Domínio 4 - A Europa nos séculos XVII e XVIII - Sociedade poder e dinâmicas coloniais
Ponto 2 - O triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII
Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII
1. Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas
nos séculos XVII e XVIII
- Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do
comércio-
11.º Ano – Agrupamento de Escolas de Murça
2023/2024
2. O tempo do capitalismo comercial
O século XVII foi um período de grande
prosperidade económica:
Isto gerou um intenso comércio marítimo,
depois de ultrapassado o exclusivo da
navegação e comércio, através da nova
política do Mare Liberum.
Inglaterra França Holanda
3. Neste contexto, fruto do comércio triangular
no atlântico, dá-se uma acumulação de
capitais e obtenção de lucros avultados, que
passam a ser investidos nas atividades
comerciais.
Capitalismo comercial
Burguesia dinâmica e empreendedora
com mentalidade capitalista
4. A procura de lucro e da acumulação de
capitais, pela via do comércio colonial,
tornou-se o motor da economia deste
período, incentivada pelas grandes despesas
criadas pelo Absolutismo Régio, que se
materializou pela forte intervenção do estado
no sentido de reforçar as economias
nacionais, defendendo que um estado seria,
politicamente, tanto mais forte, quanto mais
forte fosse a sua situação financeira.
5. É preciso não esquecer a conjuntura política e económica do século
XVII, favorável à intensificação das preocupações com a riqueza
dos Estados:
Uma quebra das receitas fiscais, devido à
recessão económica que afetou quase toda a
Europa;
Uma clara diminuição do afluxo de metais
preciosos (nomeadamente a prata
americana);
Um aumento das despesas públicas (muitas
guerras, cortes opulentas e um aparelho
burocrático-administrativo que passava pelo
aumento dos gastos públicos).
6. O reforço das economias – o mercantilismo
A força e o poder de um Estado era
traduziada pela abundância de metais
preciosos acumulados nos seu cofres.
Mas como?
Através de um rigoroso protecionismo económico
Evitar a saída
de metais
preciosos e
promover a
entrada de
mais.
Fomento da
produção
nacional, para
promover a
autossuficiência
do país
Incremento das atividades
comerciais marítimas e do
domínio de áreas
coloniais de forma a
garantir o fornecimento de
matérias-primas e
construir novos mercados.
Balança comercial favorável
7. Casos de sucesso
Inglaterra que praticou um mercantilismo
marítimo e comercial;
França que privilegiou o mercantilismo
continental e manufatureiro
8. O mercantilismo na França
O mercantilismo foi introduzido em França por
Colbert, ministro de Luís XIV;
O colbertismo consistiu numa política fortemente
protecionista das manufaturas francesas;
Colbert introduziu novas indústrias recorrendo à
importação de técnicos estrangeiros;
Desenvolveu a criação de grandes manufaturas,
desenvolvendo uma política de subsídios e
monopólios;
9. O surto manufatureiro
Colbert criou as manufaturas reais que se dedicavam
sobretudo à produção de produtos de luxo destinados a
fornecer a corte francesa;
Colocou entraves à importação desses artigos de luxo;
Promoveu um controlo rigoroso da qualidade dos
produtos;
Implementou uma política de preços baixos;
Promoveu a total abertura de fronteiras à entrada de
matérias-primas, técnicos e equipamentos;
Concedeu privilégios a estrangeiros imigrantes, que
quisessem investir no país.
10. O comércio marítimo e a expansão
colonial
Fomentou o desenvolvimento da marinha
mercante e da frota de guerra;
fundou grandes monopólios, aos quais
concedeu privilégios financeiros, bem como o
direito de comercializar, em exclusivo, nas
áreas coloniais, à semelhança das
companhias de comércio holandesas e
inglesas.
11. O fracasso do mercantilismo francês
Teve um intervencionismo estatal demasiado forte e por
esse motivo a burguesia endinheirada nunca confiou
nesse elevado grau de dependência, considerando o
crescimento natural estimulado pela livre concorrência,
mais sólido.
Por outro lado não estimulou a agricultura, levando ao
empobrecimento de camadas da população que viviam
da terra e portanto viram o seu poder de compra
diminuir, não podendo estimular o mercado interno.
