(1) Garcia de Orta corrige os erros dos sábios gregos, romanos e árabes sobre a descrição da árvore da pimenta, baseando-se na sua observação direta na Índia.
(2) Ele descreve detalhadamente a aparência e o crescimento da árvore da pimenta, contrariando as descrições anteriores.
(3) Garcia de Orta contribuiu para o alargamento do conhecimento sobre plantas tropicais através da observação empírica proporcionada pelas Descobertas
1. Tarefa 3
Aulas nºs.: 127-128; 129-130; 131-132 Dias: 23, 24 e 25 de março/2020
MÓDULO 3
1. A geografia cultural europeia de Quatrocentos e Quinhentos
2. O alargamento do conhecimento do Mundo
DOCUMENTO O conhecimento botânico de Garcia de Orta (1563)
Na passagem seguinte da obra Colóquios, o médico e botânico Garcia de Orta (1500-1568), grande estudioso das
plantas orientais, trava um curioso diálogo com o seu discípulo Ruano:
.
1. O conhecimento botânico transmitido por Garcia de Orta a Ruano (documento) resultou
História A – 10F
2019-2020
RUANO – Não é fora de razão, pois tantos trabalhos os Portugueses levam por haver toda a pimenta
à sua mão […], que me digais onde é a força e a quantidade dela maior, e como se chama nas terras
donde nasce, e mais como se chama em arábio, e como se colhe, e a feição da árvore, e se é cá
usada para medicina.
ORTA – A maior quantidade desta pimenta há em todo o Malabar e ao longo desta costa, do
princípio do cabo do Comorim até Cananor [na Índia] […].
RUANO – Da feição da árvore, como cresce e como se cria toda a pimenta em uma árvore me dizei;
pois nisto concordam os Gregos, Latinos e Arábios todos e os novos escritores que hoje em dia
escrevem.
ORTA – Todos a uma voz se concertaram a não dizer verdade, se não que Dioscórides1
é digno de
perdão, porque escreveu por falsa informação, e de terras longínquas, e o mar não ser navegado
como agora é; e a esse imitou Plínio1
, e Galeno2
, e Isidoro3
, e Avicena4
e todos os Arábios. E mais os
que agora escrevem, como António Musa5
e os frades, têm maior culpa, pois não fazem mais que
dizer todos de uma maneira, sem fazer diligência em coisa tão sabida, como é a feição da árvore e
a fruta, e como amadurece e como se colhe.
RUANO – Como, todos esses que dizeis erraram?
ORTA – Sim, se chamais errar a dizer o que não é. […] A pimenta, isto é, a árvore ou planta é plantada
ao pé de outra árvore e pela mor parte [na maior parte das vezes] a vejo sempre plantada ao pé de
alguma arequeira ou palmeira. Tem a raiz pequena e cresce tanto quanto a árvore a que está
arrimada [apoiada] e encostada, abraçando-se com a árvore; e a folha não é muita, nem muito
grande, e é mais pequena que a de laranjeira e verde e aguda na ponta e queima algum pouco [...];
nasce como as uvas em cachos e não difere mais que serem os cachos da pimenta mais miúdos nos
grãos que os das nossas uvas e não serem tão grandes os cachos como os das uvas; e sempre estão
verdes até ao tempo em que seque a pimenta e esteja em sua perfeição e força, que é até meados
de janeiro; neste Malabar, a planta é de duas maneiras, uma que dá pimenta preta e outra branca;
e, afora estas, há outra em Bengala, que é da longa.
RUANO – Parece-me que destruís a todos os escritores antigos e modernos, por isso olhai o que
fazeis.
Garcia de Horta, Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia, vol. II,
Imprensa Nacional, 1982 (1.a
edição em 1563)
1 Escritor romano do século I, foi autor de História Natural, compêndio do conhecimento científico antigo.
2 Médico famoso do mundo romano, viveu nos séculos II-III.
3 Bispo de Sevilha, viveu nos séculos VI-VII, distinguindo-se pela transmissão do saber clássico no reino visigodo.
4 Sábio islâmico dos séculos X-XI, cujos conhecimentos médicos e farmacêuticos foram estudados nas universidades
medievais.
5 Médico e botânico italiano (1500-1555).
1.
O contributo português para o alargamento do conhecimento do Mundo no Renascimento
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2. (A) do estudo das obras dos sábios greco-romanos, especialmente admirados no Renascimento.
(B) do respeito escrupuloso pelos ensinamentos da Igreja.
(C) dos escritos de outros sábios renascentistas.
(D) da observação e descrição da Natureza, proporcionada pelas Descobertas marítimas.
2. Quando Garcia de Orta foi médico de D. João III, Lisboa era uma metrópole comercial do Mundo
com a qual rivalizava a cidade de
(A) Barcelona.
(B) Sevilha.
(C) Madrid.
(D) Londres.
3. Nomeie, com base no documento, o novo saber empírico que os Portugueses ajudaram a construir
no Renascimento.
4. Transcreva duas afirmações do documento que refletem o exercício do espírito crítico
renascentista.
5. Associe os nomes de sábios portugueses, presentes na coluna A, ao respetivo contributo para o
alargamento do conhecimento do Mundo, patente na coluna B.
Escreva, na folha de respostas, apenas as letras e os números correspondentes. Utilize cada letra e
cada número apenas uma vez.
Coluna A Coluna B
(A) D. João de Castro
(B) Pedro Nunes
(C) Duarte Pacheco Pereira
(1) Militar, navegador e cosmógrafo, escreveu o
Esmeraldo de Situ Orbis, um dos expoentes da
ciência náutica.
(2) Astrónomo, escreveu De Revolutionibus
Orbium Coelestium, onde defendeu o
heliocentrismo.
(3) Geógrafo, matemático e astrónomo, autor de
uma Geografia em que Colombo se baseou
para atingir a Ásia navegando para ocidente.
(4) Cosmógrafo e professor universitário,
distinguiu-se pelos estudos de Matemática.
(5) Militar e geógrafo, celebrizou-se como autor
dos Roteiros.
6. Explicite três inovações técnicas portuguesas no domínio da náutica e da cartografia.