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VIOLÊNCIA
SIMBÓLICA NA
SOCIEDADE POR
PIERRE BOURDIEU.
PROFª JÉSSICA OLIVEIRA DE MORAES
Na obra de Pierre Bourdieu, a violência simbólica denota mais do que uma forma de violência
que opera simbolicamente. É "a violência exercida sobre um agente social com a sua
cumplicidade" (BOURDIEU; WACQUANT, 2002, 167).
Exemplos do exercício da violência simbólica incluem relações de gênero nas quais homens e
mulheres concordam que as mulheres são mais fracas, menos inteligentes, menos confiáveis, e
assim por diante (e para Bourdieu as relações de gênero são o caso paradigmático da operação
da violência simbólica).
Ao se associar o feminino com a sensibilidade, a fraqueza ou a emotividade (em contraposição à
racionalidade e à força), estamos operando uma dimensão de poder que, na prática, leva à
redução das possibilidades de ação, protagonismo e autonomia das mulheres.
As pessoas não são inerentemente violentas, em vez disso, as situações produzem momentos de
violência.
“o mundo simbólico aparece como um grande quebra-cabeça a ser decifrado” (SARDENBERG,
2011, p. 2) e é nesse mundo simbólico que a violência simbólica se localiza e se manifesta,
através de toda uma produção simbólica, via linguagem, arte, religião e outros sistemas
simbólicos, que reforçam relações assimétricas e hegemônicas, desqualificações, preconceitos e
violências de todo tipo. De acordo com Sardenberg, a violência simbólica se “infiltra por toda a
nossa cultura, legitimando os outros tipos de violência” (SARDENBERG, 2011, p. 1).
A violência simbólica representa uma forma de violência invisível que se impõe numa relação do
tipo subjugação-submissão, cujo reconhecimento e cumplicidade fazem dela uma violência
silenciosa que se manifesta sutilmente nas relações sociais e resulta de uma dominação cuja
inscrição é produzida num estado voltado para um conjunto de ideias e juízos tidos como
naturais. Por depender da cumplicidade de quem a sofre, sugere-se que o dominado conspira e
confere uma traição a si mesmo. Quando reconhecido, estamos diante deste poder simbólico,
denomina Bourdieu (BOURDIEU, 1989, p.7). “O poder simbólico é, com efeito, esse poder
invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que
lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem”
Ele delineia a violência simbólica como uma “violência suave, insensível, invisível às sua próprias
vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do
conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última
instância, do sentimento”
Denomina como forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição
determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. A violência simbólica se funda na
fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se
posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante. Devido a esse
conhecimento do discurso dominante, a violência simbólica é manifestação desse conhecimento
através do reconhecimento da legitimidade desse discurso dominante.
LEI MARIA DA PENHA
A Lei Maria da Penha surge em 2006 como um grande e importantíssimo instrumento para
prevenir e combater os casos de violência doméstica que eram tratados por meio da entrega de
cestas básicas pelos agressores, deixando a vítima da violência em total situação de
vulnerabilidade. Os casos eram processados em Juizados Especiais Criminais, como crimes
considerados de menor potencial ofensivo, o que culminava geralmente no arquivamento dos
processos face ao agressor.
O QUE SÃO JUIZADOS CRIMINAIS? Os Juizados Especiais Criminais são órgãos da Justiça que
julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, buscando-se, com rapidez e informalidade.
As Infrações penais de menor potencial ofensivo são as contravenções penais e aqueles crimes
cuja pena máxima prevista não ultrapasse a 02 (dois) anos.
O QUE SÃO CONTRAVENÇOES PENAIS? É uma infração penal classificada como um “crime
menor”. Por isso, é punido com pena de prisão simples e/ou de multa.
LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Maria da Penha Maia Fernandes é brasileira, cearense, nascida em 1945, farmacêutica, mãe de
três filhas e paraplégica em razão da violência e das diversas agressões praticadas em seu
domicílio (Fortaleza)pelo (ex) marido, o economista e professor universitário Marco Antonio
Heredia Viveros, colombiando.
Dentre as agressões, foram duas tentativas de homicídio sofridas pela Maria de Penha. A
primeira, em que ela teve que ser submetida a várias cirurgias e que a deixou paraplégica,
resultou de um tiro de espingarda na noite de 29 de maio de 1983, onde marido afirmou que
assaltantes teriam sido os autores do disparo. A outra fora quando o mesmo tentou eletrocutá-
la durante o banho, duas semanas depois que retornou do hospital, em 06 de junho de 1983,
estando ela ainda em recuperação. (OEA, 2011).
