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PODER E SOLIDARIEDADE NA
LINGUAGEM

Comunicação Empresarial II
Prof. Taïs Bressane
Relações de poder na
linguagem
As
interações
sociais
dependem
do
reconhecimento e da atribuição de papéis
sociais entre os participantes de qualquer
evento comunicativo.
O falante reconhece instintivamente o tipo de
papel social instaurado por uma situação e o
efeito que esse papel produz na forma de usar
a linguagem verbal.
Dimensões de poder
A relação dos papéis estabelecidos entre os
interlocutores pode ser compreendida por vários
fatores ligados a quatro dimensões:






status
contato
envolvimento afetivo
filiação
status
Pode variar numa escala contínua cujos
extremos vão do status igual ao status
desigual.
Status desigual
As interações com statusdesigual podem ser
ocasionadas não apenas por diferenças
econômicas, mas também por fatores como:




forçaou autoridade, por ex. em interações entre pares
hierarquicamente diferentes;
especialização: posição diferente em relação ao
domínio de conhecimento;
símbolos de statusrepresentados por uma gama
imensa não só de objetos de desejo, como de
profissões, nível de educação, viagens, local de
residência, etc.
Contato
O contato pode variar numa escala cujos
extremos vão do contato ocasional ou
freqüente.
Envolvimento Afetivo
Pode ser disposto em escala contínua, cujos
extremos são colocados em termos de
envolvimento afetivo alto ou baixo.
Filiação
Refere-se à extensão com que nos identificamos com os
valores e crenças dos interlocutores em contextos
sociais diferentes como
família, trabalho, vizinhos, passageiros de ônibus, etc.

Podemos estar altamente filiados a um grupo, como um
pastor à sua igreja, ou em busca de filiação, como um
estudante que acaba de ingressar na escola e pouco
Impacto na linguagem


situação informal: status igual, contato
freqüente, envolvimento afetivo e filiação
altos;



situação formal: status desigual, contato
ocasional, envolvimento afetivo e filiação
baixos.
Impacto na linguagem:
situação informal

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

interrupções nos turnos e sobreposição de fala;
tendência ao uso de expressões atitudinais (eu
acho, eu quero);
modalizações para expressar opinião (é óbvio, é
claro, etc) e probabilidade;
Emprego de gírias, apelidos, formas abreviadas de
itens lexicais como moto, metrô; emprego de
diminutivos (cafezinho, lanchinho) e de superlativos
(chiquérrimo, super importante, etc.).
Impacto na linguagem:
situação formal






tomadas de turno cuidadosas, evita-se a
sobreposição de fala;
tendência a não demonstrar atitudes e opiniões ou
expressá-las em linguagem objetiva com
modalizações para expressar respeito e sugestão
(pode ser, parece, tudo indica, etc).
não há uso de gírias ou apelidos, os itens lexicais
aparecem em sua forma completa sem abreviaturas
ou diminutivos e há o emprego de expressões de
polidez (por favor, obrigado), de pronomes de
tratamento e de títulos antecedendo os nomes.
Referências Bibliográficas
DIAMOND, J. 1996. Status and Power in Verbal
Interaction. A study of Discourse in a Close-Knit
Social Network. J. B. Publishing
Company, Amsterdam/Philadelphia
EGGINS, S. e SLADE, D.1997. Analysing Casual
Conversation. Cassel, London.
FAIRCLOUGH, N. 1989. Language and Power.
Longman, London and N. York.
FOWLER, R., HODGE, B., KRESS, G. & TREW, T.
1979 Language and Control. Routledge & Kegan
Paul, Londres

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Poder e Solidariedade na Linguagem

  • 1. PODER E SOLIDARIEDADE NA LINGUAGEM Comunicação Empresarial II Prof. Taïs Bressane
  • 2. Relações de poder na linguagem As interações sociais dependem do reconhecimento e da atribuição de papéis sociais entre os participantes de qualquer evento comunicativo. O falante reconhece instintivamente o tipo de papel social instaurado por uma situação e o efeito que esse papel produz na forma de usar a linguagem verbal.
  • 3. Dimensões de poder A relação dos papéis estabelecidos entre os interlocutores pode ser compreendida por vários fatores ligados a quatro dimensões:     status contato envolvimento afetivo filiação
  • 4. status Pode variar numa escala contínua cujos extremos vão do status igual ao status desigual.
  • 5. Status desigual As interações com statusdesigual podem ser ocasionadas não apenas por diferenças econômicas, mas também por fatores como:    forçaou autoridade, por ex. em interações entre pares hierarquicamente diferentes; especialização: posição diferente em relação ao domínio de conhecimento; símbolos de statusrepresentados por uma gama imensa não só de objetos de desejo, como de profissões, nível de educação, viagens, local de residência, etc.
  • 6. Contato O contato pode variar numa escala cujos extremos vão do contato ocasional ou freqüente.
  • 7. Envolvimento Afetivo Pode ser disposto em escala contínua, cujos extremos são colocados em termos de envolvimento afetivo alto ou baixo.
  • 8. Filiação Refere-se à extensão com que nos identificamos com os valores e crenças dos interlocutores em contextos sociais diferentes como família, trabalho, vizinhos, passageiros de ônibus, etc. Podemos estar altamente filiados a um grupo, como um pastor à sua igreja, ou em busca de filiação, como um estudante que acaba de ingressar na escola e pouco
  • 9. Impacto na linguagem  situação informal: status igual, contato freqüente, envolvimento afetivo e filiação altos;  situação formal: status desigual, contato ocasional, envolvimento afetivo e filiação baixos.
  • 10. Impacto na linguagem: situação informal     interrupções nos turnos e sobreposição de fala; tendência ao uso de expressões atitudinais (eu acho, eu quero); modalizações para expressar opinião (é óbvio, é claro, etc) e probabilidade; Emprego de gírias, apelidos, formas abreviadas de itens lexicais como moto, metrô; emprego de diminutivos (cafezinho, lanchinho) e de superlativos (chiquérrimo, super importante, etc.).
  • 11. Impacto na linguagem: situação formal    tomadas de turno cuidadosas, evita-se a sobreposição de fala; tendência a não demonstrar atitudes e opiniões ou expressá-las em linguagem objetiva com modalizações para expressar respeito e sugestão (pode ser, parece, tudo indica, etc). não há uso de gírias ou apelidos, os itens lexicais aparecem em sua forma completa sem abreviaturas ou diminutivos e há o emprego de expressões de polidez (por favor, obrigado), de pronomes de tratamento e de títulos antecedendo os nomes.
  • 12. Referências Bibliográficas DIAMOND, J. 1996. Status and Power in Verbal Interaction. A study of Discourse in a Close-Knit Social Network. J. B. Publishing Company, Amsterdam/Philadelphia EGGINS, S. e SLADE, D.1997. Analysing Casual Conversation. Cassel, London. FAIRCLOUGH, N. 1989. Language and Power. Longman, London and N. York. FOWLER, R., HODGE, B., KRESS, G. & TREW, T. 1979 Language and Control. Routledge & Kegan Paul, Londres