O bairro de Botafogo surgiu de uma doação de terras feita pelo governador Estácio de Sá em 1565. A área originalmente pertencia a Francisco Velho e foi posteriormente vendida a João Pereira de Souza Botafogo, que deu nome ao bairro. A Universidade Santa Úrsula e a rua São Clemente também fazem parte da história do bairro.
1. BAIRRO DE BOTAFOGO
O tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase
terminou na mesma ocasião. Com efeito, o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá
(1542-67) fundara a 1o. de março de 1565 a “Cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro”, na base do “Morro Cara-de-Cão”, na Urca, onde hoje existe o Centro de
Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não só
marcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presa
fácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada “França
Antártica” que havia se estabelecido em 1555 onde hoje é a Ilha de Villegaignon.
No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime de
sesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações,
além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas ao
beneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bem
como desenvolver alguma cultura nelas.
Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuro
Vereador, sesmeiro e “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião”, o vicentino Antônio
Francisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada das
futuras praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura da
casa “Carioca”, erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do Rio
Carioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras de
Francisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros de
Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte).
A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serão
batizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o
“Berquó” ou “Brocó”, próximo ao “Morro São João” assim chamado no final do séc. XVII
em lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquó da Silveira;
sendo o outro rio o “Banana Podre”, em grande parte canalizado e acompanhando o
trajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades.
Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais ou
menos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...),
sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tão
calmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de “Le Lac”(o Lago).
Os índios tamoios, primitivos habitantes, não se sensibilizaram com a beleza da
enseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de “Itaóca”(casa de
pedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje é o Humaitá(fica no final da
rua Icatu).
A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a “Enseada de
Francisco Velho”. E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos.
Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicional
família vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reais
européias. Em Portugal, a família era possuidora do tradicional “Paço de Antas”, daí o
sobrenome.
O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada com outro fundador do
Rio de Janeiro, Antônio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literatura
romântica do séc. XIX como o pai de “Ceci”, do romance “O Guarani”, de José de Alencar.
Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da
cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde
hoje existe o imenso edifício neoclássico da “Universidade do Brasil”, na Avenida Pasteur,
antiga “Praia da Saudade”.
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2. Deve-se em boa hora lembrar que a topografia de então era bem diferente da
atual. Não existia a Praia Vermelha, nem o terrapleno onde hoje figura a Praça General
Tibúrcio. O Morro da Urca, junto com o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam uma
ilha, separada do continente. O Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as
praias da Saudade e Botafogo. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a Urca
ao continente.
Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro “seqüestrado” no Rio de
Janeiro, pois foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato
cortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida
pelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro da
Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco canoas
portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até o
próprio São Sebastião em pessoa apareceu para “dar uma mãozinha”. O embate entrou
para a história como a “Batalha das Canoas”.
Já bem idoso, Francisco Velho vendeu suas terras em 1590 ao seu colega de
aventuras, o alentejano de Elvas João Pereira de Souza Botafogo (1540?-1605),
sertanista famoso, e que deixara Portugal, ao que se diz, por embaraços financeiros. João
Pereira emprestaria seu nome em definitivo ao bairro, que se chamou Botafogo desde
então. O curioso é que possivelmente não era nome de nascença, mas sim apelido, muito
comumente dado em Portugal aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo
manuais.
Portanto, os dois primeiros moradores do bairro já sofriam de velhos problemas
cariocas: seqüestro (Antônio Francisco Velho) e inadimplência (João Pereira de Souza
Botafogo).
UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA – RUA FERNANDO FERRARI, 75 – BOTAFOGO
A Ordem das Ursulinas foi fundada nos países baixos há quase cinco séculos por
Santa Ângela Merici. Em 1938, um grupo de freiras aportou ao Rio de Janeiro, cedendo
aos desejos do Papa Pio XI e do Cardeal D. Sebastião Leme. Vinham fundar uma escola
de professoras Católicas do Curso Secundário. Inicialmente se instalaram a 30 de
novembro daquele ano num prédio na Praia de Botafogo, 246. Em 1939 a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula é autorizado a funcionar. Pelo
Decreto 8.057, de 14 de outubro de 1941, a Faculdade foi reconhecida e pôde realizar em
dezembro seguinte a colação de grau da 1a. turma de Bacharéis. Sete anos depois, foi
inaugurado o novo edifício, hoje denominado de no. 1; na Rua Fernando Ferrari. Vinte
anos depois, o arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca ergueu um novo prédio, hoje
batizado de no. 2, para que a instituição passasse a funcionar como Universidade. Hoje
são seis prédios, sendo o último inaugurado em 1982.
A Universidade Santa Úrsula começou com os cursos de Filosofia, Ciências,
Letras, Geografia e Educação. Hoje, oferece, além destes, outros diversos cursos nas
áreas de graduação e pós-graduação, sendo alguns de excelência, como Biologia e
Arquitetura. Alguns de seus professores estão entre os melhores profissionais em sua
especialidade. Diversos alunos conquistaram reconhecimento nacional em suas
atividades. Entretanto, a crise que se abateu sobre o ensino e, em especial, o ensino
superior na década de 80 não poupou a instituição, que hoje trabalha com uma fração de
alunos se comparado com seu período áureo, dos anos 70.
O prédio no. 1 é tombado pela Municipalidade.
MONUMENTO A CHAIM WEIZMANN – RUA FARANI – BOTAFOGO
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3. Cientista e político. Nasceu em Pinsk, na Rússia Branca, em outubro de 1874.
Ainda jovem fugiu da perseguição czarista, indo para a Alemanha, onde se iniciou em
seus estudos de química, depois concluídos em Montreux, Suíça.
Em 1904 foi nomeado professor de química biológica na Universidade de
Manchester, e, mais tarde, em 1916, tornou-se diretor dos laboratórios de química do
Almirantado Britânico. Durante a 1a. Guerra Mundial, descobriu um novo método de
produzir acetona e álcool butílico, uma fórmula contra gases venenosos e o emprego da
fermentação de bactérias, para a fabricação de explosivos, inclusive a cordite; tudo isso
contribuiu eficazmente para a vitória dos aliados. Durante a 2a. Guerra Mundial foi
conselheiro químico honorário do Governo de Sua Majestade e orientou o Governo dos
Estados Unidos na produção de borracha sintética. Fundou em 1934 o Instituto de
Pesquisas Sieff, em Rehovoth e, em 1949, o Instituto de Ciências de Israel.
No entanto, Weizmann foi acima de tudo um líder político. Ao abandonar a pátria,
dirigiu-se logo para a Basiléia, onde se realizava o 1o. Congresso Sionista e lá conheceu a
lendária figura de Theodor Herzl, novo Messias do povo judaico. Ainda como estudante
tornou-se o centro de discussões e estudos sobre problemas sionistas. Quando, depois
da 1a. Guerra Mundial, o governo inglês quis recompensá-lo por suas valiosas
contribuições à causa britânica, pediu: “Dêem um lar nacional ao meu povo”. Como
resposta, obteve a declaração de Balfour, que dizia: “O Go verno de Sua Majestade
encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo
judaico e envidará todos os esforços para alcançar este fim.”
Em 1918 encabeçava a Comissão Sionista na Palestina, lançando a pedra
fundamental da Universidade Israelita em Jerusalém, que inauguraria em 1925.
Em 1922, esteve presente à ratificação do Mandato da Palestina pelo Conselho da
Liga das Nações, em Londres.
Em 1948, quando foi proclamado o Estado Judeu da Palestina, não precisou lançar
sua candidatura para presidente do novo Estado de Israel. Ela impôs-se por si mesma,
como uma conseqüência lógica e natural recompensa àquele que tanto sofreu e lutou até
ver concretizado seu ideal: “Um lar para o seu povo”.
Reeleito Presidente em 1951, Weizmann morreu no ano seguinte, a 29 de
novembro de 1952, em Rehovoth, centro de um magnífico instituto de pesquisas
científicas que ele mesmo fundara.
Em 29 de novembro de 1962, o Governador Carlos Lacerda inaugurou numa praça
da Rua Farani, em Botafogo, o monumento em sua homenagem, herma em bronze do
artista Carlos.
RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA E RUA SÃO CLEMENTE
Esta rua foi aberta em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, Marquês dos
Leões, comerciante português monarquista, e que igualmente abriu em suas terras, na
mesma ocasião, a rua Real Grandeza, Marques e o Largo dos Leões, onde residia. O
primitivo nome foi rua de São Joaquim da Lagoa, seu santo onomástico. Em sessão,
porém, de 13 de maio de 1870 e proposta do Sr. Presidente Barroso Pereira, deu-lhe a
Ilustríssima Câmara Municipal a denominação de rua dos Voluntários da Pátria, em
homenagem aos brasileiros que se alistaram voluntariamente na guerra de 1864/70
contra o governo do Paraguai.
Antigamente, a rua não possuía saída e terminava pouco além da travessa (hoje
rua) Marques, mas a companhia de bondes Botanical Garden Rail Road, fundada pelo
engenheiro americano Charles B. Greenough, adquiriu muitos terrenos em 1868 e a
prolongou em 1870/71 até o Humaitá.
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4. A rua São Clemente, aberta no século XVII, era o logradouro da fidalguia, onde
residiam os grandes barões do café. Nela moraram nos anos setenta do século XIX, o
Barão de Aze vedo, Antônio José de Azevedo Machado (no. 5); o Barão do Rio Bonito,
José Pereira Darrigue Faro (no. 135); o Segundo Conde de Itaguaí, Antônio Dias Pavão
(no.24); o Primeiro e Segundo Barões da Lagoa(no.98, hoje Casa de Rui Barbosa, atual
134); o Segundo Barão de Vargem Alegre, Luiz Octá vio de Oliveira Roxo(no. 106); o
Barão de Oliveira Castro, José Mendes de Oliveira Castro(no. 146); e outros. Também
residiram na São Clemente o Vice Rei Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito; o
Barão de Vassouras, Francisco José Teixeira Leite; o Barão de Macaúbas, Abílio César
Borges(ambos onde hoje é a praça Barão de Macaúbas, na subida da favela Santa Marta;
o Barão de Werneck(na esquina de Dezenove de Fevereiro) e o Marquês de Tamandaré
(onde hoje é a rua Guilherme Guinle); bem como vários fidalgos, comendadores e
ministros (Rui Barbosa, Lafaiette Rodrigues Pereira, etc.) ou seus parentes próximos.
