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O silêncio é de ouro e a palavra é de prata?




O silêncio é de ouro e a palavra é de prata?
Considerações acerca do espaço da oralidade
em educação de jovens e adultos

Janine Fontes de Souza
Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias



Kátia Maria Santos Mota
Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação




                   Iniciando o diálogo                             mensões: como representação do mundo e do pensa-
                                                                   mento, como instrumento de comunicação e como
           A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como     forma de ação ou interação (Koch, 2003). Pelos atos
                      ouro falso; a palavra foi feita pra dizer.   de fala, podemos designar e qualificar as coisas, pra-
                                                                   ticamos ações com palavras ditas e não ditas, exerce-
                                      Graciliano Ramos, 1948.
                                                                   mos o poder da fala intencionados em causar efeitos
                                                                   de sentidos múltiplos nos outros; enfim, a fala é um
                         Introdução                                ato performativo (Austin, 1965). Nesse sentido,
                                                                   Geraldi (1984, p. 43) sintetiza: “a linguagem é uma
     Somos constituídos eminentemente pela força                   forma de interação: mais do que possibilitar a trans-
criadora da linguagem e é justamente ela que nos ca-               missão de informação de um emissor a um receptor, a
racteriza como “seres humanos”; a criatividade lin-                linguagem é vista como um lugar de interação huma-
güística faz com que nos destaquemos em meio a to-                 na: através dela o sujeito que fala pratica ações que
dos os outros animais. Estes possuem voz (phoné) e                 não conseguiria praticar a não ser falando”.
com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui                       Os gregos, ao se referirem à linguagem, utiliza-
a palavra (lógos) – o signo lingüístico composto de                vam duas palavras: mythos e lógos. A primeira repre-
significante (imagem sonora) e significado (represen-              sentava as narrativas sobre a história dos deuses, dos
tação mental) –, componente gerador da linguagem                   homens, do mundo; era a palavra mágica e encanta-
verbal como instituição social (Saussure, 1975).                   tória que faz à vida o que ainda não se fez. Nesse
     Conversamos, lemos, escutamos nossos interlo-                 sentido, a força criadora da palavra, por excelência,
cutores, trocamos idéias, vemos televisão, ouvimos                 materializa-se na sua magnitude nos textos bíblicos
rádio, acessamos a Internet, constituimo-nos social-               do Gênesis, nos quais a palavra cria a vida: “Deus
mente pela linguagem, a qual é concebida em três di-               disse: Faça-se a luz! e a luz foi feita”. Então “Deus


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Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota



disse: Façamos o homem à nossa imagem e seme-                     si; a partir de experiências dialógicas com outros “eus”
lhança [...]” (Gênesis 1: 3 e 26). A segunda palavra,             é que o “eu” do sujeito se organiza para se tornar “au-
lógos, manifesta-se como uma síntese de três idéias:              tor” de si mesmo. A incompletude é inerente ao sujei-
fala/palavra, pensamento/idéia e realidade/ser. Lógos             to; a alteridade torna-se fundamental para a constitui-
é a palavra racional em que se exprime o pensamento               ção de identidades sociais; a noção do eu é sempre
que conhece o real, é discurso (argumento e prova),               social, dividindo-se em três categorias: o eu-para-mim,
pensamento (raciocínio e demonstração) e realidade                o eu-para-o-outro e o outro-para mim.
(coisas, nexos e ligações universais e necessárias en-                  Os estudos de Bakhtin comungam com as idéias
tre os seres) (Chauí, 2003).                                      de Vygotsky (1989), pois ambos sustentam a argu-
     O espaço social é, então, criado pelas vozes que             mentação de que a linguagem, historicamente deter-
nele operam, construídas, na concepção de Bourdieu                minada, produz sentidos a partir da interlocução, no
(1998), pelo habitus de cada grupo social durante o               interior da qual os interlocutores se constituem e são
processo de formação do indivíduo, ao mesmo tempo                 constituídos. A linguagem e o pensamento na con-
em que transcende a sua história pessoal ao ser re-               cepção desse autor estão intimamente conectados,
ceptor da herança cultural da sua comunidade local.               sendo que o processo individual de formação da
O habitus constitui-se de estruturas estruturadas a               consciência só toma forma a partir da interação; o
serem transformadas em estruturas estruturantes, “his-            interpessoal é condição para o intrapessoal. A lin-
tória transformada em natureza”. Assim, as vozes so-              guagem, nas concepções de Bakhtin e de Vygotsky,
ciais são organizadas em padrões de produção e re-                torna-se o lugar da interação, da negociação de sen-
cepção, mas também de opressão – repressão e                      tidos, da representação de papéis, da constituição de
emancipação.                                                      identidades.

