1) O documento discute a doutrina da Trindade em resposta às críticas de igrejas modalistas.
2) Os modalistas alegam que textos bíblicos como Lucas 1:35 e João 10:30 sustentam seu ponto de vista de que Deus se manifesta em três estágios.
3) O documento refuta as interpretações modalistas desses textos e outros, argumentando que eles de fato confirmam a doutrina da Trindade.
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RESPOSTAS À CRISTO VIVE:
Prof. João Ricardo Ferreira de França.
1 – A TRINDADE:
A doutrina da Trindade tem sido atacada veementemente pelos
adeptos da Igreja Cristo Vive, Cristo é Vida, Só Jesus, Igreja Mundial de
Jesus Cristo, Voz da Verdade etc.. A objeção que estas igrejas levantam
contra a Trindade está vinculada a textos viciados onde a relação
pericorética (pericoresis - do grego: Peri = ao redor de; coresis = dança)
das duas naturezas do redentor estão presentes, e ignoram esse
conceito assumindo outro que é conhecido na história da igreja de
modalismo ou sabelianismo.
O que é o Modalismo? É o ensino dos três estágios de Deus. Deus
se manifestou como Pai quando criou o mundo, se manifestou como
filho na obra da redenção e como Espírito Santo nos tempos da igreja;
este ensino também é conhecido como Patripassianismo (foi o pai que
criou o mundo, foi o pai que assumiu a forma de filho e tem sido o pai
que tem estado na igreja na forma de espírito Santo). As falsas igrejas
mencionadas acima colocam a Jesus dentro desta divindade modalista
no afã de enfatizarem a divindade de Jesus, mas anulando as outras
pessoas, que deixam de ser pessoas neste sistema para serem apenas
modos diferentes da mesma pessoa.
A) os textos apresentados para sustentarem o Modalismo:
Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o
poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente
santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.”
O texto tem sido interpretado para sustentar o modalismo
especialmente na parte que destacamos “será chamado”, os
modalistas dizem que Jesus Não era o Filho eterno de Deus, mas
que ele seria chamado pelo povo de filho de Deus.
João 10.27-29: “ As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e
elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da minha mão. 29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que
tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”
O texto é interpretado de forma interessante, e em um tom bem
jocoso; eles perguntam: as ovelhas estão não mão de quem do Pai
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ou do Filho? Isso significa, segundo eles, que o Filho é o próprio
Pai.
João 10.30: “Eu e o Pai somos um.”
A abordagem clássica deste texto pelos modalistas é que Jesus
está dizendo para eles que ele é o Pai que o povo Judeu tanto
esperava e que não existe Trindade alguma.
João 14.6: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim.”
Na interpretação do texto os sabelianos (modalistas) dizem se há
uma Trindade Jesus deveria ter usado o verbo vai e não o verbo
vem indicando assim, que ele é o Pai.
14.7-10: “7 Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai.
Desde agora o conheceis e o tendes visto. 8 Replicou-lhe Filipe: Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como
dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em
mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que
permanece em mim, faz as suas obras. ”
Este tem sido o texto preferido pelos modalistas para provar sua
doutrina. Dizem que o texto deixa claro que Cristo é o Pai.
B) Respostas à interpretação modalista:
Lucas 1.35 – a expressão “será chamado filho de Deus” no grego temos
“klhqh,setai ui`o.j qeou/Å” – klêthêsetai huios theou – o verbo chamar está no
modo do indicativo que expressa a certeza da realidade, aqui o Anjo está
dizendo que ele é de fato o Filho de Deus. O texto apresenta as três
pessoas da Trindade. Primeiro, fala do Espírito Santo que envolverá a
virgem; depois, fala do Filho que será chamado o “Filho de Deus”. Logo,
o texto confirma a doutrina da Trindade.
João 10.27-29: Cristo apresenta uma figura muito conhecida dos
judeus, a figura do pastor (do bom pastor) – em contraste com os falsos
pastores que vem para matar, roubar e destruir – e mostra que existe
uma relação singular, pois o bom Pastor tem as suas ovelhas que lhe
obedecem a voz porque ele é o “bom pastor”. Ele se apresenta como
aquele que guarda as suas ovelhas, preserva e cuida delas, ninguém
pode tirá-las; e de igual modo, cristo apresenta que elas foram dadas
pelo Pai a ele, e isso implica que o Pai em sua providência não permite
que elas sejam entregues a outro que não seja ao bom pastor. O texto
mostra a relação do Pai e do Filho na preservação das ovelhas. E,
novamente confirma a Trindade.
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João 10.30: Este texto tem sido usado constantemente para se negar a
doutrina da Trindade. Mas, este texto confirma a doutrina mais do que
qualquer outro. Vamos ao texto original grego e vejamos o que temos
ali: “evgw. kai. o` path.r e[n evsmenÅ” – ego kai ho pater hen esmen – o texto é
interessante; primeiro, porque temos um pronome pessoal que indica
uma pessoa – “eu” – ego – seguido de uma conjunção coordenativa “e” –
kai – que aqui serve para mostra a distinção entre um e outro; “o pai” –
ho pater – mostra a outra pessoa da frase isto é percebido por causa da
conjunção que coordena o período. Agora, observe o número do verbo,
ele se encontra no plural “somos” – esmen – não faria sentido se Jesus
estivesse falando de si mesmo! O texto, segundo a posição modalista,
deveria ser lido assim: Eu e o pai que sou eu mesmo sou um faria mais
sentido; o problema é que o verbo ser está primeira pessoa do plural.
