1. ORA E CONFIA
Meimei
... Ora em silêncio e confia em Deus, esperando pela Divina
Providência, porque Deus
tem estradas, onde o mundo não tem caminhos...
Se um dia te encontrares em situações tão difíceis que a vida te
pareça um cárcere sem portas;
sob o cerco de perseguidores aparentemente imbatíveis;
sofrendo a conspiração de intrigas domésticas; na trama de
processos obsessivos;
no campo de moléstias consideradas irreversíveis;
no laço de paixões que te conturbem a mente;
debaixo de provas que te induzam à desolação e ao desânimo;
sob a pressão de hábitos infelizes; em extrema penúria, sem
trabalho e sem meios de sobrevivência;
de alma relegada a supremo abandono;
na área de problemas criados pelos entes a que mais ames; não
desesperes.
Ora em Silêncio e confia em Deus, esperando pela Divina
Providência, porque Deus tem estradas, onde o mundo não tem
caminhos.
É por isto que a tempestade pode rugir à noite, mas não existem
forças na Terra que impeçam, cada dia a chegada de novo
amanhecer.
(De “Amizade”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito
Meimei)
2. SUICÍDIO ASSISTIDO – EUTANÁSIA
Três dias atrás, morreu a jovem norte-americana Brittany Maynard, de 29
anos, que optou pelo suicídio assistido ao ser diagnosticadacom câncer
incurável no cérebro. Caso de repercussão mundial.
(...)
Pergunta – Um dos pioneiros dos transplantes cardíacos fez esta afirmação ao referir-se
à prática da eutanásia:
“Não tenho dúvidas em receitar doses excessivas de morfina para pacientes à beira da
morte, quando a anestesia já não consegue exterminar a dor. Sou a favor da eutanásia
passiva, ou seja, da não realização de tratamento que simplesmente adiaria a morte,
como também sou favorável, em certos casos, à eutanásia ativa, ou seja, a que ajuda
o paciente a morrer. São os vivos que temem a morte, não os moribundos”.
Deparamo-nos, aqui, pois, com o delicado problema da eutanásia médica. Essa prática
é moralmente correta aos olhos de Deus?
Chico Xavier
– A eutanásia, observada do Plano Espiritual para o Plano Físico, constitui
sempre descaridade e imprudência praticadas pelo homem para com os seus
semelhantes. Até nos instantes últimos do veículo físico, o espírito
encarnado ainda é suscetível de colher valiosas lições e conquistar recursos
de importância inavaliável para os entes que ficam, recursos esses que lhe
serão de alto proveito logo após a desencarnação.
3. Livro: Janela Para a Vida
Francisco Cândido Xavier, Fernando Worm
LAKE – Livraria Allan Kardec Editora
Eutanásia
Evangelho de Chico Xavier
1 Sou pela valorização da vida, pela esperança, portanto sou contra a eutanásia. A
chamada morte piedosa pode interromper, para o Espírito, valioso processo de
resgate…
2 Deus não desampara os agonizantes. Os que têm a sua vida prolongada pela
Ciência, nos quadros de dor em que os observamos, estão sob a proteção de
devotados companheiros da Vida Maior…
3 Às vezes, naquele minuto a mais de agonia, o Espírito alcança a vitória que
perseguiu durante toda a existência!…
.Chico Xavier
DÍVIDA E TEMPO
EUTANÁSIA
Chico visitou durante muitos anos um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e
que morava num barraco à beira de uma mata. O estado de alienado mental era
completo. A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo,
alimenta-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que morava.
O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas em que um grupo de
pessoas o acompanhava, um médico perguntou ao Chico:
- NEM MESMO NESTE CASO A EUTANÁSIA SERIA PERDOÁVEL?
- NÃO CREIO, DOUTOR, RESPONDEU-LHE O CHICO. ESTE NOSSO IRMÃO, EM
SUA ÚLTIMA ENCARNAÇÃO, TINHA MUITO PODER. PERSEGUIU, PREJUDICOU
E COM TORTURAS DESUMANAS TIROU A VIDA DE MUITAS PESSOAS.
ALGUMAS O PERDOARAM, OUTRAS NÃO E O PERSEGUIRAM DURANTE TODA A
SUA VIDA. AGUARDARAM O SEU DESENCARNE E, ASSIM QUE ELE DEIXOU O
CORPO, ELES O AGARRARAM E O TORTURARAM DE TODAS AS MANEIRAS
DURANTE MUITOS ANOS. ESTE CORPO DISFORME E MUTILADO REPRESENTA
UMA BÊNÇÃO PARA ELE. FOI O ÚNICO JEITO QUE A PROVIDÊNCIA DIVINA
4. ENCONTROU PARA ESCONDÊ-LO DE SEUS INIMIGOS. QUANTO MAIS TEMPO
AGÜENTAR, MELHOR SERÁ. COM O PASSAR DOS ANOS, MUITOS DE SEUS
INIMIGOS O TERÃO PERDOADO. OUTROS TERÃO REENCARNADO. APLICAR A
EUTANÁSIA SERIA DEVOLVÊ-LO ÀS MÃOS DE SEUS INIMIGOS PARA QUE
CONTINUASSEM A TORTURÁ-LO.
- E como resgatará ele seus crimes? Inquiriu o médico.
- O irmão X costuma dizer que DEUS USA O TEMPO E NÃO A VIOLÊNCIA.
(Texto extraído do livro “Chico, de Francisco” do autor Adelino da
Silveira, páginas 53 e 54, Editora CEU, ano 1987.)
Eutanásia
Plantão de respostas — Emmanuel —
Entrevistas
Pergunta: Que postura devemos ter perante a eutanásia?
Estando o corpo físico sendo mantido por instrumentos, o
Espírito continua ligado a ele ou não?
Resposta: Os profissionais e responsáveis por
pacientes que consentem com a prática da
eutanásia, imbuídos de ideias materialistas,
desconhecem a realidade maior quanto à
imortalidade do Espírito. A morte voluntária é
entendida como o fim de todos os sofrimentos, mas
trata-se de considerável engano. A fuga de uma
situação difícil, como a enfermidade, não resolverá
as causas profundas que a produziram, já que estas
se encontram em nossa consciência.
É necessário confiar, antes de tudo, na Providência
Divina, já que tais situações consistem em valiosas
5. lições em processos de depuração do Espírito. Os
momentos difíceis serão seguidos, mais tarde, por
momentos felizes. Deve-se lembrar também que a
ciência médica avança todos os dias e que males,
antes incuráveis, hoje recebem tratamento
adequado, além disso, em mais de uma ocasião já
se verificaram casos de cura em pacientes
desenganados pelos médicos.
Quanto à outra questão, respondemos que sim, os
aparelhos conseguem fazer com que o Espírito
permaneça ligado a seu corpo por meio de laços do
perispírito. Isso ocorre porque eles conseguem
superar, até certo ponto, as descompensações e
desarmonias no fluxo vital do organismo, causadas
pela enfermidade.
.Francisco Cândido Xavier.Emmanuel
Eutanásia e socorro
Fé, paz e amor — Emmanuel
1 A eutanásia, ainda mesmo quando praticada em
nome do amor, será sempre deplorável intromissão
da ciência humana nos processos instituídos pela
Sabedoria Divina, em favor da recuperação ou do
aprimoramento da alma.
2 Que dizer do artista que nas vésperas do término da
obra-prima aniquilasse a peça inacabada, a pretexto
de compaixão pelo mármore ferido?
3 Como interpretar o lavrador que destruísse a árvore
benfeitora, pronta a mitigar-lhe a fome, sob a
alegação de que o tronco se desenvolveu
tortuosamente, em desacordo com a elegância dos
demais exemplares da espécie?
4 A existência na carne é recurso da Providência
6. Divina, a benefício de nosso reajuste, à frente das
Leis Eternas.
5 Muitas vezes, o câncer é o meio de expungir as
trevas que povoam o coração, impedindo-lhe maior
entendimento da vida.
6 Em muitas ocasiões, a cegueira irremediável é a
restauração da consciência embotada de ontem para
o amanhã que lhe sorrirá repleto de luz.
7 Frequentemente, a lepra do corpo é medicação
redentora da alma faminta da paz e do reequilíbrio
que apenas conseguirá em se banhando na fonte
lustral do sofrimento.
