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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO
LAURA MANFREDINI DE SOUZA - Nº USP 9784464
LUCAS ALEXANDRE MORAES RIBEIRO - Nº USP 10270619
O MUTUALISMO LINGUAGEM-CONTEXTO
SÃO PAULO
2017
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O MUTUALISMO LINGUAGEM-CONTEXTO
Trabalho de Reflexões e Contribuições apresentado à
disciplina de Linguagem Verbal nos Meios de
Comunicação I, do curso de Comunicação Social -
Habilitação em Publicidade e Propaganda, da Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo.
Orientadora: Professora Doutora Roseli Figaro
SÃO PAULO
2017
“Nós morremos. Esse pode ser o sentido da vida. Mas
nós fazemos a linguagem. Essa pode ser a medida das
nossas vidas.”
(Toni Morrison)
RESUMO
Será discutida, neste artigo, a relação entre a linguagem e o contexto em que o indivíduo está
inserido. Para realizar essa discussão, usaremos as definições acerca dos signos linguísticos e
como eles participam no mutualismo existente entre os elementos. Como meio de exemplificar
essa correlação, utilizaremos os filmes: A Chegada (2016), de Denis Villeneuve, e O Enigma
de Kaspar Hauser (1974), de Werner Herzog. As teorias utilizadas no desenvolvimento do
trabalho competem a importantes autores, como Ferdinand de Saussure, Dino Preti, José Luiz
Fiorin, Lev Vygotsky, Margarida Petter e Paulo Freire.
Palavras-chave: linguagem, contexto, realidade, signos, comunicação, inter-relação, A
Chegada, O Enigma de Kaspar Hauser.
1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 2
SIGNOS LINGUÍSTICOS, SOCIEDADE E AMBIENTE ............................................. 3
O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1974)................................................................... 5
A CHEGADA (2016) ....................................................................................................... 7
O ACORDO COLETIVO ................................................................................................ 9
CONCLUSÃO................................................................................................................ 10
REFÊRENCIAS ............................................................................................................. 11
2
1. INTRODUÇÃO
Segundo Paulo Freire (2003), palavramundo é um conceito que expressa a relação
entre a leitura do mundo e a da palavra. Do mesmo modo, para Margarida Petter (2007),
a linguagem é extremamente orientada pela visão de mundo, pelas determinações da
realidade social, histórica e cultural de seu falante. Ou seja, é possível afirmar que
diferentes interpretações de mundo levam a diferentes compreensões dos signos
linguísticos, à medida que esses também podem alterar a percepção da realidade.
A influência da realidade na linguagem pode ser observada no filme O Enigma de
Kaspar Hauser (1974), de Werner Herzog, em que o personagem principal não apresenta
um total domínio da comunicação devido à sua exclusão da sociedade. De maneira oposta,
em A Chegada (2016), de Denis Villeneuve, é o entendimento da realidade que se
modifica conforme a protagonista entra em contato com uma nova linguagem.
Segundo Luiz Fiorin (2007), dentro de cada comunidade existe uma convenção
entre os falantes que une o significante das palavras a seus significados, chamada de
acordo coletivo. Fiorin, no trecho seguinte, exemplifica esse acordo e afirma que:
A atividade linguística é uma atividade simbólica, o que significa que as
palavras criam conceitos e esses conceitos ordenam a realidade, categorizam o
mundo. Por exemplo, criamos o conceito de pôr-do-sol. Sabemos que, do ponto
de vista científico, não existe pôr-do-sol, uma vez que é a Terra que gira em
torno do Sol. No entanto, esse conceito criado pela língua determina uma
realidade que encanta a todos nós. (FIORIN, 2007, p. 56)
Em resumo, é notória a correlação entre ambiente e linguagem. Ao mesmo tempo
em que a linguagem modifica a realidade ao contorná-la, delimitá-la e exprimi-la, ela é
alterada pelo contexto, porque os seus signos são acordados pelos indivíduos sociais, os
falantes da língua. A partir dessas considerações e baseando-se nas ideias de renomados
autores, esse artigo tem como objetivo discorrer sobre a interdependência entre a
linguagem e seu contexto.
3
2. SIGNOS LINGUÍSTICOS, SOCIEDADE E AMBIENTE
Os signos são elementos de extrema importância ao analisar a forma de percepção
da realidade, pois são eles que constituem a linguagem e, por conseguinte, a comunicação.
“Na ausência de signos, linguísticos ou não, somente o tipo de comunicação mais
primitivo e limitado torna-se possível” (VYGOTSKY, 2005, p. 7).
