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BAIRRO DE BOTAFOGO
                  O tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase
          terminou na mesma ocasião. Com efeito, o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá
          (1542-67) fundara a 1o. de março de 1565 a “Cidade de São Sebastião do Rio de
          Janeiro”, na base do “Morro Cara-de-Cão”, na Urca, onde hoje existe o Centro de
          Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não só
          marcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presa
          fácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada “França
          Antártica” que havia se estabelecido em 1555 onde hoje é a Ilha de Villegaignon.
                 No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime de
          sesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações,
          além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas ao
          beneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bem
          como desenvolver alguma cultura nelas.
                 Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuro
          Vereador, sesmeiro e “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião”, o vicentino Antônio
          Francisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada das
          futuras praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura da
          casa “Carioca”, erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do Rio
          Carioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras de
          Francisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros de
          Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte).
                 A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serão
          batizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o
          “Berquó” ou “Brocó”, próximo ao “Morro São João” assim chamado no final do séc. XVII
          em lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquó da Silveira;
          sendo o outro rio o “Banana Podre”, em grande parte canalizado e acompanhando o
          trajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades.
                 Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais ou
          menos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...),
          sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tão
          calmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de “Le Lac”(o Lago).
                  Os índios tamoios, primitivos habitantes, não se sensibilizaram com a beleza da
          enseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de “Itaóca”(casa de
          pedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje é o Humaitá(fica no final da
          rua Icatu).
                  A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a “Enseada de
          Francisco Velho”. E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos.
                  Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicional
          família vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reais
          européias. Em Portugal, a família era possuidora do tradicional “Paço de Antas”, daí o
          sobrenome.
                  O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada com outro fundador do
          Rio de Janeiro, Antônio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literatura
          romântica do séc. XIX como o pai de “Ceci”, do romance “O Guarani”, de José de Alencar.
                  Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da
          cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde
          hoje existe o imenso edifício neoclássico da “Universidade do Brasil”, na Avenida Pasteur,
          antiga “Praia da Saudade”.



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Deve-se em boa hora lembrar que a topografia de então era bem diferente da
          atual. Não existia a Praia Vermelha, nem o terrapleno onde hoje figura a Praça General
          Tibúrcio. O Morro da Urca, junto com o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam uma
          ilha, separada do continente. O Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as
          praias da Saudade e Botafogo. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a Urca
          ao continente.
                  Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro “seqüestrado” no Rio de
          Janeiro, pois foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato
          cortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida
          pelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro da
          Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco canoas
          portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até o
          próprio São Sebastião em pessoa apareceu para “dar uma mãozinha”. O embate entrou
          para a história como a “Batalha das Canoas”.
                  Já bem idoso, Francisco Velho vendeu suas terras em 1590 ao seu colega de
          aventuras, o alentejano de Elvas João Pereira de Souza Botafogo (1540?-1605),
          sertanista famoso, e que deixara Portugal, ao que se diz, por embaraços financeiros. João
          Pereira emprestaria seu nome em definitivo ao bairro, que se chamou Botafogo desde
          então. O curioso é que possivelmente não era nome de nascença, mas sim apelido, muito
          comumente dado em Portugal aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo
          manuais.
                  Portanto, os dois primeiros moradores do bairro já sofriam de velhos problemas
          cariocas: seqüestro (Antônio Francisco Velho) e inadimplência (João Pereira de Souza
          Botafogo).

             UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA – RUA FERNANDO FERRARI, 75 – BOTAFOGO
                 A Ordem das Ursulinas foi fundada nos países baixos há quase cinco séculos por
          Santa Ângela Merici. Em 1938, um grupo de freiras aportou ao Rio de Janeiro, cedendo
          aos desejos do Papa Pio XI e do Cardeal D. Sebastião Leme. Vinham fundar uma escola
          de professoras Católicas do Curso Secundário. Inicialmente se instalaram a 30 de
          novembro daquele ano num prédio na Praia de Botafogo, 246. Em 1939 a Faculdade de
          Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula é autorizado a funcionar. Pelo
          Decreto 8.057, de 14 de outubro de 1941, a Faculdade foi reconhecida e pôde realizar em
          dezembro seguinte a colação de grau da 1a. turma de Bacharéis. Sete anos depois, foi
          inaugurado o novo edifício, hoje denominado de no. 1; na Rua Fernando Ferrari. Vinte
          anos depois, o arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca ergueu um novo prédio, hoje
          batizado de no. 2, para que a instituição passasse a funcionar como Universidade. Hoje
          são seis prédios, sendo o último inaugurado em 1982.
                 A Universidade Santa Úrsula começou com os cursos de Filosofia, Ciências,
          Letras, Geografia e Educação. Hoje, oferece, além destes, outros diversos cursos nas
          áreas de graduação e pós-graduação, sendo alguns de excelência, como Biologia e
          Arquitetura. Alguns de seus professores estão entre os melhores profissionais em sua
          especialidade. Diversos alunos conquistaram reconhecimento nacional em suas
          atividades. Entretanto, a crise que se abateu sobre o ensino e, em especial, o ensino
          superior na década de 80 não poupou a instituição, que hoje trabalha com uma fração de
          alunos se comparado com seu período áureo, dos anos 70.
                 O prédio no. 1 é tombado pela Municipalidade.

                   MONUMENTO A CHAIM WEIZMANN – RUA FARANI – BOTAFOGO



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Cientista e político. Nasceu em Pinsk, na Rússia Branca, em outubro de 1874.
          Ainda jovem fugiu da perseguição czarista, indo para a Alemanha, onde se iniciou em
          seus estudos de química, depois concluídos em Montreux, Suíça.
                  Em 1904 foi nomeado professor de química biológica na Universidade de
          Manchester, e, mais tarde, em 1916, tornou-se diretor dos laboratórios de química do
          Almirantado Britânico. Durante a 1a. Guerra Mundial, descobriu um novo método de
          produzir acetona e álcool butílico, uma fórmula contra gases venenosos e o emprego da
          fermentação de bactérias, para a fabricação de explosivos, inclusive a cordite; tudo isso
          contribuiu eficazmente para a vitória dos aliados. Durante a 2a. Guerra Mundial foi
          conselheiro químico honorário do Governo de Sua Majestade e orientou o Governo dos
          Estados Unidos na produção de borracha sintética. Fundou em 1934 o Instituto de
          Pesquisas Sieff, em Rehovoth e, em 1949, o Instituto de Ciências de Israel.
                  No entanto, Weizmann foi acima de tudo um líder político. Ao abandonar a pátria,
          dirigiu-se logo para a Basiléia, onde se realizava o 1o. Congresso Sionista e lá conheceu a
          lendária figura de Theodor Herzl, novo Messias do povo judaico. Ainda como estudante
          tornou-se o centro de discussões e estudos sobre problemas sionistas. Quando, depois
          da 1a. Guerra Mundial, o governo inglês quis recompensá-lo por suas valiosas
          contribuições à causa britânica, pediu: “Dêem um lar nacional ao meu povo”. Como
          resposta, obteve a declaração de Balfour, que dizia: “O Go verno de Sua Majestade
          encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo
          judaico e envidará todos os esforços para alcançar este fim.”
                  Em 1918 encabeçava a Comissão Sionista na Palestina, lançando a pedra
          fundamental da Universidade Israelita em Jerusalém, que inauguraria em 1925.
                  Em 1922, esteve presente à ratificação do Mandato da Palestina pelo Conselho da
          Liga das Nações, em Londres.
                  Em 1948, quando foi proclamado o Estado Judeu da Palestina, não precisou lançar
          sua candidatura para presidente do novo Estado de Israel. Ela impôs-se por si mesma,
          como uma conseqüência lógica e natural recompensa àquele que tanto sofreu e lutou até
          ver concretizado seu ideal: “Um lar para o seu povo”.
                  Reeleito Presidente em 1951, Weizmann morreu no ano seguinte, a 29 de
          novembro de 1952, em Rehovoth, centro de um magnífico instituto de pesquisas
          científicas que ele mesmo fundara.
                  Em 29 de novembro de 1962, o Governador Carlos Lacerda inaugurou numa praça
          da Rua Farani, em Botafogo, o monumento em sua homenagem, herma em bronze do
          artista Carlos.

                          RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA E RUA SÃO CLEMENTE
                  Esta rua foi aberta em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, Marquês dos
          Leões, comerciante português monarquista, e que igualmente abriu em suas terras, na
          mesma ocasião, a rua Real Grandeza, Marques e o Largo dos Leões, onde residia. O
          primitivo nome foi rua de São Joaquim da Lagoa, seu santo onomástico. Em sessão,
          porém, de 13 de maio de 1870 e proposta do Sr. Presidente Barroso Pereira, deu-lhe a
          Ilustríssima Câmara Municipal a denominação de rua dos Voluntários da Pátria, em
          homenagem aos brasileiros que se alistaram voluntariamente na guerra de 1864/70
          contra o governo do Paraguai.
                  Antigamente, a rua não possuía saída e terminava pouco além da travessa (hoje
          rua) Marques, mas a companhia de bondes Botanical Garden Rail Road, fundada pelo
          engenheiro americano Charles B. Greenough, adquiriu muitos terrenos em 1868 e a
          prolongou em 1870/71 até o Humaitá.



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A rua São Clemente, aberta no século XVII, era o logradouro da fidalguia, onde
          residiam os grandes barões do café. Nela moraram nos anos setenta do século XIX, o
          Barão de Aze vedo, Antônio José de Azevedo Machado (no. 5); o Barão do Rio Bonito,
          José Pereira Darrigue Faro (no. 135); o Segundo Conde de Itaguaí, Antônio Dias Pavão
          (no.24); o Primeiro e Segundo Barões da Lagoa(no.98, hoje Casa de Rui Barbosa, atual
          134); o Segundo Barão de Vargem Alegre, Luiz Octá vio de Oliveira Roxo(no. 106); o
          Barão de Oliveira Castro, José Mendes de Oliveira Castro(no. 146); e outros. Também
          residiram na São Clemente o Vice Rei Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito; o
          Barão de Vassouras, Francisco José Teixeira Leite; o Barão de Macaúbas, Abílio César
          Borges(ambos onde hoje é a praça Barão de Macaúbas, na subida da favela Santa Marta;
          o Barão de Werneck(na esquina de Dezenove de Fevereiro) e o Marquês de Tamandaré
          (onde hoje é a rua Guilherme Guinle); bem como vários fidalgos, comendadores e
          ministros (Rui Barbosa, Lafaiette Rodrigues Pereira, etc.) ou seus parentes próximos.
                 Na Voluntários, por sua vez, era a rua dos grandes comerciantes e pequenos
          nobres. Nos últimos anos do Império, no 01 morou o engenheiro e empresário André
          Steel, dono de fábrica de tecidos na Lagoa; no 15, morou o comerciante José Joaquim
          Costa Pereira Braga, dono de fábrica de chapéus, na Tijuca; no 49, o Visconde de
          Caravelas, único grande nobre da rua, ex-regente do Império; no 119, o mercador de
          escravos José Bento Rodrigues Callau; fora eles, muitos comendadores portugueses,
          comerciantes enriquecidos e empresários em ascensão. Na República, continuar-se-ía
          com os portugueses enriquecidos, comendadores e donos de estabelecimentos
          comerciais.
                 Ainda no Império, era na Rua Voluntários que se encontrava um incipiente
          comércio, representado pela padaria do português Antônio Antunes Guimarães, no 121,
          ao lado da Matriz de São João Batista; uma botica do também português João da Silva
          Teixeira, no72, e uma cocheira de burros, da Botanical Garden, no 90, onde hoje é o
          Hortomercado da Cobal. Fora isso, existiam quartos para alugar no 5 (cinco quartos); 2
          (quatro quartos); 14 (trinta e um quartos); 44 (três quartos) e 74 (idem); todos esses
          quartos eram negócios de portugueses.
                 Na República, foi grande proprietário de imóveis na Voluntários o Comendador
          Português e comerciante João Manuel Magalhães, que morava em extensa chácara (no
          127). Um outro português fundaria o mais famoso bar da Voluntários, o “Sereia”, no lado
          par, esquina da praia (fechou as portas em 1966, depois de 50 anos lá. Aliás, Botafogo
          era o bairro dos bares de portugueses, tradição que ainda se mantém e pelo qual é
          famoso. Hoje surgiram os restaurantes finos e os de fast-food, que convivem
          harmoniosamente com seus colegas lusitanos mais antigos.
                  A mais antiga farmácia homeopática era a Nóbrega, existente desde princípios do
          século XX (recentemente reformada, logo depois do Sereia). As mais tradicionais
          padarias da rua eram de um português monarquista: Imperial e Bragança, uma em frente
          à outra, na esquina de Voluntários com Real Grandeza. Ambas fundadas em 1922, só
          sobrevivendo a Imperial. O Mais antigo supermercado foi o Gaio Marti, na esquina de
          Voluntários com Mariana, lado ímpar. Logo depois era a Casas da Banha. Ambos
          existiam desde os anos trinta. O primeiro fechou as portas nos anos setenta. O segundo
          ainda é um supermercado. O primeiro Supermercado moderno, o Disco, foi fundado há
          quarenta e cinco anos quase em frente. Hoje é um estacionamento e, em breve, um
          prédio. Em 1962 surgiu depois da Matriz, no lado ímpar, o “Charque”, hoje Sendas.
                  Da rua Sorocaba até a da Matriz, e xistem ainda muitas lojinhas que resistem
          estoicamente ao progresso: armarinhos, papelarias, lojas de modas, farmácias,
          sapatarias, discos, açougues (lá existe um, pré-histórico, com açougueiro português e



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tudo), brinquedos, plásticos, e outras de miudezas mil, aliás, moda que voltou com força,
          com as lojinhas de 1,99.
                 Foram famosos os cinemas da Voluntários. Eram três. Dois sobrevivem, como
          cinemas de cult-movie (Estação 1 e 2). O terceiro era quase na esquina de Real
          Grandeza, lado ímpar, e fechou as portas em 1968. Bairro com poucas livrarias no
          passado (só papelarias e uma pequena livraria perto da Cobal), hoje tem várias perto dos
          cinemas e quase no Humaitá. Duas bancas de jornais, entretanto, oferecem tanto quanto
          as melhores livrarias da cidade: a do Metrô, na esquina de Voluntários com Nelson
          Mandela, e a 19, do Wellington, na esquina de Voluntários com 19 de Fevereiro, que além
          de ser uma verdadeira livraria, tem de tudo um pouco, de doces à camisinha e é uma
          fortaleza, com telefone, Internet, ar condicionado, sistema de som e circuito interno de
          televisão com microcâmeras e o escambau (sorria! Você está sendo filmado...).
                 Em 1977, o então Prefeito Marcos Tamoyo decretou que Botafogo seria o novo
          Centro do Rio. Desestimular-se-ía o comércio horizontal, privilegiando o vertical, próximo
          às estações do Metrô. Vinte e três anos, sete prefeitos e três shoppings depois, o
          comércio horizontal do bairro dá mostras de extrema vitalidade, renovando-se
          constantemente, atravessando crises imensas, mas sem dar a entender que vai acabar
          tão cedo.

                               O PADRE CLEMENTE E A RUA SÃO CLEMENTE
                  Em 17 de janeiro de 1628 era batizado na Igreja Matriz de São Sebastião, no Morro
          do Castelo, o inocente Clemente Martins de Matos, segundo filho do Capitão e Vereador
          Ál varo de Matos, e de Da. Marta Filgueira. Foram padrinhos os avôs maternos, D. Antônio
          Martins Palma e Da. Leonor Gonçalves, o casal que em cumprimento de uma promessa
          edificou a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, em 1609.
                  Como era costume naqueles tempos, o filho mais velho herdava a profissão do pai,
          ficando Clemente destinado a ser padre, profissão de muito prestígio, haja vista ser a
          igreja ligada ao estado. Clemente, ainda adolescente, foi matriculado em seminário
          lisboeta. Lá não completaria seus estudos, sendo expulso, ao que se consta, por ter se
          envolvido com mulheres. Com ajuda do avô rico e do pai, Capitão e Vereador, terminou
          Clemente seus estudos num seminário em Roma, voltando ao Rio por volta de 1650 como
          padre, mas pobre como um monge.
                  Por influência familiar, logo Clemente abiscoitou importantes cargos no cabido da
          Sé, sendo nomeado Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mór (naqueles tempos, todo
          cargo importante no Brasil era obtido por “pistolão”), atividades bem remuneradas e de
          grande projeção pessoal, principalmente depois de 1676, pois nesse ano foi criado o
          bispado do Rio de Janeiro, sendo Clemente a figura logo abaixo do Bispo, substituindo-o
          em suas ausências.
                  Como tesoureiro, Padre Clemente foi um desastre, pois durante sua gestão deixou
          o velho prédio da Sé cair aos pedaços, a ponto de ser interditado e finalmente
          abandonado em 1703. Entretanto, Clemente ficou rico o suficiente para adquirir em
          c.1680 a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a enseada de Botafogo, a
          “Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem
          como os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta. Fundou Clemente
          a “Fazenda do Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seu
          santo onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada à São
          Clemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva Lacerda. Como
          se fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo até sua capela,
          caminho batizado de ...São Clemente!




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Em homenagem à sua veneranda mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos
          92 anos (idade excepcional para a época), Clemente batizou o morro circundante de suas
          posses como “Morro Dona Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, os
          favelados da “Favela Dona Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas na
          cidade, em comum acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito ter
          agradado o Padre Clemente, esteja ele onde estiver.
                 Padre Clemente faleceu a 8 de junho de 1702, aos 74 anos, sendo velado e
          enterrado na Igreja Matriz que tanto se descuidara enquanto tesoureiro. No ano seguinte,
          o Bispo Frei Francisco de São Jerônimo transferiria a Sé da arruinada Igreja de São
          Sebastião para a Capela da Santa Cruz dos Militares, na “Rua Direita”, atual Primeiro de
          Março.
                 Herdou as terras de Botafogo o irmão de Clemente, Francisco Martins, que vendeu
          as terras em 1606 ao casal Afonso Fernandes e Domingas Mendes, os quais deviam
          gostar de praia, pois no mesmo ano adquiriram da Câmara as terras que iam do Leme ao
          Leblon. Em 1609 Da. Domingas, já viúva, doou todas suas terras à Câmara dos
          Vereadores, tendo esta arrendado tudo ao Governador Geral Martim de Sá, que não
          esquentou com elas. A orla oceânica ele arrendou em 1611 ao dono do “Engenho de
          Nossa Senhora da Conceição da Lagoa”, Sebastião Fagundes Varela, que destinou a orla
          ao pasto de suas vacas, que ruminavam entre cajueiros, pitangueiras e ananases.
                 Quanto às terras de Botafogo, foram arrendadas ao casal Pedro Fernandes Braga
          e Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes.
                 Nada de importante se fez nelas até 1808, quando, com a chegada da Côrte
          portuguesa, Botafogo torna-se bairro da nobreza. Em 1819 as terras correspondentes à
          maior parte da Rua São Clemente foram compradas por D. Marcos de Noronha e Brito,
          Conde dos Arcos, último Vice-Rei do Brasil, que ganhou muito dinheiro com elas,
          loteando-as e vendendo a outros nobres.

                     CAPELA DO CALVÁRIO – RUA SÃO CLEMENTE, 23 – BOTAFOGO
                 Sobrado eclético constando de térreo e dois pavimentos, erguido em c. 1910. A
          originalidade consiste na utilização de elementos decorativos que simulam um castelo
          medieval, tais como duas torres com ameias, seteiras, acabamento em massa simulando
          pedra, etc. No segundo pavimento, instalou-se recentemente a igreja evangélica Capela
          do Calvário.
                 O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

                RESTAURANTE BISMARQUE – RUA SÃO CLEMENTE, 23-A – BOTAFOGO
                 Um dos mais tradicionais restaurantes de Botafogo, o Bismarque existe desde
          1960 no mesmo local, um pequeno e espremido prédio art-déco da década de 40. Sua
          culinária brasileira é famosa e o restaurante é disputado no horário de almoço.
          Internamente, nada apresenta de notável, exceto um quadro sobre a parede da copa,
          retratando o Premier Otto Von Bismarck, aportuguesado para “Bismarque”.

                      ESTAÇÃO DO METRÔ – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO
                 Inaugurada em 1o. de setembro de 1981, pelo Presidente João Batista de Oliveira
          Figueiredo, o Ministro dos Transportes Mário David Andreazza e o Go vernador Antônio de
          Pádua Chagas Freitas. O projeto da estação, cuja construção se arrastou por dez anos, é
          muito pobre e ainda hoje incompleta, é do arquiteto Sabino Barroso. Por mais de 15 anos
          foi a estação terminal do Metrô Zona Sul, até ser inaugurada a Estação Cardeal
          Arco verde, em Copacabana. Ainda em 1981, logo depois de inaugurar a linha 1 do metrô,



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com 56 km de extensão, o então Presidente Figueiredo teve um princípio de enfarto,
          necessitando ser internado às pressas.

