3. Antes da Revolução Industrial, a actividade
produtiva era artesanal e manual (daí o termo
manufactura), no máximo com o emprego de
algumas máquinas simples. Dependendo da
escala, grupos de artesãos podiam organizar-se e
dividir algumas etapas do processo, mas muitas
vezes um mesmo artesão cuidava de todo o
processo, desde a obtenção da matéria-prima até à
comercialização do produto final. Esses trabalhos
eram realizados em oficinas nas casas dos próprios
artesãos e os profissionais da época dominavam
muitas (se não todas) etapas do processo
produtivo.
4.
5. A produção manual que antecede à Revolução
Industrial conheceu duas etapas bem definidas,
dentro do processo de desenvolvimento do
capitalismo:
O artesanato foi a forma de produção industrial
característica da Baixa Idade Média, durante o
renascimento urbano e comercial, sendo
representado por uma produção de carácter familiar,
na qual o produtor (artesão) possuía os meios de
produção (era o proprietário da oficina e das
ferramentas) e trabalhava com a família na sua
própria casa, realizando todas as etapas da
produção, desde a preparação da matéria-prima, até
ao acabamento final; ou seja não havia divisão do
trabalho ou especialização para a confecção de
algum produto. Em algumas situações o artesão
tinha consigo um ajudante, porém não assalariado,
pois realizava o mesmo trabalho pagando uma
“taxa” pela utilização das ferramentas.
6. A manufactura, que predominou ao longo da
Idade Moderna e na Antiguidade Clássica,
resultou da ampliação do mercado consumidor
com o desenvolvimento do comércio monetário.
Nesse momento, já ocorre um aumento na
produtividade do trabalho, devido à divisão
social da produção, onde cada trabalhador
realizava uma etapa na confecção de um único
produto. A ampliação do mercado consumidor
relaciona-se directamente ao alargamento do
comércio, tanto em direcção ao oriente como em
direcção à América. Outra característica desse
período foi a interferência do capitalista no
processo produtivo, passando a comprar a
matéria-prima e a determinar o ritmo de
produção.
7. As primeiras máquinas a vapor foram construídas na
Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a
água acumulada nas minas de ferro e de carvão e
fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a
produção de mercadorias aumentou muito. E os
lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram
na mesma proporção. Por isso, os empresários
ingleses começaram a investir na instalação de
indústrias.
8. Newcomen inventou uma máquina a vapor que mais tarde
foi aperfeiçoada por James Watt
Máquina a vapor numa mina de carvão séc. XVIII
9. As fábricas espalharam-se rapidamente pela Inglaterra
e provocaram mudanças tão profundas que os
historiadores actuais chamam aquele período de
Revolução Industrial. O modo de vida e a
mentalidade de milhões de pessoas transformaram-
se a uma velocidade espantosa. O mundo novo do
capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança
incessante triunfou. As máquinas a vapor
bombeavam a água para fora das minas de carvão.
Eram tão importantes quanto as máquinas que
produziam tecidos.
11. As carruagens viajavam a 12 km/h e os
cavalos, quando se cansavam, tinham de ser
trocados durante o percurso. Um comboio da
época alcançava 45 km/h e podia seguir
centenas de quilómetros. Assim, a Revolução
Industrial tornou o mundo mais veloz. Como
essas máquinas substituíam a força dos
cavalos, convencionou-se em medir a potência
desses motores em HP (do inglês horse power
ou cavalo-força).
12. George Stephenson concluiu uma locomotiva a
vapor, e inaugura a primeira ferrovia, entre
Darlington e Stockton-on-Tees, na Grã-Bretanha.
13. Com a Revolução Industrial os trabalhadores
perderam o controlo do processo produtivo, uma
vez que passaram a trabalhar para um patrão (na
qualidade de empregados ou operários), perdendo
a posse da matéria-prima, do produto final e do
lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar
máquinas que pertenciam aos donos dos meios de
produção os quais passaram a receber todos os
lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou
conhecido por maquinofactura.
14. Esse momento de passagem marca o ponto
culminante de uma evolução tecnológica,
económica e social que se vinha processando na
Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos
países onde a Reforma Protestante tinha
conseguido destronar a influência da Igreja
Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia.
Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução
Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num
esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos
países mais avançados tecnologicamente: os países
protestantes.
15. Na esfera social, a principal consequência da
revolução foi a transformação nas condições de
vida nos países industriais em relação aos
outros países da época, havendo uma mudança
progressiva das necessidades de consumo da
população conforme novas mercadorias foram
sendo produzidas.
