1) O documento discute como o paleomagnetismo contribuiu para a teoria da deriva continental, permitindo determinar a posição original das rochas em relação aos pólos magnéticos da Terra.
2) Foi descoberto que as rochas apresentam um "registro magnético fóssil" que varia ao longo do tempo, indicando que os continentes se deslocaram em relação aos pólos magnéticos.
3) Isso confirmou que os continentes não são fixos e se deslocam lentamente através dos séculos, apoiando a hip
Paleomagnetismo revela história da deriva continental
1. 5. Paleomagnetismo: uma nova pista
A CIÊNCIA DO PALEOMAGNETISMO CONTRIBUIU PARA
o APERFEIÇOAMENTO DA TEORIA DA DERIVA. POR ESSE RECURSO,
I -
TORNOU-SE POSSIVEL DETERMINAR A POSIÇAO DAS ROCHAS EM
- I I
RELAÇAO AOS POLOS TERRESTRES NA EPOCA EM QUE FORAM
FORMADAS E COMPARÁ-LA COM SUA POSIÇÃO ATUAL.
O "CALENDÁRIO" DE INVERSÕES MAGNÉTICAS MOSTROU UMA
CONTÍNUA RENOVAÇÃO DAS ROCHAS DO FUNDO DO MAR.
Uma pequena recapitulação e ordenação dos fatos
Imagine você o espanto do navegante português João de Castro, vice-
rei da Índia, quando, em 1538, viajando pelo Mar Arábico, nas proximi-
dades de Bombaim, tendo atracado em uma pequena ilha, colocou sua
bússola sobre o rochedo e verificou que a agulha se inverteu: apontava
para o sul em vez de apontar para o norte!
A única coisa que o bravo navegador poderia fazer era anotar o
incidente em seu diário de bordo e, provavelmente, trocar de bússola.
Mas a informação, meticulosamente registrada, embora ficasse esque-
cida durante séculos, veio a ser redescoberta e, finalmente, a colabo-
rar poderosamente na explicação da deriva dos continentes e, o que é
58 59
A DERIVA DOS CONTINENTES
mais importante, na fixação das datas em que os fenômenos principais
se verificaram.
Comecemos a ordenar novamente nossos dados. Temos, na verda-
de, algumas peças importantes, conquistadas pela geofísica e geoquími-
ca recentes, concorrendo para a comprovação da hipótese lançada por
Wegener. Ele já sabia que as rochas que formam os continentes têm
menor densidade que as rochas que compõem o manto e o fundo do
mar. O que ele não podia ter adivinhado é que aquelas rochas leves, de
silicato de alumínio, eram a espuma do manto, destacada há bilhões de
anos e acumulada na superfície. Ele adivinhava, entretanto, que, flutu-
ando sobre o magma meio mole e mais denso, os continentes eram como
que iceberqs, com a maior parte afundada no magma e uma pequena par-
te aflorando acima da superfície.
Experiências têm sido feitas utilizando modelos físicos (ou o
computador) em que blocos de material com densidade igual a 2,8
(densidade dos granitos) são colocados sobre um líquido de densidade
3,2 (densidade do magma): os blocos são independentes, de modo que
possam deslocar-se para cima ou para baixo, de acordo com os empu-
xos previstos pela Lei de Arquimedes. O resultado é semelhante ao
que se observa na figura a seguir e já havia sido utilizado por Suess e
outros autores anteriores aWegener para explicar os movimentos ver-
ticais observados na crosta em decorrência da redução ou aumento de
cargas sobre os continentes. Por exemplo: há muito se observou que a
Península Escandinava vem subindo à medida que derrete progressi-
vamente o gelo que se acumulou sobre suas montanhas nos períodos
de glaciação, quando a temperatura da Terra era mais baixa que hoje.
A descoberta da "espuma" confirma, pois, a possibilidade suposta por
Wegener de que os continentes, flutuando, possam estar se deslocan-
do numa ou noutra direção, tal como os iceberps sobre o mar.
Outro dado importante - que Wegener nem sequer suspeitou - é
que o assoalho dos oceanos anda. Wegener não atinou com isso, mas o
grande geólogo inglês Arthur Holmes, adepto da idéia da deriva, levan-
tou a hipótese em 1929.
