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Balance in the elderly
Resumo / Summary
Com o passar dos anos, o organismo humano passa por um
processo natural de envelhecimento, gerando modificações fun-
cionais e estruturais no organismo. As vias responsáveis pelo
equilíbrio corporal também sofrem com o processo do envelhe-
cimento, gerando grande impacto para os idosos.Objetivo:Assim,
o presente trabalho objetiva estudar a função vestibular de ido-
sos em função das queixas de tontura, zumbido e dificuldade
auditiva. Forma de estudo: Coorte transversal. Material e
método: Foram avaliados 80 idosos de dois grupos distintos:
Grupo A - composto por 38 mulheres e dois homens perten-
centes a um grupo de terceira idade; e Grupo B: composto por
35 mulheres e cinco homens com queixas efetivas de altera-
ções do equilíbrio corporal. Resultado: Os idosos foram sub-
metidos à anamnese, sendo investigados prioritariamente as-
pectos relativos a tontura, zumbido e dificuldade auditiva; e à
avaliação vestibular, realizada por intermédio do sistema
computadorizado de vecto-eletronistagmografia SCV 5.0. Os re-
sultados demonstram uma diferença estatisticamente significante
entre os grupos, no que diz respeito às queixas de tontura e
zumbido, as quais prevaleceram nos indivíduos do grupo B. Na
hipótese diagnóstica predominante à vecto-eletronistagmogra-
fia computadorizada constatou-se que a maioria dos idosos apre-
sentou diagnóstico normal, porém verificou-se a prevalência de
alterações vestibulares nos idosos como Síndrome vestibular pe-
riférica deficitária e Síndrome vestibular periférica irritativa. Não
se observou sinais patognomônicos de alterações centrais ao
exame vestibular. Conclusão: Concluiu-se que as alterações
vestibulares à Vecto-eletronistagmografia, em função das quei-
xas de tontura, zumbido e dificuldade auditiva, são numerica-
mente semelhantes no Grupo de Terceira Idade e no Grupo de
idosos com queixas efetivas de alterações do equilíbrio corporal.
Sheelen Larissa Ruwer1
, Angela Garcia Rossi2
,
Larissa Fortunato Simon3
Equilíbrio no idoso
1
Especialização em fonoaudiologia, área de concentração: audição. Mestranda em Distúrbios da Comunicação Humana, área de concentração: audição, Fonoaudióloga.
2
Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP - EPM; Professora Adjunto do Departamento de Otorrino-fonoaudiologia da UFSM.
3
Fonoaudióloga.
Pesquisa realizada no Ambulatório de Otoneurologia do Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM.
Endereço para correspondência: Sheelen Larissa Ruwer - Rua Tupiniquins, 441 Centro 98000-500 Tenente Portela RS.
Tel (0xx55) 3551-1436 ou 9996-4052 - E-mail: slrfonoaudiologia@redemeganet.com.br, sheruwer@yahoo.com.br
Artigo recebido em 10 de março de 2005. Artigo aceito em 10 de maio de 2005.
Throughout the years, the human organism goes
through natural aging, having functional and structural
changes. The part responsible for the corporal balance
system also suffers from the aging process, creating great
impact for the elderly. Aim: Thus, the present paper
aims at studying the vestibular function of old people
suffering from dizziness, tinnitus and hearing impairment.
Study design: transversal cohort. Material and
method: Eighty elderly individuals from two different
groups were evaluated: group A - comprising 38 women
and 2 men who belonged to an elderly group from Santa
Maria, RS; and group B - comprising 35 women and 5
men with complaints of balance disorders. Results: Both
groups underwent anamnesis (directed to aspects
concerning dizziness, tinnitus and hearing impairment),
and vestibular function evaluation (by using the
computerized system of vecto-electronystagmography
SCV 5.0). The results showed statistical significant
difference between both groups, concerning the
complaints of dizziness and tinnitus, which were more
prevalent in group B. The computerized
eletronystagmography revealed that most individuals had
normal diagnosis; however, there was predominance of
vestibular disorders in the elderly, such as Deficit
Peripheral Vestibular Syndrome and Irritative Peripheral
Vestibular Syndrome. Conclusion: It was concluded that
vestibular disorders, according to vecto-
electronystagmography, and complaints of dizziness,
tinnitus and hearing impairment, were numerically
similar in both studied groups.
Palavras-chave: idosos, equilíbrio, avaliação vestibular.
Key words: elderly, balance, vestibular evaluation.
ORIGINAL ARTICLE
ARTIGO ORIGINAL 




Rev Bras Otorrinolaringol.
V.71, n.3, 298-303, mai./jun. 2005
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INTRODUÇÃO
A melhoria das condições de saúde e a crescente
expectativa de vida no mundo, bem como no Brasil, acarre-
tou o crescimento da população de terceira idade, e com
isso, a elevação da incidência de doenças relacionadas a esse
período da vida.
A contribuição da Medicina atual em função da popu-
lação geriátrica tem sido de grande valia, pelo controle das
doenças relacionadas a essa faixa etária, dessa forma favore-
cendo o aumento da expectativa média de vida.
Com o passar dos anos, o organismo humano passa
por um processo natural de envelhecimento, gerando mo-
dificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo
a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, sendo
mais prevalentes as alterações sensoriais, as doenças ósseas,
cardiovasculares e o diabetes1
.
O envelhecimento compromete a habilidade do sis-
tema nervoso central em realizar o processamento dos si-
nais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela
manutenção do equilíbrio corporal, bem como diminui a
capacidade de modificações dos reflexos adaptativos. Esses
processos degenerativos são responsáveis pela ocorrência
de vertigem e/ou tontura (presbivertigem) e de desequilíbrio
(presbiataxia) na população geriátrica.
As tonturas são sintomas extremamente freqüentes
em todo o mundo, ocorrendo em todas as faixas etárias,
principalmente em adultos e idosos. Até os 65 anos de ida-
de, a tontura é considerada o segundo sintoma de maior
prevalência mundial. Após esta idade, seria o sintoma mais
comum. Em indivíduos com idade superior a 75 anos, a
prevalência seria da ordem de 80%2
.
Um dos principais fatores que limitam hoje a vida do
idoso é o desequilíbrio. Em 80% dos casos não pode ser
atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprome-
timento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da
metade dos casos o desequilíbrio tem origem entre os 65 e
os 75 anos aproximadamente e cerca de 30% dos idosos
apresenta os sintomas nesta idade. As quedas são as conse-
qüências mais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade
de locomoção, sendo seguidas por fraturas, deixando os ido-
sos acamados por dias ou meses e sendo responsáveis por
70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos3
.
As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corpo-
ral têm grande impacto para os idosos, podendo levá-los à
redução de sua autonomia social, uma vez que acabam re-
duzindo suas atividades de vida diária, pela predisposição a
quedas e fraturas, trazendo sofrimento, imobilidade corpo-
ral, medo de cair novamente e altos custos com o tratamen-
to de saúde.
Sabendo-se que na população geriátrica a ocorrência
de tontura (rotatórias ou não), desequilíbrio e quedas são
queixas freqüentes, ressalta-se a necessidade da realização
de avaliações da função vestibular, pois por meio dessa pode-
se detectar importantes implicações diagnósticas,
prognósticas e até mesmo profiláticas e terapêuticas junto a
esta população.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo estu-
dar a função vestibular de dois grupos de idosos em função
das queixas de tontura, zumbido e dificuldade auditiva.
