1. PLAYBOOK
E D I Ç Ã O 0 2 - 2 0 1 7
FINTECHS
POR DENTRO DA REVOLUÇÃO
MÓVEL DO SETOR FINANCEIRO
2. EXPEDIENTE
MMA LATAM TEAM
Managing Director LATAM
Fabiano Destri Lobo
fabiano@mmaglobal.com
Director Business Development
& Operations LATAM
Thais Schauff
thais.schauff@mmaglobal.com
Argentina
Soledad Moll
soledad.moll@mmaglobal.com
Brasil
Graziela Mazzer
graziela.mazzer@mmaglobal.com
Colômbia e México
Thais Schauff
thais.schauff@mmaglobal.com
Produção Playbook
Editor-Chefe: José Saad Neto
Diretor de Arte: JB Junior
Editora: Juliana Veronese
Pesquisa e Redação: Débora Yuri e Fernanda Bottoni
Revisora: Roberta Soares
www.goadmedia.com.br
Imagens
Flaticon e iStock
―
A MMA é a principal associação sem fins lucrativos
do ecossistema mobile no mundo, com mais de
800 empresas associadas de, aproximadamente, 50
países. Nossos associados vêm de todos os cantos
do ecossistema do Mobile Marketing incluindo marcas
anunciantes, agências, plataformas de tecnologia
mobile, empresas de mídia, operadoras, entre outros.
A missão da MMA é acelerar a transformação e a
inovação do marketing por meio dos dispositivos
móveis, promovendo o crescimento do negócio com
grande, e próximo, engajamento do consumidor.
―
3. 3FINTECHS
ÍNDICE
04
05
14
18
23
27
2 - Por dentro da Revolução Fintech
3 - Finanças na palma da mão
4 - Inovação e Open Banking
5 - A indústria Fintech de A a Z
7 - Entrevista: Guga Stocco
Advisor of Strategy and Innovation
2.1 O que é 05
1 - Apresentação
143.1 Disrupção Mobile
153.2 A nova relação com o dinheiro
163.3 Fintechs e Mobile Marketing
184.1 Tecnologias
204.2 Novos serviços
214.3 Dados e Segurança
224.4 Desafios e Futuro
062.2 Como surgiu
072.3 Open Banking: a democratização dos dados
092.4 Por que é importante – e revolucionário
112.5 A era de ouro e o potencial de crescimento
122.6 O impacto no setor financeiro: banco como plataforma
4. 4FINTECHS
1. APRESENTAÇÃO
POR QUE FINTECHS?
A nossa missão enquanto principal associação mundial que representa a
indústria mobile é promover conhecimento e munir o mercado de conteúdo
para alavancar negócios e profissionais. Por isso, o tema Fintechs é mais
que necessário. É essencial para entender para onde caminha o mobile
enquanto plataforma efetiva para conectar pessoas e empresas.
Neste Playbook, o segundo de 2017, mergulhamos na revolução das
empresas que simplificaram os serviços financeiros e concentraram
soluções na palma da mão. Empresas que estão transformando
a relação com dinheiro e provocando mudanças em um dos mais
poderosos mercados do mundo.
O material explica o que é e como surgiu o movimento das Fintechs.
Aborda o conceito de Open Banking sob a perspectiva de inovação.
Passa pela relação das Fintechs com o Mobile Marketing e explica as
principais tecnologias que moldam esse ecossistema, entre elas, a
revolucionária Blockchain.
E mais: abordamos o movimento em termos de transparência, uso
e privacidade de dados e fechamos o material com a provocativa
entrevista de Guga Stocco, um dos maiores especialistas em inovação
do mercado brasileiro.
O Playbook de Fintech é um material didático, analítico e elucidativo
para você entender o tamanho da revolução que está em andamento.
Boa leitura!
Fabiano Destri Lobo
Managing Director
Mobile Marketing Association, Latam
5. 5FINTECHS
2.1. O QUE É
O termo resultante da aglutinação de financial com technology chega
a 2017 no centro das discussões. Fintechs são as empresas, a maioria
startups, que desenvolvem tecnologias inovadoras no setor financeiro,
criando serviços disruptivos para elos da cadeia ou para o consumidor
final. Em uma indústria fortemente ligada a sistemas, processos,
paradigmas e marcas tradicionais, a multiplicação e ascensão destes
novos players significa uma revolução sem precedentes.
Muito além de jovens empresas cuja atuação é baseada em tecnologia
e inovação, entretanto, o ecossistema fintech ganha cada vez mais a
adesão de representantes estabelecidos. Grandes bancos e instituições
financeiras começam a ver as fintechs como aliadas, e não mais como
ameaças. Muitos deles já abriram áreas de negócios alinhadas ao novo
mercado e estão criando aceleradoras para fomentar a pesquisa e o
desenvolvimento de tecnologias.
Mas nada disso seria possível sem a mudança de hábitos do
consumidor. Ele se acostumou a adquirir produtos e serviços com um
2. POR DENTRO DA REVOLUÇÃO FINTECH
———————
Ultraconectadas, as
fintechs prometem
mudar a forma
como o consumidor
omnichannel lida
com o dinheiro
———————
6. 6FINTECHS
———————
Atribui-se a origem
do termo ao Fintech
Innovation Lab,
fundado em 2010
pela Accenture e pelo
Partnership Fund for
New York City
———————
toque no smartphone, a usar as redes sociais ou os próprios aplicativos
para fazer reclamações e a ficar aborrecido quando não tem uma
solicitação atendida de forma prática, rápida e digital.
