SlideShare uma empresa Scribd logo
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
  DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

  INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

  CURSO DE HISTÓRIA VESPERTINO




      DISCIPLINA 000000:TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA




 Resenha do capítulo “A observação histórica” do livro Apologia da História
                          escrito por Marc Bloch.




Matheus Monteiro Feitosa – 201231526-5
Resenha do capítulo “A observação histórica” do livro Apologia da História escrito
                                    por Marc Bloch.



   1) Apresente o autor compondo uma breve biografia intelectual assim como um
       comentário sobre suas obras mais relevantes.



       Historiador, fundador da Escola de Annales, Marc Léopold Benjamim Bloch
deixou inacabado um trabalho de metodologia histórica. Ele era judeu e se escondia sob
o regime de Vichy, participou das duas grandes guerras, e na segunda guerra ele foi
preso e morto, assim deixando Apologia da História inacabada. Neste livro, Bloch não
se limita em definir o trabalho do historiador e definir a história, mas ele também
mostra como a história deve ser e como o historiador deve trabalhar. Considerado o
maior medievalista de todos os tempos, ele foi considerado um dos grandes
responsáveis por inovações no campo do pensamento histórico. O primeiro livro do
historiador, Os reis taumaturgos, considerado obra muito original, trás estudos
históricos, sociológicos e psicológicos. Outra obra, considerada a mais importante, é Os
caracteres originais da história rural francesa, se baseia na interpretação da paisagem
rural e tipos de campos. E o último livro publicado por Bloch que trás um novo conceito
de história é A sociedade feudal.



   2) Destaque os argumentos principais de Marc Bloch e a forma como ele constrói seu
       texto.

