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O que faz o brasil, Brasil?
Roberto DaMatta
Milena Dalsente
Brasilidade II
Primeiro Capítulo - O que faz o brasil, Brasil? A questão da identidade
O livro gira em torno de uma incógnita, que possui inúmeras respostas,
onde o autor faz comparações com o “brasil” escrito com letra minúscula, que
para ele significa um objeto sem vida e o Brasil escrito com letra maiúscula, o
qual se refere a algo mais complexo, com fronteiras e territórios, nossa real
cultura.
Roberto DaMatta atribui uma ênfase muito grande ao citar as
características do jeitinho brasileiro. E é o nosso jeitinho malandro, a
apreciação pelas festas e comidas típicas, por exemplo, que caracterizam
nossa identidade cultural, algo que é visível em todos os lugares.
Ao desenrolar da história o autor nos mostra que a identidade brasileira
se constrói duplamente. Um destes modos seria utilizando dados estatísticos
demográficos e econômicos, por exemplo. Já o outro modo se refere a tudo o
que consideramos importante, nossa família, religião, moralidade, o nosso
jeitinho onde podemos ver a nós mesmos como algo que vale a pena. E são
essas atribuições que fazem do brasil, Brasil
Conforme Roberto DaMatta (1986 p.13)
Aqui, o que faz o brasil, Brasil não é mais a vergonha do regime ou a
inflação galopante e “sem vergonha”, mas a comida deliciosa, a música
envolvente, a saudade que humaniza o tempo e a morte, e os amigos que
permitem resistir a tudo...
Por fim, o autor demonstra com objetivo nos mostrar, ao longo da
história, a diferença entre esses dois “Brasis” e como estes se ligam entre si
formando aquilo que chamamos de “pátria”.
Segundo Capítulo - A casa, a rua e o trabalho
Logo no segundo capítulo, o autor faz uma comparação com a casa, à
rua e o trabalho. DaMatta refere-se a casa como um lugar moral e não apenas
algo físico para onde vamos após nossas rotinas. Para ele, é em casa onde
encontramos desde as relações mais intimas da família até a vergonha que
caracteriza uma residência, ou seja, um espaço de forte moral que contribui
para sermos quem somos.
Diferente da casa, que ordena um mundo à parte, para DaMatta a rua é
um lugar de movimento que mostra a dura realidade da vida.
Como citado pelo autor (1986 p. 20)
No Brasil, casa e rua são como os dois lados de uma mesma moeda. O
que se perde de um lado, ganha-se do outro o que é negado em casa – como o
sexo e o trabalho –, tem-se na rua.” A rua complementa a casa e vice-versa e
por isso “ser você mesmo pode ser perigoso.
Porém, é na rua que encontramos o trabalho. Ação esta que os
brasileiros veem como um castigo, onde damos de cara com a concorrência e
a chefia. E é em meio a isso que surgem criticas e concepções como julgar
aqueles que enriquecem facilmente sem o mínimo de esforço ou aqueles que
abandonam seus próprios empregos para trabalharem para outros. Mas, o que
o povo não percebe é que é possível enriquecer honestamente e ganhar
dignidade neste local.
O problema é que não podemos esperar muito de uma sociedade onde
o trabalho escravo predominava, onde um tirava o trabalho de outro e todos
viam o representante como um todo. O fato é que em meio a casa e a rua, o
trabalho se torna algo difícil de compreender.
Terceiro Capítulo - A ilusão das relações raciais
Neste capítulo, DaMatta analisa a miscigenação das “raças” que alguns
autores, como Agassiz, Buckle e CoutyQuarto veem como um problema na
construção da nossa identidade brasileira. Em seguida, ele compara a relação
social do Brasil com os EUA.
Nos Estados Unidos existem diversas divisões como, por exemplo, há
escolas para brancos e escolas para negros, ônibus para brancos e ônibus
para negros, isso se dá devido à legislação rígida e racista presente no país. Já
aqui no Brasil o que ocorre é a exclusão de um todo como citado pelo autor
(1986 p.29) “Mas aqui, conforme sabemos, há uma radical exclusão de todas
as categorias intermediárias...” a diferença é que aqui prevalece um triângulo
racial ao contrário de lá que as raças se encontram cada uma em seu lugar.