Obviamente, as demandas do consumidor omnichannel afetariam
também os serviços financeiros – um dos segmentos mais
problemáticos quando se mensura a satisfação dos clientes.
Ultraconectadas, as fintechs prometem melhorar suas experiências e
modificar a forma como lidam com o dinheiro. Elas trazem ao mercado
processos mais eficientes, modelos de negócios mais transparentes,
maior agilidade no atendimento, menos burocracia e alto nível de
personalização no contato com cada usuário.
2.2. COMO SURGIU
Big Data, IoT (Internet das Coisas), computação em nuvem, Inteligência
Artificial, Machine Learning, a evolução dos smartphones: a combinação
de diversas tecnologias permitiu a explosão do movimento fintech. Mas
a ideia de romper com o status quo ganhou força em 2008, ano da
quebra do Lehman Brothers, então o 4º maior banco de investimentos
dos EUA, e da consequente crise econômica global.
Atribui-se a origem do termo ao Fintech Innovation Lab, fundado
em 2010 pela Accenture e o Partnership Fund for New York City. O
programa de aceleração e orientação para startups de tecnologia
em finanças é apoiado por mais de 30 instituições financeiras líderes
globais, e abriu laboratórios em Londres, Hong Kong e Dublin, além do
pioneiro, em Nova York.
Atualmente, Londres é considerada o maior hub de fintechs do mundo,
pela presença massiva de instituições financeiras multinacionais e
também de regulamentação mais adaptada a empresas disruptivas.
E o ecossistema vive sua “era de ouro”, na visão de estrategistas da
Accenture, com a convergência de data analytics, armazenamento
na nuvem e robótica, entre outras evoluções. Ao mesmo tempo, os
expoentes mais bem-sucedidos do mercado estão estabelecendo
parcerias ou sendo adquiridos pelas organizações tradicionais. A
tendência, agora, é de colaboração; a competição ficou para trás.
7. 7FINTECHS
As fintechs atuam hoje em dezenas de áreas, em geral lançando
novas soluções e modelos de negócios: conta corrente, cartão de
crédito e débito, investimentos, empréstimos, negociação de dívidas,
gerenciamento financeiro, pagamentos, câmbio, inclusão financeira,
soluções para pequenas e médias empresas, seguros, crowdfunding,
cryptocurrency. A maioria dos produtos e serviços é disponibilizada 24/7
e em aplicativos mobile.
2.3. OPEN BANKING:
A DEMOCRATIZAÇÃO DOS DADOS
Outra peça-chave para a explosão fintech é o início da regulamentação
do open banking – modelo de colaboração entre instituições financeiras,
que disponibilizam dados proprietários sobre seus clientes, e
desenvolvedores terceiros de soluções para o setor, capazes de criar
produtos muito mais assertivos quando têm acesso a um robusto banco
de dados. O movimento já acontece em maior escala na União Europeia
e no Reino Unido. Nos EUA, a regulação é esperada para breve, e
mercados como Austrália, Singapura e Malásia também consideram
obrigar os bancos a abrir o acesso a seus dados.
O open banking é considerado a democratização dos dados
financeiros, antigamente restritos às grandes corporações. Disponibilizar
informações a qualquer um que tenha permissão para acessá-las, em
um sistema seguro e que preserve a privacidade dos usuários, amplia
a concorrência na indústria e possibilita uma maior oferta de serviços
inovadores e eficientes aos consumidores finais.
A conexão entre as duas partes – bancos e desenvolvedores – acontece
por meio de APIs (Interfaces de Programação de Aplicações). São
elas que permitem a comunicação entre dois softwares distintos e,
consequentemente, as comunicações de open banking. É o mesmo
modelo que integra as contas em sites, apps e redes sociais de um
indivíduo. Assim, o usuário não precisa repetir informações cadastrais
em todas as plataformas.
———————
Considerado a
democratização dos
dados financeiros,
o open banking
possibilita uma maior
oferta de serviços
inovadores
———————
8. 8FINTECHS
1 Desenvolvedores fintech conectam seu app à API de
determinado banco. As APIs costumam ser construídas
seguindo normas padronizadas de design, o que facilita as
conexões com a maioria dos sistemas, e ficam armazenadas
na nuvem (acesso 24/7). No caso das APIs abertas, qualquer
startup pode se plugar com elas sem precisar de um acordo
prévio com a instituição proprietária dos dados.
Fonte: Business Insider.
2 Um cliente do app desenvolvido pela fintech solicita um
serviço – por exemplo, checar um balanço financeiro ou
efetuar um pagamento. A solicitação é enviada ao banco por
meio da API.
3 O banco recebe o pedido, e o sistema
automaticamente envia o balanço solicitado ou a
confirmação do pagamento para o app, também via API.
