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 
Voltaire
 François Marie Arouet (1694 – 1778) adoptou o nome de
Voltaire em 1718.
 Tratado sobre a Tolerância foi publicado em 1763 com o
título Traité sur la tolérance à l’occasion de la mort de Jean
Calas.
 Jean Calas pertencia a uma familia protestante e foi
acusado de ter morto um dos seus filhos por este ter
mostrado vontade em se converter ao catolicismo. Calas
foi executado em 1762.
 Se a Tolerância é Perigosa e em Que Povos Ela É Praticada
 De Que Modo a Tolerância Pode Ser Admitida
 Se a Intolerância É de Direito Natural e do Direito Humano
 Primeiras ideias: diferença na acção pode gerar uma
reacção diferente. “(…) parece-me que não se pensa
correctamente, quando se diz: «Esses homens rebelaram-
se quando lhes fiz mal; por conseguinte, rebelar-se-ão
quando lhes fizer bem.»” (p.25)
 A mudança de circunstâncias, tempos, opiniões e
costumes, e como tal pode influenciar as decisões
tomadas.
 Como uma geração pode diferir da anterior pelo tempo,
razão, “bons livros” e “doçura da sociedade” (p.25).
 “Outros tempos, outros cuidados. Seria absurdo acabar
hoje com a Sorbonne, só porque outrora pediu que se
queimasse a Donzela de Orleães; porque não reconheceu a
Henrique III o direito de reinar; (…) isso seria não só injusto;
como seria pura loucura purgar hoje todos os habitantes de
Marselha, por terem tido peste em 1720.” (…)“O furor que
inspiram o espírito dogmático e o abuso da religião cristã
mal compreendida espalhou tanto sangue, produziu tantas
catástrofes, na Alemanha, em Inglaterra, e mesmo na
Holanda como em França; e contudo, hoje, a diferença de
religião não causa nenhuma perturbação nesses estados.”
(p.26)
 Exemplos de mudanças comportamentais trazidas pelo
passar do tempo.
 A Filosofia como resposta para ultrapassar a superstição e
o fanatismo – “(…) desarmou sozinha as mãos que a
superstição durante tanto tempo ensanguentara; e o
espírito humano, ao despertar da sua embriaguez, ficou
espantado com os excessos a que o tinha conduzido o
fanatismo.” (p.27)
 Alsácia como exemplo francês de tolerância: não houve
perseguição, logo a província pode prosperar. “(…) não há
memória de que a mais leve querela tenha vindo
desassossegá-la. Porquê? Porque aí ninguém foi
perseguido. Não procurareis, de modo algum, inquietar os
corações, e todos eles vos pertencerão.” (p.28)
 Esta tolerância teve motivos políticos: “(…) o rei tinha o
cuidado de não hostilizar, na vizinha Alemanha, os seus
aliados protestantes.” (nota 25, p.28)
 Limites para a tolerância: “Com isto não quero dizer que os
que não são da mesma religião do príncipe devam partilhar
os lugares e as honras com os que são da religião
dominante.” (p.28).
 Exemplo da Inglaterra: “(…) os católicos (…) não podem
ocupar funções oficiais: pagam inclusivamente impostos a
dobrar; fora isso, têm os mesmos direitos que os outros
cidadãos.” (p.28)
 Tolerância e os seus benefícios: em França “(…) seria
honroso convertê-los [os diocesanos fugitivos], o temporal
não perderia nada com isso, e quantos mais cidadãos
houvesse, mais as terras dos prelados beneficiariam.”
(p.28)
 Outros exemplos: Constantinopla, Índia, Pérsia, Tartária e o
Império Russo (“Pedro, o Grande, favoreceu todos os cultos
no seu vasto império; o comércio e a agricultura ganharam
com essa política, e o corpo político nunca foi prejudicado
com essa orientação.” p.29)
 Exemplo da China: imperador expulsou os jesuítas das suas
terras, “não porque fosse intolerante, mas porque os
jesuítas o eram.” (p.29)
 Exemplo do Japão (p.30).
 Referência a John Locke e à liberdade religiosa: “(…) o
extremo excesso a que foi levada a tolerância não foi
acompanhado pela mais ligeira dissensão.” (p.31).
 Para Locke, a liberdade religiosa vem, sobretudo, da
separação entre Estado e igreja. Em Carta sobre a
Tolerância, “Estado é uma sociedade de homens
constituída unicamente com o fim de conservar e promover
os seus bens civis.” e “A igreja parece-me ser uma
sociedade livre de homens voluntariamente reunidos para
adorar publicamente a Deus da maneira que julguem ser
agradável à divindade em vista da salvação das almas.”
