O documento discute a recuperação de áreas degradadas por aterros sanitários. Ele explica como os aterros sanitários causam degradação ambiental através da formação de chorume e emissão de gases. Além disso, descreve métodos para recuperar as áreas degradadas, como plantio de gramíneas nos taludes para evitar erosão e deslizamentos de terra.
2. Os aterros sanitários vieram permitir de uma forma gradual abandonar e
encerrar as práticas dos lixões existentes e requalificar essas áreas potencialmente
poluídas. É uma solução técnica e ambientalmente adequada para o tratamento e
destino final dos resíduos sólidos urbanos, e não deve hoje de modo algum ser
encarada ou confundida como um lixão ou aterro controlado.
O aterro sanitário é uma unidade de tratamento e valorização de resíduos
indiferenciados. Nele, só são depositados os resíduos que não puderem ser
valorizados de outras formas, nomeadamente reutilização, reciclagem e valorização
orgânica ou energética.
Este trabalho visa esclarecer como funciona o método de deposição de
resíduos sólidos em aterros sanitários e seus principais impactos, assim como a
importância e alguns métodos para promover a recuperação das áreas degradadas.
3. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL CAUSADA
PELOS ATERROS SANITÁRIOS.
No Brasil ocorre um sério problema ambiental decorrente da
destinação inadequada de resíduos sólidos urbanos, que ocasiona a
contaminação do solo e lençol freático através da formação de
chorume, contaminação do ar através da queima do lixo e a poluição
visual. Portanto, torna-se necessária uma maior preocupação das
autoridades competentes em utilizar métodos menos impactantes e
mais eficientes para a destinação final do lixo urbano. Além disso, é
importante que seja feita a recuperação da área degradada, para
mitigar os impactos causados pela criação dos aterros sanitários.
4. LIXÃO X ATERRO SANITÁRIO
Os principais impactos observados no lixão foram poluição visual,
contaminação do solo pela formação de chorume, presença de vetores
de doenças (moscas, ratos, cachorros entre outros), poluição do ar
através da queima constante do lixo e odores desagradáveis, e os
impactos sociais devido a presença de pessoas vivendo da coleta do
lixo em condições insalubres.
Já no aterro sanitário não foram observados os impactos presentes
no lixão, já que este foi planejado para reduzir ao máximo os impactos
do lixo, como a captação e o tratamento do chorume, a
impermeabilização do solo, a construção de canais de drenagem das
águas pluviais, aproveitamento dos gases produzidos pela
decomposição do lixo e ainda o impacto visual é minimizado, pois foi
mantido um cinturão verde ao redor do aterro e o lixo está
constantemente sendo coberto.
5. O QUE É UM ATERRO SANITÁRIO?
Segundo a NBR 8419/1992 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, o aterro sanitário é uma técnica de
disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, que não causa
danos à saúde pública e ao meio ambiente, utilizando, para
tanto, medidas de minimização dos impactos ambientais. Esse
método utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos na menor área possível e reduzi-los ao menor
volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na
conclusão de cada trabalho, ou intervalos menores, se
necessário.
6. SÃO DIVIDIDOS EM DOIS TIPOS:
Aterro convencional: formação de camadas de
resíduos compactados, que são sobrepostas acima do
nível original do terreno resultando em configurações
típicas de “escada” ou de “troncos de pirâmide”.
7. Aterro em valas: visa facilitar a operação do aterramento
dos resíduos e a formação das células e camadas, assim
sendo, tem-se o preenchimento total da trincheira, que
deve devolver ao terreno a sua topografia inicial.
8. Os aterros sanitários apresentam uma configuração geral:
setor de preparação, setor de execução e setor concluído.
9. DEGRADAÇÃO NO ATERRO SANITÁRIO
Apesar desta técnica ser uma das menos impactantes em
comparação com os “lixões a céu aberto”, ela também causa
efeitos negativos para o meio ambiente que precisam e
devem ser mitigados com a recuperação das áreas
degradadas.
De acordo com MOREIRA (2004), tal atividade tem por
objetivo restaurar a função e a estrutura do ambiente
degradado, fazendo com que este retome as características
anteriores à ação antrópica ou distúrbio ambiental que
ocasionou a degradação.
10. DEGRADAÇÃO NO ATERRO SANITÁRIO
Áreas degradadas são extensões naturais que
perderam a capacidade de recuperação natural após
sofrerem distúrbios.
Por isso o Aterro Sanitário é considerado uma
área ambientalmente degradada porque geralmente
são utilizadas encostas onde havia um solo, uma
vegetação e a fauna natural e que foram retirados
para a implantação de atividades de recebimento e
armazenamento de resíduos sólidos, o que sem
dúvidas, causam distúrbios severos e que impedem
uma regeneração natural da área.
11. PRINCIPAIS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE
Os principais impactos são vistos no solo, água e ar. Um sério
problema que ocorre nos aterros sanitários é a formação de chorume,
que é o líquido produzido pela massa orgânica do lixo durante o
processo de degradação biológica do mesmo (NASCIMENTO FILHO
et. al., 2001).