8 A paralisia e a loucura, o pênfigo e a tuberculose, a
idiotia e a mutilação, quase sempre, funcionam por
abençoado corretivo, em socorro do Espírito que a
culpa ensandeceu ou ensombrou na provação
expiatória. Assim sendo, passemos amando e
auxiliando aos que nos cercam, na estrada que
fomos chamados a percorrer.
9 Respeitemos a dor como instrutora das almas e, sem
vacilações ou indagações descabidas, amparemos
quantos lhe experimentam a presença
constrangedora e educativa.
10 Auxiliemos sem perguntar pelos méritos daqueles
que se constituirão tutelados de nosso devotamento
e carinho, de vez que a todos nós, espíritos
endividados e em processo de purificação, diante da
Lei, compete tão somente o dever de servir,
porquanto a Justiça, em última instância, pertence a
Deus que distribui conosco o alívio e a aflição, a
saúde e a enfermidade, a vida e a morte, no
momento oportuno.
.Emmanuel
7. Sofrimento e eutanásia
Religião dos Espíritos — Emmanuel
Reunião pública de 3 de Abril de 1959
Questão n.° 944 de “O Livro dos Espíritos”
1 Quando te encontres diante de alguém que a morte
parece nimbar de sombra, recorda que a vida
prossegue, além da grande renovação…
2 Não te creias autorizado a desferir o golpe supremo
naqueles que a agonia emudece, a pretexto de
consolação e de amor, porque, muita vez, por trás
dos olhos baços e das mãos desfalecentes que
parecem deitar o último adeus, apenas repontam
avisos e advertências para que o erro seja sustado
ou para que a senda se reajuste amanhã.
3 Ante o catre da enfermidade mais insidiosa e mais
dura, brilha o socorro da Infinita Bondade
facilitando, a quem deve, a conquista da quitação.
4 Por isso mesmo, nas próprias moléstias
reconhecidamente obscuras para a diagnose
terrestre, fulgem lições cujo termo é preciso
esperar, a fim de que o homem lhes não perca a
essência divina.
5 E tal acontece, porque o corpo carnal, ainda mesmo
o mais mutilado e disforme, em todas as
8. circunstâncias, é o sublime instrumento em que a
alma é chamada a acender a flama de evolução.
6 É por esse motivo que no mundo encontramos, a
cada passo, trajes físicos em figurino moral diverso.
Corpos — santuários…
Corpos — oficinas…
Corpos — bênçãos…
Corpos — esconderijos…
Corpos — flagelos…
Corpos — ambulâncias…
Corpos — cárceres…
Corpos — expiações…
7 Em todos eles, contudo, palpita a concessão do
Senhor, induzindo-nos ao pagamento de velhas
dívidas que a Eterna Justiça ainda não apagou.
8 Não desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz
horizontal da doença prolongada e difícil,
administrando-lhe o veneno da morte suave,
porquanto, provavelmente, conhecerás também
mais tarde o proveitoso decúbito indispensável à
grande meditação.
9 E usando bondade para os que atravessam
semelhantes experiências, para que te não falte a
bondade alheia no dia de tua experiência maior,
lembra-te de que, valorizando a existência na Terra,
o próprio Cristo arrancou Lázaro às trevas do
sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse
dispor de mais tempo para completar o tempo
necessário à própria sublimação.
9. .Emmanuel
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo V
BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
[Dever-se-á pôr termo às provas do próximo?]
27. Deve alguém por termo às provas do seu
próximo quando o possa, ou deve, para respeitar os
desígnios de Deus, deixar que sigam seu curso?
1 Já vos temos dito e repetido muitíssimas vezes que
estais nessa Terra de expiação para concluirdes as
vossas provas e que tudo que vos sucede é
consequência das vossas existências anteriores, são
os juros da dívida que tendes de pagar. Esse
pensamento, porém, provoca em certas pessoas
reflexões que devem ser combatidas, devido aos
funestos efeitos que poderiam determinar.
2 Pensam alguns que, estando-se na Terra para
expiar, cumpre que as provas sigam seu curso.
10. Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar
que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas
que, ao contrário, devem contribuir para que elas
sejam mais proveitosas, tornando-as mais vivas.
Grande erro.
3 É certo que as vossas provas têm de seguir o curso
que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais
esse curso? Sabeis até onde têm elas de ir e se o
vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento
de tal ou qual dos vossos irmãos:
“Não irás mais longe?” Sabeis se a Providência não
vos escolheu, não como instrumento de suplício para
agravar os sofrimentos do culpado, mas como o
bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as
chagas que a sua justiça abrira?
4 Não digais, pois, quando virdes atingido um dos
vossos irmãos:
“É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso.”
Dizei antes: “Vejamos que meios o Pai misericordioso
me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do
meu irmão. Vejamos se as minhas consolações
morais, o meu amparo material ou meus conselhos
11. poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais
energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se
Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que
cesse esse sofrimento; se não me deu a mim,
também como prova, como expiação talvez, deter o
mal e substituí-lo pela paz.”
5 Ajudai-vos, pois, sempre, mutuamente, nas vossas
respectivas provações e nunca vos considereis
instrumentos de tortura. Contra essa ideia deve
revoltar-se todo homem de coração, principalmente
todo espírita, porquanto este, melhor do que
qualquer outro, deve compreender a extensão
infinita da bondade de Deus.
6 Deve o espírita estar compenetrado de que a sua
vida toda tem de ser um ato de amor e de
devotamento; que, faça ele o que fizer para se opor
às decisões do Senhor, estas se cumprirão. Pode,
portanto, sem receio, empregar todos os esforços
por atenuar o amargor da expiação, certo, porém, de
que só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme
julgar conveniente.
7 Não haveria imenso orgulho, da parte do homem,
em se considerar no direito de, por assim dizer,
revirar a arma dentro da ferida? De aumentar a dose
do veneno nas vísceras daquele que está sofrendo,
sob o pretexto de que tal é a sua expiação? Oh!
12. considerai-vos sempre como instrumento para faze-la
cessar.
8 Resumindo: todos estais na Terra para expiar;
mas, todos, sem exceção, deveis esforçar-vos por
abrandar a expiação dos vossos semelhantes, de
acordo com a lei de amor e caridade. —
(BERNARDINO, Espírito protetor, Bordeaux, 1863.)
EUTANÁSIA
Gestor Vítor dos Santos*
Ofega o corpo a sós... Oculta, a morte espia...
– Invisível chacal na tocaia da presa.
Na máscara do rosto, a ansiedade retesa
Aparenta velar a dor do último dia.
Choras ao ver prostrada a criatura indefesa
Cujo olhar sem consolo a lágrima embacia,
E intentas ministrar-lhe a branda anestesia
Que apresse o longo fim e ajude a Natureza.
Susta, porém, teu gesto! A vida é sábia em
tudo!...
A alma jungida à carne, em pranto amargo e
mudo,
Roga-te, embora gema e fale de outra esfera:
– “Aguardo a mão da Lei, sempre doce e
benvinda!
Dá-me silêncio e paz! Não me expulses ainda!...”
E, por trás da alma em luta, a Lei exclama: –
“Espera!”.
Poeta, conteur, romancista, crítico, Nestor Vítor foi também, no dizer de
Andrade Muricy (Pan. Mov. Simb. Bras, I, pág. 268,), «pensador moralista
penetrante». Vice-diretor, aos 26 anos, do Internato do Ginásio Normal, atual
Colégio Pedro II. Colaborou em vários jornais do. Rio, entre os quais O Paiz, o
Correio da Manhã e O Globo. Patrono, na Academia Paranaense de Letras, da
cadeira nº. 27, tendo pertencido à extinta Academia de Letras do Paraná. Amigo
particular de Cruz e Souza, foi NV o crítico principal do Simbolismo em plagas
brasileiras. Brito Broca não vacila em colocá-la entre os melhores críticos
13. brasileiros. Para Fernando Góes (Pan. IV, pág. 78), «a poesia não foi o forte de
gestor Vítor, antes é a sua parte mais vulnerável». (Paranaguá, Paraná, 12 de Abril
de 1868 – Rio de Janeiro, GB, 13 de Outubro de 1932.)
BIBLIOGRAFIA : Signos ; Transfigurações ; etc.
BIBLIOGRAFIA: Primeiro Vôo; Gorjeios; O Tutor de Célia, contos; etc.
Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira.
