O documento discute a fenomenologia religiosa e aborda três tópicos principais: 1) o que é fenomenologia religiosa e como ela se relaciona com outras ciências, 2) as teorias evolutivas e devolutivas sobre a origem da religião, 3) a definição de "fato religioso" e como a fenomenologia lida com a realidade.
2. A Religião:
• Manifestação da espiritualidade
humana;
• Fenômeno comum na historia da
humanidade;
• Toma aspectos diversos e apresenta
conteúdos diferentes , conforme os
povos, as regiões e os tempos.
3. • Não se pode falar de Religião como se houvesse uma só Religião;
• O correto é falar de Religião no plural;
• Não se pode negar que as religiões apresentam entre si alguns
traços comuns bem definidos, sendo possível um estudo especial
sob o ponto de vista de sua tipologia ou fenomenologia.
5. Entendemos por Fenomenologia Religiosa o estudo sistemático do
fato religioso nas suas manifestações e expressões sensíveis, coma
finalidade de apreender o seu significado profundo.
Desta forma nos situamos:
• No campo da investigação histórica e cientifica;
• No campo da interpretação existencial;
• No campo da observação objetiva.
6. Contudo a Fenomenologia Religiosa se distingue:
Sociologia Religiosa;
Filosofia Religiosa;
Psicologia Religiosa.
Não deve ser considerada uma ciência que se baste a si mesma, ela
depende de outras ciências, tanto sob o ponto de vista do conteúdo, como
o do método.
Possui fisionomia própria, e pode apresentar-se como uma verdadeira
ciência, cuja finalidade não é “classificar” os vários fenômenos religiosos,
mas apreender o seu significado próprio, como expressão da mais altas
espiritualidades do homem.
7. Exemplos:
Ele deriva do menorá, um candelabro com sete braços
representando os sete dias da criação do mundo, e surgiu
para celebrar uma importante vitória do povo judeu, além de
um suposto milagre. Essa história começa no século 2 a.C.,
quando os selêucidas uma dinastia de origem grega que
dominava parte da Ásia na época —tomaram e pilharam um
templo sagrado para os judeus em Jerusalém durante três
anos. No ano 165 a.C., os judeus finalmente conseguiram
expulsar os selêucidas. "Quando o templo sagrado foi
reconquistado, encontraram um único cântaro (vaso) de
óleo puro inviolado, que seria suficiente para manter aceso
o menorá durante apenas um dia. Milagrosamente, o óleo
durou oito dias", afirma o rabino Henry Sobel. Para
comemorar esse suposto milagre, os judeus criaram um
feriado chamado Chanuká, ou "Festa das Luzes", que
acontece no fim de novembro ou durante o mês de
dezembro. Oito dos nove braços do candelabro usado
durante esse período de celebração correspondem aos oito
dias do feriado. No nono braço, coloca-se o shamash, uma
vela auxiliar com a qual se acendem as outras.
8. • A Armadilha do Diabo é um
símbolo místico usado para
controlar demônios e/ou evitar
que eles entrem no local onde
o símbolo foi desenhado e
nem ter acesso ao que está
sobre proteção da armadilha.
O Grande Pentagrama serve
para convocar espíritos
• Esse símbolo aparece
no grimório A Chave Menor de
Salomão
10. O fenômeno religioso não se encontra isolado, mas integrando
determinadas formas religiosas, nas quais pode adquirir significados
diferentes.
• Etimologicamente: verbo latino religare que quer dizer “ligar
novamente”. Segundo esta explicação, religião quer dizer “prender
o individuo a determinada fé e moral”.
Cicero, no entanto afirma que, Religião vem do verbo re-ligare (reler),
sendo uma atitude de reflexão frente à divindade, que determina um
comportamento respeitoso e submisso.
No grego usa-se eusébia, que quer dizer “respeito”.
11. • Filosoficamente: a Religião recebe as mais diversas definições, a
ponto de ser tachada de alienação;
• Psicologicamente: a Religião é uma atitude de reação frente à
contingência e a relatividade do mundo, o homem se refugia em
um Absoluto;
• Sociologicamente: a Religião se identifica com as estruturas
criadas pela sociedade humana;
12. • Teologicamente: a Religião pode ser identificada com a Fé, nela se
vê uma atitude de reverente submissão a Deus, ou um esforço
magico para manipular as forças divinas;
• Fenomenologicamente: a Religião identifica-se com o culto
religioso, engloba e estrutura todas as ações que se dirigem ao
Sagrado.
14. • Em fenomenologia só se trata do sentido daquilo que aparece
diretamente no fenômeno (sentido husserliano);
• Será de ordem da “posição” (fé), de natureza “dóxica” (doutrinal),
mas não da ordem da significação.
• Todo o sentido da Religião aparece, torna-se manifesto, enquanto
que os seus princípios doutrinários, as suas próprias afirmações se
refugiam na “dóxica” (teologia).
