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Giovanni Fiesole
 Beato Angélico
   Fra Angelico

Vicchio di Mugello – 1387
Roma - 1455
Monge Dominicano, descrito pela crítica romântica como o
“místico que , em êxtase, pinta visões celestiais”.   Anunciação, 1437-1446,
                                                              Museu Nacional de São
                                                               Marcos, Florença
Segundo Vasari, Fra Giovanni da Fiesole constitui um caso à parte entre os
pintores do Quattrocento. “Este homem fugiu da vida social, viveu
retiradamente e só procurou a amizade dos pobres..., era sóbrio embora muito
humano, praticou a castidade..., nunca se encolarizou, embora pareça
impossível... E não queria corrigir suas pinturas pois dizia que tal como saíam
pela primeira vez das suas mãos era como Deus as queria”.
                                                         Giorgio Vasari (1511-1574)
Anunciação, 1437-1446,
                  Museu Nacional de São
                    Marcos, Florença


   Orientava em sentido religiosso
a cultura da alta burguesia florentina.
Anunciação, 1437-1446,
                                                         Museu Nacional de São
                                                           Marcos, Florença

   “Foi dos primeiros a compreender o enorme alcance das novas
  correntes artísticas e não se opôs a elas, mas percebeu o enorme
 perigo de uma total secularização da arte, e tentou enquadrá-las na
doutrina oficial da Igreja e no sistema filosófico de São Tomás”.    (p.198 – vol.2)
ARTE
                         como condução ao
                       conhecimento de Deus.

                            OBJETIVO:
                         Usar sua experiência
                         religiosa como uma
                       forma de orientar uma
                            sociedade tão
                        interessada e ávida de
                              conhecer.
                       “Se a arte tende à verdade, tende a Deus,
                           e uma pintura como a de Lorenzo
                       Monaco podia exortar à oração, mas não
                        conduzir ao conhecimento de Deus. E o
                          conhecimento de Deus é a forma de
                         experiência sengundo a qual é preciso
                       orientar uma sociedade tão interessada,
    Fra Angelico,         ávida de conhecer”. (p.199 – vol.2)
1437-1446, Museu de
São Marcos, Florença
Anunciação, 1437-1446,
“Angelico admirava e estudava Masaccio”. (p.199 – vol.2)   Museu Nacional de São
                                                             Marcos, Florença
Masaccio (1401 - 1428) foi o primeiro grande pintor
do Quattrocento na Italia. Seus afrescos são
monumentos ao Humanismo e introduzem uma
plasticidade nunca antes vista na pintura. Foi o
primeiro grande pintor italiano depois de Giotto e o
primeiro mestre da Renascença italiana. Masaccio
entendeu o que Giotto iniciara no fim da Idade Média
e tornou essa compreensão acessível a todos.
Começou a trabalhar ainda quando
Gentile da Fabriano, artista do Gótico Internacional,
estava em Florença. Porém, afasta-se da
pintura gótica e da elaborada ornamentação de
Gentile, voltando-se para um estilo mais naturalista e
real.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Masaccio)


A Trindade Trindade Sagrada – 1427
"Fui outrora o que você é, e sou aquilo em que você
“Assim como Ghiberti
                                               permaneceu fiel
                                           a algumas das ideais da
                                              arte gótica, sem se
                                           recusar a fazer uso das
                                            novas descobertas do
                                                  seu século”.




  “Aplicou os novos métodos de Masaccio principalmente para
        expressar as ideias tradicionais da arte religiosa”.

“A arte da perspectiva não apresentava dificuldade para o pintor”.