        A fala (ou o uso da língua, em geral) é um pouco                    O significado das palavras é um fenômeno de pensa-
  similar à troca de presentes: não é suficiente que nossa fala     mento apenas na medida em que o pensamento ganha cor-
  faça sentido, também é necessário que ela se “inscreva”           po por meio da fala, e só é um fenômeno de fala na medida
  num padrão de fala, ou seja, que a fala se tome como fala-        em que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por
  da, que a fala “se auto-evidencie”, digamos assim. (Mey,          ele. É um fenômeno do pensamento verbal, ou da fala sig-
  2001, p. 46)                                                      nificativa – uma união da palavra e do pensamento. (idem,
                                                                    p. 4)
     Os discursos sociais vão, assim, (des)organizando-
se historicamente com e pela interação, por proces-                    Essa dimensão social do discurso, manifestada
sos dialéticos e dialógicos. Bakhtin (1990) retoma o              pela fala individual, muito raramente é reconhecida
conceito saussureano de signo lingüístico, reconhe-               pela escola. As práticas escolares preocupam-se, so-
cendo a natureza eminentemente social da linguagem,               bretudo, com atividades estritamente pedagógicas que,
mas critica a excessiva concentração no enfoque das               ignorando as trajetórias pessoais dos seus protago-
questões da langue, salientando que o caráter de abs-             nistas, lhes impõem modelos de ensino e conteúdos
tração inerente ao sistema lingüístico não revela os              justamente produzidos para a reprodução de saberes
usos sociais da língua; em contrapartida, prioriza o              privados das classes dominantes. Assim, acabam ele-
direcionamento para a parole, pois esta organiza-se a             gendo determinados aspectos como imprescindíveis,
partir das condições contextuais da comunicação que               ao mesmo tempo em que ignoram tantos outros tidos
são implicitamente ligadas às estruturas sociais. Se-             como menos importantes, baseando-se em preconcei-
gundo Bakhtin, o sujeito emerge do outro a partir da              tos, discriminações, verdades incontestáveis, dogmá-
enunciação (interação verbal) e não do enunciado em               ticas, que são perpetuadas ao longo dos tempos.


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O silêncio é de ouro e a palavra é de prata?



     Como instituição que introduz os grupos iletrados      este texto: que espaço é destinado à oralidade na pe-
ou semiletrados às práticas letradas de prestígio, a        dagogia de EJA? Que aspectos da oralidade são to-
escola não reconhece as condições de produção tex-          mados como ensináveis? Há, explicitamente, uma in-
tual dos alunos na dinâmica interacional (tempo, lu-        tenção pedagógica direcionada ao tratamento do texto
gar, papel social, objetivos da interlocução, entre ou-     oral? Que tipos de textos orais circulam no cotidiano
tros). Portanto, optar pela problematização das             escolar? Como se configuram as práticas de intera-
condições de produção contribui para inscrever o tra-       ção na sala de aula? Até que ponto o discurso pedagó-
balho na sala de aula com base na dialogicidade. A          gico promove ou reprime o diálogo – interação?
condição em que a linguagem se produz possibilita a
ruptura ou a conservação da situação discursiva que          Na escola e na vida: quem tem direito à fala?
se estabelece entre professores e alunos em sala de
aula.                                                            Estudos etnográficos na área da linguagem e edu-
     A postura homogeneizante da escola não abarca          cação (Heath, 1994; Philips, 1993; Ogbu, 1991; Wells,
a diversidade sociocultural dos alunos, patrimônio          1986) traduzem o distanciamento entre as microcul-
cultural que se sustenta na tradição de um conjunto         turas da comunidade familiar e da comunidade esco-
de habitus responsável pela produção dos discursos          lar como fator primordial determinante do fracasso
de identidade marcados pelas diferenças de gênero,          escolar. Nessa mesma direção, pesquisadores brasi-
etnia, trabalho, filiação religiosa, territórios geográ-    leiros vêm corroborando essa realidade apontando
ficos, entre outras. Assim, faz-se necessária a com-        para o descompasso entre as práticas discursivas que
preensão, por parte do professor, de que o processo         circulam dentro e fora da escola e suas implicações
educacional se configura, na maioria das vezes, como        no processo de ensino-aprendizagem da leitura e da
uma ação contínua de organização da própria identi-         escrita (Bortoni-Ricardo, 2005; Kleiman, 2001; Ma-
dade em comunhão com os demais. Tal constatação é           galhães, 2001; Cavalcanti, 2001; Soares, 2003). A
extremamente importante, sobretudo quando se trata          necessidade de reconhecer o ambiente de origem do
de classes de educação de jovens e adultos (EJA), as        aluno, a “ecologia lingüística” da sua comunidade,
quais recebem aprendizes que experimentam o mo-             torna-se fundamental para promover o diálogo em sala
mento mágico do “rito de passagem” da tradição de           de aula, considerando que a aprendizagem se proces-
oralidade (no microespaço da comunidade local) para         sa pela interação (ou “inter-ação”) entre os interlocu-
o mundo grafocêntrico (no macroespaço da comuni-            tores e seus textos orais e escritos.
dade global), na intenção de elaborar um novo pata-              Nas classes de EJA essa questão torna-se ainda
mar de identidade, ao inserir-se ativamente no mun-         mais enfática considerando que se trata de alunos adul-
do letrado.                                                 tos, homens e mulheres, providos de uma competên-
     Nesse contexto, considerando que os jovens e           cia comunicativa (com base predominante na orali-
adultos, diferentemente das crianças, já trazem traje-      dade) satisfatória para os ambientes familiares nas
tórias de vida sedimentadas, a escola deveria reco-         esferas privadas da vida social; entretanto, quando se
nhecer e acolher as tradições de oralidade trazidas         deslocam para a escola, são quase sempre infantiliza-
pelas culturas de origem e integrá-las às práticas de       dos com textos de leitura e escrita que não condizem
letramento propostas pela escola. Essas inquietações        com suas experiências de vida. Isso explica o relato
levaram-nos a questionar as classes de EJA sobre o          de uma trabalhadora doméstica, de 43 anos, que ex-
espaço destinado ao trabalho pedagógico direciona-          põe a razão por ter abandonado a escola: “Não dou
do à oralidade, no tocante à construção da competên-        pra essas coisas de escola, minha cabeça faz muita
cia comunicativa dos sujeitos ali envolvidos. Algu-         confusão quando me dão aquelas coisas bobas pra ler
mas questões norteadoras inspiraram-nos a escrever          e eu não consigo. Prefiro ir pra igreja. Lá na igreja eu


Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007                                                       507
Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota



converso as coisas da minha vida” (NC, entrevista                 tão rico de ressonâncias filosóficas, discursivas e outras.
out. 2001, em Mota, 2002). Esse seria, com certeza, o             (Sobral, 2005, p. 22)
depoimento de muitos outros jovens e adultos que tro-
caram a escola pela igreja, ou, pela rua, pelo bar, pelo             Até que ponto, então, o discurso pedagógico se
crime. Falta à escola o processo de mediação, tão for-          inscreve nessa proposta? Analisando os efeitos de pro-
temente apontado por Vygotsky (1989), como com-                 moção ou repressão do diálogo nas práticas intera-
petência docente decisiva para estabelecer a ponte              cionais, Orlandi (2003) fundamenta-se em dois pro-
entre os conteúdos de vida e os de escola.                      cessos lingüísticos – o parafrástico e o polissêmico –
     O diálogo entre educadores e educandos aparece             para descrever três tipos de discurso: o lúdico, o po-
em Freire (1988) como o “encontro dos homens,                   lêmico e o autoritário. O lúdico caracteriza-se pela
mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se              predominância da “polissemia aberta”, ou seja, a fal-
esgotando, portanto, na relação eu-tu” (p. 78). É a             ta de convergência de sentidos entre os interlocutores,
partir de uma tomada de consciência das coisas que              a qual inviabiliza o processo de interação (de forma
acontecem ao seu redor (mundo-realidade) que o ho-              exagerada seria o “non-sense”); o polêmico privile-
mem vai interagir nessa realidade, na qual ele é agente         gia o uso de perspectivas diferenciadas de ver o obje-
transformador, na medida em que também é transfor-              to, mantendo a “polissemia controlada” na qual a
mado dentro das condições que lhe são apresentadas.             posição dialógica pode ser negociada; o autoritário
A partir das relações do homem com a realidade, re-             elege a paráfrase como estratégia discursiva, ou seja,
sultantes de estar com ela e estar nela, por meio de            prevalece a “polissemia contida” na qual não há in-
atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinami-           terlocutores de fato, pois se sustenta no processo de
zando o seu mundo, dominando a realidade, humani-               “inculcação” de significados partindo daquele que
zando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele mes-           detém maior poder social. Seguindo essa categoriza-
mo é fazedor; nesse instante, a transformação acontece          ção, o discurso pedagógico é visto como predomi-
por conta das leituras que os homens fazem do mun-              nantemente autoritário, pois “mais do que informar,
do como resultante da interação com seus pares.                 explicar, influenciar ou mesmo persuadir, ensinar apa-
     O grande desafio educacional traduz-se no aju-             rece como inculcar” (idem, p. 17). Essa postura rati-
dar a gestar um homem enquanto sujeito pleno de seu             fica o que Freire (1988, p. 79) apresentava ao criticar
desejo, de suas transformações, um sujeito no qual o            o modelo de “educação bancária”.
sentido não se encerre – mas se inicie; não alguém
assujeitado, mas um “sujeito situado” em seu tempo                [...] o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o
e espaço, dotado de um envolvimento tal com o uni-                encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus
verso que o cerca, que, na medida em que constitui o              sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e huma-
seu sentido próprio pelas suas ações, também ajuda a              nizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de
significar todo o mundo.                                          um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca
                                                                  de idéias a serem consumidas pelos permutantes.
       A proposta é a de conceber um sujeito que, sendo um
  eu para-si, condição de formação da identidade subjetiva, é        O espaço da sala de aula caracteriza-se pela ins-
  também um eu para-o-outro, condição de inserção dessa         tauração ou não da possibilidade de transformar-se
  identidade no plano relacional responsável/responsivo, que    num lugar onde se desenvolva o conhecimento e a
  lhe dá sentido.                                               integração cultural. A relação professor/aluno é, sem
       Só me torno eu em outros eus. Mas o sujeito, ainda       dúvida, uma relação assimétrica, pois se manifesta a
  que se defina a partir do outro, ao mesmo tempo o define, é   partir do jogo de relações de poder inerente ao papel
  o “outro” do outro: eis o inacabamento constitutivo do ser,   social que cada um desempenha. Uma pessoa investida


