O documento discute a importância das abelhas como polinizadores de culturas agrícolas. Em três frases:
1) Abelhas são responsáveis por 70% de todos os insetos polinizadores e 90% das plantas frutíferas dependem de seus serviços de polinização.
2) A polinização feita por abelhas e outros insetos é responsável por mais de 70% das angiospermas e cerca de um terço das culturas agrícolas mundiais.
3) A perda de todos os polinizadores poderia reduzir a produção agrícol
1. IMPORTÂNCIA DAS ABELHAS
COMO POLINIZADORES DE
INTERESSE AGRÍCOLA
PROF. DR. OSMAR MALASPINA
Depto de Biologia / Centro de Estudos de Insetos Sociais
Instituto de Biociências de Rio Claro – SP – UNESP
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2. O QUE A SPFW TEM A VER COM OS
POLINIZADORES?
• O único polinizador disponível em larga escala
atualmente é Apis mellifera
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3. Abelhas:
• 70% de todos os insetos polinizadores
• 90% das plantas frutíferas dependentes
de seus serviços (Tautz, 2008).
Agentes polinizadores:
• responsáveis por mais de 70% das
angiospermas e cerca de um terço das culturas
agrícolas. (FAO, 2005; KEVAN, 1999).
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5. Kasina et al., 2009; Klein et al., 2007
35% do consumo alimentar humano advêm de
culturas com dependência de polinização animal,
principalmente abelhas
Gallai et al., 2009
2005:
• valor estimado da polinização feita por insetos
na produção mundial de alimentos foi de 153
bilhões de euros.
• legumes, frutas e óleos comestíveis representam
9,5% do valor da produção agrícola mundial.
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6. Aizen et al., (2009)
Perda de todos os polinizadores – redução da
produção agrícola em torno de 8%
Perdas poderiam ser compensadas pelo aumento
da área cultivada.
Países em desenvolvimento, este aumento
corresponderia em torno de 42% da área
cultivada.
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7. FAO (2009)
O número de colônias de A. mellifera de 1961 a
2007 aumentou em torno de 64%
Total de colônias comerciais mundo = 72.6 mi
Europa - 26,5%
América do Norte - 49,5%
Ásia + 426%
África + 130%
América do Sul + 86%
Oceania + 39% MALASPINA / 2011
8. Importância dos polinizadores - reconhecida pela
Convenção da Diversidade Biológica (CDB).
2000 - a conferência das partes (COP-5) aprovou a
“Iniciativa Internacionanal para Conservação e
Uso Sustentável dos Polinizadores” sob a
responsabilidade da FAO
Em 2002, durante a COP - criação da Iniciativa
Brasileira de Polinizadores -
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9. Conseqüências ecológicas e econômicas do CCD
na Europa e Estados Unidos a partir de 2006
A polinização que até então era vista como um
serviço gratuito prestado pelo ecossistema
começou a ser valorizada monetariamente,
chegando a valores de U$ 200 milhões por ano
(FIORAVANTI, 2010; GUIMARÃES, 2007).
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10. Quantificação dos benefícios da polinização -
valoração monetária/ambiental
Exemplos:
• Polinização de abelhas para a agricultura
americana - U$ 19 bilhões/ano.
• Produção de sementes de alfafa (Medicago
sativa) no Canadá - 6 milhões de dólares
canadenses/ano.
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11. • Principais culturas - US$ 54 bilhões/ano.
• Espécies vegetais silvestres incluindo agro-
ecossistemas - US$ 33 trilhões/ano.
• Na Nova Zelândia para uma produção primária -
U$3,1 bilhões/ano
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12. Biesmeijer et al. 2006
Declínio das abelhas polinizadoras na Grã
Bretanha e na Holanda altera a abundância
relativa das plantas polinizadas por abelhas - capa
do Science
Klein et al. (2007) - dados de 200 países
• 87 das culturas globais mais importantes
dependem da polinização por animais.
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14. Exemplo de sucesso:
Bombus terrestris na agricultura
• produção de colônias em laboratório – 1985
• companhias mundiais vendem 1 milhão de
ninhos/ano
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15. • estufas (95% de seu uso está em 40.000ha de
estufas de tomate; berinjela, pimentão, pepino,
melão, abóbora, groselha vermelha e preta,
framboesa e morango)
• em espaço aberto (maçã, pêra, pêssego,
damasco, ameixa, cereja, kiwi, morango)
• elas podem voar em baixas temperaturas (6-8ºC)
e visitam 450 flores/hora.
