O documento discute o agronegócio no Brasil, incluindo suas vantagens e desvantagens. Apresenta como o modelo atual ameaça a segurança alimentar através da concentração de terras e uso intensivo de agrotóxicos, colocando em risco a saúde humana e meio ambiente. Também discute os impactos na agricultura familiar e como o agronegócio pode comprometer a produção diversificada de alimentos.
3. O que é o agronegócio?
É a junção de inúmeras atividades que envolvem de forma direta ou indireta, toda a cadeia produtiva
agrícola ou pecuária.
Que agronegócio é esse que falamos?
É o setor da economia que envolve uma cadeia de atividades que inclui a própria produção agrícola, a
demanda por adubos e fertilizantes, o desenvolvimento de maquinários agrícolas, a industrialização de
produtos do campo e o desenvolvimento de tecnologias para dinamizar todas essas atividades.
O agronegócio brasileiro é um dos mais representativos do
mundo, sobretudo no que diz respeito à dinâmica de
exportações.
4. Dos setores do agronegócio, o agroalimentar se destaca, mundialmente, como um dos mais
estruturados.
O sistema agroalimentar, registrado nas últimas décadas do século XX e primeiras do século XXI,
aprofunda ainda mais o padrão de ocupação e controle do território historicamente construído pela
promoção e ação do Estado na difusão do modelo de concentração de terras gerando latifúndios
(REFORMA AGRÁRIA E MONOCULTURA).
Esse modelo de produção agrícola amplamente alardeado como solução para o problema da fome no
mundo tem se mostrado como percussor da insegurança alimentar, uma vez que contribui para a
extinção das pequenas produções agrícolas responsáveis pela diversa produção de alimentos
(AGRICULTURA FAMILIAR).
5. Latifúndio e agronegócio
O latifúndio carrega em si a imagem da exploração, do trabalho escravo, da extrema concentração da
terra, do coronelismo, do clientelismo, do atraso político e econômico, está associado com terra que
não produz, que pode ser utilizada para reforma agrária.
A agricultura capitalista ou agricultura patronal ou agricultura empresarial ou agronegócio, qualquer
que seja o eufemismo utilizado, não pode esconder o que está na sua raiz, na sua lógica: a
concentração e a exploração.
O agronegócio é um novo tipo de latifúndio e ainda mais amplo, agora não concentra e domina
apenas a terra, mas também a tecnologia de produção e as políticas de desenvolvimento.
6. Agronegócio e Agricultura Familiar
A agricultura camponesa/familiar é responsável por mais da metade da produção do campo com
exceção da soja, cana e laranja, não aparece como grande produtor e fica no prejuízo. Com essa
estratégia, o agronegócio é privilegiado com a maior fatia do crédito agrícola.
Ela não é adepta do produtivismo, ou seja produzir uma única cultura e com exclusividade para o
mercado e nem se utiliza predominantemente de insumos externos, seu potencial de produção de
alimentos está na diversidade, no uso múltiplo dos recursos naturais.
É intensamente explorada por meio da renda capitalizada da terra, ficando somente com uma
pequena parte da riqueza que produz, a maior parte é apropriada pelas empresas que atuam no
mercado.
No Brasil, a Via Campesina é composta pelo (MST) Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,
(MPA) Movimento dos Pequenos Agricultores, (MAB) Movimento dos Atingidos por Barragens e pelo
(MMC) Movimento de Mulheres Camponesas.
7. Impacto Mundial
A população mundial, hoje na casa dos 7 bilhões de habitantes, deve atingir valor próximo a 10 bilhões
em 2050. Seriam cerca de 3 bilhões de pessoas a mais para alimentar, em uma área de expansão agrícola
bastante limitada, além das responsabilidades ambientes, praticamente não há área de expansão
agrícola no mundo.