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O silêncio é de ouro e a palavra é de prata?



do papel de professor adquire poder de determinar                 segundo é “querer dizer” o que se “tem a dizer”, é
ações aos alunos, e estes, por sua vez, legitimam esse            desejar expressar-se, é reconhecer-se digno do dom
poder, pois trazem de casa ou adquirem rapidamente                da palavra ou do direito à palavra, é acreditar que o
na escola a imagem do professor como autoridade.                  dito ou não dito pode marcar sua presença.
      Não só os conteúdos escolares, mas também as                     Mas não basta apenas “querer dizer”, é preciso
variedades lingüísticas presentes na performance do               “poder dizer”; este é o terceiro desafio e também o
professor marcam, ainda mais, a dificuldade de inte-              mais difícil, pois o poder implica sempre uma rede de
ração dialógica em sala de aula. O professor, como                relações construídas num jogo muitas vezes velado.
agente do controle social, adota uma variante lingüís-            De nada vale ter o que dizer, de nada vale querer, se
tica muitas vezes distante das normas populares com               eu não posso dizer. Quantas vezes cada um de nós já
as quais os alunos se identificam. As relações intera-            se viu nessa frustrante condição de não poder dizer,
tivas, nesse sentido, dão-se dentro de uma conjuntura             muito embora querendo e tendo o que dizer? A se-
na qual o domínio da “língua legítima” se torna uma               guinte citação de Foucault (2002, p. 37) justifica a
forte moeda de troca nas relações de sobrevivência,               interdição ou liberação da fala.
instituindo dessa forma um mercado lingüístico no
qual os “preços” são definidos pelos grupos de posse                [...] ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer
dessa competência lingüística, cujas capacidades de                 a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para
produção são socialmente classificadas, configuran-                 fazê-lo. Mais precisamente: nem todas as regiões do dis-
do ao mesmo tempo a capacidade de apropriação e                     curso são igualmente abertas e penetráveis; algumas são
sua apreciação.                                                     altamente proibidas (diferenciadas e diferenciantes), en-
                                                                    quanto outras parecem quase abertas a todos os ventos e
         O que circula no mercado lingüístico não é a língua,       postas, sem restrição prévia, à disposição de cada sujeito
   mas discursos estilisticamente caracterizados, ao mesmo          que fala.
   tempo do lado da produção, na medida em que cada locutor
   transforma a língua comum num idioleto, e do lado da re-        Oralidade e escrita: encontros e desencontros
   cepção, na medida em que cada receptor contribui para pro-
   duzir a mensagem que ele percebe e aprecia, importando              Tendo em vista ser o homem, por natureza, fa-
   para ela tudo o que constitui sua experiência singular e co-   lante e ouvinte, e não escritor e leitor, ele necessita
   letiva. (Bourdieu, 1998, p. 25)                                ser iniciado na cultura escrita. A escrita rompe com a
                                                                  temporalidade da fala para constituir-se numa rede
     Que chances tem o aluno em EJA, sendo porta-                 articulada, num texto tecido de forma aberta a uma
dor de uma variante lingüística desprestigiada, de se             gama de sentidos que se produzem no contexto de
posicionar em sala de aula como cidadão falante?                  recepção mais do que no contexto da enunciação. A
Consideramos que, ao falarmos, colocamos em jogo                  distância existente entre autor e leitor exige do autor
tudo o que somos e o que sabemos sobre o mundo,                   uma representação imagética prévia do virtual leitor
sobre a linguagem, sobre as relações pessoais, sobre              a quem se dirige, o qual é o seu “leitor ideal”.
o cotidiano e sobre o poder que perpassa as intera-                    A dimensão visual e espacial da escrita, articula-
ções. Dessa forma, de acordo com Geraldi (1995), o                da à sua materialidade e inserção num suporte exter-
ato de fala configura-se em três desafios a serem en-             no, tornou-a transportável e conservável, permitindo
frentados pelo falante: o primeiro é ter o que dizer, é           guardar as informações durante um tempo indeter-
mobilizar todo o seu conhecimento de mundo, articulá-             minado. Isso modifica a natureza da comunicação,
lo com as próprias crenças pessoais, com os próprios              estendendo-a para além do simples contato pessoal,
conceitos e preconceitos, herdados ou adquiridos. O               ao mesmo tempo em que transforma as condições de