Por meio de autorização judicial a mesma conseguiu sair de casa e, assim, iniciou uma longa
jornada processual contra o marido na tentativa de condená-lo, o que frustrava-se a cada
decisão judicial. Por meio das investigações, foi dado como o autor do tiro que a deixou em uma
cadeira de rodas e foi levado a júri popular em 1991, onde apesar da condenação, o julgamento
foi anulado por irregularidades. Novo Júri aconteceu em 1996 e novamente o professor foi
condenado e novamente irregularidades no procedimento judicial foram alegadas,
permanecendo o processo em aberto e o mesmo em liberdade. (OEA, 2011).
Em 1994 Maria da Penha lançou o livro intitulado “Sobrevivi…posso contar”, contando sobre a
sua vida e a de suas filhas, meio às agressões sofridas pelo marido, e consegue em 1998, com a
ajuda das Organizações CLJIL/Brasil-Centro para a Justiça e o Direito Internacional e
CLAEM/Brasil- Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher,
encaminhar sua história à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.
Por fim, o Estado Brasileiro foi condenado por omissão e negligência, dado que inclusive diante
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos “não respondeu às repetidas comunicações
com as quais lhe foi transmitida a petição e, por conseguinte, tampouco invocou essa
exceção”.(OEA, 2011, s.p.).E, dessa forma, foi recomendado na decisão da OEA: (i) A conclusão
do processo e a condenação do agressor da Maria da Penha; (ii) A proceder investigação sobre
as irregularidades e demora do processo; (iii) compensação pela omissão do Estado, tanto na
esfera material quanto simbólica; (iv) por fim, a adotar políticas públicas preventivas e
repressivas em se tratando de violência contra a mulher.
Em 2002, após dezenove anos, finalmente Marco Antônio foi condenado a oito anos de prisão,
mas, no entanto, por meio dos benefícios legais cumpriu apenas dois anos e conseguiu a
liberdade em 2004.E, nesse contexto punitivo, em 2006, surge como resposta à Comunidade
Internacional a produção da Lei nº 11.340 que recebeu o nome de Lei Maria da Penha,
tornando-se um marco emblemático e, conforme parecer da ONU, a terceira melhor lei de
prevenção e combate à violência doméstica.
O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima deste processo: a
contrário, o oprimido considera a situação natural e inevitável.
Bourdieu, em A Dominação Masculina, cita também como uma das principais estratégias da
violência simbólica o calar das mulheres. Na seção intitulada “A masculinidade como nobreza”,
ele falava da virtual negação da existência feminina pela qual “ o mais bem intencionado dos
homens (tendo em vista que a violência simbólica nunca opera no nível das intenções
conscientes) pratica atos discriminatórios que certamente levam as mulheres à exclusão.
Além disso, a herança de sociedades menos diferenciadas, nas quais as mulheres eram tratadas
como meios de troca, permitindo aos homens acumular capital social e simbólico e, nos dias
atuais, a reprodução do capital simbólico do grupo doméstico expressa por sua aparência -
maquiagens, trajes, porte - se constitui, sem dúvida, como bons indicativos das leis de
reprodução das relações tradicionais entre os sexos nas sociedades em que vivemos (BOURDIEU,
2007a).
Para Boudieu, a dominação masculina não necessita de justificação, estando a visão dominante
expressa de forma bastante concisa em discursos, poemas, etc. É através dos corpos socializados
e das práticas rituais que o passado se perpetua no longo tempo.
Ela opera em uma instância mais profunda por meio da sintonia da estrutura social seguindo um
esquema de percepção e apreciação (habitus).
Assim, as escolhas do indivíduo não são livres, uma vez o habitus é incorporado pelo ser
humano dentro desse campo onde as práticas e simbolismos vão coordenar a sua postura a
partir de rituais, vestimentas, falas, momentos para determinados atos. Por exemplo, o campo
jurídico tem suas vestimentas, linguagens, comportamento e atitudes próprias que serão
absorvidas de forma natural, não havendo sequer uma determinação temporal para isso.
Lei MARIA DA PENHA.
De acordo com o Informe nº 54 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Marco
Antonio Viveros já havia planejado a tentativa de homicídio, pois semanas antes da agressão
havia tentado convencer Maria da Penha a contratar um seguro de vida em que ele fosse o
beneficiário e cinco dias antes do fato fez com ela assinasse um documento de venda do seu
carro, mas sem constar o nome do comprador. Descobriu-se também que Marco Antônio
possuía um passado repleto de crimes, era bígamo e tinha um filho na Colômbia, o que Maria da
Penha desconhecia. (OEA, 2001).