• Dai a possibilidade do estudo do sentido nele mesmo, sem jamais
recorrer à “dóxica”.
15. • Não se compromete o ponto de vista da Fé, que fica integralmente
resguardado.
• Basta a descrição das essências.
• Será a Religião uma salvação concedida por Deus? Será talvez um
produto da civilização?
• Ele percebe um sentido, e o confirma. Mas persiste em ignorar se
isto corresponde a alguma coisa real.
• Percebe-se que este sentido é aquele que nós chamamos de pré-
telogico.
16. • A Fenomenologia refuta os que pensam que a Religião
sobrenatural não pode existir fenomenologicamente sob forma
alguma e em nenhum plano.
• O fenomenólogo se atém ao sentido do fenômeno, deixando de
lado o sentido oculto da Fé, ou seja, aquilo que ilumina a graça,
que indica uma ordem superior.
• O fenômeno religioso tem seu sentido especifico, que é de uma
reação espontânea, não racionalizada, perante o sagrado, mas em
si mesmo ainda não traz uma doutrina e, por isso pode fazer parte
de tanto de um sistema religioso como de outro.
18. • A Religião é algo profundamente humano;
• Só o homem manifesta o sentimento religioso;
• Porém isto não significa que todos os homens sejam
profundamente religiosos, pois a Religião não afeta a todos os
homens da mesma forma e da mesma intensidade.
• Quanto a “Universalidade” da Religião “não há povo, por mais
primitivo que seja, sem Religião” (ciência e religião, 1948).
• Sempre encontramos algum indicio de culto religioso.
19. • A “Universalidade” não é de tal ordem que tire á Religião a sua
singularidade: ela apresenta sempre características próprias.
• A Religião não deixa de apresentar diferentes formas exteriores
segundo as culturas que integra, mas não se identifica com
nenhuma delas.
• “A Religião aparece profundamente radicada no individuo e
desenvolvida no grupo social” (Zunini, 1966).
• Se a Religião apresenta uma função social, é porque o individuo
mesmo é um ser social.
20. • “A Religião é a mais audaciosa tentativa de conceber o universo
inteiro como algo humanamente significante” (The Sacred Canopy,
1969).
• A Religião radica na própria natureza do individuo humano, mas
não se identifica simplesmente com a sua psicologia; pede um
esforço de compreensão a partir de sua fenomenologia, a única
que pode fornecer, fora da teologia, uma “interpretação” valida para
o seu significado mais profundo.
21. O “fato religioso”:
• É um verdadeiro fenômeno humano;
• Radica-se na própria natureza humana, sendo possível neste
principio de unidade chegar à sua essência;
• O “fato religioso” é decisivo para o comportamento e para a
estruturação da sociedade.
23. • A realidade, para muitos, é o que se pode verificar empiricamente,
e fenômeno é apenas o que aparece exteriormente.
• A experiência fenomenológica abriu novas perspectivas para o
conhecimento do mundo e da vida.
• Só depois que o homem percebe o significado próprio de certos
fatos da realidade pode construir um corpo de doutrinas que se
chamará ciência natural.
• Somente a fenomenologia pode dar a conhecer certas realidades
existências.
24. • Fenômeno, portanto, é a realidade que captamos nas coisas por
meio de nossa consciência.
• Não se nega a percepção sensorial, mas dá-se ênfase à percepção
intencional, que tornas as coisas interessantes para o homem.
• O fenômeno tem algo de “transcendente”, no sentido de que apela
para a compreensão de um significado que se situa na consciência
humana e não propriamente no objeto: é o que se chama
“intencionalidade” do fenômeno.
• A Fenomenologia Religiosa não pode ser considerada apenas
como uma “chave hermenêutica”, mas como um método de estudo.
26. • A experiência religiosa inclui dois elementos distintos, mas
complementares: a emoção e a curiosidade.
• Todo o fenômeno (husserliano) comporta uma impressão exterior e
um significado interior.
• O homem religioso procurar interpretar culturalmente a “eidêitas”
de sua experiência religiosa, ele cria o Mito ou a Teologia.
• Procura repetir experiências religiosas, cria-se o Rito.
• Nas religiões naturais predomina o Rito que a teologia pode ficar
completamente obscurecida.
27. • O mesmo acontece na chamada “religiosidade popular”.
• O povo não tem tempo e nem condições culturais para o
aprofundamento de sua fé.
• As formas populares de devoção não passam de tentativas de
comunicação com o Sagrado condicionados ao meio cultural.
29. • Segundo a mentalidade reinante (evolucionista), foi adota o
principio de que o fenômeno religioso acompanhava passo a passo
a evolução cultural do e social da humanidade.
• Os etnólogos relutam em aplicar ao “fenômeno religioso” um
evolucionismo.
