1. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SUBSECRETARIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
DEPARTAMENTO DE GESTÃO EDUCACIONAL
Centro Municipal de Ensino Infantil
MADRE ELISIA
Ato de criação – Lei nº 338/96 – Manaus - Amazonas
Gestora: Wanderluci Almeida de Souza
Pedagoga: Samuelly Aguiar
Professoras do turno matutino:
Maternal
Maielly dos Santos Coelho
Márcia Cristina Costa de A. Sampaio
Simone Helen Drumond de Carvalho
1º Período
Alcinéia da Silva Costa
Elen Cristina Cavalcante B. dos Santos
Marciléia Briglia Alves
2º Período
Ana Mary dos Santos Martins
Francisca Ângela Cavalcante Araújo
Leusimar Macedo da Silva
Educação Especial (Sala de Recursos)
Keila Gleicy Rocha de Assis
http://simonehelendrumond.blogspot.com
2. TRÂNSITO:
UMA PROPOSTA
TRANSVERSAL NA ESCOLA
Já foi visto que o trânsito não foi eleito pelo MEC como tema transversal. Porém, se quiserem, as escolas
podem encaminhar sua prática educativa nesta direção.
Tema transversal
Todas as pessoas aprendem na escola a ler, a escrever, a somar, a dividir. Ao longo da vida escolar, prendem
centenas, talvez milhares, de conteúdos: sinônimos, antônimos, relevo, hidrografia, raiz quadrada, equação
numérica, colônia, república. Mas, desde sempre, os professores – além de conteúdos – trabalharam com
valores, embora sem saber disso. Também se aprende na escola que “xingar” o colega não é correto; que não
se deve riscar as carteiras, pois é preciso cuidar da escola...
Qualquer pessoa é capaz de lembrar diversas ocasiões em que seu professor ou sua professora interrompeu a
aula para falar sobre a importância do respeito aos colegas, da preservação do meio ambiente, das diferenças
entre as pessoas. Assuntos que – aparentemente – não tinham nada a ver com a aula. Entretanto, sempre que
fizeram isso, transversalizavam um tema.
Na escola, hoje, estas conversas informais precisam ser planejadas. Ou, seja: o professor, ao programar sua
aula, já deve saber que, além do conteúdo formal, precisa criar situações que possibilitem a aquisição de
valores, posturas e atitudes. É nesse momento que os temas transversais aparecem. Eles têm por objetivo
trazer à tona, em sala de aula, questões sociais que favoreçam a prática da democracia e da cidadania.
Os temas transversais não são novas disciplinas. São conteúdos educacionais – fundamentados em aspectos
da vida social – que transpassam pelas disciplinas. Portanto, o professor não vai dar “aulas de ética” ou
“aulas de meio ambiente” e tão pouco “aulas de trânsito”.
Ele vai inserir, em sua aula, atividades que favoreçam a análise e a reflexão sobre estes temas, a fim de que
os alunos realizem sua própria aprendizagem e traduzam em comportamentos os conhecimentos construídos
3. Interdisciplinaridade X Transversalidade
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental explicam a diferença entre
interdisciplinaridade e transversalidade da seguinte forma:
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzida por
uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles – questiona a visão
compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se
constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas.
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre
aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a
realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade).
Trânsito como tema transversal
A partir de uma visão ampla e abrangente de trânsito é possível propor às escolas um trabalho de
transversalização do tema.
O trânsito poderá ser contemplado em todas as disciplinas, como é possível notar em simples exemplos:
• na Língua Portuguesa: a leitura e a interpretação de textos jornalísticos, literários entre outros, sobre o
tema trarão diferentes elementos para debate;
• na Geografia: o estudo das diferentes paisagens que compõem os espaços rurais e urbanos provocará uma
visão crítica e aprofundada em relação ao próprio município;
• na Matemática: a análise de indicadores de trânsito possibilitará a identificação de problemas no trânsito e
a busca de soluções;
• na História: o reanimar de cenas do transitar humano reforçará a visão de que todas as pessoas são
responsáveis pela construção da realidade;
• na Arte: o acesso a diferentes formas de expressão que abordam o trânsito remeterá a exteriorização de
sentimentos e de idéias;
4. • nas Ciências Naturais: a reflexão sobre as relações entre trânsito, ambiente, ser humano e tecnologia
favorecerá a integração ao ambiente e à cultura, oportunizando ações de respeito e de preservação do espaço
público;
• na Educação Física: o desenvolvimento de habilidades corporais e de noções espaciais será imprescindível
à compreensão da importância do ato da locomoção para a vida humana.
É importante compreender que este trabalho deve ser permanente nas escolas. Ninguém apreende valores em
um dia, em uma semana, em um ano. Assim, para que o trânsito seja transversalizado nas escolas, é
necessária a formação dos professores. Eles precisam estar preparados para desenvolver o tema trânsito
como prática educativa cotidiana. E para isso, devem ter representações adequadas sobre o assunto.
AÇÕES EDUCATIVAS DE TRÂNSITO
Implementar o trânsito como tema transversal nas escolas é um grande desafio para os órgãos gestores de
trânsito. Este trabalho requer a elaboração de um projeto sério: objetivos bem definidos, recursos educativos
de qualidade, acompanhamento e avaliação permanentes, corpo técnico capacitado. Entretanto, outras ações
podem ser desenvolvidas com sucesso, como por exemplo:
• encontros de professores: seminários, oficinas etc. que sensibilizem e incentivem os educadores para o
desenvolvimento de atividades relacionadas ao trânsito na escola;
• espetáculos teatrais: peças de teatro bem montadas, com textos adequados às diferentes faixas etárias,
com espaço para debate ao final da peça;
• sessões de vídeo: a produção de programas educativos, abordando valores, gerando debates entre os
alunos;
• oficinas com alunos: a apresentação de pesquisas e de outros trabalhos produzidos pelos alunos;
• encontros com pais, alunos e comunidade: a promoção de eventos com o objetivo de debater questões
relacionadas ao trânsito.
