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Adolescência e alteridade   Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá. Ítalo Calvino
Narrador – Era uma vez uma rainha que vivia em um grande castelo. Ela tinha uma varinha mágica que fazia as pessoas bonitas ou feias, alegres ou tristes, vitoriosas ou fracassadas. Como todas as rainhas, ela tinha um espelho mágico. Um dia querendo avaliar sua beleza, também ela perguntou ao espelho. Rainha – Espelho, espelho meu, existe  alguém mais bonita do que eu?
ESPELHO- Minha rainha os tempos estão mudados. Esta não é uma resposta tão simples. Hoje em dia, para responder a sua pergunta eu preciso de alguns elementos mais claros. NARRADOR – atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só lhe ocorreu perguntar. RAINHA – como assim?! ESPELHO – veja bem. NARRADOR – Respondeu o espelho.
ESPELHO – em primeiro lugar, preciso saber por que vossa majestade fez essa pergunta, ou seja, o que pretende fazer com minha resposta. Pretende apenas levantar dados sobre ´seu ibope no castelo? Pretende examinar seu nível de beleza, comparando com o de outras pessoas, ou sua avaliação visa ao desenvolvimento de sua própria beleza, sem nenhum critério externo? É uma avaliação considerando a norma ou critérios predeterminados?  De toda forma, é preciso, ainda, que vossa majestade me diga se pretende fazer uma classificação dos resultados.
NARRADOR – e continuou o espelho: ESPELHO – além disso, eu preciso que vossa majestade me defina com que bases devo fazer essa avaliação. Devo considerar o peso, a altura, a cor dos olhos, o conjunto? Quem devo consultar para fazer essa análise? Por exemplo se consultar somente os moradores do castelo, vou ter uma resposta; por outro lado, se utilizar parâmetros nacionais, poderei ter outra resposta.  Entre a turma da copa ou mesmo entre os anões a Branca de Neve ganha estourado. Mas, se perguntar aos seus conselheiros, acha que minha rainha terá o primeiro lugar. Depois, ainda tem o seguinte.
NARRADOR  – continuou o espelho: ESPELHO  – como vou fazer essa avaliação? Devo utilizar análises continuadas? Posso utilizar alguma prova para verificar o grau dessa beleza? Utilizo a observação? NARRADOR - Finalmente concluiu o espelho: ESPELHO  – será que estou sendo justo? Tantos são os pontos a considerar...”
O que é alteridade? “ Estado, qualidade daquilo que é outro, distinto (antônimo de Identidade)”
Jodelet (1998) destaca que a questão da alteridade vem sendo tratada há muito tempo por uma diversidade de espaços intelectuais que vão desde a filosofia às ciências ditas humanas e sociais, sendo que a psicologia esteve ausente desse debate até a emergência da abordagem das representações sociais.
Se no passado o outro era de fato diferente, distante e compunha uma realidade diversa daquela de meu mundo, hoje, o longe é perto e o outro é também um mesmo, uma imagem do eu invertida no espelho, capaz de confundir certezas pois, não se trata mais de outros povos, outras línguas, outros costumes. O outro hoje, é próximo e familiar, mas não necessariamente é nosso conhecido. (Gusmão, 1999, pp. 44-45)
Para Vygotsky a existência de um eu só é possível via relações sociais e, ainda que singular, é sempre e necessariamente marcado pelo encontro permanente com os muitos outros que caracterizam a cultura. Cada pessoa, para Vygotski (2000, p. 33), é “ um agregado de relações sociais encarnadas num indivíduo”.
A sensação de alteridade - de distância ou separação de determinados outros - é praticamente um resultado inevitável da vida social Geramos realidades e moralidades dentro de grupos específicos- família, amizades, local de trabalho, contexto religioso Através de nossos interlocutores - explícita ou implìcitamente obtemos um idéia de quem somos, do que é real e do que é certo.
A importância do diálogo ,[object Object],[object Object]
A égide de um ideal único de supremacia faz nascer a intolerância a qualquer alteridade mais próxima, em função de resguardar o narcisismo. O diferente ao produzir um estranhamento fomenta impulsos hostis contra aqueles que ameaçam o espelho. O apagamento da diferença eu / outro, sob a bandeira da imagem idealizada parece, em nossa cultura, estar se transformando em um ideal de normatização social.
É nesta cultura que nega a alteridade e empobrecida simbolicamente, que o adolescente necessita buscar as referências que lhe permitam um suporte à construção de seus ideais. Desta forma, podemos afirmar que, uma cultura que toma o corpo como ideal máximo de perfeição, leva o adolescente à busca de um corpo idealizado o que não lhe permite transpor os muros do narcisismo.