———————
Como funciona uma API aberta:
———————
9. 9FINTECHS
2.4. POR QUE É IMPORTANTE
– E REVOLUCIONÁRIO
As fintechs estão transformando uma indústria conhecida por processos
burocráticos, complexos e pouco amigáveis ao consumidor. Surgem novas
formas de usar serviços financeiros e também diferentes oportunidades
para estabelecer um relacionamento duradouro com as marcas.
Para contratar um cartão de crédito, basta pegar o smartphone, tirar uma
selfie, fotografar o documento de identidade e assinar com o dedo na
tela. Não é mais necessário ir presencialmente a uma agência bancária,
apresentar uma série de documentos em papel, preencher um formulário
e aguardar dias pelo processamento e entrega. Outra falha dos bancos
tradicionais é que eles não avançaram no desenvolvimento de produtos e
serviços disponíveis em tempo integral. Em um mundo onde as pessoas
vivem conectadas e resolvem boa parte de seus problemas pelo celular, a
qualquer momento, trata-se de uma lacuna grave.
É por isso que algumas instituições estabelecidas, como J.P. Morgan
e Wells Fargo, abriram suas APIs para determinadas startups fintech,
permitindo aos clientes acesso a apps parceiros em tempo real. Essa
estratégia beneficia as corporações tradicionais, que não precisam criar
suas próprias soluções. A ideia é se aliar a empresas que já nasceram
digitais e têm em seu DNA a tecnologia e a inovação.
Diferentes APIs abertas possibilitam que terceiros incorporem diferentes
serviços em seus apps ou sites. As funcionalidades disponíveis,
portanto, são variadas: abrir uma conta bancária, acessar informações
de outra, efetuar pagamentos, fazer investimentos, conseguir um
empréstimo, emitir um cartão de crédito, bloqueá-lo.
HSBC, BBVA, Citi e Barclays também já anunciaram projetos ligados
ao open banking. E outros setores estão se movimentando. A Allianz,
maior seguradora do mundo, anunciou um investimento estratégico
na Lemonade, startup nova-iorquina que baseia sua atuação em
Inteligência Artificial e garante oferecer aos consumidores um seguro em
90 segundos – e ressarcimento em três minutos.
Em report de 2017, o Business Insider mostrou o posicionamento de
bancos globais em relação ao open banking.
———————
Não é mais necessário
ir pessoalmente a
uma agência bancária,
preencher formulários
e aguardar dias para
contratar um cartão
de crédito
———————
10. 10FINTECHS
69%
52%
54%
60%
51%
30%
48%
35%
42%
44%
38%
29%
53%
29%
É uma oportunidade, mais do que
uma ameaça.
É absolutamente necessário lutar
contra a competição disruptiva de
empresas que não são bancos.
Construir uma plataforma de open
banking é uma prioridade alta
para nós.
Estamos preparados para investir
em uma API.
Gostaríamos de oferecer serviços
de empresas que não são bancos
aos nossos clientes.
Estamos felizes por oferecer
produtos de terceiros em nossa
plataforma.
Não podemos explorar esta
estratégia devido a restrições
tecnológicas/de custos.
2016
2015
Fonte: Business Insider.
———————
Posicionamento dos bancos globais
em relação ao open banking:
———————
11. 11FINTECHS
2.5. A ERA DE OURO E O
POTENCIAL DE CRESCIMENTO
O potencial da indústria fintech é imenso. O Goldman Sachs estima que,
nos próximos anos, US$ 4,7 trilhões em receitas irão migrar dos bancos
para as empresas novatas do setor. De acordo com o mesmo estudo,
33% dos millennials acreditam que não precisarão de um banco.
No Brasil, o panorama também é de aquecimento. Segundo
levantamento divulgado em fevereiro de 2017 pelo FintechLab, criado
pela consultoria de inovação Clay para monitorar o setor e fomentar o
mercado, mais de 200 iniciativas surgiram no país no ano passado. O
número de fintechs brasileiras mapeadas subiu de 54, em 2015, para
244, no último relatório publicado. Estima-se que, até o fim de 2016,
elas tenham recebido mais de R$ 1 bilhão em investimentos.
O surgimento de associações, aceleradoras e grupos de investidores,
acompanhado da atenção destinada pelos órgãos reguladores,
está ajudando a tornar o ecossistema mais estruturado. O setor de
pagamentos continua respondendo pela maior parte das iniciativas:
32% do total. Existem agora três nichos principais – gestão de
pagamentos, pagamentos pré/pós-pagos e adquirentes.
No cenário fintech da América Latina, o Brasil ocupa posição de
protagonismo. É o país com o maior número de iniciativas, bem à frente
do México, que reúne 158 empresas e está em 2º lugar. Em todos
os grandes mercados latino-americanos, o setor de pagamentos é
dominante, devido à expansão do e-commerce e ao crescimento do
número de usuários de internet e smartphones. O FintechLab também
aponta, como setores representativos na região, o de empréstimos,
no México e na Colômbia, o de gestão financeira na Argentina e o de
crowdfunding no Chile.