            MERCADO POPULAR DE BOTAFOGO – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO
                Criado em 1995 pelo Prefeito César Maia, foi a opção encontrada para conter o
          surgimento desordenado de camelôs que ocuparam as calçadas desse trecho de rua. São
          mais de sessenta barracas padronizadas em metal e na cor verde. Há desde vendedores
          de miudezas, de alimentos, livros novos e usados e até uma banca de salão de
          barbeiro/cabeleireiro, completa.

           IGREJ A UNIVERSAL DO REINO DE DEUS – RUA SÃO CLEMENTE, 72 – BOTAFOGO
                 Entre as décadas de 1960 e 80 ali existiu uma famosa loja de móveis, a
          Montmartre Jorge. Em fins dos anos 80 foi comprada e demolida, sendo erguida em seu
          lugar a nova Igreja Universal do Reino de Deus. Construída em concreto, granito e vidro
          espelhado, com 2.000 lugares, é o maior templo não católico de Botafogo.

               CENTRO DE ARQUITETURA E URBANISMO – RUA SÃO CLEMENTE, 117 –
                                                 BOTAFOGO
                 É um típico casarão residencial das famílias abastadas do século XIX. Este aqui,
          no caso, foi erguido em 1879 para residência de Joaquim Fonseca Guimarães, um dos
          criadores do Bairro de Santa Teresa. Na fachada, bem proporcionada, destacam-se os
          trabalhos de cantaria, a escada com duplo acesso em posição incomum, os motivos
          decorativos e a serralheria.
                 Durante décadas a casa abrigou o tradicional Colégio Jacobina, depois, Faculdade
          de Educação Jacobina. Entrou em decadência em fins da década de 70, sendo fechado e
          tendo a parte dos fundos demolida. Após ter sido tombada em 1987, foi reformada em
          1997 para receber o Centro de Arquitetura e Urbanismo, da Prefeitura da Cidade do Rio
          de Janeiro.
                 A casa é tombada pela Municipalidade.

             FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA - RUA SÃO CLEMENTE, 134 - BOTAFOGO
                 Majestosa residência neoclássica erguida em 1849-50 pelo nobre português Barão
          da Lagoa. Foi depois residência de seu genro, o segundo Barão da Lagoa, passando às
          mãos de outro português, o Conselheiro Albino José de Siqueira, que reformou a casa
          sem alterá-la. Depois pertenceu ao negociante inglês John Roscoe Allen e este a vendeu
          em 1893 ao Conselheiro e advogado Rui Barbosa. Reformada e ampliada de 1893 a 97
          pelo engenheiro italiano Antônio Januzzi que dotou-a de uma decoração interna em gosto
          eclético italianizante, foi residência da família até a morte de seu proprietário em fevereiro
          de 1923. Vendida ao Governo Federal em 1927, foi transformada em casa-museu, a
          primeira do país, inaugurada pelo Presidente Washington Luís em 1930, destinada a
          preservar a memória de seu mais ilustre morador. No Museu, existe ainda o rico mobiliário
          e peças de arte, espalhadas pelos salões e quartos do térreo e sobrado, bem como a
          biblioteca particular de Rui, com mais de 36 mil livros. A casa é dotada de amplo jardim,
          que se converteu numa das áreas de lazer principais do bairro de Botafogo. Em 1966 foi
          convertida em Fundação, sendo construído em 1972 o anexo moderno nos fundos do
          amplo terreno, abrigando ali vasta biblioteca com mais de 100 mil títulos, arquivo,
          videoteca, salas de conferências, exposições e auditório. Possui lojas para venda de
          publicações e uma biblioteca infantil.
                  Quanto ao solar, de linhas neoclássicas, batizado por Rui de “Villa Maria Augusta”,
          em homenagem à sua esposa, é tombado pelo IPHAN.


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GRANDES AMORES DA ZONA SUL - RUI BARBOSA E MARIA AUGUSTA
                 Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, a 05 de novembro de 1849. Jovem
          brilhante, distinguiu-se já em seus estudos para advocacia na Escola do Largo de São
          Francisco, em São Paulo. Jornalista, abolicionista e defensor dos direitos individuais do
          cidadão, foi prócer da Abolição e figura destacada na República, não só como ministro da
          fazenda e como autor da Constituição de 1891, assim também, como representante do
          país na Conferência Internacional de Haia, na Holanda em 1908, onde se distinguiu.
                 Rui casara-se a 23 de novembro de 1876, depois de longo e epistolar noivado, com
          Da. Maria Augusta Vianna Bandeira, casamento feliz que lhe deu dois filhos, João e
          Alfredo; e três filhas: Maria Adélia Batista Pereira, Francisca Airosa e Maria Vitória Guerra
          ”Baby”.
                 Até 1893 Rui, apesar de ministro e homem importante, morava em casa alugada.
          Neste ano, adquire do cidadão inglês John Roscoe Allen, por grande quantia paga em
          duas promissórias, a enorme propriedade da rua São Clemente, que fôra erguida para o
          Barão da Lagoa em 1850, cercada com enorme parque extenso de 10.000 m2.
                 Contratou o engenheiro arquiteto e amigo Comendador Antônio Januzzi para
          reformá-la, mas teve de ficar distante haja vista ter se incompatibilizado com o governo do
          Marechal Floriano Peixoto, quando teve de se exilar na Europa. Tendo retornado em
          1897, passou a residir na rua São Clemente, cercado pela família e pelos livros (36.000!).
          Nos jardins, mantinha extenso roseiral.
                 Cansado das lides políticas e dos falsos amigos, Rui residiu seus últimos dias em
          Petrópolis, onde faleceu cercado pela esposa que tanto amava e filhos, no dia 01o. de
          março de 1923.
                 Ainda em 1897, batizou sua nobre morada de “Villa Maria Augusta” em
          homenagem à esposa, com quem viveu em idílio por mais de 46 anos.

                    UNIVERSO ATHLETICO – RUA SÃO CLEMENTE, 155 – BOTAFOGO
                 Grande casarão em estilo eclético, erguido em fins do século XIX para fins
          residenciais. Por muitos anos sediou a Associação Sholen Aleichen de Cultura e
          Recreação, com sua famosa biblioteca sobre assuntos hebraicos. Posteriormente veio a
          sediar a Academia de Dança de Jayme Arôxa e a Academia de Ginástica Universo
          Athlético. Sua entrada lateral igualmente dá acesso ao curso pré-vestibular A. D. N.
                 O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

             EDIFÍCIO BARÃO DE LUCENA – RUA SÃO CLEMENTE, 158 – ESQUINA DE RUA
                                     BARÃO DE LUCENA – BOTAFOGO
                Em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar as
          casas de nos. 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua de
          acesso. Como a residência de no. 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena,
          a nova via foi assim batizada. Em 1931 era inaugurado no lote do antigo no. 148 o edifício
          de apartamentos Barão de Lucena, em estilo art-déco, com fachada dando para a Rua
          São Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua.

                              BARÃO DE LUCENA – DADOS BIOGRÁFICOS
                 Henrique Pereira de Lucena, político, nasceu em 1835 na cidade de Bom Jardim,
          Pernambuco. Formou-se em direito no Recife, onde foi delegado de polícia. Foi chefe de
          polícia e desembargador honorário no Ceará, e Presidente das províncias de
          Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. Deputado Geral,
          Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro da Agricultura e da Fazenda, estes


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últimos já na República, em 1891, no Governo do Marechal Deodoro da Fonseca. Depois
          foi Ministro do Supremo Tribunal Federal.
                 Faleceu na sua casa de Botafogo em 1913.

          IDORT – RUA SÃO CLEMENTE, 175 – ESQUINA DE RUA DEZENOVE DE FEVEREIRO
                                                – BOTAFOGO
                 O antigo palacete residencial da Família Ozório onde hoje funciona o Instituto de
          Organização Racional do Trabalho/IDORT, instituição fundada em 1931; ocupa o centro
          de um grande terreno.
                 A ornamentação Luís XVI articula-se com elementos classicizantes nesse projeto
          de 1926, do arquiteto francês Marmorat. No interior há um espaço com pé direito duplo
          iluminado por lanternim de vidro. Os quartos de “criados” são incorporados à edificação
          principal. No térreo, pequeno elevador, interligando as dependências íntimas do nível
          superior às sociais e de serviço, completa o interesse desta residência.
                 O palacete IDORT é tombado pela Municipalidade desde 2.001.

                        VILLA GAUHY – RUA SÃO CLEMENTE, 176 – BOTAFOGO
                Grande vila de casas de sobrados constando de uma casa dando para a rua, arco
          de entrada e avenida de sobrados. Apesar de fundada em 1888, no início do processo de
          ocupação de Botafogo por esse tipo de condomínio habitacional, todas as casas já trazem
          a marca de uma grade reforma na década de 30, que lhes deram um vocabulário art-
          déco. Em 1953, num prédio em frente à vila, surgiu a Escola de Samba Unidos de São
          Clemente.

           PALACETE LINNEU DE PAULA MACHADO – RUA SÃO CLEMENTE, 213 – ESQUINA
                                  DE RUA DONA MARIANA – BOTAFOGO
                 Magnífica residência senhorial, em estilo renascentista francês, construída em
          1910 para a família de Linneu de Paula Machado pelo arquiteto Aramando da Silva Telles,
          o mesmo projetista do Palácio Laranjeiras. Destaca-se pela implantação, ao centro de um
          amplo terreno gramado e fartamente arborizado, o qual ia originalmente até a Rua
          Voluntários da Pátria!
                 É notável a elegante porte-cochère aterraçada, o telhado em mansarda e torreão
          central em ardósia. Uma ala de serviço, do lado direito da casa, foi acrescentada
          posteriormente, mas obedecendo ao estilo original e ainda em vida de seu primeiro
          proprietário. Presentemente, em 2.004, ainda serve de residência ao Sr. Francisco
          Eduardo de Paula Machado.
                 O Palacete Linneu de Paula Machado é tombado pela Municipalidade.

                   COLÉGIO SANTO INÁCIO – RUA SÃO CLEMENTE, 226 – BOTAFOGO
                O Colégio dos Jesuítas foi fundado por Nóbrega e Anchieta no Morro do Castelo,
          em 1567. Durante o período colonial, foi não só a primeira instituição de ensino do Rio de
          Janeiro, como a que mais se aproximou de uma escola de cursos superiores no Brasil,
          com aulas de Filosofia e Teologia em cursos abertos a religiosos e leigos. Em dezembro
          de 1759, o Colégio do Rio, bem como todas as instituições jesuíticas no país, foram
          fechadas por ordem da Metrópole, insuflada por tenaz perseguição movida pelo Marquês
          de Pombal.
                O prédio do velho Colégio dos Jesuítas foi convertido em hospital militar e, no
          século XIX, no Hospital São Zacarias, administrado pela Santa Casa de Misericórdia.
          Entre 1920/22, tanto o prédio e capela como o Morro do Castelo foram arrasados por
          ordem do Prefeito Carlos Sampaio. No terceiro quartel do século XIX, a Companhia de


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Jesus voltou a se estabelecer no Brasil, tendo fundado o Colégio Anchieta, em Nova
          Friburgo, mas o sonho de tornar a ter um colégio na Capital teve de esperar o século XX.
                 A 10 de julho de 1903 tinha início na Rua São Clemente, 132 (hoje 226), com nove
          alunos do curso preliminar, e anexo à Residência dos Padres Jesuítas o Externato Santo
          Inácio. A Igreja de Santo Inácio, anexa ao Colégio, foi edificada em duas etapas,
          respectivamente a partir de 1909 e 1924, sob os planos dos mestres italianos Sartorio,
          Vidal Gomes e Armollini. A igreja tinha planta primitiva em cruz de braços iguais. Em
          1934, ao ser ampliada em direção à rua constituiu um corpo alongado de três naves.
                 Na nova fachada de feição italiana, as colunas coríntias e o frontão conferem
          monumentalidade à composição relativamente simples. Com o arrazamento do Morro do
          Castelo, algumas portas do velho colégio jesuítico colonial foram incorporadas à nova
          fachada. O Colégio ao lado possui um claustro eclético, erguido na década de 20/30, mas
          em 1967 foi adicionada uma nova fachada moderna, que esconde o conjunto.
                 No hall do novo colégio, subsistem três imagens em tamanho natural de um
          calvário barroco em madeira policromada, oriundas da antiga capela do Morro do Castelo.
          Dentro do colégio funciona outra pequena capela, de uso doméstico.
                 A Igreja de Santo Inácio é tombada pela Municipalidade.

           APARTAMENTOS GEORGE – RUA SÃO CLEMENTE, 241, 243 E 245 – BOTAFOGO
                Apesar do nome, é uma elegante vila de casas com vocabulário da arquitetura
          campestre inglesa, projetada e construída em 1930, pelo Engenheiro Haroldo Lisboa da
          Graça Couto.
                Os Apartamentos George são tombados pela Municipalidade desde 1987.

               ANTIGA RESIDÊNCIA JOPPERT- RUA SÃO CLEMENTE, 248 – BOTAFOGO
                 Enorme residência em estilo eclético, erguida no início do século XX pelo famoso
          engenheiro Maurício Joppert para sua moradia e de seus familiares. Vendida ao Colégio
          Santo Inácio por módico valor em 1940, foi então adaptada para sediar a Pontifícia
          Universidade Católica.
                 A idéia de uma universidade católica já havia sido levantada em 1866 pelo Senador
          Cândido Mendes de Almeida, mas foi somente em 1934, durante o 1o. Congresso
          Católico Brasileiro de Educação que o Cardeal Leme organizou uma comissão para
          estudar a criação da nova instituição. Em 14 de novembro de 1938, o Papa Pio XII
          confiava ao Cardeal a missão de fundar uma universidade cristã no Rio de Janeiro. A 15
          de março de 1941 o Cardeal Leme entregou aos padres Jesuítas a recém fundada
          “Sociedade Civil Faculdades Católicas”, com os cursos de Direito e Filosofia, instalados
          na antiga residência Joppert. A 1o. de dezembro de 1942 os dois cursos foram
          reconhecidos pelo Governo. Em 1943 foi fundada a escola Social Masculina. Finalmente,
          pelo Decreto 21.968 de 21 de outubro de 1946, surgiu oficialmente a Universidade
          Católica, tornada Pontifícia pela Santa Sé a 20 de janeiro de 1947. A partir de 1949 os
          cursos foram sendo transferidos para o novo endereço da Gávea, na Rua Marquês de
          São Vicente. Hoje no casarão funcionam apenas dependências do Colégio Santo Inácio.
                 Entretanto, meses antes, a 3 de setembro de 1948, morrera seu fundador, o Padre
          Leonel Franca.
                 A residência é tombada pela Municipalidade.

                          PADRE LEONEL FRANCA – DADOS BIOGRÁFICOS
                Leonel da Silveira Franca nasceu a 7 de janeiro de 1893 em São Gabriel, Rio
          Grande do Sul. Entrou na Companhia de Jesus em 12 de novembro de 1908, e foi
          ordenado sacerdote em Roma a 26 de julho de 1923, onde fizera seus estudos de filosofia


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e teologia. Após a profissão solene em 1926 trabalhou no Rio até a morte, para conseguir
          implantar a PUC, o que logrou obter pouco antes de seu prematuro falecimento aos 55
          anos.

            ANTIGA RESIDÊNCIA PORTO D`AVE – RUA SÃO CLEMENTE, 265 – ESQUINA DE
                                     RUA SOROCABA – BOTAFOGO
                Casarão residencial em estilo neocolonial português, construído em c. 1935 num
          espremido lote de esquina. Projeto e construção do arquiteto português A. Porto D`Ave,
          famoso nas décadas de 20 e 30, para sua morada pessoal. Hoje ali funciona uma loja de
          confecções de uniformes e trajes de trabalho, bem como de roupas comuns.
                A casa foi tombada pela Municipalidade em 2.001.

              COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO A. LIESSIN – RUA SÃO CLEMENTE, 275/7 -
                               ESQUINA DE RUA SOROCABA – BOTAFOGO
                 O Colégio Liessin foi fundado em 1945 e instalado na Rua Barão de Itambi, 14,
          com a finalidade de difundir a cultura universal, além da religião e da tradição israelitas.
          Em 1951 mudou-se para a Rua das Laranjeiras e em 1957 transferiu os cursos infantil,
          pré-primário e primário (até 4a. série) para a Rua Visconde de Ouro Preto, 46, onde, mais
          tarde, passaram a funcionar os demais cursos.
                 Adquirido em 1965, o prédio sofreu reformas e, em 1975, em virtude de
          desapropriação para as obras do Metrô, o colégio transferiu-se para a Rua São Clemente,
          277, estendendo-se depois para o 275 (antigo Curso Oswaldo Aranha). Com o
          crescimento do colégio, foram comprados também os prédios da Rua Sorocaba, 80 e 90.
                 Os alunos do A. Liessin, em atividades extra-curriculares, tem acesso desde 1986
          ao uso do computador, então um pioneiro nesse recurso didático.
                 Além da instalação dos conselhos de classe, o Colégio oferece aos alunos a
          vantagem de horário integral em caráter optativo.
                 Em 1986, dez anos após a transferência para a nova sede, o A. Liessin teve 1.205
          alunos matriculados em seus diversos cursos: do jardim ao 2o. grau; Formação de
          Professores e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas.
                 A sede principal do colégio, na Rua Sorocaba, foi tombada em 2.002 pela
          Municipalidade.

                 PALACETE FOREVER LIVING PRODUCTS – RUA SÃO CLEMENTE, 284 –
                                                   BOTAFOGO
                  Antiga residência senhorial do Coronel Severino Pereira da Silva, dono de diversas
          indústrias, dentre elas a Fábrica Aliança, em Laranjeiras e a Fábrica de Cimentos Mauá,
          ambas extintas. A casa mal se pode ver da rua. Edificada nos anos 10 originalmente para
          servir de residência familiar do Ministro da Viação e Obras Públicas, o baiano Miguel
          Calmon Du Pin e Almeida, que nela faleceu em 1935. É uma composição de referências
          estilísticas variadas com rica decoração interna implantada num grande terreno com
          notável ambientação paisagística.
                  O palacete e seu parque são tombados pela Municipalidade.

                                 MIGUEL CALMON – DADOS BIOGRÁFICOS
                Miguel Calmon Du Pin e Almeida, nasceu na Bahia em 1879. Formado em
          engenharia, foi Ministro da Viação e Obras Públicas quando foi o Presidente Afonso Pena,
          no período de 15 de novembro de 1906 a 18 de junho de 1908. Quando Ministro, realizou
          na Praia Vermelha a famosa Exposição Nacional destinada a comemorar o Centenário da
          Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas (1808-1908). Por sua experiência, foi


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depois chamado por Epitácio Pessoa para chefiar a Comissão da Exposição Internacional
          do Centenário da Independência do Brasil, em 1922.
                Faleceu em 1935, na sua casa de Botafogo. Era tio do famoso educador Pedro
          Calmon Muniz de Bittencourt.

                        PINAKOTHEKE – RUA SÃO CLEMENTE, 300 – BOTAFOGO
                 A residência que hoje abriga a Editora PINAKOTHEKE é um exemplar austero e
          tardio de um ecletismo classicizante, em que a decoração das fachadas restringe-se a
          poucos elementos apostos ao volume quase prismático do edifício. O projeto geral, bem
          como a construção, foram realizados por Eduardo V. Pederneiras e datam de 1929. O
          acesso principal lateral é desprovido de ênfase.
                 A residência PINAKOTHEKE é tombada pela Municipalidade desde 2.001.

               PRAÇA BARÃO DE MACAÚBAS – ENTRE AS RUAS BARÃO DE MACAÚBAS,
                          FRANCICO DE MOURA E SÃO CLEMENTE – BOTAFOGO
                  Local onde existiu, de 1850 a 1884, a residência de Francisco José Teixeira Leite,
          Barão de Vassouras (1804/84). Posteriormente nela residiu o Dr. Abílio César Borges,
          Barão de Macaúbas (1824/91). Médico e notável educador, era o fundador do Colégio
          Abílio, na Praia de Botafogo. O Prefeito Henrique Dodsworth mandou pôr abaixo a velha
          casa arruinada ali existente e criou a praça, batizada com esse nome pelo Decreto 6.560,
          de 28 de outubro de 1939. Tornou-se a principal área de lazer dos moradores da Favela
          Santa Marta, cujo acesso se faz pela Rua Francisco de Moura e Travessa Jupira.