O processou iniciou no Tribunal do Júri oito anos após as agressões e a primeira decisão fora
proferida em 4 de maio de 1991, constando de uma decisão condenatória de15 anos de prisão
por tentativa de homicídio, mas reduzidos a 10 anos pelo fato de ser, no Brasil, réu primário. No
mesmo dia a defesa apresentou recurso de apelação, que foi considerado intempestivo, com
base no artigo 479 do Código Processual Penal pois somente poderia ser instaurado durante a
tramitação do juízo (OEA, 2011)
Após três anos, em 4 de maio de 1995, o Tribunal de Alçada deu provimento à alegação
apresentada intempestivamente entendendo, conforme o pleito da defesa, que houve vícios na
formulação de perguntas aos jurados, anulando a decisão do Júri. Paralelamente havia por parte
da defesa de Marco Antônio uma apelação contra a sentença que o denunciava, também
considerada e, posteriormente, declarada intempestiva pelo Juiz. Fora interposto recurso de
apelação perante o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará que rejeitou e confirmou em 3 de
abril de 1995 a sentença de pronúncia em face do agressor. (OEA, 2001)
Dois anos depois da anulação da sentença condenatória, em 15 de março de 1996, inicia o
segundo Júri em que Viveiros foi condenado a dez anos e seis meses de prisão, mas, novamente,
o Tribunal aceitou a segunda apelação da defesa, sob a alegação de irregularidades e que foram
ignoradas as provas de autos. (OEA, 2011). Portanto, até a data em que o caso fora levado à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o processo contra as agressões e as duas
tentativas de homicídio praticadas por Marco Antonio Viveros, não havia sido finalizado.
A lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha - “sem dúvida, uma das mais importantes conquistas
legais do feminismo, das mulheres e da sociedade brasileira” (CAMPOS, 2016, p.502) retirou a
competência dos juizados especiais criminais entendendo (finalmente) que a violência
doméstica não se tratava de um crime de menor potencial ofensivo e, afim de combater a
banalização da violência sofrida pelas mulheres que constituía-se até então, reconheceu a
gravidade desses casos, contribuindo para a visibilidade da questão, como apontam as diversas
pesquisas que atestam que há um amplo conhecimento da lei, onde 98% da população já ouviu
falar da lei Maria da Penha (CAMPOS, 2015), contribuindo também para a disponibilização
instrumental de empoderamento feminino face à condição de vulnerabilidade no perante o
agressor.
Além da alteração na competência para julgar crimes de violência doméstica, passa a existir a
possibilidade de prisão preventiva ou flagrante do agressor; também o Código Penal passa a
prever esse tipo de violência como agravante (o chamado feminicídio); as penas de multas e
doação de cestas básicas passaram a ser proibidas para os agressores; o agressor pode ser
obrigado a se afastar da casa da vítima, de manter contato com ela ou com familiares, se for
necessário; e como medida assistencial, o agressor pode ser convocado a comparecer em
programas de recuperação e reeducação.
Para tanto, a DEAM - Delegacia da Mulher foi criada pensando num atendimento que fosse
especializado para receber e acolher mulheres vítimas de violência doméstica.
Problemas correntes quanto à inefetividade material desse sistema: (i) o quantitativo de
Delegacias da Mulher ainda é pouco e precário no país; (ii) as Delegacias da Mulher não
funcionam 24h (e as vítimas não conseguem recorrer no momento da agressão); (iii)A
dificuldade sofrida pelas mulheres para comprovar as agressões; (iv) Por fim, a ausência de uma
capacitação dos agentes públicos (homens e mulheres) para o atendimento a esse tipo de
violência.
A violência doméstica é definida como sendo a que acontece dentro da família, nas relações
entre os membros que se relacionam por vínculos de parentesco ou afinidade natural
(CAVALCANTI, 2007). Conforme a Lei 11.340/06, artigo 5o, configura-se a violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero, ou seja, independente
da orientação sexual, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial. (BRASIL, 2016).
Os agressores utilizam-se da relação de poder e da força física para subjugar as vítimas
(CAVALCANTI, 2007) e “é uma violência que segue um roteiro: ela se repete e se reforça com o
tempo. Começa com o controle sistemático do outro, depois vêm o ciúme e o assédio e, por fim,
as humilhações e a abjeção. Tudo para um se engrandecer rebaixando o outro”. (HIRIGOYEN,
2006, p. 42). A histórica das mulheres, portanto, sempre foi voltada para o âmbito privado
(obediência e inferioridade), sendo o campo público, um campo masculino representado pela
força e pela superioridade ao sexo feminino.
Nesse sentir, a heteronormatividade masculina como padrão de representação da legitimidade
normativa e punitiva da sociedade, se dará por meio de uma falsa ideia de igualdade entre os
sexos, uma vez que “a força da ordem masculina evidencia no fato de que ela dispensa
justificação”. (BOURDIEU, 1999, p.18).
Bourdieu (1999) trabalha então com a ideia de violência simbólica, que compreende o poder
que impõe significações como legítimas e que dissimula as relações de força que são invisíveis.