2. POLEMICA
Continente
,
: Água
:domaMontanhas.
(A) (8)
o princípio da isostasia: (Ai cada relevo do continente é compensa-
do, em profundidade, por uma "raiz", tal como um iceberg na água;
(8i modelo teórico construído com ajuda de uma série de blocos
com densidade 2,8 flutuando em um líquido com densidade 3,2.
Holmes, na verdade, não estava muito convencido das explicações
de Wegener para as causas da deriva. Estudando a fundo a questão do
aquecimento interno da Terra pela radioatividade de suas rochas, não
encontrava uma explicação muito satisfatória para a transferência que se
observa desse calor das regiões profundas para a superfície terrestre.
A simples transferência através dos vulcões era insuficiente. Deve-
riam, segundo Holmes, existir correntes de convecção, isto é, corren-
tes de magma aquecido que subiriam das regiões centrais da Terra para
as regiões supe~ficiais, levando o calor para cima e depois voltando para
o fundo, à medida que resfriassem. Esse movimento circulatório do
magma, além de aquecer as rochas da superfície, empurraria os conti-
nentes. O afundamento de magma resfriado, de volta às regiões profun-
das, explicaria ainda a existência dos grandes buracos ou fossas abissais
oceânicas existentes nas bordas do Pacífico, por exemplo, enquanto as
margens dos continentes, nesses locais de fricção com a corrente de
magma que se afunda, tenderiam a levantar-se formando as cordilhei-
ras. Evidentemente, o próprio atrito dessa corrente de encontro ao con-
tinente poderia constituir a origem dos terremotos, tão mais freqüen-
tes nessas regiões que em outras. A descoberta, realizada trinta anos
depois, do deslocamento do fundo dos oceanos a partir das dorsais veio
confirmar plenamente a suspeita de Holmes.
Os fósseis e as diferenças de composição das rochas de superfície
em diferentes regiões do globo - especialmente junto às costas oceâni-
60
A DERIVA DOS CONTINENTES
cas dos diversos continentes, hoje separados pelo mar - constituíram
testemunhos importantes para atestar a identidade dessas porções que
se separavam. Mas não havia nenhum testemunho do caminho seguido
nessa separação, isto é, da história de cada fragmento da crosta terrestre
em sua viagem flutuando sobre o magma. Além disso, não havia maneira
de medir, com exatidão, a velocidade com que caminhava o tapete ro-
lante de basalto empurrando os continentes. Foram as anomalias mag-
néticas, como a observada pelo português João de Castro no século XVI,
que vieram resolver o problema.
o magnetismo fóssil
Fabrica-se um Ímã colocando um pedaço de ferro puro em um campo
magnético. Quando o campo é retirado, o ferro permanece com certo grau
de irradiação residual. Dessa mesma maneira são fabricadas, por exemplo,
as agulhas magnéticas das bússolas. Desde os tempos do antigo império chi-
nês, sabe-se que essas agulhas imantadas, colocadas sobre um eixo ou mes-
mo molhadas em óleo e flutuando sobre a superfície da água, apontam sem-
pre para uma mesma direção da Terra, que foi chamada norte magnético e
corresponde mais ou menos ao norte geogréifico ou norte verdadeiro.
A natureza fabrica Ímãs há milhões de anos, pelo menos desde
quando a própria Terra se tornou um grande campo magnético, prova-
velmente por imantação de seu núcleo de ferro fundido, provocada por
um grande corpo magnético como o Solou outro corpo celeste.
As lavas vulcânicas que contêm ferro, principalmente na for-
ma de magnetita, tornam-se imantadas no decurso do seu resfria-
mento, adquirindo a mesma orientação norte-sul do campo ter-
restre que originou a imantação. Seria de supor, pois, que os pe-
quenos Ímãs assim formados, nas rochas vulcânicas de qualquer lu-
gar da Terra e de qualquer idade, tivessem a mesma orientação
magnética, isto é, indicassem a direção norte-sul. A não ser que
essas rochas, depois de imantadas, tivessem sofrido uma rotação, o
que realmente acontece!