                   FAVELA SANTA MARTA - RUA FRANCISCO DE MOURA - BOTAFOGO
                  A área correspondente à Favela Santa Marta era parte da chácara de Francisco
          José Teixeira Leite, Barão de Vassouras (1804-84), um mineiro Sãojoanense que na hora
          certa trocou o ouro pelo café, granjeando enorme fortuna no Vale do Paraíba. Casou-se
          duas vezes. Sua segunda esposa, Da. Ana Ale xandrina, trinta anos mais jovem que ele,
          era dada a acessos de loucura. Frequentemente saía à rua sem roupas, o que causava
          ao Barão grande constrangimento. Sua casa na São Clemente era, por isso, bem
          afastada da rua, cercada de frondosas árvores e amplo jardim fronteiro, exatamente onde
          hoje está a Praça Barão de Macaúbas.
                  Aliás, falando dele, foi o proprietário seguinte da chácara do Barão de Vassouras.
          Abílio Cesar Borges (1824-91) era médico e educador, tendo fundado em Laranjeiras o
          Colégio Abílio, onde estudou Raul Pompéia (e inspirou seu livro “O Ateneu”). O Imperador
          D. Pedro II agraciou-o em 1881 com o título de Barão de Macaúbas. Quando morreu, sua
          imensa propriedade ficou fechada alguns anos.
                  Os padres jesuítas fundaram em 1901 o Colégio Santo Inácio, que no primeiro ano
          funcionou numa casa na rua Senador Vergueiro. Em 1903 alugaram (e depois
          compraram) a casa no. 226 (antigo 132) da rua São Clemente, onde morou o comerciante
          Carlos Guilherme Gross. Em 1908, com o sucesso do colégio, ampliaram suas
          instalações comprando chácaras vizinhas, inclusive a que foi do Barão de Macaúbas.
          Tomadas por um capinzal, passaram a extraí-lo para venda, com o que ganharam alguns
          recursos. Em 1915 a Prefeitura mandou cortar todo o capinzal com receio de incêndios,
          passando então aquelas terras a serem usadas como local de recreio dos alunos.
                  Desde 1908 dirigia o colégio Padre José Maria Natuzzi, que sempre preocupou-se
          com as instalações restritas da velha casa, ampliando-a à partir de 1909. Em 1915 é
          inaugurada a nova capela e ampliado de muito as velhas instalações. A Primeira Guerra
          Mundial impossibilitou a continuação das obras. Em 1924 as obras foram recomeçadas,
          sob a direção do engenheiro arquiteto Padre Camilo Armelini.


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Desde 1924 Padre Natuzzi, homem piedoso, permitia que operários pobres e suas
          famílias estabelecessem moradia no Morro Dona Marta. Em 1929, com a queda dos
          preços do café no mercado mundial, muitos agricultores pobres do Vale do Paraíba
          migraram para o Rio. Padre Natuzzi acolheu a muitos, destinando-os ao Morro Dona
          Marta. Na mesma época, recrudesceram as obras do colégio e capela, sendo em 1931
          inaugurado o novo altar de Santo Inácio e em 1939, a ala esquerda do colégio.
                 E claro, Padre Natuzzi inaugurou igualmente, sem querer nem saber, a favela do
          Morro Dona Marta.
                 Em verdade, a primeira favela de Botafogo não foi ali. Já o recenseamento de 1920
          registrava a existência de 63 barracos no Morro São João. Treze anos depois, São João
          estava deserto. Todos migraram para o Dona Marta atraídos pela oferta de trabalho nas
          obras do colégio e terras no morro oferecidas pela bondade de Padre Natuzzi.
                 Como as obras duraram por quase trinta anos, emprego houve para essa gente.
          Durante muitos anos viveu a população favelada em paz, intocada pelos políticos, que
          não se interessavam por ela. Com o crescimento da vizinha Copacabana e a orla de
          Botafogo, surgiram muitos prédios altos e, é claro, trabalho para muitos. Já em 1950, o
          censo realizado naquele ano registrava 1632 habitantes no Dona Marta, sendo 787
          homens e 845 mulheres. 1355 eram maiores de cinco anos. Destes, 627 sabiam ler e
          escrever e 728 eram analfabetos.
                 Em 1960, com a criação do Estado da Guanabara, o Governador Carlos Lacerda
          desenvolveu enorme campanha de erradicação de favelas. O objetivo era pouco nobre.
          Não era propriamente dar melhores condições de vida à aquela gente, e sim liberar os
          valorizados terrenos de encosta para especulação imobiliária, então em franca ascensão
          na zona sul.
                 Em Botafogo, foram removidas as favelas do Pasmado e Macedo Sobrinho, sendo
          que, o sucessor de Lacerda, Negrão de Lima, eliminaria a da Catacumba, na Lagoa, onde
          hoje está o Parque Marcos Tamoyo. Dona Marta escapou haja vista sua estabilidade já
          consolidada no bairro e a propriedade dos terrenos, em mãos dos jesuítas e fora do
          processo especulativo. O governo chegou até a construir uma escola, inaugurada em
          outubro de 1968 pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra, que visitou a favela. Entretanto,
          essa escola era de tão precária construção que, literalmente, só durou o tempo da visita
          da rainha. Valeu apenas o episódio para unir os moradores em defesa de suas casas e
          direitos, mostrando que não eram diferentes dos outros cariocas, atividade que
          prenunciou as famosas associações de moradores.
                 Em 1977, após a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, o Prefeito
          Marcos Tamoyo não falava mais em remoção, mas reurbanização. Entretanto, somente
          seu sucessor, o Prefeito Israel Klabin definiu bem o que era isso em 1979. Deixar os
          moradores em paz, colocando infraestrutura, esgotos e demais serviços públicos. Em
          1979, existiam no Morro(ainda) Dona Marta 2421 habitações, com população estimada de
          12.105 habitantes, que se espalhavam por uma área de 55.540m2. Era a maior das oito
          favelas do bairro, acumulando 2/3 da população favelada de Botafogo, com média de
          1.051 habitantes por hectare.
                 Em 1980, os moradores da favela Dona Marta se uniram e resolveram rebatizá-la
          para Santa Marta. No ano de 1985, o famoso ISER - Instituto Social de Estudos da
          Religião realizou o famoso longa-metragem “Santa Marta - Duas Semanas no Morro”,
          com uma hora de duração, filme que causou grande sensação, ainda mais que um dos
          adolescentes entrevistados seria no futuro o famoso traficante “Marcinho VP”.
                 O empobrecimento geral do país na década de oitenta e um governo estadual
          excessivamente tolerante permitiu que o tráfico de tóxicos estabelecesse no morro
          importante quartel general. Apesar da proximidade do 2o. Batalhão da Polícia Militar, nada


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de concreto se pôde fazer para deter a ascensão de meliantes cujos nomes eram
          substituídos por apelidos repetidos em grandes manchete: “Bolado”, “Pedrinho da Prata” e
          o famigerado “Marcinho VP”, que chegou a ser o primeiro traficante a obter financiamento
          de um banqueiro para escrever um livro.
                  Se, por um lado, o Santa Marta possui essa face perigosa, muito mais interessante
          é sua importância cultural. Há trinta e cinco anos atrás surgiu em seus barracos a primeira
          agremiação de samba da zona sul, o bloco “Unidos da São Clemente”, que ascendeu na
          década de setenta à categoria de escola de samba, atingindo ao primeiro grupo no fim da
          década, onde chegou a ameaçar suas tradicionais coirmãs. Em 1992 surgiria a segunda
          agremiação do morro, a “Unidos de Santa Marta”. Não é nada não é nada, são poucas as
          comunidades que podem orgulhar de possuir duas agremiações de samba!
                  Em 1995 visitou a favela e gravou um importante vídeo-clip o pop-star Michael
          Jakson, com direção do não menos famoso cineasta Spike Lee.
                  As recentes e bombásticas revelações do envolvimento entre um grande banqueiro
          e o traficante chefe da favela levam a crer que a cidade não está tão partida assim como
          os sociólogos acusam.
                  Enquanto sociólogos, banqueiros, traficantes e policiais brigam entre si, a
          população do Morro Santa Marta deseja apenas participar da palpitante cidade que os
          circundam, e da qual já fazem parte indissociável dela.

            2O. BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR – RUA SÃO CLEMENTE, 345 – ESQUINA DE
                                    RUA REAL GRANDEZA - BOTAFOGO
                 Foi fundado em 14 de janeiro de 1890 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, sendo
          sediado numa velha casa da Rua General Caldwell, no Centro. Extinto a 16 de agosto de
          1892, sendo recriado em janeiro de 1898. Novamente extinto em julho de 1905, foi
          recriado em definitivo a 4 de outubro de 1911, e sediado na Rua São Clemente. Em 1919
          passou para a Praça da Harmonia, em Santo Cristo, enquanto se construía o novo quartel
          de Botafogo. Finalmente, a 17 de janeiro de 1920, voltou para o bairro, de onde não mais
          saiu. O velho quartel veio a ser demolido em 1975, sendo substituído pelo atual, no
          mesmo lugar.
                 O 2o. Batalhão participou da repressão à Revolta do Forte de Copacabana, a 6 de
          julho de 1922, quando perdeu dois homens. Esteve com o Exército Legal na Revolução
          Liberal de outubro de 1930, em Nova Friburgo. Ajudou na repressão à Intentona
          Comunista na Praia Vermelha, de 27 de novembro de 1935. Sua última atuação notável
          foi a de proteger o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado da Guanabara,
          durante o golpe militar de 1o. de abril de 1964.

                                    RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
                 Foi aberta em terras da Fazenda da Olaria, de propriedade de Joaquim Marques
          Batista de Leão, adquirida em 1820. Recebeu o nome de Rua Real Grandeza, numa
          homenagem a D. João VI, falecido em março de 1826. Do mesmo modo que a Rua Nova
          de São Joaquim, atual Rua Voluntários da Pátria, deve ter sido aberta em 1826.
          Originalmente nela terminavam as ruas Voluntários da Pátria e General Polidoro. Sofreu
          melhorias em 1855, com o apoio do morador José Martins Barroso à frente, sendo
          prolongada até o morro, onde começava uma ladeira íngreme que dava no areal de
          Copacabana. Na Real Grandeza, funcionaram por alguns anos, o Instituto dos Surdos
          Mudos, depois levado para a Rua das Laranjeiras e a Instituição Promotora da Instrução
          aos Cegos, hoje Instituto Benjamim Constant, na Avenida Pasteur.
                 No final da Rua, junto ao morro, onde hoje começa a Rua Vila Rica, morou o Sr.
          Manuel Luís de Lima e Silva, irmão do Duque de Caxias, e que ficou famoso no século


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XIX por haver comprado um título de nobreza falso, o de Barão de Vila Rica, o que,
          quando descoberto, lhe valeu uma desmoralização pública e peça de teatro escrita por
          Arthur Aze vedo (“O Bilontra”), encenada no Teatro Lucinda, com versos cantados
          utilizando a ária “La Donna é Móbile”, de Giuseppe Verdi:
                  “Barão estou feito
                  De Vila Rica
                  Eis a rubrica
                  Do Imperador”

                “Estou satisfeito
                Sou mais um furo
                Daquele obscuro
                Comendador... “

                 Por muitos anos, de fins do século XIX até a década de 1950, existiu próximo ao
          túnel a afamada Fábrica de Casimira Aurora, de Frederic D`Olne, existindo ainda hoje
          algumas das casas então erguidas para os operários.

                      TÚNEL ALAÔR PRATA – RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
                 Em 6 de julho de 1892 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a
          abertura do Túnel Alaôr Prata – Túnel Velho, como é chamado – ligando Botafogo a
          Copacabana pelas ruas Sampaio Correia, Vila Rica e Real Grandeza (em Botafogo) e
          Siqueira Campos (em Copacabana), sob a garganta entre os morros da Saudade e São
          João. Foi aberto originalmente de janeiro a maio de 1892 pela Companhia Ferro Carril do
          Jardim Botânico, quando era seu gerente o Engenheiro José Cupertino de Coelho Cintra.
          Quando de sua inauguração, apenas os bondes desta Companhia podiam por ele
          trafegar. Somente em 1900 passou a ter o trânsito liberado. No dia da inauguração, faltou
          energia elétrica e o bonde teve as rodas travadas, obrigando os operários a retira-las e
          transporta-lo, sem rodas e no “muque”, pelos quase duzentos metros do percurso. Ao
          chegar no final, os ingleses que cuidavam do cabo submarino na Praia da Igrejinha (Posto
          VI), soltaram foguetes de júbilo. Tem 182 metros de comprimento e foi alargado em 1925
          para 13 metros pelo Prefeito Alaôr Prata Soares, e duplicado para dois níveis em 1967
          pelo Governador Negrão de Lima.

                     PALÁCIO DA CIDADE – RUA SÃO CLEMENTE, 360 – BOTAFOGO
                 Concebido em 1947 pelo arquiteto inglês Robert R. Prentice em estilo palladiano
          inglês e construído dois anos depois, abrigou originalmente a Embaixada Britânica. Sua
          imponência e solenidade se adequam aos exuberantes jardins que o emolduram e à
          paisagem natural ao fundo. Nos interiores, ricamente decorados, obras de arte e
          mobiliário de época compõem uma ambientação para as funções cerimoniais.
                 Enquanto Embaixada, hospedou em outubro de 1968 a Rainha Elizabeth II, então
          em visita ao nosso país. Adquirido para sediar a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
          em 1975 pelo Prefeito Marcos Tito Tamoyo da Silva, foi redecorado com obras de arte
          adquiridas em leilões e compras avulsas.
                 O Palácio da Cidade é tombado pela Municipalidade.

              ANTIGA EMBAIXADA DA CHINA – RUA SÃO CLEMENTE, 379 – BOTAFOGO
               Erguido no início do século XX, esse típico casarão de Botafogo combina
          elementos de diferentes referências estilísticas: telhado renascentista francês sobre bay




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window inglesa com arcos classicizantes. O avarandado é italiano e a escada acentua a
          assimetria incomum.
               Por muitos anos a casa sediou a Embaixada da China. Na década de 90, serviu
          como sede da primeira exposição de decoração da Casa Cor.
               A casa é tombada pela Municipalidade.

                    PALÁCIO DOS LEILÕES – RUA SÃO CLEMENTE, 385 – BOTAFOGO
                 Com uma fachada bem composta em estilo eclético classicizante francês, esse
          casarão de dois pavimentos em centro de terreno foi erguido em 1913 para residência
          familiar. Destacam-se o pórtico de entrada que é ladeado por duas colunas de capitel
          jônico, os gradis de muros e guarda-corpos das sacadas. Na década de 1970 o palacete
          foi adquirido por uma empresa de leilões de arte e adaptada para a nova função. A
          entrada passou a ser frontal e o interior foi totalmente alterado com a demolição das
          paredes divisórias internas.
                 O Palácio dos Leilões é tombado pela Municipalidade.

          ESCOLA EXPERIMENTAL CORCOVADO – RUA SÃO CLEMENTE, 388 – BOTAFOGO
                 O palacete situado em centro de terreno densamente arborizado foi construído em
          1933, no estilo colonial da época georgiana, para sediar a Embaixada dos Estados Unidos
          e, depois de 1952, Residência do Embaixador. Com a transferência da legação para
          Brasília, o casarão passou a sediar desde 1973 a Escola Experimental Corcovado,
          nascida de iniciativa particular de uma família de alemães em 1963. O palacete foi
          adquirido pela República Federal da Alemanha para a escola, que passou a receber
          alunos brasileiros e alemães, com ensino bilíngüe.
                 O palacete e seu extenso parque são tombados pela Municipalidade.

                CONSULADO DE PORTUGAL – RUA SÃO CLEMENTE, 402 – BOTAFOGO
                Palacete em centro de terreno construído em 1957/60, à semelhança das grandes
          quintas portuguesas do Renascimento, para sediar originalmente a Embaixada de
          Portugal. Com a transferência da capital para Brasília, no ano da inauguração da
          Embaixada, passou a sediar o Consulado Português. Edifício de primorosa execução, cita
          a arquitetura histórica portuguesa. É projeto dos arquitetos portugueses Irmãos Rebello e
          Andrade.
                O Consulado de Portugal é tombado pela Municipalidade.

                GURILÂNDIA CLUBE INFANTIL – RUA SÃO CLEMENTE, 408 – BOTAFOGO
                 Originalmente um pitoresco cottage inglês, projetado por Heitor de Mello em 1910
          para a Família Rego Barros, e erguido três anos depois, com alterações, por Francisco
          Antônio Tricário. Com embasamento de pedra e alvenaria de tijolos aparentes, esta
          residência foi reformada e ampliada três anos após sua construção. Foram acrescentados
          elementos neogóticos como os arcos de dois centros no primeiro piso e, provavelmente, o
          corpo lateral direito com passagens cobertas para acesso de veículos. A bay window
          balanceada do segundo piso, por exemplo, resultou enterrada no corpo avançado do
          térreo que hoje lhe serve de apoio.
                 Na década de 1960, foi adaptada para clube, perdendo assim os jardins que o
          cercavam.
                 O casarão é tombado pela Municipalidade desde 1987.

               COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES – RUA SÃO CLEMENTE, 438 –
                                      BOTAFOGO


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O Colégio Nossa Senhora de Lourdes está em Botafogo desde 1913, quando foi
          fundado pelas Irmãs da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A primeira sede era na
          Rua São Clemente, 148, onde funcionou inicialmente um pensionato para senhoras e
          uma pequena escola para alunos do curso primário.
                  Em 1929 as irmãs alugaram um prédio na mesma rua, o 438, para onde se
          mudaram com o pensionato e a pequena escola. Posteriormente a escola foi ampliada e o
          prédio adquirido. Em 1950 foi extinto o pensionato. Durante muitos anos a instituição foi
          batizada de Colégio Virgem de Lourdes, para não ser confundido com um colégio
          homônimo existente em Vila Isabel desde 1945. Em 1982, com o fechamento da
          instituição no subúrbio, voltou ao antigo nome.
                  O prédio atual foi edificado em 1973, no local em que foi demolida a casa do antigo
          pensionato.

               EDUCANDÁRIO DA MISERICÓRDIA – RUA SÃO CLEMENTE, 446 – BOTAFOGO
                  Em 1889, a Irmandade da Misericórdia possuía duas instituições para acolhimento
          de menores desvalidos, mas estas já estavam lotadas há tempos. Assim sendo, muitos
          órfãos de doentes internados na Santa Casa ficavam no Hospital Geral, como um asilo de
          menores. A 14 de setembro de 1889 o Visconde de Cruzeiro, Provedor Geral da
          Misericórdia, conseguiu autorização para fundar um novo recolhimento, no que obteve
          apoio financeiro geral, inclusive de intelectuais, que moveram intensa campanha para
          angariar fundos, como também da Princesa Isabel, que fez vultuosa doação. Foi então
          adquirida a imensa mansão na Rua São Clemente, outrora propriedade de Da. Ana Maria
          de Jesus Braga, pela quantia de oitenta contos de réis, a qual incluía o belo parque
          adjacente. A aquisição se deu a 12 de novembro, três dias antes da queda da Monarquia.
          O então denominado Asilo de Órfãs da Santa Casa foi inaugurado a 27 de julho de 1890
          pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório. Um ano depois o
          prédio estava lotado, o que obrigou a Santa Casa a aquisição de mais dois casarões
          vi zinhos.
                  No ano de 1917, o Cardeal D. Joaquim Arcoverde solicitou que na instituição se
          erguesse uma capela, inicialmente dedicada à Nossa Senhora da Conceição. Em 1927, a
          Irmã Barroca, Madre Superiora, ensejou esforços para sua ampliação, no que foi obtido
          no ano seguinte, graças à doações de particulares. Tomou a capela a invocação de
          Nossa Senhora das Graças , que ainda mantém. A inauguração do novo templo, em estilo
          néo-gótico, se deu a 27 de novembro de 1930. A beleza do lugar motivou sua utilização
          como cenário de novelas da televisão.
                  O Educandário da Misericórdia e seu parque são tombados pela Municipalidade.