12. O mercantilismo na Inglaterra
Os problemas económicos sentidos na
Inglaterra desde inícios do século XVII
agravaram-se com a presença dos
mercadores e produtos holandeses nos
mares do norte e com a intensa atividade da
Companhia das índias orientais nos
mercados asiáticos.
Depois de muitas opiniões sobre a necessidade de
limitar as importações e de fomentar as atividades
comerciais marítimas, foi Oliver Cromwell, que, a partir
de 1651, pôs em prática uma política de ataque
sistemático aos interesses comerciais Holandeses.
13. Os atos de navegação
Conjuto de leis para promover o potencial
marítimo da Inglaterra e eliminar a
intermediação holandesa no comércio
internacional.
Todos os bens importados pela Grã-Bretanha deviam ser carregados em
navios ingleses ou embarcações do país de que os bens provinham.
Posteriormente, o tráfego com as colónias inglesas deveriam ser feitos,
apenas por navios ingleses
Em 1653, impuseram aos colonos ingleses a compra exclusiva à Inglaterra
e o transporte desses produtos em barcos ingleses.
14. Outras medidas com vista à
eliminação da concorrência holandesa:
Fundação de monopólios comerciais (associações de
mercadores) – Companhia das Índias Orientais – 1600),
além dos interesses comerciais, representavam também
os interesses políticos e diplomáticos do governo inglês
nas áreas onde se implantavam.
Concessão de monopólios a privados, para fomento da
produção industrial (têxtil, siderúrgia, construção naval).
Proteção e fomento das atividades agrícolas.
15. Expansão colonial e comércio
marítimo
Na costa africana,
reforçam as suas
feitorias no Golfo da
Guiné, entrando no
tráfico de escravos;
No oriente, disputam
mercados das
especiarias aos
portugueses e
holandeses;
Alargam o seu domínio à
Índia;
Segunda metade século
XVII:
América central, ilhas
nas Antilhas aos
Espanhóis e instalam
engenhos de açucar;
América do Norte -
Conquistam a Nova
Amesterdão aos
Holandeses, que passa a
chamar-se Nova Iorque,
e fundam as 13 colónias
16. O sucesso do mercantilismo Inglês
O governo soube conciliar os interesses dos mercadores
com os interesses nacionais, sem os privar da
necessária liberdade de intervenção no desenvolvimento
agrícola e industrial e sobretudo no comércio marítimo.
Em consequência deste avanço no mar, a Inglaterra, na
segunda metade do século XVII, afirma-se como a
primeira potência marítima mundial.
17. O equilíbrio europeu e a disputa das áreas
coloniais
Durante o Antigo Regime o equilíbrio entre os diversos
estados foi afetado por diversos conflitos e guerras
provocados por questões religiosas (Guerra dos Trinta
anos), sucessões dinásticas (Guerra da Restauração
entre Portugal e Espanha) ou disputas territoriais ou
económicas, como a guerra entre a Holanda e a
Espanha;
A partir da segunda metade do século XVII, os motivos
económicos foram o principal motor desses conflitos;
18. Até à segunda metade do século XVII:
Os Holandeses dominaram o comércio
internacional (em 1650, Amesterdão era o
principal centro de comércio europeu):
Especializaram-se no transporte de produtos a
baixo custo;
Criaram empresas que funcionavam por ações;
Desenvolveram técnicas comerciais inovadoras
como a divulgação de letras de câmbio;
Criação do banco de Amesterdão.
19. Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas
nos séculos XVII e XVIII
- A hegemonia económica britânica -
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20. As condições do sucesso Inglês
Além do sucesso político-militar na disputa
pelas áreas coloniais, outros fatores se
conjugaram:
Inovações agrícolas;
O surto demográfico e o crescimento urbano;
A afirmação de um mercado nacional;
A política colonial e a dinamização do mercado
externo;
A prosperidade e estabilidade financeiras;
Condições de ordem social e política.
21. As inovações agrícolas (movimento de
renovação no século XVIII)
O movimento das enclosures (principal manifestação da
revolução agrícola)
Este movimento consistiu
na apropriação de terras
comunais por parte da
nobreza rural. Mas, além
destas, os nobres
também alargaram as
suas propriedades pela
aquisição das terras de
pequenos proprietários e
rendeiros, quer de forma
pacífica a baixos preços,
quer de forma violenta.