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Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota



arquivamento da informação, colocando-a acessível          visão preconceituosa da fala com base mais estrutu-
àqueles que sabem ler um campo de conhecimento             ral do que funcional (descontínua, pouco organizada,
mais extenso.                                              rudimentar, não-planejada), muito mais porque se
       O que podemos observar concretamente é que          constitui como a única forma de expressão verbal de
há uma interdependência entre oralidade e escrita. Elas    sociedades ditas primitivas, de crianças em fase de
constroem-se em reciprocidade, interpenetram-se e          aquisição ou de cidadãos pouco escolarizados do que
complementam-se. A escrita pode intensificar a ora-        pelo valor social intrínseco que os atos de fala repre-
lidade ao extrair do contexto oral enunciados, analisá-    sentam.
los e remodelá-los na cultura escrita, devolvendo-os            Retornando à compreensão da natureza textual
em seguida ao contexto oral com vigor e força reno-        das duas modalidades, Koch (2007) chama atenção
vados. A oralidade pode intensificar a escrita, na me-     para o fato de que o texto falado apresenta uma sinta-
dida em que só a virtual oralização faz do escrever        xe característica, contudo a sintaxe geral da língua
um ato de significar, ou seja, só tem sentido escrever     serve-lhe de pano de fundo. Além disso, a escrita pode
se existirem supostos virtuais leitores que irão dar ao    ser considerada estática – produto de um processo –
texto os muitos sentidos possíveis, incorporando esses     enquanto a fala se desenvolve durante o processo de
sentidos às suas falas (Orlandi, 2001).                    comunicação, sendo assim dinâmica. Sobre esse as-
       Como todas as línguas que se manifestam nas         pecto, a autora remete-nos a Michael Halliday:
modalidades escrita e falada, a língua portuguesa pro-
duz várias gramáticas, diferenciadas por recursos es-        [...] capta bem essa diferença, utilizando a metáfora do qua-
tilísticos próprios, que se comportam mais adequada-         dro e do filme. Para o leitor, o texto se apresenta de forma
mente em uma ou outra modalidade. Isso não significa,        sinóptica: ele existe, estampado numa página – por trás dele
porém, que a fala e a escrita devam ser vistas de for-       vê-se um quadro. Já no caso do ouvinte, o texto o atinge de
ma dicotômica, estanque, como era comum até há al-           forma dinâmica, coreográfica: ele acontece, viajando atra-
gum tempo e, por vezes, acontece ainda hoje. Segun-          vés do ar – por trás dele é como se existisse não um quadro,
do Marcuschi (1995, p. 13), “As diferenças entre fala        mas um filme. (Koch, 2007, p. 63)
e escrita se dão dentro do continuum tipológico das
práticas sociais e não na relação dicotômica de dois             Em outras palavras, foi a visão dicotômica de
pólos opostos”.                                            fala e escrita, amplamente divulgada, que fez a mar-
       O que se verifica, na verdade, é que existem tex-   cação estrutural das diferenças entre essas modalida-
tos escritos que se situam, na relação de continuida-      des. Caracteriza-se a fala como contextualizada, implí-
de, como mais próximos ao pólo da fala conversacio-        cita, redundante, não-planejada, com predominância
nal (bilhetes, cartas familiares, textos de humor, por     do “modus pragmático”, fragmentada, incompleta etc.
exemplo), ao passo que existem textos falados que          Em contrapartida, a escrita é considerada descontex-
mais se aproximam do pólo da escrita formal (confe-        tualizada, explícita, condensada, planejada, com pre-
rências, entrevistas profissionais, discursos religiosos   dominância do “modus sintático” etc. Koch (2007)
e outros), sem se desprezar aqueles que transitam em       alerta, contudo, que nem todas essas características
um ou outro pólo em posições intermediárias. Nesse         são exclusivas de uma ou outra das duas modalidades
sentido, torna-se difícil sustentar a presença de ca-      e que tais características foram sempre estabelecidas
racterísticas exclusivas de uma ou outra modalidade.       tendo por parâmetro o ideal da escrita.
       Na prática, entretanto, em virtude do valor so-           Sabemos, na prática, que as relações entre fala e
cial atribuído à língua escrita, costuma-se olhar a lín-   escrita não são óbvias nem lineares, pois elas, sem
gua falada através das lentes de uma gramática proje-      dúvida, refletem um constante dinamismo fundado no
tada para a escrita. Nessa perspectiva, predomina uma      continuum que se manifesta entre essas duas modali-