———————
No Brasil, o número
de fintechs mapeadas
subiu de 54, em 2015,
para 244, em 2017. Só
no ano passado foram
200 novas iniciativas
———————
12. 12FINTECHS
2.6. O IMPACTO NO SETOR
FINANCEIRO: BANCO COMO
PLATAFORMA
A afirmação de Bill Gates já virou um clássico do empreendedorismo
fintech, mas ainda resume perfeitamente os propósitos deste universo
disruptivo: “Nós precisamos de serviços financeiros, não de bancos”.
No topo da lista de propósitos estão melhorar a experiência e a
usabilidade do consumidor, acelerar operações e simplificar processos.
E todos eles têm ligação com a quarta onda da evolução dos bancos,
que vivemos agora.
1ª Onda 2ª Onda 3ª Onda 4ª Onda
1960 1990 2010 2017
———————
A evolução dos bancos
em quatro ondas:
———————
Bancos tradicionais Internet banking Mobile banking Seamless banking
300 anos depois 20 anos depois 7 anos depois
Fricção alta Seleção de serviços 100% serviços Serviços exclusivos
por interface
13. 13FINTECHS
O momento é dos bancos integrados, contínuos e ininterruptos – dos
bancos como plataforma. Cientes desta transformação, gigantes do
mercado financeiro brasileiro começaram a mudar seus paradigmas e
diversificar investimentos.
O Banco do Brasil abriu um laboratório de inovação no Vale do Silício,
na Califórnia. O Itaú criou, em São Paulo, a Cubo, um espaço de
coworking que reúne startups com foco em tecnologia – a MasterCard
aderiu à iniciativa como parceira. O Bradesco lançou o InovaBRA,
programa de aceleração de startups com foco em modelos de
negócios relevantes e serviços que o consumidor busca hoje. Já a
Caixa Econômica Federal estruturou uma área interna de inovação e
firmou parceria com a ONG Artemisia para desenvolver um programa de
aceleração voltado a empresas que promovam inclusão financeira entre
o público das classes C e D.
Uma grande reviravolta no Brasil, e na América Latina por extensão,
aconteceu em abril de 2016, quando o Banco Central passou a permitir
a abertura de conta corrente e de caderneta de poupança pela internet,
desobrigando os brasileiros a irem até uma agência para efetuar o
procedimento.
Na ocasião, o BC anunciou que a mudança de normas visava a
otimização dos processos no sistema bancário. Entravam em cena
os bancos 100% digitais, sem agências físicas e com a infraestrutura
alocada na nuvem. •
———————
Uma grande mudança
no Brasil aconteceu
em 2016, quando o
Banco Central passou
a permitir a abertura
de contas pela
internet
———————
14. 14FINTECHS
3.1. DISRUPÇÃO MOBILE
“Foi um fato simples, mas que transformou todo o setor financeiro.
Quando o Banco Central permitiu que as pessoas abrissem uma
conta pelo celular, tudo mudou”, diz Guga Stocco, advisor of Strategy
and Innovation e um dos maiores especialistas no tema Fintech do
mercado brasileiro.
Nas Fintechs, todos os serviços podem ser acessados via dispositivos
móveis. Geralmente, as empresas apostam no open banking com APIs
abertas ao mercado.
Segundo Stocco, a convergência de duas grandes forças disruptivas
explica a revolução dos bancos: fintech + mobile. “Além dessa
combinação, precisa existir agilidade. Na indústria atual, um ano
equivale a 30 anos no passado.”
O banco foi feito para o celular, ele afirma. “Um smartphone tem
câmera, geolocalização, biometria, está sempre com o cliente. O mobile
leva a transformação do setor financeiro a outro nível. Nós vamos
3. FINANÇAS NA PALMA DA MÃO
———————
Fintechs concentram
serviços financeiros
nos dispositivos
móveis e apostam
no conceito de open
banking
———————
15. 15FINTECHS
———————
Segundo pesquisa da
Febraban, em 2015
internet banking
e mobile banking
já representavam
54% das transações
bancárias no país
———————
conectar o celular no carro e conversar com o banco, vamos plugá-lo
na TV e acessar um dashboard de investimentos.”
3.2. A NOVA RELAÇÃO
COM O DINHEIRO
A adoção de tecnologia na vida financeira está em crescimento constante
no Brasil. Pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostrou
que, em 2015, internet banking e mobile banking já representavam, juntos,
mais da metade das transações bancárias no país (54%).
Com a explosão do mobile e o avanço das tecnologias adotadas no
setor financeiro, já é possível observar uma nova relação entre pessoas
e bancos. Mais do que isso, essa espécie de “casamento” começa a
criar também uma outra relação: a do consumidor com o dinheiro.
Um dos maiores cases da Revolução Fintech é o M-Pesa, lançado
no Quênia pela Vodafone e agora difundido em outros países, como
África do Sul e Afeganistão. O serviço permite transferir recursos, fazer
pagamentos e efetuar saques pelo celular, levando serviços bancários a
milhares de cidadãos e reduzindo a taxa de desbancarização.
No Brasil, onde, segundo pesquisa do McKinsey Global Institute, 32%
da população adulta não tem uma conta bancária e 53% das pequenas
e médias empresas não têm acesso à crédito, um exemplo de sucesso
é o Banco Maré. Criada para fomentar a economia local e oferecer
melhores serviços financeiros aos moradores do Complexo da Maré,
uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, a plataforma permite pagar
contas e transferir dinheiro com o smartphone.
