Este artigo discute a violência na sociedade capitalista e na escola, apontando como ela é veiculada pelos meios de comunicação e enfrentada pelos professores. Argumenta que a comunicação é essencial para a construção do indivíduo, mas que a falta de diálogo na escola e na sociedade dificulta isso e permite que atos violentos ocorram. A escola deveria ser um local para promover a palavra e discutir problemas sociais, mas isso é dificultado quando a violência é banalizada.
O documento discute as desigualdades sociais e econômicas presentes na modernidade brasileira, enfatizando como o capitalismo globalizado marginaliza os mais pobres. A música do grupo Racionais MC's critica essa realidade e representa sujeitos políticos capazes de falar sobre questões que afetam suas vidas. Programas assistenciais são insuficientes para resolver os problemas estruturais da pobreza no país.
Schilling, flávia. um olhar sobre a violência da perspectiva dos direitos hum...Bruno Martins Soares
Este artigo discute a violência sob a perspectiva dos direitos humanos e da vítima. A autora argumenta que a violência é resultado do isolamento social e da exclusão promovidos por uma sociedade baseada no consumo individual. Ela defende que superar a violência requer tratar todos como sujeitos livres e racionais, capazes de agir eticamente, em vez de objetos. O artigo também descreve o trabalho do CRAVI, um centro que oferece apoio às vítimas da violência e suas famílias.
O texto Brazilian way of life – A racionalidade do capitalismo trata da questão política, econômica e social presente na modernidade, enfatizando a desigualdade de classes na qual estamos inseridos. A partir de uma perspectiva baseada nas composições do grupo Racionais MC’s e no texto “Ouvindo Racionais MC’s”, de Walter Garcia, traça-se um paralelo com o texto “Pobreza e cidadania”, de Vera da Silva Telles. A modernidade traz consigo a globalização do capitalismo e, enviesado nele, a população que vive na periferia. Esta tem cultura e influências características, o que também engrandece o valor de uma canção e representam, através da crítica, sujeitos políticos capazes de se pronunciar com ênfase sobre as questões que lhe dizem respeito.
O documento discute as violências estatal e não-estatal e seu impacto no desenvolvimento da juventude. A violência estatal envolve a marginalização de certos grupos pela polícia e pelo estado, enquanto a violência não-estatal envolve o estigma internalizado por esses grupos. Ambas as violências contribuem para a luta de classes e influenciam negativamente os jovens, podendo levá-los para a criminalidade em busca de respeito.
Representações do discurso de ódio nas redes sociais análise sociológica das ...Leandro Santos
As formas de violências hoje ultrapassam as fronteiras do ambiente real e encontram um terreno fértil para se desenvolver dentro do ciberespaço, onde o combate às formas de violação dos direitos ainda são incipientes. Nessa perspectiva, o presente trabalho analisa como se manifesta o discurso de ódio no Facebook, tomando como base o episódio em que um jovem teve a testa tatuada após uma suposta tentativa de roubo. Como metodologia para o desenvolvimento da pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico e analisados os comentários de vários usuários nas notícias sobre episódio postadas na fanpage do portal G1. O objetivo foi verificar como se caracterizou o discurso de ódio e o modo como ele gerou engajamento junto aos outros usuários.
O documento discute a emergência de uma cultura cívica pluralista no contexto da crise do estado, do liberalismo e da desigualdade social. Afirma que novos movimentos de resistência surgiram na sociedade civil para responder a esses processos, enfatizando questões identitárias e a relação entre pluralismo e identidade. Explora como a identidade é construída culturalmente e pode se tornar politizada, levantando questões sobre cidadania.
A violência nossa de cada dia a juventude pobre na linha de tiroAndréCafé Oliveira
1) O documento discute a violência urbana e seu impacto nos jovens pobres, particularmente em Teresina-PI.
2) Ele explora como as teorias eugenistas e higienistas do século XIX influenciaram as políticas públicas no Brasil de forma discriminatória contra os pobres.
3) Finalmente, analisa como essas ideias históricas ainda afetam a percepção negativa dos jovens pobres e a abordagem punitiva do Estado.
O livro traça o itinerário de pesquisa de César Barreira sobre violência ao longo de 30 anos, começando por estudos sobre conflitos agrários no Ceará e evoluindo para análises da criminalidade urbana e segurança pública. O autor desenvolveu uma abordagem sociológica da violência focada nas relações de poder e cultura, sem descartar variáveis institucionais. Seus estudos forneceram contribuições importantes para compreender fenômenos como pistolagem no contexto de tradição e modernização brasileiras.
O documento discute as desigualdades sociais e econômicas presentes na modernidade brasileira, enfatizando como o capitalismo globalizado marginaliza os mais pobres. A música do grupo Racionais MC's critica essa realidade e representa sujeitos políticos capazes de falar sobre questões que afetam suas vidas. Programas assistenciais são insuficientes para resolver os problemas estruturais da pobreza no país.
Schilling, flávia. um olhar sobre a violência da perspectiva dos direitos hum...Bruno Martins Soares
Este artigo discute a violência sob a perspectiva dos direitos humanos e da vítima. A autora argumenta que a violência é resultado do isolamento social e da exclusão promovidos por uma sociedade baseada no consumo individual. Ela defende que superar a violência requer tratar todos como sujeitos livres e racionais, capazes de agir eticamente, em vez de objetos. O artigo também descreve o trabalho do CRAVI, um centro que oferece apoio às vítimas da violência e suas famílias.
O texto Brazilian way of life – A racionalidade do capitalismo trata da questão política, econômica e social presente na modernidade, enfatizando a desigualdade de classes na qual estamos inseridos. A partir de uma perspectiva baseada nas composições do grupo Racionais MC’s e no texto “Ouvindo Racionais MC’s”, de Walter Garcia, traça-se um paralelo com o texto “Pobreza e cidadania”, de Vera da Silva Telles. A modernidade traz consigo a globalização do capitalismo e, enviesado nele, a população que vive na periferia. Esta tem cultura e influências características, o que também engrandece o valor de uma canção e representam, através da crítica, sujeitos políticos capazes de se pronunciar com ênfase sobre as questões que lhe dizem respeito.
O documento discute as violências estatal e não-estatal e seu impacto no desenvolvimento da juventude. A violência estatal envolve a marginalização de certos grupos pela polícia e pelo estado, enquanto a violência não-estatal envolve o estigma internalizado por esses grupos. Ambas as violências contribuem para a luta de classes e influenciam negativamente os jovens, podendo levá-los para a criminalidade em busca de respeito.
Representações do discurso de ódio nas redes sociais análise sociológica das ...Leandro Santos
As formas de violências hoje ultrapassam as fronteiras do ambiente real e encontram um terreno fértil para se desenvolver dentro do ciberespaço, onde o combate às formas de violação dos direitos ainda são incipientes. Nessa perspectiva, o presente trabalho analisa como se manifesta o discurso de ódio no Facebook, tomando como base o episódio em que um jovem teve a testa tatuada após uma suposta tentativa de roubo. Como metodologia para o desenvolvimento da pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico e analisados os comentários de vários usuários nas notícias sobre episódio postadas na fanpage do portal G1. O objetivo foi verificar como se caracterizou o discurso de ódio e o modo como ele gerou engajamento junto aos outros usuários.
O documento discute a emergência de uma cultura cívica pluralista no contexto da crise do estado, do liberalismo e da desigualdade social. Afirma que novos movimentos de resistência surgiram na sociedade civil para responder a esses processos, enfatizando questões identitárias e a relação entre pluralismo e identidade. Explora como a identidade é construída culturalmente e pode se tornar politizada, levantando questões sobre cidadania.
A violência nossa de cada dia a juventude pobre na linha de tiroAndréCafé Oliveira
1) O documento discute a violência urbana e seu impacto nos jovens pobres, particularmente em Teresina-PI.
2) Ele explora como as teorias eugenistas e higienistas do século XIX influenciaram as políticas públicas no Brasil de forma discriminatória contra os pobres.
3) Finalmente, analisa como essas ideias históricas ainda afetam a percepção negativa dos jovens pobres e a abordagem punitiva do Estado.
O livro traça o itinerário de pesquisa de César Barreira sobre violência ao longo de 30 anos, começando por estudos sobre conflitos agrários no Ceará e evoluindo para análises da criminalidade urbana e segurança pública. O autor desenvolveu uma abordagem sociológica da violência focada nas relações de poder e cultura, sem descartar variáveis institucionais. Seus estudos forneceram contribuições importantes para compreender fenômenos como pistolagem no contexto de tradição e modernização brasileiras.
1) O documento descreve o que foi a Queima dos Sutiãs em 1968, um protesto de mulheres contra o concurso de Miss América que objetificava a mulher.
2) As mulheres colocaram símbolos de opressão feminina como sutiãs, salto alto e maquiagem no chão para queimassem, simbolizando a libertação das amarras patriarcais.
3) Apesar do nome, nenhum sutiã foi realmente queimado no protesto.
1. O documento discute a máscara usada pelo grupo hacktivista Anonymous à luz da teoria da violência de Slavoj Žižek e conceitos de tribalismo e imagem.
2. Žižek distingue violência subjetiva, objetiva sistêmica e simbólica, sendo esta última inerente à linguagem. A violência sistêmica sustenta a normalidade social.
3. Manifestações como Occupy e Primavera Árabe podem expressar uma "violência divina" de Žižek, oposta à "violência
COMBATENDO O RACISMO: Brasil, África do Sul e Estados UnidosGeraa Ufms
O documento discute o conceito de racismo e como combatê-lo na África do Sul, Brasil e Estados Unidos. Em 3 frases:
1) Define racismo como qualquer justificativa para desigualdades baseada em raça e como sistemas que reproduzem desigualdades raciais.
2) Discute como racismo se manifesta nos três países por meio de mecanismos que mantêm desigualdades sociais e econômicas entre grupos raciais.
3) Propõe que uma agenda anti-racista deve contemplar a eliminação de
Luto, mal-estar e resignação na mídia jornalísticaCláudia
O documento discute como a violência criminosa se tornou parte da rotina midiática e da experiência da classe média brasileira. A violência, antes restrita às camadas populares, passou a atingir também a classe média, gerando sentimentos de luto e resignação diante da perda da segurança e do declínio das expectativas econômicas. A mídia passou a cobrir crimes de forma rotineira, sem o fascínio anterior, enquanto a violência oficial se igualou à do crime organizado.
Este documento resume a minissérie "Queridos Amigos" exibida pela Rede Globo em 2008, que retrata a geração de 1968 no Brasil através da história de um grupo de amigos. A minissérie aborda temas como a ditadura militar, a abertura política e a queda do Muro de Berlim, além de tratar de questões como passagem do tempo, sentido da fraternidade e politização da vida cotidiana.