(Locke, 1987: 92-94)
 “Enfim, esta tolerância nunca provocou nenhuma guerra
civil; a intolerância cobriu a terra de carnificinas.” (p.31)
 A tolerância como sendo favorável a um governante: “Qual
o risco que corro em ver a terra cultivada e embelezada por
um número crescente de mãos laboriosas, em ver os
impostos crescerem, em ver o estado mais florescente?”
(p.33)
 De novo, exemplo de Inglaterra: “(…) não podemos tolerar e
integrar os calvinistas, mais ou menos nas mesmas
condições em que os católicos são tolerados em Londres?”
(p.33).
 Questão dos “chefes de família que (…) estão dispostos a
voltar à sua pátria” e o exemplo de Londres: (…) não
exigem templos públicos, nem o direito de exercerem
mandatos municipais e de acederem às dignidades: os
católicos, nem em Londres nem noutros países, também
não os têm. (…) deixar viver um povo pacífico, de suavizar
os éditos, que outrora foram talvez necessários, mas que já
o não são.”(p.34)
 A razão como solução infalível, mesmo que demorada: “A
maneira mais eficaz de diminuir o número dos maníacos,
caso ainda existam, é entregar essa doença do espírito ao
regime da razão, que lenta, mas infalivelmente, esclarece
os homens. Esta razão (…) torna agradável a obediência às
leis, muito mais do que a força as impõe.”(p.34)
 O ridículo como outra forma de controlo de certos
comportamentos, também aliado às questões de tempo e
costumes: “Se alguém pensasse hoje ser carpocraciano, ou
eutiquiano, ou monotelista (…) o que aconteceria? Riríamos
dele, como de um homem vestido à antiga (…).” (p.35)
 Referência à Bula Unigenitus como exemplo do que não se
deve fazer. Esta Bula foi vista como uma interferência
papal na igreja francesa: “Era proscrever a razão, as
liberdades da Igreja galicana e o fundamento da moral; era
como dizer aos homens: Deus manda-vos não cumprir o
vosso dever, sempre que tiverdes a temer uma injustiça.
Nunca se afrontou tanto o senso comum.” (p.35)
Regresso à ideia inicial do capítulo: “Finalmente, é interesse
do Estado que os filhos expatriados voltem com modéstia à
casa de seu pai: a humanidade pede-o, a razão aconselha-o, e
a política não a deve temer.” (p.36)
 Definição do direito natural – o fazer para poder receber.
O direito humano deve reger-se pelo direito natural.
 Ambos os direitos têm o mesmo principio universal: “Não
faças aos outros o que não queres que te façam a ti.”
(p.37)
 Se o principio universal que rege ambos os direitos fosse o
contrário (”Ou acreditas no que eu acredito, mesmo que
não possas acreditar nisso, ou então és um homem morto.”
– p.37) haveria consequências: “(…) o japonês era obrigado
a detestar o chinês, que não poderia sequer ver o siamês;
este perseguiria os gangáridas que cairiam em cima dos
habitantes do Indo; um mongol arrancaria o coração ao
primeiro malabar que encontrasse; o malabar poderia
matar o persa, que poderia massacrar o turco: e todos
juntos se atirariam aos cristãos, que, durante muito tempo,
se devoraram uns aos outros.” (p.37/38)
“O direito à intolerância é, pois, absurdo e bárbaro: é o direito
dos tigres, e é bem mais horrível, porque os tigres só
dilaceram para comer, e nós temo-nos exterminado uns aos
outros por uma questão de parágrafos.” (p.38)
 Locke, John. 1987. Carta sobre a Tolerância. Tradução de João da Silva
Gama. Lisboa: Edições 70.
 http://www.britannica.com/biography/Jean-Calas visto a 8/11/2015
 http://www.britannica.com/biography/John-Locke visto a 8/11/2015
 http://www.britannica.com/topic/Unigenitus visto a 8/11/2015
 http://www.britannica.com/biography/Voltaire visto a 8/11/2015
 http://salon-litteraire.com/fr/resume-d-oeuvre/content/1831165-
traite-sur-la-tolerance-de-voltaire-resume visto a 15/11/2015
 http://www.philosophybasics.com/philosophers_voltaire.html visto a
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 http://www.philosophybasics.com/philosophers_locke.html visto a
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Tratado Sobre a Tolerância

  • 2.  François Marie Arouet (1694 – 1778) adoptou o nome de Voltaire em 1718.  Tratado sobre a Tolerância foi publicado em 1763 com o título Traité sur la tolérance à l’occasion de la mort de Jean Calas.  Jean Calas pertencia a uma familia protestante e foi acusado de ter morto um dos seus filhos por este ter mostrado vontade em se converter ao catolicismo. Calas foi executado em 1762.
