A Revolução Industrial Inglesa (1760-1840) transformou a Inglaterra de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial e capitalista através da mecanização da produção, uso de novas fontes de energia e divisão do trabalho. Isso resultou em melhores ganhos de produtividade mas piores condições de vida para os trabalhadores, que sofriam longas jornadas, baixos salários e moradias insalubres. O controle rígido do tempo e dos corpos na fábrica e na escola tornou a
2. Pioneirismo inglês
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Acumulação de capitais (mercantilismo – colônias
e pirataria)
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Ascensão política da burguesia pela Revolução
Inglesa no século XVII
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Modernização das relações de produção no
campo desenvolvimento técnico e relações→
capitalistas de produção (privatização e
monetarização)
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Cercamento dos campos*; trabalho por
arrendamento (aluguel) individual
3. *Cercamento dos campos
Cercamento das terras comunais (enclosures)
Consequências:
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Aumento da produtividade agrícola (aumento
demográfico)
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Êxodo rural (disponibilidade de mão de obra para
indústria)
4. Mudanças técnicas
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Energia a vapor (James Watt, 1769)
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Indústria têxtil (lã/algodão) / bens de consumo
(predom. mão de obra infantil e feminina)
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Indústria siderúrgica (mineração) / pesada
(predom. m.d.o. masculina)
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Ferrovias e trens
a vapor
5. Mudanças no processo produtivo
Produção artesanal Manufatura Maquinofatura (Indústria)
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Produção familiar
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Controle das
estapas produtivas
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Comerciante contratava
vários artesãos
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Horário e ritmo de
trabalho pré-
estabelecidos
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Salário fixo
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Divisão do trabalho
(especialização)
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Burguês/capitalista detém
os meios de produção e
contrata operários
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Horário e ritmo de trabalho
pré-estabelecidos
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Salário fixo
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Divisão do trabalho
(especialização)
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ALIENAÇÃO
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Multiplicação rápida,
constante e ilimitada do
poder produtivo
6. ●
Alienação (Marx): o trabalhador, de artesão a
proletário, perde a consciência da totalidade do
processo produtivo
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Fetichismo da mercadoria: o capitalismo passa a
ocultar as relações produtivas contidas na
mercadoria, que se apresenta como tendo
características inerentes a ela que lhe atribuem
valor.
7. Condições de vida da classe operária
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Jornadas de trabalho > 12 horas
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Salários insignificantes
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Condições insalubres das moradias e dos bairros
operários
Jovem carregando carvão numa mina da Inglaterra.
8. Mão de obra feminina e infantil:
barata e “dócil”
9. O bairro operário segundo Engels
“As casas são habitadas dos porões aos desvãos, são tão sujas no
exterior como no interior e têm um tal aspecto que ninguém as
desejaria habitar. Mas isto ainda não é nada comparado às
habitações nos corredores e vielas transversais onde se chega
através das passagens cobertas, e onde a sujeira e a ruína
ultrapassam a imaginação; não se vê, por assim dizer, um único vidro
inteiro, as paredes estão leprosas, os batentes das portas – quando as
há – são feitas de pranchas velhas, pregadas uma as outras; (...) as
portas são inúteis não há nada para roubar. Em toda parte montes de
detritos e de cinzas e as águas vertidas em frente às portas acabam
por formar charcos nauseabundos. É aí que habitam os mais pobres
dos pobres, os trabalhadores mais mal pagos, com os ladrões, os
escroques e as vítimas da prostituição, todos misturados”
ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo, Global, 1986.
10. O tempo como instrumento de
controle na fábrica
Nas sociedades pré-industriais o tempo era contado, medido e organizado
em função das tarefas que se deviam realizar, ou seja, ligava-se aos ritmos
da natureza, como o dia e a noite, o período de chuvas e o de seca(...). Antes
do aparecimento das fábricas, portanto, o relógio não era necessário. Porém,
quando as relações de trabalho se transformaram, mudou também a
orientação que as pessoas tinham com relação ao tempo. O assalariamento
gerou a necessidade de controlar a produtividade, ou seja, de criar uma
jornada de trabalho. Simultaneamente, começaram a se difundir o relógio
(...). Até o século XIX só os que tinham muito dinheiro possuíam relógios, ou
seja, o instrumento era mais um símbolo de prestigio do que uma forma de
medir o tempo. Sua difusão em massa coincide exatamente com a Revolução
Industrial, quando marca o tempo passa a ser essencial.”
De DECCA, Edgar. MENENGUELLO, Cristina. Fábricas e Homens: a Revolução
Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. São Paulo, Atual, 1999.
12. A “disciplinarização dos corpos”
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Sociedade disciplinar (Michel Foucault) séc. XIX→
“Dentre todas as instituições disciplinares, a escola possui a
maior abrangência, pois é nela que os indivíduos passam a
maior parte da sua formação, até que estejam prontos para a
vida adulta. O processo de disciplinarização dos corpos de
crianças e jovens [...] ocorreu em locais arquitetonicamente
preparados para aquele fim, isto é, locais cercados,
quadriculados, com uma disposição espacial estudada e um
mobiliário especialmente desenhado, sem falar na presença
de especialistas preparados para a aplicação de exercícios
para a mente e para o corpo.”
(Pensar a educação depois de Foucault, In: Revista Cult)
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A docilização torna os corpos mais produtivos