EUTANÁSIA
Tema de freqüente discussão, por uns defendida,
por outros objurgada, a eutanásia, ou “sistema
que procura dar morte sem sofrimento a um
doente incurável”, retorna aos debates
acadêmicos, face à sua aplicação sistemática por
eminentes autoridades médicas, em crianças
incapazes físicas ou mentais desde o
nascimento, internadas em Hospitais Pediátricos,
sem esperanças científicas de recuperação ou
sobrevivência.
Prática nefanda que testemunha a predominância
do conceito materialista sobre a vida, que apenas
vê a matéria e suas implicações imediatas, em
detrimento das realidades espirituais, reflete,
também, a soberania do primitivismo animal na
constituição emocional do homem.
Na Grécia antiga, a hegemonia espartana,
sempre armada para a guerra e a destruição,
inseriu no seu Estatuto o emprego legal da
eutanásia eugênica em referência aos enfermos,
14. mutilados, psicopatas considerados inúteis, que
eram atirados ao Eurotas por pesarem
negativamente na economia do Estado. Guiados
por superlativos egoísmo e prepotência, apesar
das arremetidas arbitrárias do exagerado orgulho
nacional, fizeram-se vítimas da impulsividade
belicosa que cultivavam...
Outros povos, desde a mais remota antiguidade,
permitiam-se praticar esse “homicídio exercido
por compaixão”...
Em circunstância alguma, ou sob qualquer
motivo, não cabe ao homem direito de escolher
ou deliberar sobre a vida ou a morte em relação
ao seu próximo.
Os criminosos mais empedernidos, homicidas ou
genocidas dentre os mais hediondos, não devem
ter ceifadas as vidas, antes serem isolados da
convivência social, em celas, ou em trabalhos
retificadores, nos quais expunjam sob a ação do
tempo e da reflexão, que tarda, mas alcança o
infrator, fazendo-os expiar os delitos
perpetrados. Mesmo quando em se tratando de
precitos anatematizados por desconcerto mental,
não faltam Nosocômios judiciários onde possam
receber conveniente assistência a que têm
direito, sem que sejam considerados inocentes
pelos crimes perpetrados... Em recuperando a
saúde, eventualidade excepcional que pode
ocorrer, cerceados, pelo perigo de provável
reincidência psicopática, poderão, de alguma
forma, retribuir de maneira positiva à Sociedade,
os danos que haviam causado.
15. No que tange aos enfermos ditos irrecuperáveis,
convém considerar que doenças, ontem
detestáveis quanto incuráveis, são hoje capítulo
superado pelo triunfo de homens-sacerdotes da
Ciência Médica, que a enobrecem pelo contributo
que suas vidas oferecem a beneficio da
Humanidade. Sempre há, pois, possibilidade de
amanhã conseguir-se a vitória sobre a
enfermidade irreversível de hoje. Diariamente,
para esse desiderato, mergulham na carne
Espíritos Missionários que se aprestam a
apressar e impulsionar o progresso, realizando
descobrimentos e pesquisas superiores para a
vida, fonte poderosa de esperança e conforto
para os que sofrem, em nome do Supremo Pai.
Diante das expressões teratológicas, ao invés da
precipitação da falsa piedade em aliviar os
padecentes dos sofrimentos. Se há-de pensar na
terapêutica divina, que se utiliza do presídio
orgânico e das jaulas mentais para justiçar os
infratores de vários matizes que passaram na
Terra impunes, despercebidos, mas não puderam
fugir às sanções da consciência em falta, nem da
Legislação Superior, à qual rogaram ensejo de
recomeço, recuperação e sublimação porque
anelavam pela edificação da paz íntima.
Suicidas, - esses pobres revoltados contra a
Divindade -, que esfacelaram o crânio, em
arremetidas de ódio contra a existência,
reencarnam perturbados pela idiotia, surdez-mudez,
conforme a parte do cérebro afetada, ou
por hidrocefalias, mongolismos; os que tentaram
o enforcamento reaparecem com os processos
16. de paraplegia Infantil; os afogados, padecem
enfisema pulmonar; os que desfecharam tiros no
coração, retornam sob o jugo de cardiopatias
congênitas irreversíveis, dolorosas; os que se
utilizaram de tóxicos e venenos, volvem sob o
tormento das deformações congênitas, da asfixia
respiratória, ou estertorados por úlceras
gástricas, duodenais e cânceres devoradores; os
que despedaçaram o corpo em fugas
espetaculares, recomeçam vitimados por
atrofias, deformações, limitações pungentes, em
que aprendem a valorizar a grandeza da vida...
Agressores, exploradores, amantes da
rapinagem, das arbitrariedades, dos abusos de
qualquer natureza volvem aos cenários em que
se empederniram, ou corromperam, ou
infelicitaram, atingidos pelo sinete das
soberanas leis da ordem e do equilíbrio,
refazendo o caminho antes percorrido
criminosamente e entesourando os sagrados
valores da paciência, da compreensão, do
respeito a si mesmos e ao próximo, da
humildade, da resignação, armando-se de
bênçãos para futuros cometimentos ditosos.
Quem se poderá atribuir o direito de interromper-lhes
a existência preciosa, santificadora?
As pessoas que se lhes vinculam na condição de
pais, cônjuges, irmãos, amigos, também lhes são
17. partícipes dos dramas e tragédias do passado,
responsáveis diretos ou inconscientes, que ora
se reabilitam, devendo distender-lhes mãos
generosas, auxílio fraterno, pelo menos migalhas
de amor.
Ninguém se deverá permitir a interferência
destrutiva ou liberativa por meio da eutanásia em
tais processos redentores. Pessoas que se dizem
penalizadas dos sofrimentos de familiares e que
desejam os tenham logo cessados, quase
sempre agem por egoísmo, pressurosos de
libertar-se do comprometimento e da
responsabilidade de ajudá-los, sustentá-los,
amá-los mais.
Não faltam terapêuticas médicas e cirúrgicas que
podem amenizar a dor, perfeitamente
compatíveis com a caridade e a piedade cristãs.
A ninguém é dado precisar o tempo de vida ou
sobrevida de um paciente. São tão escassos de
exatidão os prognósticos humanos neste setor
do conhecimento, quanto ocorre noutros?
Quantos enfermos, rudemente vencidos,
desesperados recobram a saúde sem aparente
razão ou lógica?! Quantos outros homens em
excelente forma, portadores de sanidade e
robustez, são vitimados por surpresas orgânicas
e sucumbem imprevisivelmente?!
O conhecimento da reencarnação projeta luz nos
mais intrincados problemas da vida, dirimindo os
equívocos e as dúvidas em torno da saúde como
da enfermidade, da desdita como da felicidade e
18. contribuindo eficazmente para a perfeita
assimilação dos postulados renovadores de que
Jesus Cristo se fez vexilário por excelência e o
Espiritismo, o Consolador encarregado de
demonstrá-lo nos tormentosos dias da
atualidade.
Argumentam, porém, os utilitaristas que as
importâncias despendidas com os pacientes
irrecuperáveis poderiam ser utilizadas para
pesquisas valiosas ou para impedir-se que
homens sadios enfermassem, ou para
assistirem-se convenientemente os que, doentes,
podem ser salvos...
E devaneiam, utopistas, insensatos sem
considerarem as fortunas que são atiradas fora
em espetáculos ruidosos e funestos de exaltação
da sensualidade, do fausto exagerado, das
dissipações, sem que lhes ocorram a
necessidade da aplicação correta de tais
patrimônios em medidas preventivas salutares
ou socorro às multidões esfaimadas e nuas que
enxameiam por toda parte, perecendo, à guisa de
migalha de pão, chafurdando no desespero pela
ausência de uma gota de luz ou numa
insignificante contribuição de misericórdia.
Cada minuto em qualquer vida é, portanto,
precioso para o Espírito em resgate abençoado.
Quantas resoluções nobres, decisões felizes ou
atitudes desditosas ocorrem num relance, de
19. momento?
Penetrando-se o homem de responsabilidade e
caridade, luarizado pela fé religiosa, fundada em
fatos da imortalidade, da comunicabilidade e da
reencarnação, abominará em definitivo a
eutanásia tudo envidando para cooperar com o
seu irmão nos justos ressarcimentos que a
Divina Justiça lhe outorga para a conquista da
paz interior e da evolução.
Eutanásia
Autor:
Divaldo Franco (médium)
Joanna de Angelis (espírito)
Fonte:
Livro: Após a Tempestade
Anjos enfermos
Augusto vive — Augusto Cezar Netto
1 Prezada irmã. De todas as indagações que
habitualmente recebo, a que me veio do seu
maternal carinho é a que mais me doeu no coração.
