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       revista educação

                                       CONCEITOS CENTRAIS DE VYGOSTKY:
                                          IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

                                          VYGOTSKY’S CENTRAL CONCEPTS:
                                            PEDAGOGICAL IMPLICATIONS

                                                           Cláudia Bertoni FITTIPALDI



         RESUMO: Os conceitos de zona de desenvolvimento próximo, internalização e linguagem são vitais na
         perspectiva histórico-cultural. A compreensão desses conceitos, por sua vez, pode auxiliar o trabalho
         pedagógico. Assim, o objetivo deste artigo é analisar esses três conceitos centrais de Vygotsky e as
         implicações pedagógicas decorrentes, almejando, Dessa forma, contribuir para as reflexões sobre
         educação.

         ABSTRACT: Concepts of impending development zone, internalization and language are vital in a historical-
         cultural perspective. Comprehension of these concepts, on the other hand may support pedagogic work. Thus,
         the purpose of this article is to analyse these three Vygotsky’s central concepts and the following pedagogical
         implications, hence aiming to contribute to reflections on education.

         Palavras-chave: Vygotsky; zona de desenvolvimento próximo, internalização e linguagem.

         Keywords: Vygotsky; impending development zone, internalisation and language.

        As obras de Vygotsky foram introduzidas no Bra-                          tipicamente humanas, como a memória voluntária, a
sil a partir da década de 80, passando a trazer implica-                         imaginação, o comportamento voluntário, o pensa-
ções para a área da educação. No entanto, é preciso                              mento abstrato e a atenção voluntária, está intima-
Dessacar, como lembra Davis (1993), que Vygotsky é                               mente ligado ao contexto sociocultural em que a pes-
um teórico do desenvolvimento e, sendo assim, faz-                               soa está inserida (LEITE, 1991).
se necessário derivar de suas propostas uma teoria                                      De acordo com essa ótica, três conceitos se
da aprendizagem, para que se possa elaborar uma                                  apresentam como primordiais; antes, porém, de dis-
teoria de ensino verdadeiramente interacionista. Para                            cuti-los, vale a pena ressaltar que os conceitos aqui
tanto, a compreensão dos conceitos centrais da teoria                            apresentados foram analisados separadamente ape-
vygotskyana se torna essencial.                                                  nas para fins didáticos, mas é preciso ter em mente
        Vygotsky preocupou-se em conhecer como o                                 que eles se articulam, não sendo de forma alguma
homem constrói cultura. Para isso, analisou o homem                              conceitos estanques.
em seu contexto sociocultural, o sujeito enraizado na
história para poder compreender sua constituição en-                                      CONCEITOS CENTRAIS DE VYGOTSKY
quanto sujeito.
        A perspectiva histórico-cultural de Vygotsky                             1. Zona de Desenvolvimento Próximo:
tem como pressuposto que o desenvolvimento das
Funções Psicológicas Superiores (FPS), funções estas                                       Vygotsky (1934/2001) salienta que o desenvol-

                             Professora do curso de Pedagogia da Universidade Guarulhos Unidade V – Av. Anton Philips, 01, Vila
                            Hermínia – Guarulhos – São Paulo – CEP: 07030-010 – (0__11) 6424-1616; Pedagoga; Psicopedagoga;
                            mestre em Psicologia da Educação pela PUCSP e doutoranda em Psicologia da Educação pela PUCSP.
                                                              Contato: clabertoni@ig.com.br