                                      LARGO DOS LEÕES – HUMAITÁ
                Aberto em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, português, miguelista,
          depois Marquês dos Leões por Portugal, grande proprietário de terras em Botafogo. Era o
          antigo jardim de recreio da propriedade, chamada Fazenda da Olaria, cuja casa-grande
          ainda existia em 1881 onde hoje é a Rua Conde de Irajá. Originalmente não tinha nome.
          Seus filhos, Joaquim e Maria da Glória, solicitaram ao Ministro Luiz Pedreira do Couto
          Ferraz, Visconde do Bom Retiro, que lhe fosse dado esse nome, tendo sido obtida a
          aprovação em 1853, com beneplácito do Imperador D. Pedro II.
                Até 1881 somente existiam duas grandes casas no Largo, a da Família Leão e a do
          Comendador Stélio Roxo, irmão do Barão de Guanabara. Aliás, as palmeiras até hoje
          existentes no Largo foram plantadas por volta de 1865 pelo dito Comendador. Sua única
          rua de acesso, além da de São Clemente, era a Rua Marques, aberta em 1853 na divisa



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das terras do Comendador Souza. No dia 1o. de novembro de 1881 o Largo foi vendido
          em lotes no leilão de M. J. Pinto, surgindo então muitas propriedades novas no lugar.
                  Dentre os moradores surgidos após 1881, ressaltam: o Comendador Manuel José
          de Faria, em cuja casa depois residiu o editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger. Na
          mesma casa, anos depois, sua cunhada, a Viscondessa de Geslin, fundaria uma aula
          para as sinhás-moças do bairro, depois transferida para a Rua do Príncipe (hoje Silveira
          Martins), no Catete. Outro morador famoso foi o Senador Antônio Azeredo, o primeiro a
          ter luz elétrica domiciliar no bairro, ainda nos primeiros anos do século XX. O Ministro do
          Império Alfredo Chaves morava num casarão, onde antes existia a casa do Comendador
          Roxo. Em 1922 a casa seria afinal demolida e em seu lugar surgiria uma vila de casas,
          origem da atual Rua Alfredo Chaves. No atual número 514 da Rua São Clemente existia a
          casa do Comendador Gonzaga, onde, no dia 12 de agosto de 1904, Flávio Ramos, Otávio
          e Ál varo Werneck, Jacques Raimundo da Silva e outros desportistas fundaram o Botafogo
          Futebol Clube, destinado a fundir-se, anos depois ao Botafogo de Regatas.
                  Em 1871, com a ampliação da Rua Voluntários da Pátria para que atingisse a Rua
          São Clemente (hoje Humaitá), foi construída no lado esquerdo do Largo uma grande
          estação, garagem e estrebaria de burros da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico.
          Essa garagem ia até a Rua Voluntários da Pátria. Em 1893, com a eletrificação da linha
          de bondes, a estrebaria foi fechada. Os bondes, por sua vez, foram afinal extintos em
          1963, e o edifício foi convertido em garagem de ônibus. Parte dele foi demolida pelo
          Governador Carlos Lacerda e em seu lugar surgiu uma escola de concreto e tijolos. Afinal,
          com a demolição da velha estação em 1969, surgiu o novo hortomercado da Cobal, um
          dos três criados pelo Governador Negrão de Lima para substituir as feiras livres do Rio de
          Janeiro. Hoje, o antigo hortomercado, povoado de restaurantes e bares, é um dos centros
          da vida noturna no bairro do Humaitá.
                  No dia 30 de março de 1868, depois da passagem dos seis encouraçados
          brasileiros pela poderosa Fortaleza de Humaitá, na Guerra do Paraguai, a Ilustríssima
          Câmara Municipal denominou de Rua Humaitá o trecho final da Rua São Clemente, em
          seguimento ao Largo dos Leões, dando origem ao futuro Bairro do Humaitá, afinal criado
          em 1988 por Decreto do Prefeito Roberto Saturnino Braga.

                      SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 70 – HUMAITÁ
                Grande casarão em sobrado, da década de 1920, com dois pavimentos, onde se
          destacam a entrada lateral à esquerda com boa arborização, os gradis em ferro do balcão
          e a decoração em estuque de sua fachada.
                O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.

                       SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 80 – HUMAITÁ
                 Sobrado sobre porão, em estilo eclético e com dois pavimentos, erguido na década
          de 1920, onde se destacam o balcão em balaustrada de massa com poderosos consoles,
          cartelas com guirlandas em estuque e a simulação de aplacagem regular no revestimento
          em argamassa.
                 Este sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.

                           COLÉGIO PEDRO II – RUA HUMAITÁ, 80 – HUMAITÁ
                 A primeira iniciativa para se fundar uma unidade do tradicional Colégio Pedro II na
          Zona Sul surgiu em 1937, quando o Ministro da Educação, Cultura e Saúde Pública, Dr.
          Gustavo Capanema, determinou a instalação de uma nova unidade pedagógica nos
          terrenos do antigo Hospício de D. Pedro II, hoje UFRJ. O novo colégio seria erguido
          exatamente onde hoje está a casa de espetáculos “Canecão”. O Presidente Getúlio


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Vargas chegou a lançar a pedra fundamental da nova sede em dezembro de 1938, mas a
          eclosão da Segunda Guerra Mundial encareceu a construção civil a tal ponto que a obra
          foi de todo abandonada.
                  Somente em 1951 o assunto voltou à tona, mas o lugar escolhido para o colégio
          mudou, indo para o bairro do Humaitá. A 2 de dezembro de 1952, Getúlio Vargas, agora
          Presidente eleito, inaugurava a nova sede, em arquitetura moderna. Em fins do século
          XX, mais uma unidade foi criada no Humaitá, na Rua João Afonso, 51, denominada
          Humaitá 1. A velha sede é o atual Humaitá 2.

                            VILA RESIDENCIAL - RUA HUMAITÁ, 102 – HUMAITÁ
                 Vila residencial em estilo art-déco, erguida na década de 30, composta por 15
          edificações geminadas de dois pavimentos, revestidas em pó de pedra.
                 A vila é tombada pela Municipalidade desde 1987.

                               BALLROOM – RUA HUMAITÁ, 110 – HUMAITÁ
                 Local da antiga casa de espetáculos “Oba, oba”, fundada em 1966 por Oswaldo
          Sargentelli, um ex-militar que se especializou em shows de mulatas. Sargentelli foi o
          primeiro empresário a criar shows musicais especificamente para turistas, com
          representações cênicas de samba, umbanda, candomblé, música popular brasileira e
          outras manifestações religiosas sincréticas e/ou folclóricas, tudo explicado de maneira
          que um turista desaculturado pudesse entender e, é claro, sempre intercalado de belos
          shows de mulatas sambando, geralmente usando luxuosas e minúsculas fantasias.
          Apesar de Sargentelli ter se inspirado nos shows do Olímpia e no Moulin Rouge, ambos
          de Paris, o nosso espetáculo era inteiramente original.
                 Em vinte e cinco anos de funcionamento, a casa promoveu shows pelo Brasil e
          exterior, granjeando respeito internacional. Sargentelli foi muito criticado pelos intelectuais
          por ter resumido a cultura brasileira a pouco mais que samba e mulatas. O termo “Oba,
          oba” inclusive, passou a significar, como gíria, sinônimo de coisa feita sem muita
          profundidade ou seriedade. Entretanto, o tempo lhe fez justiça, e a casa de shows acabou
          transformando inúmeras mulatas em verdadeiros símbolos nacionais.
                 No início da década de 90, a casa fechou as portas, sendo depois vendida e
          convertida em 1996 na “Ballroom”, um ambiente destinado a músicas e shows
          experimentais de múltiplas tendências, com gosto bastante eclético.
                 Oswaldo Sargentelli faleceu em 2.002, pouco depois de gravar uma cena de novela
          televisiva junto com uma ex-bailarina da casa.

                     4O. BATALHÃO DE INCÊNDIO – RUA HUMAITÁ, 126 – HUMAITÁ
                 Data da sua instalação do dia 15 de novembro de 1896, pelo Presidente Prudente
          José de Morais e Barros. O quartel atual foi inaugurado em 1o. de janeiro de 1910, pelo
          Presidente Nilo Peçanha. Foi o projetista o arquiteto e Coronel (depois Marechal)
          Francisco Marcelino de Souza Aguiar, que havia sido Prefeito do Rio de Janeiro entre
          1906 e 1909. Sua atual denominação, bem como, sua organização de Batalhão de
          Incêndio, se deve ao advento do Decreto “N” no. 114, de 12 de dezembro de 1963. O
          prédio do quartel que dá vista para a Rua Humaitá é em estilo eclético, mas muito mais
          interessantes são as garagens dos carros, com estrutura em treliça de ferro, importada da
          Europa, à semelhança que o mesmo arquiteto executou para Niterói.
                 O quartel do Humaitá é tombado pela Municipalidade desde 1987.

                 ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO – RUA HUMAITÁ, 163 - HUMAITÁ




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Em 1983 o prédio que era usado como depósito de merenda escolar do município
          se transformou no que viria a ser uma dos mais destacados espaços de artes visuais da
          cidade. Em grande estilo, a primeira exposição abrigada pelo centro recém-criado foi a
          coletiva de 3 mil m³, que reuniu obras de nomes notáveis como Waltercio Caldas, José
          Resende, Cildo Meireles, Antonio Dias, Artur Barrio, Tunga e Umberto Costa Barros.
                  A galeria de arte propriamente dita foi construída na primeira reforma realizada no
          Centro, em 1989. Desde a inauguração, com uma mostra individual de Lygia Pape, o
          espaço se tornou referência para as mais diversas manifestações culturais, entre artes
          plásticas, música, teatro, dança, poesia e performances de forma geral.
                  A opção de não se comprometer com o mercado torna o Sérgio Porto um
          verdadeiro laboratório para o experimentalismo de artistas contemporâneos, emergentes
          ou consagrados. Atra vés de exposições individuais, o Centro tornou visível a produção
          dos anos 90. Muitas vezes acolheu a primeira mostra de artistas que, mais tarde,
          partiriam para carreira de projeção nacional ou mesmo internacional. Entre alguns dos
          nomes lançados no Sérgio Porto se destacam Ernesto Neto, Valeska Soares, José
          Damasceno, Fernanda Gomes e Efrain Almeida.
                  Após uma grande reforma em 1999, o Sérgio Porto reabriu as portas para o público
          com duas galerias e um espaço cênico de 300 m2, equipado com urdimentos móveis e
          arquibancadas modulares para 140 pessoas, camarins com banheiros, foyer e cafeteria.

                           INSTITUTO SOCIAL – RUA HUMAITÁ, 170 – HUMAITÁ
                 Fundado em 1o. de julho de 1937 pelo Cardeal D. Sebastião Leme, destina-se a
          formar, no nosso meio feminino, personalidades capazes, não só de conhecer os
          problemas sociais que se agitam por toda parte, como de colaborar eficazmente na sua
          solução humana e cristã.
                 Compõe-se a instituição desde o início de duas escolas distintas:
                 A Escola de Serviço Social que forma Assistentes Sociais.
                 A Escola de Educação Familiar que forma Educadoras para os meios populares.
                 O prédio onde está instalado foi construído e doado à Pontifícia Universidade
          Católica do Rio de Janeiro por insigne benfeitora.

                    UNIVERCIDADE CAMPUS LAGOA – RUA HUMAITÁ, 275 - HUMAITÁ
                 Com instalações modernas e arrojadas, a Unidade Lagoa, tem mais de 20.000
          metros quadrados, onde se acomodam 90 amplas salas de aula. É a sede dos cursos de
          Direito, Relações Internacionais, Administração e Marketing, além de também abrigar a
          Central de Propaganda, a Unikey - Pro vedora de Internet, Biblioteca, laboratórios de
          informática, teatro, e auditório que compõem a excelente estrutura à disposição dos
          estudantes, professores e da Reitoria da UniverCidade. Com localização invejável, perto
          do Túnel Rebouças e com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, é de fácil acesso, tanto
          para o aluno da Zona Sul quanto o da Zona Norte.

                      COLÉGIO ANDREWS – RUA VISCONDE SILVA, 161 - HUMAITÁ
                 O Colégio Andrews foi fundado em 1918 a partir de dois postulados básicos e
          indissociáveis: democracia e livre iniciativa. Era uma revolução pedagógica para os
          padrões da época: um Colégio leigo e misto, preocupado em garantir aos seus alunos o
          maior patrimônio que o século XX pôs ao alcance da humanidade: o ingresso na
          cidadania plena através do acesso ao saber. Para o Andrews, educar não é simples
          transmissão de conhecimentos: é formar um cidadão completo,com instrução, consciente
          de seus direitos e deveres, sendo capaz de participar, com êxito, da vida em sociedade.



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A e xpansão do conhecimento nas últimas décadas e a velocidade das
          transformações em todo o mundo vem impondo à escola o desafio de preparar as novas
          gerações para atuar numa sociedade globalizada e em constante processo de mudança.
          O sistema educacional deve adaptar-se a esse futuro. O Andrews tem investido na
          permanente atualização de seu projeto pedagógico, conciliando o melhor de sua
          experiência acumulada com promissoras inovações, da Educação Infantil ao Ensino
          Médio.
                 O objetivo do Andrews é oferecer uma educação de qualidade, através da qual
          busca promover uma formação em que se harmonizem êxito nos estudos e realização
          pessoal. O Colégio proporciona ao aluno sólida formação geral e instrumentos que lhe
          serão efetivamente úteis, mais tarde, no mercado de trabalho. Isso significa incentivar e
          desenvolver habilidades e competências que o tornarão eficaz e valorizado como membro
          de equipes e organizações.
                 O ambiente educacional deve levar o jovem a desenvolver senso crítico,
          capacidade de avaliar e decidir acerca de que caminhos seguir e que atitudes tomar. É
          tarefa da escola fazer florescer em cada um o que tem de melhor, ajudando-o a preparar-
          se para o futuro.
                 As atuais instalações do Andrews ocupam o lugar de uma antiga residência
          unifamiliar em estilo neocolonial do início do século XX, parcialmente preservada, onde
          foram acrescentados, já em fins da década de 1980, modernos pavilhões onde ficam as
          salas de aulas, laboratórios, quadras, auditório, etc.

            CIEP PRESIDENTE AGOSTINHO NETO – RUA VISCONDE SILVA, S/NO. – HUMAITÁ
                 Construído em 1987 exatamente onde existiu antes o Forte da Piaçava, construído
          em 1776, sob projeto do engenheiro militar Jacques Funck, para o Vice-Rei Marquês de
          Lavradio. Era uma fortificação quadrangular, com um muro de pedra que descia o morro e
          fechava o caminho do Humaitá, só acessível por dois portões em arco, com portas de
          madeira e ferro. Sua função era a de impedir um ataque à Cidade do Rio de Janeiro por
          tropas espanholas que porventura desembarcassem em Copacabana ou Ipanema, àquela
          época ainda áreas desertas.
                 O forte nunca foi atacado ou funcionou a contento. Um de seus canhões está
          recolhido hoje no Museu Histórico Nacional, em exposição no Pátio Epitácio Pessoa.
          Abandonado em 1791, suas instalações defensivas foram parcialmente demolidas em
          1850, principalmente o muro com duas portas que fechava a garganta do Humaitá. No
          século XX, surgiu no final da Rua Macedo Sobrinho uma grande favela, removida em
          1966 pelo Governador Negrão de Lima. Ao se retirarem os barracos, ficou à mostra por
          muitos anos os poderosos alicerces da fortificação, bem como a torre de pedra do forno
          de cal.
                 Tudo isso foi demolido em 1987 para a construção do CIEP Presidente Agostinho
          Neto, projeto arquitetônico e educativo revolucionário do arquiteto Oscar Niemeyer,
          desaparecendo assim, sob as estruturas modernas de concreto aparente, o último
          remanescente da primitiva ocupação do bairro. Em 1997, o CIEP sofreu obras de
          modernização e ampliação. Presentemente, nele são desenvolvidos projetos pedagógicos
          pioneiros, como a horta comunitária e estudos de capoeira.

                       MUSEU VILLA LOBOS - RUA SOROCABA, 200 - BOTAFOGO
                 Antiga residência senhorial, com ricos detalhes em cantaria lavrada e estuques
          finos, erguida por partes aí por volta de 1880, pelo português José Antônio da Fonseca
          Teixeira. O projeto é do arquiteto e pintor catalão José Maria Villaronga, que executou
          painéis murais internos, hoje perdidos. Ainda sobrevivem pequenas decorações em flores


                                                                                                 21
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e pássaros na altura da cimalha dos salões internos. Durante muitos anos a casa
          pertenceu ao IAPAS, que a alugou à família Souza Leão Gracie. Na década de oitenta,
          passou a sediar o Museu Villa Lobos, abrigando o acervo do maestro, seus objetos
          pessoais, partituras, escritos, etc. Conta o Museu com biblioteca, arquivo, videoteca, sala
          de música, auditório ao ar livre e loja.
                O prédio é tombado pelo IPHAN.

                         MUSEU DO ÍNDIO - RUA DAS PALMEIRAS, 55 - BOTAFOGO
                  Antiga residência senhorial da família Teixeira, tradicional fabricante de pães,
          doces e bolos do Rio Antigo. Foi erguida em 1880-84, em estilo neoclássico, por um
          parente arquiteto, Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha. Adquirida pelo
          governo há muitos anos, sediou diversas repartições públicas até que em fins dos anos
          setenta passou a sediar o Museu do Índio, que até então possuía sede na rua Mata
          Machado, no Maracanã. O museu possui riquíssimo acêrvo em peças recolhidas pelo
          antigo Serviço de Proteção ao Índio, fundado pelo Marechal Cândido Mariano Rondon. A
          instituição foi fundada em 1951 pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Dotado de vasta
          biblioteca, arquivo, videoteca e loja, possui, em seus jardins, malocas de índios montadas
          pelos próprios.
                  O prédio é tombado pelo IPHAN.

                                          OS DONOS DE BOTAFOGO
                  Quando, a dezesseis de julho de 1565, pouco mais de quatro meses após a
          fundação do Rio de Janeiro, Estácio de Sá finalmente definiu os limites da cidade, esta
          possuía seu centro no “Morro do Castelo”, terminando pela zona sul pouco antes do
          “Morro da Viú va”, na casa de pedra erguida em 1503 onde hoje é a rua Cruz Lima, no
          Flamengo, pois dalí até o “Morro da Babilônia”, e da enseada até a Lagoa, tudo pertencia
          a seu dileto amigo Antônio Francisco Velho, “Mordomo da Arquiconfraria de São
          Sebastião” e fundador do Rio de Janeiro.
                  Pelo sistema colonial português, o governador podia conceder terras a seus
          amigos ao bel prazer, à revelia da “Câmara de Vereadores”, isentas de impostos
          conquanto fossem as mesmas desenvolvidas e medidas. Eram as famosas “sesmarias”, e
          Botafogo era um cobiçado presente de luxo aos apaniguados do poder. A “Câmara”
          sempre protestou contra esses protegidos, conseguindo até o retomo muitas áreas
          devolutas ao patrimônio público, mas ela mesma também fazia das suas e só no século
          XVIII tais concessões foram regularizadas e, finalmente, a vereança soube quais eram
          realmente as terras públicas.
                  Não por muito tempo.
                  Na madrugada de 20 de julho de 1790 lavrou furioso incêndio no prédio do
          “Senado da Câmara”, que funcionava num casarão ao lado do “Arco do Telles”, no “Largo
          do Paço”, atual Praça XV. Esse incêndio, de efeito pirotécnico milagroso, atingiu
          apropriadamente os papéis referentes às propriedades territoriais públicas, escapando
          incólumes outros documentos.
                  O vereador Haddock Lobo apurou que o sinistro foi criminoso. Fôra obra de alguns
          foreiros, com intuito de destruírem títulos e outros documentos que provavam o senhorio
          direto da Câmara sobre as posses que tinham. Apesar de toda a maracutaia que correu,
          Conseguiu-se recompor os livros e a “Câmara” obteve do rei a Ordem Régia de 8 de
          janeiro de 1794 que lhe confirmavam todas as suas sesmarias. Mas mesmo assim muita
          coisa se perdeu e inúmeras terras que eram públicas viraram particulares da noite para o
          dia.