2 “Por que, Augusto amigo, teremos pessoas que
recomendam a eutanásia para as crianças infelizes?
Tenho meu filhinho de oito novembros, estirado no
leito, paraplégico, que apenas conversa comigo
através do olhar. Diga-me: você que está no mundo
da verdade, diga-me se é justo suprimir um anjo
desses, sonho de minhalma e força de minha vida,
tão só porque não possa brincar e falar, como
20. sucede às outras crianças? E por que existirão
meninos assim, maravilhosos de inteligência e de
amor que somente as mães sabem ouvir e
compreender?”
3 Estes tópicos de sua confidência me tocaram o
íntimo de rapaz inexperiente ao qual a senhora
empresta valor tamanho. Devo dizer-lhe que nas
paragens novas a que fui conduzido, as opiniões de
quantos amigos conheço são idênticas aos seus
próprios conceitos.
4 Por que existem criaturas na Terra que aprovam o
assassinato dos pequeninos enfermos, até mesmo
aplaudindo aqueles que o executam, valendo-se da
impunidade, suscetível de ser encontrada entre as
paredes domésticas? Ah!… os que assim agem não
tiveram ainda o espírito bafejado pela ternura que
um filho doente sabe inspirar!…
5 Guarde o seu abençoado amor nos próprios braços e
defenda-o contra o assalto da delinquência vestida
de belas palavras. Creia. A senhora e outras mães
que receberam da Providência Divina semelhantes
lírios mutilados, obtiveram do infinito amor de
Deus um sagrado depósito. E qual a razão de
existirem eles?
6 Sempre que nos voltamos contra nós, admitindo as
facilidades ou os suplícios da autodestruição,
ferimos cruelmente a nós mesmos. O suicídio
consciente e sem atenuantes gera tanta carga de
culpa que desequilibramos os próprios veículos de
manifestação.
21. 7 Deus, porém, é Pai e não verdugo. Por isso mesmo,
quando incursos no remorso a que me refiro, somos
conduzidos ao coração das filhas de Deus que lhe
refletem o amor imenso, com suficiente capacidade
de sacrifício para aceitar-nos na condição de
espíritos culpados em luta regenerativa. Isso,
entretanto, é assunto para os pesquisadores e
filósofos, que procuram dissecar os processos da
reencarnação.
8 Falaremos nós apenas do carinho que devemos aos
companheiros enfermos que a Bondade Celeste
devolve à terapêutica do lar para que se restaurem.
9 Conserve o seu filho querido contra a leviandade de
quantos pretendam atuar, em nome da Ciência,
aconselhando a eliminação de seus semelhantes,
temporariamente crucificados na prova que os
redime perante a própria consciência.
10 E recordemos que Deus não lhes colocou nos
laboratórios essas flores humanas que parecem
estrelas apedrejadas ao nascer. O Misericordioso
Pai entregou os seus anjos enfermos a outros anjos
criados por sua Infinita Sabedoria e que todos, no
mundo, conhecemos na ternura e no sacrifício de
nossas mães.
.Augusto Cezar
INTRODUÇÃO DE UM LIVRO SOBRE A EUTANÁSIA.
22. Conta-se que em certa cidade francesa distante de
Paris, no início do nosso século, um determinado
médico diagnosticou difteria em sua própria filha e,
entre consternado e inconsolável com o sofrimento
agravado pela evolução de enfermidade, sabendo-a
no rol das doenças incuráveis, encheu-se de
piedade, administrando sustância letal e indolor à
pequena paciente, fazendo-a dormir o sono da
morte. Sua filha querida dormia agora sem dores
nem agonia.
Ocorreu, no entanto, que aquilo que aparentava
alívio transformou-se em pesadelo. É que,
momentos após a sua irreversível decisão e o seu
ato de fatalidade provocada, adentra-lhe o lar o
emissário de um seu colega de Paris que, sabendo-lhe
o drama, mandava-lhe encomenda e um bilhete
que dizia: "Roux tem conseguido bons resultados
com este soro que ora te envio". Tratava-se do soro
antidiftérico.
Desnecessário comentar o desespero, o
desapontamento e o arrependimento desse pai que
acabara de, "piedosamente" assassinar sua filha
amada.
São mais freqüentes do que imaginamos os casos de
pessoas que, atingidas pela aflição e pela dor, na
forma de doença torturante e incurável apelam para
o expediente de apressar a morte, visando alijar-se
do tormento ou estancá-lo o seio daqueles a quem
amam. Isso acontece em decorrência da descrença
na continuidade da vida após a morte ou mesmo de
uma visão distorcida do que esta representa e do
que nos aguarda após a sua consecução.
23. Infelizmente não conseguiu, ainda, o homem
moderno sintonizar com a Nova Era inaugurada com
o advento da Ciência Espírita. Para muitos, todos os
ensinamentos emanados do Alto pelos Espíritos
Superiores mais não são que crendices, superstição
ignorância, taxando-se o seu conteúdo de irracional,
irreal, fantasioso e embotado pelo fanatismo. Estes
que assim pensam jamais deram-se ao trabalho de
estudar detidamente o conteúdo doutrinário, única
maneira de se atinar para a clareza, a racionalidade
e, ao mesmo tempo, a simplicidade do
Conhecimento Espírita (e como costuma ser simples
o verdadeiro!). Se assim procedessem, veriam
elucidadas as grandes dúvidas existenciais - e tudo
dentro da mais pura lógica - , em um contínuo de
idéias e explicações que saciam as exigências do
homem intelectualizado e acostumado a pensar por
si mesmo. Então, perceberiam a religião na sua
verdadeira essência, compreendendo-lhe melhor os
objetivos, destituída que é - sob a óptica espírita -
dos aparatos, dogmas e poderio temporal. Mas,
infelizmente, como afirmamos antes, o homem
contemporâneo prefere ignorar os fatos
demonstrados pela Doutrina dos Espíritos,
esquecidos de que não são apenas os religiosos e
místicos que podem ser considerados fanáticos, mas
qualquer que se apegue enceguecidamente a uma
doutrina (mesmo materialista).
A continuidade da vida após a morte mais do que
provada está. Os Espíritos têm-nos trazido provas
sob as mais diversas condições, através de
medianeiros das mais diferentes longitudes, classes
sociais e inclusive religiões. Aqui mesmo no Brasil, já
se obteve a comprovação do fenômeno até por
intermédio da grafoscopia, após acurado estudo de
24. mensagens psicografadas através da mediunidade
de Francisco Cândido Xavier. E o que dizer das
materializações de Espíritos comprovadas por
inúmeros e eminentes cientistas das mais
diversificadas nacionalidades?... Das visões dos
moribundos no momento da morte?... Das
"Experiências de Quase Morte"... Das comunicações
de Espíritos via aparelhos eletroeletrônicos?...Então,
argüirá o leitor amigo, como entender o porquê de
tanta descrença? A resposta é simples: egoísmo.
Sim, o homem não suporta observar-se em sua real
condição, pois isso, em sua opinião, o faria perder a
posição que pensa ostentar de "senhor do
Universo"; além do que, é-lhe muito
difícil afastar-se dos excessos a que se acostumou,
afastar-se do império da matéria, causando-lhe
grande desconforto o curar do senso moral.
(Do Livro " Eutanásia à Luz do Espiritismo" -
Francisco Cajazeiras).
Julgamentos
Livro: Canteiro de Idéias - Capítulo 8
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier
Não faças julgamento
De supostos culpados.
O que o Céu quer saber
É o que fazes no bem.
25. QUANDO ALGUÉM
Quando alguém te fale do passado, acautela-te.
A rigor, ninguém sabe o que foste ou o que fizeste em pregressas
existências.
Muitos se referem à reencarnação, apenas para conseguirem o
que desejam de ti.
Não te permitas iludir pelos que não te respeitam os sentimentos.
Infelizmente, muitos que te falam de amor no passado estão
apenas pensando em sexo no presente.
Compromisso sério não se alicerça na mentira.
Não te entregues afetivamente a quem esteja compromissado
com outrem.
Os Espíritos Superiores não se prestam a revelações levianas e
nem são instrumentos para o mal.
Do livro VIGIAI E ORAI
Irmão José/Carlos A. Baccelli
Na Luta Diária
Livro: Canteiro de Idéias - Capítulo 7
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier
Aceita a luta que a Sabedoria da Vida te
confere, sem exasperação e sem inveja, sem
ciúme e sem mágoa, porque tudo o que te
encanta os olhos e alimenta o coração, tudo
o que te angaria o apreço dos outros e te
consolida a própria dignidade vem de Deus
que, através do tempo e da experiência, nos
pedirá contas em momento oportuno.
