminuição do valor do valor do valor Aplicação Aplicação Aplicação de recursos de recursos de recursos CRÉDITO PATRIMÔNIO ATIVO PASSIVO LÍQUIDO Diminuição Aumento Aumento do valor do valor do valor Origem Origem Origem de recursos de recursos de recursos
  • 31. 3.10. Diário É o livro no qual são registrados todos os lançamentos que compôem a contabilidade da empresa, em ordem cronológica e com certas formalidades. As Formalidades extrínsecas (ou externas) do Livro Diário são: estar encadernado em folhas numeradas tipograficamente, conter termo de abertura e encerramento, e estar registrado na Junta Comercial. As Formalides intrínsecas (ou internas): Escriturado sem rasuras, sem emendas, raspaduras ou borrões, sem linhas em branco, sem escritos nas entrelinhas ou às margens; os registros devem obedecer a ordem cronológica de dia, mês e ano, segundo um método uniforme de contabilidade – método das partidas dobradas - e em idioma e moeda nacional. Antigamente o livro diário era manuscrito. Depois, passou a ser escriturado mecanicamente em folhas soltas, para, em seguida, serem copiadas em livro numerado e encadernado. Atualmente os lançamentos são digitados no computador e através do processamento eletrônico das contas são emitidos o Livro Diário e o Razão em folhas impressas, para, posteriormente, serem encadernadados e registrados. 3.11. Partidas de Diário (lançamentos) O registro de uma operação no livro Diário denomina-se partida de Diário. O metodo usado internacionalmente em todos os sistemas contábeis é o Método das Partidas Dobradas. A expressão partidas dobradas não quer dizer duplicidade ou repetição do mesmo registro. Como já foi visto nos exemples anteriores, sempre que ocorria um fato, dois ou mais elementos do patrimônio eram alterados equivalentemente – e concomitantemente – permitindo equilíbrio constante e, em obediência à fórmula: ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Os requisitos necessários de uma partida de diário são os seguintes: 1. data da operação – dia, mês e ano. 2. conta a der debitada 3. conta a ser creditada 4. histórico da operação (descrição suscinta do evento e dos documentos suporte da operação) 5. valor da operação (em moeda nacional). Obs. Muitos autores mencionam os requisitos acima como: Os cinco elementos do lançamento. Exemplo de uma partida de Diário (lançamento manual): Varginha-MG, 03 de Agosto de 20x3. D - Estoque de Mercadorias (105) C – Caixa (101) Pago a Cia ET Ltda., conforme N.Fiscal nº00243 3.400,00 Esse mesmo lançamento, se realizado por CPD (computador), poderia ser planilhado – para digitação - da seguinte forma: DATA CONTA CONTA HISTÓRICO VALOR 20x 3 DEVEDORA CREDORA 03/08 105 101 pg. NF.00243, Cia . ET Ltda 3 400 00
  • 32. Observe-se que os cinco elementos do lançamento (ou requisitos da partida de Diário), de 1 a 5, seguem rigorosamente a ordem indicada: (1) data da operação, observando-se rigorosamente a ordem cronológica da sucessão dos fatos registrados, (2) e (3) o título das contas devedora e credora – no CPD o plano de contas já deverá estar cadastrado -, (4) o histórico – descrição sumária do fato – que mencione o evento e as principais características da documentação comprobatória e (5) o valor – em moeda nacional. Obs: Quando a escrituração é manual, a conta debitada é colocada em primeiro lugar e a conta creditada logo abaixo e precedida da preposição a. No século XV, início da fase científica da contabilidade, o Frei Luca Paciolo expôs em seu Tratado sobre Contabilidade e Escrituração – “Tratactus de Computis et Scripturis”, publicado em 1494, a terminologia adotada no método das partidas dobradas era a seguinte: • “Per”, mediante o qual se reconhece o devedor; • “A”, pelo qual se reconhece o credor. Da mesma forma que se faz hoje, a metodologia daquela época era a de se debitar a aplicação e se creditar a origem do recurso, ou seja, no exemplo acima, o Ativo Estoque deve ao Ativo Caixa, ou seja: Estoque deve “a” Caixa, o estoque é o devedor e o caixa é o credor do recurso. Nesse sentido, o Estoque (onde foi aplicado o recurso) deve ao Caixa (que forneceu o recurso). Pouco tempo depois, De Granges, francês, criou o célebre axioma: “Debita-se aquilo que se recebe e credita-se aquilo que se dá” (Debiter celui qui reçoit et crediter celui qui donne). Goethe (1949, p. 39) deixou escrito no seu livro “Wilbelm Meisters Lebrjabre”, que a partida dobrada era uma das mais belas invenções do espírito humano.(“eine der schonsten Erfindugen des menschlichen geistes”)1. No Brasil, apenas com a chegada do Príncipe Regente D.João VI, com vistas à necessidade de assegurar à administração maior rigor e segurança, oficializou-se a adoção da escrituração pelo método das partidas dobradas: “Para que o método de escrituração de minha real Fazenda não fique arbitrário e sujeito à maneira de pensar de cada um dos Contadores-Gerais, que sou servido criar para o Erário: Ordeno que a escrituração seja mercantil por partidas dobradas, por ser a única seguida pelas nações mais civilizadas. Assim pela sua brevidade para maneio das grandes somas, como por ser a mais clara e a que menos lugar dá a erros e subterfúgios, onde se esconda a malícia e a fraude de prevaricadores”. Atualmente, no mundo financeiro globalizado, apenas a indicação das letras “D” e “C” determinam os lançamentos a débito e a crédito nas contas. Outra convenção internacionalmente aceita, há mais de 500 anos é a de que o Débito sempre vem à esqueda ou acima do Crédito 1 GOETHE, W. (1949). Wilbelm Meisters Lebrjafre. Ed. Zurique. Apud. CASSANDRO, Paolo Emilio. Betriebswirtschaftslehre e Economia Aziendal. In Revista Paulista de Contabilidade nº 448/1976.
  • 33. 3.11.1. Fórmulas de Lançamento Segundo a quantidade de contas debitadas e creditadas utilizadas para o registro do fato, existem quatro fórmulas de lançamento no Livro Diário: LANÇAMENTOS DE 1a FÓRMULA: UM DÉBITO X UM CRÉDITO DÉBITO CRÉDITO Os modelos do lançamento contábil de 1a fórmula: Local, data Conta debitada a Conta creditada Histórico Valor Ou: Local, data D - Conta debitada C - Conta creditada Histórico Valor Ou, ainda: Local, data Conta debitada Valor a débito Conta creditada Valor a crédito Histórico Os modelos apresentados são bastante usuais. Deve-se observar que a partícula "a" é um identificador da(s) conta(s) que é (são) creditada(s). No terceiro modelo as colunas representam: à esquerda a coluna de débitos e à direita, a de créditos. O posicionamento das contas também é convencionado. No quadro abaixo é dado um exemplo de depósito bancário e uma compra a prazo: Varginha-MG, 06 de janeiro de 20x1 BANCOS C/ MOVIMENTO Banco do Brasil S/A a CAIXA Vlr. dep.conf. rec. 123.345.......................................10.000,00 ou uma compra de mesas e cadeiras, para uso, a prazo, mediante duplicatas: Varginha-MG, 15 de fevereiro de 20x1. D - MÓVEIS E UTENSÍLIOS C - DUPLICATAS A PAGAR Fornecedor "X" Vlr. s/ N.F. 1515 ...........................................……..20.000,00