  • 3.  Se a Tolerância é Perigosa e em Que Povos Ela É Praticada  De Que Modo a Tolerância Pode Ser Admitida  Se a Intolerância É de Direito Natural e do Direito Humano
  • 4.  Primeiras ideias: diferença na acção pode gerar uma reacção diferente. “(…) parece-me que não se pensa correctamente, quando se diz: «Esses homens rebelaram- se quando lhes fiz mal; por conseguinte, rebelar-se-ão quando lhes fizer bem.»” (p.25)  A mudança de circunstâncias, tempos, opiniões e costumes, e como tal pode influenciar as decisões tomadas.  Como uma geração pode diferir da anterior pelo tempo, razão, “bons livros” e “doçura da sociedade” (p.25).
  • 5.  “Outros tempos, outros cuidados. Seria absurdo acabar hoje com a Sorbonne, só porque outrora pediu que se queimasse a Donzela de Orleães; porque não reconheceu a Henrique III o direito de reinar; (…) isso seria não só injusto; como seria pura loucura purgar hoje todos os habitantes de Marselha, por terem tido peste em 1720.” (…)“O furor que inspiram o espírito dogmático e o abuso da religião cristã mal compreendida espalhou tanto sangue, produziu tantas catástrofes, na Alemanha, em Inglaterra, e mesmo na Holanda como em França; e contudo, hoje, a diferença de religião não causa nenhuma perturbação nesses estados.” (p.26)  Exemplos de mudanças comportamentais trazidas pelo passar do tempo.
  • 6.  A Filosofia como resposta para ultrapassar a superstição e o fanatismo – “(…) desarmou sozinha as mãos que a superstição durante tanto tempo ensanguentara; e o espírito humano, ao despertar da sua embriaguez, ficou espantado com os excessos a que o tinha conduzido o fanatismo.” (p.27)
  • 7.  Alsácia como exemplo francês de tolerância: não houve perseguição, logo a província pode prosperar. “(…) não há memória de que a mais leve querela tenha vindo desassossegá-la. Porquê? Porque aí ninguém foi perseguido. Não procurareis, de modo algum, inquietar os corações, e todos eles vos pertencerão.” (p.28)  Esta tolerância teve motivos políticos: “(…) o rei tinha o cuidado de não hostilizar, na vizinha Alemanha, os seus aliados protestantes.” (nota 25, p.28)
  • 8.  Limites para a tolerância: “Com isto não quero dizer que os que não são da mesma religião do príncipe devam partilhar os lugares e as honras com os que são da religião dominante.” (p.28).  Exemplo da Inglaterra: “(…) os católicos (…) não podem ocupar funções oficiais: pagam inclusivamente impostos a dobrar; fora isso, têm os mesmos direitos que os outros cidadãos.” (p.28)
  • 9.  Tolerância e os seus benefícios: em França “(…) seria honroso convertê-los [os diocesanos fugitivos], o temporal não perderia nada com isso, e quantos mais cidadãos houvesse, mais as terras dos prelados beneficiariam.” (p.28)  Outros exemplos: Constantinopla, Índia, Pérsia, Tartária e o Império Russo (“Pedro, o Grande, favoreceu todos os cultos no seu vasto império; o comércio e a agricultura ganharam com essa política, e o corpo político nunca foi prejudicado com essa orientação.” p.29)  Exemplo da China: imperador expulsou os jesuítas das suas terras, “não porque fosse intolerante, mas porque os jesuítas o eram.” (p.29)  Exemplo do Japão (p.30).