Para 2017, é aguardada a abertura ao público da primeira Amazon Go,
supermercado que atualmente funciona em fase de testes em Seattle,
EUA, atendendo a funcionários da Amazon. A companhia de Jeff
16. 16FINTECHS
Bezos, que já revolucionou diversas indústrias, construiu um sistema
de compras físicas inteligente, que dispensa caixas para pagamento,
dinheiro ou cartões de débito/crédito (além de filas e perda de tempo).
Até mesmo o celular só é necessário na chegada à loja: o cliente deve
acessar o app para autenticar sua entrada, escolher os produtos que
quer levar – e pode devolve-los às prateleiras, caso se arrependa – e
sair com eles. Neste momento, a compra é finalizada e a cobrança,
efetuada na conta do usuário. As tecnologias envolvidas são as mesmas
usadas nos carros autônomos: Inteligência Artificial, Machine Learning,
sensores de proximidade e visão por computador.
Os pagamentos invisíveis são uma das principais tendências da
atualidade e impactam uma série de diferentes indústrias. Um exemplo é
o Uber: quando a corrida se encerra, o indivíduo é cobrado no cartão de
crédito cadastrado, recebe um recibo digital e pronto.
Associado à mudança no comportamento dos consumidores, a
expectativa é que o aumento da penetração de smartphones impulsione
de forma decisiva as soluções de pagamento frictionless. Até 2021,
projeta-se que o número de transações sem qualquer contato entre
máquina e cartão dobrem no mundo inteiro.
3.3. FINTECHS E MOBILE
MARKETING
Mobile é o quintal das fintechs e, por isso, elas têm obrigação de usá-lo
de forma arrojada no marketing, diz Paulo Martinez, fundador e COO (chief
operating officer) da Agência Ginga. “A publicidade é a ignição que as
fintechs precisam para gerar credibilidade e força de marca, convertendo
novos usuários e fidelizando clientes. E o caráter único do mobile é permitir
trabalhar geolocalização e contexto de comportamento, gerando empatia,
afinidade e um sem número de ocasiões para falar com os consumidores
de forma totalmente personalizada.”
———————
Os pagamentos
invisíveis são uma das
principais tendências
da atualidade e
impactam diferentes
indústrias
———————
17. 17FINTECHS
Ele ressalta, entretanto, que é necessário atuar no momento, no
contexto e no local certos. Campanhas de TV devem estar em
consonância com o digital porque, no novo varejo, basta baixar um app
e preencher um cadastro – a conversão é 100% digital. E tudo precisa
ser monitorado e mensurado em tempo real. “Não se trata de medição
tradicional, você não pode medir o brand awareness separado de
performance. É importante implantar atribuição, ter KPIs em real-time.
É trazer o modelo startup para o marketing digital.”
Na Ginga, a equipe sabe, por exemplo, quanto a TV aumenta a busca
e quanto a busca aumenta a abertura de contas. Martinez conta
que, durante uma campanha na TV, entre 85% e 90% dos acessos
acontecem no mobile. “É a confirmação do comportamento de assistir
TV com o celular na mão e reagir em tempo real”, aponta.
As fintechs têm concorrência de marcas fortes, algumas centenárias,
com milhões de clientes. Em termos de imagem, seu grande desafio
é gerar conhecimento e empatia, além de transmitir segurança
e credibilidade. “Os consumidores reclamam de bancos e de
companhias de telecom, mas, nestes setores, é difícil mudar. E,
quando eles mudam, é para outros players estabelecidos. Como o
produto é inovador, é fundamental trabalhar a jornada completa, do
brand awareness à conversão.” •
———————
Em termos de
imagem, o grande
desafio das fintechs é
gerar conhecimento
e empatia, além de
transmitir segurança
e credibilidade
———————
18. 18FINTECHS
4.1. TECNOLOGIAS
Neste subcapítulo, apresentaremos as principais tecnologias
relacionadas ao universo fintech.
API
O termo API (Application Programming Interfaces, ou Interfaces de
Programação de Aplicações) define um modelo de interface que permite
integrar diferentes sistemas ou aplicações. Por meio delas, terceiros
podem acessar informações de forma segura e desenvolver soluções
próprias. Um exemplo são os apps que se conectam ao Google Maps
para oferecer seus serviços.
No mercado financeiro, as APIs sustentam o modelo de open banking,
conectando instituições financeiras a empresas ou startups fintech. Para
disponibilizar informações por meio de APIs, as corporações precisam
redesenhar sua arquitetura tecnológica ou criar uma camada de
interface complementar.
4. INOVAÇÃO E OPEN BANKING
———————
As APIs sustentam
o modelo de open
banking, conectando
instituições financeiras
a empresas ou
startups fintech
———————
19. 19FINTECHS
———————
Cerca de 80% dos
bancos globais já
estão trabalhando em
projetos de blockchain,
a ferramenta digital
que está por trás do
Bitcoin
———————
Blockchain
É o nome dado a cada registro de transferência de recursos efetuada
em uma rede descentralizada, independente de uma entidade
reguladora central. A rede é baseada em algoritmos sofisticados de
criptografia, que garantem a autenticidade das confirmações.