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       revista educação

vimento das Funções Psicológicas Superiores ocorre        zinho, mas é capaz de realizar com a ajuda de alguém
a partir da relação homem/mundo, relação esta que         mais experiente. Entre esses dois níveis, situa-se a
não é direta, mas mediada por instrumentos e signos       zona do desenvolvimento próximo, ou seja, distância,
desenvolvidos culturalmente.                              metafórica, entre o nível de desenvolvimento real e o
       Sob essa perspectiva, Oliveira (1993) explica      nível de desenvolvimento próximo, ou melhor dizendo,
que para Vygotsky, os instrumentos funcionam como         o percurso a ser feito entre o que o indivíduo já domina
fatores externos no desenvolvimento cognitivo, auxi-      e o que está em processo de consolidação.
liando na transformação e controle da natureza, regu-            Dentro desse contexto, o professor precisa es-
lando as ações sobre os objetos. O homem produz           tar atento aos níveis de desenvolvimento dos seus
instrumentos para realizar determinadas tarefas e ain-    alunos, conhecer o que este já consolidou, em termos
da é capaz de guardá-los para usá-los posteriormente,     de aprendizagens e conhecimentos, e o que está em
bem como, de transmitir sua função a outros. Como         processo de consolidação, para que possa fazer uma
instrumentos podem ser citados a pá, o machado, a         intervenção pedagógica adequada.
canoa, entre outros. Existem também os instrumentos
que atuam como fatores internos – os signos – que         2. Internalização
regulam as ações das pessoas, sendo os representan-
tes mentais de objetos, situações, eventos, etc.                 Vygotsky (1930/1994) ressalta que o desenvol-
       De acordo com essa concepção, o real é cons-       vimento ontogenético (pessoal) é produto da apren-
truído a partir da relação do homem com o meio media-     dizagem, das interações entre o sujeito que aprende
do pelos instrumentos e signos (mediadores semióticos).   e os agentes mediadores de cultura (pais, professo-
Sob essa ótica, pode-se afirmar que, para Vygotsky, o     res, etc.). Daí resulta a lei da dupla formação dos pro-
conhecimento vai do social para o individual, porque é    cessos psicológicos superiores (desenvolvimento da
por meio das relações sociais que o indivíduo pode se     linguagem, atenção, memória, raciocínio, formação
constituir enquanto membro autônomo da espécie hu-        de conceitos...), que aponta que no desenvolvimento
mana. Assim, as Funções Psicológicas Superiores não       cultural da criança, toda função aparece duas vezes:
são produzidas por si só graças à maturação biológica,    no nível interpsicológico e no nível intrapsicológico.
mas “sua construção implica o uso de signos e símbo-      Menciona-se isso porque as FPS têm sua origem nas
los, que nada mais são do que instrumentos de intera-     construções sociais e sua reconstrução individual, ou
ção” (DAVIS,1993, p. 50). O desenvolvimento implica o     seja, sua internalização é concretizada a partir das in-
não uso de instrumentos auxiliares, passando pelo uso     terações das crianças com os adultos e outros agen-
progressivo desses instrumentos até a sua não utiliza-    tes mediadores.
ção, porque já houve internalização.                             Diante disso, a influência educativa pode promo-
       Ao contrário de Piaget, que conside-               ver o desenvolvimento, “quando consegue arrastar a
ra o desenvolvimento um pré-requisito para a              criança através da zona de desenvolvimento próximo,
aprendizagem,Vygotsky (1934/2001) entende que o           convertendo em desenvolvimento real – reconstrução
processo de desenvolvimento se articula ao processo       no plano intrapessoal – aquilo que, em princípio, é uni-
de aprendizagem. Para ele, a aprendizagem bem or-         camente um desenvolvimento potencial – aparição no
ganizada impulsiona o desenvolvimento, que, por sua       plano interpessoal” (COLL, 1996, p. 289). Como a in-
vez, permite novas aprendizagens.                         teração social (nível interpsicológico) leva à resolução
       Assim, postula o conceito de zona desenvolvi-      independente de problemas (nível intrapsicológico)?
mento próximo. Segundo ele, deve-se considerar, em               Coll ainda esclarece que para Vygotsky, a intera-
cada indivíduo, a presença de um nível de desenvol-       ção social é a origem e o que impulsiona o desenvolvi-
vimento real, caracterizado por aquilo que o sujeito já   mento e a aprendizagem, pois por meio dela a criança
consegue realizar sozinho, sem o auxílio de alguém;       aprende a regular seus processos cognitivos, devido
um nível de desenvolvimento próximo, caracterizado        às indicações das pessoas com as quais interage, em
por aquilo que o sujeito ainda não consegue fazer so-     outras palavras, é pela interação social que o indiví-