MATERIAL E MÉTODO
Esta pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório de
Otoneurologia do Hospital Universitário de Santa Maria
(HUSM) onde foram avaliados 80 pacientes com idade igual
ou superior a 60 anos, de acordo com a Portaria n° 1.395/
GM da Política Nacional de Saúde do Idoso (1999)4
.
Os 80 idosos compunham dois grupos distintos, ca-
racterizados da seguinte forma:
Grupo A: composto por 40 idosos pertencentes a
um grupo de terceira idade da cidade de Santa Maria, RS -
Grupo Mexe Coração - onde os idosos realizam atividades
diversas semanalmente, sendo 38 indivíduos do sexo femi-
nino e dois indivíduos do sexo masculino;
Grupo B: composto por 40 idosos com queixas efeti-
vas de alterações do equilíbrio corporal, os quais procura-
ram o Ambulatório de Otoneurologia do HUSM por indica-
ção médica, sendo 35 indivíduos do sexo feminino e cinco
indivíduos do sexo masculino.
Os critérios de inclusão para esse estudo foram:
• ter idade igual ou superior a 60 anos (de acordo com a
Portaria nº 1.395/GM da Política Nacional de Saúde do
Idoso, 1999)4
;
• participar do Grupo de Idosos Mexe Coração da Cidade
de Santa Maria - RS, ou ter realizado avaliação vestibular
no HUSM, por indicação especializada, no período de
outubro de 2002 a outubro de 2003, com consentimento
prévio para integrar o estudo.
Seguindo os preceitos atuais de ética nas pesquisas
que envolvem seres humanos, só participaram dessa pes-
quisa aqueles indivíduos que concordaram com livre arbítrio
e sem coação, os quais, após terem recebido orientações a
respeito do projeto, assinaram um Termo de Consentimen-
to Livre e Esclarecido.
Realizou-se previamente o exame otorrinolaringoló-
gico, com o objetivo de excluir quaisquer afecções de ore-
lhas, nariz e/ou garganta.
Os pacientes foram submetidos à anamnese e à ava-
liação vestibular. Na anamnese foram investigados
prioritariamente aspectos relativos à tontura, zumbido e di-
ficuldade auditiva. A avaliação vestibular foi realizada por
intermédio do sistema computadorizado de vecto-eletronis-
tagmografia (VENG) SCV 5.0 da marca Contronic, o qual
realiza a avaliação vestíbulo-oculomotora por meio de uma
disposição triangular de eletrodos colocados perto dos olhos,
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que registram a variação do potencial córneo-retinal duran-
te a movimentação dos olhos. Destinam-se basicamente ao
registro do nistagmo, que é o movimento de maior interes-
se em otoneurologia.
Foi realizada uma limpeza prévia da pele da região
periorbitária de cada lado, aplicando-se então pasta eletrolítica
aos três eletrodos ativos e um eletrodo neutro, os quais fo-
ram fixados com fita adesiva, dispostos como demonstrado
na Figura 1. O eletrodo indiferente (terra) foi fixado na re-
gião frontal, o eletrodo superior na linha média, dois centí-
metros acima da glabela, e os outros dois eletrodos foram
fixados em cada extremo dos olhos.
Os pacientes examinados foram orientados no senti-
do de absterem-se de bebidas alcoólicas, medicamentos não-
essenciais, de beber chá, café ou chocolate e de fumar por
pelo menos 24 horas antes da realização do exame vestibu-
lar e, de fazerem jejum de pelo menos 3 horas antes da
avaliação.
Para a análise estatística dos dados, utilizou-se o Tes-
te Qui-Quadrado de PEARSON, sendo considerado como
nível de significância o valor de 0,05 ou 5%, para compara-
ção entre os grupos.
RESULTADOS
Por intermédio da análise dos dados, pode-se obser-
var que em relação à presença de queixa de tontura (Tabe-
la 1) e de zumbido (Tabela 2) houve uma diferença estatis-
ticamente significante entre os grupos, onde se verificou a
maior incidência de queixa de tontura e zumbido nos indiví-
duos do grupo B.
Em relação à presença ou ausência de queixa de difi-
culdade auditiva (Tabela 3) não houve diferença estatistica-
mente significante entre os grupos. Mesmo não havendo
essa significância, pode-se verificar que o Grupo B apresen-
tou valores maiores do que o Grupo A em relação a essa
queixa.
Verificou-se que os resultados obtidos à calibração
apresentaram-se regular em 100% (n = 80) dos indivíduos
de ambos os grupos.
Em relação ao nistagmo espontâneo (com olhos aber-
tos e fechados) e direcional, detectou-se a ausência de am-
bos em todos os idosos estudados.
Observou-se na pesquisa do Rastreio Pendular hori-
zontal (RPh) (Tabelas 4) que a grande maioria dos idosos,
de ambos os grupos, obteve RPh do tipo I e II, sendo
prevalente o RPh do tipo I no Grupo B e do tipo II no
Grupo A. Na análise estatística não se observou associação
Figura 1.
Tabela 1. Distribuição dos idosos dos grupos A e B segundo a
presença ou não de queixa de tontura
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Com tontura 22 55,00 38 95,00 60 75,00
Sem tontura 18 45,00 2 5,00 20 25,00
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste de Qui-quadrado p = 0,0001*
* = valor estatisticamente significante
Tabela 2. Distribuição dos idosos dos grupos A e B segundo a
presença ou não de queixa de zumbido
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Com zumbido 19 47,50 28 70,00 47 58,75
Sem zumbido 21 52,50 12 30,00 33 41,25
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste de Qui-quadrado p = 0,0410*
* = valor estatisticamente significante
Tabela 3. Distribuição dos idosos dos grupos A e B segundo a
presença ou não de queixa de dificuldade auditiva
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Com DA 20 50,00 23 57,50 43 53,75
Sem DA 20 50,00 17 42,50 37 46,25
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste de Qui-quadrado p = 0,5011
DA = Dificuldade auditiva
Tabela 4. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e
a presença ou não de alteração na Pesquisa do Rastreio
Pendular Horizontal
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Tipo I 7 17,50 26 65,00 33 45,25
Tipo II 28 70,00 13 32,50 41 51,25
Tipo III 5 12,50 1 2,50 6 7,50
Tipo IV 0 0,00 0 0,00 0 0,00
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste Qui-quadrado p = 0,5011
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significante entre o tipo de RPh em função dos grupos. Na
pesquisa do Rastreio pendular vertical (RPv) (Tabela 5) pode-
se observar que nesta prova o RPv do tipo I prevaleceu nos
idosos do Grupo B, o RPv do tipo III nos idosos do Grupo A,
sendo que a maioria dos idosos, de ambos os grupos, obte-
ve RPv do tipo II. Através da análise dos dados verificou-se
diferença estatisticamente significante entre os grupos. Nesse
estudo não se considerou o rastreio pendular do tipo III
como sinal de comprometimento central ao exame, pois os
distúrbios visuais poderiam interferir na análise desta prova.
Constatou-se, a respeito dos resultados obtidos à pro-
va do Nistagmo Optocinético Horizontal (Tabela 6) que a
maioria dos idosos, de ambos os grupos, apresentou sime-
tria nessa prova, não havendo diferença estatisticamente
significante na comparação entre os grupos.
Com relação aos resultados obtidos na PRPD - pes-
quisa do Nistagmo Per-rotatório (NPR) - (Tabela 7) pode-se
observar que nessa prova a grande maioria dos indivíduos
estudados apresentou simetria ao NPR, sendo que no grupo
A predominou esse achado.