Isso é até uma questão da língua portuguesa. Eu e Você – nesta
construção “e” mostra a distinção. Quando o texto diz “somos um” a
ideia é de partilhar da mesma natureza. Um exemplo, pode ser o
seguinte: “Eu e você somos um” – porque partilhamos da mesma
natureza – somos humanos! Este é o sentido do texto, o Filho e o Pai
possuem a mesma natureza divina. Então, este texto confirma também
a doutrina da Trindade
João 14.6: Este texto revela a profunda ignorância dos modalistas
modernos. Na interpretação do texto os sabelianos (modalistas) dizem
se há uma Trindade Jesus deveria ter usado o verbo vai e não o verbo
vem indicando assim, que ele é o Pai. O argumento seria basicamente o
seguinte: “se você que falar com outra pessoa você não vem a mim; mas
vai até a outra pessoa; uma vez que Jesus diz vem significa que ele é a
pessoa do pai na figura de filho”. Mais uma vez devemos ir até o grego e
descobrirmos porque este argumento está errado. No grego diz: “Le,gei
auvtw/| o` VIhsou/j( VEgw, eivmi h` o`do.j kai. h` avlh,qeia kai. h` zwh, ouvdei.j e;rcetai pro.j to.n
pate,ra( eiv mh. diV evmou/Å” - ...oudeis erchetai pros ton patera, ei me di emou –
o verbo que nos chama atenção no texto é “e;rcetai” – erchetai – que
descreve simplesmente – o movimento – de ir e vir – então, a tradução
pode ser “ninguém vem” ou “ninguém vai” – em ambos os casos temos a
noção de que Jesus é o verdadeiro mediador entre Deus e os homens –
(1 Tm.2.5) negar a distinção pessoal entre o Pai e o Filho com base
neste texto é colocar em xeque a doutrina da mediação de Cristo. Jesus
é o único caminho que conduz o homem até o Pai – por isso, que se
deve ir até ele – ninguém vem ao Pai, senão por mim – isto porque ele é
o único que é a porta de acesso ao Pai.
14.7-10: O texto preferido dos modalistas mostra que eles estão
errados. A relação apresentada pelo texto é a de que Cristo revela ao Pai
e atua sob o poder do Pai. Se o texto nega a pessoa ou existência da
pessoa do Pai como poderíamos entender o versículo 12 desta passagem
que diz: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim
fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou
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para junto do Pai.” Os textos seguintes ele usará os termos que
indicam sua obra mediadora. Então, o texto confirma a Trindade.
c) Objeções Textuais à doutrina modalista:
Bem, se o ensino modalista tem fundamento alguns textos ficam
sem sentido para ser entendido pela senso simples e claro do leitor (
Método Histórico-Gramátical de Interpretação). Vejamos alguns destes
textos:
1. Jesus era um Louco quando fez a oração sacerdotal:
Em João 17 temos a oração de Jesus dirigida ao Pai. Mas que
Pai? Se não havia pai algum lá no céu. Os modalistas tornam-se
arianos quando negam que Cristo não existia antes com o Pai (veja-se o
Livro do modalista Carlos Magno de Miranda – A Falsa Trindade).
Muitos destes modalistas sentem dificuldade com este texto de João 17.
E especialmente o versículo 5 que diz: “ E agora, glorifica-me, ó Pai,
contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que
houvesse mundo.” Vemos claramente neste texto que Cristo já existia
junto com o Pai na eternidade. Os versículos iniciais da passagem
mostram que Cristo ergueu os olhos “para o céu” e se pôs a orar. Mas,
isso é loucura, pois, se Cristo sabia que não havia ninguém lá chamado
de Pai, por que orou? A resposta é simples, é porque os modalistas
estão errados. Jesus orou ao Pai porque de fato havia o Pai para lhe
ouvir.
2. A Cruz se torna uma charada sem solução:
O modalismo é um erro exatamente porque a cruz se torna uma
charada sem solução. Em Lucas 23. Retrata a crucificação do redentor,
no versículo 34 ele fala do pai, mas acho que ele se esqueceu que ele
era o Pai na forma de Filho. Agora o mais frustrante está no versículo
46. Jesus entrega seu espírito ao Pai! Mas, que trágico não havia pai
algum no céu para receber o espírito do filho! Quem morreu na cruz?
Foi o Pai ou foi o Filho? Se foi o Filho então, existe o Pai! Se o Pai não
existe, então o Filho não pode realizar uma redenção verdadeira! Pois,
não satisfez a justiça do Pai. Esta é uma charada que os Modalistas
não tem solução. A doutrina clássica e bíblica da Trindade é a melhor
solução para uma charada inventada pelos sabelianos.
3. A Obra da Redenção não tem sentido:
A nossa última objeção ao Modalismo vem da implicação prática da
obra redentora conforme aprendemos em Éfesios 1.3-14. Alí temos a visão
esclarecedora da obra redentiva: 1) O pai predestinou e escolheu alguns antes
da fundação do mundo; 2) O Filho no tempo estabelecido pelo Pai vem e
realiza a redenção dos pecadores mediante seu sangue na cruz do calvário; 3)
O Espírito Santo aplica a obra da redenção realizada pelo Filho. Agora
pensemos que não existe Trindade. Então como fica a obra da Redenção?