Na Voluntários, por sua vez, era a rua dos grandes comerciantes e pequenos
nobres. Nos últimos anos do Império, no 01 morou o engenheiro e empresário André
Steel, dono de fábrica de tecidos na Lagoa; no 15, morou o comerciante José Joaquim
Costa Pereira Braga, dono de fábrica de chapéus, na Tijuca; no 49, o Visconde de
Caravelas, único grande nobre da rua, ex-regente do Império; no 119, o mercador de
escravos José Bento Rodrigues Callau; fora eles, muitos comendadores portugueses,
comerciantes enriquecidos e empresários em ascensão. Na República, continuar-se-ía
com os portugueses enriquecidos, comendadores e donos de estabelecimentos
comerciais.
Ainda no Império, era na Rua Voluntários que se encontrava um incipiente
comércio, representado pela padaria do português Antônio Antunes Guimarães, no 121,
ao lado da Matriz de São João Batista; uma botica do também português João da Silva
Teixeira, no72, e uma cocheira de burros, da Botanical Garden, no 90, onde hoje é o
Hortomercado da Cobal. Fora isso, existiam quartos para alugar no 5 (cinco quartos); 2
(quatro quartos); 14 (trinta e um quartos); 44 (três quartos) e 74 (idem); todos esses
quartos eram negócios de portugueses.
Na República, foi grande proprietário de imóveis na Voluntários o Comendador
Português e comerciante João Manuel Magalhães, que morava em extensa chácara (no
127). Um outro português fundaria o mais famoso bar da Voluntários, o “Sereia”, no lado
par, esquina da praia (fechou as portas em 1966, depois de 50 anos lá. Aliás, Botafogo
era o bairro dos bares de portugueses, tradição que ainda se mantém e pelo qual é
famoso. Hoje surgiram os restaurantes finos e os de fast-food, que convivem
harmoniosamente com seus colegas lusitanos mais antigos.
A mais antiga farmácia homeopática era a Nóbrega, existente desde princípios do
século XX (recentemente reformada, logo depois do Sereia). As mais tradicionais
padarias da rua eram de um português monarquista: Imperial e Bragança, uma em frente
à outra, na esquina de Voluntários com Real Grandeza. Ambas fundadas em 1922, só
sobrevivendo a Imperial. O Mais antigo supermercado foi o Gaio Marti, na esquina de
Voluntários com Mariana, lado ímpar. Logo depois era a Casas da Banha. Ambos
existiam desde os anos trinta. O primeiro fechou as portas nos anos setenta. O segundo
ainda é um supermercado. O primeiro Supermercado moderno, o Disco, foi fundado há
quarenta e cinco anos quase em frente. Hoje é um estacionamento e, em breve, um
prédio. Em 1962 surgiu depois da Matriz, no lado ímpar, o “Charque”, hoje Sendas.
Da rua Sorocaba até a da Matriz, e xistem ainda muitas lojinhas que resistem
estoicamente ao progresso: armarinhos, papelarias, lojas de modas, farmácias,
sapatarias, discos, açougues (lá existe um, pré-histórico, com açougueiro português e
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5. tudo), brinquedos, plásticos, e outras de miudezas mil, aliás, moda que voltou com força,
com as lojinhas de 1,99.
Foram famosos os cinemas da Voluntários. Eram três. Dois sobrevivem, como
cinemas de cult-movie (Estação 1 e 2). O terceiro era quase na esquina de Real
Grandeza, lado ímpar, e fechou as portas em 1968. Bairro com poucas livrarias no
passado (só papelarias e uma pequena livraria perto da Cobal), hoje tem várias perto dos
cinemas e quase no Humaitá. Duas bancas de jornais, entretanto, oferecem tanto quanto
as melhores livrarias da cidade: a do Metrô, na esquina de Voluntários com Nelson
Mandela, e a 19, do Wellington, na esquina de Voluntários com 19 de Fevereiro, que além
de ser uma verdadeira livraria, tem de tudo um pouco, de doces à camisinha e é uma
fortaleza, com telefone, Internet, ar condicionado, sistema de som e circuito interno de
televisão com microcâmeras e o escambau (sorria! Você está sendo filmado...).
Em 1977, o então Prefeito Marcos Tamoyo decretou que Botafogo seria o novo
Centro do Rio. Desestimular-se-ía o comércio horizontal, privilegiando o vertical, próximo
às estações do Metrô. Vinte e três anos, sete prefeitos e três shoppings depois, o
comércio horizontal do bairro dá mostras de extrema vitalidade, renovando-se
constantemente, atravessando crises imensas, mas sem dar a entender que vai acabar
tão cedo.
O PADRE CLEMENTE E A RUA SÃO CLEMENTE
Em 17 de janeiro de 1628 era batizado na Igreja Matriz de São Sebastião, no Morro
do Castelo, o inocente Clemente Martins de Matos, segundo filho do Capitão e Vereador
Ál varo de Matos, e de Da. Marta Filgueira. Foram padrinhos os avôs maternos, D. Antônio
Martins Palma e Da. Leonor Gonçalves, o casal que em cumprimento de uma promessa
edificou a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, em 1609.
Como era costume naqueles tempos, o filho mais velho herdava a profissão do pai,
ficando Clemente destinado a ser padre, profissão de muito prestígio, haja vista ser a
igreja ligada ao estado. Clemente, ainda adolescente, foi matriculado em seminário
lisboeta. Lá não completaria seus estudos, sendo expulso, ao que se consta, por ter se
envolvido com mulheres. Com ajuda do avô rico e do pai, Capitão e Vereador, terminou
Clemente seus estudos num seminário em Roma, voltando ao Rio por volta de 1650 como
padre, mas pobre como um monge.
Por influência familiar, logo Clemente abiscoitou importantes cargos no cabido da
Sé, sendo nomeado Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mór (naqueles tempos, todo
cargo importante no Brasil era obtido por “pistolão”), atividades bem remuneradas e de
grande projeção pessoal, principalmente depois de 1676, pois nesse ano foi criado o
bispado do Rio de Janeiro, sendo Clemente a figura logo abaixo do Bispo, substituindo-o
em suas ausências.
Como tesoureiro, Padre Clemente foi um desastre, pois durante sua gestão deixou
o velho prédio da Sé cair aos pedaços, a ponto de ser interditado e finalmente
abandonado em 1703. Entretanto, Clemente ficou rico o suficiente para adquirir em
c.1680 a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a enseada de Botafogo, a
“Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem
como os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta. Fundou Clemente
a “Fazenda do Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seu
santo onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada à São
Clemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva Lacerda. Como
se fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo até sua capela,
caminho batizado de ...São Clemente!
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6. Em homenagem à sua veneranda mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos
92 anos (idade excepcional para a época), Clemente batizou o morro circundante de suas
posses como “Morro Dona Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, os
favelados da “Favela Dona Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas na
cidade, em comum acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito ter
agradado o Padre Clemente, esteja ele onde estiver.
Padre Clemente faleceu a 8 de junho de 1702, aos 74 anos, sendo velado e
enterrado na Igreja Matriz que tanto se descuidara enquanto tesoureiro. No ano seguinte,
o Bispo Frei Francisco de São Jerônimo transferiria a Sé da arruinada Igreja de São
Sebastião para a Capela da Santa Cruz dos Militares, na “Rua Direita”, atual Primeiro de
Março.
Herdou as terras de Botafogo o irmão de Clemente, Francisco Martins, que vendeu
as terras em 1606 ao casal Afonso Fernandes e Domingas Mendes, os quais deviam
gostar de praia, pois no mesmo ano adquiriram da Câmara as terras que iam do Leme ao
Leblon. Em 1609 Da. Domingas, já viúva, doou todas suas terras à Câmara dos
Vereadores, tendo esta arrendado tudo ao Governador Geral Martim de Sá, que não
esquentou com elas. A orla oceânica ele arrendou em 1611 ao dono do “Engenho de
Nossa Senhora da Conceição da Lagoa”, Sebastião Fagundes Varela, que destinou a orla
ao pasto de suas vacas, que ruminavam entre cajueiros, pitangueiras e ananases.
Quanto às terras de Botafogo, foram arrendadas ao casal Pedro Fernandes Braga
e Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes.
Nada de importante se fez nelas até 1808, quando, com a chegada da Côrte
portuguesa, Botafogo torna-se bairro da nobreza. Em 1819 as terras correspondentes à
maior parte da Rua São Clemente foram compradas por D. Marcos de Noronha e Brito,
Conde dos Arcos, último Vice-Rei do Brasil, que ganhou muito dinheiro com elas,
loteando-as e vendendo a outros nobres.
CAPELA DO CALVÁRIO – RUA SÃO CLEMENTE, 23 – BOTAFOGO
Sobrado eclético constando de térreo e dois pavimentos, erguido em c. 1910. A
originalidade consiste na utilização de elementos decorativos que simulam um castelo
medieval, tais como duas torres com ameias, seteiras, acabamento em massa simulando
pedra, etc. No segundo pavimento, instalou-se recentemente a igreja evangélica Capela
do Calvário.
O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
RESTAURANTE BISMARQUE – RUA SÃO CLEMENTE, 23-A – BOTAFOGO
Um dos mais tradicionais restaurantes de Botafogo, o Bismarque existe desde
1960 no mesmo local, um pequeno e espremido prédio art-déco da década de 40. Sua
culinária brasileira é famosa e o restaurante é disputado no horário de almoço.
Internamente, nada apresenta de notável, exceto um quadro sobre a parede da copa,
retratando o Premier Otto Von Bismarck, aportuguesado para “Bismarque”.
ESTAÇÃO DO METRÔ – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO
Inaugurada em 1o. de setembro de 1981, pelo Presidente João Batista de Oliveira
Figueiredo, o Ministro dos Transportes Mário David Andreazza e o Go vernador Antônio de
Pádua Chagas Freitas. O projeto da estação, cuja construção se arrastou por dez anos, é
muito pobre e ainda hoje incompleta, é do arquiteto Sabino Barroso. Por mais de 15 anos
foi a estação terminal do Metrô Zona Sul, até ser inaugurada a Estação Cardeal
Arco verde, em Copacabana. Ainda em 1981, logo depois de inaugurar a linha 1 do metrô,
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7. com 56 km de extensão, o então Presidente Figueiredo teve um princípio de enfarto,
necessitando ser internado às pressas.