PERSEVERANÇA
26. Perseverança é esforço continuado, sem esmorecimento
algum.
É obra de paciência e determinação no que se pretende
alcançar.
Quem desanima não conclui qualquer tarefa.
Quem não persiste no que faz, deixando com frequência uma
coisa por outra, nada consegue produzir.
Toda construção sólida demanda tempo.
As edificações espirituais requerem disciplina.
Se a semente germina relativamente depressa, custa-lhe
produzir.
Quem não se fixa em determinada atividade não logra em parte
alguma o êxito que almeja.
A inconstância é um desperdício de energias.
A perseverança é capaz de transformar a atividade considerada
de menor importância em tarefa indispensável.
Irmão José/Carlos A. Baccelli
Do livro VIGIAI E ORAI
NEM SEMPRE
Nem sempre, o melhor caminho é o que possuiu menos
obstáculos...
A decisão correta é a que se toma sem se prejudicar...
Uma vida sem lutas é uma vida tranquila...
Uma deficiência significa limitação...
O impedimento é prejuízo...
A surpresa desagradável tem consequências infelizes...
O sonho que se alcança é o êxito que se espera...
A lágrima que se derrama é dor insuportável na alma...
A cruz pesa mais do que aparenta...
A queixa sistemática tem fundamento...
Nem sempre, passos firmes demonstram retidão de preceitos.
Irmão José/Carlos A. Baccelli
Do livro “VIGIAI E ORAI” - Ed. DIDIER
27. PROSSEGUE LUTANDO
– DIVALDO FRANCO/ JOANNA DE ÂNGELIS
“Levanta o Espírito combalido e prossegue lutando:
a terra sofrida pelo arado mais produz;
a fonte visitada pelo balde mais dessedenta;
a árvore abençoada pela poda mais frutifica;
o coração mais visitado pela dor mais se aprimora.
Não te canses de lutar!
A reencarnação é oportunidade abençoada que os Céus
concedem para refazimento moral, ajuste de contas e
quitação de dívidas.
Não te aflijas ante a imperiosa necessidade de resgatar.
Bendize as horas de dor, que passam como passam os
momentos de prazer, avançando na tua luta, caindo para
levantar, chorando por amor ao ideal e sofrendo por servir.
Para onde sigas, defrontarás a luta em nome do trabalho
sulcando o solo da humanidade.
A luta é clima em que são forjados os verdadeiros
heróis, e o sofrimento é a célula sublime que dá origem
aos servidores verdadeiros.
Há mães que no sofrimento se converteram em anjos
estelares; há corações que no sofrimento se
transformaram em urnas sublimes de amor; há
criaturas que no sofrimento se renovaram fazendo de
si mesmas sentinelas vigilantes, em defesa dos
infelizes.
Prossegue lutando!
Esquece o próprio cansaço e escreve páginas de
consolação; cessa de chorar e enxuga outras lágrimas
com o lenço da tua compreensão; asserena tua
inquietude e repete os excertos sobre a imortalidade,
28. de que tua alma está impregnada pelos zéfiros do
mundo espiritual, junto aos que nada conhecem do
além-túmulo...
Há favônios cantantes que trazem blandícias de prece e te
falam aos ouvidos, quando te aquietas para orar.
Não percas a oportunidade de sofrer nem te desalentes
porque a dor te visita.
Quando menos esperares, um anjo incompreendido
chegará de mansinho às portas do teu corpo e, selando
teus lábios com o sinete da desencarnação, tomará tua
alma de improviso. Abençoarás, então, ter prosseguido
lutando.
Se considerares que as provações que te visitam agora são
aparentemente maiores do que tuas forças, recorda Jesus,
o Anjo Crucificado, que, no Gólgota, ainda pôde, sofrendo,
prosseguir lutando, quando, atendendo à súplica do larápio
infeliz, esperançou-o com o desejo de entrar no paraíso. E
guarda a certeza de que, prosseguindo lutando, já estás no
paraíso desde hoje.”
(Mensagem extraída do livro “Messe de Amor” pelo
espírito Joanna de Ângelis, psicografado pelo médium
Divaldo Franco.)
NA VIA PÚBLICA
A rua é um departamento importante da escola do mundo, onde cada
criatura pode ensinar e aprender.
Encontrando amigos ou simples conhecidos, tome a iniciativa da saudação,
usando cordialidade e carinho sem excesso.
Caminhe em seu passo natural ou dentro da movimentação que se faça
precisa, como se deve igualmente viver: sem atropelar os outros.
Se você está num coletivo, acomode-se de maneira a não incomodar os
vizinhos.
Se você está de carro, por mais inquietação ou mais pressa, atenda às leis
do trânsito e aos princípios do respeito ao próximo, imunizando-se contra
males suscetíveis de lhe amargurarem por longo tempo.
Recebendo as saudações de alguém, responda com espontaneidade e
29. cortesia.
Não detenha companheiros na via pública, absorvendo-lhes tempo e
atenção com assuntos adiáveis para momento oportuno.
Ante a abordagem dessa ou daquela pessoa, pratique a bondade e a
gentileza, conquanto a pressa, frequentemente, esteja em suas cogitações.
Em meio às maiores exigências de serviço, é possível falar com serenidade
e compreensão, ainda mesmo por um simples minuto.
Rogando um favor, faça isso de modo digno, evitando assovios,
brincadeiras de mau gosto ou frases desrespeitosas, na certeza de que os
outros estimam ser tratados com o acatamento que reclamamos para nós.
Você não precisa dedicar-se à conversação inconveniente, mas se alguém
desenvolve assunto indesejável é possível escutar com tolerância e
bondade, sem ferir o interlocutor.
Pessoa alguma, em sã consciência, tem a obrigação de compartilhar
perturbações ou conflitos de rua.
Perante alguém que surja enfermo ou acidentado, coloquemo-nos,
em pensamento, no lugar difícil desse alguém e providenciemos o
socorro possível.
André Luiz
Médium: Francisco Cândido Xavier,
Do livro “SINAL VERDE” – edição CEC
PRODÍGIOS DA FÉ
Esquecer agravos.
Apagar injúrias.
Desprender-se das posses materiais em benefício dos outros.
Reconhecer as próprias fraquezas.
Praticar a humildade.
Abençoar os que nos firam.
Amar os adversários.
Orar pelos que nos perseguem e caluniam.
Converter dores em bênçãos.
30. Aceitar as provações da vida com paciência e bom ânimo.
Transformar os golpes do mal em oportunidades para fazer o
bem.
Servir ao próximo em qualquer circunstância.
Jamais duvidar da presença de Deus.
Semelhantes atitudes são prodígios da fé; busquemos sustentá-las
com todo o nosso coração, recordando as palavras do Mestre
a cada enfermo que Seu Divino Amor levantava e restaurava nos
caminhos do mundo: “a tua fé te curou”.
pelo Espírito Albino Teixeira - Do livro: Caminho Espírita,
Médium: Francisco Cândido Xavier.
DEPENDÊNCIA AFETIVA
Todos somos interdependentes, mas ninguém deve depender
excessivamente de alguém.
Nem material nem psicologicamente.
Que a tua vida não se arrase por uma frustração sofrida.
Os que não te correspondem afetivamente não te amam quanto
os amas.
Ninguém deve colocar-se completamente à mercê dos
sentimentos alheios.
A paixão é doença.
Não sofras por quem te faça sofrer.
Supera a prova e procura enxergar outros corações que pulsam
ao lado do teu.
Existem carmas criados nesta própria vida, ou seja: nada têm a
ver com o passado.
Almas gêmeas na Terra constituem raridade; almas afins na
provação contam-se aos milhares.
Do livro “VIGIAI E ORAIi”
Irmão José/Carlos A. Baccelli
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RECEITA PARA FICAR
31. DOENTE
1. Não dê atenção ao seu corpo. Coma muita porcaria, tome drogas,
beba bastante;
2. Cultive a sensação de que sua vida não tem sentido nem valor;
3. Faça coisas de que não gosta e evite fazer o que realmente deseja;
4. Seja rancoroso e supercrítico, principalmente em relação a si
mesmo;
5. Culpe os outros de todos os seus problemas;
6. Encha a cabeça de quadros pavorosos e depois fique obcecado
com eles;
7. Evite relações profundas, duradouras e íntimas;
8. Fuja de qualquer coisa que se pareça com senso de humor;
9. Não expresse seus sentimentos e opiniões, os outros não vão
gostar;
10. Evite qualquer mudança que possa lhe trazer mais satisfação e
alegria.
