Fra Angelico foi um monge dominicano italiano do século 15 conhecido por suas pinturas religiosas. Ele buscou equilibrar as novas técnicas artísticas renascentistas com mensagens teológicas tradicionais para orientar a sociedade florentina de forma religiosa. Suas obras como a Anunciação e a Deposição da Cruz usam formas geométricas e perspectiva para expressar conceitos divinos de uma forma acessível.
2. Monge Dominicano, descrito pela crítica romântica como o
“místico que , em êxtase, pinta visões celestiais”. Anunciação, 1437-1446,
Museu Nacional de São
Marcos, Florença
3. Segundo Vasari, Fra Giovanni da Fiesole constitui um caso à parte entre os
pintores do Quattrocento. “Este homem fugiu da vida social, viveu
retiradamente e só procurou a amizade dos pobres..., era sóbrio embora muito
humano, praticou a castidade..., nunca se encolarizou, embora pareça
impossível... E não queria corrigir suas pinturas pois dizia que tal como saíam
pela primeira vez das suas mãos era como Deus as queria”.
Giorgio Vasari (1511-1574)
4. Anunciação, 1437-1446,
Museu Nacional de São
Marcos, Florença
Orientava em sentido religiosso
a cultura da alta burguesia florentina.
5. Anunciação, 1437-1446,
Museu Nacional de São
Marcos, Florença
“Foi dos primeiros a compreender o enorme alcance das novas
correntes artísticas e não se opôs a elas, mas percebeu o enorme
perigo de uma total secularização da arte, e tentou enquadrá-las na
doutrina oficial da Igreja e no sistema filosófico de São Tomás”. (p.198 – vol.2)
6. ARTE
como condução ao
conhecimento de Deus.
OBJETIVO:
Usar sua experiência
religiosa como uma
forma de orientar uma
sociedade tão
interessada e ávida de
conhecer.
“Se a arte tende à verdade, tende a Deus,
e uma pintura como a de Lorenzo
Monaco podia exortar à oração, mas não
conduzir ao conhecimento de Deus. E o
conhecimento de Deus é a forma de
experiência sengundo a qual é preciso
orientar uma sociedade tão interessada,
Fra Angelico, ávida de conhecer”. (p.199 – vol.2)
1437-1446, Museu de
São Marcos, Florença
8. Masaccio (1401 - 1428) foi o primeiro grande pintor
do Quattrocento na Italia. Seus afrescos são
monumentos ao Humanismo e introduzem uma
plasticidade nunca antes vista na pintura. Foi o
primeiro grande pintor italiano depois de Giotto e o
primeiro mestre da Renascença italiana. Masaccio
entendeu o que Giotto iniciara no fim da Idade Média
e tornou essa compreensão acessível a todos.
Começou a trabalhar ainda quando
Gentile da Fabriano, artista do Gótico Internacional,
estava em Florença. Porém, afasta-se da
pintura gótica e da elaborada ornamentação de
Gentile, voltando-se para um estilo mais naturalista e
real.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Masaccio)
A Trindade Trindade Sagrada – 1427
"Fui outrora o que você é, e sou aquilo em que você
9. “Assim como Ghiberti
permaneceu fiel
a algumas das ideais da
arte gótica, sem se
recusar a fazer uso das
novas descobertas do
seu século”.
“Aplicou os novos métodos de Masaccio principalmente para
expressar as ideias tradicionais da arte religiosa”.
“A arte da perspectiva não apresentava dificuldade para o pintor”.
Gombrich. A História da Arte – pág.252
11. “A primeira data segura para a
obra de Angelico, é 1433.
“basta pensar que só para o
projeto da moldura foi
procurado o já ilustre Ghiberti.”.
0 tabernáculo dos Linaioli foi
(p.199 – vol.2)
feito para uma das”guildas”
mais ricas poderosas;”
Tabernáculo
dos Linaioli, painel central,
1433, têmpora sobre madeira,
233 x 330 cm, Museo di San
Marco, Florença.
(Figura 93)
12.
13. A Nosa Senhora, de um
ponto de vista
iconográfico ou tipológico,
não está longe das
madonas de Masolino,
mas a sua forma fechada,
triangular, desdobra-se
apenas com a lembrança
da massa cônica inserida
ousadamente por
Masaccio na prancha
masoliniana da Nossa
Senhora com Santana.
14. As cabeças são volumes
regulares, delineadas sobre
o módulo da esfera
transparente que o Menino
tem na mão. A forma
geométrica é, certamente, a
mais perfeia que o intelecto
humano possa conceber,
portanto, a mais próxima à
forma que Deus deu ao
mundo, ao criá-lo, e, assim,
é também a que melhor se
associa à substância com a
qual Deus preenche o vazio
do mundo, a luz.