Dessa forma, as instituições e as coerções objetivas se manifestam através da Igreja, do Estado,
da Família e de outras macroestruturas, por meio dos agentes sociais, legitimando as várias
formas de dominação, como ocorre na questão de gênero, relativamente às definições
(construídas) de homem e de mulher.
A violência simbólica e a dominação masculina, não obstante a Lei Maria da Penha ser resultado
de uma luta feminista3, podem ser exemplificados pela expressão da atuação da
heteronormatividade masculina, no sentido de que sequer sua elaboração partiu de uma
consciência do Poder Legislativo brasileiro e sim de um punição da OEA. Logo, a “violência
sofrida pela mulher não é exclusivamente de responsabilidade do agressor. A sociedade ainda
cultiva valores que incentivam a violência, o que impõe a necessidade de se tomar consciência
de que a culpa é de todos” (DIAS, 2007, pp. 15-16). O fundamento, então, da violência é cultural,
decorrente da desigualdade estrutural entre os sexos na sociedade, apesar do ideário de
igualdade em razão dos preceitos constitucionais pregados nos Estados Democráticos.
A violência simbólica pode ser tomada por diferentes instituições da sociedade: o Estado, a
mídia, a escola, etc. O Estado mostra este tipo de opressão de forma bastante abrangente ao
propor leis que naturalizam a disparidade educacional entre brancos e negros, como a Lei de
Cotas para Negros nas Universidades Públicas.
Encontrados na dominação de uma etnia sobre outra ou das classes dominantes sobre as classes
dominadas através da cultura.
Seguem "Fazendo hierarquias sociais parecerem estar baseadas em hierarquia de "dons", mérito
ou habilidade, o sistema educacional preenche a função de legitimação da ordem social."
(BOURDIEU, 2007a. p.96) Tanto as manifestações espontâneas do capital cultural quanto as
contribuições específicas da escola tenderiam a se tornar cada vez mais atuantes à medida que
o aluno avança nas séries.
Ao considerar a educação como um setor de alta relevância, podemos destacar a violência
simbólica de forma bem determinada ali presente. Sabe-se que através do ensino o indivíduo é
capaz de discernir quando está sendo vítima disto e tornar-se um ator social que vá contra a sua
legitimação. Se acompanharmos a realidade nos últimos anos, é perceptível que as figuras
materna e paterna vêm se distanciando cada vez mais de sua função de educar seus filhos, de
modo a reduzir significativamente a idade que partem para o ensino escolar.
Em síntese, para Bourdieu o sistema escolar, em vez de oferecer acesso democrático de uma
competência cultural específica para todos, tende a reforçar as distinções de capital cultural de
seu público. Agindo dessa forma, o sistema escolar limitaria o acesso e o pleno aproveitamento
dos indivíduos pertencentes às famílias menos escolarizadas, pois cobraria deles o que eles não
têm, ou seja, um conhecimento cultural anterior, aquele necessário para se realizar a contento o
processo de transmissão de uma cultura culta.
LEI 12.711/2012
A Lei de Cotas foi criada para garantir o acesso de pessoas provenientes de escolas públicas, de
baixa renda, pretos, pardos, indígenas e deficientes ao ensino superior e técnico,
democratizando o acesso ao ensino entre esta população.
A Lei de COTAS existe desde 2012 no Brasil, e serve para garantir a reserva de 50% das
matrículas em cursos de universidades federais e institutos federais de educação do país aos
alunos que estudaram no ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens
e adultos (EJA).
A Lei de Cotas foi sancionada em agosto de 2012, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
Apesar disso, ela já havia sido criada décadas antes, sendo que a partir de 2000, as
universidades iniciaram um movimento para que a política de cotas raciais fosse implementada
no ingresso ao ensino superior para garantir o acesso da população.
LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014.
Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito d a administração
pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades
de economia mista controladas pela União , na forma desta Lei.
Relações de classe em que tanto a classe operária quanto a classe média concordam que as
classes médias são mais inteligentes, mais capazes de administrar o país, mais merecedoras de
salários mais altos.
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS
Neste universo social tão ligado à hierarquia de valores, o sociólogo francês reporta que "o
mundo social pode ser concebido como um espaço multidimensional construído empiricamente
pela identificação dos principais fatores de diferenciação que são responsáveis por diferenças
observadas num dado universo social ou, em outras palavras, pela descoberta dos poderes ou
formas de capital que podem vir a atuar, como ases num jogo de cartas neste universo
específico que é a luta (ou competição) pela apropriação de bens escassos, nesse contexto os
poderes sociais fundamentais são: em primeiro lugar o capital econômico, em suas diversas
formas; em segundo lugar o capital cultural, ou melhor, o capital informacional também em
suas diversas formas; em terceiro lugar, duas formas de capital que estão altamente
correlacionadas: o capital social, que consiste de recursos baseados em contatos e
participação em grupos e o capital simbólico, que é a forma que os diferentes tipos de capital
toma uma vez percebidos e reconhecidos como legítimos." (BOURDIEU, P. 1983. p.4).