                                                                                                      revista educação    51
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duo aprende. Assim, o que a criança consegue fazer         semiótico), que tem como funções o intercâmbio so-
a princípio graças às indicações recebidas (regulação      cial, ou seja, a comunicação entre os indivíduos, o que
interpsicológica), transforma-se progressivamente em       permite a transmissão, preservação e assimilação de
algo que é capaz de fazer por si mesma (regulação          informações e experiências acumuladas pelo homem
intrapsicológica). A defasagem entre a resolução indi-     ao longo de sua história; e o pensamento generalizan-
vidual e social dos problemas é explicada por meio do      te, que seria a classificação dos objetos, ordenando o
conceito de zona de desenvolvimento próximo, assim,        real por meio de conceitos, tornando a linguagem ele-
o que a princípio é só uma potencialidade gerada pela      mento constitutivo do pensamento. Além de regular
inter-relação com os outros passa a fazer parte do que     a própria conduta e a do outro, a linguagem permite
o aluno é capaz de fazer sozinho, mediante um pro-         lidar com o mundo físico e social e planejar as nossas
cesso de internalização.                                   próprias ações.
       Assim sendo, a internalização, para Vygotsky,              Para Vygotsky (1934/2001) pensamento e lingua-
“é a reconstrução interna de uma operação externa”         gem estão atrelados, um não acontece sem o outro,
(1930/1994, p. 63). No entanto, é preciso ter claro que    embora possuam trajetórias distintas até que ocorra
nesse processo de internalização não há um antes e         uma ligação entre eles. Assim a princípio, na fase pré-
um depois; um dentro/fora, como é comum se pensar,         verbal na aquisição da linguagem, o pensamento e a
o que na verdade ocorre é um movimento dialético, em       linguagem independem um do outro: as crianças pe-
que há a negociação entre os sentidos privados (hipó-      quenas e os animais partem de uma inteligência práti-
teses que o sujeito traz consigo) e o significado pú-      ca, ou seja, utilizam-se de instrumentos como media-
blico ou social (representações dos tempos, papéis e       dores entre eles e o mundo, e não os signos.
práticas sociais), sendo que o que é apropriado, como             Posteriormente, por volta dos dois anos de
alerta Pino (1992) é de natureza semiótica: a significa-   idade, a criança passa a utilizar a fala de uma forma
ção da ação e não a ação em si mesma. Desse modo,          intelectualizada, com uma função simbólica genera-
ao internalizar, o sujeito modifica sua percepção das      lizante. O pensamento torna-se verbal (mediado por
coisas, sua capacidade de solucionar problemas, ou         signos) e a fala intelectual, unindo as duas trajetórias,
seja, suas Funções Psicológicas Superiores.                possibilitando a comunicação, organizada agora via
       Nessa internalização, a linguagem desempe-          sistema de signos. É no significado da palavra que
nha papel decisivo, pois ela é um instrumento regu-        fala e pensamento se unem em pensamento verbal; é
lador da ação e do pensamento. Por meio dela pode-         o significado que possibilita a comunicação entre os
se influenciar a ação e o pensamento das pessoas,          usuários da linguagem.
bem como os nossos próprios pensamentos e ações.                  Em face ao exposto, o desenvolvimento, segun-
“Deste modo, o processo de interiorização pode ser         do Vygotsky, ocorre do social para o individual; da fala
entendido como o trânsito desde uma regulação ex-          social para a fala interior, ou seja, o sujeito internaliza a
terna, social, interpsicológica dos processos cogniti-     linguagem utilizada em sua sociedade, para isso, passa
vos, mediante a linguagem dos demais, até uma re-          pela fala egocêntrica (fala que acompanha a ação e se
gulação interiorizada, individual, intrapsicológica dos    dirige para o próprio sujeito da ação – o sujeito planeja
processos cognitivos, mediante a linguagem interna”        em voz alta) e culmina com a fala interior (a criança pode
(COLL, 1996, p. 313).                                      agora dizer para si mesma apenas o indispensável).
                                                                  Assim, a linguagem, como instrumento do pen-
3. Linguagem                                               samento, evidencia o modo pelo qual se interiorizam
                                                           os padrões de comportamento fornecidos pelo seu
       No que diz respeito ao papel da linguagem no        grupo cultural.
desenvolvimento e à relação entre linguagem e pen-
samento, Vergnaud (1993) expõe que para Vygotsky a                    IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS:
linguagem é instrumento constitutivo do pensamento.
Ela é entendida como um sistema simbólico (mediador               Diante de toda concepção vygotskyana expos-



                                                                                                           revista educação    52
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       revista educação