                                                                                                   22
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No caso de Botafogo, a “Câmara” possuía os documentos em dia e já em 1681 fôra
          doado o Morro da Viúva e terras anexas ao Mosteiro de São Bento. A Fazenda São
          Clemente, que englobava o “miolo” do bairro, pagava 2$560 réis de foro ao poder
          legislativo e de tudo era feito recibo. Conseguiu-se até, em 1794, levar aos tribunais o
          espertalhão Manoel Francisco de Mendonça, que por meios pouco honestos falseara
          documentos foreiros e apoderara dos terrenos no “Caminho Velho de Botafogo”(atual rua
          Senador Vergueiro) e tentava cobrar foro dos moradores.
                  Mas a euforia dos vereadores pouco durou e em 1808, com a chegada da Família
          Real, a roubalheira voltou.
                  O bairro valorizou-se bastante, haja vista que muitos fidalgos alí passaram a
          residir, a começar pela própria Rainha Carlota Joaquina, que foi morar na praia, num
          casarão erguido na esquina do “Caminho Novo” (atual rua Marquês de Abrantes). O
          último Vice-Rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, conseguiu
          legislar em causa própria e se auto concedeu a “Fazenda da Olaria”, que englobava nada
          mais nada menos toda a rua São Clemente e alguns terrenos vizinhos. Terras que seus
          herdeiros venderam em 1823 a um amigo do Rei D. João VI, o Comendador Joaquim
          Marques Batista de Leão, que nelas abriu em 1826 as ruas Nova de São Joaquim (atual
          Voluntários da Pátria), Real Grandeza, Marques e Largo dos Leões. O Conselheiro José
          Bernardo de Figueiredo, morador da praia, conseguiu sabe-se lá como uma carta de
          doação e tornou-se dono de extensas terras na orla. Afinal, era parente de um poderoso
          Regente do Império... Outro “barnabé”, José Guedes Pinto, conseguiu de D. João VI nada
          mais nada menos que o foral de quase todos os terrenos do “Caminho Novo” (atual rua
          Marquês de Abrantes), lotes que depois vendeu ao Marquês que batizaria a rua em
          definitivo. Um “sabido”, o bacharel José Antônio de Oliveira e Silva, conseguiu levar boa
          parte das terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, pois provara por “a” mais “b” que a água da
          Lagoa era doce (em verdade, é bem salobra), provando que tais propriedades não eram
          terrenos de marinha e nada devendo ao patrimônio municipal. Agindo assim, lesou a
          “Câmara”, que perdeu a arrecadação tributária de toda a região.
                  Em meados do século XIX, devido aos muitos “espertos”, eram poucos os grandes
          proprietários botafoguenses que pagavam foro à “Câmara”. Os processos contestatórios
          na justiça foram tantos que nunca chegou-se a uma solução de consenso.
                  A propriedade territorial foreira de Botafogo até hoje é caótica e, pode-se dizer que
          a cada ano aparece um novo “dono do bairro” exigindo foros atrasados e apresentando
          cartas de doação, sabe lá obtidas como. Se isso continuar, daqui a pouco serei eu a
          aparecer com mais uma. Afinal de contas, sou descendente direto do primeiro dono de
          tudo, o português Antônio Francisco Velho, que, no final das contas, imerecidamente,
          ficou sem nada, nem uma homenagem póstuma numa ruela do bairro.

                ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 35 –
                                                  BOTAFOGO
                 Antigo Cinema Bruni-Botafogo, edificado nos anos 50 como sala de cinema de
          bairro. Adquirido por uma instituição bancária no final da década de 80, foi integralmente
          reformado, passando a possuir três salas de projeção, voltadas para filmes culturais.
          Dentro do espaço do cinema, funciona uma livraria de livros usados (Luzes da Cidade) e
          uma cafeteria.

              CINECLUBE ESTAÇÃO UNIBANCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 88 –
                                               BOTAFOGO
               Inaugurado em 1968 como Cine-Capri, um modesto cinema, foi adquirido na
          década de 80 por uma instituição bancária, sendo integralmente reformado, quando


