O documento descreve a vida e obra do escritor brasileiro Alcântara Machado, nascido em 1901. Ele iniciou sua carreira como jornalista e viajou para a Europa em 1925, onde se inspirou para escrever crônicas que resultaram em seu primeiro livro. Sua principal obra foi "Brás, Bexiga e Barra Funda", publicada em 1927, que homenageava os imigrantes italianos em São Paulo através de cenas rápidas e composições híbridas entre conto, crônica e texto jornalíst
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Alcântara Machado
1. Alcântara
Machado
Gabriel Martinelli
"Este livro não nasceu livro: nasceu jornal. Estes contos não nasceram contos: nasceram
notícias. E este prefácio portanto também não nasceu prefácio: nasceu artigo de fundo".
Alcântara Machado
2. Como tudo começou...
• Nasceu em 1901 em São José do Mauá,
família de italianos e escritores.
• Formou-se em direito, mas não queria
seguir a profissão.
• Iniciou a carreira de jornalista, na qual
chegou a ocupar o cargo de redator-
chefe do Jornal do Comércio.
• No ano de 1925, viajou à Europa, e de
onde se inspirou para escrever crônicas e
reportagens que viriam a dar origem ao
seu primeiro livro " A volta dos que não
foram ", Pathé-Baby.
3. • Impregnou-se das ideias de vanguarda e
assumiu ostensiva posição de combate pela
renovação literária, ao lado de Oswald de
Andrade, como redator da Revista de
Antropofagia.
• Escreve, em 1927, sua principal obra: Brás,
Bexiga e Barra Funda.
• Juntou-se então, em 1931, com Mário de
Andrade e dirigiram mais uma publicação,
a Revista Nova.
• Morreu em 1931, com 34 anos, quando
estava sendo operado de uma crise aguda
de apendicite.
4. Características
• Em sua obra ele tece uma imagem crítica;
• Cenas rápidas, assemelhando-se a fotos
instantâneas;
• Reconstrução da cena pelo leitor;
• Composição híbrida entre conto, crônica e texto
jornalístico;
• Sem preocupação com o acúmulo de
informações;
5. Obras
• Pathé-Baby (1926)
• Brás, Bexiga e Barra Funda (1927)
• Laranja da China (1928)
• Mana Maria (inacabado)
• Cavaquinho e saxofone (1940, póstuma)
6. Brás, Bexiga e Barra funda
• Homenageia os imigrantes italianos, seus cantos,
maneiras de falar, alegria e movimentações pela
cidade de São Paulo.
• Ao pisarem o solo brasileiro, carregam a força do
trabalho e a vontade de se saírem bem na nova
terra.
• Ao se adaptarem, misturam-se de forma
espontânea, a ponto de se confundirem com a
paisagem.
7. Problemática e temas
principais
• A luta do Italiano pobre para conseguir seu
dinheiro
• Ascensão social do italiano
• Integração do italiano com o brasileiro
• Nomes de firmas ou de lojas que deixaram de existir
(vestido do Camilo, Ao Chic Parisiense);
• Referências a fatos ou acontecimentos que
desapareceram da memória de quase todo
mundo.
8. Trecho da obra
“A menina rica viu o enlevo e a inveja da Lisetta. E deu de brincar com o
urso. Mexeu-lhe com o toquinho do rabo: e a cabeça do bicho virou para a esquerda,
depois para a direita, olhou para cima, depois para baixo. Lisetta acompanhava a
manobra. Sorrindo fascinada. E com um ardor nos olhos! O pirulito perdeu
definitivamente toda a importância.
Agora são as pernas que sobem e descem, cumprimentam, se cruzam, batem umas
nas outras.
— As patas também mexem, mamã. Olha lá!
— Stai ferma! (Esperai)
Lisetta sentia um desejo louco de tocar no ursinho. Com jeito, procurou alcançá-lo. A
menina rica percebeu, encarou a coitada com raiva, fez uma careta horrível e apertou
contra o peito o bichinho que custara cinquenta mil-réis na Casa São Nicolau.
— Deixa pegar um pouquinho, um pouquinho só nele, deixa?
— Ah!
— Scusi, senhora. Desculpe por favor. A senhora sabe, essas crianças são muito levadas.
Scusi. Desculpe.
A mãe da menina rica não respondeu. Ajeitou o chapeuzinho da filha, sorriu para o
bicho, fez uma carícia na cabeça dele, abriu a bolsa e olhou o espelho.
Dona Mariana, escarlate de vergonha, murmurou no ouvido da filha:
— In casa me lo pagherai!”(Em casa você me paga!)