O chorume é o maior poluidor do solo e da água quando se fala
em depósito de lixo. De acordo com SERAFIM et al. (2003), chorume
é um líquido escuro gerado pela degradação dos resíduos em lixões.
Ele pode surgir de três diferentes fontes. Primeiramente, da
umidade natural do lixo, aumentando no período chuvoso. Pode ser
proveniente também da água de constituição da matéria orgânica, que
escorre durante o processo de decomposição. Por último, pode ser
gerado a partir das bactérias existentes no lixo, que expelem enzimas
que dissolvem a matéria orgânica com a formação de líquido.
12. PRINCIPAIS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE
Este líquido em contato com a água da chuva,
que percola a massa do aterro, gera o lixiviado
tóxico, altos teores de metais dissolvidos e amônia.
No Brasil, o chorume é coletado nos aterros
sanitários e transportado, em caminhões pipa, para
Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), onde é
submetido à degradação microbiológica.
Após isso, o chorume é lançado, juntamente com
o esgoto tratado em águas superficiais. Uma vez que
são desconhecidas as identidades dos compostos
presentes no chorume, não há como prever se este
tratamento é efetivo (NASCIMENTO FILHO et al.,
2001).
13. PRINCIPAIS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE
No que se refere aos gases provenientes das áreas de
disposição de resíduos, as consequências mais comuns referem-
se aos efeitos tóxicos na vegetação da área de disposição e
adjacências, devido a redução do nível de oxigênio na zona
radicular das plantas.
O metano proveniente das áreas de disposição de resíduos
sólidos como o segundo elemento causador de efeito-estufa na
atmosfera.
A composição média dos principais gases de aterro são: 55
a 65% de metano, 40 a 45% de dióxido de carbono e elementos-
traço. Entre todos, o metano é o componente mais problemático
devido ao fato de sua concentração, nas áreas de disposição de
resíduos sólidos, ser em torno de 3x105
14. A Lei 6938, de 31 de agosto de 1981 denominada Política Nacional
do Meio Ambiente, faz as seguintes citações:
Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, ao País, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios:
(...)
VIII – recuperação de áreas degradadas;
artigo 4º - VI está mencionado que “à preservação e restauração dos
18 recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do
equilíbrio ecológico propício à vida”
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM
ÁREAS DE DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
15. Como podemos ver a legislação já descreve que a
recuperação de áreas degradadas se faz necessária para garantir
uma situação de segurança em vários aspectos para a população.
Com isso pode-se afirmar que recuperar áreas destinadas ao
acolhimento de resíduos é, em primeiro lugar, uma questão de o
município estar em conformidade com a lei.
Uma vez que o aterro sanitário segue as normas estabelecidas
de recuperação de sua área degradada, estará também trazendo
benefícios para a população local e, consequentemente, para o
restante da população, já que o ecossistema irá, aos poucos, voltar
a manter um equilíbrio ambiental.
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM
ÁREAS DE DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
16. SISTEMA DE RECUPERAÇÃO ATRAVÉS DE
PLANTAÇÃO DE GRAMÍNEAS EM TALUDES.
Nos Aterros sanitários os resíduos são depositados em células e estas
formam os taludes, depois de encerradas as atividades de deposição de
resíduos, estes devem ser revegetados.
De acordo com EINLOFT et al. (1997) a deterioração física do solo
favorece o processo erosivo durante a estação chuvosa e isso acarreta em
problemas como quedas de barreira e deslizamentos de terra.
Em se tratando de acúmulo de resíduos sólidos, é imprescindível que
se dê atenção especial à questão da revegetação desses taludes, pois neste
caso, um deslizamento de terra significaria toneladas de lixo sendo
espalhados em córregos, residências ou até mesmo estradas. Isso causaria
não só um impacto visual negativo, mas também social e ambiental.
As técnicas mais utilizadas para a recuperação de taludes são: método
de placas de grama, plantio em covas, uso de serrapilheira,
hidrossemeadura e semeadura a lanço. Todos estes métodos podem
apresentar resultados positivos dependendo das condições específicas de
determinados locais. Estas condições determinarão se a recuperação será
ou não satisfatória.
18. Um obstáculo que se encontra quando se decide recuperar os
taludes de um aterro sanitário é a falta de solo ideal para o
crescimento das espécies vegetais.
Nestes locais, como já mencionado anteriormente, os resíduos
são depositados e selados com uma camada de solo. Este solo é
chamado material inerte .
Portanto, quando uma célula de deposição de resíduos é
encerrada o que se tem é uma camada superficial de um solo
muito argiloso. Este é aproveitado do próprio corte feito na
encosta para a montagem da célula de resíduos. As áreas a serem
recuperadas não contam com a camada superficial do solo .
SISTEMA DE RECUPERAÇÃO ATRAVÉS DE
PLANTAÇÃO DE GRAMÍNEAS EM TALUDES.
23. Monitoramento Durante a Fase de
Operação do Aterro
• Disposição de resíduos;
• Geração de lixiviados;
• Geração de biogás;
• Controle tecnológico do sistema.
Um sistema de disposição final de resíduos deve conter instalações de captação e
Armazenamento. Esses elementos são de extrema importância para o monitoramento,
pois é a partir deles que as coletas poderão ser realizadas, permitindo acompanhar a
evolução do processo de degradação.