A mediação do riso na expressão e consolidação do racismo no brasilGeraa Ufms
O documento discute como o riso desempenha um papel importante na expressão e consolidação do racismo no Brasil. O riso provocado por piadas racistas permite que brasileiros expressem racismo de forma velada, contornando a censura. Isso contribui para o encobrimento e manutenção do racismo no país. Entretanto, um debate público sobre o próprio riso pode ameaçar essa função.
O documento discute o preconceito de classe social no Brasil. Afirma que, além do preconceito racial, existe também o preconceito baseado na posição social e nível socioeconômico dos indivíduos. Apresenta um exemplo de moradores de classe alta que se opuseram à construção de uma estação de metrô por temerem a presença de pessoas de classes mais baixas na região. Defende que o preconceito de classe, assim como o racial, é uma forma de violência que amplia as dificuldades enfrentadas pelos mais p
O documento analisa o livro "Cadernos sobre o mal" de Joel Birman. O livro discute as formas de expressão do mal na sociedade contemporânea, incluindo agressividade, violência, crueldade política e criminalidade no Brasil. O resumo destaca três pontos principais do livro: 1) como a razão ocidental perdeu a capacidade de compreender o "mal radical"; 2) as novas formas de guerra e crueldade política no mundo atual; 3) a análise da violência extrema e do crime organizado no Rio de Janeiro.
O documento discute a história dos conceitos de preconceito de cor e racismo no Brasil desde o século XIX. Analisa como o racismo surgiu como doutrina científica na década de 1870 e evoluiu para teorias de embranquecimento. Também descreve como Gilberto Freyre promoveu uma revolução ideológica ao encontrar na cultura nordestina a alma nacional brasileira, substituindo noções biológicas de raça por noções culturais.
1) O documento discute a violência pública e privada na sociedade brasileira e como as elites se tornaram indiferentes aos problemas dos mais pobres.
2) As elites veem os pobres como "estranhos" sem valor moral e se preocupam apenas com seus problemas privados em vez de problemas coletivos.
3) Essa indiferença levou a uma reação dos pobres, que agora veem os ricos apenas como objetos para roubo ou violência.
Este documento discute teoricamente os conceitos de exclusão social e pobreza, e analisa a situação da proteção social em Portugal. Primeiramente, distingue exclusão social de pobreza, definindo exclusão como um processo de ruptura dos laços sociais. Em seguida, discute os principais fatores que levam à vulnerabilização e exclusão social de indivíduos e grupos. Por fim, fornece dados estatísticos sobre a proteção social portuguesa.
Uma análise do discurso midiático sobre as representações de gênero: a consag...Sílvia Andrade
1) O documento analisa as representações de gênero em um programa de televisão regional na Paraíba, notando que o discurso legitima a violência contra a mulher e a família patriarcal.
2) Usa a análise crítica de discurso para mapear como os recursos linguísticos reforçam as relações de poder entre os sexos, legitimando a "natureza das coisas".
3) Em um caso estudado, o apresentador carismático ameniza a violência de um marido contra sua esposa, dando mais ênfase
Este artigo analisa o uso de câmeras de vigilância nas escolas públicas de São Paulo como parte do Plano de Segurança para as Escolas entre 2001-2002. Discute como a tecnologia de vigilância eletrônica foi implantada e seus possíveis efeitos na privacidade versus a sensação de segurança. Também aborda o debate sobre o monopólio do Estado no uso da violência e a transferência de responsabilidades de segurança para o setor privado.
O documento discute como a imprensa simplifica e influencia a percepção sobre o caso do homem que manteve a esposa refém em um ônibus. A propaganda ideológica reforça estereótipos de gênero e culpa a vítima, ignorando os avanços dos direitos da mulher. No entanto, há uma luta crescente para uma nova narrativa que reconheça a mulher como agente de sua própria história.
O documento discute a diferença entre direitos humanos e direitos dos cidadãos. Direitos dos cidadãos variam entre países e estão ligados a uma ordem jurídica específica, enquanto direitos humanos são universais e naturais. No Brasil, direitos humanos são frequentemente associados de forma equivocada à criminalidade. É importante educar sobre a universalidade e importância dos direitos humanos.
As contradições politicas do multiculturalism on02a03Cristina Bentes
Este artigo discute as contradições políticas do multiculturalismo e sua relação com a democracia. O multiculturalismo questiona os princípios democráticos tradicionais de liberdade e igualdade, que pressupõem a separação entre identidade privada e pública e a busca por uma linguagem institucional universal. O autor argumenta que a noção de igualdade democrática historicamente tratava as diferenças como desigualdades naturais a serem corrigidas, e não reconhecia plenamente a diversidade cultural.
O documento discute como os direitos humanos foram transformados em "privilégios de bandidos" na sociedade brasileira. A defesa dos direitos individuais de prisioneiros comuns não teve o mesmo apoio que os direitos coletivos e políticos, pois os indivíduos eram vistos como criminosos. Isso mostra como a noção de direitos ainda está associada a privilégios para muitos cidadãos brasileiros.
Teori kepribadian Dollard dan Miller membahas struktur kepribadian berupa kebiasaan yang stabil, dinamika kepribadian melalui motivasi dan dorongan primer-sekunder, serta proses belajar dan mental yang lebih tinggi seperti penggunaan bahasa. Teori ini diterapkan untuk memahami neurosis sebagai konflik ketidaksadaran dan diatasi melalui represi atau psikoterapi dengan merubah arah impuls.
Teori stimulus respon hull, dollard & millerelmakrufi
Teori stimulus-respons Hull, Dollard, dan Miller menyatakan bahwa kepribadian terbentuk dari kebiasaan (habit) yang merupakan asosiasi antara stimulus dan respon. Kepribadian dapat berubah karena pengalaman baru yang membentuk kebiasaan baru. Dorongan sekunder yang dipelajari berperan membentuk tingkah laku dan membedakan individu. Proses belajar membentuk kepribadian melalui asosiasi antara dorongan, isyarat, respon, dan penguatan
Anteproyecto de detección, atención y rehabilitación neurológicasVictor Martin
Este documento propone la creación de un módulo de detección, atención, rehabilitación y prevención neurológicas en un centro hospitalario. El módulo consistiría en áreas para diagnóstico clínico neurológico, laboratorios de investigación neurofisiológica, biofarmacia, clínico-diagnóstico y tratamiento/rehabilitación neurológica. El personal incluiría especialistas médicos, técnicos e ingenieros. El objetivo es mejorar la atención a pacientes neuroló
1) O documento descreve o que foi a Queima dos Sutiãs em 1968, um protesto de mulheres contra o concurso de Miss América que objetificava a mulher.
2) As mulheres colocaram símbolos de opressão feminina como sutiãs, salto alto e maquiagem no chão para queimassem, simbolizando a libertação das amarras patriarcais.
3) Apesar do nome, nenhum sutiã foi realmente queimado no protesto.
1. O documento discute a máscara usada pelo grupo hacktivista Anonymous à luz da teoria da violência de Slavoj Žižek e conceitos de tribalismo e imagem.
2. Žižek distingue violência subjetiva, objetiva sistêmica e simbólica, sendo esta última inerente à linguagem. A violência sistêmica sustenta a normalidade social.
3. Manifestações como Occupy e Primavera Árabe podem expressar uma "violência divina" de Žižek, oposta à "violência
COMBATENDO O RACISMO: Brasil, África do Sul e Estados UnidosGeraa Ufms
O documento discute o conceito de racismo e como combatê-lo na África do Sul, Brasil e Estados Unidos. Em 3 frases:
1) Define racismo como qualquer justificativa para desigualdades baseada em raça e como sistemas que reproduzem desigualdades raciais.
2) Discute como racismo se manifesta nos três países por meio de mecanismos que mantêm desigualdades sociais e econômicas entre grupos raciais.
3) Propõe que uma agenda anti-racista deve contemplar a eliminação de
Luto, mal-estar e resignação na mídia jornalísticaCláudia
O documento discute como a violência criminosa se tornou parte da rotina midiática e da experiência da classe média brasileira. A violência, antes restrita às camadas populares, passou a atingir também a classe média, gerando sentimentos de luto e resignação diante da perda da segurança e do declínio das expectativas econômicas. A mídia passou a cobrir crimes de forma rotineira, sem o fascínio anterior, enquanto a violência oficial se igualou à do crime organizado.
Este documento resume a minissérie "Queridos Amigos" exibida pela Rede Globo em 2008, que retrata a geração de 1968 no Brasil através da história de um grupo de amigos. A minissérie aborda temas como a ditadura militar, a abertura política e a queda do Muro de Berlim, além de tratar de questões como passagem do tempo, sentido da fraternidade e politização da vida cotidiana.
A mediação do riso na expressão e consolidação do racismo no brasilGeraa Ufms
O documento discute como o riso desempenha um papel importante na expressão e consolidação do racismo no Brasil. O riso provocado por piadas racistas permite que brasileiros expressem racismo de forma velada, contornando a censura. Isso contribui para o encobrimento e manutenção do racismo no país. Entretanto, um debate público sobre o próprio riso pode ameaçar essa função.
O documento discute o preconceito de classe social no Brasil. Afirma que, além do preconceito racial, existe também o preconceito baseado na posição social e nível socioeconômico dos indivíduos. Apresenta um exemplo de moradores de classe alta que se opuseram à construção de uma estação de metrô por temerem a presença de pessoas de classes mais baixas na região. Defende que o preconceito de classe, assim como o racial, é uma forma de violência que amplia as dificuldades enfrentadas pelos mais p
O documento analisa o livro "Cadernos sobre o mal" de Joel Birman. O livro discute as formas de expressão do mal na sociedade contemporânea, incluindo agressividade, violência, crueldade política e criminalidade no Brasil. O resumo destaca três pontos principais do livro: 1) como a razão ocidental perdeu a capacidade de compreender o "mal radical"; 2) as novas formas de guerra e crueldade política no mundo atual; 3) a análise da violência extrema e do crime organizado no Rio de Janeiro.
O documento discute a história dos conceitos de preconceito de cor e racismo no Brasil desde o século XIX. Analisa como o racismo surgiu como doutrina científica na década de 1870 e evoluiu para teorias de embranquecimento. Também descreve como Gilberto Freyre promoveu uma revolução ideológica ao encontrar na cultura nordestina a alma nacional brasileira, substituindo noções biológicas de raça por noções culturais.
1) O documento discute a violência pública e privada na sociedade brasileira e como as elites se tornaram indiferentes aos problemas dos mais pobres.