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  • 1. VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NA SOCIEDADE POR PIERRE BOURDIEU. PROFª JÉSSICA OLIVEIRA DE MORAES
  • 2. Na obra de Pierre Bourdieu, a violência simbólica denota mais do que uma forma de violência que opera simbolicamente. É "a violência exercida sobre um agente social com a sua cumplicidade" (BOURDIEU; WACQUANT, 2002, 167). Exemplos do exercício da violência simbólica incluem relações de gênero nas quais homens e mulheres concordam que as mulheres são mais fracas, menos inteligentes, menos confiáveis, e assim por diante (e para Bourdieu as relações de gênero são o caso paradigmático da operação da violência simbólica). Ao se associar o feminino com a sensibilidade, a fraqueza ou a emotividade (em contraposição à racionalidade e à força), estamos operando uma dimensão de poder que, na prática, leva à redução das possibilidades de ação, protagonismo e autonomia das mulheres.
  • 3. As pessoas não são inerentemente violentas, em vez disso, as situações produzem momentos de violência. “o mundo simbólico aparece como um grande quebra-cabeça a ser decifrado” (SARDENBERG, 2011, p. 2) e é nesse mundo simbólico que a violência simbólica se localiza e se manifesta, através de toda uma produção simbólica, via linguagem, arte, religião e outros sistemas simbólicos, que reforçam relações assimétricas e hegemônicas, desqualificações, preconceitos e violências de todo tipo. De acordo com Sardenberg, a violência simbólica se “infiltra por toda a nossa cultura, legitimando os outros tipos de violência” (SARDENBERG, 2011, p. 1).
  • 4. A violência simbólica representa uma forma de violência invisível que se impõe numa relação do tipo subjugação-submissão, cujo reconhecimento e cumplicidade fazem dela uma violência silenciosa que se manifesta sutilmente nas relações sociais e resulta de uma dominação cuja inscrição é produzida num estado voltado para um conjunto de ideias e juízos tidos como naturais. Por depender da cumplicidade de quem a sofre, sugere-se que o dominado conspira e confere uma traição a si mesmo. Quando reconhecido, estamos diante deste poder simbólico, denomina Bourdieu (BOURDIEU, 1989, p.7). “O poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem”
  • 5. Ele delineia a violência simbólica como uma “violência suave, insensível, invisível às sua próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última instância, do sentimento” Denomina como forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. A violência simbólica se funda na fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante. Devido a esse conhecimento do discurso dominante, a violência simbólica é manifestação desse conhecimento através do reconhecimento da legitimidade desse discurso dominante.
  • 6. LEI MARIA DA PENHA A Lei Maria da Penha surge em 2006 como um grande e importantíssimo instrumento para prevenir e combater os casos de violência doméstica que eram tratados por meio da entrega de cestas básicas pelos agressores, deixando a vítima da violência em total situação de vulnerabilidade. Os casos eram processados em Juizados Especiais Criminais, como crimes considerados de menor potencial ofensivo, o que culminava geralmente no arquivamento dos processos face ao agressor.
  • 7. O QUE SÃO JUIZADOS CRIMINAIS? Os Juizados Especiais Criminais são órgãos da Justiça que julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, buscando-se, com rapidez e informalidade. As Infrações penais de menor potencial ofensivo são as contravenções penais e aqueles crimes cuja pena máxima prevista não ultrapasse a 02 (dois) anos. O QUE SÃO CONTRAVENÇOES PENAIS? É uma infração penal classificada como um “crime menor”. Por isso, é punido com pena de prisão simples e/ou de multa. LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
  • 8. Maria da Penha Maia Fernandes é brasileira, cearense, nascida em 1945, farmacêutica, mãe de três filhas e paraplégica em razão da violência e das diversas agressões praticadas em seu domicílio (Fortaleza)pelo (ex) marido, o economista e professor universitário Marco Antonio Heredia Viveros, colombiando. Dentre as agressões, foram duas tentativas de homicídio sofridas pela Maria de Penha. A primeira, em que ela teve que ser submetida a várias cirurgias e que a deixou paraplégica, resultou de um tiro de espingarda na noite de 29 de maio de 1983, onde marido afirmou que assaltantes teriam sido os autores do disparo. A outra fora quando o mesmo tentou eletrocutá- la durante o banho, duas semanas depois que retornou do hospital, em 06 de junho de 1983, estando ela ainda em recuperação. (OEA, 2011).