Verificou-se que na pesquisa do Nistagmo pós-calórico
(Tabela 8) a maioria dos idosos apresentou como resultado
à prova calórica normorreflexia. Porém, um número razoá-
vel de idosos obteve alteração a essa prova, sendo que a
alteração mais encontrada foi o Predomínio labiríntico, pre-
sente em 13,75% (n = 16) dos idosos. Não foi evidenciada
associação estatisticamente significante nas comparações
entre os grupos.
Os resultados obtidos na avaliação vestibular por in-
termédio da VENG computadorizada (Tabela 9) demonstra-
ram que a maioria dos idosos apresentou diagnóstico nor-
mal. Porém, verificaram-se alguns casos de alterações vesti-
bulares nos idosos, prevalecendo a Síndrome vestibular pe-
riférica deficitária e Síndrome vestibular periférica irritativa.
Não se observou sinais patognomônicos de alterações cen-
trais ao exame vestibular. A análise estatística demonstrou
não haver associação estatisticamente significante nas com-
parações entre os grupos.
DISCUSSÃO
Salienta-se que os dados deste estudo foram confron-
tados apenas com a literatura que relata as alterações vesti-
bulares em idosos num âmbito geral, pois na literatura
compulsada não se encontrou relato de comparações entre
grupos de idosos semelhantes a essa pesquisa.
Verificou-se, neste estudo, que a maior incidência de
queixa de tontura foi identificada nos indivíduos do grupo
B. Assim, pode-se inferir que a queixa de tontura torna-se
menos incidente nos idosos que apresentam uma vida ati-
va, que realizam atividade física, social e intelectual. Os re-
sultados encontrados corroboram com a literatura consulta-
da na qual relataram que a vertigem é o sintoma que aflige
61% das pessoas com mais de 70 anos; presente em 50% a
Tabela 5. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e
a presença ou não de alteração na pesquisa do Rastreio
Pendular Vertical
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Tipo I 1 2,50 17 42,50 18 22,50
Tipo II 23 57,50 22 55,00 55 56,25
Tipo III 16 40,00 1 2,50 17 21,25
Tipo IV 0 0,00 0 0,00 0 0,00
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste Qui-quadrado p = 0,0001*
* = valor estatisticamente significante
Tabela 6. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e
a presença ou não de alteração na Pesquisa do Nistagmo
Optocinético Horizontal
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Simétrico 40 100,00 37 92,50 77 96,25
Assimétrico 0 0,00 3 7,50 3 3,75
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste Qui-quadrado p = 0,6080
Tabela 7. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e
a presença ou não de alteração na Pesquisa do Nistagmo
Per-rotatório
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Simétrico 40 100,00 36 90,00 76 95,00
PD à D 0 0,00 1 2,50 1 1,25
PD à E 0 0,00 2 5,00 2 2,50
Arrefl. Bilat. 0 0,00 1 2,50 1 1,25
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Não se aplica x2
Arrefl. Bilat.= Arreflexia bilateral
PD à D = Predomínio direcional à direita
PD à E = Predomínio direcional à esquerda
Tabela 8. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e
a presença ou não de alteração na Pesquisa do Nistagmo
Pós-calórico
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Normorreflexia 30 75,00 30 75,00 60 75,00
PD à D 3 7,50 2 5,00 5 6,25
PL à D 1 2,50 3 7,50 4 5,00
PL à E 4 10,00 3 7,50 7 8,75
Hiperreflexia 1 2,50 1 2,50 2 2,50
Arrefl. Bilat. 0 0,00 1 2,50 1 1,25
Não realizou 1 2,50 0 0,00 1 1,25
TOTAL 40 100,00 40 100,00 40 100,00
Teste Qui-quadrado p = 0,9830
Arrefl. Bilat.= Arreflexia bilateral
PD à D = Predomínio direcional à direita
PL à D = Predomínio labiríntico à direita
PL à E = Predomínio labiríntico à esquerda
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60% dos idosos que vivem em suas casas ou 81% a 91% dos
idosos atendidos em ambulatórios geriátricos5
.Outras esti-
mativas apontam que uma em cada dez pessoas no mundo
tem ou teve tontura. Até os 65 anos de idade, a tontura é
considerada o segundo sintoma de maior prevalência mun-
dial. Após esta idade, seria o sintoma mais comum. Em indi-
víduos com idade superior a 75 anos, a prevalência seria da
ordem de 80%6
. A maior prevalência de tontura em indiví-
duos idosos seria devido à alta sensibilidade dos sistemas
auditivo e vestibular a problemas clínicos situados em ou-
tras partes do corpo humano e ao processo de deterioração
funcional destes sistemas com o envelhecimento7
.
A queixa de zumbido teve maior incidência também
nos indivíduos do Grupo B. Dessa forma, como em relação
à queixa de tontura, pode-se inferir que a incidência da queixa
de zumbido apresenta-se maior naqueles indivíduos que
possuem uma vida com pouca atividade física, social e inte-
lectual. Os resultados encontrados se assemelham aos en-
contrados na literatura compulsada que encontraram uma
incidência de queixa de zumbido na população geriátrica na
ordem de 79,4%6
. As estatísticas do National Institute of
Health (EUA)7
demonstram a prevalência da queixa de zum-
bido (17%) na população que procura esta instituição, prin-
cipalmente em indivíduos idosos. Há consenso na literatura
da ocorrência relevante de queixas como zumbido em paci-
entes idosos6
.
Em relação à presença ou ausência de queixa de difi-
culdade auditiva, mesmo não havendo diferença estatistica-
mente significante entre os grupos estudados, pode-se veri-
ficar que o Grupo B apresentou valores maiores do que o
Grupo A. Este estudo se assemelha ao da literatura consulta-
da a qual relata que suas estatísticas apontam uma prevalência
significativa de perda auditiva (13%) na população que pro-
cura esta instituição, principalmente em indivíduos idosos7
.
Há consenso na literatura de que a ocorrência de tonturas,
desequilíbrios e quedas são as queixas mais comuns no indi-
víduo idoso. Queixas como: zumbido, dificuldade de com-
preender a fala em ambientes ruidosos, dificuldade para
perceber sons agudos e intolerância a sons intensos, são
também comuns e podem acompanhar estas manifesta-
ções2,6
.
Os resultados obtidos à Calibração apresentaram-se
regular em todos os indivíduos de ambos os grupos, o que
vem ao encontro dos achados da literatura consultada6,8,9
.
Nos Nistagmo Espontâneo (com olhos abertos e fe-
chados) e Direcional, observou-se ausência de ambos os
nistagmos em todos os idosos estudados, bem como nos
trabalhos de outros autores6,8
.
No que diz respeito ao Rastreio pendular pode-se
observar que, tanto na pesquisa do Rastreio pendular hori-
zontal como no Rastreio pendular vertical, a grande maioria
dos idosos apresentou Nistagmo Pendular do tipo II. Tam-
bém se percebeu elevada incidência de Nistagmo Pendular
do tipo III, principalmente no Grupo A, fato esse não expli-
cado através da literatura compulsada, tornando-se um
questionamento para futuras pesquisas. A maior incidência
de Nistagmo Pendular dos tipos II e III nos leva ao encontro
dos achados da literatura compulsada os quais colocam que
o nistagmo pendular na grande maioria dos idosos está en-
tre o tipo II e III10
. Outro estudo que corrobora com esses
achados demonstra ter encontrado o rastreio pendular do
tipo III em 17,6% dos idosos que compunham sua pesqui-
sa6
. Através desses achados, pode-se inferir que o envelhe-
cimento do organismo compromete a força muscular do
corpo, em especial da musculatura extrínseca do olho, difi-
cultando assim a perseguição ocular, que se apresenta com
entalhes10
. Pode-se acrescentar ainda, que estas alterações
do ganho do rastreio pendular nos idosos evidenciam que a
idade deve ser considerada na análise das provas
oculomotoras6
.