Portanto, o aumento da produção de alimento deverá vir do aumento de produtividade das fazendas,
onde 90% destas no mundo são familiares e são responsáveis por mais de 80% da produção de comida
do planeta. Em outras palavras, a segurança alimentar terá foco na produtividade do campo e também
das agriculturas familiares. Logo, essa oferta alimentar e de sustentabilidade passa pelas discussões
relacionadas ao crescimento populacional e renda
8. Vantagens do Agronegócio
Ponto positivo na economia Brasileira;
Grande aumento na produtividade de alimentos;
Expansão da fronteira agrícola;
Desenvolvimento tecnológico;
Atendimento da demanda atual;
9. Desvantagens do Agronegócio
Gasta mais de 70% da água do planeta;
Gera a grande desigualdade do campo;
Contaminação do solo, ar e água;
Problemas a saúde humana de animais e plantas;
Redução de mãos de obras;
Desmatamento;
Geração de resíduos;
superexploração da força de trabalho;
exploração intensiva da produção agrícola;
Consequentemente desemprego e miséria.
10. Bases dos modelos de produção agrícola.
LATIFÚNDIO
MONOCULTURA
MECANIZAÇÃO
AGROTÓXICOS
11. Impactos sociais deste modelo de
produção
Desaparecimento de outras atividades agrícolas, como a produção se dá em larga escala, tem-se a
substituição de outros tipos de atividades agrícolas (principalmente a produção de alimentos) por soja,
algodão, trigo e eucalipto em algumas regiões;
Comprometimento da produção de alimentos no campo e, logicamente, a elevação dos preços;
Atividades altamente mecanizadas, desaparecimento de postos de trabalho e desemprego;
Dependência da população do município de uma só atividade;
Concentração fundiária ou seja, muita terra sob o controle de Poucos.
12. Agronegócio e Agrotóxicos
As altas taxas de produtividade repercutem na perda de biomassa dos biomas, com redução da
cobertura vegetal nativa e consequente desequilíbrio dos ciclos biogeoquímicos, condições climáticas
e perda da sociobiodiversidade (Soares e Porto, 2007).
O nível de agrotóxicos presente nos alimentos tem preocupado cada vez mais a sociedade e as
organizações que se posicionam contra o uso desses defensivos agrícolas
Por ano, em média, há 6 mil casos registrados de intoxicação humana por agrotóxicos.
O Brasil é tido com o maior consumidor desses venenos no planeta e a cada dia se torna mais
dependente deles. Dito isso, questionamos qual o impacto que esse modelo do agronegócio tem
sobre a saúde da população brasileira, sobretudo a saúde dos trabalhadores agrícolas?
13. Lista de alguns alimentos com maior potencial de risco devido
ao uso de agrotóxicos:
A soja é a principal cultura consumidora de agrotóxicos no Brasil.
14. Sementes Transgênicas
As sementes geneticamente modificadas, permitem lavouras com menores custos, uma maior
produtividade, e, sobretudo espécimes melhor adaptadas as condições dos solos.
O risco que a transgenia acarreta é a possibilidade da perda da identidade da matriz da
cultura;
possíveis riscos à saúde e ao meio ambiente;
Insegurança alimentar.
15. Conclusão
Ao discutirmos o fortalecimento do agronegócio no país, compreendemos sua construção
como um modelo de modernização conservadora, de fato constata-se que o modelo do
agronegócio se traduz numa clara ameaça a segurança e soberania alimentar do mundo
bem como um espaço reduzido para a agricultura familiar e a reforma agrária camponesa e
popular. Já em outra vertente não se pode negar que o agronegócio ocupa um lugar
importante na economia mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento, pois garante o sustento alimentar das pessoas e sua manutenção, e além
disso, contribui para o crescimento da exportação e do país que o executa.
16. REFERÊNCIAS
Ilena Felipe Barros. O agronegócio e a atuação da burguesia agrária: considerações da luta de classes no campo:
Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 131, p. 175-195, jan./abr. 2018
Isabelle Maria Mendes de Araújo e Ângelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira. Agronegócio e agrotóxicos: impactos
à saúde dos trabalhadores agrícolas no nordeste Brasileiro: Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 15 n. 1, p. 117-129,
jan./abr. 2017
Silvia do Amaral Rigon e Islandia Bezerra. Segurança alimentar e nutricional, agricultura familiar e compras
institucionais: desafios e potencialidades: Departamento de Nutrição, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, PR,
Brasil 2014.