MERCADO POPULAR DE BOTAFOGO – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGO
Criado em 1995 pelo Prefeito César Maia, foi a opção encontrada para conter o
surgimento desordenado de camelôs que ocuparam as calçadas desse trecho de rua. São
mais de sessenta barracas padronizadas em metal e na cor verde. Há desde vendedores
de miudezas, de alimentos, livros novos e usados e até uma banca de salão de
barbeiro/cabeleireiro, completa.
IGREJ A UNIVERSAL DO REINO DE DEUS – RUA SÃO CLEMENTE, 72 – BOTAFOGO
Entre as décadas de 1960 e 80 ali existiu uma famosa loja de móveis, a
Montmartre Jorge. Em fins dos anos 80 foi comprada e demolida, sendo erguida em seu
lugar a nova Igreja Universal do Reino de Deus. Construída em concreto, granito e vidro
espelhado, com 2.000 lugares, é o maior templo não católico de Botafogo.
CENTRO DE ARQUITETURA E URBANISMO – RUA SÃO CLEMENTE, 117 –
BOTAFOGO
É um típico casarão residencial das famílias abastadas do século XIX. Este aqui,
no caso, foi erguido em 1879 para residência de Joaquim Fonseca Guimarães, um dos
criadores do Bairro de Santa Teresa. Na fachada, bem proporcionada, destacam-se os
trabalhos de cantaria, a escada com duplo acesso em posição incomum, os motivos
decorativos e a serralheria.
Durante décadas a casa abrigou o tradicional Colégio Jacobina, depois, Faculdade
de Educação Jacobina. Entrou em decadência em fins da década de 70, sendo fechado e
tendo a parte dos fundos demolida. Após ter sido tombada em 1987, foi reformada em
1997 para receber o Centro de Arquitetura e Urbanismo, da Prefeitura da Cidade do Rio
de Janeiro.
A casa é tombada pela Municipalidade.
FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA - RUA SÃO CLEMENTE, 134 - BOTAFOGO
Majestosa residência neoclássica erguida em 1849-50 pelo nobre português Barão
da Lagoa. Foi depois residência de seu genro, o segundo Barão da Lagoa, passando às
mãos de outro português, o Conselheiro Albino José de Siqueira, que reformou a casa
sem alterá-la. Depois pertenceu ao negociante inglês John Roscoe Allen e este a vendeu
em 1893 ao Conselheiro e advogado Rui Barbosa. Reformada e ampliada de 1893 a 97
pelo engenheiro italiano Antônio Januzzi que dotou-a de uma decoração interna em gosto
eclético italianizante, foi residência da família até a morte de seu proprietário em fevereiro
de 1923. Vendida ao Governo Federal em 1927, foi transformada em casa-museu, a
primeira do país, inaugurada pelo Presidente Washington Luís em 1930, destinada a
preservar a memória de seu mais ilustre morador. No Museu, existe ainda o rico mobiliário
e peças de arte, espalhadas pelos salões e quartos do térreo e sobrado, bem como a
biblioteca particular de Rui, com mais de 36 mil livros. A casa é dotada de amplo jardim,
que se converteu numa das áreas de lazer principais do bairro de Botafogo. Em 1966 foi
convertida em Fundação, sendo construído em 1972 o anexo moderno nos fundos do
amplo terreno, abrigando ali vasta biblioteca com mais de 100 mil títulos, arquivo,
videoteca, salas de conferências, exposições e auditório. Possui lojas para venda de
publicações e uma biblioteca infantil.
Quanto ao solar, de linhas neoclássicas, batizado por Rui de “Villa Maria Augusta”,
em homenagem à sua esposa, é tombado pelo IPHAN.
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8. GRANDES AMORES DA ZONA SUL - RUI BARBOSA E MARIA AUGUSTA
Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, a 05 de novembro de 1849. Jovem
brilhante, distinguiu-se já em seus estudos para advocacia na Escola do Largo de São
Francisco, em São Paulo. Jornalista, abolicionista e defensor dos direitos individuais do
cidadão, foi prócer da Abolição e figura destacada na República, não só como ministro da
fazenda e como autor da Constituição de 1891, assim também, como representante do
país na Conferência Internacional de Haia, na Holanda em 1908, onde se distinguiu.
Rui casara-se a 23 de novembro de 1876, depois de longo e epistolar noivado, com
Da. Maria Augusta Vianna Bandeira, casamento feliz que lhe deu dois filhos, João e
Alfredo; e três filhas: Maria Adélia Batista Pereira, Francisca Airosa e Maria Vitória Guerra
”Baby”.
Até 1893 Rui, apesar de ministro e homem importante, morava em casa alugada.
Neste ano, adquire do cidadão inglês John Roscoe Allen, por grande quantia paga em
duas promissórias, a enorme propriedade da rua São Clemente, que fôra erguida para o
Barão da Lagoa em 1850, cercada com enorme parque extenso de 10.000 m2.
Contratou o engenheiro arquiteto e amigo Comendador Antônio Januzzi para
reformá-la, mas teve de ficar distante haja vista ter se incompatibilizado com o governo do
Marechal Floriano Peixoto, quando teve de se exilar na Europa. Tendo retornado em
1897, passou a residir na rua São Clemente, cercado pela família e pelos livros (36.000!).
Nos jardins, mantinha extenso roseiral.
Cansado das lides políticas e dos falsos amigos, Rui residiu seus últimos dias em
Petrópolis, onde faleceu cercado pela esposa que tanto amava e filhos, no dia 01o. de
março de 1923.
Ainda em 1897, batizou sua nobre morada de “Villa Maria Augusta” em
homenagem à esposa, com quem viveu em idílio por mais de 46 anos.
UNIVERSO ATHLETICO – RUA SÃO CLEMENTE, 155 – BOTAFOGO
Grande casarão em estilo eclético, erguido em fins do século XIX para fins
residenciais. Por muitos anos sediou a Associação Sholen Aleichen de Cultura e
Recreação, com sua famosa biblioteca sobre assuntos hebraicos. Posteriormente veio a
sediar a Academia de Dança de Jayme Arôxa e a Academia de Ginástica Universo
Athlético. Sua entrada lateral igualmente dá acesso ao curso pré-vestibular A. D. N.
O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001.
EDIFÍCIO BARÃO DE LUCENA – RUA SÃO CLEMENTE, 158 – ESQUINA DE RUA
BARÃO DE LUCENA – BOTAFOGO
Em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar as
casas de nos. 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua de
acesso. Como a residência de no. 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena,
a nova via foi assim batizada. Em 1931 era inaugurado no lote do antigo no. 148 o edifício
de apartamentos Barão de Lucena, em estilo art-déco, com fachada dando para a Rua
São Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua.
BARÃO DE LUCENA – DADOS BIOGRÁFICOS
Henrique Pereira de Lucena, político, nasceu em 1835 na cidade de Bom Jardim,
Pernambuco. Formou-se em direito no Recife, onde foi delegado de polícia. Foi chefe de
polícia e desembargador honorário no Ceará, e Presidente das províncias de
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. Deputado Geral,
Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro da Agricultura e da Fazenda, estes
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9. últimos já na República, em 1891, no Governo do Marechal Deodoro da Fonseca. Depois
foi Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Faleceu na sua casa de Botafogo em 1913.
IDORT – RUA SÃO CLEMENTE, 175 – ESQUINA DE RUA DEZENOVE DE FEVEREIRO
– BOTAFOGO
O antigo palacete residencial da Família Ozório onde hoje funciona o Instituto de
Organização Racional do Trabalho/IDORT, instituição fundada em 1931; ocupa o centro
de um grande terreno.
A ornamentação Luís XVI articula-se com elementos classicizantes nesse projeto
de 1926, do arquiteto francês Marmorat. No interior há um espaço com pé direito duplo
iluminado por lanternim de vidro. Os quartos de “criados” são incorporados à edificação
principal. No térreo, pequeno elevador, interligando as dependências íntimas do nível
superior às sociais e de serviço, completa o interesse desta residência.
O palacete IDORT é tombado pela Municipalidade desde 2.001.
VILLA GAUHY – RUA SÃO CLEMENTE, 176 – BOTAFOGO
Grande vila de casas de sobrados constando de uma casa dando para a rua, arco
de entrada e avenida de sobrados. Apesar de fundada em 1888, no início do processo de
ocupação de Botafogo por esse tipo de condomínio habitacional, todas as casas já trazem
a marca de uma grade reforma na década de 30, que lhes deram um vocabulário art-
déco. Em 1953, num prédio em frente à vila, surgiu a Escola de Samba Unidos de São
Clemente.
PALACETE LINNEU DE PAULA MACHADO – RUA SÃO CLEMENTE, 213 – ESQUINA
DE RUA DONA MARIANA – BOTAFOGO
Magnífica residência senhorial, em estilo renascentista francês, construída em
1910 para a família de Linneu de Paula Machado pelo arquiteto Aramando da Silva Telles,
o mesmo projetista do Palácio Laranjeiras. Destaca-se pela implantação, ao centro de um
amplo terreno gramado e fartamente arborizado, o qual ia originalmente até a Rua
Voluntários da Pátria!
É notável a elegante porte-cochère aterraçada, o telhado em mansarda e torreão
central em ardósia. Uma ala de serviço, do lado direito da casa, foi acrescentada
posteriormente, mas obedecendo ao estilo original e ainda em vida de seu primeiro
proprietário. Presentemente, em 2.004, ainda serve de residência ao Sr. Francisco
Eduardo de Paula Machado.
O Palacete Linneu de Paula Machado é tombado pela Municipalidade.
COLÉGIO SANTO INÁCIO – RUA SÃO CLEMENTE, 226 – BOTAFOGO
O Colégio dos Jesuítas foi fundado por Nóbrega e Anchieta no Morro do Castelo,
em 1567. Durante o período colonial, foi não só a primeira instituição de ensino do Rio de
Janeiro, como a que mais se aproximou de uma escola de cursos superiores no Brasil,
com aulas de Filosofia e Teologia em cursos abertos a religiosos e leigos. Em dezembro
de 1759, o Colégio do Rio, bem como todas as instituições jesuíticas no país, foram
fechadas por ordem da Metrópole, insuflada por tenaz perseguição movida pelo Marquês
de Pombal.
O prédio do velho Colégio dos Jesuítas foi convertido em hospital militar e, no
século XIX, no Hospital São Zacarias, administrado pela Santa Casa de Misericórdia.
Entre 1920/22, tanto o prédio e capela como o Morro do Castelo foram arrasados por
ordem do Prefeito Carlos Sampaio. No terceiro quartel do século XIX, a Companhia de
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10. Jesus voltou a se estabelecer no Brasil, tendo fundado o Colégio Anchieta, em Nova
Friburgo, mas o sonho de tornar a ter um colégio na Capital teve de esperar o século XX.