O Nistagmo Optocinético Horizontal apresentou-se
simétrico na grande maioria dos idosos, de ambos os gru-
pos. Sabendo-se que o Nistagmo Optocinético, em geral, é
simétrico e apresenta ganho dentro dos padrões de norma-
lidade ou levemente diminuído nas vestibulopatias periféri-
cas11
. Os achados de outros autores se assemelham com
este estudo, quando encontraram simetria ao Nistagmo
Optocinético em todos os pacientes avaliados6
. Vindo de
encontro a esses achados, a literatura apresenta presença
de Nistagmo Optocinético assimétrico em 22,8% dos paci-
entes avaliados e incoordenado em 8,5%10
.
Com relação aos resultados obtidos na PRPD - pes-
quisa do Nistagmo Per-rotatório - pode-se observar que ape-
nas 5% dos idosos avaliados apresentaram alterações quan-
to ao Nistagmo Per-rotatório, o que é similar a pesquisas
que evidenciaram anormalidades em apenas 2,9% dos paci-
entes, caracterizadas pela preponderância direcional do
nistagmo per-rotatório6
.
Tabela 9. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e
a conclusão ao exame vecto-eletronistagmográfico
GRUPO A B TOTAL
N % N % N %
Normal 31 77,50 28 70,00 59 73,75
SVP D à D, comp 4 10,00 2 5,00 6 7,50
SVP D à E, comp 1 2,50 4 10,00 5 6,25
SVP D à D, desc. 0 0,00 1 2,50 1 1,25
SVP I 4 10,00 5 12,50 9 11,25
TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00
Teste Qui-quadrado p = 1,000
SVP D à D, comp. = Síndrome vestibular periférica deficitária à
direita compensada
SVP D à E, comp. = Síndrome vestibular periférica deficitária à
esquerda compensada
SVP D à D, desc. = Síndrome vestibular periférica deficitária à
direita descompensada
SVP I = Síndrome vestibular periférica irritativa
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REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005
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Verificou-se à Prova Calórica - pesquisa do Nistagmo
pós-calórico - que a maioria dos idosos apresentou como
resultado normorreflexia, porém observou-se que um nú-
mero razoável de idosos obteve alteração a essa prova, sen-
do que a alteração mais encontrada foi o Predomínio labiríntico
em 13,75% (n = 16) dos idosos. Esse resultado é similar a
estudos, os quais colocaram que a hiporreflexia unilateral do
nistagmo pós-calórico é uma alteração comum à avaliação
vestibular de indivíduos idosos6,9,12
.
Os resultados obtidos na avaliação vestibular por in-
termédio da VENG computadorizada demonstraram que a
maioria dos idosos apresentou diagnóstico normal. Porém,
verificaram-se alguns casos de alterações vestibulares nos
idosos, prevalecendo a Síndrome vestibular periférica defi-
citária e Síndrome vestibular periférica irritativa. Não se ob-
servou sinais patognomônicos de alterações centrais ao exa-
me vestibular. Esse achado é similar aos de outros autores,
os quais também não encontraram sinais de comprometi-
mento central em idosos6,8,13,14
. Esse achado vem de encon-
tro ao estudo de outros pesquisadores que encontraram em
9% dos idosos disritmias, que seria conseqüente ao compro-
metimento da estrutura cerebelar; e ondas quadráticas em
14%, que sugerem como sendo lesão difusa do tronco cere-
bral10
.
No que diz respeito ao tipo de alteração vestibular,
alguns autores descrevem a alta incidência de alterações do
tipo irritativo13
, ou proporções semelhantes de Síndromes
periféricas do tipo irritativo e deficitário9
, ou ainda a
prevalência acentuada de alterações do tipo deficitário6
. Nesse
estudo, constatou-se que, em relação as alterações encon-
tradas à conclusão da VENG, obteve-se proporções seme-
lhantes em relação às Síndromes periféricas deficitárias e
irritativas.
CONCLUSÃO
A partir da análise crítica dos resultados apresenta-
dos, concluiu-se que:
• As queixas de zumbido, dificuldade auditiva e
principalmente tontura acometem os indivíduos de
terceira idade em grande escala, e prioritariamente aqueles
que não apresentam uma vida ativa, em detrimento
daqueles que realizam atividades diversas em grupos de
terceira idade.
• As alterações vestibulares à vecto-eletronistagmografia,
em função das queixas de tontura, zumbido e dificuldade
auditiva, são numericamente semelhantes no Grupo de
Terceira Idade e no Grupo de idosos com queixas efetivas
de alterações do equilíbrio corporal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Russo GAHF. A prevenção da enfermidade e a promoção da saú-
de: o envelhecimento com êxito. Atual Geriatr 1998; (15) 30-4.
2. Ganança MM, Caovilla HH. & Ganança FF. Como lidar com a
vertigem no idoso. São Paulo: Janssen-Cilag; 1996.
3. Bittar RSM, Pedalini MEB, Bottino MA & Formigoni LG. Síndrome
do desequilíbrio no idoso. Pró-fono, Revista de Atualização Cien-
tífica 2002; 14(1): 119-28.
4. Brasília. Portaria n. 1.395/GM de 10 de dezembro de 1999. Aprova
a Política Nacional de Saúde do Idoso.
5. Ganança MM, Caovilla HH. Desequilíbrio e reequilíbrio. In Ganança
MM. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos; 1998.
6. Gushikem P, Caovilla HH, Ganança MM. Avaliação otoneurológica
em idosos com tontura. Disponível em: Acta AWHO 2002; 21 (1):
(25 telas).
7. National Institute of Health (EUA). Disponível em:
www.neurologiaonline.com.br/zerati/neuro/labirinto.htm. Acesso
em 31 maio 2003.
8. Ito IJ. Avaliação da função vestibular em indivíduos idosos nor-
mais de setenta a oitenta anos de idade (Tese de Doutorado). São
Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1987.
9. Fukuda C, Silva AM, Gushikem P, Caovilla HH, Ganança MM.
Avaliação otoneurológica em indivíduos idosos: achados clínicos
audiológicos e vestibulares. In: 35º
Congresso Brasileiro de Otor-
rinolaringologia, Natal; 2000.
10. Cahali RB, Reis FO, Romano FR, Bittar RMS & Formigoni LG.
Eletronistagmografia do paciente idoso: avaliação retrospectiva
de 35 casos. @rquivos da Fundação Otorrinolaringologia 2000;
4(2): 75-80.
11. Ganança MM, Caovilla HH, Munhoz MSL, Silva Frazza MM. A
contribuição da equilibriometria. In Ganança MM. Vertigem tem
cura? São Paulo: Lemos; 1998.
12. Sloane PD, Baloh RW. Persistent dizziness in geriatric patients.
Journal American Geriatrics Society 1989; 37: 1031-8.