Em 2016, blockchain foi apresentada como uma das tecnologias mais
inovadoras e disruptivas da indústria financeira no Fórum Econômico
Mundial. Cerca de 80% dos bancos globais já estão trabalhando em
projetos de blockchain, a ferramenta digital que está por trás do Bitcoin
e promete executar funções como registro, compliance e verificação de
transações financeiras.
Robo advisors
Os assessores-robô são consultores financeiros que trabalham
com pouquíssima intervenção humana, baseando suas análises em
algoritmos. De acordo com o perfil de risco do cliente, eles fazem
recomendações de investimentos. A tecnologia está democratizando o
acesso a este serviço, porque as tarifas cobradas são acessíveis a mais
consumidores. Além disso, ela começa a mudar a maneira como as
pessoas fazem investimentos.
Inteligência Artificial
Produtos portadores de AI substituem as decisões humanas por
tecnologias avançadas. São baseados em algoritmos complexos
e sistemas de Machine Learning – eles aprendem à medida que
são usados. Assim, conseguem reconhecer padrões e prever
acontecimentos. Exemplo simples de solução de Inteligência Artificial é
o teclado virtual de um smartphone, que sugere a próxima palavra a ser
digitada por determinado usuário.
Internet das Coisas
Carros, geladeiras, TVs, wearables como relógios, pulseiras, jaquetas
e óculos. Objetos do dia a dia, conectados e capazes de processar
informações complexas, começam a ser usados para oferecer novos
produtos e serviços. Em termos de evolução, o IoT (Internet of Things)
está ligado a inovações nas áreas de AI, nanotecnologia e sensores
wireless, entre outras.
20. 20FINTECHS
Inserção de
desbancarizados no
sistema financeiro por meio
de plataformas e apps
que facilitam a abertura de
conta corrente e caderneta
de poupança.
Fazer investimentos com
base na recomendação de
robo advisors.
A NFC também está por
trás de pulseiras, relógios e
anéis utilizados para efetuar
pagamentos.
Integrar Chatbot com
plataformas populares
para se comunicar com
o consumidor, como o
Facebook Messenger e o
assistente da Amazon.
Embutir em carros
aplicativos que efetuam
pagamentos, apontam a
necessidade de abastecer
e indicam o posto de
combustível mais próximo,
usando tecnologias como
bluetooth e QR codes.
Coletar informações sobre
os clientes e rastrear itens
segurados por meio de
wearables, dispositivos
conectados ou adesivos
instalados.
Acesso e movimentação
de contas pelo celular,
usando tecnologias
como reconhecimento
facial, de voz e GPS para
autenticação e prevenção
contra fraudes.
Usar uma mobile wallet
para pagar contas por meio
da tecnologia Near Field
Communication (NFC),
disponível em celulares e
outros dispositivos móveis.
Fazer compras em uma loja
física efetuando check-in no
app pelo celular.
Integração com outras
plataformas para
efetuar pagamentos e
transferências financeiras.
Alguns exemplos: contatos
do Facebook Messenger,
WhatsApp, WeChat (maior
rede social móvel da
China), além de aplicativos
voltados a transações
entre consumidores
e estabelecimentos
comerciais.
Oferecer assistência a
clientes usando tecnologias
de Chatbot, interfaces de
atendimento automatizado.
Com a introdução de
Inteligência Artificial, as
interações ficam mais
sofisticadas, já que os
bots (robôs) aperfeiçoam
constantemente o sistema.
4.2. NOVOS SERVIÇOS
Conheça movimentos e serviços que a Revolução Fintech viabilizou.
21. 21FINTECHS
4.3. DADOS E SEGURANÇA
O avanço do mercado de inovação também amplia a segurança do
sistema financeiro, analisam especialistas. Os bancos agora podem
adotar procedimentos diferentes para combater fraudes e lavagem de
dinheiro: o uso do GPS para obter a localização do cliente, a análise
do tempo de uso da conta de e-mail, o reconhecimento facial, de
voz, certificado digital ou exigência de movimentos específicos para
completar transações. Seguros é outro setor que terá muitos benefícios
com a adoção das tecnologias.
Em junho de 2016, o BTG Pactual, maior banco de investimentos da
América Latina, lançou uma plataforma online de investimentos, o
BTG Pactual Digital, voltado ao varejo de alta renda. A ideia é tornar o
investimento acessível a mais pessoas e chegar a 200 mil clientes em
três anos. “Oferecemos os mesmos produtos com taxas competitivas
porque não temos os gastos enormes dos grandes bancos de varejo.
Mostramos que é possível investir a partir de R$ 3 mil, não só de R$ 5
milhões”, diz Marcelo Flora, sócio responsável pelo projeto. “Costumo
falar que somos uma startup dentro da instituição.”
Sem agências físicas, a plataforma usa Machine Learning, robo advisor
e Big Data para oferecer serviços inovadores e otimizar processos. A
abertura de conta é 100% digital. “O celular armazena a geolocalização
da pessoa e identifica onde ela passa as noites. É mais difícil adulterar
esta informação do que um comprovante de residência. Com Big Data,
dados de empresas terceiras, o cliente digita seu CPF e eu consigo
levantar, com alto grau de confiabilidade, em qual endereço ele mora”,
cita o executivo.