15. “Inteiramente ao redor de
Nossa Senhora, quase a
encerrá-la num relicário, são
estendidos panos preciosos,
entrecidos de ouro. Pode ser
uma alusão às bodas de
industriais têxteis que
encomendaram a prancha;mas
esses panos variegados de ouro
refletem uma luz intensificada
e vibrante sobre as figuras. O
azul do manto alcança, assim,
uma incrível altura e pureza
de timbre; as cabeças e as
mãos, transparentes, quase
não têm sombras”.
16. “Angelico pensa o belo como
manifesto para todo intelecto
claro. A perspectiva é, sem
dúvida, um processo do
intelecto claro, e, portanto, é
um processo legítimo, ou
melhor, necessário”.
[…]
“No tabernáculo dos Linaioli, o
degrau é perspéctico, mas a
perspectiva serve para
determinar um plano luminoso,
que espelha a luz por baixo e
define o volume ideal de luz em
que desceu a figura”.
17.
18.
19. Deposição da Cruz, 1440,
têmpora sobre madeira,
276 x x285 cm, pintado
para a igreja de Santa
Trinità, Museo di San
Marco, Floreça
(Figura 94)
20. “Uma pregação aos leigos,
tem um fim
demonstrativo. Pintada
pelo ano de 1440, quando
em Florença só se falava
de ‘pintura de história’,
representa um fato
histórico; mas não menos
do que a natureza, a
história é reveladora do
Deposição da Cruz
divino”. (Figura 94)
21. “O evento (a descida do
corpo de Cristo da cruz)
explica-se inteiramente no
primeiro plano: não é
relato nem evocação, mas
revelação dogmática”.
“A cruz e as escadas
compõem uma armação
geométrica”.
22. “Atrás, em uma luz límpida de manhã de primavera, há uma paisgem perspética: colinas e
muros de cidade, casas. Entre natureza e história não há contradição, são os dois planos da
revelação. Essa identidade não existiu sempre, foi moldada quando Deus, encarnado, deu à
Terra e à vida dos homens um novo significado. Por isso a ‘Deposição’ nada tem de
24. “à direita de vales e de
montes”.
“A perspectiva é
rigorosa, mas não sugere
profundidade, oferece
superfícies coloridas ao
transmitir-se sem
obstáculos da luz do céu.
Angelico segue São
Tomás: a forma natural
perfeita é aquela que não
impede a propagação da
luz divina.
25. “À direita da cruz, um
grupo de sábios discute
sobre os símbolos da
Paixão”.
“De um lado a religião do
intelecto...”
27. “Na Transfiguração,
talvez a obra mais
elevada de Angelico”.
Ano
Transfiguração, após 1438,
afresco 189 x 150 cm,
convento de San Marco (cela
6 do dormitório), Floreça.
(Figura 95)
28. “Cristo com os braços
abertos é também a
Cruz e destaca-se,
branco sobre branco, em
um halo de luz em forma
de auréola.
29. “A luz não tem
explendor, as figuras são
imagens sem corpo, luz
em figura humana
dentro da luz em figura
geométrica.”
30. “Quase sempre é
inserido na figuração um
santo dominicano em
meditação, como para
dizer que aquela é a
visão dos vários
mistérios segundo a
‘religião’ dominicana, as
regras ascéticas da
ordem”
31. “O cenário é, de fato,
uma imagem
humanística da Roma
antiga. Muitas vezes,
especialmente nos
painéis, Angelico
representara histórias de
santos, sempre com a
candura da ‘lenda
áurea’, de onde as trazia,
e com a inteção de
demosntrar que tudo
acontece segundo o
desígnio da Providência
e que, portanto, todos
são belos e bons, até os
carrascos.
São Lourenço distribui
esmola aos pobres, 1447,
afresco, 271 x 205 cm,
capela Niccolina, roma.
(Figura 96)
32. “Em Roma, nos
afrescos da
Niccolina, que
podem considerar
os seus ‘sermões’
latinos, Angélico
quer demonstrar
que um fato é
histórico por
conter um
profundo
significado
conceitual.”
33. “São Lourenço que doa aos pobres
os bens da Igreja representa um
fato histórico que, como exortação à
caridade, pode ter também um
significado moral; mas também tem
um significado conceitual, porque
os bens materiais doados são a
graça que a Igreja distribui para
todo o ‘corpo místico’ da
comunidade cristã”.
35. “A comunidadde
dos fiéis ou o
‘corpo místico’,
pelos pobres,
dignos como
personagens
antigos.”
36. “... Deseja demonstrar
que as verdades da fé
podem ser expressas na
formas mais simples e,
aomemso tempo,
demosntra que a
qualidade da pintura
não é diminuída pela
descarnada
essencialidade da
narrativa, pela essência
do ornato, pela redução
da gama a poucas cores
puras.”