       No capítulo II Bloch fala sobre observação histórica, de conceitos gerais de
observação do passado e construção do passado. Vestígios, testemunhos, relatos,
narrativas, inúmeras características encontradas no presente que proporcionam ao
historiador contato indireto com o passado, já que é impossível ele mesmo constatar os
fatos que estuda, como diz logo no primeiro parágrafo do texto. Muitas vezes
características descritas, faladas por testemunhas, como Bloch mesmo diz nesse trecho:
“O historiador, por definição, está na impossibilidade de ele próprio constatar os fatos
que estuda. Nenhum egiptólogo viu Ramsés; nenhum especialista das guerras
napoleônicas ouviu o canhão de Austerlitz. Das eras que nos precederam, só poderíamos
[portanto] falar segundo testemunhas.”(página 69) Podemos concluir disto e como ele
mesmo diz, que ao historiador cabe o papel de um investigador de tudo que foi
levantado, pois muitas vezes a história pode conter favorecimentos criados pela
testemunhas. Em outro trecho ele diz: “todo conhecimento da humanidade, qualquer
que seja, no tempo, seu ponto de aplicação, irá beber sempre nos testemunhos dos
outros uma grande parte da sua substância.” (página 70) Todo dado, informação, não
importando o tempo, vai absorver dos testemunhos parte da sua importância, pois o
indivíduo vê e abrange pouco, em relação a grande quantidade de acontecimentos.
Bloch argumenta no capítulo falando da primeira característica que é: “o conhecimento
de todos os fatos humanos no passado, da maior parte deles no presente, deve ser
[segundo a feliz expressão de François Simiand,] um conhecimento através de
vestígios.”(página 73) Ou seja, por mais que o fato seja recente, o historiador não
consegue fazê-lo se repetir ou investiga-lo por ele mesmo, a única forma é por vestígios
que podem ser materiais, testemunhais e narrativas.
       Em um trecho essencial para compreensão de outro argumento, Bloch fala que o
passado não tem como ser mudado, já o conhecimento é algo que não só pode, como
está em transformação e aperfeiçoamento.       Inclusive novos modos de pesquisa e
investigação surgem ajudando no avanço do conhecimento.
Os testemunhos, documentos postos pelo passado a disposição dos historiadores, Marc
fala dos não voluntários e vai bem fundo dando exemplos dos do primeiro grupo, que
são os testemunhos voluntários. Nesse trecho por exemplo: “...a fim de que as coisas
feitas pelos homens não sejam esquecidas com o tempo e que grandes e maravilhosas
ações, realizadas tanto pelos gregos como pelos bárbaros, nada percam de seu brilho.
Assim começa o mais antigo livro de história que, no mundo ocidental, chegou até nós
sem ser no estado de fragmentos. Ao lado dele, coloquemos, por exemplo, um desses
guias de viagem que os egípcios [, na época dos faraós,] introduziam nos
túmulos.”(página 76) Ao mesmo tempo que os testemunhos tem a sua dúvida sobre a
autenticidade,   veracidade e se vestígios ficaram pelos caminhos, o historiador
desempenha o papel de tirar proveito do que tem, não deixando que buracos o atrapalhe,
mas “eles afastam de nossos estudos um perigo mais mortal do que a ignorância ou a
inexatidão: o de uma esclerose.” (página 77) Mesmo que fiquemos tão presos a esses
relatos do passado, ao mesmo tempo somos livres no sentido de que por meio dos
vestígios podemos conhecer muito mais daquilo que os testemunhos queriam nos falar.
Um trecho importantíssimo explica melhor: Mas, a partir do momento em que não nos
resignamos mais a registrar [pura e] simplesmenteas palavras de nossas testemunhas, a
partir do momento em que tencionamos fazê-las falar [mesmo, a contragosto], mais do
que nunca impõe-se um questionário. Esta é, com efeito, a primeira necessidade de que
qualquer pesquisa histórica bem conduzida.” (página 78) O historiador então não pode
se ver preso a investigar sem procurar questionar cada vestígio, em vez de apenas
registrar aquilo que foi dito pelas testemunhas. Textos ou documentos arqueológicos
também são considerados por Bloch difíceis de se estudar, a não ser que seja feita uma
análise completa e minuciosa, como Bloch mesmo diz: “...senão quando sabemos
interroga-los.”(página 79) Essa dificuldade Bloch mostra ser relativa, pois existe uma
infinita diversidade de testemunhos, pois tudo que o homem fez no passado pode se
tornar para o futuro um fato ou vestígio que auxilia no entendimento do passado.
       Como terceira e última parte do capítulo, Bloch trás para nós argumentos da
dificuldade que ele destaca ser uma das mais difíceis, que é levantar documentos que o
historiador estima ser necessário. Ele também apresenta a ajuda trazida de
“...inventários de arquivos ou de bibliotecas, catálogos de museus, repertórios
bibliográficos de toda sorte.”(página 82) É lamentável a falta de instrumentos, e a
atualização tenha sido abandonada. E ele completa: “A ferramenta [,decerto,] não faz a
ciência. Mas uma sociedade que pretende respeitar as ciências não deveria se
desinteressar de suas ferramentas.” (página 82)
       Bloch finaliza apontando a desvantagem que o historiador está em relação a sua
carência das confidências involuntárias. E diz que será assim até que haja organização
racional, por parte das sociedades, do conhecimento delas mesmas. Lutando contra os
dois principais responsáveis pelo esquecimento e pela ignorância, que são: a
negligência, que some com documentos, eo sigilo diplomático, sigilo das famílias que
escondem ou destroem. Quando nossa sociedade dar lugar merecido, valorizar, a
informação, nossa sociedade dará um grande passo ao progresso.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

24.02 atividade sociologia_3_b_douglas
24.02 atividade sociologia_3_b_douglas24.02 atividade sociologia_3_b_douglas
24.02 atividade sociologia_3_b_douglas
DouglasElaine Moraes
 
Iluminismo
IluminismoIluminismo
Iluminismo
Janaína Tavares
 
1. introdução aos estudos históricos
1. introdução aos estudos históricos1. introdução aos estudos históricos
1. introdução aos estudos históricos
Suellen Barbosa
 
V dfilo cap5p_formas_crenca
V dfilo cap5p_formas_crencaV dfilo cap5p_formas_crenca
V dfilo cap5p_formas_crenca
Leonardo Espíndola Espindola Moreira
 
Revoluções Burguesas - Inglaterra
Revoluções Burguesas -  InglaterraRevoluções Burguesas -  Inglaterra
Revoluções Burguesas - Inglaterra
Daniel Alves Bronstrup
 
Revolução Industrial
Revolução IndustrialRevolução Industrial
Revolução Industrial
isameucci
 
Participação do Brasil na Primeira guerra mundial
Participação do Brasil na Primeira guerra mundialParticipação do Brasil na Primeira guerra mundial
Participação do Brasil na Primeira guerra mundial
Poliana Tavares
 
Imperialismo e Neocolonialismo
Imperialismo e NeocolonialismoImperialismo e Neocolonialismo
Imperialismo e Neocolonialismo
isameucci
 