13. Figueiredo JFFR, Fragosos M, Mor R, Cundari MC. Avaliação
otoneurológica em pacientes geriátricos: um estudo da queixa e
da vecto-eng. In: 6ª Reunião da Sociedade Brasileira de Otologia
1985 São Paulo: Sociedade Brasileira de Otologia; 1985.
14. Araújo F. Vertigem no idoso. Folha Med 1994; 108: 5-12.

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Equilíbrio no idoso

  • 1. 298 REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005 http://www.rborl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br Balance in the elderly Resumo / Summary Com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento, gerando modificações fun- cionais e estruturais no organismo. As vias responsáveis pelo equilíbrio corporal também sofrem com o processo do envelhe- cimento, gerando grande impacto para os idosos.Objetivo:Assim, o presente trabalho objetiva estudar a função vestibular de ido- sos em função das queixas de tontura, zumbido e dificuldade auditiva. Forma de estudo: Coorte transversal. Material e método: Foram avaliados 80 idosos de dois grupos distintos: Grupo A - composto por 38 mulheres e dois homens perten- centes a um grupo de terceira idade; e Grupo B: composto por 35 mulheres e cinco homens com queixas efetivas de altera- ções do equilíbrio corporal. Resultado: Os idosos foram sub- metidos à anamnese, sendo investigados prioritariamente as- pectos relativos a tontura, zumbido e dificuldade auditiva; e à avaliação vestibular, realizada por intermédio do sistema computadorizado de vecto-eletronistagmografia SCV 5.0. Os re- sultados demonstram uma diferença estatisticamente significante entre os grupos, no que diz respeito às queixas de tontura e zumbido, as quais prevaleceram nos indivíduos do grupo B. Na hipótese diagnóstica predominante à vecto-eletronistagmogra- fia computadorizada constatou-se que a maioria dos idosos apre- sentou diagnóstico normal, porém verificou-se a prevalência de alterações vestibulares nos idosos como Síndrome vestibular pe- riférica deficitária e Síndrome vestibular periférica irritativa. Não se observou sinais patognomônicos de alterações centrais ao exame vestibular. Conclusão: Concluiu-se que as alterações vestibulares à Vecto-eletronistagmografia, em função das quei- xas de tontura, zumbido e dificuldade auditiva, são numerica- mente semelhantes no Grupo de Terceira Idade e no Grupo de idosos com queixas efetivas de alterações do equilíbrio corporal. Sheelen Larissa Ruwer1 , Angela Garcia Rossi2 , Larissa Fortunato Simon3 Equilíbrio no idoso 1 Especialização em fonoaudiologia, área de concentração: audição. Mestranda em Distúrbios da Comunicação Humana, área de concentração: audição, Fonoaudióloga. 2 Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP - EPM; Professora Adjunto do Departamento de Otorrino-fonoaudiologia da UFSM. 3 Fonoaudióloga. Pesquisa realizada no Ambulatório de Otoneurologia do Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM. Endereço para correspondência: Sheelen Larissa Ruwer - Rua Tupiniquins, 441 Centro 98000-500 Tenente Portela RS. Tel (0xx55) 3551-1436 ou 9996-4052 - E-mail: slrfonoaudiologia@redemeganet.com.br, sheruwer@yahoo.com.br Artigo recebido em 10 de março de 2005. Artigo aceito em 10 de maio de 2005. Throughout the years, the human organism goes through natural aging, having functional and structural changes. The part responsible for the corporal balance system also suffers from the aging process, creating great impact for the elderly. Aim: Thus, the present paper aims at studying the vestibular function of old people suffering from dizziness, tinnitus and hearing impairment. Study design: transversal cohort. Material and method: Eighty elderly individuals from two different groups were evaluated: group A - comprising 38 women and 2 men who belonged to an elderly group from Santa Maria, RS; and group B - comprising 35 women and 5 men with complaints of balance disorders. Results: Both groups underwent anamnesis (directed to aspects concerning dizziness, tinnitus and hearing impairment), and vestibular function evaluation (by using the computerized system of vecto-electronystagmography SCV 5.0). The results showed statistical significant difference between both groups, concerning the complaints of dizziness and tinnitus, which were more prevalent in group B. The computerized eletronystagmography revealed that most individuals had normal diagnosis; however, there was predominance of vestibular disorders in the elderly, such as Deficit Peripheral Vestibular Syndrome and Irritative Peripheral Vestibular Syndrome. Conclusion: It was concluded that vestibular disorders, according to vecto- electronystagmography, and complaints of dizziness, tinnitus and hearing impairment, were numerically similar in both studied groups. Palavras-chave: idosos, equilíbrio, avaliação vestibular. Key words: elderly, balance, vestibular evaluation. ORIGINAL ARTICLE ARTIGO ORIGINAL      Rev Bras Otorrinolaringol. V.71, n.3, 298-303, mai./jun. 2005
  • 2. 299 REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005 http://www.rborl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br INTRODUÇÃO A melhoria das condições de saúde e a crescente expectativa de vida no mundo, bem como no Brasil, acarre- tou o crescimento da população de terceira idade, e com isso, a elevação da incidência de doenças relacionadas a esse período da vida. A contribuição da Medicina atual em função da popu- lação geriátrica tem sido de grande valia, pelo controle das doenças relacionadas a essa faixa etária, dessa forma favore- cendo o aumento da expectativa média de vida. Com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento, gerando mo- dificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, sendo mais prevalentes as alterações sensoriais, as doenças ósseas, cardiovasculares e o diabetes1 . O envelhecimento compromete a habilidade do sis- tema nervoso central em realizar o processamento dos si- nais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal, bem como diminui a capacidade de modificações dos reflexos adaptativos. Esses processos degenerativos são responsáveis pela ocorrência de vertigem e/ou tontura (presbivertigem) e de desequilíbrio (presbiataxia) na população geriátrica. As tonturas são sintomas extremamente freqüentes em todo o mundo, ocorrendo em todas as faixas etárias, principalmente em adultos e idosos. Até os 65 anos de ida- de, a tontura é considerada o segundo sintoma de maior prevalência mundial. Após esta idade, seria o sintoma mais comum. Em indivíduos com idade superior a 75 anos, a prevalência seria da ordem de 80%2 . Um dos principais fatores que limitam hoje a vida do idoso é o desequilíbrio. Em 80% dos casos não pode ser atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprome- timento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da metade dos casos o desequilíbrio tem origem entre os 65 e os 75 anos aproximadamente e cerca de 30% dos idosos apresenta os sintomas nesta idade. As quedas são as conse- qüências mais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção, sendo seguidas por fraturas, deixando os ido- sos acamados por dias ou meses e sendo responsáveis por 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos3 . As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corpo- ral têm grande impacto para os