  • 34. LANÇAMENTOS DE 2a FÓRMULA: UM DÉBITO X MAIS DE UM CRÉDITO CRÉDITO DÉBITO DÉBITO Modelo do lançamento contábil de 2a fórmula: Local, data Conta debitada a Diversos a Conta creditada − 1 Histórico − 1 Valor crédito − 1 a Conta creditada − 2 Histórico − 2 Valor crédito − 2 Total de débito Ou: Local, data D – Conta debitada Histórico débito valor débito C – Diversos C – Contas creditada – 1 Histórico crédito – 1 valor crédito – 1 C – Conta creditada – 2 Histórico crédito – 2 valor crédito – 2 Existem, como visto acima, variantes no modelo de 2a fórmula. No primeiro caso, o valor à direita seria o totalizador da conta única (debitada); no segundo caso, obedece ao posicionamento das colunas do Diário. Temos a destacar a utilização da palavra "Diversos" que é usada quando mais de uma conta é creditada e/ou, veremos adiante, debitada. Para exemplificar consideremos o seguinte fato: Compra de materiais por R$ 4.000, sendo que as metades foram pagas à vista e o restante – R$2.000 – a prazo. Varginha-MG, 15 de janeiro de 20x1. MATERIAIS (ativo) a DIVERSOS a DUPLICATAS A PAGAR (passivo) ET & CIA. LTDA. Vlr. Duplicata 2345/B – ET & CIA LTDA................... 2.000,00 a CAIXA (ativo) Pg.Dupl.2345/A –ET & CIA...................................... 2.000,00 4.000,00
  • 35. MODELO DO LANÇAMENTO CONTÁBIL DE 3a FÓRMULA CRÉDITO DÉBITO DÉBITO Modelo do lançamento contábil de 3a fórmula: Local, data Diversos a Conta creditada Conta debitada – 1 Histórico – 1 valor débito – 1 Contas creditada – 2 Histórico – 2 valor crédito – 2 Total crédito
  • 36. Exemplo: aquisição de um imóvel, composto de terreno e prédio, com pagamento à vista, em cheque: Varginha-MG, 31 de janeiro de 20x1. DIVERSOS a BANCOS C/ MOVIMENTO (ativo) Banco Real S/A de TERRENOS (ativo) Vlr.Terreno, Rua tal, ch.0934 cf.Reg.Imóveis........ 15.000.00 de EDIFICAÇÕES (ativo) Vr.Imóvel, Rua tal ch.934 cf.Reg.Imóveis................. 20.000.00 35.000,00 LANÇAMENTO DE 4A FÓRMULA: MAIS DE UM DEVEDOR X MAIS DE UM CREDOR: Débito Crédito Débito Crédito MODELO DO LANÇAMENTO CONTÁBIL DE 4a FÓRMULA: Local, data DIVERSOS a DIVERSOS Conta debitada − 1 Histórico – 1 vr. débito – 1 Conta debitada – 2 Histórico – 2 vr. débito – 2 Total débitos a Conta creditada – 1 Histórico – 3 vr. crédito – 1 a Conta creditada – 2 Histórico – 4 vr. crédito – 2 Total créditos Os lançamentos de 4a fórmula são muito pouco utilizados. Podemos apresentar o seguinte exemplo: Compra de Materiais por R$ 200 e de Móveis e Utensílios por R$ 1.000, sendo a metade (R$600) pago à vista e o restante a prazo:
  • 37. Varginha-MG, 31 de janeiro de 20x1. DIVERSOS a DIVERSOS de ESTOQUE DE MATERIAIS (ativo) Vr. NF 675 – Com. Varginha Ltda........... 200 de MÓVEIS E UTENSÍLIOS (ativo) Vr. NF 675 Com. Varginha Ltda......... 1.000,00 1.200,00 a CAIXA (ativo) Pg. NF. 675/parte – Com Varginha.......600,00 a FORNECEDORES (passivo) Com.Varginha Ltda Vr.parte da NF 675....................... 600,00 1.200,00 Os modelos de lançamentos foram apresentados de forma didática (para escrituração manual). Os lançamentos, atualmente, são feitos em planilhas, conforma já visto, onde os cinco elementos são dispostos de forma a facilitar a digitação para alimentar os softwares existentes no mercado. 