DaMatta acredita que vários valores discriminatórios foram impostos
durante a nossa colonização o que leva o autor a concluir que o nosso
preconceito é bem mais contextualizado do que o norte americano, que é direto
e formal.
Quarto Capítulo – Sobre comida e mulheres
Neste capítulo o autor afirma que a sociedade se manifesta por vários
espelhos e idiomas. Em nossa sociedade ganhamos destaque na comida e nas
mulheres. Ao longo da história Roberto DaMatta discute os diversos
significados que podem ser atribuídos a palavra comida e ao ato de comer e
também faz comparações ao “cru e cozido”. Para ele, o cru está ligado à
dureza dos fatos, as dificuldades que a sociedade enfrenta. Já o cozido refere-
se á algo pronto e bem elaborado, algo que nos trás um conforto.
Ao decorrer da história o autor nos diz que o que faz do Brasil, Brasil é
toda essa mistura de raças e classes sociais através da comida, ou seja, são
esses pratos e as nossas diversas formas de nos alimentar que nos
diferenciam de outros países.
Conforme DaMatta (1986 p.36)
Para nós, brasileiros, nem tudo que alimenta é sempre bom ou
socialmente aceitável. Do mesmo modo, nem tudo que é alimento é comida.
Alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva,
comida é tudo que se come com prazer, de acordo com as regras mais
sagradas de comunhão e comensalidade.
O conceito de alimentar-se aqui no Brasil é de longe diferente de
comer. Alimentar-se seria algo que comemos para sobreviver, enquanto por
outro lado, comer é alquilo que é prazeroso, que amamos.
O autor também faz uma analogia com as mulheres, as quais
possuem um papel indispensável quando o assunto é comida. Assim como
outras palavras, “comer” também pode ser interpretado de diversas maneiras.
Ela pode se aplicar ao fato de comer uma comida ou comer alguém e são
essas aplicações que DaMatta explica.
Quinto Capítulo – O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer
Neste capitulo, o autor busca explicações para entendermos de que
forma o carnaval serve de teatro e prazer para o mundo.
Como afirmado pelo autor (1986 p.47)
Todos os sistemas constroem suas festas de muitos modos. No caso
do Brasil, a maior e mais importante, mais livre e mais criativa, mais irreverente
e mais popular de todas é, sem dúvida, o carnaval.
De acordo com a perspectiva do livro entendemos que o carnaval cria
situações onde várias coisas são possíveis e outras tantas devem ser evitadas.
DaMatta define o carnaval como “liberdade” onde trocamos o dia pela noite,
onde o uso de fantasias permite a troca de posição na qual você pode ser o
que você quer, contrariando o uso de uniforme, que para o autor é usado no
dia a dia para criar uma ordem.
Além disso, o autor vê o carnaval como uma ocasião em que nossa
vida monótona deixa de ser operativa e justamente em função disto, um
momento extraordinário acaba surgindo. Em outro exemplo, refere-se a um
momento onde podemos deixar de viver a vida como um castigo. Ou seja, o
carnaval é basicamente uma inversão do mundo, onde temos a chance de nos
fantasiarmos de alguém que sempre desejamos ser.
Sexto Capítulo - As festas da ordem
As festas permitem descobrir oscilações entre uma visão alegre e
uma leitura soturna da vida, onde nem tudo pode ser considerado maravilhoso.
São nestas ocasiões que tomamos consciência de coisas gratificantes e
dolorosas.
Enquanto o carnaval busca ligar a casa, a rua e outro mundo propondo
a abertura de várias portas com objetivo de abolir todas as diferenças, os ritos
cívicos e religiosos buscam fazer o mesmo, mas com propostas diferentes. Já
no caso das festas da ordem as diferenças são mantidas, isso porque o que se
está celebrando são a própria ordem social, com suas diferenças e gradações,
seus poderes e hierarquias. Isto é visível na seguinte afirmação do autor (1986
p.55) “o carnaval promovendo a igualdade e a supressão de fronteiras, e as
festas cívicas e religiosas promovendo a sua glorificação e manutenção.”.
Conforme afirmação (1986 p.57)
Nas festas da ordem, a ênfase é sempre colocada na ordem, na
regularidade, na repetição, na marcha ordeira, no cântico cadenciado, no
controle do corpo...