ta, convém explicar algumas implicações pedagógi-          possibilitam a aprendizagem, ou seja, “aquilo que é
cas decorrentes, em especial, o papel do professor e       apropriado, internalizado nas relações sociais estabe-
da escola.                                                 lecidas” (DAVIS, 1993, p. 50).
       Para Vygotsky a escola não pode restringir-se ao            Nesse processo de internalização, a linguagem
que a criança já sabe, é preciso ir além, adiantar-se ao   desempenha um papel particularmente importante
desenvolvimento, ou seja, dirigir as funções psicológi-    no processo ensino-aprendizagem, pois por meio da
cas superiores que estão em vias de se completarem.        palavra é possível detectar o que o aluno já domina
Por isso é fundamental que o professor esteja atento       (nível de desenvolvimento real) e o que está prestes a
ao nível de desenvolvimento real da criança, para que      dominar com a ajuda de alguém mais experiente (nível
possa atuar na zona de desenvolvimento próximo, ou         de desenvolvimento próximo), possibilitando a inter-
seja, oferecer-lhe um ensino que vai um pouco além         venção pedagógica, além de mudanças na forma de
do que ela já consegue fazer sozinha, desafiando/          pensar e agir.
ampliando a construção de novos conhecimentos.                     Nesse sentido, a escola/o professor deve
Daí a importância de sua intervenção, bem como de          priorizar as interações aluno-aluno, aluno-professor
crianças mais experientes que, assim como o profes-        que possam promover tanto a aprendizagem quan-
sor, tornam-se mediadores, ajudando a criança menos        to o desenvolvimento, auxiliando na articulação en-
experiente a alcançar um novo patamar de desenvol-         tre conceitos espontâneos das crianças (conceitos
vimento. Sob este aspecto, Vygotsky lança um olhar         construídos a partir da experiência direta da criança
prospectivo sobre o desenvolvimento psicológico, ou        sob o objeto, ou seja, de forma não mediada e nem
seja, o professor precisa estar atento ao desenvolvi-      intencional) e conceitos científicos (conceitos cons-
mento que está em processo, que está emergindo. O          truídos via mediação social – pessoas mais experien-
professor atento a esse desenvolvimento é capaz de         tes, jornais, entrevistas, escola...). Isso demonstra a
intervir adequadamente na zona de desenvolvimento          importância que o outro tem no desenvolvimento de
próximo fornecendo pistas, informações, modelos,           cada membro da cultura.
entre outros, provocando avanços que, naquele mo-                  De acordo com essa visão, Vygotsky deixa claro
mento, não aconteceriam espontaneamente.                   que só um ambiente informador não basta para ocor-
       Sob essa perspectiva, a escola/o professor          rer o desenvolvimento (como estabelece a abordagem
não fica à espera do desenvolvimento intelectual da        ambientalista), bem como também só a estrutura fi-
criança. Ao contrário, deve “puxar” pelo aluno, levá-lo    siológica não é suficiente (como apóia a teoria inatis-
adiante, pois há uma ação recíproca entre aprendiza-       ta) para produzir o homem. Dessa forma, Vygotsky,
gem e desenvolvimento, de forma que aprendizagens          como bem descreve Grossi (1993), discute a questão
impulsionam o desenvolvimento, que permite novas           do desenvolvimento dentro de um novo paradigma,
aprendizagens, que impulsionam o desenvolvimento           apontando para a dimensão social da construção dos
e, assim, sucessivamente. Torna-se necessário lem-         conhecimentos, para a importância do outro com sua
brar que as constantes interações do social (interpsi-     contribuição para a cultura, indo além dos pólos (su-
cológico) com o individual (intrapsicológico) por meio     jeito e realidade) comumente considerados no proces-
de instrumentos e signos culturalmente construídos,        so ensino-aprendizagem.




                                                                                                       revista educação    53
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revista educação

                                          REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

          COLL, César; COLOMINA, R. Interação entre alunos e aprendizagem escolar. In: COLL, César; PALÁCIOS, Jesus; MAR-
 CHESI, Álvaro (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Tradução Angélica Mello Alves. Porto
 Alegre: Artes Médicas, 1996. v.2. p. 298-314.
          COLL, César; SOLÉ, I. A interação professor/aluno no processo ensino e aprendizagem. In: COLL César; PALÁCIOS, Jesus;
 MARCHESI, Álvaro (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Tradução Angélica Mello Alves.
 Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. v.2. p. 281-297.
          DAVIS, Cláudia Leme Ferreira; OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1990.
          DAVIS, Cláudia Leme Ferreira. O construtivismo de Piaget e o sócio-interacionismo de Vygotsky. In: Seminário Internacional
 de Alfabetização e Educação Científica, 1993, Rio Grande do Sul. Anais... Rio Grande do Sul: UNIJUÍ, 1993. p. 35-52.
          GROSSI, E. P. Quebra de esquemas: o outro no aprender. Revista do Geempa, Porto Alegre, n. 2, p. 95-99, nov. 1993.
          LEITE, Luci Banks. As dimensões interacionista e construtivista em Vygotsky e Piaget. In: Caderno Cedes. Campinas, SP:
 Papirus, n. 24, p. 25-31, jul. 1991.
          OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.
          PINO, Angel. As categorias do público e privado na análise do processo de internalização. Educação e sociedade, Campi-
 nas, SP: Papirus, v.13, n.42, p. 315-27, ago. 1992.
          REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
          VERGNAUD, Gerard. Piaget e Vygotsky: Convergências e controvérsias. Revista Geempa, Porto Alegre, RS, n.2, p. 76-83,
 nov. 1993.
          VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
          ____________. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.