3.11.2. Erros nos lançamentos – Retificação (Correção) O CFC através das Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 2, que trata da escrituração contábil, considerando que a escrituração contábil não deve conter rasuras, emendas, raspaduras ou escritos nas entrelinhas, estabelece a forma de correção dos eventuais erros nos lançamentos contábeis, e define o seguinte: Retificação de lançamento é o processo técnico de correção de um registro realizado com erro na escrituração contábil das Entidades. São formas de retificação : a) o estorno; b) a transferência; c) a complementação. Em qualquer das modalidades acima, o histórico do lançamento deverá precisar o motivo da retificação, a data e a localização do lançamento de origem. O estorno consiste em lançamento inverso àquele feito erroneamente, anulando-o totalmente. Lançamento de transferência é aquele que promove a regularização de conta indevidamente debitada ou creditada, através da transposição do valor para a conta adequada. Lançamento de complementação é aquele que vem, posteriormente, complementar, aumentando ou reduzindo, o valor anteriormente registrado. Os lançamentos realizados fora da época devida deverão consignar, nos seus históricos, as datas efetivas das ocorrências e a razão do atraso.
  • 38. 3.12. Livros (Controles) Auxiliares do Razão Como foi visto, existem algumas contas coletivas, como Contas a Receber, Contas a Receber, Fornecedores, Bancos Conta Movimento, etc. A empresa precisa manter controles adicionais para o controle individualizado de cada devedor ou credor. Quando o sistema de contabilidade – software contábil – não oferecer condições para que esse controle seja feito de forma integrada, a empresa deverá adotar livros auxiliares (ou sistemas separados – descentralizados -) do razão que funcionam como desdobramento das contas coletivas. Exemplos de controles (livros) auxiliares são: livro caixa, conta corrente de bancos, de clientes e de fornecedores, movimentação de estoques, Imobilizado de uso, etc. 3.13. Balancete de Verificação Como já foi estudado no item 3.8, quando se tratou do método das partidas dobradas, foi visto que, em decorrência do seu uso, o valor total dos saldos devedores deve ser igual ao valor total dos saldos devedores das contas. É costume procurar verificar essa igualdade periodicamente, relacionando todas as contas em um demonstrativo chamado Balancete de Verificação do Razão, Balancete de Verificação ou simplesmente Balancete como pode ser visto no exemplo abaixo: Comercial ET Ltda. Balancete de Verificação em 31/07/20x1. SALDOS CONTAS Devedores Credores Caixa 6.000 - Contas a Receber 63.000 - Estoques 78.000 - Terrenos 31.000 - Móveis e Utensílios 50.000 - Fornecedores - 58.000 Capital - 170.000 SOMA 228.000 228.000
  • 39. Este é um exemplo de balancete que evidencia apenas a posição do saldo existente de cada, ao final do período. Existem outros tipos de balancetes que demonstram, além do saldo final, o saldo inicial e a movimentação precedente – de seis e de oito colunas: Mercantil Mutuca Ltda. Balancete de Verificação em 31/05/20x1 Balancete Anterior Movimento do Período Balancete Atual Contas Saldos Saldos Atuais Devedores Credores Débito Crédito Devedores Credores Mercantil Mutuca Ltda. Balancete de Verificação em 31/05/20x1 Balancete Anterior Movimento do Período Balancete Atual Contas Saldos Saldos Saldos Atuais Devedores Credores Débito Crédito Devedores Credores Devedores Credores 3.14. O Balanço Patrimonial O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, o patrimônio e a composição do patrimônio líquido da entidade. Conforme determina o artigo 178 da Lei nº 6.404-76, “No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia”. Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com os preceitos da Lei nº 6.404-76 e segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.
