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ROMBO DO PAÍS COM TRANSAÇÕES EXTERNAS CRESCE 50% E BATE
RECORDE EM 2013, COM US$ 81,4 BILHÕES
Gastos com viagens também foram recorde e somaram US$ 25,3 bilhõe
BRASÍLIA - As contas externas brasileiras tiveram um rombo recorde de US$
81,4 bilhões em 2013. De acordo com os dados do Banco Central (BC),
divulgados nesta sexta-feira, o déficit de todas as trocas de serviços e do
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compensador. Por isso, a despesa com turismo internacional também bateu
recorde: os brasileiros levaram para outros países US$ 25,3 bilhões no ano
passado, contra US$ 22,2 bilhões gastos em 2012, uma alta de 14%. É o maior
valor já registrado desde quando o BC começou a registrar os dados em 1947.
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forte, o dinheiro que chega com os investimentos estrangeiros diretos não foi
suficiente para cobrir o déficit. Os recursos que entram no Brasil para aumentar
a capacidade de produção das fábricas ficaram pouco acima da projeção do
BC e fecharam o ano em US$ 64 bilhões. Isso representa redução de 1,9% em
relação ao resultado do ano anterior.
Vulnerabilidade maior
Para o especialista em câmbio e economista-chefe da corretora NGO, Sidney
Nehme, o déficit crescente e os investimentos em queda tornam o país mais
vulnerável aos fluxos de recursos no mundo. E ainda deixam o BC numa
posição delicada de suprir mercado financeiro com dólares porque as
perspectivas são ruins.
— Os dados do BC só confirmam o quadro de vulnerabilidade externa, ou seja,
o Brasil está entre os países mais vulneráveis entre os (países do) Brics,
porque as reservas que temos só pagariam os compromissos que vencem nos
próximos dois anos. O governo já prevê um déficit nas transações correntes de
US$ 78 bilhões em 2014. Se já começa o ano com uma previsão dessa, quer
dizer que será bem maior — observou o economista.

Av. Visconde de Albuquerque, 603 - Madalena - Recife - PE CEP: 50610-090
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O Banco Central nega que esse quadro represente um aumento da
vulnerabilidade externa do país. E diz que, além dos investimentos, o Brasil
recebe outros fluxos de capital.
— A vulnerabilidade de uma economia tem de ser observada por passivos e
ativos, e a nossa situação é muito diferente de 15 anos atrás — destacou o
chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, ao
lembrar o volume de reservas que cobre o endividamento do país.

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  • 2. O Banco Central nega que esse quadro represente um aumento da vulnerabilidade externa do país. E diz que, além dos investimentos, o Brasil recebe outros fluxos de capital. — A vulnerabilidade de uma economia tem de ser observada por passivos e ativos, e a nossa situação é muito diferente de 15 anos atrás — destacou o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, ao lembrar o volume de reservas que cobre o endividamento do país. Av. Visconde de Albuquerque, 603 - Madalena - Recife - PE CEP: 50610-090 Fone: (81) 3227-1699 | www.berconsultoria.com.br