Quero acrescentar à lista mais dois conselhos de Emmet Fox:
11. Discuta amplamente suas próprias doenças e, se tiver feito uma
cirurgia, faça conferências dramáticas sobre ela em todas as
oportunidades;
12. Nunca relaxe. Isso daria ao corpo uma chance de se recuperar.
Tenho certeza que todos esses conselhos são infalíveis para quem
deseja ficar rapidamente doente ou jamais se curar se já estiver
enfermo.
QUANDO A DOENÇA
32. CHEGAR
Se a doença o visitou, não pense que você esteja sendo punido por
Deus. Se quiser se curar pare de pensar em castigo, porque castigo é
maldade e maldade não tem poder de curar coisa alguma.
Pense na doença como uma professora de seu aprimoramento
espiritual, como alguém que veio salvar de um caminho perigoso
em que você se conduzia e não percebia que estava prestes a
cair no precipício. A doença é o caminho que poderá levá-lo a
uma vida mais saudável e feliz, desde que não mergulhe nas
águas da revolta e do desespero. Você acha que Deus não está
interessado na sua felicidade?
A palavra vingança não existe nos Códigos Divinos. Deus nos ama,
sobretudo quando estamos frágeis e precisando de ajuda, como
agora. Qual o pai amoroso que não faria qualquer coisa para resgatar
o filho em perigo?
Jesus se apresentou para nós como o Bom Pastor, o Pastor que nos
conhece e que está disposto a dar sua vida por nós. Jesus sabe até a
quantidade de cabelos em nossa cabeça e por isso conhece nossas
dificuldades do momento. Ele nos acompanha atentamente e deseja
aproveitar as tempestades de agora para lavar nosso coração da
raiva, da vingança, da mágoa, da tristeza e do medo. Se
continuássemos sujos, não suportaríamos o peso das nossas próprias
mazelas. Os problemas em geral procuram nos arrancar da loucura do
mal, proporcionando-nos um choque que nos desperta para as coisas
essenciais da vida.
Você está disposto a aceitar a idéia de que a doença é um mal muito
menor e necessário para impedir os grandes males que lhe
aconteceriam se você continuasse vivendo na sua loucura?
MOMENTOS COM CHICO XAVIER
REENCARNAÇÕES NA
33. MESMA FAMÍLIA
HELLE ALVES –É muito comum a gente ouvir os espíritas falarem
que, em outra encarnação, tal pessoa, quer dizer, no mesmo grupo
familiar, ou de convivência, fulana foi mãe de sicrano na outra
encarnação ou beltrano foi irmão de não sei quem. Então, tem-se a
impressão de que as reencarnações se fazem no mesmo grupo
familiar.
Como a gente se aprimora na medida em que tem experiências mais
variadas, eu queria saber se, de fato, existe essa limitação nas
reencarnações a determinados grupos e, também, outra coisa: se
homem sempre nasce homem, mulher, mulher, porque é injusto, não
é? A gente precisa ter mais chance de experiência. Mas sempre se
ouve falar homem nascer sempre homem.
CHICO XAVIER– Isto não é propriamente uma limitação, porque isso
pode acontecer fora dos nossos grupos afins. A nossa reencarnação
pode se processar à distância do nosso grupo eleito para a
tranqüilidade e para a satisfação afetivas. Mas de um modo geral,
atendendo-se às ligações do amor que nos prendem uns aos outros,
geralmente nós renascemos naqueles grupos de ordem familiar a que
nos vinculamos, para continuar com o trabalho da assistência mútua.
Muitas vezes, nós queremos determinada conquista na Terra, seja nos
domínios da afetividade ou nos domínios culturais, e às vezes nós
vamos encontrar proteção para isso junto de uma criatura que nos foi
muito amada em outra existência, junto de um coração materno, de
um pai amigo, capazes de compreender-nos e auxiliar-nos nessas
empresas. Então, isso é muito comum que voltemos no mesmo grupo
de ordem sentimental, dentro da mesma faixa de atividade.
Agora, quanto ao fato da transposição de sexo, O Livro dos Espíritos
nos ensina que isso pode acontecer muitas vezes. Muitas vezes, nós
renascemos com problemas de inversão, por efeito de provação
educativa, depois de determinados excessos praticados em outras
vidas, seja na condição do homem, seja na condição da mulher. E às
vezes nascemos também na condição inversiva para encontrarmos no
corpo uma célula de trabalho, que nos afaste de determinados riscos
para a execução de tarefas específicas.
Muitas vezes, um grande homem, ele terá de cumprir determinada
34. tarefa no ensino, isso é às vezes comum. Não vamos cogitar do
problema da inversão na faixa de prova, na faixa de sofrimento
reparador, o que ocorre muitas vezes, mas vamos pensar na inversão
do seu ponto de vista mais elevado, mais alto. Um grande homem que
se tenha apaixonado pelos problemas de educação na Terra, às vezes
desejando voltar a esse mundo para uma obra educacional muito
séria, muito extensa, a benefício da coletividade que ele ama, ele
pode pedir aos seus instrutores para voltar num corpo de mulher, e
será então uma grande professora. Ela terá talvez conflitos íntimos
muito grandes, mas ela terá compensações muito maiores na missão
que ela cumpre. O mesmo pode acontecer com a mulher que evoluiu
muito, às vezes, do ponto de vista de inteligência, e que desejando
voltar à Terra para determinada tarefa do coração, junto da
comunidade, é possível que esse Espírito que esteve longamente na
fieira das reencarnações femininas e, por isso mesmo, obtendo e
fixando em si mesmo as qualidades femininas com muita intensidade,
é possível que esse Espírito afeiçoado às questões femininas venha
no corpo de um homem, para se isolar de compromissos que
colocariam em risco o seu trabalho junto da comunidade.
(Texto extraído do livro “Pinga-Fogo com Chico Xavier”, organizado
por Saulo Gomes, editora InterVidas, páginas 52-54, ano 2010.)
MOMENTOS COM CHICO XAVIER
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
(Da entrevista concedida à Folha Espírita nº104, novembro de
1982).
PERGUNTA – Chico, você acha que o espírita deve doar as suas
córneas? Não haveria nesse caso repercussão para o lado do
perispírito, uma vez que elas devem ser retiradas momentos após
a desencarnação do indivíduo?
CHICO – Sempre que a pessoa cultive desinteresse absoluto em
tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao
35. beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer
remuneração, nem mesmo aquela que a pessoa humana
habitualmente espera com o nome de compreensão, sem
aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto
de evolução em que a noção da posse não mais a preocupa, esta
criatura está em condições de dar, porque não vai afetar o
perispírito em coisa alguma.
No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por isso ou
aquilo no curso da vida, ou tenha receio de perder utilidades que
julga pertencer-lhe, esta criatura traz a mente vinculada ao apego
a determinadas vantagens da existência e com certeza, após a
morte do corpo, se inclinará para reclamações descabidas,
gerando perturbação em seu próprio campo íntimo.
Se a pessoa tiver qualquer apego à posse, inclusive dos objetos,
das propriedades, dos afetos, ela não deve dar, porque ela se
perturbará.
(Texto extraído do livro “Chico, de Francisco” do autor Adelino
da Silveira,
ano 1987, editora CEU.)
À SOMBRA DO
ABACATEIRO
O Dr. Carlos Baccelli, querido irmão de ideal e prestimoso amigo,
sempre presente ao Culto da Assistência que o Chico realizava à
sombra de um abacateiro, atento e fiel a tudo o que o Chico diz, ia
anotando as frases que ele pronunciava e depois escrevia os
seus maravilhosos artigos “Chico Xavier, à sombra do
abacateiro”. Às vezes fico pensando quanta coisa importante se
teria perdido não fossem as abençoadas anotações do Baccelli.
Num certo dia, o Chico pede para falar alguns minutos, parece
que percebendo o anseio de cada um, vai dizendo:
- Eu gostaria de oferecer-lhes, pessoalmente, mais tempo. Às
vezes, a gente comete a falta da ingratidão sem desejar. Tenho
36. procurado cumprir com os meus deveres para com os Espíritos
Amigos e para com os espíritas amigos.