61
3. POL~MICA
A imantação das lavas vulcânicas foi descoberta em 1853. Esse
achado adquiriu grande importância em relação aos estudos do magne-
tismo terrestre, por constituir um registro fóssil, como que "congela-
do", do magnetismo de milhares de milhões de anos passados, quando
da formação das lavas: uma verdadeira "memória magnética" da Terra.
Com a invenção, por volta de 1950, de aparelhos muito sensi-
veis para avaliação do magnetismo terrestre, denominados magnetô-
metros, algumas equipes de cientistas começaram a medir sistemati-
camente o magnetismo de rochas em diferentes partes do mundo,
com o fito de obter datações que permitissem traçar a história do
magnetismo terrestre e determinar a sua origem. Esse estudo, de-
nominado pa1eomagnetismo, adquiriu grande importância em relação
à comprovação da deriva.
O primeiro desses estudos sistemáticos, realizado na Inglaterra em
rochas pertencentes ao Triássico, isto é, datadas de aproximadamente
200 milhões de anos, trouxe a enorme surpresa: a orientação do campo
magnético daquelas rochas não coincidia com a direção norte-sul, isto
é, com a orientação do campo magnético terrestre que o havia origina-
do. Isso significava o quase absurdo de dizer que a própria Inglaterra,
formada por aquelas rochas, havia sofrido uma rotação durante esses
200 milhões de anos! Absurdo realmente, se não se considerasse o fenô-
meno da deriva, o que transformava não apenas a ilha britânica como
também os maiores continentes em verdadeiras jangadas de pedra des-
locando-se sobre o mar de magma.
Os ingleses do Imperial College, entre espantados e entusiasma-
dos, decidiram confirmar essa hipótese em outros locais do mundo. Pas-
saram a estudar o paleomagnetismo das rochas de países do império bri-
tânico como África do Sul, Austrália, Canadá, Índia, localizados em vá-
rios continentes. Puderam observar, então, em rochas magnetizadas de
diferentes idades, que sua orientação magnética variava de forma contí-
nua ao longo dos tempos, o que só poderia significar que os próprios
continentes onde se localizavam tivessem sofrido movimentos de deslo-
camento angular em relação aos pólos magnéticos da Terra.
62
A DERIVA DOS CONTINENTES
Alguns cientistas, na época, resistentes à idéia de Wegener, propuse-
ram uma conclusão alternativa: que os pólos magnéticos tivessem mudado
lentamente de posição e não os continentes. Mas isso não explicaria os des-
locamentos angulares ocorridos na Europa, comprovados pelos dados paleo-
climáticos apontados por Wegener e já aqui referidos, demonstrando que a
América do Sul e a África já estiveram muito mais próximas do pólo do que
hoje (pois já foram parcialmente cobertas de gelo). Na mesma época, ainda,
o continente europeu passeava pelos trópicos, o que é evidenciado pelos
depósitos de carbono fóssil da Inglaterra e outras regiões frias.
A comparação desses deslocamentos completou perfeitamente o
quadro: os continentes não são fixos, plantados eternamente em lugares
predeterminados do globo terrestre. Mas isso ainda não foi suficiente para
as cabeças mais irredutíveis. Um dos mais teimosos, Harold ]effreys, pas-
sou a afirmar que o magnetismo das rochas nada tinha que ver com o
magnetismo terrestre: era induzido pelo martelo do geólogo, quando este
retirava as lascas de pedra levadas como amostra para o laboratório ...
o relógio magnético terrestre
Os pólos magnéticos daTerra não sofrem deslocamentos lentos ao lon-
go dos tempos. Eles sofreram inversões bruscas, com certa freqüência, desde
a origem da Terra até hoje. Isto é, o pólo norte de hoje já esteve no sul,
depois retornou ao norte, sucessivas vezes, sempre em mudanças bruscas-
para não dizer instantâneas. Foi isso que denunciou a bússola do navegador
português em Bombaim, no ano de 1538: a rocha sobre a qual colocara seu
aparelho datava de uma época em que os pólos estavam invertidos. Vejamos
o que esse português, extremamente cauteloso e movido por uma curiosi-
dade verdadeiramente científica, registrou em seu diário de bordo:
Quando eu coloquei minha bússola sobre uma grande rocha
para verificar a orientação da ilha, a agulha magnética subitamente
girou indicando norte onde antes era o sul. Quando vi isso, eu su-
pus que a agulha houvesse saído do seu eixo e retirei novamente a
63
4. POL~MICA
bússola daquela rocha para colocá-Ia em ordem. Quando o fiz, su-
bitamente a agulha girou e o norte retornou ao seu lugar original!
