Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Mulher na sociedade portuguesa desde 1800
1. Conferência: “A mulher no contexto multicultural” A mulher na sociedade portuguesa Agrupamento de Escolas de Gondomar 6 de abril de 2011 Maria Olinda Moura
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3. Exploração violenta do seu trabalho metade do salário dos homens; 16 a18 horas de trabalho diário;
4. Alteração do seu papel na família e questionamento da relação homem/mulher na sociedade;
5. Surgimento de lutas laborais por ação das mulheres; (8 de Março de 1857, Nova Iorque. Várias centenas de mulheres violentamente agredidas, presas e mortas pela polícia e em incêndio provocado numa fábrica onde faziam greve);
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7. Em 1887, em Paris, é proclamado o direito da mulher ao trabalho (Congresso Constitutivo da II Internacional Socialista)A mulher não abdica do mundo do trabalho; Aumenta a sua participação na luta por melhores condições laborais. Trabalho da mulher concorrente com o do homem; Aumento do salário do homem; Mulheres em casa.
8. Em 1910 é aceite o dia 8 de Março para o Dia Internacional das Mulheres. (Proposta de Clara Zetkin no Congresso Internacional Socialista de Copenhaga “Em nome das nossas irmãs americanas, para exigir os nossos direitos e exprimir a solidariedade e o amor pela paz que nos une.”); Em 1911, mais de um milhão de mulheres celebra esse dia, um pouco por todo o mundo. 1914, França e Alemanha, 8 de Março, luta contra a guerra e pela libertação de Rosa Luxemburgo;
9. Rosa Luxemburgo (1871-1919 (assassinada)) Filósofa e economista marxista judeu-polaca, naturalizada alemã, tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária. Participou na fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a tornar-se mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD).
10. 1915, Berna. Manifestação contra a guerra (Alexandra Kolontai) e Conferência de Mulheres (Clara Zetkin); 1917, Petrogrado. Mulheres manifestam-se massivamente, reclamando o fim da guerra (será o princípio da Revolução de Fevereiro). 1918, mulheres inglesas ganham o direito ao voto, parcialmente. Só dez anos depois, em 1928, o ganham totalmente.
11. A mulher na sociedade portuguesa Início do século XX – cerca de 35% dos trabalhadores na indústria eram mulheres (tabaco, têxtil e papel); País flagelado pela miséria e por degradantes condições de trabalho e de habitação; Surgimento de organizações de mulheres no contexto da luta contra a monarquia;
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13. 1911 – Ainda sem direito ao voto, a médica Carolina Beatriz Ângelo vai ser a primeira mulher a votar;
14. 1914 – Adelaide Cabete, médica, funda o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP); 1924 – O CNMP organiza o I Congresso Feminista (17 teses sobre diversos aspetos da realidade da mulher). Em 1928 realiza-se o II Congresso deste organismo;
15. 1936 – Nasce a Associação Feminina para a Paz; Manuela Porto (1908-1950). Tradutora e escritora, dedicou-se ao teatro nos últimos anos de vida. Isabel Aboim Inglez, (1902-1963) Grande lutadora anti-fascista. Professora da Faculdade de Letras de Lisboa. Maria Alda Nogueira (1923-1988) Professora Licenciada em Físico-química.
16. 1947 – o CNMP realiza, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, uma Exposição das Mulheres Escritoras de todo o mundo que se revelou um certame de grande sucesso e intervenção política. Nesse mesmo ano a PIDE encerra a sede do CNMP; Maria Lamas (1893-1983) Escritora e jornalista. Participa na formação do MUD juvenil e preside ao CNMP. Em 1948 publica o livro “Mulheres do Meu País” 1914 Pintora e Ilustradora, elaborou o cartaz da Exposição.
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18. 1969 – No âmbito da Comissão Eleitoral Democrática (movimento oposicionista ao regime) as mulheres constituem-se em Comissão Democrática Eleitoral de Mulheres, desenvolvendo grande atividade política e social;
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20. Sophia de Mello Breyner (1919-2004) Escritora, desde muito cedo ligada à luta anti-fascista, foi deputada à Assembleia Constituinte a seguir ao 25 de Abril de 1974 Maria Teresa Horta (1937). Escritora, co-autora das célebres “Novas Cartas Portuguesas” (1971) com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004) Eng.ª Química, única mulher que desempenhou o cargo de 1ª Ministra em Portugal e 2ª na Europa. Licenciada em 1953, era uma das três mulheres do curso num universo de 250 alunos. Virgínia Moura (1915 -1998). 1ª Engª Civil em Portugal. Integrou o “Socorro Vermelho”, organização de apoio aos presos políticos portugueses e espanhóis.
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22. Em 1931, foi permitido o direito ao voto às mulheres que tivessem cursos secundários ou superiores (aos homens bastava-lhes saber ler e escrever);
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24. Manual de Educação Moral e Cívica (anos 40) – “À mulher compete tornar a casa atraente e acolhedora, prestar ao marido a deferência e submissão como chefe de família.” ; “…o trabalho da mulher fora do lar desagrega este…”
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26. 1964 – Apenas 24,3% dos partos ocorridos no continente se faziam em hospital. A mortalidade infantil atingia 65 crianças em mil (Em Bragança, 109/1000);
37. Enfrenta cada vez mais dificuldades na sua gestão familiar dado o aumento da degradação económica do país (cortes nos abonos de família; orçamentos familiares penalizados; carestia de vida; cada vez mais dificuldades na emancipação dos filhos; suporte dos ascendentes com dificuldades de saúde;…)
38. Continua a ser vítima de violência doméstica, física e psicológica;
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40. Participação Cívica Muitas mulheres têm transformado o descontentamento em força viva, em ação reivindicativa e confiante pela emancipação e pela dignidade; Apesar das mulheres constituirem a maioria da população (51,7% - Censos de 2001), o acesso das mulheres ao poder e a cargos de responsabilidade continua muito reduzido (20,9% com cargos políticos em 1999).
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42. A 21 de Agosto de 2006 foi publicada a Lei da Paridade (Lei Orgânica nº 3/2006) que estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as Autarquias Locais são compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33 por cento de cada um dos sexos.
43. A mulher portuguesa atual casa mais tarde, tem menos filhos, trabalha a tempo inteiro, está em maioria nas faculdades (56,1% - Censos de 2001), continua a ganhar menos do que os homens nos quadros superiores, é a mais afetada quando o desemprego bate à porta, continua a ter uma participação institucional muito reduzida, é a maior vítima de assédio sexual, de violência doméstica e do analfabetismo que ainda grassa em Portugal (No total de analfabetos, 66,4% são mulheres – Censos de 2001)
44. “Hábitos culturais profundamente enraizados, ao longo dos séculos, têm uma força que nenhuma constituição ou revolução podem extirpar. A sua evolução, lentíssima, exige que os actuais e os futuros governantes respeitem a resolução adoptada em Junho de 2000, durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, que garante o direito, sem discriminação, dos dois sexos, à conciliação entre a vida profissional e a vida familiar. Aliás, essa era já uma conquista traduzida na revisão constitucional de 1997, exigindo que as leis do trabalho não conheçam recuos que dificultem, em vez de facilitarem, as mudanças. (…) Enquanto, para se realizar como pessoa, a mulher tiver de ser uma super criatura, nem ela nem o homem que, consciente ou inconscientemente, aceita ou exige tal esforço, poderão sentir-se livres.” Adília Alarcão, Conservadora e Diretora do Museu Machado de Castro
45. Porque Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não. Sophia de Mello Breyner “No Tempo Dividido e Mar Novo” Edições Salamandra, 1985, p. 79