1. História da Cidade
O nome do município é de origem guarani podendo ser composto, na sua grafia primitiva – ü
(água, rio) e wa’su (grande), portanto Água Grande. (Fonte: Dicionário Onomástico Etimológico da
Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Por estar situado na confluência dos rios Paraná e
Iguaçu, recebeu o nome de Foz do Iguaçu. Seus habitantes são designados usualmente por
iguaçuense.
Pesquisas arqueológicas realizadas pela Universidade Federal do Paraná no espaço
brasileiro do reservatório de Itaipu (antes de sua formação) situaram em 6.000 a.C. os vestígios da
mais remota presença humana na região. Vários grupos humanos sucederam-se ao longo dos
séculos. Os últimos que precederam os europeus (espanhóis e portugueses) foram os índios. Em
1542, o espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca chegou ao Rio Iguaçu e por ele seguiu guiado por
índios Caiganges até atingir as cataratas. Cabeza de Vaca é reconhecido como o "descobridor" das
Cataratas do Iguaçu.
A região de Foz do Iguaçu foi descoberta pelo homem branco em 1542, através da expedição
colonizadora de Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, capitão espanhol guiado por índios Guaranis. A
expedição partiu da costa de Santa Catarina em direção a Assunção, atravessando este estado de
leste a oeste até o Rio Paraná, tendo então descoberto as Cataratas, que batizou com o nome de
“Cachoeiras de Santa Maria”. Cabeza de Vaca é reconhecido como o “descobridor” das Cataratas
do Iguaçu. Em 1881, Foz do Iguaçu recebeu seus dois primeiros habitantes, o brasileiro Pedro
Martins da Silva e o espanhol Manuel Gonzáles. Pouco depois chegaram os irmãos Goycochéa, que
começaram a explorar a erva-mate.
De 1890 – 1900
A Colônia Militar, que estava em fase de desenvolvimento, por volta de 1893, sofreu os efeitos
da violência de um bando de derrotados da Revolução Federalista (que aconteceu no Rio Grande do
Sul). Esse bando passou pelo povoado saqueando e espalhando terror, forçando a população a
deixar para trás suas casas e bens. Alguns não mais retornaram ao povoado, o que atrasou por
longos anos o desenvolvimento da Colônia.
No ano de 1897 foi criada a Agência Fiscal, chefiada pelo capitão Lindolfo Siqueira Bastos.
Ele registrou a existência de apenas 13 casas e alguns ranchos de palha. Nos primeiros anos do
século XX a população de Foz do Iguaçu chegou a aproximadamente 2000 pessoas e o vilarejo
dispunha de uma hospedaria, quatro mercearias, um rústico quartel militar, mesa de rendas, estação
telegráfica, engenhos de açúcar e cachaça e uma agricultura de subsistência.
Foto antiga do Acervo “Histórias de Foz do Iguaçu¨
“Contavam que chegaram quietos, sem fazer barulho. Com certeza, Prestes chegou
esperando, na expectativa. Quando nós chegamos não havia mais nada nem ninguém para
combater. Graças a Deus não tivemos que entrar em nenhum combate. Se tivéssemos que entrar
em combate, era para morrer, porque não tínhamos instrução alguma. Havia soldados treinados
para o combate, mas havia na tropa também muitos civis, como meu pai e eu, sem instrução militar
alguma”. Porfírio Gonçalves Araújo, junto com seu pai em 1894, integrou a força militar que o
governo federal mandou para Foz do Iguaçu a fim de espantar os revolucionários.
De 1900 – 1950
Em 1910 a Colônia Militar passou à condição de “Vila Iguassu”, distrito do Município de
Guarapuava. Dois anos depois, o ministro da guerra emancipou a colônia tornando-a um
povoamento civil, entregue aos cuidados do governo do Paraná, que criou então a coletoria estadual
da Vila.
5Em 14 de março de 1914, pela lei 1383, foi criado o Município de Vila Iguassu, instalado
efetivamente no dia 10 de junho do mesmo ano, com a posse do primeiro prefeito, Jorge
Schimmelpfeng, e da primeira Câmara de Vereadores. O município passou a denominar-se “Foz do
Iguaçu”, em 1918.
A primeira casa comercial legalizada surgiu em 1919 com o nome “Laranjeiras, Mendes e
Cia”. Na sequência, outras casas comerciais se instalaram.
Desde essa época foram chegando novos colonizadores, principalmente os imigrantes europeus, na
sua maioria alemães e italianos, que asseguravam sua fonte de renda através da produção da erva-
mate e do corte da madeira.
2. “Trabalhei em comércio, esse comércio pequeno, mercearia.
Trabalhei com o comércio formiguinha da Argentina.
Eu comprava as mercadorias lá, principalmente farinha, óleo
e revendia para os colonos no Brasil.
Trazia mercadoria no ombro. O barco ficava no Porto Meira.
Saía daqui do centro até lá, cruzava o rio, comprava a mercadoria e trazia no ombro até a minha
mercearia.
Não tinha carro naquela época, não tinha nada de transporte.
Era um trabalho árduo, mas tinha que ser feito.
Odilon Galeano, comerciante paraguaio morador de Foz Desde 1949.
A história do Parque Nacional começa no ano de 1916, com a passagem por Foz do Iguaçu
de Alberto Santos Dumont, o “Pai da Aviação”, seu legítimo “fundador”. Aquela área pertencia ao
uruguaio Jesus Val. Santos Dumont intercedeu junto ao Presidente do Estado do Paraná, Affonso
Alves de Camargo, para que fosse desapropriada e tornada patrimônio público, sendo declarada de
utilidade pública no mesmo ano. Em 1939 foi criado o Parque Nacional do Iguaçu.