                                                                                                                                  revista educação    54

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Revista da Educação: CONCEITOS CENTRAIS DE VYGOSTKY: IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

  • 1. I (2), 2006 revista educação CONCEITOS CENTRAIS DE VYGOSTKY: IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS VYGOTSKY’S CENTRAL CONCEPTS: PEDAGOGICAL IMPLICATIONS Cláudia Bertoni FITTIPALDI RESUMO: Os conceitos de zona de desenvolvimento próximo, internalização e linguagem são vitais na perspectiva histórico-cultural. A compreensão desses conceitos, por sua vez, pode auxiliar o trabalho pedagógico. Assim, o objetivo deste artigo é analisar esses três conceitos centrais de Vygotsky e as implicações pedagógicas decorrentes, almejando, Dessa forma, contribuir para as reflexões sobre educação. ABSTRACT: Concepts of impending development zone, internalization and language are vital in a historical- cultural perspective. Comprehension of these concepts, on the other hand may support pedagogic work. Thus, the purpose of this article is to analyse these three Vygotsky’s central concepts and the following pedagogical implications, hence aiming to contribute to reflections on education. Palavras-chave: Vygotsky; zona de desenvolvimento próximo, internalização e linguagem. Keywords: Vygotsky; impending development zone, internalisation and language. As obras de Vygotsky foram introduzidas no Bra- tipicamente humanas, como a memória voluntária, a sil a partir da década de 80, passando a trazer implica- imaginação, o comportamento voluntário, o pensa- ções para a área da educação. No entanto, é preciso mento abstrato e a atenção voluntária, está intima- Dessacar, como lembra Davis (1993), que Vygotsky é mente ligado ao contexto sociocultural em que a pes- um teórico do desenvolvimento e, sendo assim, faz- soa está inserida (LEITE, 1991). se necessário derivar de suas propostas uma teoria De acordo com essa ótica, três conceitos se da aprendizagem, para que se possa elaborar uma apresentam como primordiais; antes, porém, de dis- teoria de ensino verdadeiramente interacionista. Para cuti-los, vale a pena ressaltar que os conceitos aqui tanto, a compreensão dos conceitos centrais da teoria apresentados foram analisados separadamente ape- vygotskyana se torna essencial. nas para fins didáticos, mas é preciso ter em mente Vygotsky preocupou-se em conhecer como o que eles se articulam, não sendo de forma alguma homem constrói cultura. Para isso, analisou o homem conceitos estanques. em seu contexto sociocultural, o sujeito enraizado na história para poder compreender sua constituição en- CONCEITOS CENTRAIS DE VYGOTSKY quanto sujeito. A perspectiva histórico-cultural de Vygotsky 1. Zona de Desenvolvimento Próximo: tem como pressuposto que o desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores (FPS), funções estas Vygotsky (1934/2001) salienta que o desenvol- Professora do curso de Pedagogia da Universidade Guarulhos Unidade V – Av. Anton Philips, 01, Vila Hermínia – Guarulhos – São Paulo – CEP: 07030-010 – (0__11) 6424-1616; Pedagoga; Psicopedagoga; mestre em Psicologia da Educação pela PUCSP e doutoranda em Psicologia da Educação pela PUCSP. Contato: clabertoni@ig.com.br revista educação 50
  • 2. I (2), 2006 revista educação vimento das Funções Psicológicas Superiores ocorre zinho, mas é capaz de realizar com a ajuda de alguém a partir da relação homem/mundo, relação esta que mais experiente. Entre esses dois níveis, situa-se a não é direta, mas mediada por instrumentos e signos zona do desenvolvimento próximo, ou seja, distância, desenvolvidos culturalmente. metafórica, entre o nível de desenvolvimento real e o Sob essa perspectiva, Oliveira (1993) explica nível de desenvolvimento próximo, ou melhor dizendo, que para Vygotsky, os instrumentos funcionam como o percurso a ser feito entre o que o indivíduo já domina fatores externos no desenvolvimento cognitivo, auxi- e o que está em processo de consolidação. liando na transformação e controle da natureza, regu- Dentro desse contexto, o professor precisa es- lando as ações sobre os objetos. O homem produz tar atento aos níveis de desenvolvimento dos seus instrumentos para realizar determinadas tarefas e ain- alunos, conhecer o que este já consolidou, em termos da é capaz de guardá-los para usá-los posteriormente, de aprendizagens