31. • Os primeiros que traçaram um esquema evolutivo para o problema
religioso foram os gregos.
• Evêmero (séc. III a.C.); Hecateu de Mileto.
• Darwin, fornece aos filósofos de sue tempo, com sua teoria da
evolução das espécies, a ideia de uma evolução cultural.
• A. comte, lança uma teoria apriorística com base evolucionista do
tipo cultural; a humanidade teria conhecido três grandes períodos
culturais: o religioso, o filosófico e o cientifico.
32. • Spencer afirma que todas as coisas evoluem da forma mais
simples para as mais complexas, inclusive a Religião, e propõe o
“manismo” como origem da Religião.
• Lubbock ensina que o primeiro estagio de Comte apresenta a
seguinte evolução: ateísmo inicial, xamanismo, antropomofismo e
monoteísmo.
• Tylor propõe um novo esquema: animismo inicial, manismo,
fetichismo, politeísmo, monoteísmo. O homem primitivo nos seu
sonhos entrou em contato com um mundo diferente daquele em
que vivia desperto, passando a vogar pelos ares e comunicando-se
com seres fantásticos.
33. • Frazer considera a magia a forma originaria de Religião. Seu
esquema de evolucionista é o seguinte: magia, religião, ciência.... A
magia não é, propriamente, uma forma de religião, mas uma pré-
ciência.
• Marret critica Tylor e propõe sua própria teoria evolucionista: pré-
animismo ou animatismo. A Religião primitiva não é algo elaborado
mentalmente, mas que se dança e deve ser compreendida nos ritos
e não nos seus mitos e que a forma primitiva da Religião é a crença
no Sagrado.
34. • King amplia a transcendência da magia, convertendo-a em fonte da
Religião. Ele conclui que a Religião não passa de uma “ilusão”,
criada pela comunidade antiga.
• Robertson Smith propõe o totemismo como fonte original da
Religião, tomando como exemplo a Religião Hebraica.
• Zapletal demonstrou que os animais não eram cultuados como
totens, e que o cordeiro pascal não representava Iahweh: era uma
ceia em “comunhão com Deus”, e não uma “comunhão de Deus”.
35. • Durkheim afirma que quando os homens vivem separados, não
possuem o sentido do Sagrado, mas só quando estão reunidos em
grupos sociais. A Religião é produto do espirito associativo do
homem.
• Müller põe a origem da Religião em problema de linguagem. À
medida em que o homem dava nome as coisas, também as
personificava criando assim entidades abstratas, que se
transformaram em deuses.
• Wundt põe a origem da Religião no medo que assaltava o homem
primitivo sempre que não conseguia uma explicação natural para
os fenômenos. Do medo nasceu os mitos e deste a Religião.
37. Contra a onda evolutiva levantou-se uma reação violenta, em parte
suscitada pelos espiritualistas, mas em grande parte funda em uma
pesquisa mais objetiva da parte dos próprios etnólogos e
antropólogos.
• Lang foi o primeiro a contestar as teorias evolutivas e, propôs uma
teoria devolutiva na qual, a forma mais simples de Religião é o
monoteísmo.
• Schmidt afirma que houve três estagio (ciclos culturais) na cultura
humana: a cultura primordial; cultura superior; as grandes
civilizações.
38. Propostas para explicar como se originou a Religião:
• Em todas as fases da historia da humanidade sempre encontramos
uma ou outra forma de Religião;
• Não podemos determinar com precisão qual a forma originaria da
Religião em toda a humanidade;
• O principio invocado de “forma mais simples” não explicaria o
significado do fenômeno religioso como tal.
40. O problema da origem da Religião está mal formulado, pois parte do
principio apriorístico de que a vida espiritual do homem depende de
sua evolução biológica.
Psicologicamente falando, parece que a resposta é favorável ao
monoteísmo.
Sociologicamente, parece igualmente que o monoteísmo é a forma
mais simples de Religião, pois corresponde à idealização do chefe
de tribo dos povos primitivos.
Historicamente não há meio de se verificar como aconteceram as
coisas.
41. Resta a pesquisa fenomenológica, que estuda a Religião a partir do
seu elemento básico, o fenômeno religioso tal como se manifesta no
comportamento humano.
O fenômeno religioso se funda em uma “experiência do Sagrado”.
Esta experiência pode ser mais ou menos clara, segundo as
disposições intelectuais, psicológicas e de liderança do respectivo
individuo.
O monoteísmo não é privilegio de determinadas estruturas sociais ou
culturais, mas aparece ali onde há um homem carismático capaz de
lhe dar condições par se impor ao grupo humano.
42. Não se pode dizer que todas as teorias sobre a origem da Religião
tenham sido inteiramente inúteis sob o ponto de vista cientifico, pois
deram um ensejo para que se pesquisasse mais a fundo o fenômeno
religioso como tal.