                                                                                                    23
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Zona sul 4
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  • 1. BAIRRO DE BOTAFOGO O tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase terminou na mesma ocasião. Com efeito, o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá (1542-67) fundara a 1o. de março de 1565 a “Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, na base do “Morro Cara-de-Cão”, na Urca, onde hoje existe o Centro de Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não só marcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presa fácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada “França Antártica” que havia se estabelecido em 1555 onde hoje é a Ilha de Villegaignon. No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime de sesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações, além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas ao beneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bem como desenvolver alguma cultura nelas. Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuro Vereador, sesmeiro e “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião”, o vicentino Antônio Francisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada das futuras praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura da casa “Carioca”, erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do Rio Carioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras de Francisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros de Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte). A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serão batizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o “Berquó” ou “Brocó”, próximo ao “Morro São João” assim chamado no final do séc. XVII em lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquó da Silveira; sendo o outro rio o “Banana Podre”, em grande parte canalizado e acompanhando o trajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades. Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais ou menos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...), sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tão calmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de “Le Lac”(o Lago). Os índios tamoios, primitivos habitantes, não se sensibilizaram com a beleza da enseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de “Itaóca”(casa de pedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje é o Humaitá(fica no final da rua Icatu). A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a “Enseada de Francisco Velho”. E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos. Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicional família vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reais européias. Em Portugal, a família era possuidora do tradicional “Paço de Antas”, daí o sobrenome. O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada com outro fundador do Rio de Janeiro, Antônio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literatura romântica do séc. XIX como o pai de “Ceci”, do romance “O Guarani”, de José de Alencar. Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde hoje existe o imenso edifício neoclássico da “Universidade do Brasil”, na Avenida Pasteur, antiga “Praia da Saudade”. 1 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 2. Deve-se em boa hora lembrar que a topografia de então era bem diferente da atual. Não existia a Praia Vermelha, nem o terrapleno onde hoje figura a Praça General Tibúrcio. O Morro da Urca, junto com o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam uma ilha, separada do continente. O Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as praias da Saudade e Botafogo. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a Urca ao continente. Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro “seqüestrado” no Rio de Janeiro, pois foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato cortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida pelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro da Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco canoas portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até o próprio São Sebastião em pessoa apareceu para “dar uma mãozinha”. O embate entrou para a história como a “Batalha das Canoas”. Já bem idoso, Francisco Velho vendeu suas terras em 1590 ao seu colega de aventuras, o alentejano de Elvas João Pereira de Souza Botafogo (1540?-1605), sertanista famoso, e que deixara Portugal, ao que se diz, por embaraços financeiros. João Pereira emprestaria seu nome em definitivo ao bairro, que se chamou Botafogo desde então. O curioso é que possivelmente não era nome de nascença, mas sim apelido, muito comumente dado em Portugal aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo manuais. Portanto, os dois primeiros moradores do bairro já sofriam de velhos problemas cariocas: seqüestro (Antônio Francisco Velho) e inadimplência (João Pereira de Souza Botafogo). UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA – RUA FERNANDO FERRARI, 75 – BOTAFOGO A Ordem das Ursulinas foi fundada nos países baixos há quase cinco séculos por Santa Ângela Merici. Em 1938, um grupo de freiras aportou ao Rio de Janeiro, cedendo aos desejos do Papa Pio XI e do Cardeal D. Sebastião Leme. Vinham fundar uma escola de professoras Católicas do Curso Secundário. Inicialmente se instalaram a 30 de novembro daquele ano num prédio na Praia de Botafogo, 246. Em 1939 a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula é autorizado a funcionar. Pelo Decreto 8.057, de 14 de outubro de 1941, a Faculdade foi reconhecida e pôde realizar em dezembro seguinte a colação de grau da 1a. turma de Bacharéis. Sete anos depois, foi inaugurado o novo edifício, hoje denominado de no. 1; na Rua Fernando Ferrari. Vinte anos depois, o arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca ergueu um novo prédio, hoje batizado de no. 2, para que a instituição passasse a funcionar como Universidade. Hoje são seis prédios, sendo o último inaugurado em 1982. A Universidade Santa Úrsula começou com os cursos de Filosofia, Ciências, Letras, Geografia e Educação. Hoje, oferece, além destes, outros diversos cursos nas áreas de graduação e pós-graduação, sendo alguns de excelência, como Biologia e Arquitetura. Alguns de seus professores estão entre os melhores profissionais em sua especialidade. Diversos alunos conquistaram reconhecimento nacional em suas atividades. Entretanto, a crise que se abateu sobre o ensino e, em especial, o ensino superior na década de 80 não poupou a instituição, que hoje trabalha com uma fração de alunos se comparado com seu período áureo, dos anos 70. O prédio no. 1 é tombado pela Municipalidade. MONUMENTO A CHAIM WEIZMANN – RUA FARANI – BOTAFOGO 2 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 3. Cientista e político. Nasceu em Pinsk, na Rússia Branca, em outubro de 1874. Ainda jovem fugiu da perseguição czarista, indo para a Alemanha, onde se iniciou em seus estudos de química, depois concluídos em Montreux, Suíça. Em 1904 foi nomeado professor de química biológica na Universidade de Manchester, e, mais tarde, em 1916, tornou-se diretor dos laboratórios de química do Almirantado Britânico. Durante a 1a. Guerra Mundial, descobriu um novo método de produzir acetona e álcool butílico, uma fórmula contra gases venenosos e o emprego da fermentação de bactérias, para a fabricação de explosivos, inclusive a cordite; tudo isso contribuiu eficazmente para a vitória dos aliados. Durante a 2a. Guerra Mundial foi conselheiro químico honorário do Governo de Sua Majestade e orientou o Governo dos Estados Unidos na produção de borracha sintética. Fundou em 1934 o Instituto de Pesquisas Sieff, em Rehovoth e, em 1949, o Instituto de Ciências de Israel. No entanto, Weizmann foi acima de tudo um líder político. Ao abandonar a pátria, dirigiu-se logo para a Basiléia, onde se realizava o 1o. Congresso Sionista e lá conheceu a lendária figura de Theodor Herzl, novo Messias do povo judaico. Ainda como estudante tornou-se o centro de discussões e estudos sobre problemas sionistas. Quando, depois da 1a. Guerra Mundial, o governo inglês quis recompensá-lo por suas valiosas contribuições à causa britânica, pediu: “Dêem um lar nacional ao meu povo”. Como resposta, obteve a declaração de Balfour, que dizia: “O Go verno de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judaico e envidará todos os esforços para alcançar este fim.” Em 1918 encabeçava a Comissão Sionista na Palestina, lançando a pedra fundamental da Universidade Israelita em Jerusalém, que inauguraria em 1925. Em 1922, esteve presente à ratificação do Mandato da Palestina pelo Conselho da Liga das Nações, em Londres. Em 1948, quando foi proclamado o Estado Judeu da Palestina, não precisou lançar sua candidatura para presidente do novo Estado de Israel. Ela impôs-se por si mesma, como uma conseqüência lógica e natural recompensa àquele que tanto sofreu e lutou até ver concretizado seu ideal: “Um lar para o seu povo”. Reeleito Presidente em 1951, Weizmann morreu no ano seguinte, a 29 de novembro de 1952, em Rehovoth, centro de um magnífico instituto de pesquisas científicas que ele mesmo fundara. Em 29 de novembro de 1962, o Governador Carlos Lacerda inaugurou numa praça da Rua Farani, em Botafogo, o monumento em sua homenagem, herma em bronze do artista Carlos. RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA E RUA SÃO CLEMENTE Esta rua foi aberta em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, Marquês dos Leões, comerciante português monarquista, e que igualmente abriu em suas terras, na mesma ocasião, a rua Real Grandeza, Marques e o Largo dos Leões, onde residia. O primitivo nome foi rua de São Joaquim da Lagoa, seu santo onomástico. Em sessão, porém, de 13 de maio de 1870 e proposta do Sr. Presidente Barroso Pereira, deu-lhe a Ilustríssima Câmara Municipal a denominação de rua dos Voluntários da Pátria, em homenagem aos brasileiros que se alistaram voluntariamente na guerra de 1864/70 contra o governo do Paraguai. Antigamente, a rua não possuía saída e terminava pouco além da travessa (hoje rua) Marques, mas a companhia de bondes Botanical Garden Rail Road, fundada pelo engenheiro americano Charles B. Greenough, adquiriu muitos terrenos em 1868 e a prolongou em 1870/71 até o Humaitá. 3 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 4. A rua São Clemente, aberta no século XVII, era o logradouro da fidalguia, onde residiam os grandes barões do café. Nela moraram nos anos setenta do século XIX, o Barão de Aze vedo, Antônio José de Azevedo Machado (no. 5); o Barão do Rio Bonito, José Pereira Darrigue Faro (no. 135); o Segundo Conde de Itaguaí, Antônio Dias Pavão (no.24); o Primeiro e Segundo Barões da Lagoa(no.98, hoje Casa de Rui Barbosa, atual 134); o Segundo Barão de Vargem Alegre, Luiz Octá vio de Oliveira Roxo(no. 106); o Barão de Oliveira Castro, José Mendes de Oliveira Castro(no. 146); e outros. Também residiram na São Clemente o Vice Rei Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito; o Barão de Vassouras, Francisco José Teixeira Leite; o Barão de Macaúbas, Abílio César Borges(ambos onde hoje é a praça Barão de Macaúbas, na subida da favela Santa Marta; o Barão de Werneck(na esquina de Dezenove de Fevereiro) e o Marquês de Tamandaré (onde hoje é a rua Guilherme Guinle); bem como vários fidalgos, comendadores e ministros (Rui Barbosa, Lafaiette Rodrigues Pereira, etc.) ou seus parentes próximos. Na Voluntários, por sua vez, era a rua dos grandes comerciantes e pequenos nobres. Nos últimos anos do Império, no 01 morou o engenheiro e empresário André Steel, dono de fábrica de tecidos na Lagoa; no 15, morou o comerciante José Joaquim Costa Pereira Braga, dono de fábrica de chapéus, na Tijuca; no 49, o Visconde de Caravelas, único grande nobre da rua, ex-regente do Império; no 119, o mercador de escravos José Bento Rodrigues Callau; fora eles, muitos comendadores portugueses, comerciantes enriquecidos e empresários em ascensão. Na República, continuar-se-ía com os portugueses enriquecidos, comendadores e donos de estabelecimentos comerciais. Ainda no Império, era na Rua Voluntários que se encontrava um incipiente comércio, representado pela padaria do português Antônio Antunes Guimarães, no 121, ao lado da Matriz de São João Batista; uma botica do também português João da Silva Teixeira, no72, e uma cocheira de burros, da Botanical Garden, no 90, onde hoje é o Hortomercado da Cobal. Fora isso, existiam quartos para alugar no 5 (cinco quartos); 2 (quatro quartos); 14 (trinta e um quartos); 44 (três quartos) e 74 (idem); todos esses quartos eram negócios de portugueses. Na República, foi grande proprietário de imóveis na Voluntários o Comendador Português e comerciante João Manuel Magalhães, que morava em extensa chácara (no 127). Um outro português fundaria o mais famoso bar da Voluntários, o “Sereia”, no lado par, esquina da praia (fechou as portas em 1966, depois de 50 anos lá. Aliás, Botafogo era o bairro dos bares de portugueses, tradição que ainda se mantém e pelo qual é famoso. Hoje surgiram os restaurantes finos e os de fast-food, que convivem harmoniosamente com seus colegas lusitanos mais antigos. A mais antiga farmácia homeopática era a Nóbrega, existente desde princípios do século XX (recentemente reformada, logo depois do Sereia). As mais tradicionais padarias da rua eram de um português monarquista: Imperial e Bragança, uma em frente à outra, na esquina de Voluntários com Real Grandeza. Ambas fundadas em 1922, só sobrevivendo a Imperial. O Mais antigo supermercado foi o Gaio Marti, na esquina de Voluntários com Mariana, lado ímpar. Logo depois era a Casas da Banha. Ambos existiam desde os anos trinta. O primeiro fechou as portas nos anos setenta. O segundo ainda é um supermercado. O primeiro Supermercado moderno, o Disco, foi fundado há quarenta e cinco anos quase em frente. Hoje é um estacionamento e, em breve, um prédio. Em 1962 surgiu depois da Matriz, no lado ímpar, o “Charque”, hoje Sendas. Da rua Sorocaba até a da Matriz, e xistem ainda muitas lojinhas que resistem estoicamente ao progresso: armarinhos, papelarias, lojas de modas, farmácias, sapatarias, discos, açougues (lá existe um, pré-histórico, com açougueiro português e 4 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 5. tudo), brinquedos, plásticos, e outras de miudezas mil, aliás, moda que voltou com força, com as lojinhas de 1,99. Foram famosos os cinemas da Voluntários. Eram três. Dois sobrevivem, como cinemas de cult-movie (Estação 1 e 2). O terceiro era quase na esquina de Real Grandeza, lado ímpar, e fechou as portas em 1968. Bairro com poucas livrarias no passado (só papelarias e uma pequena livraria perto da Cobal), hoje tem várias perto dos cinemas e quase no Humaitá. Duas bancas de jornais, entretanto, oferecem tanto quanto as melhores livrarias da cidade: a do Metrô, na esquina de Voluntários com Nelson Mandela, e a 19, do Wellington, na esquina de Voluntários com 19 de Fevereiro, que além de ser uma verdadeira livraria, tem de tudo um pouco, de doces à camisinha e é uma fortaleza, com telefone, Internet, ar condicionado, sistema de som e circuito interno de televisão com microcâmeras e o escambau (sorria! Você está sendo filmado...). Em 1977, o então Prefeito Marcos Tamoyo decretou que Botafogo seria o novo Centro do Rio. Desestimular-se-ía o comércio horizontal, privilegiando o vertical, próximo às estações do Metrô. Vinte e três anos, sete prefeitos e três shoppings depois, o comércio horizontal do bairro dá mostras de extrema vitalidade, renovando-se constantemente, atravessando crises imensas, mas sem dar a entender que vai acabar tão cedo. O PADRE CLEMENTE E A RUA SÃO CLEMENTE Em 17 de janeiro de 1628 era batizado na Igreja Matriz de São Sebastião, no Morro do Castelo, o inocente Clemente Martins de Matos, segundo filho do Capitão e Vereador Ál varo de Matos, e de Da. Marta Filgueira. Foram padrinhos os avôs maternos, D. Antônio Martins Palma e Da. Leonor Gonçalves, o casal que em cumprimento de uma promessa edificou a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, em 1609. Como era costume naqueles tempos, o filho mais velho herdava a profissão do pai, ficando Clemente destinado a ser padre, profissão de muito prestígio, haja vista ser a igreja ligada ao estado. Clemente, ainda adolescente, foi matriculado em seminário lisboeta. Lá não completaria seus estudos, sendo expulso, ao que se consta, por ter se envolvido com mulheres. Com ajuda do avô rico e do pai, Capitão e Vereador, terminou Clemente seus estudos num seminário em Roma, voltando ao Rio por volta de 1650 como padre, mas pobre como um monge. Por influência familiar, logo Clemente abiscoitou importantes cargos no cabido da Sé, sendo nomeado Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mór (naqueles tempos, todo cargo importante no Brasil era obtido por “pistolão”), atividades bem remuneradas e de grande projeção pessoal, principalmente depois de 1676, pois nesse ano foi criado o bispado do Rio de Janeiro, sendo Clemente a figura logo abaixo do Bispo, substituindo-o em suas ausências. Como tesoureiro, Padre Clemente foi um desastre, pois durante sua gestão deixou o velho prédio da Sé cair aos pedaços, a ponto de ser interditado e finalmente abandonado em 1703. Entretanto, Clemente ficou rico o suficiente para adquirir em c.1680 a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a enseada de Botafogo, a “Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem como os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta. Fundou Clemente a “Fazenda do Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seu santo onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada à São Clemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva Lacerda. Como se fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo até sua capela, caminho batizado de ...São Clemente! 5 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 6. Em homenagem à sua veneranda mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos 92 anos (idade excepcional para a época), Clemente batizou o morro circundante de suas posses como “Morro Dona Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, os favelados da “Favela Dona Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas na cidade, em comum acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito ter agradado o Padre Clemente, esteja ele onde estiver. Padre Clemente faleceu a 8 de junho de 1702, aos 74 anos, sendo velado e enterrado na Igreja Matriz que tanto se descuidara enquanto tesoureiro. No ano seguinte, o Bispo Frei Francisco de São Jerônimo transferiria a Sé da arruinada Igreja de São Sebastião para a Capela da Santa Cruz dos Militares, na “Rua Direita”, atual Primeiro de Março. Herdou as terras de Botafogo o irmão de Clemente, Francisco Martins, que vendeu as terras em 1606 ao casal Afonso Fernandes e Domingas Mendes, os quais deviam gostar de praia, pois no mesmo ano adquiriram da Câmara as terras que iam do Leme ao Leblon. Em 1609 Da. Domingas, já viúva, doou todas suas terras à Câmara dos Vereadores, tendo esta arrendado tudo ao Governador Geral Martim de Sá, que não esquentou com elas. A orla oceânica ele arrendou em 1611 ao dono do “Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa”, Sebastião Fagundes Varela, que destinou a orla ao pasto de suas vacas, que ruminavam entre cajueiros, pitangueiras e ananases. Quanto às terras de Botafogo, foram arrendadas ao casal Pedro Fernandes Braga e Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes. Nada de importante se fez nelas até 1808, quando, com a chegada da Côrte portuguesa, Botafogo torna-se bairro da nobreza. Em 1819 as terras correspondentes à maior parte da Rua São Clemente foram compradas por D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, último Vice-Rei do Brasil, que ganhou muito dinheiro com elas, loteando-as e vendendo a outros nobres. CAPELA DO CALVÁRIO – RUA SÃO CLEMENTE, 23 – BOTAFOGO Sobrado eclético constando de térreo e dois pavimentos, erguido em c. 1910. A originalidade consiste na utilização de elementos decorativos que simulam um castelo medieval, tais como duas torres com ameias, seteiras, acabamento em massa simulando pedra, etc. No segundo pavimento, instalou-se recentemente a igreja evangélica Capela do Calvário. O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001. RESTAURANTE BISMARQUE – RUA SÃO CLEMENTE, 23-A – BOTAFOGO Um dos mais tradicionais restaurantes de Botafogo, o Bismarque existe desde 1960 no mesmo local, um pequeno e espremido prédio art-déco da década de 40. Sua culinária brasileira é famosa e o restaurante é disputado no horário de almoço. Internamente, nada apresenta de notável, exceto um quadro sobre a parede da copa, retratando o Premier Otto Von Bismarck, aportuguesado para “Bismarque”. ESTAÇÃO DO METRÔ – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO Inaugurada em 1o. de setembro de 1981, pelo Presidente João Batista de Oliveira Figueiredo, o Ministro dos Transportes Mário David Andreazza e o Go vernador Antônio de Pádua Chagas Freitas. O projeto da estação, cuja construção se arrastou por dez anos, é muito pobre e ainda hoje incompleta, é do arquiteto Sabino Barroso. Por mais de 15 anos foi a estação terminal do Metrô Zona Sul, até ser inaugurada a Estação Cardeal Arco verde, em Copacabana. Ainda em 1981, logo depois de inaugurar a linha 1 do metrô, 6 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 7. com 56 km de extensão, o então Presidente Figueiredo teve um princípio de enfarto, necessitando ser internado às pressas. MERCADO POPULAR DE BOTAFOGO – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO Criado em 1995 pelo Prefeito César Maia, foi a opção encontrada para conter o surgimento desordenado de camelôs que ocuparam as calçadas desse trecho de rua. São mais de sessenta barracas padronizadas em metal e na cor verde. Há desde vendedores de miudezas, de alimentos, livros novos e usados e até uma banca de salão de barbeiro/cabeleireiro, completa. IGREJ A UNIVERSAL DO REINO DE DEUS – RUA SÃO CLEMENTE, 72 – BOTAFOGO Entre as décadas de 1960 e 80 ali existiu uma famosa loja de móveis, a Montmartre Jorge. Em fins dos anos 80 foi comprada e demolida, sendo erguida em seu lugar a nova Igreja Universal do Reino de Deus. Construída em concreto, granito e vidro espelhado, com 2.000 lugares, é o maior templo não católico de Botafogo. CENTRO DE ARQUITETURA E URBANISMO – RUA SÃO CLEMENTE, 117 – BOTAFOGO É um típico casarão residencial das famílias abastadas do século XIX. Este aqui, no caso, foi erguido em 1879 para residência de Joaquim Fonseca Guimarães, um dos criadores do Bairro de Santa Teresa. Na fachada, bem proporcionada, destacam-se os trabalhos de cantaria, a escada com duplo acesso em posição incomum, os motivos decorativos e a serralheria. Durante décadas a casa abrigou o tradicional Colégio Jacobina, depois, Faculdade de Educação Jacobina. Entrou em decadência em fins da década de 70, sendo fechado e tendo a parte dos fundos demolida. Após ter sido tombada em 1987, foi reformada em 1997 para receber o Centro de Arquitetura e Urbanismo, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. A casa é tombada pela Municipalidade. FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA - RUA SÃO CLEMENTE, 134 - BOTAFOGO Majestosa residência neoclássica erguida em 1849-50 pelo nobre português Barão da Lagoa. Foi depois residência de seu genro, o segundo Barão da Lagoa, passando às mãos de outro português, o Conselheiro Albino José de Siqueira, que reformou a casa sem alterá-la. Depois pertenceu ao negociante inglês John Roscoe Allen e este a vendeu em 1893 ao Conselheiro e advogado Rui Barbosa. Reformada e ampliada de 1893 a 97 pelo engenheiro italiano Antônio Januzzi que dotou-a de uma decoração interna em gosto eclético italianizante, foi residência da família até a morte de seu proprietário em fevereiro de 1923. Vendida ao Governo Federal em 1927, foi transformada em casa-museu, a primeira do país, inaugurada pelo Presidente Washington Luís em 1930, destinada a preservar a memória de seu mais ilustre morador. No Museu, existe ainda o rico mobiliário e peças de arte, espalhadas pelos salões e quartos do térreo e sobrado, bem como a biblioteca particular de Rui, com mais de 36 mil livros. A casa é dotada de amplo jardim, que se converteu numa das áreas de lazer principais do bairro de Botafogo. Em 1966 foi convertida em Fundação, sendo construído em 1972 o anexo moderno nos fundos do amplo terreno, abrigando ali vasta biblioteca com mais de 100 mil títulos, arquivo, videoteca, salas de conferências, exposições e auditório. Possui lojas para venda de publicações e uma biblioteca infantil. Quanto ao solar, de linhas neoclássicas, batizado por Rui de “Villa Maria Augusta”, em homenagem à sua esposa, é tombado pelo IPHAN. 7 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 8. GRANDES AMORES DA ZONA SUL - RUI BARBOSA E MARIA AUGUSTA Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, a 05 de novembro de 1849. Jovem brilhante, distinguiu-se já em seus estudos para advocacia na Escola do Largo de São Francisco, em São Paulo. Jornalista, abolicionista e defensor dos direitos individuais do cidadão, foi prócer da Abolição e figura destacada na República, não só como ministro da fazenda e como autor da Constituição de 1891, assim também, como representante do país na Conferência Internacional de Haia, na Holanda em 1908, onde se distinguiu. Rui casara-se a 23 de novembro de 1876, depois de longo e epistolar noivado, com Da. Maria Augusta Vianna Bandeira, casamento feliz que lhe deu dois filhos, João e Alfredo; e três filhas: Maria Adélia Batista Pereira, Francisca Airosa e Maria Vitória Guerra ”Baby”. Até 1893 Rui, apesar de ministro e homem importante, morava em casa alugada. Neste ano, adquire do cidadão inglês John Roscoe Allen, por grande quantia paga em duas promissórias, a enorme propriedade da rua São Clemente, que fôra erguida para o Barão da Lagoa em 1850, cercada com enorme parque extenso de 10.000 m2. Contratou o engenheiro arquiteto e amigo Comendador Antônio Januzzi para reformá-la, mas teve de ficar distante haja vista ter se incompatibilizado com o governo do Marechal Floriano Peixoto, quando teve de se exilar na Europa. Tendo retornado em 1897, passou a residir na rua São Clemente, cercado pela família e pelos livros (36.000!). Nos jardins, mantinha extenso roseiral. Cansado das lides políticas e dos falsos amigos, Rui residiu seus últimos dias em Petrópolis, onde faleceu cercado pela esposa que tanto amava e filhos, no dia 01o. de março de 1923. Ainda em 1897, batizou sua nobre morada de “Villa Maria Augusta” em homenagem à esposa, com quem viveu em idílio por mais de 46 anos. UNIVERSO ATHLETICO – RUA SÃO CLEMENTE, 155 – BOTAFOGO Grande casarão em estilo eclético, erguido em fins do século XIX para fins residenciais. Por muitos anos sediou a Associação Sholen Aleichen de Cultura e Recreação, com sua famosa biblioteca sobre assuntos hebraicos. Posteriormente veio a sediar a Academia de Dança de Jayme Arôxa e a Academia de Ginástica Universo Athlético. Sua entrada lateral igualmente dá acesso ao curso pré-vestibular A. D. N. O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001. EDIFÍCIO BARÃO DE LUCENA – RUA SÃO CLEMENTE, 158 – ESQUINA DE RUA BARÃO DE LUCENA – BOTAFOGO Em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar as casas de nos. 