O monitoramento durante a etapa de operação consiste na continuidade das atividades
etapa de implantação, acrescentando-se o monitoramento dos lixiviados
e do biogás
24. • Intervalos de variação
de alguns parâmetros
monitorados nos
lixiviados de um aterro
sanitário durante o
período de 1994 a 1997
•A composição dos
lixiviados varia
amplamente à medida
que o processo de
degradação biológica
evolui.
25. Monitoramento de águas do subsolo e de águas
superficiais
• Tem continuidade seguindo as recomendações feitas para a fase de implantação e as
orientações contidas na licença de operação expedida pelo órgão ambiental;
Monitoramento dos lixiviados
Concepção dos pontos
de amostragem
Armazenamento de lixiviados em poços de
captação ou tanques de equalização;
visam manter os líquidos sob controle e
homogeneizá-los.
Amostragem
Utilizados diretamente os frascos de acondicionamento, ou
coletores específicos;
Seguindo as orientações da NBR 9898/87 (Preservação e
técnica de amostragem de efluentes líquidos e corpos
receptores).
26. Parâmetros a serem
monitorados
Relacionada à qualidade e à quantidade dos
resíduos destinados ao sistema
Desta forma, não é possível generalizar uma lista
de parâmetros aplicável a todos os aterros.
Considerando um aterro que receba exclusivamente resíduos de origem
domiciliar e que adote a recirculação de lixiviados os parâmetros
monitorados são:
• pH;
• DQO;
• DBO;
• Nitrogênio total;
• Nitrogênio amoniacal;
• Fosfatos totais.
27. Monitoramento Geotécnico do Sistema
Poderá ser dispensado se algumas características forem bem
avaliadas.
Camadas de Subsolo;
Profundidade do Nível Freático;
Condicionantes de fluxo subsuperficial;
Intensidade pluviométrica;
Estrutura do sistema de disposição ;
Sistema de contenção e drenagem de líquidos e gases;
Camadas de cobertura;
Drenagem de águas superficiais;
Volumes e composição dos resíduos.
Características a
serem avaliadas:
28. CONTROLE TOPOGRÁFICO
Disposição de marcos superficiais e inclinômetros para monitoramento
da estabilidade de taludes (baseado em Baghi,1994).
29. Monitorização Ambiental
Após o encerramento de um aterro sanitário, os
impactos decorrentes da sua implantação, encerram-
se apenas parcialmente, persistindo-se o risco de
acidentes e de contaminação ambiental. É necessário,
portanto, elaborar um Plano de Monitorização a fim
de que se possa avaliar frequentemente parâmetros
indicadores do risco e do potencial impactante do
aterro.
30. ENCERRAMENTO DE ATERROS SANITÁRIOS
Finalmente destacamos que o aterro sanitário não deve ser
encerrado sem que sejam efetuadas as intervenções
necessárias para a sua recuperação ambiental reduzindo-se o
seu potencial impactante.
Principais intervenções: Cada aterro sanitário possui
características que devem ser analisadas ao se planejar o
encerramento. De acordo com as características levantadas,
deve-se determinar as intervenções mais apropriadas para
cada localidade.
31. PRINCIPAIS INTERVENÇÕES
Impermeabilização Superficial: Sobre toda a superfície onde existem
resíduos depositados, é necessário implantar uma camada
impermeabilizante.
Plantio de Gramíneas: Sobre a camada impermeabilizante deve-se aplicar
uma camada de terra apropriada para o plantio e cultivo de gramíneas.
Drenagem de águas pluviais: Sobre a superfície acabada do aterro, deverá
ser implantado o sistema de drenagem para o escoamento das águas pluviais,
protegendo os taludes e a superfície do aterro de erosões.
Implantação de Projeto Paisagístico e de Ocupação Futura da Área: No
encerramento do aterro sanitário, deve ser desenvolvida a revegetação da
área, conforme diretrizes aprovadas no estudo ambiental do
empreendimento, da mesma forma que a ocupação prevista para a área deve
ser implementada .
32. CONCLUSÃO
Apesar disso, os Aterros Sanitários ainda causam
impactos, principalmente ambientais. Tais impactos
devem ser mitigados com a recuperação das áreas
degradadas.
É possível adquirir bons resultados, já que muitas
pesquisas neste ramo têm sido feitas e muitas
técnicas de recuperação de áreas degradadas têm sido
desenvolvidas no sentido de estabelecer uma
cobertura vegetal que possa chegar a atingir estrutura
de floresta autosustentável, assim como era antes da
degradação.
33. REFERÊNCIAS
CASTILHOS JÚNIOR, A. B. et al. Alternativas de disposição de resíduos sólidos
urbanos para pequenas comunidades. Brasília, 2002. Relatório Final.
PESSIN, N. et al. Aterramento celular de resíduos sólidos domésticos em
municípios de pequeno porte. Brasília, 2003. Relatório Final.
GOMES, L. P. et al. Alternativa de disposição final de resíduos sólidos urbanos:
trincheiras em série. Brasília, 2003. Relatório Final.