e conhecimentos, e o que está em bem como, de transmitir sua função a outros. Como processo de consolidação, para que possa fazer uma instrumentos podem ser citados a pá, o machado, a intervenção pedagógica adequada. canoa, entre outros. Existem também os instrumentos que atuam como fatores internos – os signos – que 2. Internalização regulam as ações das pessoas, sendo os representan- tes mentais de objetos, situações, eventos, etc. Vygotsky (1930/1994) ressalta que o desenvol- De acordo com essa concepção, o real é cons- vimento ontogenético (pessoal) é produto da apren- truído a partir da relação do homem com o meio media- dizagem, das interações entre o sujeito que aprende do pelos instrumentos e signos (mediadores semióticos). e os agentes mediadores de cultura (pais, professo- Sob essa ótica, pode-se afirmar que, para Vygotsky, o res, etc.). Daí resulta a lei da dupla formação dos pro- conhecimento vai do social para o individual, porque é cessos psicológicos superiores (desenvolvimento da por meio das relações sociais que o indivíduo pode se linguagem, atenção, memória, raciocínio, formação constituir enquanto membro autônomo da espécie hu- de conceitos...), que aponta que no desenvolvimento mana. Assim, as Funções Psicológicas Superiores não cultural da criança, toda função aparece duas vezes: são produzidas por si só graças à maturação biológica, no nível interpsicológico e no nível intrapsicológico. mas “sua construção implica o uso de signos e símbo- Menciona-se isso porque as FPS têm sua origem nas los, que nada mais são do que instrumentos de intera- construções sociais e sua reconstrução individual, ou ção” (DAVIS,1993, p. 50). O desenvolvimento implica o seja, sua internalização é concretizada a partir das in- não uso de instrumentos auxiliares, passando pelo uso terações das crianças com os adultos e outros agen- progressivo desses instrumentos até a sua não utiliza- tes mediadores. ção, porque já houve internalização. Diante disso, a influência educativa pode promo- Ao contrário de Piaget, que conside- ver o desenvolvimento, “quando consegue arrastar a ra o desenvolvimento um pré-requisito para a criança através da zona de desenvolvimento próximo, aprendizagem,Vygotsky (1934/2001) entende que o convertendo em desenvolvimento real – reconstrução processo de desenvolvimento se articula ao processo no plano intrapessoal – aquilo que, em princípio, é uni- de aprendizagem. Para ele, a aprendizagem bem or- camente um desenvolvimento potencial – aparição no ganizada impulsiona o desenvolvimento, que, por sua plano interpessoal” (COLL, 1996, p. 289). Como a in- vez, permite novas aprendizagens. teração social (nível interpsicológico) leva à resolução Assim, postula o conceito de zona desenvolvi- independente de problemas (nível intrapsicológico)? mento próximo. Segundo ele, deve-se considerar, em Coll ainda esclarece que para Vygotsky, a intera- cada indivíduo, a presença de um nível de desenvol- ção social é a origem e o que impulsiona o desenvolvi- vimento real, caracterizado por aquilo que o sujeito já mento e a aprendizagem, pois por meio dela a criança consegue realizar sozinho, sem o auxílio de alguém; aprende a regular seus processos cognitivos, devido um nível de desenvolvimento próximo, caracterizado às indicações das pessoas com as quais interage, em por aquilo que o sujeito ainda não consegue fazer so- outras palavras, é pela interação social que o indiví- revista educação 51
  • 3. I (2), 2006 revista educação duo aprende. Assim, o que a criança consegue fazer semiótico), que tem como funções o intercâmbio so- a princípio graças às indicações recebidas (regulação cial, ou seja, a comunicação entre os indivíduos, o que interpsicológica), transforma-se progressivamente em permite a transmissão, preservação e assimilação de algo que é capaz de fazer por si mesma (regulação informações e experiências acumuladas pelo homem intrapsicológica). A defasagem entre a resolução indi- ao longo de sua história; e o pensamento generalizan- vidual e social dos problemas é explicada por meio do te, que seria a classificação dos objetos, ordenando o conceito de zona de desenvolvimento próximo, assim, real por meio de conceitos, tornando a linguagem ele- o que a princípio é só uma potencialidade gerada pela mento constitutivo do pensamento. Além de regular inter-relação com os outros passa a fazer parte do que a própria conduta e a do outro, a linguagem permite o aluno é capaz de fazer