  • 9. Por meio de autorização judicial a mesma conseguiu sair de casa e, assim, iniciou uma longa jornada processual contra o marido na tentativa de condená-lo, o que frustrava-se a cada decisão judicial. Por meio das investigações, foi dado como o autor do tiro que a deixou em uma cadeira de rodas e foi levado a júri popular em 1991, onde apesar da condenação, o julgamento foi anulado por irregularidades. Novo Júri aconteceu em 1996 e novamente o professor foi condenado e novamente irregularidades no procedimento judicial foram alegadas, permanecendo o processo em aberto e o mesmo em liberdade. (OEA, 2011). Em 1994 Maria da Penha lançou o livro intitulado “Sobrevivi…posso contar”, contando sobre a sua vida e a de suas filhas, meio às agressões sofridas pelo marido, e consegue em 1998, com a ajuda das Organizações CLJIL/Brasil-Centro para a Justiça e o Direito Internacional e CLAEM/Brasil- Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, encaminhar sua história à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.
  • 10. Por fim, o Estado Brasileiro foi condenado por omissão e negligência, dado que inclusive diante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos “não respondeu às repetidas comunicações com as quais lhe foi transmitida a petição e, por conseguinte, tampouco invocou essa exceção”.(OEA, 2011, s.p.).E, dessa forma, foi recomendado na decisão da OEA: (i) A conclusão do processo e a condenação do agressor da Maria da Penha; (ii) A proceder investigação sobre as irregularidades e demora do processo; (iii) compensação pela omissão do Estado, tanto na esfera material quanto simbólica; (iv) por fim, a adotar políticas públicas preventivas e repressivas em se tratando de violência contra a mulher. Em 2002, após dezenove anos, finalmente Marco Antônio foi condenado a oito anos de prisão, mas, no entanto, por meio dos benefícios legais cumpriu apenas dois anos e conseguiu a liberdade em 2004.E, nesse contexto punitivo, em 2006, surge como resposta à Comunidade Internacional a produção da Lei nº 11.340 que recebeu o nome de Lei Maria da Penha, tornando-se um marco emblemático e, conforme parecer da ONU, a terceira melhor lei de prevenção e combate à violência doméstica.
  • 11. O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima deste processo: a contrário, o oprimido considera a situação natural e inevitável. Bourdieu, em A Dominação Masculina, cita também como uma das principais estratégias da violência simbólica o calar das mulheres. Na seção intitulada “A masculinidade como nobreza”, ele falava da virtual negação da existência feminina pela qual “ o mais bem intencionado dos homens (tendo em vista que a violência simbólica nunca opera no nível das intenções conscientes) pratica atos discriminatórios que certamente levam as mulheres à exclusão.
  • 12. Além disso, a herança de sociedades menos diferenciadas, nas quais as mulheres eram tratadas como meios de troca, permitindo aos homens acumular capital social e simbólico e, nos dias atuais, a reprodução do capital simbólico do grupo doméstico expressa por sua aparência - maquiagens, trajes, porte - se constitui, sem dúvida, como bons indicativos das leis de reprodução das relações tradicionais entre os sexos nas sociedades em que vivemos (BOURDIEU, 2007a). Para Boudieu, a dominação masculina não necessita de justificação, estando a visão dominante expressa de forma bastante concisa em discursos, poemas, etc. É através dos corpos socializados e das práticas rituais que o passado se perpetua no longo tempo. Ela opera em uma instância mais profunda por meio da sintonia da estrutura social seguindo um esquema de percepção e apreciação (habitus).
  • 13. Assim, as escolhas do indivíduo não são livres, uma vez o habitus é incorporado pelo ser humano dentro desse campo onde as práticas e simbolismos vão coordenar a sua postura a partir de rituais, vestimentas, falas, momentos para determinados atos. Por exemplo, o campo jurídico tem suas vestimentas, linguagens, comportamento e atitudes próprias que serão absorvidas de forma natural, não havendo sequer uma determinação temporal para isso.
  • 14. Lei MARIA DA PENHA. De acordo com o Informe nº 54 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Marco Antonio Viveros já havia planejado a tentativa de homicídio, pois semanas antes da agressão havia tentado convencer Maria da Penha a contratar um seguro de vida em que ele fosse o beneficiário e cinco dias antes do fato fez com ela assinasse um documento de venda do seu carro, mas sem constar o nome do comprador. Descobriu-se também que Marco Antônio possuía um passado repleto de crimes, era bígamo e tinha um filho na Colômbia, o que Maria da Penha desconhecia. (OEA, 2001).