A 10 de julho de 1903 tinha início na Rua São Clemente, 132 (hoje 226), com nove
alunos do curso preliminar, e anexo à Residência dos Padres Jesuítas o Externato Santo
Inácio. A Igreja de Santo Inácio, anexa ao Colégio, foi edificada em duas etapas,
respectivamente a partir de 1909 e 1924, sob os planos dos mestres italianos Sartorio,
Vidal Gomes e Armollini. A igreja tinha planta primitiva em cruz de braços iguais. Em
1934, ao ser ampliada em direção à rua constituiu um corpo alongado de três naves.
Na nova fachada de feição italiana, as colunas coríntias e o frontão conferem
monumentalidade à composição relativamente simples. Com o arrazamento do Morro do
Castelo, algumas portas do velho colégio jesuítico colonial foram incorporadas à nova
fachada. O Colégio ao lado possui um claustro eclético, erguido na década de 20/30, mas
em 1967 foi adicionada uma nova fachada moderna, que esconde o conjunto.
No hall do novo colégio, subsistem três imagens em tamanho natural de um
calvário barroco em madeira policromada, oriundas da antiga capela do Morro do Castelo.
Dentro do colégio funciona outra pequena capela, de uso doméstico.
A Igreja de Santo Inácio é tombada pela Municipalidade.
APARTAMENTOS GEORGE – RUA SÃO CLEMENTE, 241, 243 E 245 – BOTAFOGO
Apesar do nome, é uma elegante vila de casas com vocabulário da arquitetura
campestre inglesa, projetada e construída em 1930, pelo Engenheiro Haroldo Lisboa da
Graça Couto.
Os Apartamentos George são tombados pela Municipalidade desde 1987.
ANTIGA RESIDÊNCIA JOPPERT- RUA SÃO CLEMENTE, 248 – BOTAFOGO
Enorme residência em estilo eclético, erguida no início do século XX pelo famoso
engenheiro Maurício Joppert para sua moradia e de seus familiares. Vendida ao Colégio
Santo Inácio por módico valor em 1940, foi então adaptada para sediar a Pontifícia
Universidade Católica.
A idéia de uma universidade católica já havia sido levantada em 1866 pelo Senador
Cândido Mendes de Almeida, mas foi somente em 1934, durante o 1o. Congresso
Católico Brasileiro de Educação que o Cardeal Leme organizou uma comissão para
estudar a criação da nova instituição. Em 14 de novembro de 1938, o Papa Pio XII
confiava ao Cardeal a missão de fundar uma universidade cristã no Rio de Janeiro. A 15
de março de 1941 o Cardeal Leme entregou aos padres Jesuítas a recém fundada
“Sociedade Civil Faculdades Católicas”, com os cursos de Direito e Filosofia, instalados
na antiga residência Joppert. A 1o. de dezembro de 1942 os dois cursos foram
reconhecidos pelo Governo. Em 1943 foi fundada a escola Social Masculina. Finalmente,
pelo Decreto 21.968 de 21 de outubro de 1946, surgiu oficialmente a Universidade
Católica, tornada Pontifícia pela Santa Sé a 20 de janeiro de 1947. A partir de 1949 os
cursos foram sendo transferidos para o novo endereço da Gávea, na Rua Marquês de
São Vicente. Hoje no casarão funcionam apenas dependências do Colégio Santo Inácio.
Entretanto, meses antes, a 3 de setembro de 1948, morrera seu fundador, o Padre
Leonel Franca.
A residência é tombada pela Municipalidade.
PADRE LEONEL FRANCA – DADOS BIOGRÁFICOS
Leonel da Silveira Franca nasceu a 7 de janeiro de 1893 em São Gabriel, Rio
Grande do Sul. Entrou na Companhia de Jesus em 12 de novembro de 1908, e foi
ordenado sacerdote em Roma a 26 de julho de 1923, onde fizera seus estudos de filosofia
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11. e teologia. Após a profissão solene em 1926 trabalhou no Rio até a morte, para conseguir
implantar a PUC, o que logrou obter pouco antes de seu prematuro falecimento aos 55
anos.
ANTIGA RESIDÊNCIA PORTO D`AVE – RUA SÃO CLEMENTE, 265 – ESQUINA DE
RUA SOROCABA – BOTAFOGO
Casarão residencial em estilo neocolonial português, construído em c. 1935 num
espremido lote de esquina. Projeto e construção do arquiteto português A. Porto D`Ave,
famoso nas décadas de 20 e 30, para sua morada pessoal. Hoje ali funciona uma loja de
confecções de uniformes e trajes de trabalho, bem como de roupas comuns.
A casa foi tombada pela Municipalidade em 2.001.
COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO A. LIESSIN – RUA SÃO CLEMENTE, 275/7 -
ESQUINA DE RUA SOROCABA – BOTAFOGO
O Colégio Liessin foi fundado em 1945 e instalado na Rua Barão de Itambi, 14,
com a finalidade de difundir a cultura universal, além da religião e da tradição israelitas.
Em 1951 mudou-se para a Rua das Laranjeiras e em 1957 transferiu os cursos infantil,
pré-primário e primário (até 4a. série) para a Rua Visconde de Ouro Preto, 46, onde, mais
tarde, passaram a funcionar os demais cursos.
Adquirido em 1965, o prédio sofreu reformas e, em 1975, em virtude de
desapropriação para as obras do Metrô, o colégio transferiu-se para a Rua São Clemente,
277, estendendo-se depois para o 275 (antigo Curso Oswaldo Aranha). Com o
crescimento do colégio, foram comprados também os prédios da Rua Sorocaba, 80 e 90.
Os alunos do A. Liessin, em atividades extra-curriculares, tem acesso desde 1986
ao uso do computador, então um pioneiro nesse recurso didático.
Além da instalação dos conselhos de classe, o Colégio oferece aos alunos a
vantagem de horário integral em caráter optativo.
Em 1986, dez anos após a transferência para a nova sede, o A. Liessin teve 1.205
alunos matriculados em seus diversos cursos: do jardim ao 2o. grau; Formação de
Professores e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas.
A sede principal do colégio, na Rua Sorocaba, foi tombada em 2.002 pela
Municipalidade.
PALACETE FOREVER LIVING PRODUCTS – RUA SÃO CLEMENTE, 284 –
BOTAFOGO
Antiga residência senhorial do Coronel Severino Pereira da Silva, dono de diversas
indústrias, dentre elas a Fábrica Aliança, em Laranjeiras e a Fábrica de Cimentos Mauá,
ambas extintas. A casa mal se pode ver da rua. Edificada nos anos 10 originalmente para
servir de residência familiar do Ministro da Viação e Obras Públicas, o baiano Miguel
Calmon Du Pin e Almeida, que nela faleceu em 1935. É uma composição de referências
estilísticas variadas com rica decoração interna implantada num grande terreno com
notável ambientação paisagística.
O palacete e seu parque são tombados pela Municipalidade.
MIGUEL CALMON – DADOS BIOGRÁFICOS
Miguel Calmon Du Pin e Almeida, nasceu na Bahia em 1879. Formado em
engenharia, foi Ministro da Viação e Obras Públicas quando foi o Presidente Afonso Pena,
no período de 15 de novembro de 1906 a 18 de junho de 1908. Quando Ministro, realizou
na Praia Vermelha a famosa Exposição Nacional destinada a comemorar o Centenário da
Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas (1808-1908). Por sua experiência, foi
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12. depois chamado por Epitácio Pessoa para chefiar a Comissão da Exposição Internacional
do Centenário da Independência do Brasil, em 1922.
Faleceu em 1935, na sua casa de Botafogo. Era tio do famoso educador Pedro
Calmon Muniz de Bittencourt.
PINAKOTHEKE – RUA SÃO CLEMENTE, 300 – BOTAFOGO
A residência que hoje abriga a Editora PINAKOTHEKE é um exemplar austero e
tardio de um ecletismo classicizante, em que a decoração das fachadas restringe-se a
poucos elementos apostos ao volume quase prismático do edifício. O projeto geral, bem
como a construção, foram realizados por Eduardo V. Pederneiras e datam de 1929. O
acesso principal lateral é desprovido de ênfase.
A residência PINAKOTHEKE é tombada pela Municipalidade desde 2.001.
PRAÇA BARÃO DE MACAÚBAS – ENTRE AS RUAS BARÃO DE MACAÚBAS,
FRANCICO DE MOURA E SÃO CLEMENTE – BOTAFOGO
Local onde existiu, de 1850 a 1884, a residência de Francisco José Teixeira Leite,
Barão de Vassouras (1804/84). Posteriormente nela residiu o Dr. Abílio César Borges,
Barão de Macaúbas (1824/91). Médico e notável educador, era o fundador do Colégio
Abílio, na Praia de Botafogo. O Prefeito Henrique Dodsworth mandou pôr abaixo a velha
casa arruinada ali existente e criou a praça, batizada com esse nome pelo Decreto 6.560,
de 28 de outubro de 1939. Tornou-se a principal área de lazer dos moradores da Favela
Santa Marta, cujo acesso se faz pela Rua Francisco de Moura e Travessa Jupira.
FAVELA SANTA MARTA - RUA FRANCISCO DE MOURA - BOTAFOGO
A área correspondente à Favela Santa Marta era parte da chácara de Francisco
José Teixeira Leite, Barão de Vassouras (1804-84), um mineiro Sãojoanense que na hora
certa trocou o ouro pelo café, granjeando enorme fortuna no Vale do Paraíba. Casou-se
duas vezes. Sua segunda esposa, Da. Ana Ale xandrina, trinta anos mais jovem que ele,
era dada a acessos de loucura. Frequentemente saía à rua sem roupas, o que causava
ao Barão grande constrangimento. Sua casa na São Clemente era, por isso, bem
afastada da rua, cercada de frondosas árvores e amplo jardim fronteiro, exatamente onde
hoje está a Praça Barão de Macaúbas.
Aliás, falando dele, foi o proprietário seguinte da chácara do Barão de Vassouras.
Abílio Cesar Borges (1824-91) era médico e educador, tendo fundado em Laranjeiras o
Colégio Abílio, onde estudou Raul Pompéia (e inspirou seu livro “O Ateneu”). O Imperador
D. Pedro II agraciou-o em 1881 com o título de Barão de Macaúbas. Quando morreu, sua
imensa propriedade ficou fechada alguns anos.