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O silêncio é de ouro e a palavra é de prata?



dades de uso da língua. Cabe ao professor direcionar                construir conceitos, incorporar novas palavras e significa-
seu trabalho no ensino de língua materna não para a                 dos, compreender e avaliar o que se ouve, chamando a aten-
polarização estanque entre o oral e o escrito, fortale-             ção dos alunos para os diferentes modos de falar e os efei-
cendo os preconceitos em torno da oralidade, mas que                tos que podem provocar sobre os que recebem a mensa-
colabore para que os alunos percebam que a oralida-                 gem. (Brasil, 1997, p. 53)
de e a escrita são duas faces da mesma moeda da lín-
gua portuguesa, e que cada uma exerce diferentes                       Na sala de aula, entretanto, observamos que as
papéis funcionais dentro dos vários contextos so-                 atividades de linguagem oral funcionam como for-
cioculturais de cada coletividade.                                mas de avaliação e “correção” dos falares regionais e
                                                                  sociais, na expectativa de que se aproximem da nor-
         Os caminhos da oralidade em EJA:                         ma considerada gramaticalmente correta e mais ali-
         questionamentos e novas leituras                         nhada aos padrões da língua escrita. Dessa forma, o
                                                                  texto oral funciona como pré-texto para a pedagogia
      Os falares das pessoas analfabetas ou pouco esco-           do letramento e nunca como uma outra modalidade
larizadas são o canal autêntico de expressão da sua tra-          textual que se afirma adequadamente em diferentes
dição cultural, de registro das suas experiências de vida,        situações sociais. Atitudes que levam a uma prática
de viabilização de estratégias comunicativas a fim de             excessiva de correção da fala do aluno; sobretudo,
lidar com as tarefas cotidianas. Podemos encontrar                em se tratando de um adulto, causam uma sensação
adultos pouco escolarizados que têm um excepcional                de estranheza da própria língua materna, um distan-
domínio da expressão oral: contadores de histórias,               ciamento da sua cultura, uma crença da sua incompe-
poetas, repentistas, líderes populares. Entretanto,               tência comunicativa que muitas vezes resultam no seu
deparamo-nos com uma grande maioria que tem seu                   silenciamento. Os “comandos paragramaticais” – vo-
discurso marcado por experiências de privação, humi-              zes de autoridade lingüística que circulam nos meios
lhação e isolamento, decorrentes do distanciamento da             de comunicação e na nossa tradição pedagógica – re-
sua performance em relação aos parâmetros discursivos             clamam que o brasileiro não sabe sua própria língua,
daqueles considerados socialmente bem-sucedidos.                  mas Bagno (1999) defende os falares brasileiros como
      Em especial, nas classes de EJA, percebe-se que a           legítimos.
pedagogia se concentra quase exclusivamente nas ati-
vidades de letramento – ler e escrever são as habilida-                   Esta língua é a língua que eu sei, é a língua que eu falo
des prioritárias –, não considerando a pedagogia do                 bem, e por ser a minha língua ela não é difícil. Difícil, sim,
desenvolvimento comunicativo na língua escrita e na                 é uma língua que não tem eco na minha vivência, na minha
oral como de igual valia para a formação integral do                experiência, que não traz à tona as minhas lembranças, que
educando. Oficialmente, há o destaque para o trabalho               não abala os meus sentimentos, uma língua que não me fala
pedagógico da oralidade, descrito na proposta curricu-              ao coração, que não faz vibrar as cordas do meu ser. E no
lar elaborada pelo Ministério da Educação (MEC) para                entanto é essa língua estranha, estrangeira, que vou ser obri-
o primeiro segmento de ensino fundamental na EJA:                   gado, sujeitado e quase torturado a aprender.