                Gombrich. A História da Arte – pág.252
Tabernáculo
dos Linaioli
(Figura 93)

               Deposição para
                Santa Trinità
                 (Figura 94)



                                Transfiguração
                                 (Figura 95)

                                                 São Lourenço
                                                  (Figura 96)
“A primeira data segura para a
         obra de Angelico, é 1433.
           “basta pensar que só para o
                projeto da moldura foi
          procurado o já ilustre Ghiberti.”.
         0 tabernáculo dos Linaioli foi
                     (p.199 – vol.2)
         feito para uma das”guildas”
         mais ricas poderosas;”

        Tabernáculo
 dos Linaioli, painel central,
1433, têmpora sobre madeira,
 233 x 330 cm, Museo di San
      Marco, Florença.
         (Figura 93)
A Nosa Senhora, de um
       ponto de vista
iconográfico ou tipológico,
     não está longe das
   madonas de Masolino,
 mas a sua forma fechada,
  triangular, desdobra-se
 apenas com a lembrança
 da massa cônica inserida
      ousadamente por
   Masaccio na prancha
   masoliniana da Nossa
   Senhora com Santana.
As cabeças são volumes
regulares, delineadas sobre
     o módulo da esfera
transparente que o Menino
    tem na mão. A forma
geométrica é, certamente, a
mais perfeia que o intelecto
  humano possa conceber,
portanto, a mais próxima à
   forma que Deus deu ao
mundo, ao criá-lo, e, assim,
 é também a que melhor se
associa à substância com a
qual Deus preenche o vazio
      do mundo, a luz.
“Inteiramente ao redor de
    Nossa Senhora, quase a
 encerrá-la num relicário, são
  estendidos panos preciosos,
  entrecidos de ouro. Pode ser
    uma alusão às bodas de
     industriais têxteis que
encomendaram a prancha;mas
esses panos variegados de ouro
refletem uma luz intensificada
 e vibrante sobre as figuras. O
 azul do manto alcança, assim,
  uma incrível altura e pureza
   de timbre; as cabeças e as
   mãos, transparentes, quase
       não têm sombras”.
“Angelico pensa o belo como
 manifesto para todo intelecto
  claro. A perspectiva é, sem
    dúvida, um processo do
 intelecto claro, e, portanto, é
   um processo legítimo, ou
     melhor, necessário”.
              […]
“No tabernáculo dos Linaioli, o
  degrau é perspéctico, mas a
    perspectiva serve para
determinar um plano luminoso,
 que espelha a luz por baixo e
define o volume ideal de luz em
     que desceu a figura”.
Deposição da Cruz, 1440,
têmpora sobre madeira,
 276 x x285 cm, pintado
 para a igreja de Santa
 Trinità, Museo di San
     Marco, Floreça
      (Figura 94)
“Uma pregação aos leigos,
       tem um fim
 demonstrativo. Pintada
pelo ano de 1440, quando
em Florença só se falava
 de ‘pintura de história’,
   representa um fato
histórico; mas não menos
  do que a natureza, a
 história é reveladora do
                             Deposição da Cruz
         divino”.               (Figura 94)
“O evento (a descida do
corpo de Cristo da cruz)
explica-se inteiramente no
  primeiro plano: não é
relato nem evocação, mas
 revelação dogmática”.


  “A cruz e as escadas
 compõem uma armação
      geométrica”.
“Atrás, em uma luz límpida de manhã de primavera, há uma paisgem perspética: colinas e
muros de cidade, casas. Entre natureza e história não há contradição, são os dois planos da
revelação. Essa identidade não existiu sempre, foi moldada quando Deus, encarnado, deu à
    Terra e à vida dos homens um novo significado. Por isso a ‘Deposição’ nada tem de
“à esquerda, a paisagem
 inteira é de muros e de
          casas”.
“à direita de vales e de
        montes”.

     “A perspectiva é
rigorosa, mas não sugere
  profundidade, oferece
 superfícies coloridas ao
    transmitir-se sem
obstáculos da luz do céu.
   Angelico segue São
Tomás: a forma natural
perfeita é aquela que não
impede a propagação da
       luz divina.
“À direita da cruz, um
 grupo de sábios discute
  sobre os símbolos da
        Paixão”.


“De um lado a religião do
      intelecto...”
“à esquerda, piedosas
mulheres recebem o corpo
       no sudáio.”.


“...do outro, a religião do
      do coração.”
“Na Transfiguração,
  talvez a obra mais
elevada de Angelico”.

