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Resiliência e emergência:
Implicações, práticas e princípios. Haia 2010
PRO. MAX LIRA
RESILIÊNCIA UM TERMO
DERIVADO DA FÍSICA
• Propriedade pela qual a
energia armazenada em um corpo deformado é devolvida
quando cessa a tensão causadora da deformação elástica” –
exemplo: elástico.
• Para a Psicologia essa definição não é (nem deve ser) tão
precisa quanto na Física – variedade de fenômenos
humanos.
• Resiliência é a habilidade de voltar rapidamente para o seu
usual estado de saúde ou de espírito, depois de passar por
doenças e dificuldades.
RESILIÊNCIA
• A resiliência caracteriza-se pela capacidade do
ser humano responder de forma positiva às
demandas da vida quotidiana, apesar das
adversidades que enfrenta ao longo de seu
desenvolvimento.
• Esta capacidade é considerada por alguns
autores como uma competência individual que
se constrói a partir das interações entre o
sujeito, a família e o ambiente
RESILIÊNCIA
• De forma geral, Walsh (1998) considera que resiliência implica mais do que
meramente sobreviver à situação adversa ou escapar de alguma privação.
• Representa uma contraposição à ideia de que os sujeitos que crescem em
ambientes adversos estão fadados a se tornarem adultos com problemas.
• Para exemplificar, a autora refere que os sobreviventes de experiências
catastróficas não são necessariamente pessoas resilientes; alguns deles
podem centrar suas vidas em torno das experiências negativas que
vivenciaram, negligenciando outras dimensões de seu viver, enquanto que
as pessoas resilientes desenvolvem certas habilidades que lhes
possibilitam assumir o cuidado e o compromisso com sua própria vida.
RESILIÊNCIA
• FAMÍLIA E AMBIENTE.
• A teoria ecológica de Bronfenbrenner é baseada na premissa de que não é
o ambiente comportamental, em si, que prediz o comportamento, mas a
interpretação do indivíduo sobre o ambiente, tanto no tempo quanto no
espaço.
• Isto é, o significado ligado ao ambiente e não o ambiente em si é que
orienta o comportamento.
• Ele dá considerável importância às percepções das atividades, papéis e
relações interpessoais que um indivíduo tem e que são tipicamente
demonstradas em um ambiente comportamental.
• CONTEXTO – PESSOA – TEMPO - PROCESSO
FAMÍLIA RESILIENTE
• Para Walsh (1996; 1998), o conceito “família resiliente” diz respeito ao processo interacional
que se desenrola nela enquanto unidade funcional, ao longo do tempo, fortalecendo a
ambos (indivíduo e conjunto). Trata-se de um processo mediante o qual a família enfrenta
seus períodos de crise ou desorganização; resiste às privações prolongadas e efetivamente
se reorganiza.
• A pobreza crônica, segundo Garmezy (1993), favorece o acúmulo de estressores que,
muitas vezes, persistem ao longo dos anos, produzindo uma cadeia de riscos cujos efeitos
são capazes de reduzir e/ou destruir as possibilidades de resposta positiva da criança pobre
às adversidades cotidianas que vivencia, colocando-a, cada vez mais, em desvantagem.
• Esta cadeia geralmente começa com a inadequada nutrição e supervisão médica para a
mãe durante a gravidez, segue com a desnutrição e as doenças ligadas à inacessibilidade
de cuidados de saúde adequados; as dificuldades e limitações na fase de escolarização e
pode culminar com o desemprego crônico, ou mesmo o sub-emprego com salários
insuficientes, na idade adulta.
DESMISTIFICANDO A
POBREZA
• Desmitificando através da pesquisa, falas do senso comum... de que a
pobreza gera problemas.
• Os estudos longitudinais de Werner e Smith (1982, 1992) tiveram objetivo
de estudar os efeitos cumulativos da pobreza, do estresse perinatal e dos
cuidados familiares deficientes no desenvolvimento de crianças.
• Foi possível perceber que nem todas as crianças provenientes de ambiente
com a presença de quatro ou mais fatores de risco (pobreza, baixa
escolaridade dos pais, baixo peso ao nascer, estresse perinatal, entre
outros) desenvolveram ou apresentavam problemas de aprendizagem ou
de comportamento. Essas crianças foram denominadas resilientes.
Resiliência Invulnerabilidade
• Não são termos que se equivalem, ou
seja, a Resiliência seria uma habilidade
de superar adversidades.
• Não significa, no entanto, que o
indivíduo saia completamente ileso de
determinada situação adversa, como
na ideia associada ao termo
invulnerabilidade.
As pessoas se recuperam melhor
quando podem se engajar no próprio
processo de recuperação. Enap
Resiliência
É, pois, uma história que se constrói,
quotidianamente, desde o início da vida, a cada ação,
a cada palavra, num longo processo que se inscreve
em um contexto específico e se reconstrói de forma
coletiva, ao longo do tempo, na qual o ambiente e
tudo que o compõe são co-autores.
A realidade em que o sujeito vive pode ser
ameaçadora, colocando em risco a qualidade de seu
viver e fazendo-o sofrer, mas ele consegue encontrar
recursos que o ajudam a avançar e prosseguir.
Para Boris Cyrulnik (2001), a resiliência se refere
muito mais à evolução e à história de um sujeito, do
que a ele mesmo. É, portanto, o caminho construído
que é resiliente.
RESILIÊNCIA
• A resiliência caracteriza-se pela capacidade do ser
humano responder de forma positiva às demandas da
vida quotidiana, apesar das adversidades que
enfrenta ao longo de seu desenvolvimento. Trata-se
de um conceito que comporta um potencial valioso
em termos de prevenção e promoção da saúde das
populações; mas, ainda permeado de incertezas e
controvérsias.