Abolição da escravatura no Brasil.pptx
Abolição da escravatura no Brasil.pptxAbolição da escravatura no Brasil.pptx
Abolição da escravatura no Brasil.pptx
ANDRÉA FERREIRA
 
Historiografia da História
Historiografia da HistóriaHistoriografia da História
Historiografia da História
Cristóvão Gomes
 
Ideias sociais e políticas do Século XIX
Ideias sociais  e políticas do Século XIXIdeias sociais  e políticas do Século XIX
Ideias sociais e políticas do Século XIX
lourenco_comcedilha
 
9. revolução inglesa
9. revolução inglesa9. revolução inglesa
9. revolução inglesa
José Augusto Fiorin
 
Governos poplistas no brasil
Governos poplistas no brasilGovernos poplistas no brasil
Governos poplistas no brasil
Rodrigo Luiz
 
Crise do Império - Proclamação da República
Crise do Império - Proclamação da RepúblicaCrise do Império - Proclamação da República
Crise do Império - Proclamação da República
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
 
A escola dos annales
A escola dos annalesA escola dos annales
A escola dos annales
Carol Pires
 
Fake news
Fake newsFake news
Fake news
ANDRÉA FERREIRA
 
Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc...
 Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc... Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc...
Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc...
Leonardo Diogo Silva
 
A revolução da historiografia
A revolução da historiografiaA revolução da historiografia
A revolução da historiografia
Nila Michele Bastos Santos
 
Brasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filéBrasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filé
mundica broda
 
O QUE É HISTÓRIA
O QUE É HISTÓRIAO QUE É HISTÓRIA
O QUE É HISTÓRIA
Nila Michele Bastos Santos
 

Mais procurados (20)

24.02 atividade sociologia_3_b_douglas
24.02 atividade sociologia_3_b_douglas24.02 atividade sociologia_3_b_douglas
24.02 atividade sociologia_3_b_douglas
 
Iluminismo
IluminismoIluminismo
Iluminismo
 
1. introdução aos estudos históricos
1. introdução aos estudos históricos1. introdução aos estudos históricos
1. introdução aos estudos históricos
 
V dfilo cap5p_formas_crenca
V dfilo cap5p_formas_crencaV dfilo cap5p_formas_crenca
V dfilo cap5p_formas_crenca
 
Revoluções Burguesas - Inglaterra
Revoluções Burguesas -  InglaterraRevoluções Burguesas -  Inglaterra
Revoluções Burguesas - Inglaterra
 
Revolução Industrial
Revolução IndustrialRevolução Industrial
Revolução Industrial
 
Participação do Brasil na Primeira guerra mundial
Participação do Brasil na Primeira guerra mundialParticipação do Brasil na Primeira guerra mundial
Participação do Brasil na Primeira guerra mundial
 
Imperialismo e Neocolonialismo
Imperialismo e NeocolonialismoImperialismo e Neocolonialismo
Imperialismo e Neocolonialismo
 
Abolição da escravatura no Brasil.pptx
Abolição da escravatura no Brasil.pptxAbolição da escravatura no Brasil.pptx
Abolição da escravatura no Brasil.pptx
 
Historiografia da História
Historiografia da HistóriaHistoriografia da História
Historiografia da História
 
Ideias sociais e políticas do Século XIX
Ideias sociais  e políticas do Século XIXIdeias sociais  e políticas do Século XIX
Ideias sociais e políticas do Século XIX
 
9. revolução inglesa
9. revolução inglesa9. revolução inglesa
9. revolução inglesa
 
Governos poplistas no brasil
Governos poplistas no brasilGovernos poplistas no brasil
Governos poplistas no brasil
 
Crise do Império - Proclamação da República
Crise do Império - Proclamação da RepúblicaCrise do Império - Proclamação da República
Crise do Império - Proclamação da República
 
A escola dos annales
A escola dos annalesA escola dos annales
A escola dos annales
 
Fake news
Fake newsFake news
Fake news
 
Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc...
 Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc... Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc...
Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) / Secretaria de Comunicação Soc...
 