Segundo Saussure (1969 apud FIORIN, 2007), signo é a união de um conceito - ao
qual ele dá o nome de significado - a uma imagem acústica, o significante. Ele também
afirma que um signo é o que os outros não são. De outro modo, Hjelmslev (1973 apud
FIORIN, 2007) define signo como sendo o casamento entre um plano de conteúdo e um
de expressão. Ou seja, pode-se dizer que, para o autor, qualquer criação humana dotada
de sentido caracteriza-se como signo.
Seguindo a linha de raciocínio desses autores, o signo pode ser entendido como
meio de interpretar e reproduzir a realidade. Esses signos podem ser expressos tanto na
fala e na escrita, quanto nas produções audiovisuais e obras de arte. Para Saussure (1969
apud FIORIN, 2007) cada signo apresenta significado único, contudo, o seu entendimento
depende do referente construído na prática social. Fiorin, em sua obra Introdução à
Linguística: Objetos Teóricos, corrobora essa afirmação dizendo que:
A realidade só tem existência para os homens quando é nomeada. Os signos
são, assim, uma forma de apreender a realidade. Só percebemos no mundo o
que nossa língua nomeia. (FIORIN, 2007, p. 55)
Estabelecido o conceito de signo, torna-se possível examinar sua correlação com a
realidade. De acordo com Margarida Petter (2007), a linguagem é um conjunto de signos
que possibilita a troca de experiências e, portanto, pode-se inferir que ela é um fator
essencial à comunicação social e humana. Ou seja, os signos e o contexto se relacionam
diretamente quando analisados do ponto de vista da necessidade comunicacional presente
na sociedade. A respeito desse assunto, Petter afirma:
Tudo o que se produz como linguagem ocorre em sociedade, para ser
comunicado, e, como tal, constitui uma realidade material que se relaciona
com o que lhe é exterior, com o que existe independentemente da linguagem.
(PETTER, 2007, p. 11)
4
Considerando que sociedade é um dos elementos que compõem a realidade, pode-
se afirmar que ela é, também, um fator modificador dos signos da própria linguagem. Isto
é, o contexto social em que um grupo de pessoas está inserido influencia os significados
linguísticos presentes em seus discursos.
Paulo Freire, em sua obra A Importância do Ato de Ler (2003), discorre acerca da
relação entre o mundo em que se vive e a linguagem que é empregada nessa mesma
realidade. O livro traz informações sobre o programa de alfabetização de adultos que o
educador ajudou a estruturar. Nesse projeto de educação, o autor muitas vezes enfatizou
a necessidade de ligação entre o que seria escrito e o que é vivenciado no dia-a-dia dos
adultos da região, visando facilitar e dar um propósito à alfabetização. Em outras palavras,
pode-se afirmar que Freire (2003) destaca a conexão que existe entre a linguagem (no
caso, a escrita) e a realidade dos habitantes da localidade.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e
realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada
por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
contexto. (FREIRE, 2003, p. 11)
Com o objetivo de exemplificar e comprovar as teorias expostas, definiu-se como
objetos de análise os filmes: O Enigma de Kaspar Hauser (1974), em que a linguagem é
influenciada pelo contexto; e A Chegada (2016), que demonstra a interferência dos signos
linguísticos no ambiente em que se está presente.
5
3. O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1974)
Pode-se observar, em O Enigma de Kaspar Hauser (1974) de Werner Herzog, a
relação intrínseca entre o meio em que o indivíduo está inserido e sua capacidade de
compreender a linguagem e os signos linguísticos. No filme, o personagem principal
Kaspar Hauser é mantido durante muitos anos em uma espécie de cativeiro, sem ter
qualquer contato com o meio externo. Ao ser libertado, ele não era capaz de assinar seu
próprio nome, dialogar ou se relacionar com o modo de vida existente fora de sua prisão.
[...] o fenômeno linguagem, que não se esgota no estudo das características
internas à língua, em termos de propriedades formais do sistema linguístico,
mas se abre para outras abordagens que considerem o contexto, a sociedade, a
história. (PETTER, 2007, p. 23)
Utilizando-se da argumentação de Petter, é possível compreender o que se passa
com Kaspar: em toda sua vida, ele não manteve contato com os signos linguísticos por
estar isolado do contexto, da sociedade e da história e, portanto, não conseguia
compreender o “fenômeno linguagem” da sociedade local.
Durante o desenvolvimento do filme, o personagem apresenta dificuldade em
compreender o que cada palavra, cada som, quer dizer. Isso porque, “A verdadeira
comunicação requer significado (generalização) tanto quanto signos” (VYGOTSKY,
2005, p. 7). Ou seja, como Kaspar não possuía conhecimento acerca do que as
manifestações da linguagem significavam, ele não era capaz de se comunicar
verdadeiramente com os outros e compreender o significado que as palavras e os sons
tinham.
A situação pela qual Kaspar viveu também altera a sua percepção de ver o mundo.