Concluindo que essa estranha ocorrência deva ser causada pela
natureza da rocha, eu retirei e recoloquei o instrumento repetidas
vezes, e em todas elas o fenômeno se repetiu. Muitosurpreso com
o incidente, eu caminhei por todo aquele monte colocando a bús-
sola em cada rocha que encontrava, mas não ocorreu nenhuma
variação. Encontrei apenas um matacão próximo àquele primeiro
de idêntica natureza, mas nele a agulha não fez um giro tão com-
pleto (The Sciences, da Academia de Ciências de Nova York).
Fenômenos como esse foram observados outras vezes, como na Ín-
dia, durante o século XIX, e na França e Japão, no início do século XX.
Muitos cientistas procuraram, então, dar explicações para o fenômeno,
alguns imaginando que se tratasse de algum mineral com propriedades
peculiares presente nas rochas em questão, outros que se tratasse de
efeito de raios. Poucos foram os que suspeitaram que o fenômeno se
revestia de maior importância, relacionada com a própria história geo-
lógica do planeta. Só em 1963 é que isso veio a ser comprovado.
Durante aquele ano, duas equipes de cientistas trabalhando inde-
pendentemente - uma da Universidade Nacional Australiana, em Cam-
berra, e a outra do Serviço de Levantamento Geológico dos Estados
Unidos, em Menlo Park, Califórnia - descobriram que rochas proce-
dentes das mais variadas partes do globo, mas todas de mesma idade,
apresentavam polaridade invertida. E, o que era mais importante, essa
inversão ocorrera várias vezes durante a história da Terra: pelo menos
25 vezes durante os últimos 5 milhões de anos! Os cientistas puderam
concluir, pois, que periodicamente os pólos magnéticos da Terra se in-
vertem e que as rochas vulcânicas que se formam nesses períodos con-
servam o magnetismo inverso até hoje, como se fossem verdadeiros
=e=»fósseis, fornecendo não só sugestões da direção como também
da intensidade relativa do magnetismo terrestre em cada período da his-
tória da Terra.
64
A DERIVA DOS CONTINENTES
Conseqüências e causas da inversão magnética
Em média, a inversão ocorreu a cada 200 mil anos nos últimos 5
milhões de anos. O mais curioso é que a última registrada nas rochas
teve lugar há mais de 700 mil anos, o que significa estar demorando
muito para haver outra.
Você já imaginou o que representaria para o mundo de hoje uma
tal inversão?
Em primeiro lugar, todo o sistema de orientação de navios, aviões
e mísseis entraria em colapso. Além disso, há um grande número de
seres vivos - bactérias, peixes, insetos e aves - que se orienta pelo cam-
po magnético e provavelmente não encontraria mais o caminho de casa.
O clima também sofreria grandes mudanças: as partículas radiantes
emitidas pelo Sol em direção à Terra permanecem afastadas centenas de
quilômetros do campo magnético terrestre enquanto se encaminham
em direção a um dos pólos; durante o processo de inversão, ocorreria
um enfraquecimento temporário do magnetismo, permitindo que as
partículas atravessassem a atmosfera superior e dessem origem a núcle-
os para o crescimento de cristais de gelo, provocando assim a formação
de imensas massas de nuvens de gelo que poderiam produzir invernos
rigorosos e chuvosos.
Não há, porém - segundo os cientistas -, perigo de um cataclismo
desses ocorrer sem aviso prévio. Embora se acreditasse, a princípio, que
a inversão seria quase instantânea, hoje se sabe que é precedida de mu-
danças graduais, anomalias magnéticas que ocorrem durante séculos.