A revolução da historiografia
A revolução da historiografiaA revolução da historiografia
A revolução da historiografia
 
Brasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filéBrasil ciclo do ouro.filé
Brasil ciclo do ouro.filé
 
O QUE É HISTÓRIA
O QUE É HISTÓRIAO QUE É HISTÓRIA
O QUE É HISTÓRIA
 

Destaque

Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.
Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.
Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.
Ianna Rolim
 
Resenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das Guerras
Resenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das GuerrasResenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das Guerras
Resenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das Guerras
Ricardo Jorge
 
Resenha crítica modelo
Resenha crítica   modeloResenha crítica   modelo
Resenha crítica modelo
taise_paz
 
Idade Média
Idade MédiaIdade Média
Idade Média
Marilia Pimentel
 
Reumatismo
ReumatismoReumatismo
História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...
História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...
História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...
Silvânio Barcelos
 
Resenha do livro Safári de Estratégia
Resenha do livro Safári de EstratégiaResenha do livro Safári de Estratégia
Resenha do livro Safári de Estratégia
Tiago Bartz Schneider
 
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
Angela Albarello Tolfo
 

Destaque (8)

Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.
Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.
Resenha do capitulo 10 do livro casa pequena história de uma ideia.
 
Resenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das Guerras
Resenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das GuerrasResenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das Guerras
Resenha do capítulo Guerras Bárbaras, do livro História das Guerras
 
Resenha crítica modelo
Resenha crítica   modeloResenha crítica   modelo
Resenha crítica modelo
 
Idade Média
Idade MédiaIdade Média
Idade Média
 
Reumatismo
ReumatismoReumatismo
Reumatismo
 
História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...
História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...
História da história no brasil. resenha do livro história & ensino de históri...
 
Resenha do livro Safári de Estratégia
Resenha do livro Safári de EstratégiaResenha do livro Safári de Estratégia
Resenha do livro Safári de Estratégia
 
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
 

Semelhante a Resenha do capítulo temh

His m01t10b saliba
His m01t10b salibaHis m01t10b saliba
His m01t10b saliba
Andrea Cortelazzi
 
A escrita da história
A escrita da história A escrita da história
A escrita da história
7 de Setembro
 
Lista de exercícios 1 - Introdução à História
Lista de exercícios 1 - Introdução à HistóriaLista de exercícios 1 - Introdução à História
Lista de exercícios 1 - Introdução à História
Zé Knust
 
Aual 2.2 paul veyne
Aual 2.2   paul veyneAual 2.2   paul veyne
Aual 2.2 paul veyne
Viviane Borges
 
2.introdução á história.14
2.introdução á história.142.introdução á história.14
2.introdução á história.14
Jose Ribamar Santos
 
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukae-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
cesarmrios
 
2.introdução á história.15.
2.introdução á história.15.2.introdução á história.15.
2.introdução á história.15.
Jose Ribamar Santos
 
História-e-Memória.pdf
História-e-Memória.pdfHistória-e-Memória.pdf
História-e-Memória.pdf
alealmeida14
 
Documento e monumento
Documento e monumentoDocumento e monumento
Documento e monumento
Nila Michele Bastos Santos
 
Teoria da história o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...
Teoria da história   o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...Teoria da história   o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...
Teoria da história o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...
Professor: Ellington Alexandre
 
Breve_Hist_Ed.pptx
Breve_Hist_Ed.pptxBreve_Hist_Ed.pptx
Breve_Hist_Ed.pptx
Igor Sampaio Pinho
 
Aula 01 hist 1
Aula 01 hist 1Aula 01 hist 1
Aula 01 hist 1
Samara Saliba
 
Os annales e a história nova
Os annales e a história novaOs annales e a história nova
Os annales e a história nova
Mibelly Rocha
 
1° teoria da história
1° teoria da história1° teoria da história
1° teoria da história
Ajudar Pessoas
 
His m02t05
His m02t05His m02t05
His m02t05
Andrea Cortelazzi
 
Teoria e historia jose carlos reis
Teoria e historia   jose carlos reisTeoria e historia   jose carlos reis
Teoria e historia jose carlos reis
Fabiana de Andrade
 
artigo-6-a-10.pdf
artigo-6-a-10.pdfartigo-6-a-10.pdf
artigo-6-a-10.pdf
NatliaRitadeAlmeida1
 
PRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOS
PRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOSPRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOS
PRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOS
Jorge Marcos Oliveira
 
Introdução à história
Introdução à históriaIntrodução à história
Introdução à história
Zé Knust
 
Gluckman
GluckmanGluckman

Semelhante a Resenha do capítulo temh (20)

His m01t10b saliba
His m01t10b salibaHis m01t10b saliba
His m01t10b saliba
 
A escrita da história
A escrita da história A escrita da história
A escrita da história
 
Lista de exercícios 1 - Introdução à História
Lista de exercícios 1 - Introdução à HistóriaLista de exercícios 1 - Introdução à História
Lista de exercícios 1 - Introdução à História
 
Aual 2.2 paul veyne
Aual 2.2   paul veyneAual 2.2   paul veyne
Aual 2.2 paul veyne
 
2.introdução á história.14
2.introdução á história.142.introdução á história.14
2.introdução á história.14
 
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukae-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
 
2.introdução á história.15.
2.introdução á história.15.2.introdução á história.15.
2.introdução á história.15.
 