  • 15. O processou iniciou no Tribunal do Júri oito anos após as agressões e a primeira decisão fora proferida em 4 de maio de 1991, constando de uma decisão condenatória de15 anos de prisão por tentativa de homicídio, mas reduzidos a 10 anos pelo fato de ser, no Brasil, réu primário. No mesmo dia a defesa apresentou recurso de apelação, que foi considerado intempestivo, com base no artigo 479 do Código Processual Penal pois somente poderia ser instaurado durante a tramitação do juízo (OEA, 2011) Após três anos, em 4 de maio de 1995, o Tribunal de Alçada deu provimento à alegação apresentada intempestivamente entendendo, conforme o pleito da defesa, que houve vícios na formulação de perguntas aos jurados, anulando a decisão do Júri. Paralelamente havia por parte da defesa de Marco Antônio uma apelação contra a sentença que o denunciava, também considerada e, posteriormente, declarada intempestiva pelo Juiz. Fora interposto recurso de apelação perante o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará que rejeitou e confirmou em 3 de abril de 1995 a sentença de pronúncia em face do agressor. (OEA, 2001)
  • 16. Dois anos depois da anulação da sentença condenatória, em 15 de março de 1996, inicia o segundo Júri em que Viveiros foi condenado a dez anos e seis meses de prisão, mas, novamente, o Tribunal aceitou a segunda apelação da defesa, sob a alegação de irregularidades e que foram ignoradas as provas de autos. (OEA, 2011). Portanto, até a data em que o caso fora levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o processo contra as agressões e as duas tentativas de homicídio praticadas por Marco Antonio Viveros, não havia sido finalizado.
  • 17. A lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha - “sem dúvida, uma das mais importantes conquistas legais do feminismo, das mulheres e da sociedade brasileira” (CAMPOS, 2016, p.502) retirou a competência dos juizados especiais criminais entendendo (finalmente) que a violência doméstica não se tratava de um crime de menor potencial ofensivo e, afim de combater a banalização da violência sofrida pelas mulheres que constituía-se até então, reconheceu a gravidade desses casos, contribuindo para a visibilidade da questão, como apontam as diversas pesquisas que atestam que há um amplo conhecimento da lei, onde 98% da população já ouviu falar da lei Maria da Penha (CAMPOS, 2015), contribuindo também para a disponibilização instrumental de empoderamento feminino face à condição de vulnerabilidade no perante o agressor.
  • 18. Além da alteração na competência para julgar crimes de violência doméstica, passa a existir a possibilidade de prisão preventiva ou flagrante do agressor; também o Código Penal passa a prever esse tipo de violência como agravante (o chamado feminicídio); as penas de multas e doação de cestas básicas passaram a ser proibidas para os agressores; o agressor pode ser obrigado a se afastar da casa da vítima, de manter contato com ela ou com familiares, se for necessário; e como medida assistencial, o agressor pode ser convocado a comparecer em programas de recuperação e reeducação.
  • 19. Para tanto, a DEAM - Delegacia da Mulher foi criada pensando num atendimento que fosse especializado para receber e acolher mulheres vítimas de violência doméstica. Problemas correntes quanto à inefetividade material desse sistema: (i) o quantitativo de Delegacias da Mulher ainda é pouco e precário no país; (ii) as Delegacias da Mulher não funcionam 24h (e as vítimas não conseguem recorrer no momento da agressão); (iii)A dificuldade sofrida pelas mulheres para comprovar as agressões; (iv) Por fim, a ausência de uma capacitação dos agentes públicos (homens e mulheres) para o atendimento a esse tipo de violência.
  • 20. A violência doméstica é definida como sendo a que acontece dentro da família, nas relações entre os membros que se relacionam por vínculos de parentesco ou afinidade natural (CAVALCANTI, 2007). Conforme a Lei 11.340/06, artigo 5o, configura-se a violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero, ou seja, independente da orientação sexual, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. (BRASIL, 2016). Os agressores utilizam-se da relação de poder e da força física para subjugar as vítimas (CAVALCANTI, 2007) e “é uma violência que segue um roteiro: ela se repete e se reforça com o tempo. Começa com o controle sistemático do outro, depois vêm o ciúme e o assédio e, por fim, as humilhações e a abjeção. Tudo para um se engrandecer rebaixando o outro”. (HIRIGOYEN, 2006, p. 42). A histórica das mulheres, portanto, sempre foi voltada para o âmbito privado (obediência e inferioridade), sendo o campo público, um campo masculino representado pela força e pela superioridade ao sexo feminino.
  • 21. Nesse sentir, a heteronormatividade masculina como padrão de representação da legitimidade normativa e punitiva da sociedade, se dará por meio de uma falsa ideia de igualdade entre os sexos, uma vez que “a força da ordem masculina evidencia no fato de que ela dispensa justificação”. (BOURDIEU, 1999, p.18). Bourdieu (1999) trabalha então com a ideia de violência simbólica, que compreende o poder que impõe significações como legítimas e que dissimula as relações de força que são invisíveis. Dessa forma, as instituições e as coerções objetivas se manifestam através da Igreja, do Estado, da Família e de outras macroestruturas, por meio dos agentes sociais, legitimando as várias formas de dominação, como ocorre na questão de gênero, relativamente às definições (construídas) de homem e de mulher.