A falta de contato com o meio externo, além de impossibilitar ao personagem a
interpretação dos signos linguísticos e de entender perfeitamente como funciona a
comunicação entre as pessoas, também fez com que ele tivesse certa dificuldade em
interpretar objetos e situações cotidianas. Para exemplificar essa problemática, pode-se
analisar uma cena do filme em que Kaspar se depara com uma torre e tenta entender como
um edifício tão alto pôde ser construído, sendo que os homens são bem menores que a
construção:
6
- Isso é muito alto. Só um homem muito grande poderia ter construído isso.
Eu gostaria muito de conhecê-lo.
- Não, Kaspar. Não é preciso ser tão grande para construí-la pois existem
andaimes. Entenderá quando eu o levar a uma construção.
(O ENIGMA DE KASPAR HAUSER, 1974, 1h01min)
O personagem principal, devido ao ambiente em que nasceu e cresceu, não teve
durante a sua vida uma linguagem que permitisse que ele fosse capaz de se comunicar
facilmente com as pessoas da região onde ele foi encontrado e, por isso, a aprendizagem
do idioma local, no caso, o alemão, se fez necessária. Ao começar a aprender a língua,
assim como qualquer outra pessoa que está aprendendo uma língua nova, ele comete uma
série de erros na construção das frases. Ao ouvir tais inadequações gramaticais, seu
professor e as pessoas com as quais ele mantinha contato o corrigiam, para que, dessa
forma, Kaspar se “encaixasse” na comunidade. Assim, como já dito por Saussure (1969,
apud PETTER, 2007):
A língua é uma parte essencial da linguagem, é um produto social da faculdade
da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo
social para permitir o exercício dessas faculdades nos indivíduos. Ela é a parte
social da linguagem, exterior ao indivíduo; não pode ser modificada pelo
falante e obedece a leis do contrato social estabelecido pelos membros da
comunidade. (PETTER, 2007, p.14)
É possível dizer, então, que o filme O Enigma de Kaspar Hauser (1974) se relaciona
com o conceito palavramundo de Paulo Freire (2003), uma vez que, ao mostrar o
desenvolvimento da comunicação do protagonista, ele evidencia a ideia de que a realidade
em que se encontra um indivíduo é determinante para seu conhecimento linguístico e de
mundo.
7
4. A CHEGADA (2016)
Ao contrário do que ocorre em O Enigma de Kaspar Hauser (1974), em que a
linguagem é modificada através da percepção de uma nova realidade, pode-se observar,
no filme do cineasta franco-canadense Denis Villeneuve, A Chegada (2016), uma
alteração na assimilação da própria realidade em consequência do aprendizado de uma
linguagem recém-descoberta.
No início da ficção, é apresentada a protagonista Dra. Louise Banks, linguista e
professora universitária, que é convocada pelo governo estadunidense com a finalidade
de traduzir uma linguagem totalmente desconhecida falada por alienígenas recém-
chegados no Planeta Terra. Ao longo do filme, Dra. Banks junto de sua equipe
desenvolvem diversas técnicas para se comunicar com os estrangeiros. Ao passo que os
estudos da nova linguagem vão evoluindo, a protagonista começa a ter diversas
lembranças e, sendo assim, flashbacks são mostrados esporadicamente através da história.
No desenlace da obra, descobre-se que esses flashbacks, apresentados ao longo da
trama, não eram lembranças, mas sim visões de um futuro próximo. Explica-se, então,
que a linguagem utilizada pelos alienígenas era a responsável por essas visões e que o
tempo era percebido por eles de maneira cíclica. Isto é, entende-se que ao compreender e
dominar a comunicação extraterrestre, Dra. Banks começa a captar e interpretar a
realidade de uma maneira diferente da que ela estava acostumada.
Desta forma, torna-se possível estabelecer uma relação entre A Chegada (2016)
com as teorias linguísticas de José Luiz Fiorin, Ferdinand de Saussure e Lev S Vygotsky.
Em seu livro Introdução à Linguística (2007), Fiorin afirma que a atividade linguística é
uma atividade simbólica, ou seja, os signos concebem conceitos e esses conceitos
organizam e categorizam a realidade e o mundo. Para Saussure:
Psicologicamente, abstração feita de sua expressão por meio das palavras,
nosso pensamento não passa de uma massa amorfa e indistinta. Filósofos e
linguistas sempre concordaram em reconhecer que, sem o recurso dos signos,
seríamos incapazes de distinguir duas ideias de modo claro e constante.