• preço € 200/colônia (mais barata do que a
polinização mecânica)
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16. • faturamento total desta indústria excede € 1
milhão/ano, e € 550.000 com a venda dos ninhos
de mamangavas.
• o valor de exportação destas culturas de tomate
polinizadas por mamangavas pode ser estimado
em €12.000 milhões
• 2004, foram produzidas para a agricultura
850.000 colônias/ano de Bombus terrestris; 30.000
col/ano de B. canariensis; 52.000 col/ano de B.
impatiens; 11.500 col/ano de B. ignitus.
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17. Brasil
Agronegócio é responsável por 1/3 de todas as
riquezas geradas no país, atualmente
representando US$180,2 bilhões.
Considerando apenas oito culturas (melão, maçã,
maracujá, caju, café, laranja, soja e algodão) (só
exportação)
• receita de US$ 9,3 bilhões (área de 27.345.000ha)
Aumento de 10% somente na produtividade
destas oito culturas – receita de US$ 1 bilhão.
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18. O déficit na polinização
• Pomares de melão e de maçã - aproximadamente
10.000 e 50.000 colônias/ano da abelha melíferas -
são empregadas para serviços de polinização.
• Cultivos de maracujá – dificuldades (manejar
abelhas-carpinteiras - Xylocopa spp.)
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19. Hábitos diversificados
A maioria nidifica no solo
e barrancos, cavando túneis.
Centris
Outras fazem ninhos dentro
de troncos, galhos, frutos,
em rochas ou em cavidades
pré-existentes.
Xylocopa
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20. Tummulus
Orifício de entrada do ninho
de Peponapis fervens (Krug,
2006)
Andena fulva
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21. Resina
1 2
3 4
5 6 7
Camarotti-de-Lima & Martins, 2005
(1) fêmea (à esquerda) e macho; (2) fêmea de Anthodioctes lunatus; (3) resina
vermelha de ninho recém construído; (4) célula vestibular; (5) casulos: fêmea (à
esquerda) e macho; (6) casulo de macho e partição da célula; (7) casulo com resina
e fezes (seta); a = resina, b = célula vestibular, c = partição, barra = 1 mm.
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28. Marco e Coelho (2004)
Café – produção próximo a fragmentos florestais -
aumento de 14,6%
Os autores sugeriram um valor econômico da
floresta que fornece esse serviço ambiental e que
este serviço de polinização deveria ser pago pelos
produtores de café ao proprietário do fragmento
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29. Quais espécies de abelhas brasileiras que podem
ser usadas como polinizadores?
Abelhas melíferas
Abelhas sem ferrão - criação regulamentada pelo
MMA
Abelhas solitárias (mamangavas e outras)
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30. Abelhas
• abelhas, vespas e formigas originaram de
GRUPOS HIMENÓPTERAS PARASITAS
• SUB ORDEM APOCRITA / SUPER FAMÍLIA
APOIDEA
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31. • ABELHAS: grupo monofilético (mesmo grupo
ancestral) originado a partir de vespas
esfecídeas com adaptações para coletar pólen e
néctar (proteína/carboidrato)
• as abelhas são vespas cujas fêmeas coletam
pólen e néctar , em vez de capturarem presas
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36. Numero de espécies – 20 mil
• 15% - parasitas – com ovos, onde as larvas
alimentam-se do hospedeiro e não transportam
pólen (comportamento semelhante a vespas)
• 80%- solitárias onde cada fêmea cuida da sua
vida (construção do ninho, postura,
alimentação) – sem sobreposição de gerações
• 5% sociais - com organização social, divisão de
trabalho e diferenciação de castas
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75. BRASIL
Menten (2009)
• consumo anual de defensivo agrícola no Brasil:
• 733,9 milhões de toneladas
• maior consumidor do mundo
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76. Os letais são relativamente fáceis de serem
caracterizados - exposição aguda e/ou crônica
Os efeitos subletais podem não ser deletérios e
não apresentar indícios graves de intoxicação,
contudo, podem comprometem a viabilidade, a
sobrevivência da colônia
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77. Avaliações de risco dos agrotóxicos
Protocolo Internacional para Testes Químicos da
Organização para Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OECD)
• orientações para os testes de toxicidade aguda
por administração oral e por contato
Organização Européia e do Mediterrâneo para
Proteção das Plantas (EPPO) e nas propostas
elaboradas pela Comissão Internacional das
Relações Abelha-Planta (ICPBR)
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78. Doses subletais
• abaixo da DL50
• afeta
percepção gustativa
aprendizado olfatório
atividade locomotora
reconhecimento entre indivíduos
reprodução
• dificulta a orientação e retorno a colônia
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79. BRASIL
MORAES et al. (2000)
MALASPINA e SILVA-ZACARIN (2006)
DA SILVA CRUZ, DA SILVA-ZACARIN, BUENO e
MALASPINA (2009)
FREITAS e PINHEIRO (2010)
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80. Relatos de casos
• nordeste (Piaui)
• sem chuva – 3 meses – 30% mortes
6 meses – 70% mortes
• Noé Araújo de Moura Fé - Simplicio Mendes
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81. • sul (Rio Grande do Sul e Sta Catarina)
• média, 20 a 40% das colmeias/ano
• agrotóxicos aplicados na soja, girassol, canola,
arroz irrigado, fumo e na fruticultura.