Texto: Por uma valorização da alteridade.  Filme: Carruagens de fogo

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  • 1. Adolescência e alteridade Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá. Ítalo Calvino
  • 2. Narrador – Era uma vez uma rainha que vivia em um grande castelo. Ela tinha uma varinha mágica que fazia as pessoas bonitas ou feias, alegres ou tristes, vitoriosas ou fracassadas. Como todas as rainhas, ela tinha um espelho mágico. Um dia querendo avaliar sua beleza, também ela perguntou ao espelho. Rainha – Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?
  • 3. ESPELHO- Minha rainha os tempos estão mudados. Esta não é uma resposta tão simples. Hoje em dia, para responder a sua pergunta eu preciso de alguns elementos mais claros. NARRADOR – atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só lhe ocorreu perguntar. RAINHA – como assim?! ESPELHO – veja bem. NARRADOR – Respondeu o espelho.
  • 4. ESPELHO – em primeiro lugar, preciso saber por que vossa majestade fez essa pergunta, ou seja, o que pretende fazer com minha resposta. Pretende apenas levantar dados sobre ´seu ibope no castelo? Pretende examinar seu nível de beleza, comparando com o de outras pessoas, ou sua avaliação visa ao desenvolvimento de sua própria beleza, sem nenhum critério externo? É uma avaliação considerando a norma ou critérios predeterminados? De toda forma, é preciso, ainda, que vossa majestade me diga se pretende fazer uma classificação dos resultados.
  • 5. NARRADOR – e continuou o espelho: ESPELHO – além disso, eu preciso que vossa majestade me defina com que bases devo fazer essa avaliação. Devo considerar o peso, a altura, a cor dos olhos, o conjunto? Quem devo consultar para fazer essa análise? Por exemplo se consultar somente os moradores do castelo, vou ter uma resposta; por outro lado, se utilizar parâmetros nacionais, poderei ter outra resposta. Entre a turma da copa ou mesmo entre os anões a Branca de Neve ganha estourado. Mas, se perguntar aos seus conselheiros, acha que minha rainha terá o primeiro lugar. Depois, ainda tem o seguinte.
  • 6. NARRADOR – continuou o espelho: ESPELHO – como vou fazer essa avaliação? Devo utilizar análises continuadas? Posso utilizar alguma prova para verificar o grau dessa beleza? Utilizo a observação? NARRADOR - Finalmente concluiu o espelho: ESPELHO – será que estou sendo justo? Tantos são os pontos a considerar...”
  • 7. O que é alteridade? “ Estado, qualidade daquilo que é outro, distinto (antônimo de Identidade)”
  • 8. Jodelet (1998) destaca que a questão da alteridade vem sendo tratada há muito tempo por uma diversidade de espaços intelectuais que vão desde a filosofia às ciências ditas humanas e sociais, sendo que a psicologia esteve ausente desse debate até a emergência da abordagem das representações sociais.
  • 9. Se no passado o outro era de fato diferente, distante e compunha uma realidade diversa daquela de meu mundo, hoje, o longe é perto e o outro é também um mesmo, uma imagem do eu invertida no espelho, capaz de confundir certezas pois, não se trata mais de outros povos, outras línguas, outros costumes. O outro hoje, é próximo e familiar, mas não necessariamente é nosso conhecido. (Gusmão, 1999, pp. 44-45)
  • 10. Para Vygotsky a existência de um eu só é possível via relações sociais e, ainda que singular, é sempre e necessariamente marcado pelo encontro permanente com os muitos outros que caracterizam a cultura. Cada pessoa, para Vygotski (2000, p. 33), é “ um agregado de relações sociais encarnadas num indivíduo”.
  • 11. A sensação de alteridade - de distância ou separação de determinados outros - é praticamente um resultado inevitável da vida social Geramos realidades e moralidades dentro de grupos específicos- família, amizades, local de trabalho, contexto religioso Através de nossos interlocutores - explícita ou implìcitamente obtemos um idéia de quem somos, do que é real e do que é certo.
  • 12.
  • 13. A égide de um ideal único de supremacia faz nascer a intolerância a qualquer alteridade mais próxima, em função de resguardar o narcisismo. O diferente ao produzir um estranhamento fomenta impulsos hostis contra aqueles que ameaçam o espelho. O apagamento da diferença eu / outro, sob a bandeira da imagem idealizada parece, em nossa cultura, estar se transformando em um ideal de normatização social.
  • 14. É nesta cultura que nega a alteridade e empobrecida simbolicamente, que o adolescente necessita buscar as referências que lhe permitam um suporte à construção de seus ideais. Desta forma, podemos afirmar que, uma cultura que toma o corpo como ideal máximo de perfeição, leva o adolescente à busca de um corpo idealizado o que não lhe permite transpor os muros do narcisismo.
  • 15. Texto: Por uma valorização da alteridade. Filme: Carruagens de fogo