Tomado em si, o pensamento é como uma nebulosa onde nada está
necessariamente delimitado. Não existem ideias preestabelecidas, e nada é
distinto antes do aparecimento da língua. (SAUSSURE, 1969, p. 130)
8
Pode-se, então, estabelecer uma correspondência entre pensamento, linguagem e
realidade. Admitindo que, assim como a linguagem, o pensamento também é um reflexo
generalizado da realidade (VYGOTSKY, 2006), torna-se possível dizer que os signos
linguísticos são responsáveis por delimitar, rotular e coordenar a realidade (FIORIN,
2007). Em um trecho do filme, Dra. Banks argumenta a fim de explicar essa teoria a outro
personagem:
- Suponha que eu tenha ensinado xadrez ao invés de uma língua. Todas as
conversas seriam um jogo, toda ideia seria expressa por oposição: vitória,
derrota. Entende o problema?
(A CHEGADA, 2016, 55min)
De maneira análoga, Fiorin explica em seu texto Teoria dos Signos:
O inglês tem duas palavras, sheep e mutton, para expressar o que exprimimos
com a palavra carneiro. O primeiro significa o animal, o segundo uma porção
de carne do animal preparada e servida à mesa. Em português, dizemos O
carneiro é gordo e O carneiro está delicioso. Em inglês, no primeiro caso,
emprega-se sheep e, no segundo, mutton. A mesma realidade é categorizada de
modo diferente em português e inglês. Neste, o animal e o alimento feito com
o animal são vistos como duas realidades completamente diferentes, sem
qualquer relação entre si. Isso significa que a realidade é recortada
diferentemente nas duas línguas. (FIORIN, 2007, p. 56)
Esse fenômeno é evidenciado - de forma acentuada e fantástica, comum nas obras
de ficção científica - no desfecho da trama de A Chegada (2016). A protagonista Dra.
Banks, ao aprender uma nova linguagem, transforma sua realidade e, consequentemente,
sua maneira de pensar.
9
5. O ACORDO COLETIVO
A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a
sociedade em que ele atua. É através dela que a realidade se transforma em
signos, pela associação de significantes sonoros e significados arbitrários com
os quais se processa a comunicação linguística. (PRETI, 1974, p. 12)
Assim como Dino Preti, Fiorin (2007) também acredita que os significados são
arbitrários, ou seja, não possuem uma ligação direta com seus significantes.
[...] não há nada no significante que lembre o significado. [...] Isso é
comprovado pela diversidade das línguas. A palavra mar é sea em inglês; a
palavra boi é ox em inglês. Verifica-se, portanto, que, nos sons mar ou sea, não
há nada que lembre o significado “massas de águas salgadas do globo
terrestre”. Mar poderia ser chamado estunque, se os homens convencionassem
que esse deveria ser seu nome. (FIORIN, 2007, p. 60)
Fiorin (2007) acrescenta que a relação significante-significado repousa em um
acordo coletivo. Ou seja, ele admite que os falantes de uma língua devem estar unidos
por um consenso, o que firma uma comunidade linguística. Com o intuito de exemplificar
essa ideia, pode-se observar, novamente, as obras O Enigma de Kaspar Hauser (1974) e
A Chegada (2016).
Kaspar Hauser, que permaneceu isolado grande parte da sua vida, sem manter
qualquer tipo de contato com outra pessoa, apresenta dificuldade para entender os
significados dos signos linguísticos. Ele, de certa forma, só passa a compreender os signos
por inteiro quando começa a fazer parte de um acordo coletivo, ou seja, quando aprende
a língua e as expressões da região. Isto é, ele passa a consentir, juntamente com os outros
falantes do idioma, sobre o que cada palavra, cada som, representa. Da mesma forma, em
A Chegada (2016), a personagem Dra. Banks só consegue estabelecer uma comunicação
funcional com os alienígenas quando ambos estabelecem uma espécie de acordo
linguístico.
10
6. CONCLUSÃO
Estudar a linguagem é a forma de compreender a cultura, de perceber o homem
(FIORIN, 2007). Isto é, analisar a linguagem é analisar a realidade social de cada um e
entender como essa é refletida através dos signos.
O ambiente e a linguagem apresentam uma relação mutualística incontestável: ao
mesmo tempo em que o meio influencia a maneira com que o sujeito estrutura a sua
linguagem, o modo como os signos são utilizados modificam a sua percepção do mundo.
11
REFÊRENCIAS
CHEGADA, A. Direção: Denis Villeneuve. Produção: Paramount Pictures; FilmNation
Entertainment; Lava Bear Films; 21 Laps Entertainment; Xenolinguistics. Estados
Unidos da América, 2016. 116 min. Dolby Digital, Color, 2.35 : 1.
ENIGMA de Kaspar Hauser, O. Direção: Werner Herzog. Produção: Werner Herzog
Filmproduktion; Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF). Alemanha Ocidental, 1974. 110
min. Mono, Color, 1.66 : 1.
FIORIN, J. Luiz. Teoria dos signos. In: J. Luiz (org). Introdução à Linguística. São
Paulo: Contexto, 2007.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2003.