        Ano


                        Transfiguração, após 1438,
                           afresco 189 x 150 cm,
                        convento de San Marco (cela
                         6 do dormitório), Floreça.
                                (Figura 95)
“Cristo com os braços
  abertos é também a
   Cruz e destaca-se,
branco sobre branco, em
um halo de luz em forma
      de auréola.
“A luz não tem
explendor, as figuras são
 imagens sem corpo, luz
   em figura humana
 dentro da luz em figura
      geométrica.”
“Quase sempre é
inserido na figuração um
  santo dominicano em
  meditação, como para
   dizer que aquela é a
      visão dos vários
   mistérios segundo a
‘religião’ dominicana, as
   regras ascéticas da
          ordem”
“O cenário é, de fato,
       uma imagem
  humanística da Roma
  antiga. Muitas vezes,
    especialmente nos
     painéis, Angelico
representara histórias de
  santos, sempre com a
    candura da ‘lenda
áurea’, de onde as trazia,
    e com a inteção de
  demosntrar que tudo
   acontece segundo o
 desígnio da Providência
  e que, portanto, todos
 são belos e bons, até os
        carrascos.

                              São Lourenço distribui
                             esmola aos pobres, 1447,
                               afresco, 271 x 205 cm,
                              capela Niccolina, roma.
                                    (Figura 96)
“Em Roma, nos
    afrescos da
   Niccolina, que
podem considerar
os seus ‘sermões’
 latinos, Angélico
quer demonstrar
   que um fato é
   histórico por
     conter um
     profundo
    significado
   conceitual.”
“São Lourenço que doa aos pobres
  os bens da Igreja representa um
fato histórico que, como exortação à
   caridade, pode ter também um
significado moral; mas também tem
 um significado conceitual, porque
   os bens materiais doados são a
  graça que a Igreja distribui para
      todo o ‘corpo místico’ da
         comunidade cristã”.
“A Igreja é
representada pela
  profunda nave
perspéctica atrás
    do santo;
“A comunidadde
   dos fiéis ou o
 ‘corpo místico’,
   pelos pobres,
   dignos como
   personagens
     antigos.”
“... Deseja demonstrar
 que as verdades da fé
podem ser expressas na
formas mais simples e,
    aomemso tempo,
    demosntra que a
 qualidade da pintura
 não é diminuída pela
      descarnada
   essencialidade da
narrativa, pela essência
do ornato, pela redução
da gama a poucas cores
        puras.”
Morreu em Roma, 18 de fevereiro de 1455.
“Fra Angelico foi,

sem dúvida, um artista

religioso, mas bastante

    consciente dos

 problemas culturais

    de sua época.”