A estrada que liga Foz do Iguaçu a Curitiba tomou sua primeira forma em 1920; era uma
estrada precária, cheia de obstáculos.
A vinda dos revolucionários da Coluna Prestes na década de 1920, trouxe novos usos e
costumes à população. Nessa época, houve uma crise econômica muito grande, pois Foz do Iguaçu
estava sitiada e os revolucionários tomaram o pouco que restava à população, requisitando animais
e mantimentos para a manutenção das tropas.
Em 1928 foi inaugurado o primeiro grupo escolar do município, grupo Escolar Bartolomeu
Mitre, sendo diretor o Padre Monsenhor Guilherme.
“ Passei a aprender em casa, com um tio. Não havia
escola. Na década de 20 os padres começaram a dar
aulas, inicialmente embaixo de árvores ao lado da Casa
Paroquial. Só em 1928 foi aberta a Escola Bartolomeu
Mitre, naquele prédio que ainda existe, em frente à Praça
Getúlio Vargas, ao lado do correio. Eu entrei no segundo
ano primário e fiz parte da primeira turma de formandos
da Escola, que era do Estado. Minha professora foi Ottília
Schimmelpfeng.
Professora Ilka Agripina Vera, que primeiro inaugurou a escola como aluna e depois como
professora.
A partir de 1930 foram chegando os primeiros agricultores do Rio Grande do Sul, dando início
a um novo ciclo de ocupação com a instalação da agricultura na região do extremo-oeste
paranaense e consequente expansão da fronteira. No início, a estrutura fundiária era baseada na
pequena propriedade e, muitas vezes, era apenas de subsistência.
Nesta mesma época, ocorreu um maior desenvolvimento na cidade devido à criação da
Companhia Isolada de Foz do Iguaçu (13/maio/1932), da Delegacia da Capitania dos Portos do Rio
Paraná (1933), da construção do primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu, da fundação da Santa Casa
Monsenhor Guilherme (1938) e da criação do Parque Nacional (1939).
Na década de 1950, iniciou-se a industrialização de Foz do Iguaçu com o surgimento de
grandes madeireiras, olarias, alambiques, fábrica de palmito (Caiçara), fábricas de bebidas, o
primeiro restaurante de classe da época (Viena) e indústria de café (Portinho). Também ocorreram à
criação da escola do magistério (1952) e da escola de trabalhadores rurais Dr. Ernesto Luiz de
Oliveira (1956); a inauguração do Ginásio Estadual de Foz do Iguaçu (que em 1960 passou a se
chamar Ginásio Estadual Monsenhor Guilherme), a fundação do primeiro jornal de Foz do Iguaçu (A
Notícia – 1953) e a fundação da primeira rádio comunicadora da região (Rádio Cultura de Foz do
Iguaçu – 1953).
Nessa época, Foz do Iguaçu começou a tomar forma de cidade urbanizada e sua população
passou para aproximadamente 20.000 habitantes. Em 1952 foi inaugurado o Cine Star da família
Basso, que contribuiu para a vida social da cidade. No ano de 1956, foram iniciadas as obras da
3. Ponte Internacional da Amizade que ligaria o Brasil ao Paraguai. Também na década de 1950
passaram a operar em Foz do Iguaçu duas companhias aéreas – a Real Transportes Aéreos e a
Panair do Brasil.
No início de 1960, ocorreu a redução da área territorial do município devido à emancipação de
Matelândia, Medianeira e São Miguel do Iguaçu. Nessa década também fundou-se uma das
primeiras empresas de transporte coletivo de passageiros (Irmãos Rafagnin Ltda). Em 1960, foi
criada a primeira escola técnica – Colégio Comercial e Estadual Antônio de Castro Alves
(atualmente Colégio Agrícola). Nesse período iniciou-se o asfaltamento das vias públicas da cidade
e a implantação da rede de água e esgoto.
“ Eu tinha um programa que girava em torno do Turismo e da eletrificação da cidade, que não tinha
luz. Quando assumi a Prefeitura estávamos no escuro.
Incentivamos o surgimento da hotelaria, convidando investidores.
Busquei recursos para começar o asfaltamento da cidade. Não havia um metro de calçamento, e eu
consegui asfaltar a Avenida Brasil e várias ruas do centro da cidade.
Para a geração de energia elétrica consegui um motor termoelétrico. “Depois, ainda durante o meu
governo, foi concluída a Usina de Ocoí e a cidade passou a se abastecer dessa energia”.
Ozires Santos, ex-prefeito de Foz do Iguaçu (1963 a 1968).
De 1965 em diante com as inaugurações da BR – 277, ligando Foz à Curitiba, da Ponte
Internacional da Amizade (Brasil – Paraguai), Foz do Iguaçu teve seu desenvolvimento acelerado,
intensificando o turismo e o comércio, principalmente com a cidade paraguaia de Puerto Presidente
Stroessner (atual Ciudad Del Este).
Em 1967, inaugurou a pista asfaltada do que viria a ser o moderno Aeroporto Internacional de
Foz do Iguaçu inaugurado anos mais tarde.
O final deste ciclo se caracteriza também pela consolidação da economia do setor terciário,
que no município passou a ter uma participação cada vez maior na geração de renda e na absorção
de mão- de- obra. Neste período a base econômica municipal dava-se em funções urbanas
diversificadas e direcionadas ao atendimento dos fluxos turísticos.