  • 22. A violência simbólica e a dominação masculina, não obstante a Lei Maria da Penha ser resultado de uma luta feminista3, podem ser exemplificados pela expressão da atuação da heteronormatividade masculina, no sentido de que sequer sua elaboração partiu de uma consciência do Poder Legislativo brasileiro e sim de um punição da OEA. Logo, a “violência sofrida pela mulher não é exclusivamente de responsabilidade do agressor. A sociedade ainda cultiva valores que incentivam a violência, o que impõe a necessidade de se tomar consciência de que a culpa é de todos” (DIAS, 2007, pp. 15-16). O fundamento, então, da violência é cultural, decorrente da desigualdade estrutural entre os sexos na sociedade, apesar do ideário de igualdade em razão dos preceitos constitucionais pregados nos Estados Democráticos.
  • 23. A violência simbólica pode ser tomada por diferentes instituições da sociedade: o Estado, a mídia, a escola, etc. O Estado mostra este tipo de opressão de forma bastante abrangente ao propor leis que naturalizam a disparidade educacional entre brancos e negros, como a Lei de Cotas para Negros nas Universidades Públicas. Encontrados na dominação de uma etnia sobre outra ou das classes dominantes sobre as classes dominadas através da cultura. Seguem "Fazendo hierarquias sociais parecerem estar baseadas em hierarquia de "dons", mérito ou habilidade, o sistema educacional preenche a função de legitimação da ordem social." (BOURDIEU, 2007a. p.96) Tanto as manifestações espontâneas do capital cultural quanto as contribuições específicas da escola tenderiam a se tornar cada vez mais atuantes à medida que o aluno avança nas séries.
  • 24. Ao considerar a educação como um setor de alta relevância, podemos destacar a violência simbólica de forma bem determinada ali presente. Sabe-se que através do ensino o indivíduo é capaz de discernir quando está sendo vítima disto e tornar-se um ator social que vá contra a sua legitimação. Se acompanharmos a realidade nos últimos anos, é perceptível que as figuras materna e paterna vêm se distanciando cada vez mais de sua função de educar seus filhos, de modo a reduzir significativamente a idade que partem para o ensino escolar. Em síntese, para Bourdieu o sistema escolar, em vez de oferecer acesso democrático de uma competência cultural específica para todos, tende a reforçar as distinções de capital cultural de seu público. Agindo dessa forma, o sistema escolar limitaria o acesso e o pleno aproveitamento dos indivíduos pertencentes às famílias menos escolarizadas, pois cobraria deles o que eles não têm, ou seja, um conhecimento cultural anterior, aquele necessário para se realizar a contento o processo de transmissão de uma cultura culta.
  • 25. LEI 12.711/2012 A Lei de Cotas foi criada para garantir o acesso de pessoas provenientes de escolas públicas, de baixa renda, pretos, pardos, indígenas e deficientes ao ensino superior e técnico, democratizando o acesso ao ensino entre esta população. A Lei de COTAS existe desde 2012 no Brasil, e serve para garantir a reserva de 50% das matrículas em cursos de universidades federais e institutos federais de educação do país aos alunos que estudaram no ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos (EJA).
  • 26. A Lei de Cotas foi sancionada em agosto de 2012, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Apesar disso, ela já havia sido criada décadas antes, sendo que a partir de 2000, as universidades iniciaram um movimento para que a política de cotas raciais fosse implementada no ingresso ao ensino superior para garantir o acesso da população. LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014. Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito d a administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União , na forma desta Lei.
  • 27. Relações de classe em que tanto a classe operária quanto a classe média concordam que as classes médias são mais inteligentes, mais capazes de administrar o país, mais merecedoras de salários mais altos. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS
  • 28. Neste universo social tão ligado à hierarquia de valores, o sociólogo francês reporta que "o mundo social pode ser concebido como um espaço multidimensional construído empiricamente pela identificação dos principais fatores de diferenciação que são responsáveis por diferenças observadas num dado universo social ou, em outras palavras, pela descoberta dos poderes ou formas de capital que podem vir a atuar, como ases num jogo de cartas neste universo específico que é a luta (ou competição) pela apropriação de bens escassos, nesse contexto os poderes sociais fundamentais são: em primeiro lugar o capital econômico, em suas diversas formas; em segundo lugar o capital cultural, ou melhor, o capital informacional também em suas diversas formas; em terceiro lugar, duas formas de capital que estão altamente correlacionadas: o capital social, que consiste de recursos baseados em contatos e participação em grupos e o capital simbólico, que é a forma que os diferentes tipos de capital toma uma vez percebidos e reconhecidos como legítimos." (BOURDIEU, P. 1983. p.4).