Isso demonstra que as autoridades são o foco e que ao contrário do
carnaval você não possui a chance de tentar parecer ser alguém que você
realmente não é, isto é notório no exemplo dado pelo próprio autor (1986 p.58)
“..se a pessoa não tem qualquer autoridade ou posição social e faz parte
daquilo a que chamamos genericamente “povo”, é deste lado que deve ficar.”.
Roberto DaMatta faz com que se perceba que estas festas da ordem
estão presentes tanto em uma formatura quanto em um batizado, basta
possuírem um centro (que ao contrário do carnaval, é descentralizado), isso
nos mostra que tais festas são mais legitimadoras do que comemorativas, onde
o que se pretende comemorar é o mundo tal como ele é na sua forma
cotidiana.
Sétimo Capítulo - O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”
Neste capítulo, Roberto DaMatta atribui muita ênfase ao “jeitinho”
brasileiro, de tirar vantagem de uma desvantagem, quebrar leis, esticar prazos
e como ele mesmo cita “...famoso e antipático “sabe com quem está falando?”
seriam modos de enfrentar essas contradições e paradoxos de modo
tipicamente brasileiro.” Com isso o autor deixa bem claro que o brasileiro
sempre vai arrumar um jeito de se safar.
Como exemplo, DaMatta cita países como EUA, França e Inglaterra
onde as regras são obedecidas ou simplesmente não existem. O autor
demonstra que nessas sociedades há uma coerência entre as regras e as
práticas da vida diária o que resultam em uma boa civilização, disciplina e
ordem da nação. Ao contrário do que ocorre no Brasil que como o próprio autor
cita (1986 p.66) “os crimes admitem graus de execução, estando de acordo
com o princípio hierárquico que governa a sociedade.”.
O autor também faz comparações do “jeito” com a malandragem. Para
ele o “jeito” é a forma pacífica que encontramos para conciliar nossos
problemas (1986 p.66) “O “jeito” é um modo e um estilo de realizar.”. Já a
malandragem seria outro modo de conciliarmos nossos problemas, estando a
nossa disposição para utilizarmos quando julgarmos necessária, (1986 p.68) “O
malandro, portanto, seria um profissional do “jeitinho” e da arte de sobreviver
nas situações mais difíceis.”. Ou seja, alguém que mesmo em meio à
dificuldade da um “jeitinho” de satisfazer a própria vontade.
A malandragem do brasileiro não se justifica, mas tudo isso é uma
questão de como a sociedade é conduzida. A partir do momento em que um
cidadão desobedece às regras e não é punido de forma correta, os outros não
veem motivo para não fazer o mesmo já que estes possuem exemplos diários
de que burlar as regras pode sim trazer benefícios.
Oitavo Capítulo - Os caminhos para Deus
No último capítulo o autor diz que (1986 p.73)
Se na casa e na rua utilizamos o idioma do dinheiro e a linguagem das
cifras, dos números, dos salários, dos cálculos e das coisas práticas deste
mundo, no universo da religião estamos muito mais interessados em conversar
com Deus...
Ou seja, dentre os caminhos para se chegar a Deus, o foco é a religião.
Para o autor é como se a religião marcasse significativamente a vida de
cada um e proporcionasse um sentimento de comunhão com o universo todo.
Além disso, DaMatta acredita que a religião é um modo de ordenar o mundo.
Como ele mesmo diz (1896 p.74)
Assim, a religião pode explicar também por que existem ricos e pobres,
fortes e fracos, doentes e sãos, dando sentido pleno às diferenciações de
poder que percebemos como parte do nosso mundo social. Assim como há
uma diferenciação no Céu, haveria também uma diferenciação na terra, muito
embora, aos olhos do Criador, todos sejam singulares e amados igualmente.
O autor também diz que a religião oferece perguntas e respostas que
não podem ser respondidas pela ciência ou pela tecnologia.
Conforme o autor (1986 p.75)
A religião marca e ajuda a fixar momentos importantes na vida de todos
nós. Desse modo, nascimentos, batizados, crismas, comunhões, casamentos e
funerais – todos os momentos que assinalam dramaticamente uma crise de
vida e uma passagem na escala da existência social – são marcados pela
presença da religião.
Isso ocorre simplesmente pelo fato de que a religião tem a capacidade
de compreender algo complexo que não esta ao nosso alcance.