  • 40. RES. CFC nº 686-90 NBC T 3 LEI nº 6.404-76 ATIVO CIRCULANTE CIRCULANTE a) Disponível - disponibilidades; b) Créditos - direitos realizáveis no curso do exercício social c) Estoques subseqüente; d) Despesas Antecipadas - aplicações de recursos em despesas do exercício e) Outros Valores e Bens seguinte. REALIZÁVEL A LONGO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PRAZO São os ativos referidos nos itens São assim classificados os direitos realizáveis após b, c, d e e anteriores, cujos prazos o término do exercício seguinte, assim como os esperados de realização se situem derivados de vendas, adiantamentos ou após o término do exercício empréstimos a sociedades coligadas ou subseqüente à data do balanço controladas, diretores, acionistas ou participantes patrimonial. no lucro da cia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. PERMANENTE PERMANENTE a) Investimentos – São as Investimentos – São as participações permanentes participações em sociedades além em outras sociedades e os direitos de qualquer dos bens e direitos que não se natureza, não- destinem à manutenção das -classificáveis no ativo circulante, e que não se atividades-fins da entidade. destinem à manutenção da atividade da companhia b) Imobilizado – São os bens e ou da empresa. direitos, tangíveis e intangíveis, Imobilizado – São os direitos que tenham por utilizados na consecução das objeto bens destinados à manutenção das atividades-fins da entidade. atividades da companhia e da empresa, ou c) Diferido – São as aplicações de exercidos com essa finalidade, inclusive os de recursos em despesas que propriedade industrial ou comercial. contribuirão para a formação do Diferido – São as aplicações de recursos em resultado de mais de um exercício despesas que contribuirão para a formação do social. resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais. RES. CFC nº 686-90 NBC T 3 LEI nº 6.404-76 PASSIVO CIRCULANTE CIRCULANTE E EXIGÍVEL A LONGO PRAZO São as obrigações conhecidas e As obrigações da companhia, inclusive os encargos estimados cujos financiamentos para a aquisição de direitos do prazos estabelecidos ou esperados ativo permanente, serão classificadas no passivo se situem no curso do exercício circulante, quando se vencerem no exercício subseqüente à data do balanço seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se patrimonial. tiverem vencimento em prazo maior. EXIGÍVEL A LONGO PRAZO São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados,
  • 41. situem-se após o término do exercício subseqüente à data do balanço patrimonial. RES. CFC nº 686-90 NBC T 3 LEI nº 6.404-76 PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital – São os valores Capital Social: discriminará o montante subscrito aportados pelos proprietários e os e, por dedução, a parcela ainda não realizada. decorrentes de incorporação de Reservas de Capital: reservas e lucros. a) a contribuição do subscritor de ações que Reservas – São os valores ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de decorrentes de retenções de emissão das ações, sem valor nominal, que lucros, de reavaliação de ativos e ultrapassar a importância destinada à formação do de outras circunstâncias. capital social, inclusive nos casos de conversão em Lucros ou Prejuízos Acumulados ações de debêntures ou partes beneficiárias; – São os lucros retidos ou ainda b) o produto da alienação de partes beneficiárias e não destinados e os prejuízos bônus de subscrição; ainda não compensados, estes c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; apresentados como parcela d) as doações e as subvenções para investimento. redutora do patrimônio líquido. Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado. Reserva de Reavaliação: as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudos. Reservas de Lucros: são as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. Ações em Tesouraria: destacadas no balanço patrimonial como dedução da conta do patrimônio líquido. A Lei das SAs estabelece, em seu artigo 178, §1º, que, no ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de liquidez, e, dentro desse conceito, as contas de disponibilidades são as primeiras a serem apresentadas no balanço, dentro do ativo circulante. Seguem-se os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e aplicações de recursos em despesa do exercício seguinte. 3.14.1. Os grupos e subgrupos das Contas do Ativo A NBC T 3 estabelece a divisão do ativo em: I – CIRCULANTE a) Disponível – São os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da entidade, compreendendo os meios de pagamento em moeda e em outras espécies, os depósitos bancários à vista e os títulos de liquidez imediata.