sozinho, mediante um pro- lidar com o mundo físico e social e planejar as nossas cesso de internalização. próprias ações. Assim sendo, a internalização, para Vygotsky, Para Vygotsky (1934/2001) pensamento e lingua- “é a reconstrução interna de uma operação externa” gem estão atrelados, um não acontece sem o outro, (1930/1994, p. 63). No entanto, é preciso ter claro que embora possuam trajetórias distintas até que ocorra nesse processo de internalização não há um antes e uma ligação entre eles. Assim a princípio, na fase pré- um depois; um dentro/fora, como é comum se pensar, verbal na aquisição da linguagem, o pensamento e a o que na verdade ocorre é um movimento dialético, em linguagem independem um do outro: as crianças pe- que há a negociação entre os sentidos privados (hipó- quenas e os animais partem de uma inteligência práti- teses que o sujeito traz consigo) e o significado pú- ca, ou seja, utilizam-se de instrumentos como media- blico ou social (representações dos tempos, papéis e dores entre eles e o mundo, e não os signos. práticas sociais), sendo que o que é apropriado, como Posteriormente, por volta dos dois anos de alerta Pino (1992) é de natureza semiótica: a significa- idade, a criança passa a utilizar a fala de uma forma ção da ação e não a ação em si mesma. Desse modo, intelectualizada, com uma função simbólica genera- ao internalizar, o sujeito modifica sua percepção das lizante. O pensamento torna-se verbal (mediado por coisas, sua capacidade de solucionar problemas, ou signos) e a fala intelectual, unindo as duas trajetórias, seja, suas Funções Psicológicas Superiores. possibilitando a comunicação, organizada agora via Nessa internalização, a linguagem desempe- sistema de signos. É no significado da palavra que nha papel decisivo, pois ela é um instrumento regu- fala e pensamento se unem em pensamento verbal; é lador da ação e do pensamento. Por meio dela pode- o significado que possibilita a comunicação entre os se influenciar a ação e o pensamento das pessoas, usuários da linguagem. bem como os nossos próprios pensamentos e ações. Em face ao exposto, o desenvolvimento, segun- “Deste modo, o processo de interiorização pode ser do Vygotsky, ocorre do social para o individual; da fala entendido como o trânsito desde uma regulação ex- social para a fala interior, ou seja, o sujeito internaliza a terna, social, interpsicológica dos processos cogniti- linguagem utilizada em sua sociedade, para isso, passa vos, mediante a linguagem dos demais, até uma re- pela fala egocêntrica (fala que acompanha a ação e se gulação interiorizada, individual, intrapsicológica dos dirige para o próprio sujeito da ação – o sujeito planeja processos cognitivos, mediante a linguagem interna” em voz alta) e culmina com a fala interior (a criança pode (COLL, 1996, p. 313). agora dizer para si mesma apenas o indispensável). Assim, a linguagem, como instrumento do pen- 3. Linguagem samento, evidencia o modo pelo qual se interiorizam os padrões de comportamento fornecidos pelo seu No que diz respeito ao papel da linguagem no grupo cultural. desenvolvimento e à relação entre linguagem e pen- samento, Vergnaud (1993) expõe que para Vygotsky a IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS: linguagem é instrumento constitutivo do pensamento. Ela é entendida como um sistema simbólico (mediador Diante de toda concepção vygotskyana expos- revista educação 52
  • 4. I (2), 2006 revista educação ta, convém explicar algumas implicações pedagógi- possibilitam a aprendizagem, ou seja, “aquilo que é cas decorrentes, em especial, o papel do professor e apropriado, internalizado nas relações sociais estabe- da escola. lecidas” (DAVIS, 1993, p. 50). Para Vygotsky a escola não pode restringir-se ao Nesse processo de internalização, a linguagem que a criança já sabe, é preciso ir além, adiantar-se ao desempenha um papel particularmente importante desenvolvimento, ou seja, dirigir as funções psicológi- no processo ensino-aprendizagem, pois por meio da cas superiores que estão em vias de se completarem. palavra é possível detectar o que o aluno já domina Por isso é fundamental que o professor esteja atento (nível de desenvolvimento real) e o que está prestes a ao nível de desenvolvimento real da criança, para que dominar com a ajuda de alguém mais experiente (nível possa atuar na zona de desenvolvimento próximo, ou de desenvolvimento próximo), possibilitando a inter- seja, oferecer-lhe um ensino que vai um pouco