Os padres jesuítas fundaram em 1901 o Colégio Santo Inácio, que no primeiro ano
funcionou numa casa na rua Senador Vergueiro. Em 1903 alugaram (e depois
compraram) a casa no. 226 (antigo 132) da rua São Clemente, onde morou o comerciante
Carlos Guilherme Gross. Em 1908, com o sucesso do colégio, ampliaram suas
instalações comprando chácaras vizinhas, inclusive a que foi do Barão de Macaúbas.
Tomadas por um capinzal, passaram a extraí-lo para venda, com o que ganharam alguns
recursos. Em 1915 a Prefeitura mandou cortar todo o capinzal com receio de incêndios,
passando então aquelas terras a serem usadas como local de recreio dos alunos.
Desde 1908 dirigia o colégio Padre José Maria Natuzzi, que sempre preocupou-se
com as instalações restritas da velha casa, ampliando-a à partir de 1909. Em 1915 é
inaugurada a nova capela e ampliado de muito as velhas instalações. A Primeira Guerra
Mundial impossibilitou a continuação das obras. Em 1924 as obras foram recomeçadas,
sob a direção do engenheiro arquiteto Padre Camilo Armelini.
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13. Desde 1924 Padre Natuzzi, homem piedoso, permitia que operários pobres e suas
famílias estabelecessem moradia no Morro Dona Marta. Em 1929, com a queda dos
preços do café no mercado mundial, muitos agricultores pobres do Vale do Paraíba
migraram para o Rio. Padre Natuzzi acolheu a muitos, destinando-os ao Morro Dona
Marta. Na mesma época, recrudesceram as obras do colégio e capela, sendo em 1931
inaugurado o novo altar de Santo Inácio e em 1939, a ala esquerda do colégio.
E claro, Padre Natuzzi inaugurou igualmente, sem querer nem saber, a favela do
Morro Dona Marta.
Em verdade, a primeira favela de Botafogo não foi ali. Já o recenseamento de 1920
registrava a existência de 63 barracos no Morro São João. Treze anos depois, São João
estava deserto. Todos migraram para o Dona Marta atraídos pela oferta de trabalho nas
obras do colégio e terras no morro oferecidas pela bondade de Padre Natuzzi.
Como as obras duraram por quase trinta anos, emprego houve para essa gente.
Durante muitos anos viveu a população favelada em paz, intocada pelos políticos, que
não se interessavam por ela. Com o crescimento da vizinha Copacabana e a orla de
Botafogo, surgiram muitos prédios altos e, é claro, trabalho para muitos. Já em 1950, o
censo realizado naquele ano registrava 1632 habitantes no Dona Marta, sendo 787
homens e 845 mulheres. 1355 eram maiores de cinco anos. Destes, 627 sabiam ler e
escrever e 728 eram analfabetos.
Em 1960, com a criação do Estado da Guanabara, o Governador Carlos Lacerda
desenvolveu enorme campanha de erradicação de favelas. O objetivo era pouco nobre.
Não era propriamente dar melhores condições de vida à aquela gente, e sim liberar os
valorizados terrenos de encosta para especulação imobiliária, então em franca ascensão
na zona sul.
Em Botafogo, foram removidas as favelas do Pasmado e Macedo Sobrinho, sendo
que, o sucessor de Lacerda, Negrão de Lima, eliminaria a da Catacumba, na Lagoa, onde
hoje está o Parque Marcos Tamoyo. Dona Marta escapou haja vista sua estabilidade já
consolidada no bairro e a propriedade dos terrenos, em mãos dos jesuítas e fora do
processo especulativo. O governo chegou até a construir uma escola, inaugurada em
outubro de 1968 pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra, que visitou a favela. Entretanto,
essa escola era de tão precária construção que, literalmente, só durou o tempo da visita
da rainha. Valeu apenas o episódio para unir os moradores em defesa de suas casas e
direitos, mostrando que não eram diferentes dos outros cariocas, atividade que
prenunciou as famosas associações de moradores.
Em 1977, após a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, o Prefeito
Marcos Tamoyo não falava mais em remoção, mas reurbanização. Entretanto, somente
seu sucessor, o Prefeito Israel Klabin definiu bem o que era isso em 1979. Deixar os
moradores em paz, colocando infraestrutura, esgotos e demais serviços públicos. Em
1979, existiam no Morro(ainda) Dona Marta 2421 habitações, com população estimada de
12.105 habitantes, que se espalhavam por uma área de 55.540m2. Era a maior das oito
favelas do bairro, acumulando 2/3 da população favelada de Botafogo, com média de
1.051 habitantes por hectare.
Em 1980, os moradores da favela Dona Marta se uniram e resolveram rebatizá-la
para Santa Marta. No ano de 1985, o famoso ISER - Instituto Social de Estudos da
Religião realizou o famoso longa-metragem “Santa Marta - Duas Semanas no Morro”,
com uma hora de duração, filme que causou grande sensação, ainda mais que um dos
adolescentes entrevistados seria no futuro o famoso traficante “Marcinho VP”.
O empobrecimento geral do país na década de oitenta e um governo estadual
excessivamente tolerante permitiu que o tráfico de tóxicos estabelecesse no morro
importante quartel general. Apesar da proximidade do 2o. Batalhão da Polícia Militar, nada
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14. de concreto se pôde fazer para deter a ascensão de meliantes cujos nomes eram
substituídos por apelidos repetidos em grandes manchete: “Bolado”, “Pedrinho da Prata” e
o famigerado “Marcinho VP”, que chegou a ser o primeiro traficante a obter financiamento
de um banqueiro para escrever um livro.
Se, por um lado, o Santa Marta possui essa face perigosa, muito mais interessante
é sua importância cultural. Há trinta e cinco anos atrás surgiu em seus barracos a primeira
agremiação de samba da zona sul, o bloco “Unidos da São Clemente”, que ascendeu na
década de setenta à categoria de escola de samba, atingindo ao primeiro grupo no fim da
década, onde chegou a ameaçar suas tradicionais coirmãs. Em 1992 surgiria a segunda
agremiação do morro, a “Unidos de Santa Marta”. Não é nada não é nada, são poucas as
comunidades que podem orgulhar de possuir duas agremiações de samba!
Em 1995 visitou a favela e gravou um importante vídeo-clip o pop-star Michael
Jakson, com direção do não menos famoso cineasta Spike Lee.
As recentes e bombásticas revelações do envolvimento entre um grande banqueiro
e o traficante chefe da favela levam a crer que a cidade não está tão partida assim como
os sociólogos acusam.
Enquanto sociólogos, banqueiros, traficantes e policiais brigam entre si, a
população do Morro Santa Marta deseja apenas participar da palpitante cidade que os
circundam, e da qual já fazem parte indissociável dela.
2O. BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR – RUA SÃO CLEMENTE, 345 – ESQUINA DE
RUA REAL GRANDEZA - BOTAFOGO
Foi fundado em 14 de janeiro de 1890 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, sendo
sediado numa velha casa da Rua General Caldwell, no Centro. Extinto a 16 de agosto de
1892, sendo recriado em janeiro de 1898. Novamente extinto em julho de 1905, foi
recriado em definitivo a 4 de outubro de 1911, e sediado na Rua São Clemente. Em 1919
passou para a Praça da Harmonia, em Santo Cristo, enquanto se construía o novo quartel
de Botafogo. Finalmente, a 17 de janeiro de 1920, voltou para o bairro, de onde não mais
saiu. O velho quartel veio a ser demolido em 1975, sendo substituído pelo atual, no
mesmo lugar.
O 2o. Batalhão participou da repressão à Revolta do Forte de Copacabana, a 6 de
julho de 1922, quando perdeu dois homens. Esteve com o Exército Legal na Revolução
Liberal de outubro de 1930, em Nova Friburgo. Ajudou na repressão à Intentona
Comunista na Praia Vermelha, de 27 de novembro de 1935. Sua última atuação notável
foi a de proteger o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado da Guanabara,
durante o golpe militar de 1o. de abril de 1964.
RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
Foi aberta em terras da Fazenda da Olaria, de propriedade de Joaquim Marques
Batista de Leão, adquirida em 1820. Recebeu o nome de Rua Real Grandeza, numa
homenagem a D. João VI, falecido em março de 1826. Do mesmo modo que a Rua Nova
de São Joaquim, atual Rua Voluntários da Pátria, deve ter sido aberta em 1826.
Originalmente nela terminavam as ruas Voluntários da Pátria e General Polidoro. Sofreu
melhorias em 1855, com o apoio do morador José Martins Barroso à frente, sendo
prolongada até o morro, onde começava uma ladeira íngreme que dava no areal de
Copacabana. Na Real Grandeza, funcionaram por alguns anos, o Instituto dos Surdos
Mudos, depois levado para a Rua das Laranjeiras e a Instituição Promotora da Instrução
aos Cegos, hoje Instituto Benjamim Constant, na Avenida Pasteur.
No final da Rua, junto ao morro, onde hoje começa a Rua Vila Rica, morou o Sr.
Manuel Luís de Lima e Silva, irmão do Duque de Caxias, e que ficou famoso no século
14
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15. XIX por haver comprado um título de nobreza falso, o de Barão de Vila Rica, o que,
quando descoberto, lhe valeu uma desmoralização pública e peça de teatro escrita por
Arthur Aze vedo (“O Bilontra”), encenada no Teatro Lucinda, com versos cantados
utilizando a ária “La Donna é Móbile”, de Giuseppe Verdi:
“Barão estou feito
De Vila Rica
Eis a rubrica
Do Imperador”
“Estou satisfeito
Sou mais um furo
Daquele obscuro
Comendador... “
Por muitos anos, de fins do século XIX até a década de 1950, existiu próximo ao
túnel a afamada Fábrica de Casimira Aurora, de Frederic D`Olne, existindo ainda hoje
algumas das casas então erguidas para os operários.
TÚNEL ALAÔR PRATA – RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGO
Em 6 de julho de 1892 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a
abertura do Túnel Alaôr Prata – Túnel Velho, como é chamado – ligando Botafogo a
Copacabana pelas ruas Sampaio Correia, Vila Rica e Real Grandeza (em Botafogo) e
Siqueira Campos (em Copacabana), sob a garganta entre os morros da Saudade e São
João. Foi aberto originalmente de janeiro a maio de 1892 pela Companhia Ferro Carril do
Jardim Botânico, quando era seu gerente o Engenheiro José Cupertino de Coelho Cintra.