5. Estes são apenas alguns exemplos. O profissional de educação de trânsito pode criar uma série de outras
ações educativas a partir das necessidades e das expectativas dos educadores, dos alunos, dos pais dos
alunos, enfim, de todas as pessoas que compõem o universo escolar.
Afinal, ele sabe o quanto é importante a participação da sociedade para um trabalho efetivo de educação.
Atenção!
Quando o assunto é trânsito nas escolas, é preciso considerar alguns aspectos muito importantes:
Geralmente, na Semana Nacional do Trânsito, os órgãos gestores trabalham, exaustivamente, promovendo
ações educativas: elaboram materiais, mandam fazer camisetas, promovem seminários... No entanto, é
fundamental acreditar que qualquer ação educativa de trânsito – que tenha como objetivo ensinar valores –
deve ser permanente. E para isso, ações devem ser planejadas, programadas, pensadas e desenvolvidas no
decorrer de todo o ano.
• Muitas vezes, as “pequenas” ações são mais eficazes que “grandes” obras. Um exemplo disso são as mini-
cidades.
A construção de um ambiente como este implica enorme gasto de dinheiro público que poderia ser utilizado
para o desenvolvimento de programas permanentes. Em vez de uma mini-cidade, por que não promover
passeios orientados pela cidade? Que tal a implementação de um projeto voltado para a descoberta da
cidade: o desenho das ruas, das casas, das praças.
Para reflexão
(...) construir e morar em cidades implica necessariamente viver de forma coletiva. Na cidade nunca se está
só, mesmo que o próximo ser humano esteja para além da parede do apartamento vizinho ou num veículo no
trânsito. O ser humano só no apartamento ou o indivíduo dentro do automóvel é um fragmento de um
conjunto, parte de um coletivo.
Hoje, este conjunto se define como massa, aglomeração densa de indivíduos cujos movimentos e percursos
são permanentemente dirigidos. Isto é bem claro, por exemplo, no movimento dos terminais de transporte,
em horas de pico, ou na saída de um jogo de futebol.
Na verdade esta regulação de fluxos está presente o tempo todo no cotidiano das cidades: são o semáforo e a
faixa de pedestres, as entradas de serviço e social nas portarias dos edifícios, as filas de ônibus, os impostos
urbanos etc. São regulamentos e organizações que estabelecem uma certa ordem na cidade definindo
movimentos permitidos, bloqueando passagens proibidas.
6. ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: Brasiliense, 1995. No Fórum Nacional de Educação, realizado
em São Paulo, no dia 3 de abril de 2004, Bernard Charlot, professor da Universidade de Paris e doutor em
Ciência da Educação, afirmou que o grande desafio da educação é “ligar os recursos educativos da cidade
aos da escola e fazer da escola um lugar onde se aprenda a vida”.
Jaqueline Moll, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e
conferencista do painel “Cidade educadora: construção de currículos e produção do conhecimento”,
defendeu a mudança nos currículos. “A escola deve ser vista como uma habitante da cidade; processos
educativos devem ser realizados fora da sala de aula. A escola e a cidade devem ser reinventadas; caso
contrário, nosso discurso será um simulacro”.
• As ações educativas de trânsito nas escolas, promovidas pelos órgãos gestores de trânsito, devem ter a
parceria das secretarias de educação (municipal ou estadual, conforme o âmbito de sua circunscrição). Esta
parceria é fundamental para troca de idéias e de experiências. Além disso, uma ação aprovada pela secretaria
de educação tem sempre melhor aceitação por parte dos educadores.
• Nenhuma ação educativa destinada às escolas deve ter como objetivo formar futuros motoristas. Isto
porque não existe lei alguma determinando que todas as pessoas devem ser motoristas. Além disso, muitas
pessoas não têm condições financeiras para comprar um automóvel e não podem ser ensinadas – desde
crianças – a valorizar um bem material, quando há tantos outros valores a serem ensinados. E o mais
importante: a escola não é um Centro de Formação de Condutores (CFC) e, portanto, o professor não tem
obrigação de ensinar conteúdos de direção defensiva, legislação etc. A função da escola é analisar, refletir e
debater sobre o respeito às leis de trânsito e ao espaço público; sobre a convivência entre as pessoas pelas
ruas da cidade, baseada na cooperação; sobre tolerância, igualdade de direitos, responsabilidade,
solidariedade e tantos outros valores imprescindíveis para um trânsito mais humano.
Para reflexão
A escola deve, em qualquer momento do processo pedagógico, ter clareza de seu papel. Há um alvo a ser
alcançado: a universalização e a socialização do saber, das ciências, das letras, das artes, da política e da
técnica. Mas há um ponto de partida que não pode ser olvidado: as experiências de vida e a realidade
percebida por aqueles a quem ela deve educar. O objetivo deve ser o de elevar o nível da compreensão
dessa realidade por parte do educando, que deve ultrapassar a percepção do senso comum em direção a
formulações mais elaboradas e organizadas.
7. Referências:
Curso de programa de educação de trânsito. Manaustrans. Manaus. 2011
DRUMOND, Simone Helen Ischkanian, Educação para o Trânsito, blog
(http://simonehelendrumond.blogspot.com)
RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na educação. São Paulo:
Cortez, 2000.