2) As elites veem os pobres como "estranhos" sem valor moral e se preocupam apenas com seus problemas privados em vez de problemas coletivos.
3) Essa indiferença levou a uma reação dos pobres, que agora veem os ricos apenas como objetos para roubo ou violência.
Este documento discute teoricamente os conceitos de exclusão social e pobreza, e analisa a situação da proteção social em Portugal. Primeiramente, distingue exclusão social de pobreza, definindo exclusão como um processo de ruptura dos laços sociais. Em seguida, discute os principais fatores que levam à vulnerabilização e exclusão social de indivíduos e grupos. Por fim, fornece dados estatísticos sobre a proteção social portuguesa.
Uma análise do discurso midiático sobre as representações de gênero: a consag...Sílvia Andrade
1) O documento analisa as representações de gênero em um programa de televisão regional na Paraíba, notando que o discurso legitima a violência contra a mulher e a família patriarcal.
2) Usa a análise crítica de discurso para mapear como os recursos linguísticos reforçam as relações de poder entre os sexos, legitimando a "natureza das coisas".
3) Em um caso estudado, o apresentador carismático ameniza a violência de um marido contra sua esposa, dando mais ênfase
Este artigo analisa o uso de câmeras de vigilância nas escolas públicas de São Paulo como parte do Plano de Segurança para as Escolas entre 2001-2002. Discute como a tecnologia de vigilância eletrônica foi implantada e seus possíveis efeitos na privacidade versus a sensação de segurança. Também aborda o debate sobre o monopólio do Estado no uso da violência e a transferência de responsabilidades de segurança para o setor privado.
O documento discute como a imprensa simplifica e influencia a percepção sobre o caso do homem que manteve a esposa refém em um ônibus. A propaganda ideológica reforça estereótipos de gênero e culpa a vítima, ignorando os avanços dos direitos da mulher. No entanto, há uma luta crescente para uma nova narrativa que reconheça a mulher como agente de sua própria história.
O documento discute a diferença entre direitos humanos e direitos dos cidadãos. Direitos dos cidadãos variam entre países e estão ligados a uma ordem jurídica específica, enquanto direitos humanos são universais e naturais. No Brasil, direitos humanos são frequentemente associados de forma equivocada à criminalidade. É importante educar sobre a universalidade e importância dos direitos humanos.
As contradições politicas do multiculturalism on02a03Cristina Bentes
Este artigo discute as contradições políticas do multiculturalismo e sua relação com a democracia. O multiculturalismo questiona os princípios democráticos tradicionais de liberdade e igualdade, que pressupõem a separação entre identidade privada e pública e a busca por uma linguagem institucional universal. O autor argumenta que a noção de igualdade democrática historicamente tratava as diferenças como desigualdades naturais a serem corrigidas, e não reconhecia plenamente a diversidade cultural.
O documento discute como os direitos humanos foram transformados em "privilégios de bandidos" na sociedade brasileira. A defesa dos direitos individuais de prisioneiros comuns não teve o mesmo apoio que os direitos coletivos e políticos, pois os indivíduos eram vistos como criminosos. Isso mostra como a noção de direitos ainda está associada a privilégios para muitos cidadãos brasileiros.
Teori kepribadian Dollard dan Miller membahas struktur kepribadian berupa kebiasaan yang stabil, dinamika kepribadian melalui motivasi dan dorongan primer-sekunder, serta proses belajar dan mental yang lebih tinggi seperti penggunaan bahasa. Teori ini diterapkan untuk memahami neurosis sebagai konflik ketidaksadaran dan diatasi melalui represi atau psikoterapi dengan merubah arah impuls.
Teori stimulus respon hull, dollard & millerelmakrufi
Teori stimulus-respons Hull, Dollard, dan Miller menyatakan bahwa kepribadian terbentuk dari kebiasaan (habit) yang merupakan asosiasi antara stimulus dan respon. Kepribadian dapat berubah karena pengalaman baru yang membentuk kebiasaan baru. Dorongan sekunder yang dipelajari berperan membentuk tingkah laku dan membedakan individu. Proses belajar membentuk kepribadian melalui asosiasi antara dorongan, isyarat, respon, dan penguatan
Anteproyecto de detección, atención y rehabilitación neurológicasVictor Martin
Este documento propone la creación de un módulo de detección, atención, rehabilitación y prevención neurológicas en un centro hospitalario. El módulo consistiría en áreas para diagnóstico clínico neurológico, laboratorios de investigación neurofisiológica, biofarmacia, clínico-diagnóstico y tratamiento/rehabilitación neurológica. El personal incluiría especialistas médicos, técnicos e ingenieros. El objetivo es mejorar la atención a pacientes neuroló
The document discusses the results of a study on the impact of climate change on global wheat production. Researchers found that rising temperatures will significantly reduce wheat yields across different regions of the world by the end of the century. Under a high emissions scenario, wheat production is projected to decrease between 6-27% globally depending on the region, posing substantial risks to global food security.
The document discusses the benefits of exercise for mental health. Regular physical activity can help reduce anxiety and depression and improve mood and cognitive function. Exercise causes chemical changes in the brain that may help protect against mental illness and improve symptoms for those who already suffer from conditions like depression and anxiety.
Dos mujeres que aspiraban a ser soberanas querían asegurarse de que eran las más justas. Ambas recorrieron sus ciudades disfrazadas y no escucharon críticas sobre su justicia. Sin embargo, cuando sus carros se encontraron en un camino estrecho y ninguna quería ceder el paso, el chofer de una dijo que su jefa era suave con los inflexibles y bondadosa con los malos, mostrando la verdadera justicia. Esto convenció a la otra candidata de dejarla pasar primero por ser más digna.
Este documento contiene una serie de 15 problemas de geometría plana. Los problemas incluyen hallar longitudes, ángulos y relaciones entre segmentos y ángulos dados en figuras geométricas. Algunos problemas piden identificar triángulos por sus ángulos o lados, hallar ángulos dados relaciones entre ellos, y establecer ecuaciones y resolver problemas sobre ángulos dados sus relaciones.
Este video de YouTube muestra un experimento en el que se coloca una cámara en el interior de una botella de plástico y se lanza al mar, permitiendo ver el viaje de la botella a través del océano durante varios meses antes de que finalmente llegue a la costa.
Este documento contiene 15 ejercicios de geometría plana sobre conceptos como puntos, líneas, ángulos y figuras geométricas como triángulos. Los ejercicios incluyen identificar elementos geométricos, calcular longitudes y ángulos dados ciertas relaciones entre los elementos, y establecer ecuaciones para resolver problemas sobre ángulos.
Este documento fornece as principais especificações e características de uma embarcação de 10,5 metros, incluindo seu comprimento, largura, peso, capacidade de passageiros e combustível. Algumas características diferenciais incluem um sistema elétrico de recolhimento de teto, uma cozinha interna completa e uma área externa para refeições.
En una casita en el bosque vivía una bruja. La bruja vivía sola en su pequeña casa en el bosque. La casita del bosque era el hogar de la bruja que vivía allí.
Este documento describe la historia y evolución del sistema de planeación estatal en México desde la década de 1960, cuando se establecieron los primeros comités para el desarrollo económico a nivel estatal. A lo largo de las décadas siguientes, se fueron integrando y sistematizando más los esfuerzos de planeación a nivel estatal, hasta llegar a la creación formal de los Sistemas Estatales de Planeación Democrática en la década de 1980. El documento también resalta la importancia de coordinar la planeación
Este documento define y explica los diferentes tipos de ángulos, incluyendo ángulos adyacentes, consecutivos, opuestos por el vértice, complementarios, suplementarios, correspondientes, alternos, contrarios y colaterales. También describe los ángulos formados por rectas paralelas cortadas por una transversal y resume los teoremas elementales de los triángulos, como la suma de los ángulos interiores, exteriores, y las relaciones entre los lados y ángulos de triángulos isósceles y escalenos.
La calidad de vida depende más de cómo reaccionamos a lo que nos sucede que de los sucesos mismos. La consultora ofrece varios programas y servicios de bienestar para empresas, como balance trabajo-vida, gestión del estrés, coaching de bienestar, programas de creatividad, yoga en la oficina, sesiones de masajes rápidos, coaching con payasos, clínicas deportivas, reiki y meditación guiada, tanto dentro como fuera de la oficina.
O documento discute a presença da violência nos meios de comunicação de massa. Apresenta diferentes tipos de violência como verbal, física e psicológica e discute como essas violências se manifestam na mídia, incluindo televisão, jornais e internet. Também analisa o papel da mídia na disseminação e normalização da cultura da violência na sociedade.
O documento discute como a violência é na verdade uma consequência da sociedade, não uma causa. A sociedade atual é dividida em classes e baseada na hipocrisia, tornando os indivíduos reféns e levando-os à violência. Uma sociedade verdadeira seria baseada no respeito e na tolerância, combatendo a desigualdade e promovendo a educação para gerar uma consequência diferente da violência que vemos hoje.
Este documento discute a violência urbana praticada contra e por adolescentes na cidade de Curitiba, Paraná. Aborda conceitos de violência, suas causas e consequências segundo a literatura, o perfil dos jovens envolvidos e como a violência é percebida por eles. Também analisa medidas de prevenção e combate à violência, o papel da comunicação, escola e da família nesse processo. O objetivo é promover um debate sobre o tema e contribuir para uma sociedade menos violenta.
O documento discute como a violência é uma consequência da sociedade atual ao invés de sua causa. A sociedade é dividida em classes e departamentos ao invés de promover a associação e interação entre as pessoas. Isso, junto com a desigualdade socioeconômica, gera violência. Dados mostram que o Brasil tem altas taxas de homicídios e mortes relacionadas a armas de fogo, que são consequências do atual modelo social.
Os eixos temáticos são áreas de discussão sobre assuntos amplos que podem ter teses, argumentos e propostas semelhantes. O documento fornece exemplos de eixos temáticos sobre violência no Brasil e repertórios comuns sobre impunidade e teorias sociológicas que podem ser aplicadas.
Este documento discute o trinômio violência-direitos-segurança na realidade brasileira. Apresenta uma breve introdução sobre como a violência é compreendida internacionalmente e no Brasil, onde é um fenômeno multifatorial e historicamente presente. Também aborda a relação entre violência e insegurança social, e como isso se relaciona com a segurança pública. Por fim, discute o conceito de segurança cidadã em um Estado Democrático de Direito.
Este artigo discute a violência simbólica presente no contexto escolar brasileiro, analisando contribuições de sociólogos franceses. A violência simbólica ocorre pela imposição da cultura dominante e reproduz desigualdades sociais dentro da escola. O artigo também aborda o fenômeno histórico da violência escolar no Brasil desde 1980.
