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Abordagem Inicial na Doença Hipertensiva

 Específica
 Específica da Gravidez e Hellp Síndrome
                                Síndrome


      Versão eletrônica atualizada em
               Junho – 2010




                                           Junho - 2010
1 - DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ
Hipertensão que aparece após a 20a. semana de gestação


Exames recomendados:
   Frente à uma paciente hipertensa, após detalhada anamnese, exame
   clínico e tocoginecológico, o obstetra deve solicitar os seguintes exames :
   Hemograma completo, uréia, creatinina, proteinúria de 24h, urina-I,
   transaminases hepáticas, atividade de protrombina, DHL, bilirrubinas ,
   exames para avaliar vitalidade fetal.
   Exames complementares que podem ser solicitados: esfregaço de sangue
   periférico para pesquisa de esquizócitos, fundo de olho, clearance de
   creatinina, eletrólitos, glicemia de jejum e teste de sobrecarga, ECG,
   ecocardiograma, Rx de tórax (sinais de ICC), pesquisa para colagenoses,
   anticorpos antifosfolipídeos.


   ** Considerar caso grave e passível de resolução da gestação quando
   apesar   dos    níveis   pressóricos    apresentar   as   seguintes   alteração
   laboratoriais
   Proteinúria em 24 horas > 2,0 g
   Creatinina > 1,2 mg/dl
   Plaquetas < 100.000/mm3.
   Bilirrubina Total > 1,2 mg/dl
   DHL > 600U/l
   TGO/TGP > 70 U/L




Tratamento da hipertensão arterial crônica :
   Cuidados gerais: dieta balanceada, hiperprotéica e normossódica (até 8
gramas/sal por dia). Controle diário da pressão arterial e semanal do peso
(mais que 1 kg/semana como agravamento).
   Medidas Medicamentosas: Usar hipotensores apenas quando PAD for
maior que 100 mmHg.
                                                                                     Junho - 2010
Drogas de ação central: Alfa-metildopa: Começamos com dose de 750
  mg/dia dividido em três doses, sendo que os efeitos hipotensores têm
  início cerca de 6 horas após a dose inicial. Pode-se elevar a dose até
  2g/dia.
   Efeitos colaterais: sedação, tontura, bradicardia ou hipotensão
  ortostática.A gestante pode vir a apresentar Coombs indireto positivo.
  Beta-bloqueadores: Usar o Pindolol(Visken®) nas doses de 5 a 30 mg
  diários, fracionados em duas doses. Não usar o propanolol. Outras
  opções são o : oxiprenolol, metoprolol, labetolol.
  Bloqueadores do canal de cálcio: Nifedipina , usar na dose de 10 a 20
  mg diárias, divididas em duas tomadas ou em uma dose na forma
  “retard”. Dose máxima igual à 180 mg/dia.
  Prazozin : (Minipress®): Utilizado nas doses de 0,5 a 1 mg a cada 12
  horas , podendo ser aumentado até 20 mg ao dia.**Não associar com
  bloqueadores de canal de cálcio.
  Diuréticos:     Apenas     em      situações   especiais   prescrevemos
  diuréticos:mulheres que já vem utilizando esta medicação a um tempo,
  situações     que   recomendamos     a   associação   de   medicamentos,
  principalmente a alfa-metildopa.




Tratamento da Pré-eclâmpsia Grave com crise hipertensiva (PAD > 110
mmHg):
  Cuidados Gerais: Internar a paciente, orientando familiares sobre a
  gravidade do caso e a possibilidade de parto prematuro. Repouso em
  DLE, jejum oral até controle dos níveis pressóricos. Estabelecer
  venoclise. Acessar vitalidade fetal. Solicitar exames específicos na
  urgência.
  Medidas Medicamentosas: Fazer o uso de hipotensores de ação
  rápida.


  Orienta-se primeiramente o uso de hidralazina (Nepresol®):
                                                                             Junho - 2010
Modo de administrar:
Diluir 1 ampola (20mg-1ml) em 19ml de água destilada, infundir 5ml IV
(5mg) a cada 30 minutos até controle da pressão(PAD entre 90 e 100
mmHg). Repetir dose a cada 4 a 6 horas.