Objetivo:
Constituição de
grandes propriedades,
destinadas à produção
intensiva de alimentos,
outras à criação de
gado lanígero em
regime extensivo para
produção de lã de
elevada qualidade.
Nobres e burgueses
lançaram-se, então,
na vedação das
propriedades,
transformando
campos abertos
(pouco produtivos)
em campos fechados
(com elevados
índices de
produtividade)
Formou-se assim uma elite de proprietários rurais
(Landlords) que se lançaram no desenvolvimento de uma
agricultura moderna, racionalmente organizada e cimentada
em grandes investimentos com claras preocupações
capitalistas:
- Dedicam-se ao estudo aprofundado da agronomia – experiências com sementes e
animais;
- Financiam o desenvolvimento de máquinas agrícolas, com as quais aumentam os
níveis de produtividade a um preço menor;
- Conquistam novas áreas para a agricultura, pela promoção de grandes obras de
drenagem de pântanos, arroteamento de florestas e enriquecimento de terras menos
próprias com processos de adubagem, além do combate às terras baldias e ao
pousio;
- sistema de rotação quadrienal de culturas, que permitiu abandonar o pousio e
desenvolver a cultura de plantas forrageiras para a alimentação de animais;
- valorizam a criação de gado para a produção de carne, lã e estrume para as terras;
22. Consequência
Revolução agrícola
Revolução Industrial
Melhoria da
qualidade e
quantidade
de produtos
alimentares
Resistência
a doenças
Vida mais
prolongada
Maior
procura de
bens de
consumo
Produção
tem de
aumentar
para dar
resposta
Mão de obra disponível, proveniente
do êxodo rural em consequência do
movimento dos enclosures e do
crescimento natural da população;
Grandes quantidades de lã de que
dependia a produção têxtil;
Desenvolvimento das atividade
mineiras e siderúrgicas, devido à
necessidade de utensílios agrícolas
em ferro, que proporcionaram o metal
fundamental à construção das
máquinas industriais;
Acumulação de capitais provenientes
do comércio agrícola;
23. Revolução demográfica na Inglaterra
De cinco milhões e meio, no início do século
XVIII, a Inglaterra passou a contar com nove
milhões de habitantes no final do mesmo
século.
Quebra da taxa de
mortalidade
Aumento da
natalidade
Melhoria das
condições de vida
- A alimentação passa a ser mais abundante, mais variada e de
melhor qualidade. As populações estão menos dependentes dos
cereais, beneficiam do desenvolvimento da agricultura, do
desenvolvimento dos transportes (logo não há populações isoladas)
- População mais resistente a doenças. Em parte também
pelo desenvolvimento da medicina, melhoria das condições
de higiene, habitação e educação
- Sentimento de otimismo face ao futuro, o que fez
aumentar a taxa de nupcialidade em idades cada vez mais
jovens e que inevitavelmente se refletiu no aumento da
natalidade saudável
24. O modo de vida urbano
Crescimento Demográfico Forte crescimento urbano
Entre 1750 e 1800, verificou-se um crescimento acentuado das
grandes cidades inglesas:
Em 1815 mais de ¼ da população vivia em cidades com mais de
5000 habitantes.
Em meados do século a população urbana ultrapassava
largamente a população rural. Assistiu-se a um êxodo rural (por
parte da população em largo crescimento no campo).
Esta população procurou nas atividades urbanas, alternativas de
subsistência ao desemprego rural, provocado pela crescente
mecanização da agricultura e pelo movimento dos enclosures.
Não foi um exclusivo da população inglesa, galeses, escoceses e
irlandeses também vão fazer parte deste êxodo.
As cidades cresceram em todas as direções à
medida que foram chegando novas vagas
migratórias. Surgem novas áreas habitacionais
junto das fábricas que existiam nos arredores.
Estas cidades não estavam preparadas para
receber em tão pouco tempo, essa enchente
demográfica, crescendo sem regras urbanísticas,
qualidade de vida e sem infraestruturas que
garantissem o mínimo de salubridade.
25. A importância do mercado nacional
Crescimento urbano ----- desenvolvimento
das trocas comerciais
Cidade, onde se desenvolvem
setores industriais, comerciais
e de serviços
Campo, que se especializa na
produção agrícola para o
mercado
A cidade não dispensa o
campo para subsistir
O campo não pode
desperdiçar as
necessidades da cidade e
os produtos urbanos
oferecidos a preços
ajustados ao seu poder de
compra
Desenvolvimento do mercado interno
26. De que forma se edificou esta eficiente rede de tráfego
interno do mercado nacional?