Fala do seu estado de saúde, do tempo reduzido que lhe resta no
corpo: “Eu me contento com a alegria de vê-los a todos; gostaria
de me sentar com cada um para conversar sobre as nossas
tarefas...”.
E pede perdão por estar doente!...
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, aberto ao acaso, havia
trazido para estudo e meditação, o capítulo V “Bem-aventurados
os aflitos”, o item 18, “Bem e Mal sofrer”.
Emmanuel, presente ao culto, pede ao Chico que fale um pouco
sobre o tema do Evangelho.
Chico, então, começa a falar. Sua voz suave e mansa vai
penetrando os ouvidos dos presentes.
- À medida que a Providência Divina determina melhoras para
nós, na Terra, inventamos aflições... Para cultivar o solo temos o
auxílio do trator, antes só possuíamos carros-de-bois... Hoje,
temos veículos motorizados encurtando as distâncias, mas não
nos contentamos com os 80 km por hora, antes andava-se a pé...
Hoje, a geladeira conserva quase tudo; antes plantava-se
canteiros...
Fala do conforto em que o homem vive e do seu comodismo
espiritual:
“É que precisamos de contentar-nos com o que temos; estamos
ricos, sem saber aproveitar a nossa felicidade... Antes, as
pessoas idosas desencarnavam conosco; hoje as mandamos
para os abrigos... Tínhamos um pouco de prosa durante o dia, a
oração à noite... Agora inventamos dificuldades e depois vem o
complexo de culpa e vamos para os psiquiatras... Se estamos
numa fila e uma senhora doente nos pede o lugar, precisamos
cedê-lo. Recordemos-nos da prece padrão para todos os tempos
que é o Pai Nosso, quando Jesus diz: O pão nosso de cada dia...
Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem trinta e
cinco pares de sapato, onde é que irão arrumar setenta pés?
Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que excesso
de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de
tanto beber, do que por falta de comida... A inflação existe,
porque queremos o que é demais.
37. E conclui: “Esta é a opinião dos Espíritos. Perdoem-me se falei
mal, mas se eu falei mal, falei, foi de mim”.
Conta o Baccelli que quando o Chico acabou de falar, podia-se
ouvir uma mosca voar, tão forte a impressão que deixara em
todos os presentes.
“Chico está coberto de razão; falou a pura verdade, verdade que
nem sempre queremos ouvir...
Sim, quando o Espírito silencia, Deus fala nele...
Estávamos, agora, em silêncio e o Verbo Divino que vibrara pelos
lábios do Chico ecoava dentro de nós...”
(Texto extraído do livro “Chico, de Francisco” do autor Adelino
da Silveira,
edição CEU – Cultura Espírita União, ano 1987.)
Aos interessados, leiam o livro "Chico Xavier à Sombra do Abacateiro" do autor Carlos A.
Baccelli, IDEAL editora
UM SONHO E UM IDEAL
Chico também tem os seus sonhos e tem os seus ideais. Se não os
tivesse não seria homem.
Entre aqueles que de vez em quando deixavam as grandes capitais
para visitá-lo estava Frederico Figner, o velho introdutor do fonógrafo
e da lâmpada Edson no Brasil, proprietário da Casa Edson, aquela
que, como símbolo, ostentava o cachorrinho preto e branco, ouvindo o
fonógrafo, admiração e glória de nossos avós.
Certa ocasião, como sempre fazia, o velho Figner conversava com o
Chico em Pedro Leopoldo. Aquelas longas conversas espirituais
38. amigas, pois o velho amava muito ao Chico. Em determinado
momento, Figner que era riquíssimo, perguntou ao grande médium:
- Chico, você deve ter um ideal, não é verdade? Eu gostaria de saber
qual o seu verdadeiro sonho.
- Ideal, meu amigo? Meu ideal é viver o Evangelho de acordo com a
vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo e servir humildemente os
homens.
- Está certo, está certo, esse é o seu ideal espiritual e é também o
meu... Mas não é bem isso que eu quero saber. Alguma coisa aqui do
nosso mundo mesmo, material, algum objetivo seu, que você gostaria
de alcançar.
- Ora, meu caro, se dependesse de mim, eu gostaria de ter uma renda
de trezentos mil réis mensais para que eu pudesse livre e
despreocupado da vida material me dedicar ao Evangelho de Jesus e
aos necessitados.
Figner ficou pensativo, mas não disse mais nada.
Chico cuidou de outros assuntos e se esqueceu da história.
Na ampulheta misteriosa do tempo, os acontecimentos se sucederam,
a vida mudou, e o médium Chico enfrentou outras situações e outras
dificuldades.
O velho Figner continuou escrevendo suas crônicas num jornal do Rio,
crônicas de combate ao Catolicismo e de defesa do Espiritismo.
Os seus milhões cresciam.
Não esqueceu, porém, a conversa daquele dia, com o amigo de Pedro
Leopoldo.
A morte que tudo nivela materialmente veio também buscar Frederico
Figner.
Tinha duas ou três filhas e lhes deixou em testamento trinta e cinco mil
contos de réis, hoje trinta e cinco milhões de cruzeiros. E com
surpresa geral deixou cem contos de réis para Chico Xavier, dizendo
que deixara somente os cem contos porque se o Chico os colocasse a
juros de tanto por cento dariam exatamente os trezentos mil réis
mensais, para viver livre de quaisquer preocupações...
Última vontade do pai, as filhas que não eram espíritas, mas queriam
cumprir as determinações paternas, autorizaram seu advogado a fazer
39. um cheque e enviar ao Chico.
O pai de Chico que era vendedor de bilhetes de loteria, naquele dia
marcou uma reunião de família para resolver o caso do pagamento do
imposto da casa em que moravam e que montava a oito mil réis...
Ninguém tinha dinheiro, lutavam com imensa dificuldade e imensa
pobreza.
Feita a reunião, compareceu o Chico, o irmão e as irmãs.
- Meu pai, não sabemos como fazer! Não temos dinheiro para pagar
os impostos.
- É, mas precisamos de dar um jeito, se não a casa vai à praça para
pagar...
A situação era aflitiva. Todos se retiraram da reunião, e o Chico mais
preocupado ainda porque se considerava o mais responsável. Fora
ele que acabara de criar os irmãos e na realidade, há muitos anos era
o verdadeiro chefe da casa.
Pensativo, meditava como haveriam de sair da situação aflitiva...
O correio, porém, lhe trouxe uma carta do advogado de Fred Figner.
Aberto o testamento, dizia a carta, verificou-se que o velho deixara
trinta e cinco mil contos para as filhas e cem contos para o Chico.
Explicava ainda que Fred Figner fizera as contas e verificara que os
cem contos colocados a juros no Banco dariam exatamente os
trezentos mil réis que iriam dar ao Chico a vida que ele desejava...
Ficaria livre para se dedicar ao Evangelho.
Chico abriu dois olhos de espanto e exclamou:
- Senhor! O que será que este dinheiro quer fazer comigo?
E não teve dúvidas, devolveu pelo correio, o cheque, esclarecendo,
naquela sua bondade evangélica, que não era justo que Fred Figner
na sua generosidade prejudicasse as filhas, retirando do patrimônio
que por justiça lhes pertencia, aqueles cem contos de réis e os desse
a ele, Chico...
***
40. Mais tarde, o médium encontrou o pai e falou de novo nos oito mil réis
do pagamento do imposto.
- Eu? Eu não quero saber de nada! – respondeu o progenitor. Aqui há
gente que anda recusando cem contos! Eu vou-me embora, vocês que
se arranjem!...
Os cem contos, todavia voltaram.
Nova carta das filhas de Figner. Absolutamente, não receberiam o
dinheiro que o pai deixara para o Chico. Faziam questão de cumprir a
determinação do pai, embora fossem católicas. Ele deixara e elas
cumpririam, de qualquer jeito, sua última vontade.
Chico compreendeu a decisão das moças mas não aceitou. Nova
devolução. Nova carta. Finalmente, em face da resolução das filhas de
Figner que afirmavam não receber o dinheiro de modo algum e que
ficava à disposição do Chico, este escreveu-lhes que enviassem o
dinheiro então para a Federação Espírita Brasileira com a finalidade
de servir à difusão do livro espírita, coisa que Figner sempre amara e
defendia com ardor.
Assim terminou a batalha do cheque de cem contos.
Mas ficou aquela expressão profunda:
- Meu Deus! O que é que esse dinheiro quer fazer comigo?