         O professor deve planejar estratégias para que os alu-        O problema não está na aprendizagem de uma
   nos experimentem e ampliem suas formas de expressão,           outra variante lingüística, considerada mais culta e
   promover momentos em que os educandos se expressem             de maior prestígio social, mas na postura que faz com
   em pequenos grupos, em grupos maiores, em conversas com        que a variante popular seja desrespeitada, descarta-
   o professor. É necessário criar oportunidades de ouvir e fa-   da, eliminada dos cenários escolares. Os livros didá-
   lar, reelaborar argumentos a partir de novas informações,      ticos apresentam exercícios com a finalidade exclu-


Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007                                                                         511
Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota



siva de solicitar que os alunos saibam corrigir as va-   (2003, p. 61), ao discutir sobre a mediação entre a
riantes populares de acordo com a norma padrão. Os       oralidade e a escrita:
professores, da mesma forma, alegam que os alunos
não falam direito e por isso têm dificuldade de escre-           É justamente esta fase de mediação que precisa ser
ver. Para superarmos essas falácias, pressupostos sem      fortalecida de várias formas: temos que tentar devolver o
fundamentação nos estudos lingüísticos, precisamos         gosto e a confiança na oralidade, o prestígio da arte verbal,
compreender a linguagem nas suas múltiplas funcio-         a discussão sobre as hipóteses relativas ao que seria a escri-
nalidades sociais. Tanto a língua escrita como a oral      ta, a leitura oral em voz alta de livros escritos e impressos e
têm seus espaços de atuação, manifestando-se em di-        a discussão dos seus conteúdos, comparados com conteú-
ferentes graus de formalidade.                             dos de histórias da tradição oral. Todas estas, e outras, se-
      Os pilares de uma educação lingüística, teorica-     riam as práticas necessárias para fortalecer ou até mesmo
mente consistente, sustentam-se em duas bases: o de-       instituir a fase de mediação entre oralidade e escrita.
senvolvimento da competência comunicativa integral
e o desenvolvimento da consciência metalingüística            Muitos lingüistas brasileiros vêm contribuindo
sobre o desempenho comunicativo de si próprio e dos      no campo de pesquisa que enfoca a interação em sala
seus interlocutores em textos orais e escritos. Enten-   de aula, envolvendo os fundamentos teóricos da
de-se competência comunicativa, na concepção de          sociolingüística interacional, da análise da conversa-
Hymes (1989), como a aquisição do conhecimento           ção e da análise do discurso. Contudo, a sala de aula
lingüístico com adequação aos contextos sociocultu-      de EJA ainda é um espaço pouco explorado, necessi-
rais de uma determinada comunidade lingüística em        tando de estudos que analisem tópicos relevantes
situações autênticas de interação verbal.                como: discurso pedagógico, interação/conversação em
      Em outras palavras, Schmidt (1983, p. 140) res-    sala de aula, competência comunicativa em eventos
salta a contribuição de Michael Canale e Merrill         de fala nas esferas pública e privada, letramento e
Swain que destacam a inter-relação de quatro com-        oralidade na escola e na comunidade, diversidade lin-
ponentes associados à competência comunicativa:          güística/preconceito lingüístico/fracasso escolar, en-
competência gramatical (domínio de vocabulário e         tre outros.
de regras gramaticais básicas), competência socio-            Avançamos nossa proposta ao idealizarmos uma
lingüística (capacidade de tornar o discurso apropria-   pedagogia da oralidade em EJA que promova o de-
do dentro de um determinado contexto sociocultu-         senvolvimento da competência comunicativa em am-
ral), competência do discurso (domínio das combi-        bientes fora da escola. Inspiramo-nos em depoimen-
nações entre formas gramaticais e significados a fim     tos de alunos de EJA que apontam dificuldades de se
de manter a unidade do texto falado ou escrito) e        expressar adequadamente em situações sociais várias,
competência estratégica (utilização de estratégias       como, por exemplo, em uma entrevista de emprego,
verbais e não-verbais a fim de compensar as “falhas”     em idas a agências de serviços públicos para tirar
da comunicação). A consciência metalingüística, por      documentos, em conflitos com vizinhos ou colegas
sua vez, desenvolve-se a partir de atividades de ob-     de trabalho e em muitos outros eventos de fala. Nessa
servação do discurso de outros, de exercícios de ex-     proposta, é possível trabalhar com situações simula-
perimentação de modelos variados de interação            das por meio de diálogos situacionais – retirados de
dialógica, de monitoração do seu próprio discurso        textos escritos ou orais encontrados na literatura, no
visando à melhoria dos padrões de gramaticalidade,       cinema, no teatro, na televisão, na música – na inten-
de adequação sociolingüística e de eficiência discur-    ção de analisar os conteúdos sociolingüísticos, incor-
siva. A pertinência da construção de uma pedagogia       porar estratégias comunicativas lingüísticas e extra-
da oralidade encontra apoio nas palavras de Gnerre       lingüísticas que colaborem com a intencionalidade do