Ao desenrolar da história, Roberto DaMatta faz indagações de por que
se falar com Deus, e a esta pergunta cabem-se inúmeras respostas. Em um
país de política falha e de carnaval o ano inteiro, os brasileiros buscam
conversar com Deus na tentativa de uma salvação ou até mesmo da esperança
por um mundo melhor.

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  • 1. O que faz o brasil, Brasil? Roberto DaMatta Milena Dalsente Brasilidade II Primeiro Capítulo - O que faz o brasil, Brasil? A questão da identidade O livro gira em torno de uma incógnita, que possui inúmeras respostas, onde o autor faz comparações com o “brasil” escrito com letra minúscula, que para ele significa um objeto sem vida e o Brasil escrito com letra maiúscula, o qual se refere a algo mais complexo, com fronteiras e territórios, nossa real cultura. Roberto DaMatta atribui uma ênfase muito grande ao citar as características do jeitinho brasileiro. E é o nosso jeitinho malandro, a apreciação pelas festas e comidas típicas, por exemplo, que caracterizam nossa identidade cultural, algo que é visível em todos os lugares. Ao desenrolar da história o autor nos mostra que a identidade brasileira se constrói duplamente. Um destes modos seria utilizando dados estatísticos demográficos e econômicos, por exemplo. Já o outro modo se refere a tudo o que consideramos importante, nossa família, religião, moralidade, o nosso jeitinho onde podemos ver a nós mesmos como algo que vale a pena. E são essas atribuições que fazem do brasil, Brasil Conforme Roberto DaMatta (1986 p.13) Aqui, o que faz o brasil, Brasil não é mais a vergonha do regime ou a inflação galopante e “sem vergonha”, mas a comida deliciosa, a música envolvente, a saudade que humaniza o tempo e a morte, e os amigos que permitem resistir a tudo... Por fim, o autor demonstra com objetivo nos mostrar, ao longo da história, a diferença entre esses dois “Brasis” e como estes se ligam entre si formando aquilo que chamamos de “pátria”. Segundo Capítulo - A casa, a rua e o trabalho
  • 2. Logo no segundo capítulo, o autor faz uma comparação com a casa, à rua e o trabalho. DaMatta refere-se a casa como um lugar moral e não apenas algo físico para onde vamos após nossas rotinas. Para ele, é em casa onde encontramos desde as relações mais intimas da família até a vergonha que caracteriza uma residência, ou seja, um espaço de forte moral que contribui para sermos quem somos. Diferente da casa, que ordena um mundo à parte, para DaMatta a rua é um lugar de movimento que mostra a dura realidade da vida. Como citado pelo autor (1986 p. 20) No Brasil, casa e rua são como os dois lados de uma mesma moeda. O que se perde de um lado, ganha-se do outro o que é negado em casa – como o sexo e o trabalho –, tem-se na rua.” A rua complementa a casa e vice-versa e por isso “ser você mesmo pode ser perigoso. Porém, é na rua que encontramos o trabalho. Ação esta que os brasileiros veem como um castigo, onde damos de cara com a concorrência e a chefia. E é em meio a isso que surgem criticas e concepções como julgar aqueles que enriquecem facilmente sem o mínimo de esforço ou aqueles que abandonam seus próprios empregos para trabalharem para outros. Mas, o que o povo não percebe é que é possível enriquecer honestamente e ganhar dignidade neste local. O problema é que não podemos esperar muito de uma sociedade onde o trabalho escravo predominava, onde um tirava o trabalho de outro e todos viam o representante como um todo. O fato é que em meio a casa e a rua, o trabalho se torna algo difícil de compreender. Terceiro Capítulo - A ilusão das relações raciais Neste capítulo, DaMatta analisa a miscigenação das “raças” que alguns autores, como Agassiz, Buckle e CoutyQuarto veem como um problema na construção da nossa identidade brasileira. Em seguida, ele compara a relação social do Brasil com os EUA. Nos Estados Unidos existem diversas divisões como, por exemplo, há escolas para brancos e escolas para negros, ônibus para brancos e ônibus para negros, isso se dá devido à legislação rígida e racista presente no país. Já aqui no Brasil o que ocorre é a exclusão de um todo como citado pelo autor