Alguns espíritos superiores têm-nos ensinado que a riqueza é uma
prova mais dura que a pobreza. É a estrada larga da perdição. O
dinheiro possibilita grandes tentações. Abre os caminhos do mundo à
mente invigilante.
Quem tem dinheiro, dizem, tem tudo
materialmente. Com isso, há aqueles que se
perdem no turbilhão da vida humana. Não basta
ter boa intenção, é necessário que o homem seja
protegido pela misericórdia de Deus. O poder do
dinheiro ainda é muito grande. Infelizes daqueles
que confiam no dinheiro como base de solução
41. de todos os problemas. Os problemas morais
não são resolvidos na base do dinheiro. Pelo
contrário, o dinheiro entrava, às vezes, a solução
dos problemas de ordem moral. Por isso, é
comovente ver Chico com as mãos para o Alto
exclamar piedosamente:
- Senhor, o que este dinheiro quer fazer de mim?!
Texto extraído do livro “Chico Xavier O Santo dos Nossos Dias”
Vol. 1,
do autor R. A. Ranieri, ano 1973, editora Eco, páginas 26-30.
A Descoberta
Fonte: www.momento.com.br
Equipe de Redação do Momento Espírita
Um homem adquiriu uma casa em uma propriedade que lhe pareceu
de excelente qualidade. A localização, próxima à escola, permitiria
que as crianças não tivessem problemas maiores para o
aprendizado das letras.
O local era bem iluminado à noite, pois vários postes de luz se
acendiam tão logo a claridade do dia diminuísse.
Tudo parecia perfeito. Ele não entendeu muito bem porque o dono,
que lhe vendera a propriedade, dela se desfizera por um preço
quase irrisório.
Alguns dias depois é que se deu conta porque o antigo dono saíra
daquela casa, desgostoso e amargurado. O problema era o vizinho.
Água podre escorria pelo seu quintal, vindo do terreno ao lado. As
42. crianças jogavam pedras, quebrando o telhado e as vidraças.
Papéis e outros produtos eram queimados, deixando cheiro ruim nas
roupas que a esposa acabara de estender no varal. Parecia
proposital. Bastava colocar as roupas no varal e lá vinha a fumaça.
Lixo era jogado no seu quintal: latas, vidros, objetos inaproveitáveis.
Seus filhos não podiam brincar na calçada porque logo os filhos do
vizinho os vinham perturbar, arrancando-lhes das mãos a bicicleta, o
carrinho, a bola e os ameaçando com palavrões.
Preocupado, o pai de família procurou um advogado. Acreditava
que, com vizinho tão difícil, somente a lei o poderia ajudar. Deveria
ter, com certeza, lei que protegesse o cidadão de outro ser que não
agia como cidadão.
O advogado, muito bem conceituado na cidade, ouviu com atenção.
À medida que ia tomando ciência de todas aquelas barbaridades, foi
se indignando.
Quando a exposição de todos os atos foi concluída, ele falou que a
família vizinha deveria ser muito irresponsável. As crianças eram
perversas. Os pais ausentes. Como podiam permitir tamanhos
disparates?
A medida mais correta seria recorrer à ação policial. Sim, somente
uma ação grave poderia pôr fim àqueles desmandos e tamanho
desrespeito.
Sentou-se frente ao computador para preparar os papéis, a fim de
dar uma solução ao caso e perguntou ao homem qual era o
endereço da sua residência.
Quando ouviu o nome da rua, o número, a exata localização, ficou
pálido e se recostou na cadeira. A casa do vizinho tão mal-educado,
das crianças terríveis era o seu próprio lar.
* * *
De um modo geral, olhamos muito para os erros alheios e nos
esquecemos de verificar as próprias falhas.
Em matéria de educação de filhos, quase sempre acreditamos que
os nossos jamais tomarão atitudes erradas ou agressivas. Tudo
porque os enviamos a uma boa escola e temos um certo padrão de
43. vida.
Estejamos atentos. Examinemo-nos e observemos as ações dos
nossos filhos, na infância ou na adolescência. E, antes que eles se
tornem os terrores da vizinhança, façamos uso do amor que ampara
e da energia que transforma os seres em criaturas dignas de serem
chamadas seres humanos.
* * *
Educar é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo. A
violência somente será banida da Terra quando nos educarmos na
calma e no bom senso.
Existe a educação pessoal e a coletiva. A educação pessoal
proporciona o progresso do indivíduo. A coletiva, resultado da
primeira, faculta a evolução do mundo e das suas leis.
Para nos livrarmos de todas as chagas morais do mundo a iniciativa
deve ser individual, estendendo-se no lar e se derramando pelas
ruas e estradas, alcançando todos os seres.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 19 do livro Bem-aventurados os simples,
pelo Espírito Valérium, psicografia de Waldo Vieira, ed. Feb.
OBSERVANDO APRENDEMOS
Cheng era o discípulo de um sábio monge de nome Ling.
44. Um dia, quando Cheng acreditava estar pronto para assumir a
condição de liderar seu povo, foi conversar com seu mestre, o qual lhe
disse: "observe este rio, qual a importância dele?".
Eles se encontravam no alto de uma montanha.
Cheng observou o rio, o seu vale, a vila, a floresta, os animais e
respondeu: "este rio é a fonte do sustento de nossa aldeia. Ele nos dá
a água que bebemos, os frutos das árvores, a colheita da plantação, o
transporte de mercadorias, os animais que estão ao nosso redor e
muito mais. Nossos antepassados construíram estas casas aqui,
justamente por causa dele. Nosso futuro também depende deste rio."
O monge Ling colocou a mão na cabeça do discípulo e pediu-lhe que
continuasse a observar.
Os meses se passaram e o mestre procurou Cheng.
"Observe este rio, qual a importância dele?" - repetiu a pergunta ao
discípulo.
"Este rio é fonte de inspiração para nosso povo. Veja sua nascente:
ela é pequena e modesta, mas com o curso do rio, a correnteza torna-se
forte e poderosa. Este rio nasce e tem um objetivo: chegar ao
oceano, mas para lá chegar terá de passar por muitos lugares e por
muitas mudanças. Terá de receber afluentes, contornar obstáculos.
Como o rio, temos de aprender a fluir. O formato do rio é definido
pelas suas margens, assim como nossas vidas são influenciadas
pelas pessoas com as quais convivemos. O rio sem as suas margens
não é nada. Sem nossos amigos e familiares também não somos
nada. O rio nos ensina, ainda, que uma curva pode ser a solução de
um problema, porque logo depois dela podemos encontrar um vale
que desconhecíamos. O rio tem suas cachoeiras, suas turbulências,
mas continua sempre em frente porque tem um objetivo. Ensina-nos
que uma mudança imprevista pode ser uma oportunidade de
crescimento. Veja no fim do vale: o rio recebe um novo afluente e,
assim, torna-se mais forte."
O monge Ling colocou a mão na cabeça do discípulo e pediu-lhe que
continuasse a observar.
Os meses se passaram e novamente o mestre perguntou: "observe
este rio: qual a importância dele?"
45. "Mestre, vejo o rio em outra dimensão. Vejo o ciclo das águas. Esta
água que está indo já virou nuvem, chuva e penetrou na terra diversas
vezes. Ora há a seca, ora a enchente. O rio nos mostra que se
aprendermos a perceber esses ciclos, o que chamamos de mudança
será apenas considerada como continuidade de um ciclo."
O mestre colocou a mão na cabeça do discípulo e pediu-lhe que
continuasse a observar.
Os meses se passaram e o mestre voltou a perguntar a Cheng:
"Observe este rio, qual a importância dele?"
"Mestre, este rio me mostrou que cada vez que eu o observo, aprendo
algo de novo. É observando que aprendemos. Não aprendo quando
as pessoas me dizem algo, mas sim quando as coisas fazem sentido
para mim."
O mestre sorriu e disse-lhe com serenidade: "como é difícil aprender a
aprender. Vá e siga seu caminho, meu filho."
Pense nisso!
Tantas palavras sábias já nos foram ditas.
Tantos ensinos maravilhosos o Mestre Nazareno nos deixou.
Mas, quanto disso realmente passou a integrar nossa consciência,
alterando nossas atitudes perante a vida?
(Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro As mais
belas parábolas de todos os tempos, vol. I, pp. 24-26, Editora leitura,
7ª edição, organizado por Alexandre Rangel.
(http://www.reflexao.com.br/mensagem_ler.php?idmensagem=1485)