PETTER, Margarida. Linguagem, língua, linguística. In: FIORIN, J. Luiz (org).
Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto, 2007.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis de fala (um estudo sociolinguístico do diálogo
na Literatura Brasileira). São Paulo: Edusp, 1997.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1969.
VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

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O Mutualismo Linguagem-Contexto

  • 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO LAURA MANFREDINI DE SOUZA - Nº USP 9784464 LUCAS ALEXANDRE MORAES RIBEIRO - Nº USP 10270619 O MUTUALISMO LINGUAGEM-CONTEXTO SÃO PAULO 2017
  • 2. Laura Manfredini De Souza Lucas Alexandre Moraes Ribeiro O MUTUALISMO LINGUAGEM-CONTEXTO Trabalho de Reflexões e Contribuições apresentado à disciplina de Linguagem Verbal nos Meios de Comunicação I, do curso de Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Orientadora: Professora Doutora Roseli Figaro SÃO PAULO 2017
  • 3. “Nós morremos. Esse pode ser o sentido da vida. Mas nós fazemos a linguagem. Essa pode ser a medida das nossas vidas.” (Toni Morrison)
  • 4. RESUMO Será discutida, neste artigo, a relação entre a linguagem e o contexto em que o indivíduo está inserido. Para realizar essa discussão, usaremos as definições acerca dos signos linguísticos e como eles participam no mutualismo existente entre os elementos. Como meio de exemplificar essa correlação, utilizaremos os filmes: A Chegada (2016), de Denis Villeneuve, e O Enigma de Kaspar Hauser (1974), de Werner Herzog. As teorias utilizadas no desenvolvimento do trabalho competem a importantes autores, como Ferdinand de Saussure, Dino Preti, José Luiz Fiorin, Lev Vygotsky, Margarida Petter e Paulo Freire. Palavras-chave: linguagem, contexto, realidade, signos, comunicação, inter-relação, A Chegada, O Enigma de Kaspar Hauser.
  • 5. 1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................ 2 SIGNOS LINGUÍSTICOS, SOCIEDADE E AMBIENTE ............................................. 3 O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1974)................................................................... 5 A CHEGADA (2016) ....................................................................................................... 7 O ACORDO COLETIVO ................................................................................................ 9 CONCLUSÃO................................................................................................................ 10 REFÊRENCIAS ............................................................................................................. 11
  • 6. 2 1. INTRODUÇÃO Segundo Paulo Freire (2003), palavramundo é um conceito que expressa a relação entre a leitura do mundo e a da palavra. Do mesmo modo, para Margarida Petter (2007), a linguagem é extremamente orientada pela visão de mundo, pelas determinações da realidade social, histórica e cultural de seu falante. Ou seja, é possível afirmar que diferentes interpretações de mundo levam a diferentes compreensões dos signos linguísticos, à medida que esses também podem alterar a percepção da realidade. A influência da realidade na linguagem pode ser observada no filme O Enigma de Kaspar Hauser (1974), de Werner Herzog, em que o personagem principal não apresenta um total domínio da comunicação devido à sua exclusão da sociedade. De maneira oposta, em A Chegada (2016), de Denis Villeneuve, é o entendimento da realidade que se modifica conforme a protagonista entra em contato com uma nova linguagem. Segundo Luiz Fiorin (2007), dentro de cada comunidade existe uma convenção entre os falantes que une o significante das palavras a seus significados, chamada de acordo coletivo. Fiorin, no trecho seguinte, exemplifica esse acordo e afirma que: A atividade linguística é uma atividade simbólica, o que significa que as palavras criam conceitos e esses conceitos ordenam a realidade, categorizam o mundo. Por exemplo, criamos o conceito de pôr-do-sol. Sabemos que, do ponto de vista científico, não existe pôr-do-sol, uma vez que é a Terra que gira em torno do Sol. No entanto, esse conceito criado pela língua determina uma realidade que encanta a todos nós. (FIORIN, 2007, p. 56) Em resumo, é notória a correlação entre ambiente e linguagem. Ao mesmo tempo em que a linguagem modifica a realidade ao contorná-la, delimitá-la e exprimi-la, ela é alterada pelo contexto, porque os seus signos são acordados pelos indivíduos sociais, os falantes da língua. A partir dessas considerações e baseando-se nas ideias de renomados autores, esse artigo tem como objetivo discorrer sobre a interdependência entre a linguagem e seu contexto.
