O déficit nas contas externas brasileiras atingiu um recorde de US$ 81,4 bilhões em 2013, um aumento de 50% em relação a 2012. Os gastos com viagens internacionais também bateram recorde de US$ 25,3 bilhões. Especialistas afirmam que esses dados mostram uma vulnerabilidade externa maior do Brasil, enquanto o Banco Central nega que isso represente um aumento na vulnerabilidade.
Rombo do país com transações externas cresce 50% e bate recorde em 2013, com us$ 81,4 bilhões
1. ROMBO DO PAÍS COM TRANSAÇÕES EXTERNAS CRESCE 50% E BATE
RECORDE EM 2013, COM US$ 81,4 BILHÕES
Gastos com viagens também foram recorde e somaram US$ 25,3 bilhõe
BRASÍLIA - As contas externas brasileiras tiveram um rombo recorde de US$
81,4 bilhões em 2013. De acordo com os dados do Banco Central (BC),
divulgados nesta sexta-feira, o déficit de todas as trocas de serviços e do
comércio do Brasil com o resto do mundo aumentou 50% no ano passado, e
extrapolou a projeção do BC que era encerrar o ano com um déficit de US$ 79
bilhões. Apesar da alta de 14,6% do dólar, o comércio exterior deteriorou-se e
os gastos lá fora explodiram. Para os especialistas, o resultado confirma um
quadro de vulnerabilidade externa.
Na comparação com o tamanho da economia brasileira, o rombo nas contas
externas passou de 2,41% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e
serviços produzidos no país), em 2012, para 3,66% do PIB no ano passado.
Esse foi o maior percentual dos últimos 12 anos. Dentre os principais motivos
que influenciam a saída de dólares estão a remessa de lucros e dividendos e
os gastos com viagens internacionais.
Os turistas ignoraram o dólar mais caro e partiram para as compras no exterior.
Mesmo com a moeda americana em alta, o custo dos produtos lá fora ainda é
compensador. Por isso, a despesa com turismo internacional também bateu
recorde: os brasileiros levaram para outros países US$ 25,3 bilhões no ano
passado, contra US$ 22,2 bilhões gastos em 2012, uma alta de 14%. É o maior
valor já registrado desde quando o BC começou a registrar os dados em 1947.
Como o crescimento de praticamente todos os tipos de despesas foi muito
forte, o dinheiro que chega com os investimentos estrangeiros diretos não foi
suficiente para cobrir o déficit. Os recursos que entram no Brasil para aumentar
a capacidade de produção das fábricas ficaram pouco acima da projeção do
BC e fecharam o ano em US$ 64 bilhões. Isso representa redução de 1,9% em
relação ao resultado do ano anterior.
Vulnerabilidade maior
Para o especialista em câmbio e economista-chefe da corretora NGO, Sidney
Nehme, o déficit crescente e os investimentos em queda tornam o país mais
vulnerável aos fluxos de recursos no mundo. E ainda deixam o BC numa
posição delicada de suprir mercado financeiro com dólares porque as
perspectivas são ruins.
— Os dados do BC só confirmam o quadro de vulnerabilidade externa, ou seja,
o Brasil está entre os países mais vulneráveis entre os (países do) Brics,
porque as reservas que temos só pagariam os compromissos que vencem nos
próximos dois anos. O governo já prevê um déficit nas transações correntes de
US$ 78 bilhões em 2014. Se já começa o ano com uma previsão dessa, quer
dizer que será bem maior — observou o economista.
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2. O Banco Central nega que esse quadro represente um aumento da
vulnerabilidade externa do país. E diz que, além dos investimentos, o Brasil
recebe outros fluxos de capital.
— A vulnerabilidade de uma economia tem de ser observada por passivos e
ativos, e a nossa situação é muito diferente de 15 anos atrás — destacou o
chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, ao
lembrar o volume de reservas que cobre o endividamento do país.
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