   Optar por introduzir terapia anticonvulsivante quando há sinais e
   sintomas de cefaléia, distúrbios visuais (escotomas), epigastralgia ou
   hipocôndrio   direito,   edema   patológico,   principalmente   membros
   superiores e face. Preconizamos o esquema de Zuspan para infusão de
   sulfato de magnésio:


   SULFATO DE MAGNÉSIO
Sulfato de Magnésio 50% ampola de 10ml equivale a 5G de sulfato de
magnésio, ou seja, 0,5g/ml


   Dose de ataque: 4g EV lento (diluir 8ml de 1 ampola a 50% de MgSO4
   em 12 ml de água destilada. O total de 20 ml infundir lentamente em 5-
   10 minutos, observando freqüência respiratória).
   Dose de manutenção: 2g ( 2G = 4ml)EV por hora (usar 5 ampolas de
   MgSO4 50% em 500ml de SG 5%, infundir 44ml/h , sempre em bomba
   de infusão). Ou seja, 25g em 500ml = 0,05g/ml * 44ml = 2,2G/h


   Em casos de transferência de paciente
   Usar o esquema de Pritchard :
   Dose de ataque: 4 gramas (8ml) EV lento + 10 gramas IM profundo (5g
   ou 1 ampola em cada nádega).
   Dose de Manutenção :5 gramas (10ml) IM profundo a cada 4 horas.


   ATENÇÃO:
   Tanto um esquema como o outro serão mantidos até 24 horas pós-parto.
   Evitar a associação de nifedipidina e sulfato de magnésio pela potencial
   ação sinérgica de ambas levando à quadros de hipotensão severa.
                                                                              Junho - 2010
Sempre monitorizar a paciente : O reflexo patelar deve estar presente, a
      freqüência respiratória deve ser normal (maior que 14 por minuto),
      débito urinário maior que 30 ml/h. Na ausência destas condições, deve-
      se suspender ou diminuir a infusão de MgSO4, ou usar gluconato de
      cálcio (10 ml a 10%) EV lentamente, como antídoto, com maior
      monitorização laboratorial.


      Pode-se controlar a dose de sulfato de magnésio através da
      pesquisa      laboratorial     da   concentração   sérica   de   Magnésio
      necessária para prevenir as convulsões. Isto é, 4 a 7 mEq/L ( 4,8 a
      8,4 mg/dL).




   2-HELLP
   Diagnóstico (1 ou mais fatores):
   HEMÓLISE
   Esfregaço periférico anormal
   Bilirrubinas Totais > 1,2 mg/dl
   DHL > 600 U/L
   ELEVAÇÃO DE ENZIMAS HEPÁTICAS
   TGO > 70 UI/L
   PLAQUETOPENIA
   Plaquetas < 100.000 / mm3

TRATAMENTO
O tratamento deve ser realizado sempre em serviço de referência onde se
encontre centro de terapia intensiva, serviço de hemoterapia e de diálise.
Magan e Martin estabeleceram 12 passos para o tratamento:

1. Antecipe e faça o diagnóstico: toda gestante com queixa de náuseas,
vômitos e dor abdominal deve ser investigada para síndrome HELLP.

2. Avalie as condições maternas: avaliação global da paciente com ênfase no
sistema circulatório, respiratório, hepático, renal e hematológico.
                                                                                  Junho - 2010
3. Avalie as condições fetais: parto agora ou mais tarde? Considerar a
realização de corticoterapia para aceleração da maturidade pulmonar fetal.

4. Controle a pressão arterial: usar hipotensores de ação imediata como a
hidralazina ou nifedipina se pressão diastólica igual ou maior a 110 mmHg.

5. Previna as convulsões com sulfato de magnésio: existe risco
considerável de convulsões.

6. Controle líquidos e eletrólitos: controle cuidadosamente a infusão de
líquidos e débito urinário. Provavelmente 2 a 3 litros/24 h serão suficientes.

7. Realize hemoterapia judiciosa. Reserve plasma fresco, plaquetas e
concentrado de glóbulos.

8. Gerencie o trabalho de parto e o parto: a via de parto será de indicação
obstétrica.

9. Otimize o cuidado perinatal: observar a elevada taxa de prematuridade.

10. Trate a paciente intensivamente após o parto: manter sulfato de
magnésio por 24 horas; lembrar que o nadir plaquetário pode ocorrer até o 5º
dia de puerpério, enquanto que a normalização das enzimas hepáticas
geralmente ocorre em 48 horas.

11. Permaneça alerta para o desenvolvimento da falência de múltiplos
órgãos e sistemas.

12. Aconselhe sobre a gestação futura.

- Conduta Obstétrica:
• Via vaginal: manter plaquetas acima de 20.000.

• Cesárea: manter plaquetas acima de 50.000. Nos casos de plaquetas abaixo
deste valor, iniciar a transfusão de 6 a 10 bolsas de plaquetas no peri e intra-
operatório. A incisão de Pfannenstiel é permitida com a menor área de
descolamento possível, porém considerar a colocação de drenos
subaponeurótico e subcutâneo devido ao maior risco de formação de
hematoma de parede. Evitar a manipulação hepática durante o ato operatório.
Nos casos onde se encontra sangue em cavidade abdominal avaliar as
condições do órgão com o máximo de delicadeza possível.