Quando de sua inauguração, apenas os bondes desta Companhia podiam por ele
trafegar. Somente em 1900 passou a ter o trânsito liberado. No dia da inauguração, faltou
energia elétrica e o bonde teve as rodas travadas, obrigando os operários a retira-las e
transporta-lo, sem rodas e no “muque”, pelos quase duzentos metros do percurso. Ao
chegar no final, os ingleses que cuidavam do cabo submarino na Praia da Igrejinha (Posto
VI), soltaram foguetes de júbilo. Tem 182 metros de comprimento e foi alargado em 1925
para 13 metros pelo Prefeito Alaôr Prata Soares, e duplicado para dois níveis em 1967
pelo Governador Negrão de Lima.
PALÁCIO DA CIDADE – RUA SÃO CLEMENTE, 360 – BOTAFOGO
Concebido em 1947 pelo arquiteto inglês Robert R. Prentice em estilo palladiano
inglês e construído dois anos depois, abrigou originalmente a Embaixada Britânica. Sua
imponência e solenidade se adequam aos exuberantes jardins que o emolduram e à
paisagem natural ao fundo. Nos interiores, ricamente decorados, obras de arte e
mobiliário de época compõem uma ambientação para as funções cerimoniais.
Enquanto Embaixada, hospedou em outubro de 1968 a Rainha Elizabeth II, então
em visita ao nosso país. Adquirido para sediar a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
em 1975 pelo Prefeito Marcos Tito Tamoyo da Silva, foi redecorado com obras de arte
adquiridas em leilões e compras avulsas.
O Palácio da Cidade é tombado pela Municipalidade.
ANTIGA EMBAIXADA DA CHINA – RUA SÃO CLEMENTE, 379 – BOTAFOGO
Erguido no início do século XX, esse típico casarão de Botafogo combina
elementos de diferentes referências estilísticas: telhado renascentista francês sobre bay
15
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16. window inglesa com arcos classicizantes. O avarandado é italiano e a escada acentua a
assimetria incomum.
Por muitos anos a casa sediou a Embaixada da China. Na década de 90, serviu
como sede da primeira exposição de decoração da Casa Cor.
A casa é tombada pela Municipalidade.
PALÁCIO DOS LEILÕES – RUA SÃO CLEMENTE, 385 – BOTAFOGO
Com uma fachada bem composta em estilo eclético classicizante francês, esse
casarão de dois pavimentos em centro de terreno foi erguido em 1913 para residência
familiar. Destacam-se o pórtico de entrada que é ladeado por duas colunas de capitel
jônico, os gradis de muros e guarda-corpos das sacadas. Na década de 1970 o palacete
foi adquirido por uma empresa de leilões de arte e adaptada para a nova função. A
entrada passou a ser frontal e o interior foi totalmente alterado com a demolição das
paredes divisórias internas.
O Palácio dos Leilões é tombado pela Municipalidade.
ESCOLA EXPERIMENTAL CORCOVADO – RUA SÃO CLEMENTE, 388 – BOTAFOGO
O palacete situado em centro de terreno densamente arborizado foi construído em
1933, no estilo colonial da época georgiana, para sediar a Embaixada dos Estados Unidos
e, depois de 1952, Residência do Embaixador. Com a transferência da legação para
Brasília, o casarão passou a sediar desde 1973 a Escola Experimental Corcovado,
nascida de iniciativa particular de uma família de alemães em 1963. O palacete foi
adquirido pela República Federal da Alemanha para a escola, que passou a receber
alunos brasileiros e alemães, com ensino bilíngüe.
O palacete e seu extenso parque são tombados pela Municipalidade.
CONSULADO DE PORTUGAL – RUA SÃO CLEMENTE, 402 – BOTAFOGO
Palacete em centro de terreno construído em 1957/60, à semelhança das grandes
quintas portuguesas do Renascimento, para sediar originalmente a Embaixada de
Portugal. Com a transferência da capital para Brasília, no ano da inauguração da
Embaixada, passou a sediar o Consulado Português. Edifício de primorosa execução, cita
a arquitetura histórica portuguesa. É projeto dos arquitetos portugueses Irmãos Rebello e
Andrade.
O Consulado de Portugal é tombado pela Municipalidade.
GURILÂNDIA CLUBE INFANTIL – RUA SÃO CLEMENTE, 408 – BOTAFOGO
Originalmente um pitoresco cottage inglês, projetado por Heitor de Mello em 1910
para a Família Rego Barros, e erguido três anos depois, com alterações, por Francisco
Antônio Tricário. Com embasamento de pedra e alvenaria de tijolos aparentes, esta
residência foi reformada e ampliada três anos após sua construção. Foram acrescentados
elementos neogóticos como os arcos de dois centros no primeiro piso e, provavelmente, o
corpo lateral direito com passagens cobertas para acesso de veículos. A bay window
balanceada do segundo piso, por exemplo, resultou enterrada no corpo avançado do
térreo que hoje lhe serve de apoio.
Na década de 1960, foi adaptada para clube, perdendo assim os jardins que o
cercavam.
O casarão é tombado pela Municipalidade desde 1987.
COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES – RUA SÃO CLEMENTE, 438 –
BOTAFOGO
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17. O Colégio Nossa Senhora de Lourdes está em Botafogo desde 1913, quando foi
fundado pelas Irmãs da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A primeira sede era na
Rua São Clemente, 148, onde funcionou inicialmente um pensionato para senhoras e
uma pequena escola para alunos do curso primário.
Em 1929 as irmãs alugaram um prédio na mesma rua, o 438, para onde se
mudaram com o pensionato e a pequena escola. Posteriormente a escola foi ampliada e o
prédio adquirido. Em 1950 foi extinto o pensionato. Durante muitos anos a instituição foi
batizada de Colégio Virgem de Lourdes, para não ser confundido com um colégio
homônimo existente em Vila Isabel desde 1945. Em 1982, com o fechamento da
instituição no subúrbio, voltou ao antigo nome.
O prédio atual foi edificado em 1973, no local em que foi demolida a casa do antigo
pensionato.
EDUCANDÁRIO DA MISERICÓRDIA – RUA SÃO CLEMENTE, 446 – BOTAFOGO
Em 1889, a Irmandade da Misericórdia possuía duas instituições para acolhimento
de menores desvalidos, mas estas já estavam lotadas há tempos. Assim sendo, muitos
órfãos de doentes internados na Santa Casa ficavam no Hospital Geral, como um asilo de
menores. A 14 de setembro de 1889 o Visconde de Cruzeiro, Provedor Geral da
Misericórdia, conseguiu autorização para fundar um novo recolhimento, no que obteve
apoio financeiro geral, inclusive de intelectuais, que moveram intensa campanha para
angariar fundos, como também da Princesa Isabel, que fez vultuosa doação. Foi então
adquirida a imensa mansão na Rua São Clemente, outrora propriedade de Da. Ana Maria
de Jesus Braga, pela quantia de oitenta contos de réis, a qual incluía o belo parque
adjacente. A aquisição se deu a 12 de novembro, três dias antes da queda da Monarquia.
O então denominado Asilo de Órfãs da Santa Casa foi inaugurado a 27 de julho de 1890
pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório. Um ano depois o
prédio estava lotado, o que obrigou a Santa Casa a aquisição de mais dois casarões
vi zinhos.
No ano de 1917, o Cardeal D. Joaquim Arcoverde solicitou que na instituição se
erguesse uma capela, inicialmente dedicada à Nossa Senhora da Conceição. Em 1927, a
Irmã Barroca, Madre Superiora, ensejou esforços para sua ampliação, no que foi obtido
no ano seguinte, graças à doações de particulares. Tomou a capela a invocação de
Nossa Senhora das Graças , que ainda mantém. A inauguração do novo templo, em estilo
néo-gótico, se deu a 27 de novembro de 1930. A beleza do lugar motivou sua utilização
como cenário de novelas da televisão.
O Educandário da Misericórdia e seu parque são tombados pela Municipalidade.
LARGO DOS LEÕES – HUMAITÁ
Aberto em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, português, miguelista,
depois Marquês dos Leões por Portugal, grande proprietário de terras em Botafogo. Era o
antigo jardim de recreio da propriedade, chamada Fazenda da Olaria, cuja casa-grande
ainda existia em 1881 onde hoje é a Rua Conde de Irajá. Originalmente não tinha nome.
Seus filhos, Joaquim e Maria da Glória, solicitaram ao Ministro Luiz Pedreira do Couto
Ferraz, Visconde do Bom Retiro, que lhe fosse dado esse nome, tendo sido obtida a
aprovação em 1853, com beneplácito do Imperador D. Pedro II.
Até 1881 somente existiam duas grandes casas no Largo, a da Família Leão e a do
Comendador Stélio Roxo, irmão do Barão de Guanabara. Aliás, as palmeiras até hoje
existentes no Largo foram plantadas por volta de 1865 pelo dito Comendador. Sua única
rua de acesso, além da de São Clemente, era a Rua Marques, aberta em 1853 na divisa
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18. das terras do Comendador Souza. No dia 1o. de novembro de 1881 o Largo foi vendido
em lotes no leilão de M. J. Pinto, surgindo então muitas propriedades novas no lugar.
Dentre os moradores surgidos após 1881, ressaltam: o Comendador Manuel José
de Faria, em cuja casa depois residiu o editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger. Na
mesma casa, anos depois, sua cunhada, a Viscondessa de Geslin, fundaria uma aula
para as sinhás-moças do bairro, depois transferida para a Rua do Príncipe (hoje Silveira
Martins), no Catete. Outro morador famoso foi o Senador Antônio Azeredo, o primeiro a
ter luz elétrica domiciliar no bairro, ainda nos primeiros anos do século XX. O Ministro do
Império Alfredo Chaves morava num casarão, onde antes existia a casa do Comendador
Roxo. Em 1922 a casa seria afinal demolida e em seu lugar surgiria uma vila de casas,
origem da atual Rua Alfredo Chaves. No atual número 514 da Rua São Clemente existia a
casa do Comendador Gonzaga, onde, no dia 12 de agosto de 1904, Flávio Ramos, Otávio
e Ál varo Werneck, Jacques Raimundo da Silva e outros desportistas fundaram o Botafogo
Futebol Clube, destinado a fundir-se, anos depois ao Botafogo de Regatas.
Em 1871, com a ampliação da Rua Voluntários da Pátria para que atingisse a Rua
São Clemente (hoje Humaitá), foi construída no lado esquerdo do Largo uma grande
estação, garagem e estrebaria de burros da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico.