  • 3. (1986 p.29) “Mas aqui, conforme sabemos, há uma radical exclusão de todas as categorias intermediárias...” a diferença é que aqui prevalece um triângulo racial ao contrário de lá que as raças se encontram cada uma em seu lugar. DaMatta acredita que vários valores discriminatórios foram impostos durante a nossa colonização o que leva o autor a concluir que o nosso preconceito é bem mais contextualizado do que o norte americano, que é direto e formal. Quarto Capítulo – Sobre comida e mulheres Neste capítulo o autor afirma que a sociedade se manifesta por vários espelhos e idiomas. Em nossa sociedade ganhamos destaque na comida e nas mulheres. Ao longo da história Roberto DaMatta discute os diversos significados que podem ser atribuídos a palavra comida e ao ato de comer e também faz comparações ao “cru e cozido”. Para ele, o cru está ligado à dureza dos fatos, as dificuldades que a sociedade enfrenta. Já o cozido refere- se á algo pronto e bem elaborado, algo que nos trás um conforto. Ao decorrer da história o autor nos diz que o que faz do Brasil, Brasil é toda essa mistura de raças e classes sociais através da comida, ou seja, são esses pratos e as nossas diversas formas de nos alimentar que nos diferenciam de outros países. Conforme DaMatta (1986 p.36) Para nós, brasileiros, nem tudo que alimenta é sempre bom ou socialmente aceitável. Do mesmo modo, nem tudo que é alimento é comida. Alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, comida é tudo que se come com prazer, de acordo com as regras mais sagradas de comunhão e comensalidade. O conceito de alimentar-se aqui no Brasil é de longe diferente de comer. Alimentar-se seria algo que comemos para sobreviver, enquanto por outro lado, comer é alquilo que é prazeroso, que amamos. O autor também faz uma analogia com as mulheres, as quais possuem um papel indispensável quando o assunto é comida. Assim como outras palavras, “comer” também pode ser interpretado de diversas maneiras. Ela pode se aplicar ao fato de comer uma comida ou comer alguém e são essas aplicações que DaMatta explica.
  • 4. Quinto Capítulo – O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer Neste capitulo, o autor busca explicações para entendermos de que forma o carnaval serve de teatro e prazer para o mundo. Como afirmado pelo autor (1986 p.47) Todos os sistemas constroem suas festas de muitos modos. No caso do Brasil, a maior e mais importante, mais livre e mais criativa, mais irreverente e mais popular de todas é, sem dúvida, o carnaval. De acordo com a perspectiva do livro entendemos que o carnaval cria situações onde várias coisas são possíveis e outras tantas devem ser evitadas. DaMatta define o carnaval como “liberdade” onde trocamos o dia pela noite, onde o uso de fantasias permite a troca de posição na qual você pode ser o que você quer, contrariando o uso de uniforme, que para o autor é usado no dia a dia para criar uma ordem. Além disso, o autor vê o carnaval como uma ocasião em que nossa vida monótona deixa de ser operativa e justamente em função disto, um momento extraordinário acaba surgindo. Em outro exemplo, refere-se a um momento onde podemos deixar de viver a vida como um castigo. Ou seja, o carnaval é basicamente uma inversão do mundo, onde temos a chance de nos fantasiarmos de alguém que sempre desejamos ser. Sexto Capítulo - As festas da ordem As festas permitem descobrir oscilações entre uma visão alegre e uma leitura soturna da vida, onde nem tudo pode ser considerado maravilhoso. São nestas ocasiões que tomamos consciência de coisas gratificantes e dolorosas. Enquanto o carnaval busca ligar a casa, a rua e outro mundo propondo a abertura de várias portas com objetivo de abolir todas as diferenças, os ritos cívicos e religiosos buscam fazer o mesmo, mas com propostas diferentes. Já no caso das festas da ordem as diferenças são mantidas, isso porque o que se está celebrando são a própria ordem social, com suas diferenças e gradações, seus poderes e hierarquias. Isto é visível na seguinte afirmação do autor (1986 p.55) “o carnaval promovendo a igualdade e a supressão de fronteiras, e as festas cívicas e religiosas promovendo a sua glorificação e manutenção.”.