• Anestesia: A anestesia regional e o bloqueio do pudendo estão contra-
indicados na vigência da coagulopatia, indicando-se nestes casos a anestesia
geral. O uso de narcóticos endovenosos pode ser realizado com parcimônia.
                                                                                   Junho - 2010

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Abordagem inicial na dheg e hellp síndrome

  • 1. Abordagem Inicial na Doença Hipertensiva Específica Específica da Gravidez e Hellp Síndrome Síndrome Versão eletrônica atualizada em Junho – 2010 Junho - 2010
  • 2. 1 - DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ Hipertensão que aparece após a 20a. semana de gestação Exames recomendados: Frente à uma paciente hipertensa, após detalhada anamnese, exame clínico e tocoginecológico, o obstetra deve solicitar os seguintes exames : Hemograma completo, uréia, creatinina, proteinúria de 24h, urina-I, transaminases hepáticas, atividade de protrombina, DHL, bilirrubinas , exames para avaliar vitalidade fetal. Exames complementares que podem ser solicitados: esfregaço de sangue periférico para pesquisa de esquizócitos, fundo de olho, clearance de creatinina, eletrólitos, glicemia de jejum e teste de sobrecarga, ECG, ecocardiograma, Rx de tórax (sinais de ICC), pesquisa para colagenoses, anticorpos antifosfolipídeos. ** Considerar caso grave e passível de resolução da gestação quando apesar dos níveis pressóricos apresentar as seguintes alteração laboratoriais Proteinúria em 24 horas > 2,0 g Creatinina > 1,2 mg/dl Plaquetas < 100.000/mm3. Bilirrubina Total > 1,2 mg/dl DHL > 600U/l TGO/TGP > 70 U/L Tratamento da hipertensão arterial crônica : Cuidados gerais: dieta balanceada, hiperprotéica e normossódica (até 8 gramas/sal por dia). Controle diário da pressão arterial e semanal do peso (mais que 1 kg/semana como agravamento). Medidas Medicamentosas: Usar hipotensores apenas quando PAD for maior que 100 mmHg. Junho - 2010
  • 3. Drogas de ação central: Alfa-metildopa: Começamos com dose de 750 mg/dia dividido em três doses, sendo que os efeitos hipotensores têm início cerca de 6 horas após a dose inicial. Pode-se elevar a dose até 2g/dia. Efeitos colaterais: sedação, tontura, bradicardia ou hipotensão ortostática.A gestante pode vir a apresentar Coombs indireto positivo. Beta-bloqueadores: Usar o Pindolol(Visken®) nas doses de 5 a 30 mg diários, fracionados em duas doses. Não usar o propanolol. Outras opções são o : oxiprenolol, metoprolol, labetolol. Bloqueadores do canal de cálcio: Nifedipina , usar na dose de 10 a 20 mg diárias, divididas em duas tomadas ou em uma dose na forma “retard”. Dose máxima igual à 180 mg/dia. Prazozin : (Minipress®): Utilizado nas doses de 0,5 a 1 mg a cada 12 horas , podendo ser aumentado até 20 mg ao dia.**Não associar com bloqueadores de canal de cálcio. Diuréticos: Apenas em situações especiais prescrevemos diuréticos:mulheres que já vem utilizando esta medicação a um tempo, situações que recomendamos a associação de medicamentos, principalmente a alfa-metildopa. Tratamento da Pré-eclâmpsia Grave com crise hipertensiva (PAD > 110 mmHg): Cuidados Gerais: Internar a paciente, orientando familiares sobre a gravidade do caso e a possibilidade de parto prematuro. Repouso em DLE, jejum oral até controle dos níveis pressóricos. Estabelecer venoclise. Acessar vitalidade fetal. Solicitar exames específicos na urgência. Medidas Medicamentosas: Fazer o uso de hipotensores de ação rápida. Orienta-se primeiramente o uso de hidralazina (Nepresol®): Junho - 2010