Monografia A lei Maria da Penha e sua aplicação por analogia ao sexo masculinoMarcos Antonio Alves De Sá
1. O documento discute a Lei Maria da Penha e sua aplicabilidade para proteger homens vítimas de violência doméstica.
2. A lei foi criada para proteger mulheres, mas o autor argumenta que seus mecanismos de prevenção e punição deveriam ser aplicados de forma igualitária para proteger qualquer vítima de violência familiar, independente de gênero.
3. O autor divide o documento em três capítulos, abordando a história da violência contra a mulher, os procedimentos e medidas protetivas da lei, e os princí
Este documento apresenta a primeira aula de um curso sobre sociologia da violência. A aula introduz o tema da violência como objeto sociológico e discute como definir violência sociologicamente. Há três possíveis definições de violência, sendo que a aula adota uma definição de violência como interação caracterizada pelo uso da força contra a vontade de alguém. A estrutura do curso é dividida em três partes, sendo a primeira sobre a regulação da violência pelo Estado.
O documento discute como o etnocentrismo ainda é disseminado na sociedade contemporânea e como afeta a percepção de direitos humanos e cidadania. O autor argumenta que a desigualdade social no Brasil reflete valores etnocêntricos que criminalizam as classes menos favorecidas e negam a elas plena cidadania e acesso a direitos.
O documento discute como o etnocentrismo ainda é disseminado na sociedade contemporânea e como afeta a percepção de direitos humanos e cidadania. O autor argumenta que a desigualdade social no Brasil resulta em "cidadanias mutiladas" e que as classes menos favorecidas são frequentemente vistas como criminosas. O etnocentrismo é apresentado como um elemento constitutivo da cultura ocidental que leva ao julgamento de outras culturas.
Redes Sociais, Superexposição e Violência.Renata Checha
O documento discute as questões da violência, exposição excessiva e privacidade no contexto das redes sociais. Aborda conceitos de redes sociais, busca por fama online e seu vínculo com narcisismo. Também analisa autores que estudaram violência desde perspectivas psicológica, sociológica e sua relação com mídia e direitos humanos.
1) O documento discute a negação do racismo e propõe que o racismo surgiu historicamente como uma estrutura socialmente estruturante derivada de comportamentos de identificação humanos na história evolutiva.
2) Argumenta-se que negar a existência do racismo é a melhor forma de encobri-lo, e que simplificá-lo como patologia individual ou ideologia reduz sua natureza sistêmica.
3) Defende-se a hipótese de que formas iniciais de comportamentos de identificação entre humanos distantes na evol
1. O documento analisa a resistência às cotas raciais no Brasil e argumenta que ela é motivada pela manutenção do status quo de exclusão de negros e indígenas.
2. Aborda a história da formação das sociedades estamental e de classes no Brasil e o papel dos escravos negros nesses modelos.
3. Discutem-se os aspectos éticos e econômicos do preconceito racial brasileiro e a constitucionalidade das ações afirmativas e cotas raciais.
Livro Racismo institucional uma abordagem conceitualCamylla Oliveira
O documento discute o racismo institucional e seu impacto de acordo com gênero. Apresenta que o racismo atua nos níveis pessoal, interpessoal e institucional, estabelecendo uma hierarquia racial com pessoas de pele mais clara em posições superiores. Isso influencia outras hierarquias como de gênero, colocando homens brancos no topo e mulheres negras na base. Dados demonstram como o racismo leva à desigualdade salarial e no acesso à previdência social, afet
O documento discute três tópicos principais: 1) formas de violência e indiferença e o conceito de "banalidade do mal"; 2) o julgamento de Adolf Eichmann e a análise de Hannah Arendt; 3) a possibilidade de traços totalitários nas sociedades contemporâneas.
O documento descreve o sistema educacional da Finlândia, destacando: (1) a educação é gratuita e obrigatória até os 17 anos; (2) as escolas têm autonomia com professores altamente qualificados; (3) o foco é no aprendizado ativo e na construção do conhecimento entre alunos e professores.
O documento discute o sistema educacional da Finlândia, contextualizando o país e descrevendo aspectos como: a educação ser gratuita e obrigatória até os 17 anos; professores altamente qualificados; ênfase no aprender fazendo em pequenas turmas; e valorização da educação por famílias e políticos.
1) O documento discute uma pesquisa sobre uma experiência de formação continuada de professores para lidar com violência na escola, incluindo 15 reuniões com 10 professores.
2) A pesquisa usou discussões teóricas, dramatizações e dinâmicas de grupo para ajudar os professores a refletir sobre como minimizar a violência e promover interações sociais construtivas entre alunos.
3) Os resultados sugerem que a experiência pode ter limites, mas também possibilidades de melhorar as práticas educativas dos professores para lidar com
Este documento apresenta um relato de experiência sobre o uso do Círculo de Construção da Paz como estratégia de intervenção contra o bullying. O resumo descreve que o Círculo de Construção da Paz foi implementado em um Centro de Formação para a Cidadania que atende adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O objetivo era fornecer uma alternativa para prevenir e reduzir o bullying. O relato descreve o processo de planejamento e implementação do Círculo, assim como os resultados e avaliação da atividade.
O documento descreve a história da Finlândia desde 4000 A.C. até os dias atuais, destacando: 1) Fortes influências culturais a partir de 4000 A.C. e intensificação do comércio externo a partir de 1400 A.C.; 2) Anexação da Finlândia ao Reino da Suécia em 1155 e introdução do luteranismo entre 1524-1527; 3) Proclamação da independência da Finlândia da Rússia em 1917 após séculos de domínio sueco e russo.
O documento descreve o sistema educacional da Finlândia, destacando que o país investe quase 13% do seu PIB em educação, um dos maiores índices do mundo, e que dá ênfase à formação de professores. A estrutura educacional finlandesa inclui 9 anos de ensino obrigatório, escolas secundárias gerais e profissionais, e universidades.
1. Oliveira, É.C.S.; Martins, S.T.F “Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra”
.
VIOLÊNCIA, SOCIEDADE E ESCOLA: DA RECUSA
DO DIÁLOGO À FALÊNCIA DA PALAVRA
Érika Cecília Soares Oliveira
Universidade Estadual Paulista, Bauru, Brasil
Sueli Terezinha Ferreira Martins
Universidade Estadual Paulista, Botucatu, Brasil
RESUMO: Esse artigo aborda a violência na sociedade capitalista e na escola, permitindo uma discussão sobre como
ela é veiculada pelos meios de comunicação e pela maneira como os professores a enfrentam. Enfoca a necessidade
da comunicação e aponta as dificuldades vivenciadas na construção do indivíduo, do aluno em particular, quando a
escola e o professor não possuem clareza da importância da comunicação como forma de simbolização e representação
que, em muitos casos, permitem que os atos violentos possam ser substituídos pela palavra. A escola é um lugar privi-
legiado para a palavra e denúncia de um problema social. Ao se desejar eliminar a violência, acaba-se por naturalizá-la,
através das banalizações sofridas pelos meios de comunicação e de um Estado que legitima e violenta seus cidadãos
em seus direitos básicos.
PALAVRAS-CHAVE: violência; agressão; sociedade; escola; meios de comunicação.
VIOLENCE, SOCIETY AND SCHOOL: FROM REFUSING
TO DIALOGUE TO THE FAILURE OF WORDS
ABSTRACT: This article addresses violence in capitalist society and in school, discussing on how it’s published on
the media and how teachers deal with it. Considering the students at matter, this paper focuses on the need of commu-
nication and the difficulties lived by these developing individuals, in a situation where the school and the teacher
don’t possess clarity of the importance of communication as a form of symbolization and representation. In many
cases, they allow violent actions to be substituted by words. School environment is a privileged place for words and
revealing social problems. With the desire to eliminate violence, the media and the State end up naturalizing it, by im-
pinging violence as something trivial and legitimizing violence while violating its citizen’s basic rights, respectively.
KEYWORDS: violence; aggression; society; school; media.
A construção da subjetividade humana e a vivência do com medo e até mesmo conivente com práticas que usam
homem em sociedade permitem desvelar algumas hipó- da violência com o intuito de “apaziguar”, justificando
teses sobre a questão da violência, considerando-a não um uma ação violenta com outra ação violenta (como no con-
produto exclusivo da sociedade contemporânea, mas algo sentimento velado, por parte da população, diante do tra-
que atualmente vem se asseverando, possuindo um caráter tamento cruel que alguns policiais dão aos que transgri-
mais brutal diante de nossas vidas. O modo como esse fe- dem a lei – os “bandidos” – ou ainda com o assentimento
nômeno se expressa atualmente, aponta para a constatação dos “justiceiros” em suas ações). Discutir a questão da vio-
da ausência da palavra, ausência do diálogo e de uma visão lência neste artigo implica em inscrevê-la como algo que
crítica, seja por parte de quem assiste ou de quem vivencia existe, causa revolta e não merece complacência, ou seja,
a violência. A escola, a família e os meios de comunica- como um sintoma social e subjetivo, com o qual não se
ção teriam função extremamente importante na abertura pretende travar pactos de silêncio.
deste diálogo, mas à medida que as duas primeiras se ca- Violência vem do latim, violentia e significa força vio-
lam e os meios de comunicação não param de falar de ma- lenta; ou, ainda, recurso à força, para submeter alguém
neira sensacionalista, a cultura da revolta diante do que (contra sua vontade); exercício da força, praticado contra
choca, do que deveria espantar, transforma-se em cultura o direito (Russ, 1994). Essa força é definida como violên-
do show e do entretenimento. Deste modo, fazem padecer cia quando perturba acordos e regras que pautam as rela-
a palavra cuja função é interpelar e procurar respostas e ções, o que lhe confere uma carga negativa (Zaluar, 2000).
soluções para um fenômeno que fragiliza as tentativas de A violência contra o ser humano faz parte de uma trama
uma efetiva democratização do país, em que os direitos antiga e complexa: antiga, porque data de séculos as várias
civis básicos não são assegurados, de forma a violentar o formas de violência perpetradas pelo homem e no próprio
sujeito na tentativa de construir-se como cidadão. homem; complexa por tratar-se de um fenômeno intrin-
Ao invés do questionamento e da interrogação, o que cado, multifacetado. A análise do fenômeno da violência
temos é uma grande parcela da população indiferente ou deve partir do reconhecimento da sua complexidade, abar-
90
2. Psicologia & Sociedade; 19 (1): 90-98; jan/abr. 2007
cando tanto a existência de múltiplas formas de violência, Violência, Agressão e Sociedade
com suas diferenças qualitativas, como também os dife- ... que muitas coisas ainda haveríamos de calar
rentes níveis de significação e os seus diversos efeitos e que nessa envoltura é que estaria o dizer...
históricos (Candau, 2001; Martín-Baró,1983/1997). (Hilda Hilst: Tu não te moves de ti).