  • 5. Conforme afirmação (1986 p.57) Nas festas da ordem, a ênfase é sempre colocada na ordem, na regularidade, na repetição, na marcha ordeira, no cântico cadenciado, no controle do corpo... Isso demonstra que as autoridades são o foco e que ao contrário do carnaval você não possui a chance de tentar parecer ser alguém que você realmente não é, isto é notório no exemplo dado pelo próprio autor (1986 p.58) “..se a pessoa não tem qualquer autoridade ou posição social e faz parte daquilo a que chamamos genericamente “povo”, é deste lado que deve ficar.”. Roberto DaMatta faz com que se perceba que estas festas da ordem estão presentes tanto em uma formatura quanto em um batizado, basta possuírem um centro (que ao contrário do carnaval, é descentralizado), isso nos mostra que tais festas são mais legitimadoras do que comemorativas, onde o que se pretende comemorar é o mundo tal como ele é na sua forma cotidiana. Sétimo Capítulo - O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho” Neste capítulo, Roberto DaMatta atribui muita ênfase ao “jeitinho” brasileiro, de tirar vantagem de uma desvantagem, quebrar leis, esticar prazos e como ele mesmo cita “...famoso e antipático “sabe com quem está falando?” seriam modos de enfrentar essas contradições e paradoxos de modo tipicamente brasileiro.” Com isso o autor deixa bem claro que o brasileiro sempre vai arrumar um jeito de se safar. Como exemplo, DaMatta cita países como EUA, França e Inglaterra onde as regras são obedecidas ou simplesmente não existem. O autor demonstra que nessas sociedades há uma coerência entre as regras e as práticas da vida diária o que resultam em uma boa civilização, disciplina e ordem da nação. Ao contrário do que ocorre no Brasil que como o próprio autor cita (1986 p.66) “os crimes admitem graus de execução, estando de acordo com o princípio hierárquico que governa a sociedade.”. O autor também faz comparações do “jeito” com a malandragem. Para ele o “jeito” é a forma pacífica que encontramos para conciliar nossos problemas (1986 p.66) “O “jeito” é um modo e um estilo de realizar.”. Já a malandragem seria outro modo de conciliarmos nossos problemas, estando a
  • 6. nossa disposição para utilizarmos quando julgarmos necessária, (1986 p.68) “O malandro, portanto, seria um profissional do “jeitinho” e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis.”. Ou seja, alguém que mesmo em meio à dificuldade da um “jeitinho” de satisfazer a própria vontade. A malandragem do brasileiro não se justifica, mas tudo isso é uma questão de como a sociedade é conduzida. A partir do momento em que um cidadão desobedece às regras e não é punido de forma correta, os outros não veem motivo para não fazer o mesmo já que estes possuem exemplos diários de que burlar as regras pode sim trazer benefícios. Oitavo Capítulo - Os caminhos para Deus No último capítulo o autor diz que (1986 p.73) Se na casa e na rua utilizamos o idioma do dinheiro e a linguagem das cifras, dos números, dos salários, dos cálculos e das coisas práticas deste mundo, no universo da religião estamos muito mais interessados em conversar com Deus... Ou seja, dentre os caminhos para se chegar a Deus, o foco é a religião. Para o autor é como se a religião marcasse significativamente a vida de cada um e proporcionasse um sentimento de comunhão com o universo todo. Além disso, DaMatta acredita que a religião é um modo de ordenar o mundo. Como ele mesmo diz (1896 p.74) Assim, a religião pode explicar também por que existem ricos e pobres, fortes e fracos, doentes e sãos, dando sentido pleno às diferenciações de poder que percebemos como parte do nosso mundo social. Assim como há uma diferenciação no Céu, haveria também uma diferenciação na terra, muito embora, aos olhos do Criador, todos sejam singulares e amados igualmente. O autor também diz que a religião oferece perguntas e respostas que não podem ser respondidas pela ciência ou pela tecnologia. Conforme o autor (1986 p.75) A religião marca e ajuda a fixar momentos importantes na vida de todos nós. Desse modo, nascimentos, batizados, crismas, comunhões, casamentos e funerais – todos os momentos que assinalam dramaticamente uma crise de vida e uma passagem na escala da existência social – são marcados pela presença da religião.
  • 7. Isso ocorre simplesmente pelo fato de que a religião tem a capacidade de compreender algo complexo que não esta ao nosso alcance. Ao desenrolar da história, Roberto DaMatta faz indagações de por que se falar com Deus, e a esta pergunta cabem-se inúmeras respostas. Em um país de política falha e de carnaval o ano inteiro, os brasileiros buscam conversar com Deus na tentativa de uma salvação ou até mesmo da esperança por um mundo melhor.