  • 4. Modo de administrar: Diluir 1 ampola (20mg-1ml) em 19ml de água destilada, infundir 5ml IV (5mg) a cada 30 minutos até controle da pressão(PAD entre 90 e 100 mmHg). Repetir dose a cada 4 a 6 horas. Optar por introduzir terapia anticonvulsivante quando há sinais e sintomas de cefaléia, distúrbios visuais (escotomas), epigastralgia ou hipocôndrio direito, edema patológico, principalmente membros superiores e face. Preconizamos o esquema de Zuspan para infusão de sulfato de magnésio: SULFATO DE MAGNÉSIO Sulfato de Magnésio 50% ampola de 10ml equivale a 5G de sulfato de magnésio, ou seja, 0,5g/ml Dose de ataque: 4g EV lento (diluir 8ml de 1 ampola a 50% de MgSO4 em 12 ml de água destilada. O total de 20 ml infundir lentamente em 5- 10 minutos, observando freqüência respiratória). Dose de manutenção: 2g ( 2G = 4ml)EV por hora (usar 5 ampolas de MgSO4 50% em 500ml de SG 5%, infundir 44ml/h , sempre em bomba de infusão). Ou seja, 25g em 500ml = 0,05g/ml * 44ml = 2,2G/h Em casos de transferência de paciente Usar o esquema de Pritchard : Dose de ataque: 4 gramas (8ml) EV lento + 10 gramas IM profundo (5g ou 1 ampola em cada nádega). Dose de Manutenção :5 gramas (10ml) IM profundo a cada 4 horas. ATENÇÃO: Tanto um esquema como o outro serão mantidos até 24 horas pós-parto. Evitar a associação de nifedipidina e sulfato de magnésio pela potencial ação sinérgica de ambas levando à quadros de hipotensão severa. Junho - 2010
  • 5. Sempre monitorizar a paciente : O reflexo patelar deve estar presente, a freqüência respiratória deve ser normal (maior que 14 por minuto), débito urinário maior que 30 ml/h. Na ausência destas condições, deve- se suspender ou diminuir a infusão de MgSO4, ou usar gluconato de cálcio (10 ml a 10%) EV lentamente, como antídoto, com maior monitorização laboratorial. Pode-se controlar a dose de sulfato de magnésio através da pesquisa laboratorial da concentração sérica de Magnésio necessária para prevenir as convulsões. Isto é, 4 a 7 mEq/L ( 4,8 a 8,4 mg/dL). 2-HELLP Diagnóstico (1 ou mais fatores): HEMÓLISE Esfregaço periférico anormal Bilirrubinas Totais > 1,2 mg/dl DHL > 600 U/L ELEVAÇÃO DE ENZIMAS HEPÁTICAS TGO > 70 UI/L PLAQUETOPENIA Plaquetas < 100.000 / mm3 TRATAMENTO O tratamento deve ser realizado sempre em serviço de referência onde se encontre centro de terapia intensiva, serviço de hemoterapia e de diálise. Magan e Martin estabeleceram 12 passos para o tratamento: 1. Antecipe e faça o diagnóstico: toda gestante com queixa de náuseas, vômitos e dor abdominal deve ser investigada para síndrome HELLP. 2. Avalie as condições maternas: avaliação global da paciente com ênfase no sistema circulatório, respiratório, hepático, renal e hematológico. Junho - 2010
  • 6. 3. Avalie as condições fetais: parto agora ou mais tarde? Considerar a realização de corticoterapia para aceleração da maturidade pulmonar fetal. 4. Controle a pressão arterial: usar hipotensores de ação imediata como a hidralazina ou nifedipina se pressão diastólica igual ou maior a 110 mmHg. 5. Previna as convulsões com sulfato de magnésio: existe risco considerável de convulsões. 6. Controle líquidos e eletrólitos: controle cuidadosamente a infusão de líquidos e débito urinário. Provavelmente 2 a 3 litros/24 h serão suficientes. 7. Realize hemoterapia judiciosa. Reserve plasma fresco, plaquetas e concentrado de glóbulos. 8. Gerencie o trabalho de parto e o parto: a via de parto será de indicação obstétrica. 9. Otimize o cuidado perinatal: observar a elevada taxa de prematuridade. 10. Trate a paciente intensivamente após o parto: manter sulfato de magnésio por 24 horas; lembrar que o nadir plaquetário pode ocorrer até o 5º dia de puerpério, enquanto que a normalização das enzimas hepáticas geralmente ocorre em 48 horas. 11. Permaneça alerta para o desenvolvimento da falência de múltiplos órgãos e sistemas. 12. Aconselhe sobre a gestação futura. - Conduta Obstétrica: • Via vaginal: manter plaquetas acima de 20.000. • Cesárea: manter plaquetas acima de 50.000. Nos casos de plaquetas abaixo deste valor, iniciar a transfusão de 6 a 10 bolsas de plaquetas no peri e intra- operatório. A incisão de Pfannenstiel é permitida com a menor área de descolamento possível, porém considerar a colocação de drenos subaponeurótico e subcutâneo devido ao maior risco de formação de hematoma de parede. Evitar a manipulação hepática durante o ato operatório. Nos casos onde se encontra sangue em cavidade abdominal avaliar as condições do órgão com o máximo de delicadeza possível. • Anestesia: A anestesia regional e o bloqueio do pudendo estão contra- indicados na vigência da coagulopatia, indicando-se nestes casos a anestesia geral. O uso de narcóticos endovenosos pode ser realizado com parcimônia. Junho - 2010