  • 7. 3 2. SIGNOS LINGUÍSTICOS, SOCIEDADE E AMBIENTE Os signos são elementos de extrema importância ao analisar a forma de percepção da realidade, pois são eles que constituem a linguagem e, por conseguinte, a comunicação. “Na ausência de signos, linguísticos ou não, somente o tipo de comunicação mais primitivo e limitado torna-se possível” (VYGOTSKY, 2005, p. 7). Segundo Saussure (1969 apud FIORIN, 2007), signo é a união de um conceito - ao qual ele dá o nome de significado - a uma imagem acústica, o significante. Ele também afirma que um signo é o que os outros não são. De outro modo, Hjelmslev (1973 apud FIORIN, 2007) define signo como sendo o casamento entre um plano de conteúdo e um de expressão. Ou seja, pode-se dizer que, para o autor, qualquer criação humana dotada de sentido caracteriza-se como signo. Seguindo a linha de raciocínio desses autores, o signo pode ser entendido como meio de interpretar e reproduzir a realidade. Esses signos podem ser expressos tanto na fala e na escrita, quanto nas produções audiovisuais e obras de arte. Para Saussure (1969 apud FIORIN, 2007) cada signo apresenta significado único, contudo, o seu entendimento depende do referente construído na prática social. Fiorin, em sua obra Introdução à Linguística: Objetos Teóricos, corrobora essa afirmação dizendo que: A realidade só tem existência para os homens quando é nomeada. Os signos são, assim, uma forma de apreender a realidade. Só percebemos no mundo o que nossa língua nomeia. (FIORIN, 2007, p. 55) Estabelecido o conceito de signo, torna-se possível examinar sua correlação com a realidade. De acordo com Margarida Petter (2007), a linguagem é um conjunto de signos que possibilita a troca de experiências e, portanto, pode-se inferir que ela é um fator essencial à comunicação social e humana. Ou seja, os signos e o contexto se relacionam diretamente quando analisados do ponto de vista da necessidade comunicacional presente na sociedade. A respeito desse assunto, Petter afirma: Tudo o que se produz como linguagem ocorre em sociedade, para ser comunicado, e, como tal, constitui uma realidade material que se relaciona com o que lhe é exterior, com o que existe independentemente da linguagem. (PETTER, 2007, p. 11)
  • 8. 4 Considerando que sociedade é um dos elementos que compõem a realidade, pode- se afirmar que ela é, também, um fator modificador dos signos da própria linguagem. Isto é, o contexto social em que um grupo de pessoas está inserido influencia os significados linguísticos presentes em seus discursos. Paulo Freire, em sua obra A Importância do Ato de Ler (2003), discorre acerca da relação entre o mundo em que se vive e a linguagem que é empregada nessa mesma realidade. O livro traz informações sobre o programa de alfabetização de adultos que o educador ajudou a estruturar. Nesse projeto de educação, o autor muitas vezes enfatizou a necessidade de ligação entre o que seria escrito e o que é vivenciado no dia-a-dia dos adultos da região, visando facilitar e dar um propósito à alfabetização. Em outras palavras, pode-se afirmar que Freire (2003) destaca a conexão que existe entre a linguagem (no caso, a escrita) e a realidade dos habitantes da localidade. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 2003, p. 11) Com o objetivo de exemplificar e comprovar as teorias expostas, definiu-se como objetos de análise os filmes: O Enigma de Kaspar Hauser (1974), em que a linguagem é influenciada pelo contexto; e A Chegada (2016), que demonstra a interferência dos signos linguísticos no ambiente em que se está presente.
  • 9. 5 3. O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1974) Pode-se observar, em O Enigma de Kaspar Hauser (1974) de Werner Herzog, a relação intrínseca entre o meio em que o indivíduo está inserido e sua capacidade de compreender a linguagem e os signos linguísticos. No filme, o personagem principal Kaspar Hauser é mantido durante muitos anos em uma espécie de cativeiro, sem ter qualquer contato com o meio externo. Ao ser libertado, ele não era capaz de assinar seu próprio nome, dialogar ou se relacionar com o modo de vida existente fora de sua prisão. [...] o fenômeno linguagem, que não se esgota no estudo das características internas à língua, em termos de propriedades formais do sistema linguístico, mas se abre para outras abordagens que considerem o contexto, a sociedade, a história. (PETTER, 2007, p. 23) Utilizando-se da argumentação de Petter, é possível compreender o que se passa com Kaspar: em toda sua vida, ele não manteve contato com os signos linguísticos por estar isolado do contexto, da sociedade e da história e, portanto, não conseguia compreender o “fenômeno linguagem” da sociedade local. Durante o desenvolvimento do filme, o personagem apresenta dificuldade em compreender o que cada palavra, cada som, quer dizer. Isso porque, “A verdadeira comunicação requer significado (generalização) tanto quanto signos” (VYGOTSKY, 