História-e-Memória.pdf
História-e-Memória.pdfHistória-e-Memória.pdf
História-e-Memória.pdf
 
Documento e monumento
Documento e monumentoDocumento e monumento
Documento e monumento
 
Teoria da história o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...
Teoria da história   o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...Teoria da história   o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...
Teoria da história o conhecimento histórico (positivismo, marxismo, annales...
 
Breve_Hist_Ed.pptx
Breve_Hist_Ed.pptxBreve_Hist_Ed.pptx
Breve_Hist_Ed.pptx
 
Aula 01 hist 1
Aula 01 hist 1Aula 01 hist 1
Aula 01 hist 1
 
Os annales e a história nova
Os annales e a história novaOs annales e a história nova
Os annales e a história nova
 
1° teoria da história
1° teoria da história1° teoria da história
1° teoria da história
 
His m02t05
His m02t05His m02t05
His m02t05
 
Teoria e historia jose carlos reis
Teoria e historia   jose carlos reisTeoria e historia   jose carlos reis
Teoria e historia jose carlos reis
 
artigo-6-a-10.pdf
artigo-6-a-10.pdfartigo-6-a-10.pdf
artigo-6-a-10.pdf
 
PRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOS
PRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOSPRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOS
PRE SEED - 2014 - CONCEITOS BÁSICOS
 
Introdução à história
Introdução à históriaIntrodução à história
Introdução à história
 
