2. II
A história de luta das Mães da Praça de
Maio
“Vocês não podem ficar paradas aqui. Circulando!”,
disse o militar. Sem outra alternativa que não
obedecer, o pequeno grupo de mulheres reunido na
Praça de Maio, em Buenos Aires, circulou.
Literalmente – elas começaram andar ao redor da
Pirâmide de Maio, monumento erguido em 1811 para
celebrar a luta pela independência da Argentina
4. IV
A história de luta das Mães da Praça de Maio
Ao andar em círculos pela praça mais importante da
nação, aquelas mulheres não contrariavam a ordem da
ditadura, que proibia a reunião de três ou mais pessoas
em lugares públicos, principalmente em frente à Casa
Rosada, sede do poder argentino.
5. V
A história de luta das Mães da Praça de Maio
Isso aconteceu no dia 30 de abril de 1977. Desde então,
elas fizeram a mesma coisa, toda quinta-feira, sempre às
15h30, durante 37 anos. Por 1945 quintas-feiras, as
Mães da Praça de Maio circularam a Pirâmide, numa
demonstração clara de um dos lemas do movimento: “A
única luta que se perde é aquela que você abandona”. E
isso elas não fizeram, nem mesmo quando as três
fundadoras foram sequestradas, torturadas e mortas
por um grupo de militares, em dezembro de 1977.
7. VII
A história de luta das Mães da Praça de Maio
● Elas não pararam nem durante a Copa do Mundo de
1978, quando o mundo inteiro estava com os olhos na
Argentina e a tensão política aumentou. Nem depois
que a ditadura caiu, em 1983. Se você estiver em
Buenos Aires numa quinta-feira, às 15h30, vai encontrá-
las na Praça de Maio – agora já de cabelos brancos e
bengalas, com idades entre 75 e 92 anos.
8. VIII
A história de luta das Mães da Praça de Maio
As Mães da Praça de Maio continuam seu protesto e
mostram aquilo que os ditadores tentaram esconder: o
governo militar matou 30 mil jovens argentinos. O
governo matou os filhos delas. E elas não se esquecem
disso – e fazem questão que o mundo saiba, de modo a
evitar que algo assim se repita.
10. X
A luta sem fim das Mães da Praça de Maio
Se no início o mundo fechava os olhos para o que
acontecia na Argentina (e no restante da América do
Sul), a Copa de 1978, tão usada pela propaganda do
regime, trouxe visibilidade para as Mães da Praça de
Maio. Redes de TV e jornais de todo o mundo relataram
a luta das mulheres em busca de seus filhos
desaparecidos. Logo a ajuda chegou – no ano seguinte,
um grupo de mães da Holanda fez uma doação às
argentinas, que puderam continuar com o movimento
de forma mais organizada.
12. XII
A luta sem fim das Mães da Praça de Maio
Quase 40 anos depois, muita coisa mudou. As Mães da
Praça de Maio ganharam diversos prêmios
internacionais e passaram até a fazer parte da própria
praça – os panos brancos que elas usavam nas cabeças
para chamar atenção agora marcam o chão ao redor da
Pirâmide, numa forma de homenagem depois de tantas
décadas de luta.
13. XIII
A luta sem fim das Mães da Praça de Maio
Os ditadores não estão mais no poder e, ao contrário do
que aconteceu no Brasil, alguns deles foram julgados e
presos. Jorge Rafael Videla, presidente do país durante
a maior parte da ditadura, foi condenado à prisão
perpétua em 1986, mas permaneceu apenas 5 anos na
prisão. É que em 1990, o então presidente Carlos
Menem usou o perdão presidencial para liberá-lo e
vários outros líderes do governo militar.
15. XV
A luta sem fim das Mães da Praça de Maio
Videla, no entanto, foi novamente julgado e condenado
à prisão perpétua. Ele morreu na prisão, em 2013, um
ano depois de admitir ter sido o responsável direto por
8 mil mortes. E ele ainda garantiu que não estava
arrependido de nada. Os julgamentos de outros
militares prosseguem até hoje. Desde o governo de
Néstor Kirchner (2003 – 2007), mais de 500 envolvidos
nos assassinatos foram condenados.
17. XVII
A luta sem fim das Mães da Praça de Maio
A luta das Mães da Praça de Maio continua, agora não
apenas para buscar a condenação dos torturadores e
assassinos, mas também para lutar por direitos
humanos e outras causas em geral.