idosos, podendo levá-los à redução de sua autonomia social, uma vez que acabam re- duzindo suas atividades de vida diária, pela predisposição a quedas e fraturas, trazendo sofrimento, imobilidade corpo- ral, medo de cair novamente e altos custos com o tratamen- to de saúde. Sabendo-se que na população geriátrica a ocorrência de tontura (rotatórias ou não), desequilíbrio e quedas são queixas freqüentes, ressalta-se a necessidade da realização de avaliações da função vestibular, pois por meio dessa pode- se detectar importantes implicações diagnósticas, prognósticas e até mesmo profiláticas e terapêuticas junto a esta população. Assim, o presente trabalho tem como objetivo estu- dar a função vestibular de dois grupos de idosos em função das queixas de tontura, zumbido e dificuldade auditiva. MATERIAL E MÉTODO Esta pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório de Otoneurologia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) onde foram avaliados 80 pacientes com idade igual ou superior a 60 anos, de acordo com a Portaria n° 1.395/ GM da Política Nacional de Saúde do Idoso (1999)4 . Os 80 idosos compunham dois grupos distintos, ca- racterizados da seguinte forma: Grupo A: composto por 40 idosos pertencentes a um grupo de terceira idade da cidade de Santa Maria, RS - Grupo Mexe Coração - onde os idosos realizam atividades diversas semanalmente, sendo 38 indivíduos do sexo femi- nino e dois indivíduos do sexo masculino; Grupo B: composto por 40 idosos com queixas efeti- vas de alterações do equilíbrio corporal, os quais procura- ram o Ambulatório de Otoneurologia do HUSM por indica- ção médica, sendo 35 indivíduos do sexo feminino e cinco indivíduos do sexo masculino. Os critérios de inclusão para esse estudo foram: • ter idade igual ou superior a 60 anos (de acordo com a Portaria nº 1.395/GM da Política Nacional de Saúde do Idoso, 1999)4 ; • participar do Grupo de Idosos Mexe Coração da Cidade de Santa Maria - RS, ou ter realizado avaliação vestibular no HUSM, por indicação especializada, no período de outubro de 2002 a outubro de 2003, com consentimento prévio para integrar o estudo. Seguindo os preceitos atuais de ética nas pesquisas que envolvem seres humanos, só participaram dessa pes- quisa aqueles indivíduos que concordaram com livre arbítrio e sem coação, os quais, após terem recebido orientações a respeito do projeto, assinaram um Termo de Consentimen- to Livre e Esclarecido. Realizou-se previamente o exame otorrinolaringoló- gico, com o objetivo de excluir quaisquer afecções de ore- lhas, nariz e/ou garganta. Os pacientes foram submetidos à anamnese e à ava- liação vestibular. Na anamnese foram investigados prioritariamente aspectos relativos à tontura, zumbido e di- ficuldade auditiva. A avaliação vestibular foi realizada por intermédio do sistema computadorizado de vecto-eletronis- tagmografia (VENG) SCV 5.0 da marca Contronic, o qual realiza a avaliação vestíbulo-oculomotora por meio de uma disposição triangular de eletrodos colocados perto dos olhos,
  • 3. 300 REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005 http://www.rborl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br que registram a variação do potencial córneo-retinal duran- te a movimentação dos olhos. Destinam-se basicamente ao registro do nistagmo, que é o movimento de maior interes- se em otoneurologia. Foi realizada uma limpeza prévia da pele da região periorbitária de cada lado, aplicando-se então pasta eletrolítica aos três eletrodos ativos e um eletrodo neutro, os quais fo- ram fixados com fita adesiva, dispostos como demonstrado na Figura 1. O eletrodo indiferente (terra) foi fixado na re- gião frontal, o eletrodo superior na linha média, dois centí- metros acima da glabela, e os outros dois eletrodos foram fixados em cada extremo dos olhos. Os pacientes examinados foram orientados no senti- do de absterem-se de bebidas alcoólicas, medicamentos não- essenciais, de beber chá, café ou chocolate e de fumar por pelo menos 24 horas antes da realização do exame vestibu- lar e, de fazerem jejum de pelo menos 3 horas antes da avaliação. Para a análise estatística dos dados, utilizou-se o Tes- te Qui-Quadrado de PEARSON, sendo considerado como nível de significância o valor de 0,05 ou 5%, para compara- ção entre os grupos. RESULTADOS Por intermédio da análise dos dados, pode-se obser- var que em relação à presença de queixa de tontura (Tabe- la 1) e de zumbido (Tabela 2) houve uma diferença estatis- ticamente significante entre os grupos, onde se verificou a maior incidência de queixa de tontura e zumbido nos indiví- duos do grupo B. Em relação à presença ou ausência de queixa de difi- culdade auditiva (Tabela 3) não houve diferença estatistica- mente significante entre os grupos. Mesmo não havendo essa significância, pode-se verificar que o Grupo B apresen- tou valores maiores do que o Grupo A em relação a essa queixa. Verificou-se que os resultados obtidos à calibração apresentaram-se regular em 100% (n = 80) dos indivíduos de ambos os grupos. Em relação ao nistagmo espontâneo (com olhos aber- tos e fechados) e direcional, detectou-se a ausência de am- bos em todos os idosos estudados. Observou-se na pesquisa do Rastreio Pendular hori- zontal (RPh) (Tabelas 4) que a grande maioria dos idosos, de ambos os grupos, obteve RPh do tipo I e II, sendo prevalente o RPh do tipo I no Grupo B e do tipo II no Grupo A. Na análise estatística não se observou associação Figura 1. Tabela 1. Distribuição dos idosos dos grupos A e B segundo a presença ou não de queixa de tontura GRUPO A B TOTAL N % N % N % Com tontura 22 55,00 38 95,00 60 75,00 Sem tontura 18 45,00 2 5,00 20 25,00 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste de Qui-quadrado p = 0,0001* * = valor estatisticamente significante Tabela 2. Distribuição dos idosos dos grupos A e B segundo a presença ou não de queixa de zumbido GRUPO A B TOTAL N % N % N % Com zumbido 19 47,50 28 70,00 47 58,75 Sem zumbido 21 52,50 12 30,00 33 41,25 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste de Qui-quadrado p = 0,0410* * = valor estatisticamente significante Tabela 3. Distribuição dos idosos dos grupos A e B segundo a presença ou não de queixa de dificuldade auditiva GRUPO A B TOTAL N % N % N % Com DA 20 50,00 23 57,50 43 53,75 Sem DA 20 50,00 17 42,50 37 46,25 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste de Qui-quadrado p = 0,5011 DA = Dificuldade auditiva Tabela 4. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e a presença ou não de alteração na Pesquisa do Rastreio Pendular Horizontal GRUPO A B TOTAL N % N % N % Tipo I 7 17,50 26 65,00 33 45,25 Tipo II 28 70,00 13 32,50 41 51,25 Tipo III 5 12,50 1 2,50 6 7,50 Tipo IV 0 0,00 0 0,00 0 0,00 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste Qui-quadrado p = 0,5011