Iremos nos deter, num primeiro momento, na abor- A violência abarca e é abarcada por diversas esferas:
dagem de uma violência considerada maior, mantenedora social, econômica, cultural, política etc., daí não ser pos-
das diversas formas de violência e, portanto, do mal-estar sível indicar uma única esfera como causadora da mesma.
que se espalha pela sociedade. A amplitude da violência, Aqui, enfatizaremos a contribuição que o Estado dá na
pensada aqui como espaços de sua expressão, vai muito criação e manutenção de diversas violências ao se ausentar
além da instituição familiar (que é vista como um reflexo e delegar suas responsabilidades à sociedade civil, pro-
dessa violência maior), encontrando-se inserida em exer- porcionando ainda mais a marginalização das pessoas
cícios de autoridade que ultrapassam os limites legais e pobres e dos miseráveis. Trata-se, portanto, de um recorte
que são socialmente aceitáveis, pois são legitimados pelo feito para se analisar essa problemática, contudo, não colo-
Estado. camos de lado a abrangência do tema, como bem enfatiza
A complexa rede de violência social pode ser vista na Fraser (2001, p. 95):
díade dominação-exploração que, segundo Saffioti (1989),
se estabelece nas relações assimétricas baseadas no con- A delinqüência e a violência são, pois, sintomas
sociais de grande amplitude, onde vários fatores se
ceito de patriarcado-capitalismo-racismo, em que a domi-
entrelaçam, não podendo ser arbitrariamente atri-
nação e a exploração visam pautar todas essas relações,
buídos ao fator econômico como determinante da
conferindo-lhes a marca da desigualdade. A tríade patriar- pobreza e responsável por todas as mazelas sociais,
cado-capitalismo-racismo tem na desigualdade das rela- pois explicar o crime pela pobreza é, além de tudo,
ções sociais seus atores: a mulher e a criança são inferiores reforçar a opção preferencial pelos pobres, como se
ao homem, o pobre inferior ao rico e o negro inferior ao a criminalidade fosse um privilégio destes.
branco (Saffioti). Estamos, portanto, descrevendo uma
sociedade que está longe de ser igualitária, uma sociedade Para avançarmos nesta discussão é importante expli-
sexista, adultocêntrica, etnocêntrica e classista, na qual o citar uma das principais confusões existentes em relação
poder de dominar e explorar define o caráter hierárquico à terminologia utilizada quando cientistas sociais, psicó-
das relações sociais e interpessoais. logos, meios de comunicação de massa, utilizam os con-
ceitos de violência e agressão. Martín-Baró (1983/1997)
Nesta rede de poderes encontramos o que foi denomi-
posiciona-se diferenciando os dois conceitos:
nado por Azevedo e Guerra (1989) como “Síndrome do
Pequeno Poder”, que engendra os processos de dominação- O conceito de violência é mais amplo que o de agres-
exploração interpessoais. O pequeno poder é caracterizado são e que, em teoria, todo ato ao que se aplique uma
pela sua própria pequenez, pela sua mesquinhez, atuando dose de força excessiva pode ser considerado como
apenas nas relações interpessoais (Saffioti, 1989, p. 19): violento. A agressão, por outro lado, somente seria
uma forma de violência: aquela que aplica a força
O homem detentor do pequeno poder crê ser neces- contra alguém de maneira intencional, ou seja, aque-
sário exercitar-se, a fim de, algum dia, vir a encarnar la ação mediante a qual se pretende causar um dano
plenamente a figura do macho todo-poderoso. Mais a outra pessoa (p. 365-366).
do que isto, acredita capacitar-se para o grande
exercício do grande poder tendo síndromes sucessi- Existem psicólogos que não caracterizam a agressivi-
vas de pequeno poder. Na verdade, a exorbitância dade como sendo algo positivo ou negativo, considerando-
do pequeno poder, característica da síndrome, re- a como um impulso ou instinto comum ao ser humano e
vela a extrema fragilidade de seu ator. Ao tentar agi- direcionado para a luta, para a sobrevivência individual
gantar seu poder não faz senão apequená-lo ainda ou coletiva. Há discussões sobre o caráter biológico da
mais. Entretanto, a síndrome do pequeno poder tem agressividade. Assim, subsidiados pelo evolucionismo dar-
conseqüências nefastas para as pessoas por ela atin- winiano, muitos psicólogos aceitam o caráter negativo
gidas.
da violência, mas eximem dele a agressão. Consideram
Assim, é possível observar, por exemplo, o aumento que a agressão é a manifestação da agressividade, modo
da intolerância com relação as diferentes etnias, posto de auto-afirmação do indivíduo. Cotidianamente, cons-
que o padrão hegemônico prevê o “homem branco no tatamos, como apresentado por Martín-Baró (1983/1997),
poder”, desembocando em abusos de poder e atos de vio- que se fala da necessidade de certa dose de agressividade
lência, como o dos “carecas” que espancam homossexuais para que o homem contemporâneo vença os obstáculos do
e nordestinos ou os “neonazistas” com seus ideais arianos, mundo moderno. Muitas vezes “ser agressivo” vem asso-
que deflagram o racismo existente e a inoperância diante ciado com “ser dinâmico”, “ser competente”, não impor-
do que lhe é diferente. tando muito o que é preciso fazer para alcançar o patamar
91
3. Oliveira, É.C.S.; Martins, S.T.F “Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra”
.
do chamado “cidadão vencedor”. Para o autor, os valores contra alguém aplicada de maneira intencional, com a pre-
que regem a vida cotidiana dos membros da sociedade tensão de causar um dano à outra pessoa).
são o individualismo, que estimula a violência, a agressão Como fenômeno histórico e social, uma das formas
como meio de satisfação individual e a competição, na de sua manifestação é a violência estrutural. Ela é a vio-
qual o êxito de um implica no fracasso do outro. lência do Estado contra o homem, caracterizada pela inca-
Para Martín-Baró (1983/1997), não há necessidade pacidade do primeiro em realizar a justiça social para os
de se procurar as raízes da agressão e da violência dentro adultos em geral, e às crianças e adolescentes que são des-
das pessoas. A agressão e a violência podem ser encon- tituídos, implícita ou explicitamente, do acesso à escola,
tradas nas circunstâncias em que vivem, atribuindo ao à saúde e à assistência social. Um Estado que deixa parte
fato das pessoas se verem frustradas em seus desejos e significativa da população em situação de desemprego,
vontades ou, ainda, pelo fato de terem aprendido a alcan- carência, abandono e inúmeras outras iniqüidades é um
çar seus objetivos através da utilização da violência, o que Estado violentador, agente da opressão e facilitador das
confere à agressão e à violência um caráter encontrado e realizações da classe dominante. Estado este que abandona
assimilado na sociedade, através das relações entre os indi- a família à sua própria sorte, num regime assistencialista
víduos. São três os pressupostos sobre a violência apresen- e paternalista, violentando o indivíduo em suas tentativas
tados pelo autor: de exercer sua cidadania (Passetti, 1995). O autor afirma
1. “a violência apresenta múltiplas formas e que entre que “o próprio Estado enseja a prática de maus-tratos quando
elas podem dar-se diferenças muito importantes” não cumpre com as responsabilidades que traça para si
(Martín-Baró, 1983/1997, p. 370). Como exemplos, mesmo. Consome, proporcionalmente, a maior parte dos
são citadas: violência estrutural; violência interpessoal; impostos pagos pelos cidadãos na sua própria reprodu-
violência educativa; violência pessoal; agressão ins- ção...” (p. 51). Em termos estruturais, a violência é tam-
titucional; agressão interpessoal; agressão física; agres- bém uma conseqüência do processo de globalização. As
são moral ou simbólica. políticas distributivas injustas promovem o que se deno-
mina de “incursão na miséria”, propiciadora das invasões
2. “a violência tem um caráter histórico e, por conse- e saques, da violência urbana, da existência de crianças e
guinte, é impossível entendê-la fora do contexto social jovens sem perspectivas e atolados no consumo de drogas
em que se produz” (Martín-Baró, 1983/1997, p. 371), e na delinqüência. Além disso, encontramos a violência
o que significa que é impossível analisá-la sem consi- ideológica que transforma os sujeitos em objetos, dificul-
derar os interesses e os valores concretos que caracte- tando sua participação nas decisões políticas ao criar e refe-
rizam a sociedade ou cada grupo social em determi- rendar uma cultura que acredita cegamente nos poderes
nado momento histórico. absolutos do Executivo e na chegada de um líder messiâ-
3. refere-se à “espiral de violência”, fato continuamente nico, que resolverá tudo sem a participação da coletivi-
encontrado nos atos de violência social: peso autônomo dade.
que os dinamiza e os multiplica. Martín-Baró (1983/1997) ressalta que a violência estru-
Para El-Moor e Batista (1999), os fatores imediatos tural:
que desencadeiam a violência seriam: a frustração, pres- não se reduz a uma inadequada distribuição dos re-
são grupal, disponibilidade de poder e o convencimento cursos disponíveis que impede a satisfação das neces-
sobre seu valor instrumental. sidades básicas das maiorias; a violência estrutural
supõe além disso um ordenamento dessa desigual-
Martín-Baró (1983/1997) diz que em todo ato de vio- dade opressiva, mediante uma legislação que am-
lência é necessário diferenciar quatro fatores constitutivos: para os mecanismos de distribuição social da ri-
a estrutura formal do ato – a conduta como forma ex- queza e estabelece uma força coercitiva para fazê-los
trínseca, que pode ser instrumental (utilizado como meio respeitar. O sistema fecha assim o ciclo de violência
para atingir um objetivo diferente) ou terminal/final (rea- justificando e protegendo aquelas estruturas que pri-
lizado por si mesmo; ato como fim); a “equação pessoal” vilegiam as minorias à custa dos demais (p. 406).