    Fra Angelico,
    c.1400 – 1455

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Trabalho Giovanni Fiesole

  • 1. Giovanni Fiesole Beato Angélico Fra Angelico Vicchio di Mugello – 1387 Roma - 1455
  • 2. Monge Dominicano, descrito pela crítica romântica como o “místico que , em êxtase, pinta visões celestiais”. Anunciação, 1437-1446, Museu Nacional de São Marcos, Florença
  • 3. Segundo Vasari, Fra Giovanni da Fiesole constitui um caso à parte entre os pintores do Quattrocento. “Este homem fugiu da vida social, viveu retiradamente e só procurou a amizade dos pobres..., era sóbrio embora muito humano, praticou a castidade..., nunca se encolarizou, embora pareça impossível... E não queria corrigir suas pinturas pois dizia que tal como saíam pela primeira vez das suas mãos era como Deus as queria”. Giorgio Vasari (1511-1574)
  • 4. Anunciação, 1437-1446, Museu Nacional de São Marcos, Florença Orientava em sentido religiosso a cultura da alta burguesia florentina.
  • 5. Anunciação, 1437-1446, Museu Nacional de São Marcos, Florença “Foi dos primeiros a compreender o enorme alcance das novas correntes artísticas e não se opôs a elas, mas percebeu o enorme perigo de uma total secularização da arte, e tentou enquadrá-las na doutrina oficial da Igreja e no sistema filosófico de São Tomás”. (p.198 – vol.2)
  • 6. ARTE como condução ao conhecimento de Deus. OBJETIVO: Usar sua experiência religiosa como uma forma de orientar uma sociedade tão interessada e ávida de conhecer. “Se a arte tende à verdade, tende a Deus, e uma pintura como a de Lorenzo Monaco podia exortar à oração, mas não conduzir ao conhecimento de Deus. E o conhecimento de Deus é a forma de experiência sengundo a qual é preciso orientar uma sociedade tão interessada, Fra Angelico, ávida de conhecer”. (p.199 – vol.2) 1437-1446, Museu de São Marcos, Florença
  • 7. Anunciação, 1437-1446, “Angelico admirava e estudava Masaccio”. (p.199 – vol.2) Museu Nacional de São Marcos, Florença
  • 8. Masaccio (1401 - 1428) foi o primeiro grande pintor do Quattrocento na Italia. Seus afrescos são monumentos ao Humanismo e introduzem uma plasticidade nunca antes vista na pintura. Foi o primeiro grande pintor italiano depois de Giotto e o primeiro mestre da Renascença italiana. Masaccio entendeu o que Giotto iniciara no fim da Idade Média e tornou essa compreensão acessível a todos. Começou a trabalhar ainda quando Gentile da Fabriano, artista do Gótico Internacional, estava em Florença. Porém, afasta-se da pintura gótica e da elaborada ornamentação de Gentile, voltando-se para um estilo mais naturalista e real. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Masaccio) A Trindade Trindade Sagrada – 1427 "Fui outrora o que você é, e sou aquilo em que você
  • 9. “Assim como Ghiberti permaneceu fiel a algumas das ideais da arte gótica, sem se recusar a fazer uso das novas descobertas do seu século”. “Aplicou os novos métodos de Masaccio principalmente para expressar as ideias tradicionais da arte religiosa”. “A arte da perspectiva não apresentava dificuldade para o pintor”. Gombrich. A História da Arte – pág.252
  • 10. Tabernáculo dos Linaioli (Figura 93) Deposição para Santa Trinità (Figura 94) Transfiguração (Figura 95) São Lourenço (Figura 96)
  • 11. “A primeira data segura para a obra de Angelico, é 1433. “basta pensar que só para o projeto da moldura foi procurado o já ilustre Ghiberti.”. 0 tabernáculo dos Linaioli foi (p.199 – vol.2) feito para uma das”guildas” mais ricas poderosas;” Tabernáculo dos Linaioli, painel central, 1433, têmpora sobre madeira, 233 x 330 cm, Museo di San Marco, Florença. (Figura 93)
  • 12.
  • 13. A Nosa Senhora, de um ponto de vista iconográfico ou tipológico, não está longe das madonas de Masolino, mas a sua forma fechada, triangular, desdobra-se apenas com a lembrança da massa cônica inserida ousadamente por Masaccio na prancha masoliniana da Nossa Senhora com Santana.
  • 14. As cabeças são volumes regulares, delineadas sobre o módulo da esfera transparente que o Menino tem na mão. A forma geométrica é, certamente, a mais perfeia que o intelecto humano possa conceber, portanto, a mais próxima à forma que Deus deu ao mundo, ao criá-lo, e, assim, é também a que melhor se associa à substância com a qual Deus preenche o vazio do mundo, a luz.