Essa garagem ia até a Rua Voluntários da Pátria. Em 1893, com a eletrificação da linha
de bondes, a estrebaria foi fechada. Os bondes, por sua vez, foram afinal extintos em
1963, e o edifício foi convertido em garagem de ônibus. Parte dele foi demolida pelo
Governador Carlos Lacerda e em seu lugar surgiu uma escola de concreto e tijolos. Afinal,
com a demolição da velha estação em 1969, surgiu o novo hortomercado da Cobal, um
dos três criados pelo Governador Negrão de Lima para substituir as feiras livres do Rio de
Janeiro. Hoje, o antigo hortomercado, povoado de restaurantes e bares, é um dos centros
da vida noturna no bairro do Humaitá.
No dia 30 de março de 1868, depois da passagem dos seis encouraçados
brasileiros pela poderosa Fortaleza de Humaitá, na Guerra do Paraguai, a Ilustríssima
Câmara Municipal denominou de Rua Humaitá o trecho final da Rua São Clemente, em
seguimento ao Largo dos Leões, dando origem ao futuro Bairro do Humaitá, afinal criado
em 1988 por Decreto do Prefeito Roberto Saturnino Braga.
SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 70 – HUMAITÁ
Grande casarão em sobrado, da década de 1920, com dois pavimentos, onde se
destacam a entrada lateral à esquerda com boa arborização, os gradis em ferro do balcão
e a decoração em estuque de sua fachada.
O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.
SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 80 – HUMAITÁ
Sobrado sobre porão, em estilo eclético e com dois pavimentos, erguido na década
de 1920, onde se destacam o balcão em balaustrada de massa com poderosos consoles,
cartelas com guirlandas em estuque e a simulação de aplacagem regular no revestimento
em argamassa.
Este sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.
COLÉGIO PEDRO II – RUA HUMAITÁ, 80 – HUMAITÁ
A primeira iniciativa para se fundar uma unidade do tradicional Colégio Pedro II na
Zona Sul surgiu em 1937, quando o Ministro da Educação, Cultura e Saúde Pública, Dr.
Gustavo Capanema, determinou a instalação de uma nova unidade pedagógica nos
terrenos do antigo Hospício de D. Pedro II, hoje UFRJ. O novo colégio seria erguido
exatamente onde hoje está a casa de espetáculos “Canecão”. O Presidente Getúlio
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19. Vargas chegou a lançar a pedra fundamental da nova sede em dezembro de 1938, mas a
eclosão da Segunda Guerra Mundial encareceu a construção civil a tal ponto que a obra
foi de todo abandonada.
Somente em 1951 o assunto voltou à tona, mas o lugar escolhido para o colégio
mudou, indo para o bairro do Humaitá. A 2 de dezembro de 1952, Getúlio Vargas, agora
Presidente eleito, inaugurava a nova sede, em arquitetura moderna. Em fins do século
XX, mais uma unidade foi criada no Humaitá, na Rua João Afonso, 51, denominada
Humaitá 1. A velha sede é o atual Humaitá 2.
VILA RESIDENCIAL - RUA HUMAITÁ, 102 – HUMAITÁ
Vila residencial em estilo art-déco, erguida na década de 30, composta por 15
edificações geminadas de dois pavimentos, revestidas em pó de pedra.
A vila é tombada pela Municipalidade desde 1987.
BALLROOM – RUA HUMAITÁ, 110 – HUMAITÁ
Local da antiga casa de espetáculos “Oba, oba”, fundada em 1966 por Oswaldo
Sargentelli, um ex-militar que se especializou em shows de mulatas. Sargentelli foi o
primeiro empresário a criar shows musicais especificamente para turistas, com
representações cênicas de samba, umbanda, candomblé, música popular brasileira e
outras manifestações religiosas sincréticas e/ou folclóricas, tudo explicado de maneira
que um turista desaculturado pudesse entender e, é claro, sempre intercalado de belos
shows de mulatas sambando, geralmente usando luxuosas e minúsculas fantasias.
Apesar de Sargentelli ter se inspirado nos shows do Olímpia e no Moulin Rouge, ambos
de Paris, o nosso espetáculo era inteiramente original.
Em vinte e cinco anos de funcionamento, a casa promoveu shows pelo Brasil e
exterior, granjeando respeito internacional. Sargentelli foi muito criticado pelos intelectuais
por ter resumido a cultura brasileira a pouco mais que samba e mulatas. O termo “Oba,
oba” inclusive, passou a significar, como gíria, sinônimo de coisa feita sem muita
profundidade ou seriedade. Entretanto, o tempo lhe fez justiça, e a casa de shows acabou
transformando inúmeras mulatas em verdadeiros símbolos nacionais.
No início da década de 90, a casa fechou as portas, sendo depois vendida e
convertida em 1996 na “Ballroom”, um ambiente destinado a músicas e shows
experimentais de múltiplas tendências, com gosto bastante eclético.
Oswaldo Sargentelli faleceu em 2.002, pouco depois de gravar uma cena de novela
televisiva junto com uma ex-bailarina da casa.
4O. BATALHÃO DE INCÊNDIO – RUA HUMAITÁ, 126 – HUMAITÁ
Data da sua instalação do dia 15 de novembro de 1896, pelo Presidente Prudente
José de Morais e Barros. O quartel atual foi inaugurado em 1o. de janeiro de 1910, pelo
Presidente Nilo Peçanha. Foi o projetista o arquiteto e Coronel (depois Marechal)
Francisco Marcelino de Souza Aguiar, que havia sido Prefeito do Rio de Janeiro entre
1906 e 1909. Sua atual denominação, bem como, sua organização de Batalhão de
Incêndio, se deve ao advento do Decreto “N” no. 114, de 12 de dezembro de 1963. O
prédio do quartel que dá vista para a Rua Humaitá é em estilo eclético, mas muito mais
interessantes são as garagens dos carros, com estrutura em treliça de ferro, importada da
Europa, à semelhança que o mesmo arquiteto executou para Niterói.
O quartel do Humaitá é tombado pela Municipalidade desde 1987.
ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO – RUA HUMAITÁ, 163 - HUMAITÁ
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20. Em 1983 o prédio que era usado como depósito de merenda escolar do município
se transformou no que viria a ser uma dos mais destacados espaços de artes visuais da
cidade. Em grande estilo, a primeira exposição abrigada pelo centro recém-criado foi a
coletiva de 3 mil m³, que reuniu obras de nomes notáveis como Waltercio Caldas, José
Resende, Cildo Meireles, Antonio Dias, Artur Barrio, Tunga e Umberto Costa Barros.
A galeria de arte propriamente dita foi construída na primeira reforma realizada no
Centro, em 1989. Desde a inauguração, com uma mostra individual de Lygia Pape, o
espaço se tornou referência para as mais diversas manifestações culturais, entre artes
plásticas, música, teatro, dança, poesia e performances de forma geral.
A opção de não se comprometer com o mercado torna o Sérgio Porto um
verdadeiro laboratório para o experimentalismo de artistas contemporâneos, emergentes
ou consagrados. Atra vés de exposições individuais, o Centro tornou visível a produção
dos anos 90. Muitas vezes acolheu a primeira mostra de artistas que, mais tarde,
partiriam para carreira de projeção nacional ou mesmo internacional. Entre alguns dos
nomes lançados no Sérgio Porto se destacam Ernesto Neto, Valeska Soares, José
Damasceno, Fernanda Gomes e Efrain Almeida.
Após uma grande reforma em 1999, o Sérgio Porto reabriu as portas para o público
com duas galerias e um espaço cênico de 300 m2, equipado com urdimentos móveis e
arquibancadas modulares para 140 pessoas, camarins com banheiros, foyer e cafeteria.
INSTITUTO SOCIAL – RUA HUMAITÁ, 170 – HUMAITÁ
Fundado em 1o. de julho de 1937 pelo Cardeal D. Sebastião Leme, destina-se a
formar, no nosso meio feminino, personalidades capazes, não só de conhecer os
problemas sociais que se agitam por toda parte, como de colaborar eficazmente na sua
solução humana e cristã.
Compõe-se a instituição desde o início de duas escolas distintas:
A Escola de Serviço Social que forma Assistentes Sociais.
A Escola de Educação Familiar que forma Educadoras para os meios populares.
O prédio onde está instalado foi construído e doado à Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro por insigne benfeitora.
UNIVERCIDADE CAMPUS LAGOA – RUA HUMAITÁ, 275 - HUMAITÁ
Com instalações modernas e arrojadas, a Unidade Lagoa, tem mais de 20.000
metros quadrados, onde se acomodam 90 amplas salas de aula. É a sede dos cursos de
Direito, Relações Internacionais, Administração e Marketing, além de também abrigar a
Central de Propaganda, a Unikey - Pro vedora de Internet, Biblioteca, laboratórios de
informática, teatro, e auditório que compõem a excelente estrutura à disposição dos
estudantes, professores e da Reitoria da UniverCidade. Com localização invejável, perto
do Túnel Rebouças e com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, é de fácil acesso, tanto
para o aluno da Zona Sul quanto o da Zona Norte.
COLÉGIO ANDREWS – RUA VISCONDE SILVA, 161 - HUMAITÁ
O Colégio Andrews foi fundado em 1918 a partir de dois postulados básicos e
indissociáveis: democracia e livre iniciativa. Era uma revolução pedagógica para os
padrões da época: um Colégio leigo e misto, preocupado em garantir aos seus alunos o
maior patrimônio que o século XX pôs ao alcance da humanidade: o ingresso na
cidadania plena através do acesso ao saber. Para o Andrews, educar não é simples
transmissão de conhecimentos: é formar um cidadão completo,com instrução, consciente
de seus direitos e deveres, sendo capaz de participar, com êxito, da vida em sociedade.
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21. A e xpansão do conhecimento nas últimas décadas e a velocidade das
transformações em todo o mundo vem impondo à escola o desafio de preparar as novas
gerações para atuar numa sociedade globalizada e em constante processo de mudança.
O sistema educacional deve adaptar-se a esse futuro. O Andrews tem investido na
permanente atualização de seu projeto pedagógico, conciliando o melhor de sua
experiência acumulada com promissoras inovações, da Educação Infantil ao Ensino
Médio.
O objetivo do Andrews é oferecer uma educação de qualidade, através da qual
busca promover uma formação em que se harmonizem êxito nos estudos e realização
pessoal. O Colégio proporciona ao aluno sólida formação geral e instrumentos que lhe
serão efetivamente úteis, mais tarde, no mercado de trabalho. Isso significa incentivar e
desenvolver habilidades e competências que o tornarão eficaz e valorizado como membro
de equipes e organizações.