– atos explicados somente pelo caráter particular da pessoa Para o Jornal de Psicologia, (Conselho Regional de
que o realiza; o contexto possibilitador – contexto amplo, Psicologia [CRP], 2000), a violência traz consigo um cará-
social, e um contexto imediato, situacional; o fundo ideo- ter permanente, e coloca duas questões: ao mesmo tempo
lógico – a violência remete a uma realidade social com em que provoca um estado de freqüente temor, por outro
interesses de classe, em que surgem valores e racionaliza- lado, ela se banaliza. Os meios de comunicação apresen-
ções, levando a sua justificação (p. 372-376). tam-se como poderosos instrumentos que contribuem e
Com essa ressalva, podemos então considerar a vio- promovem essa banalização da violência, utilizando-se
lência como todo ato ao qual se aplique uma dose de força do arsenal de crimes, com o único objetivo de sustentar e
excessiva e a agressão como uma forma de violência (força aumentar sua audiência como a venda de publicações, le-
92
4. Psicologia & Sociedade; 19 (1): 90-98; jan/abr. 2007
vando a uma diluição, ao esvaziamento do que o conceito “maus exemplos” na formação da identidade, segundo os
de violência implica efetivamente. A banalização da vio- professores pesquisados.
lência pelos meios de comunicação é mencionada também Por outro lado, e ainda dentro da mesma sociedade,
pelos alunos de escola pública que participaram de pes- existe a tentativa de construção de uma identidade que
quisa realizada por Candau (2001). A autora chama a aten- procura se defender das ideologias impostas pelos meios
ção para o desenvolvimento de uma cultura da violência, de comunicação e na luta para romper com o determinismo
“que se alastra e favorece todo um processo de banalização colocado por aqueles que postulam que “se é pobre é vio-
e naturalização de diferentes formas de violência” (p. 146). lento” e, uma vez inserido neste meio, o único caminho é
Monteiro (1998) ao realizar uma pesquisa junto aos o da criminalidade. Kehl (2001) deixa claro esse processo
diretores que passaram pela escola que a autora investi- ao analisar os rappers que apelam, através da liberdade
gou durante dois anos, obteve os seguintes relatos: para os de expressão, para a consciência de cada um e para a cria-
diretores, a violência estava relacionada com a televisão, ção de valores antagônicos aos construídos pelos meios de
o nível sócio-econômico das famílias, a falta de educação comunicação, enfocando a autovalorização e dignidade
e a desestruturação familiar. Relatos semelhantes são encon- do negro e pobre. Nas palavras da autora:
trados entre os professores que participaram de pesquisa O viés autoritário desses versos [letra do rap dos Ra-
realizada por Candau et al. (citada por Candau, 2001). cionais MC’s], a nosso ver, tem pelo menos três de-
Para os professores, a violência é um fenômeno que “se terminantes. Primeiro, a certeza de que uma causa
origina na sociedade e se reflete na escola, seu dinamismo coletiva está em jogo. Trata-se de estancar o derra-
é de ‘fora’ para ‘dentro’” (p. 142). Deste modo, segundo mamento de sangue de várias gerações de negros,
a autora: “Os/as professores(as), em geral, têm dificuldade de barrar a discriminação sem recusar a marca origi-
de identificar formas de violência geradas pela própria nária... Mas para isto – aí vem a segunda razão – é
escola, não vêem a cultura escolar como fonte de violên- necessário “transmitir a realidade em si”. Isto por-
que a maior ameaça não vem necessariamente da
cia” (p. 142). Outros estudos realizados em escolas apon-
violência policial, nem da indiferença dos “boys”.
tam para a televisão como um fator desencadeante da vio- Vem da mistificação produzida pelos apelos da pu-
lência e por isso nos deteremos um pouco nessa questão blicidade, pela confusão entre consumidor e cida-
(Njaine & Minayo, 2003). dão que se estabeleceu no Brasil neoliberal, que
Os meios de comunicação constroem uma imagem da fazem com que o jovem da periferia esqueça sua
violência em que essa é eternamente repetida, capturando cultura, desvalorize seus iguais e sua origem, fasci-
nado pelos signos do poder ostentados pelo bur-
o indivíduo nessa repetição, sem que haja possibilidade
guês... (Kehl, 2001, p. 99, grifos nossos).
de simbolização por parte deste, ou seja, a violência, como
linguagem pode prescindir da violência como ato social, Evidentemente, há também todo um questionamento
mas isso só é possível, segundo Rocha (2001), quando o a respeito desse poder ostentado pelo burguês, aí alienado
indivíduo desalienar-se das imagens que lhe são postas e no consumismo e no fetiche dos produtos que lhes são
passar a representá-las. Rocha (2001) e Kehl (2001) abor- ofertados a todo instante, contudo, não desenvolveremos
dam o rap como algo que possibilita que o não simboli- essa discussão neste artigo.
zado passe a ser representado e se reinscreva no imaginá- A violência ganha o espaço para o diálogo, despren-
rio, o que permite ao indivíduo falar sobre o que acontece, dendo-se de um monólogo no qual existe uma divisão
deixando necessariamente de agir de forma violenta. entre fortes e fracos. Rocha (2001), defende que o papel
Existe, por um lado, uma sociedade que procura criar dos meios de comunicação na estruturação de nossas vidas
modelos de identidade baseados no glamour, no consu- e o papel da violência na organização de relações de comu-
mismo e na fantasia, passando a falsa idéia de ascensão nicação e sociabilidade encontram-se em um estado de
social fácil, rápida e possível para todos. Njaine e Minayo simbiose, em que tanto num caso (meios de comunica-
(2003), ao realizarem pesquisa sobre violência em esco- ção) como no outro (sociedade), ocorre uma ruptura do
las públicas e particulares, junto a professores e alunos, valor simbólico. No caso da violência que os meios de
relatam que os professores vêem a televisão como um comunicação veiculam, as informações são transformadas
meio que contribui na formação da identidade dos jovens, em imagens e sons peculiares, que através de sua veloci-
promovendo esses modelos de ascensão, considerados, dade, tornam essas imagens e sons mais pulsantes e pre-
como “maus modelos”, tais como os artistas, pagodeiros, sentes, causando, um “desgaste e arrefecimento das sen-
jogadores de futebol, manequins. Estes modelos preco- sibilidades”, sem, contudo, deixar de atrair a atenção das
nizam que existe um jeito fácil de se alcançar sucesso, que pessoas, tomando o seu caráter de espetáculo, criando
dispensa o estudo e o trabalho, assim como o de enrique- visões estetizadas sobre a violência.
cer fartamente, através das figuras de políticos que ganham Essa estetização da imagem e a perpetuação da violên-
fortunas de maneiras ilícitas. Estes seriam os chamados cia discursiva e difundida pela mídia promovem uma des-
93
5. Oliveira, É.C.S.; Martins, S.T.F “Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra”
.
sacralização da imagem e uma ruptura entre o real e a No que diz respeito à relação entre pobreza/miséria e
ficção, criando-se um redimensionamento dos fatos. O au- violência, El-Moor e Batista (1999) afirmam que a rela-
mento da propagação das imagens de violência cria, se- ção não é direta e explicam que o indivíduo está sujeito a
gundo a autora, uma “promiscuidade” em torno do tema: humilhações constantes, a discriminações sociais, levando
a uma destruição de sua auto-estima. Com sua auto-estima
A apreensão da violência através de imagens, se não
negativa é possível que se construam elementos que per-
escapa de uma lógica de sedução e do arrebata-
mento, confere curiosa atribuição ao nosso “esto- mitam uma ponte entre a miséria e a violência. As auto-
que” imagético. Cada peça adquirida perde imedia- ras apontam para uma discussão extremamente relevante
tamente seu peso ou valor individual quando é in- para se compreender a complexidade deste assunto: esta-
serida na “coleção”. Não costumamos hierarquizar mos inseridos numa sociedade capitalista cuja instigação
com muita facilidade as ‘imagens da violência’. ao consumo é desenfreada, incansável e excessiva. A mídia
Parece ser mais comum atribuir-se a estas imagens constrói o glamour do mundo dos ricos e a tristeza, a ver-
um valor relacional, como se cada uma fosse, na gonha, a sujeira e a feiúra dos pobres e seus mundos. Nas
verdade, a parte de um quebra-cabeças, a fração palavras delas:
de um mosaico que, a despeito de sua capacidade
constante de aglutinação e reestruturação, de seu Estes últimos [os pobres] estão obrigados a se ver
fracionamento, apresenta-se como unidade (Rocha, quotidianamente no retrato do que a sociedade...
2001, p. 91, grifos nossos). diz que eles são, mas que eles “odeiam”. Ora, a inci-
tação ao consumo num contexto de exclusão (sabe-
É importante salientar o fascínio que essas “imagens mos que os desempregados, pobres, marginalizados,
da violência” carregam, seja por parte de quem as pratica além do discurso por eles esgrimido, a maior parte
ou de quem as experimenta. Esse fascínio, sedução e arre- das vezes acabam se culpando pela situação em que
batamento, citados pela autora, inviabilizam a reflexão e estão), cria no indivíduo sentimentos negativos de
a fala, daí a necessidade de se apontar para a existência, si mesmo, o leva à impotência (p. 149).
seja na favela, dos grupos de rap que constroem seu dis- Freire (1996) denuncia essa culpabilização que o Es-
curso a respeito da realidade vivida e também da família tado imprime ao pobre, uma vez que faz parte do poder
e da escola, como lugares “formadores de valores e opi- ideológico dominante inculcar a responsabilidade nos opri-
niões.” A discussão sobre a relevância da comunicação, midos, por encontrarem-se nessa situação. São pessoas
do diálogo e da escuta no espaço escolar será realizada que fazem parte da legião de ofendidos e que desconhe-
mais adiante. cem a razão de sua dor na perversidade do sistema social
Porto e Teixeira (1998) demonstram que o temor em em que se encontram. A consciência dessa incompetência,
relação à violência resulta no poder que a sociedade con- segundo o autor, tende apenas a reforçar o poder que os
fere ao Estado para que o mesmo tome medidas cada vez massacra.
mais autoritárias e punitivas, legitimando o discurso dos Não se trata unicamente de privações materiais que
políticos, dos religiosos que conferem o aumento da vio- conduzem uma pessoa a desafiar aspectos éticos e morais
lência e da criminalidade a uma sociedade cuja moral da sociedade em que vive, na procura, por exemplo, do
encontra-se decadente. Cria-se um “discurso da ordem” narcotráfico. Alienados do sistema, os portadores da vio-
que culpabiliza as famílias desfeitas, a liberação das mu- lência não têm como finalidade promover uma mudança
lheres, a liberdade sexual, a crise da ética no trabalho, de cunho social, solucionando a vida miserável dos outros.
crise da fé religiosa, crise moral. É evidente que alguns Seus anseios de consumo são individualistas e imediatos.
destes fatores também podem contribuir para o aumento Traduzem a violência “organizada” através do tráfego de
da violência por si só, contudo, ao se dar livre-arbítrio aos drogas,1 dos grupos de seqüestro e a violência denominada
elaboradores e criadores de métodos e alternativas para “não organizada” que se realiza através de roubos, por
sanar as práticas sociais violentas, lhes é dado o poder de vezes seguidos de morte da vítima, etc. (El-Moor & Ba-
criarem o que as autoras denominaram de “imaginário tista, 1999).