• uma das grande questões aplicação de
formicidas junto com os dessecantes
aproveitando a mesma aplicação na preparação
da lavoura.
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82. • em 2010 e início de 2011 repetiram-se de 5 a 10
casos clássicos de apiários perdidos por
agrotóxicos (sem comprovação)
obs. hoje a noite, assim que chegar em Porto
Alegre mando algumas imagens de apiários
eliminados por agrotóxicos na região das
macieiras
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83. sudeste: São Paulo
• (2008/ 09/ 10) Rio Claro, São Paulo, Pirassununga,
Araras, Mogi Mirim, Piracicaba, Brotas, Boa
Esperança do Sul, São Rita do Passa Quatro, São
Carlos e Tabatinga, Paraíso, Pirangi, Araraquara.
• abril (2010): Leme e Iacanga
• fevereiro (2011) – Sta Cruz da Conceição (sem
confirmação)
• relatos de perda da ordem de 400
colméias/apicultor
• maioria dos casos não foi possível obter
amostras com abelhas contaminadas
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84. Araraquara
São
Carlos
Araras
Piracicaba
Campinas
São
Paulo
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103. • adultos
Aplicação tópica ou via oral de inseticida e
acondicionamento dos indivíduos em B.O.D
– estudos morfológicos e comportamentais
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110. Estudo de campo – “Tunnel”
A) ‘Tunnel’ utilizado nas pesquisas de Semi-Campo. Note que são necessários 2 deles: 1 para
o grupo experimental pulverizado com pesticida e outro para o grupo controle. B) Interior do
‘Tunnel’ contendo a cultura que será pulverizada com o agroquímico.
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113. Moléculas empregadas em estudos para abelhas
Apidae no Centro de Estudos de Insetos
Sociais/CEIS, UNESP, Rio Claro/SP
Espécie Modo de Fase de desenvolvimento
administração Larva Adulto recém- Adulto
emergido campeira
Apis mellifera Ingestão Piriproxifem Fipronil -
“africanizada”
Tiametoxam Tiametoxam -
Contato - Fipronil Acetamiprido
- Imidacloprido Fipronil
- - Tiametoxam
Scaptotrigona Ingestão - Imidacloprido Ácido bórico
postica - - Fipronil
Contato - Imidacloprido Fipronil
Melípona Ingestão - Fipronil -
scutellaris Contato - Fipronil -
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114. CENTRO DE ESTUDOS DE INSETOS SOCIAIS
UNESP – RIO CLARO
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115. GRUPO DE PESQUISA CNPq: TOXICOLOGIA DE ABELHAS SOCIAIS
COORDENADOR: OSMAR MALASPINA
CENTRO DE ESTUDOS DE INSETOS SOCIAIS / DEPTO DE BIOLOGIA -
UNESP - RIO CLARO – SP
THAISA ROAT CAROLINE DE ALMEIDA ROSSI
FERNANDA FERNANDEZ DAIANE TAVARES
ANDRIGO M. PEREIRA CYNTIA JACOB
TIAGO FAVARO DE SOUZA HELLEN MARIA SOARES
RAFAEL FERREIRA
PRISCILA CINTRA SOCOLOWSKI
STEPHAN M. CARVALHO
UFSCAR – CAMPUS SORACABA/SP
ELAINE C. M. SILVA ZACARIN
UFSCAR – CAMPUS ARARAS/SP
ROBERTA C. F. NOCELLI
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116. PROF. DR. OSMAR MALASPINA
Tel. 55 – 19 – 3525-4169/4160
email. ceis@rc.unesp.br / malaspin@rc.unesp.br
www.rc.unesp.br/ib/ceis
Depto de Biologia / Centro de Estudos de Insetos Sociais
Instituto de Biociências de Rio Claro - Universidade Estadual Paulista – UNESP
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