  • 4. 301 REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005 http://www.rborl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br significante entre o tipo de RPh em função dos grupos. Na pesquisa do Rastreio pendular vertical (RPv) (Tabela 5) pode- se observar que nesta prova o RPv do tipo I prevaleceu nos idosos do Grupo B, o RPv do tipo III nos idosos do Grupo A, sendo que a maioria dos idosos, de ambos os grupos, obte- ve RPv do tipo II. Através da análise dos dados verificou-se diferença estatisticamente significante entre os grupos. Nesse estudo não se considerou o rastreio pendular do tipo III como sinal de comprometimento central ao exame, pois os distúrbios visuais poderiam interferir na análise desta prova. Constatou-se, a respeito dos resultados obtidos à pro- va do Nistagmo Optocinético Horizontal (Tabela 6) que a maioria dos idosos, de ambos os grupos, apresentou sime- tria nessa prova, não havendo diferença estatisticamente significante na comparação entre os grupos. Com relação aos resultados obtidos na PRPD - pes- quisa do Nistagmo Per-rotatório (NPR) - (Tabela 7) pode-se observar que nessa prova a grande maioria dos indivíduos estudados apresentou simetria ao NPR, sendo que no grupo A predominou esse achado. Verificou-se que na pesquisa do Nistagmo pós-calórico (Tabela 8) a maioria dos idosos apresentou como resultado à prova calórica normorreflexia. Porém, um número razoá- vel de idosos obteve alteração a essa prova, sendo que a alteração mais encontrada foi o Predomínio labiríntico, pre- sente em 13,75% (n = 16) dos idosos. Não foi evidenciada associação estatisticamente significante nas comparações entre os grupos. Os resultados obtidos na avaliação vestibular por in- termédio da VENG computadorizada (Tabela 9) demonstra- ram que a maioria dos idosos apresentou diagnóstico nor- mal. Porém, verificaram-se alguns casos de alterações vesti- bulares nos idosos, prevalecendo a Síndrome vestibular pe- riférica deficitária e Síndrome vestibular periférica irritativa. Não se observou sinais patognomônicos de alterações cen- trais ao exame vestibular. A análise estatística demonstrou não haver associação estatisticamente significante nas com- parações entre os grupos. DISCUSSÃO Salienta-se que os dados deste estudo foram confron- tados apenas com a literatura que relata as alterações vesti- bulares em idosos num âmbito geral, pois na literatura compulsada não se encontrou relato de comparações entre grupos de idosos semelhantes a essa pesquisa. Verificou-se, neste estudo, que a maior incidência de queixa de tontura foi identificada nos indivíduos do grupo B. Assim, pode-se inferir que a queixa de tontura torna-se menos incidente nos idosos que apresentam uma vida ati- va, que realizam atividade física, social e intelectual. Os re- sultados encontrados corroboram com a literatura consulta- da na qual relataram que a vertigem é o sintoma que aflige 61% das pessoas com mais de 70 anos; presente em 50% a Tabela 5. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e a presença ou não de alteração na pesquisa do Rastreio Pendular Vertical GRUPO A B TOTAL N % N % N % Tipo I 1 2,50 17 42,50 18 22,50 Tipo II 23 57,50 22 55,00 55 56,25 Tipo III 16 40,00 1 2,50 17 21,25 Tipo IV 0 0,00 0 0,00 0 0,00 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste Qui-quadrado p = 0,0001* * = valor estatisticamente significante Tabela 6. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e a presença ou não de alteração na Pesquisa do Nistagmo Optocinético Horizontal GRUPO A B TOTAL N % N % N % Simétrico 40 100,00 37 92,50 77 96,25 Assimétrico 0 0,00 3 7,50 3 3,75 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste Qui-quadrado p = 0,6080 Tabela 7. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e a presença ou não de alteração na Pesquisa do Nistagmo Per-rotatório GRUPO A B TOTAL N % N % N % Simétrico 40 100,00 36 90,00 76 95,00 PD à D 0 0,00 1 2,50 1 1,25 PD à E 0 0,00 2 5,00 2 2,50 Arrefl. Bilat. 0 0,00 1 2,50 1 1,25 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Não se aplica x2 Arrefl. Bilat.= Arreflexia bilateral PD à D = Predomínio direcional à direita PD à E = Predomínio direcional à esquerda Tabela 8. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e a presença ou não de alteração na Pesquisa do Nistagmo Pós-calórico GRUPO A B TOTAL N % N % N % Normorreflexia 30 75,00 30 75,00 60 75,00 PD à D 3 7,50 2 5,00 5 6,25 PL à D 1 2,50 3 7,50 4 5,00 PL à E 4 10,00 3 7,50 7 8,75 Hiperreflexia 1 2,50 1 2,50 2 2,50 Arrefl. Bilat. 0 0,00 1 2,50 1 1,25 Não realizou 1 2,50 0 0,00 1 1,25 TOTAL 40 100,00 40 100,00 40 100,00 Teste Qui-quadrado p = 0,9830 Arrefl. Bilat.= Arreflexia bilateral PD à D = Predomínio direcional à direita PL à D = Predomínio labiríntico à direita PL à E = Predomínio labiríntico à esquerda
  • 5. 302 REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005 http://www.rborl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br 60% dos idosos que vivem em suas casas ou 81% a 91% dos idosos atendidos em ambulatórios geriátricos5 .Outras esti- mativas apontam que uma em cada dez pessoas no mundo tem ou teve tontura. Até os 65 anos de idade, a tontura é considerada o segundo sintoma de maior prevalência mun- dial. Após esta idade, seria o sintoma mais comum. Em indi- víduos com idade superior a 75 anos, a prevalência seria da ordem de 80%6 . A maior prevalência de tontura em indiví- duos idosos seria devido à alta sensibilidade dos sistemas auditivo e vestibular a problemas clínicos situados em ou- tras partes do corpo humano e ao processo de deterioração funcional destes sistemas com o envelhecimento7 . A queixa de zumbido teve maior incidência também nos indivíduos do Grupo B. Dessa forma, como em relação à queixa de tontura, pode-se inferir que a incidência da queixa de zumbido apresenta-se maior naqueles indivíduos que possuem uma vida com pouca atividade física, social e inte- lectual. Os resultados encontrados se assemelham aos en- contrados na literatura compulsada que encontraram uma incidência de queixa de zumbido na população geriátrica na ordem de 79,4%6 . As estatísticas do National Institute of Health (EUA)7 demonstram a prevalência da queixa de zum- bido (17%) na população que procura esta instituição, prin- cipalmente em indivíduos idosos. Há consenso na literatura da ocorrência relevante de queixas como zumbido em paci- entes idosos6 . Em relação à presença ou ausência de queixa de difi- culdade auditiva, mesmo não havendo diferença estatistica- mente significante entre os grupos estudados, pode-se veri- ficar que o Grupo B apresentou valores maiores do que o Grupo A. Este estudo se assemelha ao da literatura consulta- da a qual relata que suas estatísticas apontam uma prevalência significativa de perda auditiva (13%) na população que pro- cura esta instituição, principalmente em indivíduos idosos7 . Há consenso na literatura de que a ocorrência de tonturas, desequilíbrios e quedas são as queixas mais comuns no indi- víduo idoso. Queixas como: zumbido, dificuldade de com- preender a fala em ambientes ruidosos, dificuldade para perceber sons agudos e intolerância a sons intensos, são também comuns e podem acompanhar estas manifesta- ções2,6 . Os resultados obtidos à Calibração apresentaram-se regular em todos os indivíduos de ambos os grupos, o que vem ao encontro dos achados da literatura consultada6,8,9 . Nos Nistagmo Espontâneo (com olhos abertos e fe- chados) e Direcional, observou-se ausência de ambos os nistagmos em todos os idosos estudados, bem como nos trabalhos de outros autores6,8 . No que diz respeito ao Rastreio pendular pode-se observar que, tanto na pesquisa do Rastreio pendular hori- zontal como no Rastreio pendular vertical, a grande maioria dos idosos apresentou Nistagmo Pendular do tipo II. Tam- bém se percebeu elevada incidência de Nistagmo Pendular do tipo III, principalmente