Geografia do País:
costas acolhedoras, ligadas por uma permanente
navegação cabotagem, que levava os produtos
de umas regiões para as outras;
Rios navegáveis e ligados entre si por meio de
canais;
Terreno pouco acidentado que favoreceu as
ligações por terra (estrada macadamizada).
Circulação
fácil e rápida
Estimula o
consumo
Estimula a
produção
27. A política colonial e o dinamismo do
mercado externo
Inglaterra Consolidou ao longo do século XVIII um poderoso
império colonial
Amplo mercado internacional
Tráfico de especiarias, sedas,
porcelanas, chá algodão, açúcar,
tabaco, plantas tintureiras e metais
preciosos.
Escravos
Matérias-primas e produtos
alimentares dos países europeus;
Produtos manufaturados pela sua
indústria;
Estruturação do comércio Inglês
- Acesso a matérias-primas variadas a baixo custo, com os quais a
produção inglesa se diversificou e conseguiu custos de produção mais
baixos que os restantes países da europa;
- os avultados capitais que eram investidos na maquinização do setor
produto e no desenvolvimento dos transportes;
- amplos mercados para colocação dos produtos manufaturados, onde
o poder aquisitivo por parte das populações locais era conseguido
através de investimentos efetuados na exploração e compra das
matérias-primas;
- A formação da nova mentalidade capitalista de empreendedores
dispostos a investir negócios.
28. A prosperidade – Londres, capital
financeira do mundo
O desenvolvimento económico da Inglaterra
e a sua importância no contexto económico
internacional deve-se muito à sua
prosperidade assente:
na estabilidade da sua moeda – a libra
Nas reservas de ouro acumulado
Na solidez e prestígio das suas instituições
financeiras (bolsa de Londres e Banco de
Inglaterra)
29. Bolsa de Londres
Criada por particulares
Eram cotadas as ações da Companhia das
Índias Orientais e depois, as mais
importantes companhias e empresas
industriais
Disponibilização de pequenas unidades de
participação nas empresas (ações) que lá se
fazem cotar
30. Banco de Inglaterra
Criado em 1694, sob controlo do estado,
cedo se afirmou como um banco moderno:
Negócios correntes – receber depósitos, proceder
a transferências, empréstimos a particulares,
comprar e vender metais preciosos;
Financiar as atividades do estado e as
companhias comerciais – através da concessão
de empréstimos;
Emitir notas de banco (papel-moeda)
31. Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas
nos séculos XVII e XVIII
- O processo de Industrialização -
11.º Ano – Agrupamento de Escolas de Murça
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32. Condições políticas e sociais
Precoce adoção de um
regime político
parlamentar, dominado
pelos setores mais
dinâmicos da economia
e que adotou uma
política de liberalização
económica.
Exemplos: O movimento
das enclosures foi feito
com aprovação do
Parlamento.
Foi também o
Parlamento que aprovou
as novas relações de
trabalho onde se insere
a perda de privilégios
por parte de
corporações e
companhias de comércio
(pois eram um entrave à
livre concorrência e
iniciativa privada)
Existência de um grupo de
empreendedores ativos e
predispostos a
investimentos de risco
(grandes homens de
negócios, burgueses e
aristocratas).
Há muito que a média nobreza
participava ao lado da burguesia na
exploração de recursos internos e no
comércio colonial, bem como nas
revoluções que conduziram ao triunfo do
Parlamentarismo.
Exemplo: Os landlords eram titulares que
não se remetiam à tributação paga pelos
seus servos, cedo os libertou e empregou
como assalariados, num agricultura de
feição capitalista.
33. O arranque Industrial
O arranque industrial verificou-se no setor
têxtil algodoeiro devido:
À abundância de matéria-prima proveniente das
colónias;
Ao contínuo aumento dos preços provocado pelo
aumento da procura destes tecidos;
À grande competição técnica entre os agentes
económicos proporcionada pelos potenciais
lucros;
Ao desejo dos ingleses se imporem no mercado
com produtos de alta qualidade e a preços
baixos.