além venção pedagógica, além de mudanças na forma de do que ela já consegue fazer sozinha, desafiando/ pensar e agir. ampliando a construção de novos conhecimentos. Nesse sentido, a escola/o professor deve Daí a importância de sua intervenção, bem como de priorizar as interações aluno-aluno, aluno-professor crianças mais experientes que, assim como o profes- que possam promover tanto a aprendizagem quan- sor, tornam-se mediadores, ajudando a criança menos to o desenvolvimento, auxiliando na articulação en- experiente a alcançar um novo patamar de desenvol- tre conceitos espontâneos das crianças (conceitos vimento. Sob este aspecto, Vygotsky lança um olhar construídos a partir da experiência direta da criança prospectivo sobre o desenvolvimento psicológico, ou sob o objeto, ou seja, de forma não mediada e nem seja, o professor precisa estar atento ao desenvolvi- intencional) e conceitos científicos (conceitos cons- mento que está em processo, que está emergindo. O truídos via mediação social – pessoas mais experien- professor atento a esse desenvolvimento é capaz de tes, jornais, entrevistas, escola...). Isso demonstra a intervir adequadamente na zona de desenvolvimento importância que o outro tem no desenvolvimento de próximo fornecendo pistas, informações, modelos, cada membro da cultura. entre outros, provocando avanços que, naquele mo- De acordo com essa visão, Vygotsky deixa claro mento, não aconteceriam espontaneamente. que só um ambiente informador não basta para ocor- Sob essa perspectiva, a escola/o professor rer o desenvolvimento (como estabelece a abordagem não fica à espera do desenvolvimento intelectual da ambientalista), bem como também só a estrutura fi- criança. Ao contrário, deve “puxar” pelo aluno, levá-lo siológica não é suficiente (como apóia a teoria inatis- adiante, pois há uma ação recíproca entre aprendiza- ta) para produzir o homem. Dessa forma, Vygotsky, gem e desenvolvimento, de forma que aprendizagens como bem descreve Grossi (1993), discute a questão impulsionam o desenvolvimento, que permite novas do desenvolvimento dentro de um novo paradigma, aprendizagens, que impulsionam o desenvolvimento apontando para a dimensão social da construção dos e, assim, sucessivamente. Torna-se necessário lem- conhecimentos, para a importância do outro com sua brar que as constantes interações do social (interpsi- contribuição para a cultura, indo além dos pólos (su- cológico) com o individual (intrapsicológico) por meio jeito e realidade) comumente considerados no proces- de instrumentos e signos culturalmente construídos, so ensino-aprendizagem. revista educação 53
  • 5. I (2), 2006 revista educação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COLL, César; COLOMINA, R. Interação entre alunos e aprendizagem escolar. In: COLL, César; PALÁCIOS, Jesus; MAR- CHESI, Álvaro (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Tradução Angélica Mello Alves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. v.2. p. 298-314. COLL, César; SOLÉ, I. A interação professor/aluno no processo ensino e aprendizagem. In: COLL César; PALÁCIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro (Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Tradução Angélica Mello Alves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. v.2. p. 281-297. DAVIS, Cláudia Leme Ferreira; OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1990. DAVIS, Cláudia Leme Ferreira. O construtivismo de Piaget e o sócio-interacionismo de Vygotsky. In: Seminário Internacional de Alfabetização e Educação Científica, 1993, Rio Grande do Sul. Anais... Rio Grande do Sul: UNIJUÍ, 1993. p. 35-52. GROSSI, E. P. Quebra de esquemas: o outro no aprender. Revista do Geempa, Porto Alegre, n. 2, p. 95-99, nov. 1993. LEITE, Luci Banks. As dimensões interacionista e construtivista em Vygotsky e Piaget. In: Caderno Cedes. Campinas, SP: Papirus, n. 24, p. 25-31, jul. 1991. OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993. PINO, Angel. As categorias do público e privado na análise do processo de internalização. Educação e sociedade, Campi- nas, SP: Papirus, v.13, n.42, p. 315-27, ago. 1992. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. VERGNAUD, Gerard. Piaget e Vygotsky: Convergências e controvérsias. Revista Geempa, Porto Alegre, RS, n.2, p. 76-83, nov. 1993. VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. ____________. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994. revista educação 54