da segurança”, ou seja, ao nos depararmos com a onda de Teixeira (1999) ao pontuar o delito, classifica-o como
criminalidade na qual a sociedade está mergulhada, a cria- a expressão mais visível da violência. Segundo a autora,
ção de penitenciárias e Fundações Estaduais de Bem-Estar o delito carrega uma “fala” consigo, fala essa que denun-
do Menor (FEBEMs) pode levar à falsa idéia de que a po- cia a precariedade de nossa sociedade. Quando trata do
pulação estará segura em suas casas, pois os supostos “ban- coletivo, refere-se à sociedade que mantém e estimula a
didos” estarão presos, longe de poder atacá-las, enquanto criminalidade. Ao falar da singularidade do sujeito que
dentro dessas instituições muito pouco se propõe em ter- cometeu o delito, a autora aponta para história pessoal
mos de mudanças que farão com que esses indivíduos, ao dele, as violências a que se sujeitou, a quebra do pacto in-
retornarem à sociedade, não voltem a cometer delito. terno com a lei. O delito, portanto, seria a exposição das
94
6. Psicologia & Sociedade; 19 (1): 90-98; jan/abr. 2007
múltiplas determinações pelas quais o sujeito passa: a dis- lência no decorrer do tempo. Na década de 1980 eram
tribuição desigual de rendas e de direitos, a precariedade mais comuns os atos de vandalismo: a violência contra o
das políticas assistenciais para a criança e o adolescente patrimônio, com as depredações e invasões dos prédios
em situações de risco pessoal, a escola que expulsa, os escolares. Na década de 1990, ganham destaque as agres-
meios de comunicação que banalizam a violência. sões interpessoais, principalmente entre os alunos. Além
disso, se na década de 1980 a violência atingia principal-
Violência nas Escolas mente as escolas de grandes centros urbanos, na década
A palavra era como um corpo morto que tivesse seguinte ela é encontrada, com muita freqüência, em muni-
vindo atravessar-se no seu caminho, tinha de cípios de médio porte e menos industrializadas.
descobrir o que ela queria, levantar o cadáver
(José Saramago em Ensaio sobre a lucidez). Para Porto e Teixeira (1998), a violência escolar assu-
me diversas facetas, que podem se configurar na já cha-
Agressões verbais seguidas de pontapés, socos e mor- mada violência simbólica. Existe ainda, para alguns pro-
didas. Esse campo de tensão ao qual o professor diversas fessores, uma maneira de manter os alunos em silêncio (e
vezes vê-se exposto pode levá-lo a fazer um questionamento isso seria uma espécie de violência simbólica), por exem-
de sua atividade, que se contradiz entre educar ou repri- plo, através de cópias e ditados sem uma intencionalidade
mir, formar um sujeito independente ou um sujeito coman- pedagógica e, finalmente, nas discriminações e exclusões.
dado. “Mas o que seria educar?”, perguntam Pinto e Ba- Itani (1998) exemplifica como violência simbólica o ca-
tista (1999 p. 321). Questionam se educar seria sair dos
ráter disciplinador que por vezes é conferido à avaliação,
limites da Língua Portuguesa e da Matemática e adentrar
que serve como um instrumento que mede a capacidade
em questões mais amplas do comportamento. Eles acre-
do aluno através da exigência de respostas idênticas às for-
ditam que educar tenha relação com essas questões, mas
muladas em sala de aula, ou ainda, a execução de provas
quando falam de educação não estão se referindo ao en-
extremamente difíceis com o intuito de diminuir a nota
sino de boas maneiras e tampouco nas posturas policialescas
do aluno. Segundo Fernandes et al. (1999) no sistema es-
que os professores por vezes se vêem compelidos a exer-
colar vigente, a avaliação é o instrumento que permite
cer, colocando em dúvida sua prática como educador.
premiar o aluno. É através dela que se classifica o aluno
Como parte do dia-a-dia da escola, a violência é fruto como bom ou mau. O responsável, na sala de aula, por
de diversos fatores, tais como a profunda desigualdade esta classificação, é o professor. Perde-se de vista o caráter
entre as classes sociais, a imposição de regras coletivas, a altamente necessário da avaliação como diagnóstico do
repetição dos modelos que os alunos vivenciam em seus processo ensino-aprendizagem.
lares. O início da violência se dá através das “possibilida-
des de sobrevivência” que, para Itani (1998, p. 40), seria Ao praticar atos de controle, abafa-se o que a violência
assegurar um lugar na escola, seguido da “fragmentação está, ferozmente, tentando falar em suas múltiplas mani-
do conhecimento”, isto é, a obstrução das possibilidades do festações: desde a arquitetura da escola que é detonada
domínio do conhecimento e, por fim, o processo educa- pelos alunos até as relações aluno/aluno, aluno/professor
cional violentador se daria pela “ideologização da infor- e aluno/funcionário são envolvidas pela agressividade e
mação pela ação pedagógica e pela indústria cultural.” violência.
Além disso, a autora aponta para a violência embutida Diante disso, encontramos um professor impotente
no sistema educacional (violência simbólica) que se volta diante de seu papel, como observa Perdriault (1989), ao
contra o professor através da imposição de projetos de for- questionar se trata mesmo de um professor ou de um do-
mação, projetos educativos e de ações pedagógicas, uma mador de feras. Através da exclusão, alguns professores
vez que os professores não são consultados no momento delegam a questão da violência que ocorre cotidianamente
da elaboração de tais projetos, que geralmente estão per- na escola, totalmente à família, abstendo-se da possibili-
meados pela ideologia dominante. dade de fazer algo a respeito e, sobretudo, tentando livrar-
A violência que se configura dentro do espaço escolar, se de sua cota de responsabilidade pelo fato de também
manifestada através do comportamento dos alunos, lança ser a escola uma reprodutora das relações parentais que
professores diante da confusão da possibilidade de um en- envolvem disciplinamento, hierarquia e, em um nível mais
sino libertador (caso seja esta a sua proposta) e de uma velado, da surdez, por vezes estratégica, diante das já ci-
realidade insuportável, na qual os educadores recorrem a tadas manifestações (verbais ou não-verbais), por parte dos
expedientes autoritários e até mesmo violentadores, a fim atores que compõem o universo escolar.
de manter a “ordem geral”. São estabelecidas regras, con- Os professores sentem-se desorientados diante deste
troles, punições e dominações para disciplinar os alunos cenário caótico ou então, se colocam numa postura de indi-
em estados de rebeldia. ferença, na qual, tanto eles, professores, bem como os
Sposito (2001), analisando a produção científica nesta alunos, estão sendo violentados diante de suas vontades e
área, indica que ocorreram mudanças no padrão da vio- necessidades. Nas palavras de Perdriault (1989, p. 82):
95
7. Oliveira, É.C.S.; Martins, S.T.F “Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra”
.
“A escola morre de infantilismo, da falta da palavra, da papéis e as responsabilidades ficam fragilizados e com-
falta do desejo. A violência do sistema escolar, que tritura prometidos diante da violência que alunos e professores
adultos e alunos, só pode ser freada pela violência da lei manifestam e na necessidade e desejo daqueles que, por
e da palavra.” vezes, não ousam falar ou não praticam o exercício de
Apesar de termos claro que a violência na escola não uma fala significativa.
é um fenômeno restrito às escolas de periferia, como in- Como se coloca, então, o papel do ensino e aprendi-
dicam vários estudos (Candau, 2001; Sposito, 2001), essas zagem: árduo ou prazeroso? Perdriault (1989) diz: “É
escolas sofrem com a falta de espaço nas salas de aula, difícil falar... mais difícil do que trocar socos.” Falar,
espaço vital que contribui para que a população se revolte ouvir e compreender o que está sendo dito nessa lingua-
e ataque as dependências da mesma, sendo que a superpo- gem que se manifesta através da violência, que às vezes
pulação das escolas contribui para o surgimento da vio- mais parece coisa de alunos puramente caprichosos; quan-
lência, através dos descontentamentos que produz. Para do, na verdade, o que ocorre é que essa violência tem
Medrado (1998): muito a ver com o discurso da recusa, ou ainda, a ausên-
cia de se encontrar as palavras certas para se dar um sen-
a escola não pode responder pelo papel do Estado,
tido exato a uma ampla gama de sentimentos.
oferecendo à população o espaço vital destinado
ao lazer, “nem promover” a formação informal da Segundo Reyzábal (2003) a educação baseia-se na lin-
população local, tampouco pode prestar assistên- guagem, que é o que assegura o intercâmbio (participa-
cia social de que tanto necessitam os marginalizados. ção, perguntas, respostas, esclarecimentos, estímulos, etc.)
Afinal de contas, isto é dever do Estado. E embora durante o processo de ensino e aprendizagem e o instru-
saibamos que a escola seja uma pequena “parte” mento que o estudante usa para organizar sua realidade
do Estado, ela não pode funcionar como reparador interior e exterior. Neste caso, o diálogo deve ser cons-
ou substitutos do mesmo (p. 90).
tante entre docente e discente, já que ambos encarnam duas
O autor descreve dois problemas de representação: funções intercambiáveis e mutuamente enriquecedoras.
no primeiro, a escola, vista como representante do Estado, Antes, contudo, de falarmos da importância da comu-
terá que assumir as funções do mesmo aos olhos da popu- nicação como possibilidade de representação e simboli-
lação. Ela deixará, assim, de exercer sua função, que é a zação daquilo que não é dito e que se expressa através da
de educar, e passará a exercer outras funções que cabem violência, também nas escolas, apontaremos para um pro-
ao Estado resolver. Temos assim a “escola-assistencialista”. blema anterior que diz respeito à variedade lingüística,
Esse papel que algumas escolas assumem é extremamente isto é, às diversas línguas e dialetos que o aluno utiliza-se
melindroso, uma vez que se algo não funciona ou se fun- para se expressar e que são cerceados pela escola, por não
ciona mal no país, a população irá dirigir suas críticas maci- se tratar da linguagem padrão, prestigiada e sinônimo de
çamente à escola e não ao Estado. Outro problema de re- poder. Partindo do pressuposto, como nos mostra Camacho
presentação, segundo o autor, encontra-se nos precários (2004), de que toda língua varia e que essa variação é o
recursos (materiais, humanos e financeiros) que não per- reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e
mitem que a população desfrute de seus direitos. classe social e de circunstâncias de comunicação, aponta-
Medrado (1998) contribui para uma discussão muito remos para o fato de que, ao não aceitar a linguagem tra-
valiosa que diz respeito ao que ele denomina de “parafer- zida pelo aluno, marginalizando-o e excluindo-o com as
nália militar”. Para ele, a escola é o espaço destinado para normas da Língua Portuguesa Padrão, o professor descon-
promover a educação e não um lugar para guardar arte- sidera a questão do bidialetalismo, ou seja, o fato de que
fatos para proteção. Ele questiona: “Em primeiro lugar, existem várias línguas e que a que o aluno traz deve ser
proteção do quê?” Em segundo lugar: “contra quem?” (p. respeitada. O próprio professor pode destituir o aluno da
101). A presença de cães nas escolas, guardas armados, classe menos favorecida ou o adolescente com suas gírias,
alambrados de ferro, arames farpados, muros altos e, prin- de seu direito de expressar-se, calando-o diante da falsa
cipalmente, a intervenção da polícia através da ronda esco- idéia de que existe apenas uma língua correta e que a dele
lar, são medidas inócuas. Para o autor, além da escola não é deficiente e incorreta. Esse já seria um primeiro apon-
ser caso de polícia, essa ostentação paramilitar agride o tamento quando o assunto é comunicação: todos conse-
universo interno da mesma, pois os alunos passam a vê-la guem se expressar ou podem aprender a expressar o que
como um presídio e não como um lugar para o desenvol- pensam, desde que haja permissão para isso.