Resiliência na saúde: implicações, práticas e princípios.

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Resiliência na saúde: implicações, práticas e princípios.

  • 1. Resiliência e emergência: Implicações, práticas e princípios. Haia 2010 PRO. MAX LIRA
  • 2. RESILIÊNCIA UM TERMO DERIVADO DA FÍSICA • Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformação elástica” – exemplo: elástico. • Para a Psicologia essa definição não é (nem deve ser) tão precisa quanto na Física – variedade de fenômenos humanos. • Resiliência é a habilidade de voltar rapidamente para o seu usual estado de saúde ou de espírito, depois de passar por doenças e dificuldades.
  • 3. RESILIÊNCIA • A resiliência caracteriza-se pela capacidade do ser humano responder de forma positiva às demandas da vida quotidiana, apesar das adversidades que enfrenta ao longo de seu desenvolvimento. • Esta capacidade é considerada por alguns autores como uma competência individual que se constrói a partir das interações entre o sujeito, a família e o ambiente
  • 4. RESILIÊNCIA • De forma geral, Walsh (1998) considera que resiliência implica mais do que meramente sobreviver à situação adversa ou escapar de alguma privação. • Representa uma contraposição à ideia de que os sujeitos que crescem em ambientes adversos estão fadados a se tornarem adultos com problemas. • Para exemplificar, a autora refere que os sobreviventes de experiências catastróficas não são necessariamente pessoas resilientes; alguns deles podem centrar suas vidas em torno das experiências negativas que vivenciaram, negligenciando outras dimensões de seu viver, enquanto que as pessoas resilientes desenvolvem certas habilidades que lhes possibilitam assumir o cuidado e o compromisso com sua própria vida.
  • 5. RESILIÊNCIA • FAMÍLIA E AMBIENTE. • A teoria ecológica de Bronfenbrenner é baseada na premissa de que não é o ambiente comportamental, em si, que prediz o comportamento, mas a interpretação do indivíduo sobre o ambiente, tanto no tempo quanto no espaço. • Isto é, o significado ligado ao ambiente e não o ambiente em si é que orienta o comportamento. • Ele dá considerável importância às percepções das atividades, papéis e relações interpessoais que um indivíduo tem e que são tipicamente demonstradas em um ambiente comportamental. • CONTEXTO – PESSOA – TEMPO - PROCESSO
  • 6. FAMÍLIA RESILIENTE • Para Walsh (1996; 1998), o conceito “família resiliente” diz respeito ao processo interacional que se desenrola nela enquanto unidade funcional, ao longo do tempo, fortalecendo a ambos (indivíduo e conjunto). Trata-se de um processo mediante o qual a família enfrenta seus períodos de crise ou desorganização; resiste às privações prolongadas e efetivamente se reorganiza. • A pobreza crônica, segundo Garmezy (1993), favorece o acúmulo de estressores que, muitas vezes, persistem ao longo dos anos, produzindo uma cadeia de riscos cujos efeitos são capazes de reduzir e/ou destruir as possibilidades de resposta positiva da criança pobre às adversidades cotidianas que vivencia, colocando-a, cada vez mais, em desvantagem. • Esta cadeia geralmente começa com a inadequada nutrição e supervisão médica para a mãe durante a gravidez, segue com a desnutrição e as doenças ligadas à inacessibilidade de cuidados de saúde adequados; as dificuldades e limitações na fase de escolarização e pode culminar com o desemprego crônico, ou mesmo o sub-emprego com salários insuficientes, na idade adulta.
  • 7. DESMISTIFICANDO A POBREZA • Desmitificando através da pesquisa, falas do senso comum... de que a pobreza gera problemas. • Os estudos longitudinais de Werner e Smith (1982, 1992) tiveram objetivo de estudar os efeitos cumulativos da pobreza, do estresse perinatal e dos cuidados familiares deficientes no desenvolvimento de crianças. • Foi possível perceber que nem todas as crianças provenientes de ambiente com a presença de quatro ou mais fatores de risco (pobreza, baixa escolaridade dos pais, baixo peso ao nascer, estresse perinatal, entre outros) desenvolveram ou apresentavam problemas de aprendizagem ou de comportamento. Essas crianças foram denominadas resilientes.
  • 8. Resiliência Invulnerabilidade • Não são termos que se equivalem, ou seja, a Resiliência seria uma habilidade de superar adversidades. • Não significa, no entanto, que o indivíduo saia completamente ileso de determinada situação adversa, como na ideia associada ao termo invulnerabilidade.
  • 9. As pessoas se recuperam melhor quando podem se engajar no próprio processo de recuperação. Enap
  • 10. Resiliência É, pois, uma história que se constrói, quotidianamente, desde o início da vida, a cada ação, a cada palavra, num longo processo que se inscreve em um contexto específico e se reconstrói de forma coletiva, ao longo do tempo, na qual o ambiente e tudo que o compõe são co-autores. A realidade em que o sujeito vive pode ser ameaçadora, colocando em risco a qualidade de seu viver e fazendo-o sofrer, mas ele consegue encontrar recursos que o ajudam a avançar e prosseguir. Para Boris Cyrulnik (2001), a resiliência se refere muito mais à evolução e à história de um sujeito, do que a ele mesmo. É, portanto, o caminho construído que é resiliente.
  • 11. RESILIÊNCIA • A resiliência caracteriza-se pela capacidade do ser humano responder de forma positiva às demandas da vida quotidiana, apesar das adversidades que enfrenta ao longo de seu desenvolvimento. Trata-se de um conceito que comporta um potencial valioso em termos de prevenção e promoção da saúde das populações; mas, ainda permeado de incertezas e controvérsias.