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua de acesso. Como a residência de no. 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena, a nova via foi assim batizada. Em 1931 era inaugurado no lote do antigo no. 148 o edifício de apartamentos Barão de Lucena, em estilo art-déco, com fachada dando para a Rua São Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua. BARÃO DE LUCENA – DADOS BIOGRÁFICOS Henrique Pereira de Lucena, político, nasceu em 1835 na cidade de Bom Jardim, Pernambuco. Formou-se em direito no Recife, onde foi delegado de polícia. Foi chefe de polícia e desembargador honorário no Ceará, e Presidente das províncias de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. Deputado Geral, Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro da Agricultura e da Fazenda, estes 8 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 9. últimos já na República, em 1891, no Governo do Marechal Deodoro da Fonseca. Depois foi Ministro do Supremo Tribunal Federal. Faleceu na sua casa de Botafogo em 1913. IDORT – RUA SÃO CLEMENTE, 175 – ESQUINA DE RUA DEZENOVE DE FEVEREIRO – BOTAFOGO O antigo palacete residencial da Família Ozório onde hoje funciona o Instituto de Organização Racional do Trabalho/IDORT, instituição fundada em 1931; ocupa o centro de um grande terreno. A ornamentação Luís XVI articula-se com elementos classicizantes nesse projeto de 1926, do arquiteto francês Marmorat. No interior há um espaço com pé direito duplo iluminado por lanternim de vidro. Os quartos de “criados” são incorporados à edificação principal. No térreo, pequeno elevador, interligando as dependências íntimas do nível superior às sociais e de serviço, completa o interesse desta residência. O palacete IDORT é tombado pela Municipalidade desde 2.001. VILLA GAUHY – RUA SÃO CLEMENTE, 176 – BOTAFOGO Grande vila de casas de sobrados constando de uma casa dando para a rua, arco de entrada e avenida de sobrados. Apesar de fundada em 1888, no início do processo de ocupação de Botafogo por esse tipo de condomínio habitacional, todas as casas já trazem a marca de uma grade reforma na década de 30, que lhes deram um vocabulário art- déco. Em 1953, num prédio em frente à vila, surgiu a Escola de Samba Unidos de São Clemente. PALACETE LINNEU DE PAULA MACHADO – RUA SÃO CLEMENTE, 213 – ESQUINA DE RUA DONA MARIANA – BOTAFOGO Magnífica residência senhorial, em estilo renascentista francês, construída em 1910 para a família de Linneu de Paula Machado pelo arquiteto Aramando da Silva Telles, o mesmo projetista do Palácio Laranjeiras. Destaca-se pela implantação, ao centro de um amplo terreno gramado e fartamente arborizado, o qual ia originalmente até a Rua Voluntários da Pátria! É notável a elegante porte-cochère aterraçada, o telhado em mansarda e torreão central em ardósia. Uma ala de serviço, do lado direito da casa, foi acrescentada posteriormente, mas obedecendo ao estilo original e ainda em vida de seu primeiro proprietário. Presentemente, em 2.004, ainda serve de residência ao Sr. Francisco Eduardo de Paula Machado. O Palacete Linneu de Paula Machado é tombado pela Municipalidade. COLÉGIO SANTO INÁCIO – RUA SÃO CLEMENTE, 226 – BOTAFOGO O Colégio dos Jesuítas foi fundado por Nóbrega e Anchieta no Morro do Castelo, em 1567. Durante o período colonial, foi não só a primeira instituição de ensino do Rio de Janeiro, como a que mais se aproximou de uma escola de cursos superiores no Brasil, com aulas de Filosofia e Teologia em cursos abertos a religiosos e leigos. Em dezembro de 1759, o Colégio do Rio, bem como todas as instituições jesuíticas no país, foram fechadas por ordem da Metrópole, insuflada por tenaz perseguição movida pelo Marquês de Pombal. O prédio do velho Colégio dos Jesuítas foi convertido em hospital militar e, no século XIX, no Hospital São Zacarias, administrado pela Santa Casa de Misericórdia. Entre 1920/22, tanto o prédio e capela como o Morro do Castelo foram arrasados por ordem do Prefeito Carlos Sampaio. No terceiro quartel do século XIX, a Companhia de 9 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 10. Jesus voltou a se estabelecer no Brasil, tendo fundado o Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, mas o sonho de tornar a ter um colégio na Capital teve de esperar o século XX. A 10 de julho de 1903 tinha início na Rua São Clemente, 132 (hoje 226), com nove alunos do curso preliminar, e anexo à Residência dos Padres Jesuítas o Externato Santo Inácio. A Igreja de Santo Inácio, anexa ao Colégio, foi edificada em duas etapas, respectivamente a partir de 1909 e 1924, sob os planos dos mestres italianos Sartorio, Vidal Gomes e Armollini. A igreja tinha planta primitiva em cruz de braços iguais. Em 1934, ao ser ampliada em direção à rua constituiu um corpo alongado de três naves. Na nova fachada de feição italiana, as colunas coríntias e o frontão conferem monumentalidade à composição relativamente simples. Com o arrazamento do Morro do Castelo, algumas portas do velho colégio jesuítico colonial foram incorporadas à nova fachada. O Colégio ao lado possui um claustro eclético, erguido na década de 20/30, mas em 1967 foi adicionada uma nova fachada moderna, que esconde o conjunto. No hall do novo colégio, subsistem três imagens em tamanho natural de um calvário barroco em madeira policromada, oriundas da antiga capela do Morro do Castelo. Dentro do colégio funciona outra pequena capela, de uso doméstico. A Igreja de Santo Inácio é tombada pela Municipalidade. APARTAMENTOS GEORGE – RUA SÃO CLEMENTE, 241, 243 E 245 – BOTAFOGO Apesar do nome, é uma elegante vila de casas com vocabulário da arquitetura campestre inglesa, projetada e construída em 1930, pelo Engenheiro Haroldo Lisboa da Graça Couto. Os Apartamentos George são tombados pela Municipalidade desde 1987. ANTIGA RESIDÊNCIA JOPPERT- RUA SÃO CLEMENTE, 248 – BOTAFOGO Enorme residência em estilo eclético, erguida no início do século XX pelo famoso engenheiro Maurício Joppert para sua moradia e de seus familiares. Vendida ao Colégio Santo Inácio por módico valor em 1940, foi então adaptada para sediar a Pontifícia Universidade Católica. A idéia de uma universidade católica já havia sido levantada em 1866 pelo Senador Cândido Mendes de Almeida, mas foi somente em 1934, durante o 1o. Congresso Católico Brasileiro de Educação que o Cardeal Leme organizou uma comissão para estudar a criação da nova instituição. Em 14 de novembro de 1938, o Papa Pio XII confiava ao Cardeal a missão de fundar uma universidade cristã no Rio de Janeiro. A 15 de março de 1941 o Cardeal Leme entregou aos padres Jesuítas a recém fundada “Sociedade Civil Faculdades Católicas”, com os cursos de Direito e Filosofia, instalados na antiga residência Joppert. A 1o. de dezembro de 1942 os dois cursos foram reconhecidos pelo Governo. Em 1943 foi fundada a escola Social Masculina. Finalmente, pelo Decreto 21.968 de 21 de outubro de 1946, surgiu oficialmente a Universidade Católica, tornada Pontifícia pela Santa Sé a 20 de janeiro de 1947. A partir de 1949 os cursos foram sendo transferidos para o novo endereço da Gávea, na Rua Marquês de São Vicente. Hoje no casarão funcionam apenas dependências do Colégio Santo Inácio. Entretanto, meses antes, a 3 de setembro de 1948, morrera seu fundador, o Padre Leonel Franca. A residência é tombada pela Municipalidade. PADRE LEONEL FRANCA – DADOS BIOGRÁFICOS Leonel da Silveira Franca nasceu a 7 de janeiro de 1893 em São Gabriel, Rio Grande do Sul. Entrou na Companhia de Jesus em 12 de novembro de 1908, e foi ordenado sacerdote em Roma a 26 de julho de 1923, onde fizera seus estudos de filosofia 10 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 11. e teologia. Após a profissão solene em 1926 trabalhou no Rio até a morte, para conseguir implantar a PUC, o que logrou obter pouco antes de seu prematuro falecimento aos 55 anos. ANTIGA RESIDÊNCIA PORTO D`AVE – RUA SÃO CLEMENTE, 265 – ESQUINA DE RUA SOROCABA – BOTAFOGO Casarão residencial em estilo neocolonial português, construído em c. 1935 num espremido lote de esquina. Projeto e construção do arquiteto português A. Porto D`Ave, famoso nas décadas de 20 e 30, para sua morada pessoal. Hoje ali funciona uma loja de confecções de uniformes e trajes de trabalho, bem como de roupas comuns. A casa foi tombada pela Municipalidade em 2.001. COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO A. LIESSIN – RUA SÃO CLEMENTE, 275/7 - ESQUINA DE RUA SOROCABA – BOTAFOGO O Colégio Liessin foi fundado em 1945 e instalado na Rua Barão de Itambi, 14, com a finalidade de difundir a cultura universal, além da religião e da tradição israelitas. Em 1951 mudou-se para a Rua das Laranjeiras e em 1957 transferiu os cursos infantil, pré-primário e primário (até 4a. série) para a Rua Visconde de Ouro Preto, 46, onde, mais tarde, passaram a funcionar os demais cursos. Adquirido em 1965, o prédio sofreu reformas e, em 1975, em virtude de desapropriação para as obras do Metrô, o colégio transferiu-se para a Rua São Clemente, 277, estendendo-se depois para o 275 (antigo Curso Oswaldo Aranha). Com o crescimento do colégio, foram comprados também os prédios da Rua Sorocaba, 80 e 90. Os alunos do A. Liessin, em atividades extra-curriculares, tem acesso desde 1986 ao uso do computador, então um pioneiro nesse recurso didático. Além da instalação dos conselhos de classe, o Colégio oferece aos alunos a vantagem de horário integral em caráter optativo. Em 1986, dez anos após a transferência para a nova sede, o A. Liessin teve 1.205 alunos matriculados em seus diversos cursos: do jardim ao 2o. grau; Formação de Professores e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas. A sede principal do colégio, na Rua Sorocaba, foi tombada em 2.002 pela Municipalidade. PALACETE FOREVER LIVING PRODUCTS – RUA SÃO CLEMENTE, 284 – BOTAFOGO Antiga residência senhorial do Coronel Severino Pereira da Silva, dono de diversas indústrias, dentre elas a Fábrica Aliança, em Laranjeiras e a Fábrica de Cimentos Mauá, ambas extintas. A casa mal se pode ver da rua. Edificada nos anos 10 originalmente para servir de residência familiar do Ministro da Viação e Obras Públicas, o baiano Miguel Calmon Du Pin e Almeida, que nela faleceu em 1935. É uma composição de referências estilísticas variadas com rica decoração interna implantada num grande terreno com notável ambientação paisagística. O palacete e seu parque são tombados pela Municipalidade. MIGUEL CALMON – DADOS BIOGRÁFICOS Miguel Calmon Du Pin e Almeida, nasceu na Bahia em 1879. Formado em engenharia, foi Ministro da Viação e Obras Públicas quando foi o Presidente Afonso Pena, no período de 15 de novembro de 1906 a 18 de junho de 1908. Quando Ministro, realizou na Praia Vermelha a famosa Exposição Nacional destinada a comemorar o Centenário da Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas (1808-1908). Por sua experiência, foi 11 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 12. depois chamado por Epitácio Pessoa para chefiar a Comissão da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Faleceu em 1935, na sua casa de Botafogo. Era tio do famoso educador Pedro Calmon Muniz de Bittencourt. PINAKOTHEKE – RUA SÃO CLEMENTE, 300 – BOTAFOGO A residência que hoje abriga a Editora PINAKOTHEKE é um exemplar austero e tardio de um ecletismo classicizante, em que a decoração das fachadas restringe-se a poucos elementos apostos ao volume quase prismático do edifício. O projeto geral, bem como a construção, foram realizados por Eduardo V. Pederneiras e datam de 1929. O acesso principal lateral é desprovido de ênfase. A residência PINAKOTHEKE é tombada pela Municipalidade desde 2.001. PRAÇA BARÃO DE MACAÚBAS – ENTRE AS RUAS BARÃO DE MACAÚBAS, FRANCICO DE MOURA E SÃO CLEMENTE – BOTAFOGO Local onde existiu, de 1850 a 1884, a residência de Francisco José Teixeira Leite, Barão de Vassouras (1804/84). Posteriormente nela residiu o Dr. Abílio César Borges, Barão de Macaúbas (1824/91). Médico e notável educador, era o fundador do Colégio Abílio, na Praia de Botafogo. O Prefeito Henrique Dodsworth mandou pôr abaixo a velha casa arruinada ali existente e criou a praça, batizada com esse nome pelo Decreto 6.560, de 28 de outubro de 1939. Tornou-se a principal área de lazer dos moradores da Favela Santa Marta, cujo acesso se faz pela Rua Francisco de Moura e Travessa Jupira. FAVELA SANTA MARTA - RUA FRANCISCO DE MOURA - BOTAFOGO A área correspondente à Favela Santa Marta era parte da chácara de Francisco José Teixeira Leite, Barão de Vassouras (1804-84), um mineiro Sãojoanense que na hora certa trocou o ouro pelo café, granjeando enorme fortuna no Vale do Paraíba. Casou-se duas vezes. Sua segunda esposa, Da. Ana Ale xandrina, trinta anos mais jovem que ele, era dada a acessos de loucura. Frequentemente saía à rua sem roupas, o que causava ao Barão grande constrangimento. Sua casa na São Clemente era, por isso, bem afastada da rua, cercada de frondosas árvores e amplo jardim fronteiro, exatamente onde hoje está a Praça Barão de Macaúbas. Aliás, falando dele, foi o proprietário seguinte da chácara do Barão de Vassouras. Abílio Cesar Borges (1824-91) era médico e educador, tendo fundado em Laranjeiras o Colégio Abílio, onde estudou Raul Pompéia (e inspirou seu livro “O Ateneu”). O Imperador D. Pedro II agraciou-o em 1881 com o título de Barão de Macaúbas. Quando morreu, sua imensa propriedade ficou fechada alguns anos. Os padres jesuítas fundaram em 1901 o Colégio Santo Inácio, que no primeiro ano funcionou numa casa na rua Senador Vergueiro. Em 1903 alugaram (e depois compraram) a casa no. 226 (antigo 132) da rua São Clemente, onde morou o comerciante Carlos Guilherme Gross. Em 1908, com o sucesso do colégio, ampliaram suas instalações comprando chácaras vizinhas, inclusive a que foi do Barão de Macaúbas. Tomadas por um capinzal, passaram a extraí-lo para venda, com o que ganharam alguns recursos. Em 1915 a Prefeitura mandou cortar todo o capinzal com receio de incêndios, passando então aquelas terras a serem usadas como local de recreio dos alunos. Desde 1908 dirigia o colégio Padre José Maria Natuzzi, que sempre preocupou-se com as instalações restritas da velha casa, ampliando-a à partir de 1909. Em 1915 é inaugurada a nova capela e ampliado de muito as velhas instalações. A Primeira Guerra Mundial impossibilitou a continuação das obras. Em 1924 as obras foram recomeçadas, sob a direção do engenheiro arquiteto Padre Camilo Armelini. 12 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 13. Desde 1924 Padre Natuzzi, homem piedoso, permitia que operários pobres e suas famílias estabelecessem moradia no Morro Dona Marta. Em 1929, com a queda dos preços do café no mercado mundial, muitos agricultores pobres do Vale do Paraíba migraram para o Rio. Padre Natuzzi acolheu a muitos, destinando-os ao Morro Dona Marta. Na mesma época, recrudesceram as obras do colégio e capela, sendo em 1931 inaugurado o novo altar de Santo Inácio e em 1939, a ala esquerda do colégio. E claro, Padre Natuzzi inaugurou igualmente, sem querer nem saber, a favela do Morro Dona Marta. Em verdade, a primeira favela de Botafogo não foi ali. Já o recenseamento de 1920 registrava a existência de 63 barracos no Morro São João. Treze anos depois, São João estava deserto. Todos migraram para o Dona Marta atraídos pela oferta de trabalho nas obras do colégio e terras no morro oferecidas pela bondade de Padre Natuzzi. Como as obras duraram por quase trinta anos, emprego houve para essa gente. Durante muitos anos viveu a população favelada em paz, intocada pelos políticos, que não se interessavam por ela. Com o crescimento da vizinha Copacabana e a orla de Botafogo, surgiram muitos prédios altos e, é claro, trabalho para muitos. Já em 1950, o censo realizado naquele ano registrava 1632 habitantes no Dona Marta, sendo 787 homens e 845 mulheres. 1355 eram maiores de cinco anos. Destes, 627 sabiam ler e escrever e 728 eram analfabetos. Em 1960, com a criação do Estado da Guanabara, o Governador Carlos Lacerda desenvolveu enorme campanha de erradicação de favelas. O objetivo era pouco nobre. Não era propriamente dar melhores condições de vida à aquela gente, e sim liberar os valorizados terrenos de encosta para especulação imobiliária, então em franca ascensão na zona sul. Em Botafogo, foram removidas as favelas do Pasmado e Macedo Sobrinho, sendo que, o sucessor de Lacerda, Negrão de Lima, eliminaria a da Catacumba, na Lagoa, onde hoje está o Parque Marcos Tamoyo. Dona Marta escapou haja vista sua estabilidade já consolidada no bairro e a propriedade dos terrenos, em mãos dos jesuítas e fora do processo especulativo. O governo chegou até a construir uma escola, inaugurada em outubro de 1968 pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra, que visitou a favela. Entretanto, essa escola era de tão precária construção que, literalmente, só durou o tempo da visita da rainha. Valeu apenas o episódio para unir os moradores em defesa de suas casas e direitos, mostrando que não eram diferentes dos outros cariocas, atividade que prenunciou as famosas associações de moradores. Em 1977, após a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, o Prefeito Marcos Tamoyo não falava mais em remoção, mas reurbanização. Entretanto, somente seu sucessor, o Prefeito Israel Klabin definiu bem o que era isso em 1979. Deixar os moradores em paz, colocando infraestrutura, esgotos e demais serviços públicos. Em 1979, existiam no Morro(ainda) Dona Marta 2421 habitações, com população estimada de 12.105 habitantes, que se espalhavam por uma área de 55.540m2. Era a maior das oito favelas do bairro, acumulando 2/3 da população favelada de Botafogo, com média de 1.051 habitantes por hectare. Em 1980, os moradores da favela Dona Marta se uniram e resolveram rebatizá-la para Santa Marta. No ano de 1985, o famoso ISER - Instituto Social de Estudos da Religião realizou o famoso longa-metragem “Santa Marta - Duas Semanas no Morro”, com uma hora de duração, filme que causou grande sensação, ainda mais que um dos adolescentes entrevistados seria no futuro o famoso traficante “Marcinho VP”. O empobrecimento geral do país na década de oitenta e um governo estadual excessivamente tolerante permitiu que o tráfico de tóxicos estabelecesse no morro importante quartel general. Apesar da proximidade do 2o. Batalhão da Polícia Militar, nada 13 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 14. de concreto se pôde fazer para deter a ascensão de meliantes cujos nomes eram substituídos por apelidos repetidos em grandes manchete: “Bolado”, “Pedrinho da Prata” e o famigerado “Marcinho VP”, que chegou a ser o primeiro traficante a obter financiamento de um banqueiro para escrever um livro. Se, por um lado, o Santa Marta possui essa face perigosa, muito mais interessante é sua importância cultural. Há trinta e cinco anos atrás surgiu em seus barracos a primeira agremiação de samba da zona sul, o bloco “Unidos da São Clemente”, que ascendeu na década de setenta à categoria de escola de samba, atingindo ao primeiro grupo no fim da década, onde chegou a ameaçar suas tradicionais coirmãs. Em 1992 surgiria a segunda agremiação do morro, a “Unidos de Santa Marta”. Não é nada não é nada, são poucas as comunidades que podem orgulhar de possuir duas agremiações de samba! Em 1995 visitou a favela e gravou um importante vídeo-clip o pop-star Michael Jakson, com direção do não menos famoso cineasta Spike Lee. As recentes e bombásticas revelações do envolvimento entre um grande banqueiro e o traficante chefe da favela levam a crer que a cidade não está tão partida assim como os sociólogos acusam. Enquanto sociólogos, banqueiros, traficantes e policiais brigam entre si, a população do Morro Santa Marta deseja apenas participar da palpitante cidade que os circundam, e da qual já fazem parte indissociável dela. 2O. BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR – RUA SÃO CLEMENTE, 345 – ESQUINA DE RUA REAL GRANDEZA - BOTAFOGO Foi fundado em 14 de janeiro de 1890 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, sendo sediado numa velha casa da Rua General Caldwell, no Centro. Extinto a 16 de agosto de 1892, sendo recriado em janeiro de 1898. Novamente extinto em julho de 1905, foi recriado em definitivo a 4 de outubro de 1911, e sediado na Rua São Clemente. Em 1919 passou para a Praça da Harmonia, em Santo Cristo, enquanto se construía o novo quartel de Botafogo. Finalmente, a 17 de janeiro de 1920, voltou para o bairro, de onde não mais saiu. O velho quartel veio a ser demolido em 1975, sendo substituído pelo atual, no mesmo lugar. O 2o. Batalhão participou da repressão à Revolta do Forte de Copacabana, a 6 de julho de 1922, quando perdeu dois homens. Esteve com o Exército Legal na Revolução Liberal de outubro de 1930, em Nova Friburgo. Ajudou na repressão à Intentona Comunista na Praia Vermelha, de 27 de novembro de 1935. Sua última atuação notável foi a de proteger o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado da Guanabara, durante o golpe militar de 1o. de abril de 1964. RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO Foi aberta em terras da Fazenda da Olaria, de propriedade de Joaquim Marques Batista de Leão, adquirida em 1820. Recebeu o nome de Rua Real Grandeza, numa homenagem a D. João VI, falecido em março de 1826. Do mesmo modo que a Rua Nova de São Joaquim, atual Rua Voluntários da Pátria, deve ter sido aberta em 1826. Originalmente nela terminavam as ruas Voluntários da Pátria e General Polidoro. Sofreu melhorias em 1855, com o apoio do morador José Martins Barroso à frente, sendo prolongada até o morro, onde começava uma ladeira íngreme que dava no areal de Copacabana. Na Real Grandeza, funcionaram por alguns anos, o Instituto dos Surdos Mudos, depois levado para a Rua das Laranjeiras e a Instituição Promotora da Instrução aos Cegos, hoje Instituto Benjamim Constant, na Avenida Pasteur. No final da Rua, junto ao morro, onde hoje começa a Rua Vila Rica, morou o Sr. Manuel Luís de Lima e Silva, irmão do Duque de Caxias, e que ficou famoso no século 14 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 15. XIX por haver comprado um título de nobreza falso, o de Barão de Vila Rica, o que, quando descoberto, lhe valeu uma desmoralização pública e peça de teatro escrita por Arthur Aze vedo (“O Bilontra”), encenada no Teatro Lucinda, com versos cantados utilizando a ária “La Donna é Móbile”, de Giuseppe Verdi: “Barão estou feito De Vila Rica Eis a rubrica Do Imperador” “Estou satisfeito Sou mais um furo Daquele obscuro Comendador... “ Por muitos anos, de fins do século XIX até a década de 1950, existiu próximo ao túnel a afamada Fábrica de Casimira Aurora, de Frederic D`Olne, existindo ainda hoje algumas das casas então erguidas para os operários. TÚNEL ALAÔR PRATA – RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO Em 6 de julho de 1892 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a abertura do Túnel Alaôr Prata – Túnel Velho, como é chamado – ligando Botafogo a Copacabana pelas ruas Sampaio Correia, Vila Rica e Real Grandeza (em Botafogo) e Siqueira Campos (em Copacabana), sob a garganta entre os morros da Saudade e São João. Foi aberto originalmente de janeiro a maio de 1892 pela Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico, quando era seu gerente o Engenheiro José Cupertino de Coelho Cintra. Quando de sua inauguração, apenas os bondes desta Companhia podiam por ele trafegar. Somente em 1900 passou a ter o trânsito liberado. No dia da inauguração, faltou energia elétrica e o bonde teve as rodas travadas, obrigando os operários a retira-las e transporta-lo, sem rodas e no “muque”, pelos quase duzentos metros do percurso. Ao chegar no final, os ingleses que cuidavam do cabo submarino na Praia da Igrejinha (Posto VI), soltaram foguetes de júbilo. Tem 182 metros de comprimento e foi alargado em 1925 para 13 metros pelo Prefeito Alaôr Prata Soares, e duplicado para dois níveis em 1967 pelo Governador Negrão de Lima. PALÁCIO DA CIDADE – RUA SÃO CLEMENTE, 360 – BOTAFOGO Concebido em 1947 pelo arquiteto inglês Robert R. Prentice em estilo palladiano inglês e construído dois anos depois, abrigou originalmente a Embaixada Britânica. Sua imponência e solenidade se adequam aos exuberantes jardins que o emolduram e à paisagem natural ao fundo. Nos interiores, ricamente decorados, obras de arte e mobiliário de época compõem uma ambientação para as funções cerimoniais. Enquanto Embaixada, hospedou em outubro de 1968 a Rainha Elizabeth II, então em visita ao nosso país. Adquirido para sediar a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro em 1975 pelo Prefeito Marcos Tito Tamoyo da Silva, foi redecorado com obras de arte adquiridas em leilões e compras avulsas. O Palácio da Cidade é tombado pela Municipalidade. ANTIGA EMBAIXADA DA CHINA – RUA SÃO CLEMENTE, 379 – BOTAFOGO Erguido no início do século XX, esse típico casarão de Botafogo combina elementos de diferentes referências estilísticas: telhado renascentista francês sobre bay 15 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 16. window inglesa com arcos classicizantes. O avarandado é italiano e a escada acentua a assimetria incomum. Por muitos anos a casa sediou a Embaixada da China. Na década de 90, serviu como sede da primeira exposição de decoração da Casa Cor. A casa é tombada pela Municipalidade. PALÁCIO DOS LEILÕES – RUA SÃO CLEMENTE, 385 – BOTAFOGO Com uma fachada bem composta em estilo eclético classicizante francês, esse casarão de dois pavimentos em centro de terreno foi erguido em 1913 para residência familiar. Destacam-se o pórtico de entrada que é ladeado por duas colunas de capitel jônico, os gradis de muros e guarda-corpos das sacadas. Na década de 1970 o palacete foi adquirido por uma empresa de leilões de arte e adaptada para a nova função. A entrada passou a ser frontal e o interior foi totalmente alterado com a demolição das paredes divisórias internas. O Palácio dos Leilões é tombado pela Municipalidade. ESCOLA EXPERIMENTAL CORCOVADO – RUA SÃO CLEMENTE, 388 – BOTAFOGO O palacete situado em centro de terreno densamente arborizado foi construído em 1933, no estilo colonial da época georgiana, para sediar a Embaixada dos