A área digital do BTG está expandindo para a Colômbia e o Chile. Flora
afirma que o objetivo não é inovar por inovar, e sim melhorar a experiência
do cliente. “Estamos vivendo uma transformação de verdade. É mais do
que Revolução Fintech, porque envolve todas as indústrias.”
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Graças ao avanço da
inovação, os bancos
podem adotar
procedimentos
diferentes para
combater fraudes e
lavagem de dinheiro
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22. 22FINTECHS
4.4. DESAFIOS E FUTURO
Não se pode reduzir o movimento fintech à briga “bancos estabelecidos
versus startups disruptivas”, frisa Marcelo Bradaschia, fundador do
FintechLab. “Nem todas as fintechs competem com bancos; muitas
querem agregar a eles novas soluções. E uma série de empresas estão
se posicionando: na Starbucks, o segundo produto mais rentável é o
cartão pré-pago da empresa. O WeChat movimenta mais dinheiro no
mercado asiático do que o PayPal.”
Para ele, o maior desafio da indústria fintech é o fato de o mercado
financeiro ser extremamente concentrado, com a dominância de poucas
e grandes corporações. “Existe uma barreira para novos players. Não
à toa, o primeiro setor que evoluiu no Brasil foi o de pagamentos, que
permeia todas as indústrias.”
Mas agentes importantes estão contribuindo com seu crescimento.
As mudanças regulatórias são um deles. “Trata-se de um mercado
regulado, mas é isso que traz segurança. Por que os EUA não são
referência em adoção de fintechs? Porque cada estado do país tem as
suas próprias leis”, explica.
Outro é a demanda. “As pessoas estão se tornando digitais”, resume
o especialista. De acordo com estudo da FGV-SP (Fundação Getúlio
Vargas de São Paulo), o Brasil terá um smartphone por pessoa até o
fim de 2017. •
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O maior desafio
da indústria
fintech é um
mercado financeiro
extremamente
concentrado e com
a dominância de
poucas corporações
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23. 23FINTECHS
―
API (Application Programming Interface)
Interface de Programação de Aplicações é o termo que designa um
conjunto de métodos e padrões de programação para acesso a um
aplicativo ou plataforma. A API permite a conexão do aplicativo que está
sendo usado com outros sistemas. Quando disponibiliza uma API, uma
companhia permite que empresas terceiras desenvolvam soluções para ela.
―
Big Data
Conjunto de dados tão grande e complexo que não pode ser tratado
com processadores de dados tradicionais. Associado a tecnologias
como Machine Learning e sensores disponíveis no celular, é capaz de
identificar, por exemplo, traços de comportamento e perfil de consumo.
―
Biometria
Processo que detecta e registra, por meio de um dispositivo ou
sistema eletrônico, características únicas de uma pessoa para
confirmar sua identidade.
―
Bitcoin
Primeira moeda virtual de gestão distribuída da história, criada em 2009,
quando seu código-fonte foi disponibilizado como open-source ao
mercado.
―
Blockchain
Ferramenta digital que permite executar funções como registro e
verificação de transações financeiras em redes descentralizadas.
5. A INDÚSTRIA FINTECH DE A A Z
24. 24FINTECHS
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Chatbot
Quando o chat utiliza um “bot” (abreviação de “robot”), sistema dotado
de Inteligência Artificial, para interagir com os clientes e consumidores
por meio de mensagens.
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Cryptocurrencies
Moedas digitais criptografadas. O Bitcoin é um exemplo.
―
DLT (Distributed Ledger Technology)
Conjunto de iniciativas ligadas a redes descentralizadas, que podem ser
privadas ou públicas.
―
Insurtech
Do inglês insurance + technology (seguros + tecnologia). O termo
designa empresas e startups que desenvolvem serviços e produtos
voltados ao setor de seguros, baseados em tecnologia. Atualmente, é
um dos braços mais promissores do movimento fintech.
―
Internet das Coisas
Do inglês Internet of Things (IoT). É a tecnologia que conecta à
internet dispositivos eletrônicos usados na vida cotidiana, como
eletrodomésticos, eletroportáteis e meios de transporte.
―
Machine Learning
Tecnologia que permite às máquinas aprenderem novos
comportamentos conforme vão sendo utilizadas.
25. 25FINTECHS
―
Método Agile
Conjunto de metodologias para desenvolver softwares que permite
adaptações e modificações rápidas. Em português, também é chamado
de Método Ágil.
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Mobile money
Termo dado a serviços financeiros realizados por meio de celulares.
―
Mobile wallets
Carteiras mobile são sistemas que guardam e criptografam dados
de cartões de crédito e outras formas de efetuar pagamentos em
dispositivos móveis.
―
NFC (Near Field Communication)
Tecnologia que viabiliza pagamentos quando se aproxima um dispositivo
de outro.
―
Nuvem
As plataformas cloud, na nuvem, armazenam suas informações em
servidores remotos e são acessadas pela internet.
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One-click-buy
Compra por um clique, que dispensa o preenchimento de formulários e
o envio repetitivo de informações para efetuar compras online.