  • 10.  Referência a John Locke e à liberdade religiosa: “(…) o extremo excesso a que foi levada a tolerância não foi acompanhado pela mais ligeira dissensão.” (p.31).  Para Locke, a liberdade religiosa vem, sobretudo, da separação entre Estado e igreja. Em Carta sobre a Tolerância, “Estado é uma sociedade de homens constituída unicamente com o fim de conservar e promover os seus bens civis.” e “A igreja parece-me ser uma sociedade livre de homens voluntariamente reunidos para adorar publicamente a Deus da maneira que julguem ser agradável à divindade em vista da salvação das almas.” (Locke, 1987: 92-94)
  • 11.  “Enfim, esta tolerância nunca provocou nenhuma guerra civil; a intolerância cobriu a terra de carnificinas.” (p.31)
  • 12.  A tolerância como sendo favorável a um governante: “Qual o risco que corro em ver a terra cultivada e embelezada por um número crescente de mãos laboriosas, em ver os impostos crescerem, em ver o estado mais florescente?” (p.33)  De novo, exemplo de Inglaterra: “(…) não podemos tolerar e integrar os calvinistas, mais ou menos nas mesmas condições em que os católicos são tolerados em Londres?” (p.33).
  • 13.  Questão dos “chefes de família que (…) estão dispostos a voltar à sua pátria” e o exemplo de Londres: (…) não exigem templos públicos, nem o direito de exercerem mandatos municipais e de acederem às dignidades: os católicos, nem em Londres nem noutros países, também não os têm. (…) deixar viver um povo pacífico, de suavizar os éditos, que outrora foram talvez necessários, mas que já o não são.”(p.34)
  • 14.  A razão como solução infalível, mesmo que demorada: “A maneira mais eficaz de diminuir o número dos maníacos, caso ainda existam, é entregar essa doença do espírito ao regime da razão, que lenta, mas infalivelmente, esclarece os homens. Esta razão (…) torna agradável a obediência às leis, muito mais do que a força as impõe.”(p.34)  O ridículo como outra forma de controlo de certos comportamentos, também aliado às questões de tempo e costumes: “Se alguém pensasse hoje ser carpocraciano, ou eutiquiano, ou monotelista (…) o que aconteceria? Riríamos dele, como de um homem vestido à antiga (…).” (p.35)
  • 15.  Referência à Bula Unigenitus como exemplo do que não se deve fazer. Esta Bula foi vista como uma interferência papal na igreja francesa: “Era proscrever a razão, as liberdades da Igreja galicana e o fundamento da moral; era como dizer aos homens: Deus manda-vos não cumprir o vosso dever, sempre que tiverdes a temer uma injustiça. Nunca se afrontou tanto o senso comum.” (p.35)
  • 16. Regresso à ideia inicial do capítulo: “Finalmente, é interesse do Estado que os filhos expatriados voltem com modéstia à casa de seu pai: a humanidade pede-o, a razão aconselha-o, e a política não a deve temer.” (p.36)
  • 17.  Definição do direito natural – o fazer para poder receber. O direito humano deve reger-se pelo direito natural.  Ambos os direitos têm o mesmo principio universal: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.” (p.37)
  • 18.  Se o principio universal que rege ambos os direitos fosse o contrário (”Ou acreditas no que eu acredito, mesmo que não possas acreditar nisso, ou então és um homem morto.” – p.37) haveria consequências: “(…) o japonês era obrigado a detestar o chinês, que não poderia sequer ver o siamês; este perseguiria os gangáridas que cairiam em cima dos habitantes do Indo; um mongol arrancaria o coração ao primeiro malabar que encontrasse; o malabar poderia matar o persa, que poderia massacrar o turco: e todos juntos se atirariam aos cristãos, que, durante muito tempo, se devoraram uns aos outros.” (p.37/38)
  • 19. “O direito à intolerância é, pois, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, e é bem mais horrível, porque os tigres só dilaceram para comer, e nós temo-nos exterminado uns aos outros por uma questão de parágrafos.” (p.38)
  • 20.  Locke, John. 1987. Carta sobre a Tolerância. Tradução de João da Silva Gama. Lisboa: Edições 70.  http://www.britannica.com/biography/Jean-Calas visto a 8/11/2015  http://www.britannica.com/biography/John-Locke visto a 8/11/2015  http://www.britannica.com/topic/Unigenitus visto a 8/11/2015  http://www.britannica.com/biography/Voltaire visto a 8/11/2015  http://salon-litteraire.com/fr/resume-d-oeuvre/content/1831165- traite-sur-la-tolerance-de-voltaire-resume visto a 15/11/2015  http://www.philosophybasics.com/philosophers_voltaire.html visto a 15/11/2015  http://www.philosophybasics.com/philosophers_locke.html visto a 15/11/2015