Estados Unidos e, depois de 1952, Residência do Embaixador. Com a transferência da legação para Brasília, o casarão passou a sediar desde 1973 a Escola Experimental Corcovado, nascida de iniciativa particular de uma família de alemães em 1963. O palacete foi adquirido pela República Federal da Alemanha para a escola, que passou a receber alunos brasileiros e alemães, com ensino bilíngüe. O palacete e seu extenso parque são tombados pela Municipalidade. CONSULADO DE PORTUGAL – RUA SÃO CLEMENTE, 402 – BOTAFOGO Palacete em centro de terreno construído em 1957/60, à semelhança das grandes quintas portuguesas do Renascimento, para sediar originalmente a Embaixada de Portugal. Com a transferência da capital para Brasília, no ano da inauguração da Embaixada, passou a sediar o Consulado Português. Edifício de primorosa execução, cita a arquitetura histórica portuguesa. É projeto dos arquitetos portugueses Irmãos Rebello e Andrade. O Consulado de Portugal é tombado pela Municipalidade. GURILÂNDIA CLUBE INFANTIL – RUA SÃO CLEMENTE, 408 – BOTAFOGO Originalmente um pitoresco cottage inglês, projetado por Heitor de Mello em 1910 para a Família Rego Barros, e erguido três anos depois, com alterações, por Francisco Antônio Tricário. Com embasamento de pedra e alvenaria de tijolos aparentes, esta residência foi reformada e ampliada três anos após sua construção. Foram acrescentados elementos neogóticos como os arcos de dois centros no primeiro piso e, provavelmente, o corpo lateral direito com passagens cobertas para acesso de veículos. A bay window balanceada do segundo piso, por exemplo, resultou enterrada no corpo avançado do térreo que hoje lhe serve de apoio. Na década de 1960, foi adaptada para clube, perdendo assim os jardins que o cercavam. O casarão é tombado pela Municipalidade desde 1987. COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES – RUA SÃO CLEMENTE, 438 – BOTAFOGO 16 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 17. O Colégio Nossa Senhora de Lourdes está em Botafogo desde 1913, quando foi fundado pelas Irmãs da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A primeira sede era na Rua São Clemente, 148, onde funcionou inicialmente um pensionato para senhoras e uma pequena escola para alunos do curso primário. Em 1929 as irmãs alugaram um prédio na mesma rua, o 438, para onde se mudaram com o pensionato e a pequena escola. Posteriormente a escola foi ampliada e o prédio adquirido. Em 1950 foi extinto o pensionato. Durante muitos anos a instituição foi batizada de Colégio Virgem de Lourdes, para não ser confundido com um colégio homônimo existente em Vila Isabel desde 1945. Em 1982, com o fechamento da instituição no subúrbio, voltou ao antigo nome. O prédio atual foi edificado em 1973, no local em que foi demolida a casa do antigo pensionato. EDUCANDÁRIO DA MISERICÓRDIA – RUA SÃO CLEMENTE, 446 – BOTAFOGO Em 1889, a Irmandade da Misericórdia possuía duas instituições para acolhimento de menores desvalidos, mas estas já estavam lotadas há tempos. Assim sendo, muitos órfãos de doentes internados na Santa Casa ficavam no Hospital Geral, como um asilo de menores. A 14 de setembro de 1889 o Visconde de Cruzeiro, Provedor Geral da Misericórdia, conseguiu autorização para fundar um novo recolhimento, no que obteve apoio financeiro geral, inclusive de intelectuais, que moveram intensa campanha para angariar fundos, como também da Princesa Isabel, que fez vultuosa doação. Foi então adquirida a imensa mansão na Rua São Clemente, outrora propriedade de Da. Ana Maria de Jesus Braga, pela quantia de oitenta contos de réis, a qual incluía o belo parque adjacente. A aquisição se deu a 12 de novembro, três dias antes da queda da Monarquia. O então denominado Asilo de Órfãs da Santa Casa foi inaugurado a 27 de julho de 1890 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório. Um ano depois o prédio estava lotado, o que obrigou a Santa Casa a aquisição de mais dois casarões vi zinhos. No ano de 1917, o Cardeal D. Joaquim Arcoverde solicitou que na instituição se erguesse uma capela, inicialmente dedicada à Nossa Senhora da Conceição. Em 1927, a Irmã Barroca, Madre Superiora, ensejou esforços para sua ampliação, no que foi obtido no ano seguinte, graças à doações de particulares. Tomou a capela a invocação de Nossa Senhora das Graças , que ainda mantém. A inauguração do novo templo, em estilo néo-gótico, se deu a 27 de novembro de 1930. A beleza do lugar motivou sua utilização como cenário de novelas da televisão. O Educandário da Misericórdia e seu parque são tombados pela Municipalidade. LARGO DOS LEÕES – HUMAITÁ Aberto em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, português, miguelista, depois Marquês dos Leões por Portugal, grande proprietário de terras em Botafogo. Era o antigo jardim de recreio da propriedade, chamada Fazenda da Olaria, cuja casa-grande ainda existia em 1881 onde hoje é a Rua Conde de Irajá. Originalmente não tinha nome. Seus filhos, Joaquim e Maria da Glória, solicitaram ao Ministro Luiz Pedreira do Couto Ferraz, Visconde do Bom Retiro, que lhe fosse dado esse nome, tendo sido obtida a aprovação em 1853, com beneplácito do Imperador D. Pedro II. Até 1881 somente existiam duas grandes casas no Largo, a da Família Leão e a do Comendador Stélio Roxo, irmão do Barão de Guanabara. Aliás, as palmeiras até hoje existentes no Largo foram plantadas por volta de 1865 pelo dito Comendador. Sua única rua de acesso, além da de São Clemente, era a Rua Marques, aberta em 1853 na divisa 17 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 18. das terras do Comendador Souza. No dia 1o. de novembro de 1881 o Largo foi vendido em lotes no leilão de M. J. Pinto, surgindo então muitas propriedades novas no lugar. Dentre os moradores surgidos após 1881, ressaltam: o Comendador Manuel José de Faria, em cuja casa depois residiu o editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger. Na mesma casa, anos depois, sua cunhada, a Viscondessa de Geslin, fundaria uma aula para as sinhás-moças do bairro, depois transferida para a Rua do Príncipe (hoje Silveira Martins), no Catete. Outro morador famoso foi o Senador Antônio Azeredo, o primeiro a ter luz elétrica domiciliar no bairro, ainda nos primeiros anos do século XX. O Ministro do Império Alfredo Chaves morava num casarão, onde antes existia a casa do Comendador Roxo. Em 1922 a casa seria afinal demolida e em seu lugar surgiria uma vila de casas, origem da atual Rua Alfredo Chaves. No atual número 514 da Rua São Clemente existia a casa do Comendador Gonzaga, onde, no dia 12 de agosto de 1904, Flávio Ramos, Otávio e Ál varo Werneck, Jacques Raimundo da Silva e outros desportistas fundaram o Botafogo Futebol Clube, destinado a fundir-se, anos depois ao Botafogo de Regatas. Em 1871, com a ampliação da Rua Voluntários da Pátria para que atingisse a Rua São Clemente (hoje Humaitá), foi construída no lado esquerdo do Largo uma grande estação, garagem e estrebaria de burros da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico. Essa garagem ia até a Rua Voluntários da Pátria. Em 1893, com a eletrificação da linha de bondes, a estrebaria foi fechada. Os bondes, por sua vez, foram afinal extintos em 1963, e o edifício foi convertido em garagem de ônibus. Parte dele foi demolida pelo Governador Carlos Lacerda e em seu lugar surgiu uma escola de concreto e tijolos. Afinal, com a demolição da velha estação em 1969, surgiu o novo hortomercado da Cobal, um dos três criados pelo Governador Negrão de Lima para substituir as feiras livres do Rio de Janeiro. Hoje, o antigo hortomercado, povoado de restaurantes e bares, é um dos centros da vida noturna no bairro do Humaitá. No dia 30 de março de 1868, depois da passagem dos seis encouraçados brasileiros pela poderosa Fortaleza de Humaitá, na Guerra do Paraguai, a Ilustríssima Câmara Municipal denominou de Rua Humaitá o trecho final da Rua São Clemente, em seguimento ao Largo dos Leões, dando origem ao futuro Bairro do Humaitá, afinal criado em 1988 por Decreto do Prefeito Roberto Saturnino Braga. SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 70 – HUMAITÁ Grande casarão em sobrado, da década de 1920, com dois pavimentos, onde se destacam a entrada lateral à esquerda com boa arborização, os gradis em ferro do balcão e a decoração em estuque de sua fachada. O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990. SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 80 – HUMAITÁ Sobrado sobre porão, em estilo eclético e com dois pavimentos, erguido na década de 1920, onde se destacam o balcão em balaustrada de massa com poderosos consoles, cartelas com guirlandas em estuque e a simulação de aplacagem regular no revestimento em argamassa. Este sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990. COLÉGIO PEDRO II – RUA HUMAITÁ, 80 – HUMAITÁ A primeira iniciativa para se fundar uma unidade do tradicional Colégio Pedro II na Zona Sul surgiu em 1937, quando o Ministro da Educação, Cultura e Saúde Pública, Dr. Gustavo Capanema, determinou a instalação de uma nova unidade pedagógica nos terrenos do antigo Hospício de D. Pedro II, hoje UFRJ. O novo colégio seria erguido exatamente onde hoje está a casa de espetáculos “Canecão”. O Presidente Getúlio 18 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 19. Vargas chegou a lançar a pedra fundamental da nova sede em dezembro de 1938, mas a eclosão da Segunda Guerra Mundial encareceu a construção civil a tal ponto que a obra foi de todo abandonada. Somente em 1951 o assunto voltou à tona, mas o lugar escolhido para o colégio mudou, indo para o bairro do Humaitá. A 2 de dezembro de 1952, Getúlio Vargas, agora Presidente eleito, inaugurava a nova sede, em arquitetura moderna. Em fins do século XX, mais uma unidade foi criada no Humaitá, na Rua João Afonso, 51, denominada Humaitá 1. A velha sede é o atual Humaitá 2. VILA RESIDENCIAL - RUA HUMAITÁ, 102 – HUMAITÁ Vila residencial em estilo art-déco, erguida na década de 30, composta por 15 edificações geminadas de dois pavimentos, revestidas em pó de pedra. A vila é tombada pela Municipalidade desde 1987. BALLROOM – RUA HUMAITÁ, 110 – HUMAITÁ Local da antiga casa de espetáculos “Oba, oba”, fundada em 1966 por Oswaldo Sargentelli, um ex-militar que se especializou em shows de mulatas. Sargentelli foi o primeiro empresário a criar shows musicais especificamente para turistas, com representações cênicas de samba, umbanda, candomblé, música popular brasileira e outras manifestações religiosas sincréticas e/ou folclóricas, tudo explicado de maneira que um turista desaculturado pudesse entender e, é claro, sempre intercalado de belos shows de mulatas sambando, geralmente usando luxuosas e minúsculas fantasias. Apesar de Sargentelli ter se inspirado nos shows do Olímpia e no Moulin Rouge, ambos de Paris, o nosso espetáculo era inteiramente original. Em vinte e cinco anos de funcionamento, a casa promoveu shows pelo Brasil e exterior, granjeando respeito internacional. Sargentelli foi muito criticado pelos intelectuais por ter resumido a cultura brasileira a pouco mais que samba e mulatas. O termo “Oba, oba” inclusive, passou a significar, como gíria, sinônimo de coisa feita sem muita profundidade ou seriedade. Entretanto, o tempo lhe fez justiça, e a casa de shows acabou transformando inúmeras mulatas em verdadeiros símbolos nacionais. No início da década de 90, a casa fechou as portas, sendo depois vendida e convertida em 1996 na “Ballroom”, um ambiente destinado a músicas e shows experimentais de múltiplas tendências, com gosto bastante eclético. Oswaldo Sargentelli faleceu em 2.002, pouco depois de gravar uma cena de novela televisiva junto com uma ex-bailarina da casa. 4O. BATALHÃO DE INCÊNDIO – RUA HUMAITÁ, 126 – HUMAITÁ Data da sua instalação do dia 15 de novembro de 1896, pelo Presidente Prudente José de Morais e Barros. O quartel atual foi inaugurado em 1o. de janeiro de 1910, pelo Presidente Nilo Peçanha. Foi o projetista o arquiteto e Coronel (depois Marechal) Francisco Marcelino de Souza Aguiar, que havia sido Prefeito do Rio de Janeiro entre 1906 e 1909. Sua atual denominação, bem como, sua organização de Batalhão de Incêndio, se deve ao advento do Decreto “N” no. 114, de 12 de dezembro de 1963. O prédio do quartel que dá vista para a Rua Humaitá é em estilo eclético, mas muito mais interessantes são as garagens dos carros, com estrutura em treliça de ferro, importada da Europa, à semelhança que o mesmo arquiteto executou para Niterói. O quartel do Humaitá é tombado pela Municipalidade desde 1987. ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO – RUA HUMAITÁ, 163 - HUMAITÁ 19 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 20. Em 1983 o prédio que era usado como depósito de merenda escolar do município se transformou no que viria a ser uma dos mais destacados espaços de artes visuais da cidade. Em grande estilo, a primeira exposição abrigada pelo centro recém-criado foi a coletiva de 3 mil m³, que reuniu obras de nomes notáveis como Waltercio Caldas, José Resende, Cildo Meireles, Antonio Dias, Artur Barrio, Tunga e Umberto Costa Barros. A galeria de arte propriamente dita foi construída na primeira reforma realizada no Centro, em 1989. Desde a inauguração, com uma mostra individual de Lygia Pape, o espaço se tornou referência para as mais diversas manifestações culturais, entre artes plásticas, música, teatro, dança, poesia e performances de forma geral. A opção de não se comprometer com o mercado torna o Sérgio Porto um verdadeiro laboratório para o experimentalismo de artistas contemporâneos, emergentes ou consagrados. Atra vés de exposições individuais, o Centro tornou visível a produção dos anos 90. Muitas vezes acolheu a primeira mostra de artistas que, mais tarde, partiriam para carreira de projeção nacional ou mesmo internacional. Entre alguns dos nomes lançados no Sérgio Porto se destacam Ernesto Neto, Valeska Soares, José Damasceno, Fernanda Gomes e Efrain Almeida. Após uma grande reforma em 1999, o Sérgio Porto reabriu as portas para o público com duas galerias e um espaço cênico de 300 m2, equipado com urdimentos móveis e arquibancadas modulares para 140 pessoas, camarins com banheiros, foyer e cafeteria. INSTITUTO SOCIAL – RUA HUMAITÁ, 170 – HUMAITÁ Fundado em 1o. de julho de 1937 pelo Cardeal D. Sebastião Leme, destina-se a formar, no nosso meio feminino, personalidades capazes, não só de conhecer os problemas sociais que se agitam por toda parte, como de colaborar eficazmente na sua solução humana e cristã. Compõe-se a instituição desde o início de duas escolas distintas: A Escola de Serviço Social que forma Assistentes Sociais. A Escola de Educação Familiar que forma Educadoras para os meios populares. O prédio onde está instalado foi construído e doado à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro por insigne benfeitora. UNIVERCIDADE CAMPUS LAGOA – RUA HUMAITÁ, 275 - HUMAITÁ Com instalações modernas e arrojadas, a Unidade Lagoa, tem mais de 20.000 metros quadrados, onde se acomodam 90 amplas salas de aula. É a sede dos cursos de Direito, Relações Internacionais, Administração e Marketing, além de também abrigar a Central de Propaganda, a Unikey - Pro vedora de Internet, Biblioteca, laboratórios de informática, teatro, e auditório que compõem a excelente estrutura à disposição dos estudantes, professores e da Reitoria da UniverCidade. Com localização invejável, perto do Túnel Rebouças e com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, é de fácil acesso, tanto para o aluno da Zona Sul quanto o da Zona Norte. COLÉGIO ANDREWS – RUA VISCONDE SILVA, 161 - HUMAITÁ O Colégio Andrews foi fundado em 1918 a partir de dois postulados básicos e indissociáveis: democracia e livre iniciativa. Era uma revolução pedagógica para os padrões da época: um Colégio leigo e misto, preocupado em garantir aos seus alunos o maior patrimônio que o século XX pôs ao alcance da humanidade: o ingresso na cidadania plena através do acesso ao saber. Para o Andrews, educar não é simples transmissão de conhecimentos: é formar um cidadão completo,com instrução, consciente de seus direitos e deveres, sendo capaz de participar, com êxito, da vida em sociedade. 20 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 21. A e xpansão do conhecimento nas últimas décadas e a velocidade das transformações em todo o mundo vem impondo à escola o desafio de preparar as novas gerações para atuar numa sociedade globalizada e em constante processo de mudança. O sistema educacional deve adaptar-se a esse futuro. O Andrews tem investido na permanente atualização de seu projeto pedagógico, conciliando o melhor de sua experiência acumulada com promissoras inovações, da Educação Infantil ao Ensino Médio. O objetivo do Andrews é oferecer uma educação de qualidade, através da qual busca promover uma formação em que se harmonizem êxito nos estudos e realização pessoal. O Colégio proporciona ao aluno sólida formação geral e instrumentos que lhe serão efetivamente úteis, mais tarde, no mercado de trabalho. Isso significa incentivar e desenvolver habilidades e competências que o tornarão eficaz e valorizado como membro de equipes e organizações. O ambiente educacional deve levar o jovem a desenvolver senso crítico, capacidade de avaliar e decidir acerca de que caminhos seguir e que atitudes tomar. É tarefa da escola fazer florescer em cada um o que tem de melhor, ajudando-o a preparar- se para o futuro. As atuais instalações do Andrews ocupam o lugar de uma antiga residência unifamiliar em estilo neocolonial do início do século XX, parcialmente preservada, onde foram acrescentados, já em fins da década de 1980, modernos pavilhões onde ficam as salas de aulas, laboratórios, quadras, auditório, etc. CIEP PRESIDENTE AGOSTINHO NETO – RUA VISCONDE SILVA, S/NO. – HUMAITÁ Construído em 1987 exatamente onde existiu antes o Forte da Piaçava, construído em 1776, sob projeto do engenheiro militar Jacques Funck, para o Vice-Rei Marquês de Lavradio. Era uma fortificação quadrangular, com um muro de pedra que descia o morro e fechava o caminho do Humaitá, só acessível por dois portões em arco, com portas de madeira e ferro. Sua função era a de impedir um ataque à Cidade do Rio de Janeiro por tropas espanholas que porventura desembarcassem em Copacabana ou Ipanema, àquela época ainda áreas desertas. O forte nunca foi atacado ou funcionou a contento. Um de seus canhões está recolhido hoje no Museu Histórico Nacional, em exposição no Pátio Epitácio Pessoa. Abandonado em 1791, suas instalações defensivas foram parcialmente demolidas em 1850, principalmente o muro com duas portas que fechava a garganta do Humaitá. No século XX, surgiu no final da Rua Macedo Sobrinho uma grande favela, removida em 1966 pelo Governador Negrão de Lima. Ao se retirarem os barracos, ficou à mostra por muitos anos os poderosos alicerces da fortificação, bem como a torre de pedra do forno de cal. Tudo isso foi demolido em 1987 para a construção do CIEP Presidente Agostinho Neto, projeto arquitetônico e educativo revolucionário do arquiteto Oscar Niemeyer, desaparecendo assim, sob as estruturas modernas de concreto aparente, o último remanescente da primitiva ocupação do bairro. Em 1997, o CIEP sofreu obras de modernização e ampliação. Presentemente, nele são desenvolvidos projetos pedagógicos pioneiros, como a horta comunitária e estudos de capoeira. MUSEU VILLA LOBOS - RUA SOROCABA, 200 - BOTAFOGO Antiga residência senhorial, com ricos detalhes em cantaria lavrada e estuques finos, erguida por partes aí por volta de 1880, pelo português José Antônio da Fonseca Teixeira. O projeto é do arquiteto e pintor catalão José Maria Villaronga, que executou painéis murais internos, hoje perdidos. Ainda sobrevivem pequenas decorações em flores 21 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 22. e pássaros na altura da cimalha dos salões internos. Durante muitos anos a casa pertenceu ao IAPAS, que a alugou à família Souza Leão Gracie. Na década de oitenta, passou a sediar o Museu Villa Lobos, abrigando o acervo do maestro, seus objetos pessoais, partituras, escritos, etc. Conta o Museu com biblioteca, arquivo, videoteca, sala de música, auditório ao ar livre e loja. O prédio é tombado pelo IPHAN. MUSEU DO ÍNDIO - RUA DAS PALMEIRAS, 55 - BOTAFOGO Antiga residência senhorial da família Teixeira, tradicional fabricante de pães, doces e bolos do Rio Antigo. Foi erguida em 1880-84, em estilo neoclássico, por um parente arquiteto, Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha. Adquirida pelo governo há muitos anos, sediou diversas repartições públicas até que em fins dos anos setenta passou a sediar o Museu do Índio, que até então possuía sede na rua Mata Machado, no Maracanã. O museu possui riquíssimo acêrvo em peças recolhidas pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio, fundado pelo Marechal Cândido Mariano Rondon. A instituição foi fundada em 1951 pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Dotado de vasta biblioteca, arquivo, videoteca e loja, possui, em seus jardins, malocas de índios montadas pelos próprios. O prédio é tombado pelo IPHAN. OS DONOS DE BOTAFOGO Quando, a dezesseis de julho de 1565, pouco mais de quatro meses após a fundação do Rio de Janeiro, Estácio de Sá finalmente definiu os limites da cidade, esta possuía seu centro no “Morro do Castelo”, terminando pela zona sul pouco antes do “Morro da Viú va”, na casa de pedra erguida em 1503 onde hoje é a rua Cruz Lima, no Flamengo, pois dalí até o “Morro da Babilônia”, e da enseada até a Lagoa, tudo pertencia a seu dileto amigo Antônio Francisco Velho, “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião” e fundador do Rio de Janeiro. Pelo sistema colonial português, o governador podia conceder terras a seus amigos ao bel prazer, à revelia da “Câmara de Vereadores”, isentas de impostos conquanto fossem as mesmas desenvolvidas e medidas. Eram as famosas “sesmarias”, e Botafogo era um cobiçado presente de luxo aos apaniguados do poder. A “Câmara” sempre protestou contra esses protegidos, conseguindo até o retomo muitas áreas devolutas ao patrimônio público, mas ela mesma também fazia das suas e só no século XVIII tais concessões foram regularizadas e, finalmente, a vereança soube quais eram realmente as terras públicas. Não por muito tempo. Na madrugada de 20 de julho de 1790 lavrou furioso incêndio no prédio do “Senado da Câmara”, que funcionava num casarão ao lado do “Arco do Telles”, no “Largo do Paço”, atual Praça XV. Esse incêndio, de efeito pirotécnico milagroso, atingiu apropriadamente os papéis referentes às propriedades territoriais públicas, escapando incólumes outros documentos. O vereador Haddock Lobo apurou que o sinistro foi criminoso. Fôra obra de alguns foreiros, com intuito de destruírem títulos e outros documentos que provavam o senhorio direto da Câmara sobre as posses que tinham. Apesar de toda a maracutaia que correu, Conseguiu-se recompor os livros e a “Câmara” obteve do rei a Ordem Régia de 8 de janeiro de 1794 que lhe confirmavam todas as suas sesmarias. Mas mesmo assim muita coisa se perdeu e inúmeras terras que eram públicas viraram particulares da noite para o dia. 22 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 23. No caso de Botafogo, a “Câmara” possuía os documentos em dia e já em 1681 fôra doado o Morro da Viúva e terras anexas ao Mosteiro de São Bento. A Fazenda São Clemente, que englobava o “miolo” do bairro, pagava 2$560 réis de foro ao poder legislativo e de tudo era feito recibo. Conseguiu-se até, em 1794, levar aos tribunais o espertalhão Manoel Francisco de Mendonça, que por meios pouco honestos falseara documentos foreiros e apoderara dos terrenos no “Caminho Velho de Botafogo”(atual rua Senador Vergueiro) e tentava cobrar foro dos moradores. Mas a euforia dos vereadores pouco durou e em 1808, com a chegada da Família Real, a roubalheira voltou. O bairro valorizou-se bastante, haja vista que muitos fidalgos alí passaram a residir, a começar pela própria Rainha Carlota Joaquina, que foi morar na praia, num casarão erguido na esquina do “Caminho Novo” (atual rua Marquês de Abrantes). O último Vice-Rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, conseguiu legislar em causa própria e se auto concedeu a “Fazenda da Olaria”, que englobava nada mais nada menos toda a rua São Clemente e alguns terrenos vizinhos. Terras que seus herdeiros venderam em 1823 a um amigo do Rei D. João VI, o Comendador Joaquim Marques Batista de Leão, que nelas abriu em 1826 as ruas Nova de São Joaquim (atual Voluntários da Pátria), Real Grandeza, Marques e Largo dos Leões. O Conselheiro José Bernardo de Figueiredo, morador da praia, conseguiu sabe-se lá como uma carta de doação e tornou-se dono de extensas terras na orla. Afinal, era parente de um poderoso Regente do Império... Outro “barnabé”, José Guedes Pinto, conseguiu de D. João VI nada mais nada menos que o foral de quase todos os terrenos do “Caminho Novo” (atual rua Marquês de Abrantes), lotes que depois vendeu ao Marquês que batizaria a rua em definitivo. Um “sabido”, o bacharel José Antônio de Oliveira e Silva, conseguiu levar boa parte das terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, pois provara por “a” mais “b” que a água da Lagoa era doce (em verdade, é bem salobra), provando que tais propriedades não eram terrenos de marinha e nada devendo ao patrimônio municipal. Agindo assim, lesou a “Câmara”, que perdeu a arrecadação tributária de toda a região. Em meados do século XIX, devido aos muitos “espertos”, eram poucos os grandes proprietários botafoguenses que pagavam foro à “Câmara”. Os processos contestatórios na justiça foram tantos que nunca chegou-se a uma solução de consenso. A propriedade territorial foreira de Botafogo até hoje é caótica e, pode-se dizer que a cada ano aparece um novo “dono do bairro” exigindo foros atrasados e apresentando cartas de doação, sabe lá obtidas como. Se isso continuar, daqui a pouco serei eu a aparecer com mais uma. Afinal de contas, sou descendente direto do primeiro dono de tudo, o português Antônio Francisco Velho, que, no final das contas, imerecidamente, ficou sem nada, nem uma homenagem póstuma numa ruela do bairro. ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 35 – BOTAFOGO Antigo Cinema Bruni-Botafogo, edificado nos anos 50 como sala de cinema de bairro. Adquirido por uma instituição bancária no final da década de 80, foi integralmente reformado, passando a possuir três salas de projeção, voltadas para filmes culturais. Dentro do espaço do cinema, funciona uma livraria de livros usados (Luzes da Cidade) e uma cafeteria. CINECLUBE ESTAÇÃO UNIBANCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 88 – BOTAFOGO Inaugurado em 1968 como Cine-Capri, um modesto cinema, foi adquirido na década de 80 por uma instituição bancária, sendo integralmente reformado, quando 23 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com