16. A Revolução Industrial alterou profundamente as
condições de vida do trabalhador , provocando
inicialmente um intenso deslocamento da
população rural para as cidades. Criando enormes
concentrações urbanas; a população de Londres
cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais
de 5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o
início da Revolução Industrial, os operários viviam
em condições horríveis. Muitos dos trabalhadores
tinham um quarto como moradia e ficavam
submetidos a jornadas de trabalho que chegavam
até a 80 horas por semana. O salário era medíocre
(em torno de 2.5 vezes o nível de subsistência) e
tanto mulheres como crianças também
trabalhavam, recebendo um salário ainda menor.
17.
18. A produção em larga escala e dividida em etapas iria
distanciar cada vez mais o trabalhador do produto
final, já que cada grupo de trabalhadores passava a
dominar apenas uma etapa da produção, mas a sua
produtividade ficava maior. Como a sua produtividade
aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses
aumentaram em mais de 300% entre 1800 até 1870.
Devido ao progresso ocorrido nos primeiros 90 anos de
industrialização, em 1860 a jornada de trabalho na
Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais
(10 horas diárias em cinco dias de trabalho por
semana).
Horas de trabalho por semana para trabalhadores adultos nas indústrias
têxteis:
1780 - Em torno de 80 horas por semana
1820 - 67 Horas por semana
1860 - 53 Horas por semana
2007 - 46 Horas por semana
19. A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na
Europa devido a três factores:
1) Os comerciantes e os mercadores europeus eram
vistos como os principais manufacturadores e
comerciantes do mundo, detendo ainda a
confiança e reciprocidade dos governantes quanto
à manutenção da economia dos seus estados;
2) A existência de um mercado em expansão para os
seus produtos, tendo a Índia, a África, a América
do Norte e a América do Sul sido integradas ao
esquema da expansão económica europeia; e
3) O contínuo crescimento de sua população, que
oferecia um mercado sempre crescente de bens
manufacturados, além de uma reserva adequada (e
posteriormente excedente) de mão-de-obra.
20. A partir da Revolução Industrial o volume de
produção aumentou extraordinariamente: a
produção de bens deixou de ser artesanal e passou
a ser maquinofacturada; as populações passaram a
ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se
para os centros urbanos em busca de trabalho. As
fábricas passaram a concentrar centenas de
trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho
em troca de um salário.
21. Outra das consequências da Revolução Industrial
foi o rápido crescimento económico. Antes dela, o
progresso económico era sempre lento (levavam
séculos para que a renda per capita aumentasse
sensivelmente), e após, a renda per capita e a
população começaram a crescer de forma
acelerada nunca antes vista na história. Por
exemplo, entre 1500 e 1780 a população da
Inglaterra aumentou de 3,5 milhões para 8,5, já
entre 1780 e 1880 ela saltou para 36 milhões,
devido à drástica redução da mortalidade infantil.
22. A Revolução Industrial alterou completamente a
maneira de viver das populações dos países que se
industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e
artesãos, e tornaram-se cada vez maiores e mais
importantes.
Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez
num grande país, havia mais pessoas a viver em
cidades do que no campo. Nas cidades, as pessoas mais
pobres aglomeravam-se em subúrbios de casas velhas e
desconfortáveis, se comparadas com as habitações dos
países industrializados hoje em dia. Mas
representavam uma grande melhoria se comparadas às
condições de vida dos camponeses, que viviam em
choupanas de palha. Conviviam com a falta de água
encanada, com os ratos, o esgoto formando riachos nas
ruas esburacadas.
23. O trabalho do operário era muito diferente do
trabalho do camponês: tarefas monótonas e
repetitivas. A vida na cidade moderna significava
mudanças incessantes. A cada instante, surgiam
novas máquinas, novos produtos, novos gostos,
novas modas.
24. As fábricas do início da Revolução Industrial não
apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As
condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes
com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários
recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e
chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino.
Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia
e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não
havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias,
décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso
semanal remunerado ou qualquer outro benefício.
Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de
auxílio e passavam por situações de precariedade.
25. A Revolução tornou os métodos de produção mais
eficientes.
Os produtos passaram a ser produzidos mais
rapidamente, baixando o preço e estimulando o
consumo. Por outro lado, aumentou também o
número de desempregados. As máquinas foram
substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana.
A poluição ambiental, o aumento da poluição
sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado
das cidades também foram consequências nocivas
para a sociedade.
26. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes
problemas nos países em desenvolvimento. Gerar
empregos tem se tornado um dos maiores desafios
de governos no mundo todo. Os empregos
repetitivos e pouco qualificados foram substituídos
por máquinas e robôs. As empresas procuram
profissionais bem qualificados para ocuparem
empregos que exigem cada vez mais criatividade e
múltiplas capacidades. Mesmo nos países
desenvolvidos tem faltado empregos para a
população.