Gluckman
GluckmanGluckman
Gluckman
 

Resenha do capítulo temh

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE HISTÓRIA VESPERTINO DISCIPLINA 000000:TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA Resenha do capítulo “A observação histórica” do livro Apologia da História escrito por Marc Bloch. Matheus Monteiro Feitosa – 201231526-5
  • 2. Resenha do capítulo “A observação histórica” do livro Apologia da História escrito por Marc Bloch. 1) Apresente o autor compondo uma breve biografia intelectual assim como um comentário sobre suas obras mais relevantes. Historiador, fundador da Escola de Annales, Marc Léopold Benjamim Bloch deixou inacabado um trabalho de metodologia histórica. Ele era judeu e se escondia sob o regime de Vichy, participou das duas grandes guerras, e na segunda guerra ele foi preso e morto, assim deixando Apologia da História inacabada. Neste livro, Bloch não se limita em definir o trabalho do historiador e definir a história, mas ele também mostra como a história deve ser e como o historiador deve trabalhar. Considerado o maior medievalista de todos os tempos, ele foi considerado um dos grandes responsáveis por inovações no campo do pensamento histórico. O primeiro livro do historiador, Os reis taumaturgos, considerado obra muito original, trás estudos históricos, sociológicos e psicológicos. Outra obra, considerada a mais importante, é Os caracteres originais da história rural francesa, se baseia na interpretação da paisagem rural e tipos de campos. E o último livro publicado por Bloch que trás um novo conceito de história é A sociedade feudal. 2) Destaque os argumentos principais de Marc Bloch e a forma como ele constrói seu texto. No capítulo II Bloch fala sobre observação histórica, de conceitos gerais de observação do passado e construção do passado. Vestígios, testemunhos, relatos, narrativas, inúmeras características encontradas no presente que proporcionam ao historiador contato indireto com o passado, já que é impossível ele mesmo constatar os fatos que estuda, como diz logo no primeiro parágrafo do texto. Muitas vezes características descritas, faladas por testemunhas, como Bloch mesmo diz nesse trecho: “O historiador, por definição, está na impossibilidade de ele próprio constatar os fatos que estuda. Nenhum egiptólogo viu Ramsés; nenhum especialista das guerras napoleônicas ouviu o canhão de Austerlitz. Das eras que nos precederam, só poderíamos
  • 3. [portanto] falar segundo testemunhas.”(página 69) Podemos concluir disto e como ele mesmo diz, que ao historiador cabe o papel de um investigador de tudo que foi levantado, pois muitas vezes a história pode conter favorecimentos criados pela testemunhas. Em outro trecho ele diz: “todo conhecimento da humanidade, qualquer que seja, no tempo, seu ponto de aplicação, irá beber sempre nos testemunhos dos outros uma grande parte da sua substância.” (página 70) Todo dado, informação, não importando o tempo, vai absorver dos testemunhos parte da sua importância, pois o indivíduo vê e abrange pouco, em relação a grande quantidade de acontecimentos. Bloch argumenta no capítulo falando da primeira característica que é: “o conhecimento de todos os fatos humanos no passado, da maior parte deles no presente, deve ser [segundo a feliz expressão de François Simiand,] um conhecimento através de vestígios.”(página 73) Ou seja, por mais que o fato seja recente, o historiador não consegue fazê-lo se repetir ou investiga-lo por ele mesmo, a única forma é por vestígios que podem ser materiais, testemunhais e narrativas. Em um trecho essencial para compreensão de outro argumento, Bloch fala que o passado não tem como ser mudado, já o conhecimento é algo que não só pode, como está em transformação e aperfeiçoamento. Inclusive novos modos de pesquisa e investigação surgem ajudando no avanço do conhecimento. Os testemunhos, documentos postos pelo passado a disposição dos historiadores, Marc fala dos não voluntários e vai bem fundo dando exemplos dos do primeiro grupo, que são os testemunhos voluntários. Nesse trecho por exemplo: “...a fim de que as coisas feitas pelos homens não sejam esquecidas com o tempo e que grandes e maravilhosas ações, realizadas tanto pelos gregos como pelos bárbaros, nada percam de seu brilho. Assim começa o mais antigo livro de história que, no mundo ocidental, chegou até nós sem ser no estado de fragmentos. Ao lado dele, coloquemos, por exemplo, um desses guias de viagem que os egípcios [, na época dos faraós,] introduziam nos túmulos.”(página 76) Ao mesmo tempo que os testemunhos tem a sua dúvida sobre a autenticidade, veracidade e se vestígios ficaram pelos caminhos, o historiador desempenha o papel de tirar proveito do que tem, não deixando que buracos o atrapalhe, mas “eles afastam de nossos estudos um perigo mais mortal do que a ignorância ou a inexatidão: o de uma esclerose.” (página 77) Mesmo que fiquemos tão presos a esses relatos do passado, ao mesmo tempo somos livres no sentido de que por meio dos vestígios podemos conhecer muito mais daquilo que os testemunhos queriam nos falar. Um trecho importantíssimo explica melhor: Mas, a partir do momento em que não nos
  • 4. resignamos mais a registrar [pura e] simplesmenteas palavras de nossas testemunhas, a partir do momento em que tencionamos fazê-las falar [mesmo, a contragosto], mais do que nunca impõe-se um questionário. Esta é, com efeito, a primeira necessidade de que qualquer pesquisa histórica bem conduzida.” (página 78) O historiador então não pode se ver preso a investigar sem procurar questionar cada vestígio, em vez de apenas registrar aquilo que foi dito pelas testemunhas. Textos ou documentos arqueológicos também são considerados por Bloch difíceis de se estudar, a não ser que seja feita uma análise completa e minuciosa, como Bloch mesmo diz: “...senão quando sabemos interroga-los.”(página 79) Essa dificuldade Bloch mostra ser relativa, pois existe uma infinita diversidade de testemunhos, pois tudo que o homem fez no passado pode se tornar para o futuro um fato ou vestígio que auxilia no entendimento do passado. Como terceira e última parte do capítulo, Bloch trás para nós argumentos da dificuldade que ele destaca ser uma das mais difíceis, que é levantar documentos que o historiador estima ser necessário. Ele também apresenta a ajuda trazida de “...inventários de arquivos ou de bibliotecas, catálogos de museus, repertórios bibliográficos de toda sorte.”(página 82) É lamentável a falta de instrumentos, e a atualização tenha sido abandonada. E ele completa: “A ferramenta [,decerto,] não faz a ciência. Mas uma sociedade que pretende respeitar as ciências não deveria se desinteressar de suas ferramentas.” (página 82) Bloch finaliza apontando a desvantagem que o historiador está em relação a sua carência das confidências involuntárias. E diz que será assim até que haja organização racional, por parte das sociedades, do conhecimento delas mesmas. Lutando contra os dois principais responsáveis pelo esquecimento e pela ignorância, que são: a negligência, que some com documentos, eo sigilo diplomático, sigilo das famílias que escondem ou destroem. Quando nossa sociedade dar lugar merecido, valorizar, a informação, nossa sociedade dará um grande passo ao progresso.