O documento discute a comunicação linguística e as informações implícitas. Apresenta os conceitos de pragmática, pressupostos e subentendidos. Explica que a pragmática estuda a relação entre línguas e uso, e que pressupostos trazem informações marcadas lexicalmente enquanto subentendidos são sugeridos pelo contexto.
2. Linguagem e comunicação
A comunicação linguística é sempre motivada pela
interação social em que acontece e não existe fora de um
contexto particular.
Sempre que produzimos ou interpretamos um enunciado,
nos valemos de conhecimentos e informações que vão além
do significado das expressões constantes nas frases que
formam o enunciado.
A frase “Pa s s e m uito be m !”, por exemplo, pode adquirir
significados totalmente diferentes dependendo do contexto
em que for empregada.
3. Pragmática: objeto de estudo
Nossas escolhas de linguagem são reguladas pelo
conhecimento de regras e princípios da língua em
situação de uso, que estão para além do conhecimento
gramatical.
Esses princípios reguladores da atividade verbal são o
objeto de estudo da Pragmática, uma área da Linguística,
nascida a partir de estudos de filósofos da linguagem.
A Pragmática, portanto, tem por objetivo estudar a relação
existente entre as línguas enquanto sistemas formais e a
sua atualização em situações de uso.
4. Pragmática: fatores de contexto
Os significados pragmáticos surgem de fatores linguísticos
ou não linguísticos, envolvidos na situação de produção dos
enunciados, como:
o que é dito, o modo como é dito e a intenção com que é
dito;
o posicionamento físico;
os papéis sociais, as identidades, as atitudes, os
comportamentos e crenças dos participantes;
a relação entre os participantes;
a localização espacial e temporal dos participantes.
Esses fatores dependem, portanto, do contexto de situação e
do contexto de cultura em que a interação acontece
5. Informações Implícitas
As informações implícitas são percebidas não pelo
significado das expressões usadas nas frases, mas por
dados do contexto em que a interação acontece.
Essas informações podem ficar marcadas gramaticalmente
nas frases ou apenas sugeridas pela situação.
Essa distinção marca dois tipos de enunciados implícitos:
pressupostos e subentendidos
6. Pressupostos
Os pressupostos, embora tragam informações
implícitas, são marcados lexicalmente na
frase.
As informações implícitas decorrem de
palavras ou expressões contidas na frase,
verdadeiras ou admitidas como tal – são os
marcadores de pressuposição.
7. Marcadores de pressupostos
Adjetivos:
André é o meu filho mais e s p e rto .
Verbos que indicam mudança ou permanência de
estado:
Renato c o ntinua emagrecendo.
Advérbios:
A produção agropecuária está to ta lm e nte nas mãos
dos brasileiros.
8. Marcadores de pressupostos
orações adjetivas:
Os brasileiros, q ue nã o s e im p o rtam c o m a
c o le tivid a d e , só se preocupam com o seu
bem-estar e, por isso, jogam lixo na rua,
fecham os cruzamentos, etc.
conjunções:
Freqüentei a Universidade, m a s aprendi
bastante
9. Subentendidos
Os subentendidos são insinuações não marcadas
lexicalmente. São produzidos durante a interação, por
conhecimentos partilhados entre os participantes.
As informações não são ditas, mas apenas sugeridas,
como na frase:
“O m é rito e a c a p a c id a d e nã o s ã o s e m p re le va d o s e m
c o nta . ”
quando dirigida a uma pessoa que tenha acabado de
receber uma promoção.
10. Pressupostos e subentendidos em textos
multimodais
Fonte: Josué Marcos de Oliveira Brazil
Pressuposto, subentendido e ironia no texto publicitário de outdoor, in COMU – Revista Acadêmica do Departamento de
Comunicação Social da Unitau, http://www.csonlineunitau.com.br/comu/artigo10.html
11. Pressupostos e subentendidos em textos
multimodais
"Ninguém resiste "Agora a beleza está em suas mãos" a lábios hidratados. Nem você"
Fonte: Neusa Fumie Nishida
A Responsabilidade Social na Propaganda Feminina, acessado em:
http://www.comtexto.com.br/2convicomartigoNeusaNishida.htm
12. Considerações finais
O falante/escritor não pode negar que tenha
querido transmitir a informação expressa pelo
pressuposto, mas pode negar que tenha
desejado transmitir a informação expressa
pelo subentendido.
Extraído e adaptado de “Lições de Texto”,
Platão e Fiorin, ed. ática, 2003.