2005, p. 7). Ou seja, como Kaspar não possuía conhecimento acerca do que as manifestações da linguagem significavam, ele não era capaz de se comunicar verdadeiramente com os outros e compreender o significado que as palavras e os sons tinham. A situação pela qual Kaspar viveu também altera a sua percepção de ver o mundo. A falta de contato com o meio externo, além de impossibilitar ao personagem a interpretação dos signos linguísticos e de entender perfeitamente como funciona a comunicação entre as pessoas, também fez com que ele tivesse certa dificuldade em interpretar objetos e situações cotidianas. Para exemplificar essa problemática, pode-se analisar uma cena do filme em que Kaspar se depara com uma torre e tenta entender como um edifício tão alto pôde ser construído, sendo que os homens são bem menores que a construção:
  • 10. 6 - Isso é muito alto. Só um homem muito grande poderia ter construído isso. Eu gostaria muito de conhecê-lo. - Não, Kaspar. Não é preciso ser tão grande para construí-la pois existem andaimes. Entenderá quando eu o levar a uma construção. (O ENIGMA DE KASPAR HAUSER, 1974, 1h01min) O personagem principal, devido ao ambiente em que nasceu e cresceu, não teve durante a sua vida uma linguagem que permitisse que ele fosse capaz de se comunicar facilmente com as pessoas da região onde ele foi encontrado e, por isso, a aprendizagem do idioma local, no caso, o alemão, se fez necessária. Ao começar a aprender a língua, assim como qualquer outra pessoa que está aprendendo uma língua nova, ele comete uma série de erros na construção das frases. Ao ouvir tais inadequações gramaticais, seu professor e as pessoas com as quais ele mantinha contato o corrigiam, para que, dessa forma, Kaspar se “encaixasse” na comunidade. Assim, como já dito por Saussure (1969, apud PETTER, 2007): A língua é uma parte essencial da linguagem, é um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessas faculdades nos indivíduos. Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo; não pode ser modificada pelo falante e obedece a leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade. (PETTER, 2007, p.14) É possível dizer, então, que o filme O Enigma de Kaspar Hauser (1974) se relaciona com o conceito palavramundo de Paulo Freire (2003), uma vez que, ao mostrar o desenvolvimento da comunicação do protagonista, ele evidencia a ideia de que a realidade em que se encontra um indivíduo é determinante para seu conhecimento linguístico e de mundo.
  • 11. 7 4. A CHEGADA (2016) Ao contrário do que ocorre em O Enigma de Kaspar Hauser (1974), em que a linguagem é modificada através da percepção de uma nova realidade, pode-se observar, no filme do cineasta franco-canadense Denis Villeneuve, A Chegada (2016), uma alteração na assimilação da própria realidade em consequência do aprendizado de uma linguagem recém-descoberta. No início da ficção, é apresentada a protagonista Dra. Louise Banks, linguista e professora universitária, que é convocada pelo governo estadunidense com a finalidade de traduzir uma linguagem totalmente desconhecida falada por alienígenas recém- chegados no Planeta Terra. Ao longo do filme, Dra. Banks junto de sua equipe desenvolvem diversas técnicas para se comunicar com os estrangeiros. Ao passo que os estudos da nova linguagem vão evoluindo, a protagonista começa a ter diversas lembranças e, sendo assim, flashbacks são mostrados esporadicamente através da história. No desenlace da obra, descobre-se que esses flashbacks, apresentados ao longo da trama, não eram lembranças, mas sim visões de um futuro próximo. Explica-se, então, que a linguagem utilizada pelos alienígenas era a responsável por essas visões e que o tempo era percebido por eles de maneira cíclica. Isto é, entende-se que ao compreender e dominar a comunicação extraterrestre, Dra. Banks começa a captar e interpretar a realidade de uma maneira diferente da que ela estava acostumada. Desta forma, torna-se possível estabelecer uma relação entre A Chegada (2016) com as teorias linguísticas de José Luiz Fiorin, Ferdinand de Saussure e Lev S Vygotsky. Em seu livro Introdução à Linguística (2007), Fiorin afirma que a atividade linguística é uma atividade simbólica, ou seja, os signos concebem conceitos e esses conceitos organizam e categorizam a realidade e o mundo. Para Saussure: Psicologicamente, abstração feita de sua expressão por meio das palavras, nosso pensamento não passa de uma massa amorfa e indistinta. Filósofos e linguistas sempre concordaram em reconhecer que, sem o recurso dos signos, seríamos incapazes de distinguir duas ideias de modo claro e constante. Tomado em si, o pensamento é como uma nebulosa onde nada está necessariamente delimitado. Não existem ideias preestabelecidas, e nada é distinto antes do aparecimento da língua. (SAUSSURE, 1969, p. 130)