  • 15. “Inteiramente ao redor de Nossa Senhora, quase a encerrá-la num relicário, são estendidos panos preciosos, entrecidos de ouro. Pode ser uma alusão às bodas de industriais têxteis que encomendaram a prancha;mas esses panos variegados de ouro refletem uma luz intensificada e vibrante sobre as figuras. O azul do manto alcança, assim, uma incrível altura e pureza de timbre; as cabeças e as mãos, transparentes, quase não têm sombras”.
  • 16. “Angelico pensa o belo como manifesto para todo intelecto claro. A perspectiva é, sem dúvida, um processo do intelecto claro, e, portanto, é um processo legítimo, ou melhor, necessário”. […] “No tabernáculo dos Linaioli, o degrau é perspéctico, mas a perspectiva serve para determinar um plano luminoso, que espelha a luz por baixo e define o volume ideal de luz em que desceu a figura”.
  • 17.
  • 18.
  • 19. Deposição da Cruz, 1440, têmpora sobre madeira, 276 x x285 cm, pintado para a igreja de Santa Trinità, Museo di San Marco, Floreça (Figura 94)
  • 20. “Uma pregação aos leigos, tem um fim demonstrativo. Pintada pelo ano de 1440, quando em Florença só se falava de ‘pintura de história’, representa um fato histórico; mas não menos do que a natureza, a história é reveladora do Deposição da Cruz divino”. (Figura 94)
  • 21. “O evento (a descida do corpo de Cristo da cruz) explica-se inteiramente no primeiro plano: não é relato nem evocação, mas revelação dogmática”. “A cruz e as escadas compõem uma armação geométrica”.
  • 22. “Atrás, em uma luz límpida de manhã de primavera, há uma paisgem perspética: colinas e muros de cidade, casas. Entre natureza e história não há contradição, são os dois planos da revelação. Essa identidade não existiu sempre, foi moldada quando Deus, encarnado, deu à Terra e à vida dos homens um novo significado. Por isso a ‘Deposição’ nada tem de
  • 23. “à esquerda, a paisagem inteira é de muros e de casas”.
  • 24. “à direita de vales e de montes”. “A perspectiva é rigorosa, mas não sugere profundidade, oferece superfícies coloridas ao transmitir-se sem obstáculos da luz do céu. Angelico segue São Tomás: a forma natural perfeita é aquela que não impede a propagação da luz divina.
  • 25. “À direita da cruz, um grupo de sábios discute sobre os símbolos da Paixão”. “De um lado a religião do intelecto...”
  • 26. “à esquerda, piedosas mulheres recebem o corpo no sudáio.”. “...do outro, a religião do do coração.”
  • 27. “Na Transfiguração, talvez a obra mais elevada de Angelico”. Ano Transfiguração, após 1438, afresco 189 x 150 cm, convento de San Marco (cela 6 do dormitório), Floreça. (Figura 95)
  • 28. “Cristo com os braços abertos é também a Cruz e destaca-se, branco sobre branco, em um halo de luz em forma de auréola.
  • 29. “A luz não tem explendor, as figuras são imagens sem corpo, luz em figura humana dentro da luz em figura geométrica.”
  • 30. “Quase sempre é inserido na figuração um santo dominicano em meditação, como para dizer que aquela é a visão dos vários mistérios segundo a ‘religião’ dominicana, as regras ascéticas da ordem”
  • 31. “O cenário é, de fato, uma imagem humanística da Roma antiga. Muitas vezes, especialmente nos painéis, Angelico representara histórias de santos, sempre com a candura da ‘lenda áurea’, de onde as trazia, e com a inteção de demosntrar que tudo acontece segundo o desígnio da Providência e que, portanto, todos são belos e bons, até os carrascos. São Lourenço distribui esmola aos pobres, 1447, afresco, 271 x 205 cm, capela Niccolina, roma. (Figura 96)
  • 32. “Em Roma, nos afrescos da Niccolina, que podem considerar os seus ‘sermões’ latinos, Angélico quer demonstrar que um fato é histórico por conter um profundo significado conceitual.”
  • 33. “São Lourenço que doa aos pobres os bens da Igreja representa um fato histórico que, como exortação à caridade, pode ter também um significado moral; mas também tem um significado conceitual, porque os bens materiais doados são a graça que a Igreja distribui para todo o ‘corpo místico’ da comunidade cristã”.
  • 34. “A Igreja é representada pela profunda nave perspéctica atrás do santo;
  • 35. “A comunidadde dos fiéis ou o ‘corpo místico’, pelos pobres, dignos como personagens antigos.”
  • 36. “... Deseja demonstrar que as verdades da fé podem ser expressas na formas mais simples e, aomemso tempo, demosntra que a qualidade da pintura não é diminuída pela descarnada essencialidade da narrativa, pela essência do ornato, pela redução da gama a poucas cores puras.”
  • 37. Morreu em Roma, 18 de fevereiro de 1455.
  • 38. “Fra Angelico foi, sem dúvida, um artista religioso, mas bastante consciente dos problemas culturais de sua época.” Fra Angelico, c.1400 – 1455