26. 26FINTECHS
―
Open banking
Modelo em que um banco abre sua plataforma digital a outras empresas
ou startups, para que elas desenvolvam novas soluções e funcionalidades.
A conexão entre as duas partes acontece por meio de APIs.
―
Pagamentos invisíveis
Também chamados de pagamentos frictionless ou contactless.
Quando se efetua um pagamento com o celular, um dispositivo
eletrônico ou adesivo, sem precisar usar cartão ou dinheiro.
Uber e Sem Parar são exemplos.
―
RFID
Do inglês Radio Frequency Identification (identificação por meio de
rádio-frequência). É a tecnologia que permite identificar objetos usando
sinais de rádio.
―
Robo advisors
Os robôs-investidores são consultores ou gestores automatizados, que
usam algoritmos para recomendar e alocar investimentos financeiros.
―
Seamless bank
Banco que conecta seus serviços e produtos a aplicativos, permitindo
que o cliente tenha acesso a eles em qualquer hora e lugar.
―
Wearables
Produtos usáveis, como roupas, óculos, relógios e pulseiras, que
recebem dispositivos capazes de gerar dados e se conectar à internet. •
27. 27FINTECHS
6. ENTREVISTA:
GUGA STOCCO, ADVISOR OF STRATEGY
AND INNOVATION
A NOVA REVOLUÇÃO FINANCEIRA
Já é possível avaliar o impacto do movimento fintech e
do open banking no setor financeiro dos mercados em
desenvolvimento?
No Brasil, quando o Banco Central autorizou o consumidor a abrir
e fechar contas online, ele facilitou diversos processos e também a
portabilidade de contas. A portabilidade já tinha impactado o setor
de telecom, por exemplo. O que vemos agora é que o banco passa
a ser um app – e terá de jogar com as regras dos apps. Precisa
ser muito mais ágil, precisa estar atualizado com as novidades
constantes em tecnologia, precisa agradar o cliente para não ser
———————
Os bancos passam
a ser apps - e terão
de jogar as regras
dos apps
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28. 28FINTECHS
deletado. Em poucos anos, veremos os bancos virarem empresas
extremamente ágeis, porque o nível de exigência do consumidor
mudou. Se o iPhone inova pouco, perde market share. Se um app
não é atualizado, a audiência o abandona.
O que motivou a decisão de investir nesta indústria?
Estamos numa era de transição, de “bank centric” para “user
centric”. Novas tecnologias já existem no banking, mas não nos
bancos. É a “Uberização dos bancos”: inovação e tecnologia
causando disruptura, facilitando processos, ampliando a
concorrência no mercado, melhorando a experiência do consumidor
e mostrando que é necessário tratá-lo bem. Nesta nova indústria,
ainda está tudo dividido: eu sou um cartão de crédito, eu sou um
banco, eu sou um Taco Bell. Mas os elos estão começando a se
conectar e, quando eles se conectam, o movimento fica poderoso.
Começou como um “black swan”, achavam que seria só um buzz...
Mas as instituições financeiras acordaram. De qualquer jeito, trata-se
de uma mudança difícil, porque envolve cultura, forma de trabalhar,
habilidades dos profissionais. Porém, no fim do dia, o que fica é o
efeito BlackBerry. Por que não foi a BlackBerry quem fez o iPhone?
A revolução fintech ocorre especialmente em
plataformas móveis: foi o avanço do mobile que permitiu
concentrar serviços financeiros na palma da mão. Como
a combinação entre essas duas forças vai mudar a
relação entre pessoas e banco, pessoas e dinheiro?
O mobile será o controle remoto da vida financeira das pessoas. E
o dinheiro vai morrer. Ele pode ser roubado, não é interessante para
uma economia. Com o dedo, hoje, você faz uma transferência de
dinheiro. Com a adoção do smartphone como primeira tela, dentro
de cinco anos, vários países do mundo não terão mais dinheiro. As
pessoas terão crédito e dinheiro digital. Outra tendência clara é a
———————
Nos próximos
anos, bancos vão
oferecer serviços em
smart TVs, carros e
geladeiras inteligentes
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29. 29FINTECHS
economia compartilhada, exemplificada por empresas como o Uber,
o Airbnb. Estamos chegando a um momento em que as pessoas
não vão mais precisar comprar coisas; em um futuro próximo, a
experiência vai prevalecer sobre o patrimônio. Pense nas diferenças
entre os millennials e os baby-boomers. Você acha que um millennial
vai preferir comprar um imóvel ou viajar o mundo inteiro via Airbnb?
Como projeta o futuro do setor financeiro?
O banco está na sua 4ª fase evolutiva. Tivemos a agência, a
internet, depois o mobile – quando as pessoas passaram a
estar, literalmente, com seu banco 24 horas por dia. Agora, o
banco está em todo lugar. A 5ª onda será o blockchain, que vai
descentralizar tudo: você poderá emitir sua própria moeda, por
exemplo. Em 2020, projeta-se que 20% do acesso à internet não
acontecerá por um dispositivo físico. Teremos realidade virtual,
realidade aumentada, robótica, holografias, presença artificial.
Estamos começando a construir esse futuro. ●
30. 30FINTECHS
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