no Grupo A, fato esse não expli- cado através da literatura compulsada, tornando-se um questionamento para futuras pesquisas. A maior incidência de Nistagmo Pendular dos tipos II e III nos leva ao encontro dos achados da literatura compulsada os quais colocam que o nistagmo pendular na grande maioria dos idosos está en- tre o tipo II e III10 . Outro estudo que corrobora com esses achados demonstra ter encontrado o rastreio pendular do tipo III em 17,6% dos idosos que compunham sua pesqui- sa6 . Através desses achados, pode-se inferir que o envelhe- cimento do organismo compromete a força muscular do corpo, em especial da musculatura extrínseca do olho, difi- cultando assim a perseguição ocular, que se apresenta com entalhes10 . Pode-se acrescentar ainda, que estas alterações do ganho do rastreio pendular nos idosos evidenciam que a idade deve ser considerada na análise das provas oculomotoras6 . O Nistagmo Optocinético Horizontal apresentou-se simétrico na grande maioria dos idosos, de ambos os gru- pos. Sabendo-se que o Nistagmo Optocinético, em geral, é simétrico e apresenta ganho dentro dos padrões de norma- lidade ou levemente diminuído nas vestibulopatias periféri- cas11 . Os achados de outros autores se assemelham com este estudo, quando encontraram simetria ao Nistagmo Optocinético em todos os pacientes avaliados6 . Vindo de encontro a esses achados, a literatura apresenta presença de Nistagmo Optocinético assimétrico em 22,8% dos paci- entes avaliados e incoordenado em 8,5%10 . Com relação aos resultados obtidos na PRPD - pes- quisa do Nistagmo Per-rotatório - pode-se observar que ape- nas 5% dos idosos avaliados apresentaram alterações quan- to ao Nistagmo Per-rotatório, o que é similar a pesquisas que evidenciaram anormalidades em apenas 2,9% dos paci- entes, caracterizadas pela preponderância direcional do nistagmo per-rotatório6 . Tabela 9. Distribuição dos idosos segundo os grupos A e B e a conclusão ao exame vecto-eletronistagmográfico GRUPO A B TOTAL N % N % N % Normal 31 77,50 28 70,00 59 73,75 SVP D à D, comp 4 10,00 2 5,00 6 7,50 SVP D à E, comp 1 2,50 4 10,00 5 6,25 SVP D à D, desc. 0 0,00 1 2,50 1 1,25 SVP I 4 10,00 5 12,50 9 11,25 TOTAL 40 100,00 40 100,00 80 100,00 Teste Qui-quadrado p = 1,000 SVP D à D, comp. = Síndrome vestibular periférica deficitária à direita compensada SVP D à E, comp. = Síndrome vestibular periférica deficitária à esquerda compensada SVP D à D, desc. = Síndrome vestibular periférica deficitária à direita descompensada SVP I = Síndrome vestibular periférica irritativa
  • 6. 303 REVISTA BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA 71 (3) PARTE 1 MAIO/JUNHO 2005 http://www.rborl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br Verificou-se à Prova Calórica - pesquisa do Nistagmo pós-calórico - que a maioria dos idosos apresentou como resultado normorreflexia, porém observou-se que um nú- mero razoável de idosos obteve alteração a essa prova, sen- do que a alteração mais encontrada foi o Predomínio labiríntico em 13,75% (n = 16) dos idosos. Esse resultado é similar a estudos, os quais colocaram que a hiporreflexia unilateral do nistagmo pós-calórico é uma alteração comum à avaliação vestibular de indivíduos idosos6,9,12 . Os resultados obtidos na avaliação vestibular por in- termédio da VENG computadorizada demonstraram que a maioria dos idosos apresentou diagnóstico normal. Porém, verificaram-se alguns casos de alterações vestibulares nos idosos, prevalecendo a Síndrome vestibular periférica defi- citária e Síndrome vestibular periférica irritativa. Não se ob- servou sinais patognomônicos de alterações centrais ao exa- me vestibular. Esse achado é similar aos de outros autores, os quais também não encontraram sinais de comprometi- mento central em idosos6,8,13,14 . Esse achado vem de encon- tro ao estudo de outros pesquisadores que encontraram em 9% dos idosos disritmias, que seria conseqüente ao compro- metimento da estrutura cerebelar; e ondas quadráticas em 14%, que sugerem como sendo lesão difusa do tronco cere- bral10 . No que diz respeito ao tipo de alteração vestibular, alguns autores descrevem a alta incidência de alterações do tipo irritativo13 , ou proporções semelhantes de Síndromes periféricas do tipo irritativo e deficitário9 , ou ainda a prevalência acentuada de alterações do tipo deficitário6 . Nesse estudo, constatou-se que, em relação as alterações encon- tradas à conclusão da VENG, obteve-se proporções seme- lhantes em relação às Síndromes periféricas deficitárias e irritativas. CONCLUSÃO A partir da análise crítica dos resultados apresenta- dos, concluiu-se que: • As queixas de zumbido, dificuldade auditiva e principalmente tontura acometem os indivíduos de terceira idade em grande escala, e prioritariamente aqueles que não apresentam uma vida ativa, em detrimento daqueles que realizam atividades diversas em grupos de terceira idade. • As alterações vestibulares à vecto-eletronistagmografia, em função das queixas de tontura, zumbido e dificuldade auditiva, são numericamente semelhantes no Grupo de Terceira Idade e no Grupo de idosos com queixas efetivas de alterações do equilíbrio corporal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Russo GAHF. A prevenção da enfermidade e a promoção da saú- de: o envelhecimento com êxito. Atual Geriatr 1998; (15) 30-4. 2. Ganança MM, Caovilla HH. & Ganança FF. Como lidar com a vertigem no idoso. São Paulo: Janssen-Cilag; 1996. 3. Bittar RSM, Pedalini MEB, Bottino MA & Formigoni LG. Síndrome do desequilíbrio no idoso. Pró-fono, Revista de Atualização Cien- tífica 2002; 14(1): 119-28. 4. Brasília. Portaria n. 1.395/GM de 10 de dezembro de 1999. Aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso. 5. Ganança MM, Caovilla HH. Desequilíbrio e reequilíbrio. In Ganança MM. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos; 1998. 6. Gushikem P, Caovilla HH, Ganança MM. Avaliação otoneurológica em idosos com tontura. Disponível em: Acta AWHO 2002; 21 (1): (25 telas). 7. National Institute of Health (EUA). Disponível em: www.neurologiaonline.com.br/zerati/neuro/labirinto.htm. Acesso em 31 maio 2003. 8. Ito IJ. Avaliação da função vestibular em indivíduos idosos nor- mais de setenta a oitenta anos de idade (Tese de Doutorado). São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1987. 9. Fukuda C, Silva AM, Gushikem P, Caovilla HH, Ganança MM. Avaliação otoneurológica em indivíduos idosos: achados clínicos audiológicos e vestibulares. In: 35º Congresso Brasileiro de Otor- rinolaringologia, Natal; 2000. 10. Cahali RB, Reis FO, Romano FR, Bittar RMS & Formigoni LG. Eletronistagmografia do paciente idoso: avaliação retrospectiva de 35 casos. @rquivos da Fundação Otorrinolaringologia 2000; 4(2): 75-80. 11. Ganança MM, Caovilla HH, Munhoz MSL, Silva Frazza MM. A contribuição da equilibriometria. In Ganança MM. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos; 1998. 12. Sloane PD, Baloh RW. Persistent dizziness in geriatric patients. Journal American Geriatrics Society 1989; 37: 1031-8. 13. Figueiredo JFFR, Fragosos M, Mor R, Cundari MC. Avaliação otoneurológica em pacientes geriátricos: um estudo da queixa e da vecto-eng. In: 6ª Reunião da Sociedade Brasileira de Otologia 1985 São Paulo: Sociedade Brasileira de Otologia; 1985. 14. Araújo F. Vertigem no idoso. Folha Med 1994; 108: 5-12.