vimento do exercício de seus direitos e deveres. Para a A linguagem oral, contudo, não recebe a mesma aten-
comunidade, é sentida como um espaço que não lhes per- ção que a linguagem escrita nas escolas, havendo uma
tence, dando a entender que a escola é protegida contra deficiência no diálogo entre aluno e professor pelo fato
eles, o que faz com que ela seja alvo de ataques. de que a linguagem escrita é considerada polida, seleta,
Na maioria das vezes, a escola não sabe o que fazer literária e a língua falada é tida como sinônimo de língua
diante deste quadro e cada um se sustenta como pode. Os popular. Mas é através da linguagem oral que o aluno se
96
8. Psicologia & Sociedade; 19 (1): 90-98; jan/abr. 2007
socializa e se relaciona com os demais, organiza seus pen- Referências
samentos para se fazer entender, adquire a prática para o
diálogo e a escuta, sem o que não terá instrumento para Azevedo, M. A., & Guerra, V. N. A. (Eds.). (1989). Crianças vitimi-
zadas: A síndrome do pequeno poder. São Paulo, SP: Iglu.
participar de uma sociedade que se pretende democrática.
Camacho, R. G. (2004). Norma culta e variedades lingüísticas. In J.
A necessidade da utilização da palavra se dá desde a edu-
L. C. T. Ceccantini & R. F. Pereira (Eds.), Cadernos de forma-
cação infantil. É através da linguagem oral, da palavra, ção: Língua portuguesa (pp. 47-60). São Paulo, SP: Prograd/
que apontamos, tanto no caso dos rappers como no caso UNESP.
dos alunos e professores (e de todo ser humano) para a Candau, V. M. (2001). Direitos humanos, violência e cotidiano es-
possibilidade da mudança, da leitura do mundo que os colar. In V. M. Candau (Ed.), Reinventar a escola (2. ed., pp.
cerca e da tentativa de expressar aquilo que está internali- 137-166). Petrópolis, RJ: Vozes.
zado, muitas vezes de forma confusa, como revolta diante Colombier, C. (1989). Da violência selvagem à violência simbólica
das injustiças que sofre ou vê sofrerem, como agressividade In C. Colombier, G. Mangel & M. Perdriault. A violência na es-
cola (pp. 87-105). São Paulo, SP: Summus.
que precisa de um canal de saída. Cabe ao adulto, neste
Conselho Regional de Psicologia. 6ª região. (2000). Degradação
caso, o professor, promover a ascensão da palavra, tanto
social faz violência crescer no país. Jornal de Psicologia, São
a dele como a do aluno. É evidente que as aulas expositivas Paulo, 10.
– consideradas tradicionais e criticadas por muitos – pos- El-Moor, P. D., & Batista, A. S. (1999). Violência e agressão. In W.
suem vários aspectos positivos, mas é preciso atentar para Codo (Ed.), Educação: Carinho e trabalho (pp. 139-160). Petró-
o fato de que usá-las como um expediente no qual se pre- polis, RJ: Vozes.
tende o silêncio e a passividade, é uma contribuição para Fernandes, D. N. et al. (1999). Violência na escola (Relatórios Inter-
a morte do desejo e da palavra por parte do aluno. nos do Departamento de Matemática UNESP – Rio Claro). Rio
Claro, SP: Editora da Universidade Estadual Paulista.
Existem vários pressupostos e tentativas de solução,
Ferreira, A. B. H. (1999). Novo Aurélio século XXI: O dicionário da
mas o que se pode dizer, num primeiro momento, é que
língua portuguesa (3. ed.). Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira.
a partir do instante em que o professor deixa de tentar
Fraser, M. T. D. (2001). Delinqüência infanto-juvenil e culpa. In U.
dominar a situação e leva em conta a realidade e toda a T. Peres (Ed.), Culpa (pp. 95-103). São Paulo, SP: Escuta.
dificuldade nela inserida, cheia de contradições, é que será Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à
possível realizar proposições e elaborações, e assim, a prática educativa (6. ed.). São Paulo, SP: Paz e Terra.
escola passará a representar um outro papel que não será Itani, A. (1998). A violência no imaginário dos agentes educativos.
mais o de esperar o futuro e sim o lugar no qual se vive Cadernos Cedes, Campinas, 47(19), 36-50.
o presente, através da vida e trocas que ele proporciona Kehl, M. R. (2001). Radicais, raciais, racionais: A grande fratria do
(Colombier, 1989). rap na periferia de São Paulo. Revista São Paulo em Perspectiva,
3(13), 95-106.
Podemos entrever os desdobramentos que poderiam
Martín-Baró, I. (1997) Violencia y agresión social. In I. Martín-Baró.
ser concebidos através da dupla escola/violência: há “a Accion e ideología. Psicologia social desde Centroamérica (8.
escola da violência” construída pela sociedade que man- ed., pp. 359-422). San Salvador, El Salvador: UCA. (Original
tém e fomenta a violência estrutural que, por sua vez, publicado em 1983)
difunde as demais formas de violência que os indivíduos Medrado, H. I. P. (1998). Formas contemporâneas de negociação
vão aprendendo e assimilando em seu cotidiano, ora sutil- com a depredação. Cadernos Cedes, Campinas, 47(19), 81-103.
mente, ora abertamente. Tem-se a “violência na escola” Monteiro, S. A. I. (1998). Tentando compreender Prometeu e Dio-
que, como foi demonstrado, acontece através da troca de nísio na mira da violência. Cadernos Cedes, Campinas, 47(19),
agressões físicas e verbais entre alunos ou alunos e pro- 67-80.
fessores assim como também existe a “violência da esco- Njaine, K., & Minayo, M. C. S. (2003). Violência na escola: Identifi-
cando pistas para a prevenção. Interface: Comunicação, Saúde,
la”, a escola como reprodutora da ideologia dominante e
Educação, Botucatu, 13(7), 119-34.
das desigualdades sociais, empareda professores e alunos
Passetti, E. (Ed.). (1995). Violentados: Crianças, adolescentes e jus-
em suas normas, regras e leis, impedindo-os de movimen- tiça. São Paulo, SP: Imaginário.
tar-se para direcionarem-se de maneira autônoma e, so- Perdriault, M. (1989). Contra as paredes, a palavra. In C. Colombier,
bretudo, transformadora. Assim, a escola (sociedade) que G. Mangel & M. Perdriault. A violência na escola (pp. 43-86).
ensina e pratica a violência, tem como sua representante São Paulo, SP: Summus.
a instituição escolar, que vivencia e exerce também suas Pinto, R. M., & Batista, A. S. (1999). Segurança nas escolas e burnout
violências. dos professores. In W. Codo (Ed.), Educação: Carinho e tra-
balho (pp. 312-323). Petrópolis, RJ: Vozes.
Notas Porto, M. R. S., & Teixeira, M. C. S. (1998). Violência, insegurança e
imaginário do medo. Cadernos Cedes, Campinas, 47(19), 51-66.
1
El-Moor e Batista (1999) utilizam-se desta expressão que é sinô- Reyzábal, M. V. (2003). A comunicação oral como agente educativo
nimo de tráfico, como significando “fluxo de mercadorias trans- eficaz: A comunicação oral e a escrita no processo educacional.
portadas por aerovia, ferrovia, hidrovia ou rodovia” (Ferreira, In M. Silva (Ed.), Cadernos de Formação – Didática (pp. 25-
1999, p. 1982). 58). São Paulo, SP: Prograd/UNESP.
97
9. Oliveira, É.C.S.; Martins, S.T.F “Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra”
.
Rocha, R. L. M. (2001). Uma cultura da violência na cidade? Ruptu-
ras, estetizações e reordenações. Revista São Paulo em Perspec-
tiva, 3(13), 85-94.
Russ, J. (1994). Dicionário de Filosofia. São Paulo, SP: Scipione.
Saffioti, H. I. B. (1989). A síndrome do pequeno poder. In M. A. Aze- Sueli Terezinha Ferreira Martins é psicóloga,
vedo & V. N. A. Guerra (Eds.), Crianças vitimizadas: A síndrome doutora em Psicologia Social pela Pontifícia
do pequeno poder (pp. 13-21). São Paulo, SP: Iglu. Universidade Católica de São Paulo – PUCSP.
Sposito, M. P. (2001). Um breve balanço da pesquisa sobre violência Docente do Departamento de Neurologia e
escolar no Brasil. Educação e Pesquisa, 1(27), 87-103. Psiquiatria, UNESP – Botucatu e do Programa
Teixeira, M. L. T. (1999, jul./ago.). Delito de adolescentes: Não há de Pós-Graduação em Educação para a Ciência,
neutralidade possível. Jornal de Psicologia, São Paulo, pp. 9. UNESP – Bauru. Endereço para correspondência:
Opinião.
UNESP (Campus de Botucatu) – Rubião Júnior,
Zaluar, A. (2000). Um debate disperso: Violência e crime no Brasil Caixa Postal 540, CEP 18618-970 – Botucatu, SP.
da redemocratização. Revista São Paulo em Perspectiva, 3(13),
03-17. stfm@fmb.unesp.br
Érika Cecília Soares Oliveira é psicóloga, Violência, Sociedade e Escola
mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Érika Cecília Soares Oliveira e Sueli Terezinha Ferreira Martins
Educação para a Ciência, Universidade Recebido: 30/03/2006
Estadual Paulista – UNESP – Bauru. 1ª revisão: 20/08/2006
oliverik_br@yahoo.com.br Aceite final: 20/10/2006
98