O ambiente educacional deve levar o jovem a desenvolver senso crítico,
capacidade de avaliar e decidir acerca de que caminhos seguir e que atitudes tomar. É
tarefa da escola fazer florescer em cada um o que tem de melhor, ajudando-o a preparar-
se para o futuro.
As atuais instalações do Andrews ocupam o lugar de uma antiga residência
unifamiliar em estilo neocolonial do início do século XX, parcialmente preservada, onde
foram acrescentados, já em fins da década de 1980, modernos pavilhões onde ficam as
salas de aulas, laboratórios, quadras, auditório, etc.
CIEP PRESIDENTE AGOSTINHO NETO – RUA VISCONDE SILVA, S/NO. – HUMAITÁ
Construído em 1987 exatamente onde existiu antes o Forte da Piaçava, construído
em 1776, sob projeto do engenheiro militar Jacques Funck, para o Vice-Rei Marquês de
Lavradio. Era uma fortificação quadrangular, com um muro de pedra que descia o morro e
fechava o caminho do Humaitá, só acessível por dois portões em arco, com portas de
madeira e ferro. Sua função era a de impedir um ataque à Cidade do Rio de Janeiro por
tropas espanholas que porventura desembarcassem em Copacabana ou Ipanema, àquela
época ainda áreas desertas.
O forte nunca foi atacado ou funcionou a contento. Um de seus canhões está
recolhido hoje no Museu Histórico Nacional, em exposição no Pátio Epitácio Pessoa.
Abandonado em 1791, suas instalações defensivas foram parcialmente demolidas em
1850, principalmente o muro com duas portas que fechava a garganta do Humaitá. No
século XX, surgiu no final da Rua Macedo Sobrinho uma grande favela, removida em
1966 pelo Governador Negrão de Lima. Ao se retirarem os barracos, ficou à mostra por
muitos anos os poderosos alicerces da fortificação, bem como a torre de pedra do forno
de cal.
Tudo isso foi demolido em 1987 para a construção do CIEP Presidente Agostinho
Neto, projeto arquitetônico e educativo revolucionário do arquiteto Oscar Niemeyer,
desaparecendo assim, sob as estruturas modernas de concreto aparente, o último
remanescente da primitiva ocupação do bairro. Em 1997, o CIEP sofreu obras de
modernização e ampliação. Presentemente, nele são desenvolvidos projetos pedagógicos
pioneiros, como a horta comunitária e estudos de capoeira.
MUSEU VILLA LOBOS - RUA SOROCABA, 200 - BOTAFOGO
Antiga residência senhorial, com ricos detalhes em cantaria lavrada e estuques
finos, erguida por partes aí por volta de 1880, pelo português José Antônio da Fonseca
Teixeira. O projeto é do arquiteto e pintor catalão José Maria Villaronga, que executou
painéis murais internos, hoje perdidos. Ainda sobrevivem pequenas decorações em flores
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22. e pássaros na altura da cimalha dos salões internos. Durante muitos anos a casa
pertenceu ao IAPAS, que a alugou à família Souza Leão Gracie. Na década de oitenta,
passou a sediar o Museu Villa Lobos, abrigando o acervo do maestro, seus objetos
pessoais, partituras, escritos, etc. Conta o Museu com biblioteca, arquivo, videoteca, sala
de música, auditório ao ar livre e loja.
O prédio é tombado pelo IPHAN.
MUSEU DO ÍNDIO - RUA DAS PALMEIRAS, 55 - BOTAFOGO
Antiga residência senhorial da família Teixeira, tradicional fabricante de pães,
doces e bolos do Rio Antigo. Foi erguida em 1880-84, em estilo neoclássico, por um
parente arquiteto, Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha. Adquirida pelo
governo há muitos anos, sediou diversas repartições públicas até que em fins dos anos
setenta passou a sediar o Museu do Índio, que até então possuía sede na rua Mata
Machado, no Maracanã. O museu possui riquíssimo acêrvo em peças recolhidas pelo
antigo Serviço de Proteção ao Índio, fundado pelo Marechal Cândido Mariano Rondon. A
instituição foi fundada em 1951 pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Dotado de vasta
biblioteca, arquivo, videoteca e loja, possui, em seus jardins, malocas de índios montadas
pelos próprios.
O prédio é tombado pelo IPHAN.
OS DONOS DE BOTAFOGO
Quando, a dezesseis de julho de 1565, pouco mais de quatro meses após a
fundação do Rio de Janeiro, Estácio de Sá finalmente definiu os limites da cidade, esta
possuía seu centro no “Morro do Castelo”, terminando pela zona sul pouco antes do
“Morro da Viú va”, na casa de pedra erguida em 1503 onde hoje é a rua Cruz Lima, no
Flamengo, pois dalí até o “Morro da Babilônia”, e da enseada até a Lagoa, tudo pertencia
a seu dileto amigo Antônio Francisco Velho, “Mordomo da Arquiconfraria de São
Sebastião” e fundador do Rio de Janeiro.
Pelo sistema colonial português, o governador podia conceder terras a seus
amigos ao bel prazer, à revelia da “Câmara de Vereadores”, isentas de impostos
conquanto fossem as mesmas desenvolvidas e medidas. Eram as famosas “sesmarias”, e
Botafogo era um cobiçado presente de luxo aos apaniguados do poder. A “Câmara”
sempre protestou contra esses protegidos, conseguindo até o retomo muitas áreas
devolutas ao patrimônio público, mas ela mesma também fazia das suas e só no século
XVIII tais concessões foram regularizadas e, finalmente, a vereança soube quais eram
realmente as terras públicas.
Não por muito tempo.
Na madrugada de 20 de julho de 1790 lavrou furioso incêndio no prédio do
“Senado da Câmara”, que funcionava num casarão ao lado do “Arco do Telles”, no “Largo
do Paço”, atual Praça XV. Esse incêndio, de efeito pirotécnico milagroso, atingiu
apropriadamente os papéis referentes às propriedades territoriais públicas, escapando
incólumes outros documentos.
O vereador Haddock Lobo apurou que o sinistro foi criminoso. Fôra obra de alguns
foreiros, com intuito de destruírem títulos e outros documentos que provavam o senhorio
direto da Câmara sobre as posses que tinham. Apesar de toda a maracutaia que correu,
Conseguiu-se recompor os livros e a “Câmara” obteve do rei a Ordem Régia de 8 de
janeiro de 1794 que lhe confirmavam todas as suas sesmarias. Mas mesmo assim muita
coisa se perdeu e inúmeras terras que eram públicas viraram particulares da noite para o
dia.
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23. No caso de Botafogo, a “Câmara” possuía os documentos em dia e já em 1681 fôra
doado o Morro da Viúva e terras anexas ao Mosteiro de São Bento. A Fazenda São
Clemente, que englobava o “miolo” do bairro, pagava 2$560 réis de foro ao poder
legislativo e de tudo era feito recibo. Conseguiu-se até, em 1794, levar aos tribunais o
espertalhão Manoel Francisco de Mendonça, que por meios pouco honestos falseara
documentos foreiros e apoderara dos terrenos no “Caminho Velho de Botafogo”(atual rua
Senador Vergueiro) e tentava cobrar foro dos moradores.
Mas a euforia dos vereadores pouco durou e em 1808, com a chegada da Família
Real, a roubalheira voltou.
O bairro valorizou-se bastante, haja vista que muitos fidalgos alí passaram a
residir, a começar pela própria Rainha Carlota Joaquina, que foi morar na praia, num
casarão erguido na esquina do “Caminho Novo” (atual rua Marquês de Abrantes). O
último Vice-Rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, conseguiu
legislar em causa própria e se auto concedeu a “Fazenda da Olaria”, que englobava nada
mais nada menos toda a rua São Clemente e alguns terrenos vizinhos. Terras que seus
herdeiros venderam em 1823 a um amigo do Rei D. João VI, o Comendador Joaquim
Marques Batista de Leão, que nelas abriu em 1826 as ruas Nova de São Joaquim (atual
Voluntários da Pátria), Real Grandeza, Marques e Largo dos Leões. O Conselheiro José
Bernardo de Figueiredo, morador da praia, conseguiu sabe-se lá como uma carta de
doação e tornou-se dono de extensas terras na orla. Afinal, era parente de um poderoso
Regente do Império... Outro “barnabé”, José Guedes Pinto, conseguiu de D. João VI nada
mais nada menos que o foral de quase todos os terrenos do “Caminho Novo” (atual rua
Marquês de Abrantes), lotes que depois vendeu ao Marquês que batizaria a rua em
definitivo. Um “sabido”, o bacharel José Antônio de Oliveira e Silva, conseguiu levar boa
parte das terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, pois provara por “a” mais “b” que a água da
Lagoa era doce (em verdade, é bem salobra), provando que tais propriedades não eram
terrenos de marinha e nada devendo ao patrimônio municipal. Agindo assim, lesou a
“Câmara”, que perdeu a arrecadação tributária de toda a região.
Em meados do século XIX, devido aos muitos “espertos”, eram poucos os grandes
proprietários botafoguenses que pagavam foro à “Câmara”. Os processos contestatórios
na justiça foram tantos que nunca chegou-se a uma solução de consenso.
A propriedade territorial foreira de Botafogo até hoje é caótica e, pode-se dizer que
a cada ano aparece um novo “dono do bairro” exigindo foros atrasados e apresentando
cartas de doação, sabe lá obtidas como. Se isso continuar, daqui a pouco serei eu a
aparecer com mais uma. Afinal de contas, sou descendente direto do primeiro dono de
tudo, o português Antônio Francisco Velho, que, no final das contas, imerecidamente,
ficou sem nada, nem uma homenagem póstuma numa ruela do bairro.
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 35 –
BOTAFOGO
Antigo Cinema Bruni-Botafogo, edificado nos anos 50 como sala de cinema de
bairro. Adquirido por uma instituição bancária no final da década de 80, foi integralmente
reformado, passando a possuir três salas de projeção, voltadas para filmes culturais.
Dentro do espaço do cinema, funciona uma livraria de livros usados (Luzes da Cidade) e
uma cafeteria.
CINECLUBE ESTAÇÃO UNIBANCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 88 –
BOTAFOGO
Inaugurado em 1968 como Cine-Capri, um modesto cinema, foi adquirido na
década de 80 por uma instituição bancária, sendo integralmente reformado, quando
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