Atualmente, algumas anomalias nas camadas mais profundas - de ferro
derretido - da Terra sugerem que uma nova inversão dessa ocorra, po-
rém não antes dos próximos 2 mil anos!
Sabe-se hoje que cerca de 90% do magnetismo terrestre possui
uma orientação semelhante à que seria encontrada em uma gigantesca
barra de ferro imantada que correspondesse ao eixo de rotação do pla-
neta. Esse gigantesco dipolo magnético (assim como seis outros bem
menores, responsáveis por 10% do magnetismo) é gerado pelo movi-
65
5. POL~MICA
mento incessante do ferro em fusão que existe no centro da Terra, a
milhares de quilômetros de profundidade. Assim como em um caldei-
rão de mingau aquecido, o núcleo de ferro é mais quente no centro,
produzindo movimentos de convecção em direção às regiões periféri-
cas, onde o ferro pastoso se resfria; mergulhando novamente, ele origi-
na ondas com cerca de 150 quilômetros de diâmetro.
A partir do momento em que, há alguns bilhões de anos, o núcleo
recebeu uma forte dose de magnetismo de uma fonte externa como o
Sol (sabe-se que o Sol já teve um campo magnético muito mais forte
que o de hoje), o ferro que o constitui passou a gerar eletricidade, como
qualquer condutor elétrico, ao mover-se através do campo magnético.
Essa corrente elétrica intensifica o campo magnético, que, por sua vez,
aumenta a corrente elétrica, formando um círculo vicioso tal como
acontece nos antigos dínamos usados para acender o farolete das bici-
cletas. Ocorre, porém, que o dipolo assim formado não está alinhado
exatamente ao eixo terrestre, e as ondas de ferro derretido variam de
amplitude em cada direção. Assim, a posição do pólo magnético depen-
de da predominância dessas ondas em uma ou outra direção '.
Todas essas descobertas, aparentemente sem importância para a
questão da deriva dos continentes, vieram, entretanto, a constituir mais
uma importantíssima peça a ser encaixada no grande quebra-cabeça.
Elas permitiram estabelecer com precisão as datas em que ocorreram as
principais mudanças bem como a velocidade com que se dá o alarga-
mento dos oceanos.
3 Pesquisas recentes vêm sugerindo que o grande núcleo de ferro do Terra comporto-se como um imenso
cristal, com volume semelhante 00 do lua e tõo quente quanto o superfície do Sol, girando de modo
independente (e com maior velocidade) como se fosse um "planeta autõnomo", dentro de um "lubrifi-
cante" representado pelo camada de ferro líquido que o envolve.
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6. A medida das idades geológicas
A DETERMINAÇÃO DA IDADE DAS ROCHAS CONSTITUI IMPORTANTE
FATOR PARA COMPROVAR O DESLOCAMENTO DOS CONTINENTES.
A IDADE DE ROCHAS SEDIMENTARES PODIA SER CALCULADA PELA
CONTAGEM DE CAMADAS SOBREPOSTAS. FINALMENTE OS MÉTODOS
BASEADOS NA RADIOATIVIDADE DE ALGUNS COMPONENTES DAS
ROCHAS VIERAM COMPLEMENTAR E DAR MAIOR PRECISÃO
I
AOS METODOS ANTERIORES.
Lyell e o processo estratigráfico
Ogrande cientista Charles Lyell, em 1828, viajando pelo interior
da França, na região do Auvergne (famosa pelos seus presuntos), teve
sua atenção despertada por rochas de origem sedimentar formadas por
deposição de lodo muito fino no fundo de antigos lagos. Desaparecidos
os lagos há milhões de anos, restou uma rocha constituída de inúmeras
camadas muito finas, dispostas como as delgadas folhas de certas tortas
que os confeiteiros fazem e a que dão o nome sugestivo de "mil-folhas"
ou "massa falhada". Essas rochas são assim chamadas Jolhelhos ou xis tos .
Lyell descobriu que, naquele caso particular, cada folha milimétri-
ca representava um período de um ano de deposição de argilas no antigo
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