  • 12. 8 Pode-se, então, estabelecer uma correspondência entre pensamento, linguagem e realidade. Admitindo que, assim como a linguagem, o pensamento também é um reflexo generalizado da realidade (VYGOTSKY, 2006), torna-se possível dizer que os signos linguísticos são responsáveis por delimitar, rotular e coordenar a realidade (FIORIN, 2007). Em um trecho do filme, Dra. Banks argumenta a fim de explicar essa teoria a outro personagem: - Suponha que eu tenha ensinado xadrez ao invés de uma língua. Todas as conversas seriam um jogo, toda ideia seria expressa por oposição: vitória, derrota. Entende o problema? (A CHEGADA, 2016, 55min) De maneira análoga, Fiorin explica em seu texto Teoria dos Signos: O inglês tem duas palavras, sheep e mutton, para expressar o que exprimimos com a palavra carneiro. O primeiro significa o animal, o segundo uma porção de carne do animal preparada e servida à mesa. Em português, dizemos O carneiro é gordo e O carneiro está delicioso. Em inglês, no primeiro caso, emprega-se sheep e, no segundo, mutton. A mesma realidade é categorizada de modo diferente em português e inglês. Neste, o animal e o alimento feito com o animal são vistos como duas realidades completamente diferentes, sem qualquer relação entre si. Isso significa que a realidade é recortada diferentemente nas duas línguas. (FIORIN, 2007, p. 56) Esse fenômeno é evidenciado - de forma acentuada e fantástica, comum nas obras de ficção científica - no desfecho da trama de A Chegada (2016). A protagonista Dra. Banks, ao aprender uma nova linguagem, transforma sua realidade e, consequentemente, sua maneira de pensar.
  • 13. 9 5. O ACORDO COLETIVO A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua. É através dela que a realidade se transforma em signos, pela associação de significantes sonoros e significados arbitrários com os quais se processa a comunicação linguística. (PRETI, 1974, p. 12) Assim como Dino Preti, Fiorin (2007) também acredita que os significados são arbitrários, ou seja, não possuem uma ligação direta com seus significantes. [...] não há nada no significante que lembre o significado. [...] Isso é comprovado pela diversidade das línguas. A palavra mar é sea em inglês; a palavra boi é ox em inglês. Verifica-se, portanto, que, nos sons mar ou sea, não há nada que lembre o significado “massas de águas salgadas do globo terrestre”. Mar poderia ser chamado estunque, se os homens convencionassem que esse deveria ser seu nome. (FIORIN, 2007, p. 60) Fiorin (2007) acrescenta que a relação significante-significado repousa em um acordo coletivo. Ou seja, ele admite que os falantes de uma língua devem estar unidos por um consenso, o que firma uma comunidade linguística. Com o intuito de exemplificar essa ideia, pode-se observar, novamente, as obras O Enigma de Kaspar Hauser (1974) e A Chegada (2016). Kaspar Hauser, que permaneceu isolado grande parte da sua vida, sem manter qualquer tipo de contato com outra pessoa, apresenta dificuldade para entender os significados dos signos linguísticos. Ele, de certa forma, só passa a compreender os signos por inteiro quando começa a fazer parte de um acordo coletivo, ou seja, quando aprende a língua e as expressões da região. Isto é, ele passa a consentir, juntamente com os outros falantes do idioma, sobre o que cada palavra, cada som, representa. Da mesma forma, em A Chegada (2016), a personagem Dra. Banks só consegue estabelecer uma comunicação funcional com os alienígenas quando ambos estabelecem uma espécie de acordo linguístico.
  • 14. 10 6. CONCLUSÃO Estudar a linguagem é a forma de compreender a cultura, de perceber o homem (FIORIN, 2007). Isto é, analisar a linguagem é analisar a realidade social de cada um e entender como essa é refletida através dos signos. O ambiente e a linguagem apresentam uma relação mutualística incontestável: ao mesmo tempo em que o meio influencia a maneira com que o sujeito estrutura a sua linguagem, o modo como os signos são utilizados modificam a sua percepção do mundo.
  • 15. 11 REFÊRENCIAS CHEGADA, A. Direção: Denis Villeneuve. Produção: Paramount Pictures; FilmNation Entertainment; Lava Bear Films; 21 Laps Entertainment; Xenolinguistics. Estados Unidos da América, 2016. 116 min. Dolby Digital, Color, 2.35 : 1. ENIGMA de Kaspar Hauser, O. Direção: Werner Herzog. Produção: Werner Herzog Filmproduktion; Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF). Alemanha Ocidental, 1974. 110 min. Mono, Color, 1.66 : 1. FIORIN, J. Luiz. Teoria dos signos. In: J. Luiz (org). Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto, 2007. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2003. PETTER, Margarida. Linguagem, língua, linguística. In: FIORIN, J. Luiz (org). Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto, 2007. PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis de fala (um estudo sociolinguístico do diálogo na Literatura Brasileira). São Paulo: Edusp, 1997. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1969. VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2005.