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O silêncio é de ouro e a palavra é de prata?



discurso, e ampliar seu repertório discursivo e sua                     BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e
competência comunicativa integral.                                      agora? In:                    . Sociolingüística & educação. São
                                                                        Paulo: Parábola Editorial, 2005.
                         Inconclusões                                   BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas. São Pau-
                                                                        lo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
     O título da finalização deste artigo sugere a                      BRASIL. Ministério da Educação. Educação de jovens e adultos:
incompletude intrínseca a qualquer discurso dialógico/                  proposta curricular para o 1º segmento do ensino fundamental.
dialético; nós nos disponibilizamos ao debate que ve-                   São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 1997. [Coordenação
nha a fortalecer a possibilidade de promover novas                      e texto final: Vera Maria Masagão Ribeiro]
leituras em referência ao trabalho de oralidade em                      CAVALCANTI, Marilda C. Um evento de letramento como cená-
EJA. Asseguramos, desde já, a necessidade de produ-                     rio de construção de identidades sociais. In: COX, Maria Inês
zir pesquisas aplicadas às experiências pedagógicas                     Pagliarini; ASSIS-PETERSON, Ana A. (Orgs.). Cenas de sala de
de EJA que envolvam três direções de enfoque: etno-                     aula. Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 105-24.
grafias sobre eventos de letramento e de fala nas co-                   CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003.
munidades de origem dos alunos, estudos de pesqui-                      FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições
sa-ação sobre os padrões de interação em sala de aula                   Loyola, 2002.
e formulação de propostas que objetivem o desenvol-                     FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18. ed. Rio de Janeiro:
vimento da competência comunicativa em situações                        Paz e Terra, 1988.
sociais da vida fora da escola.                                                      . Educação como prática de liberdade. 21. ed. Rio de
     Retomando o compromisso de educação de Freire                      Janeiro: Paz e Terra, 1992.
(1992, p. 116), ao ressaltar: “Precisávamos de uma                      GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. Cas-
pedagogia da comunicação, com que vencêssemos o                         cavel: Assoeste, 1984.
desamor acrítico do antidiálogo”, acreditamos que                                    . Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes,
nossas intenções de construir um programa pedagó-                       1995.
gico da oralidade em EJA vão contribuir amplamente                      GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo:
com a afirmação dos direitos lingüísticos do aluno                      Martins Fontes, 2003.
como parte essencial do fortalecimento de identida-                     HEATH, Shirley Brice. Ways with words – Language, life, and
des sociais, da formação de cidadania em uma so-                        work in communities and classrooms. New York: Cambridge
ciedade democrática.                                                    University Press, 1994.
                                                                        HYMES, Dell. Foundations in sociolinguistics. An ethnographic
                Referências bibliográficas                              approach. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1989.
                                                                        KLEIMAN, Ângela B. (Org.). Os significados do letramento: uma
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São Paulo, 1990.                                                        tiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Le-
BÍBLIA Sagrada. Trad. de Pe. Matos Soares. São Paulo: Paulinas, 1983.   tras, 2001. p. 201-235.



Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007                                                                             513
Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota



MARCUSCHI, Luiz Antonio. Contextualização e explicitude na            dade da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus I –
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escola: inclusão ou exclusão? (uma breve reflexão lingüística para    blicas, trabalho e pesquisa. Maceió: EDUFAL, 2007. p. 109-124);
não lingüistas). Revista da FAEEBA Educação e Contemporanei-          Mulheres brasileiras imigrantes nos Estados Unidos: (des)caminhos
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WALSH, Catherine E. (Ed.). Literacy as praxis – culture,              culturalidade, linguagem e educação. Campinas: Mercado de
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1991. p. 25-50.                                                       do pluricultural: descompassos e desafios (In: LIMA JR., Arnaud
ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez;       Soares de; HETKOWSKI, Tânia Maria (Orgs.). Educação e con-
Campinas: Editora da Unicamp, 2001.                                   temporaneidade: desafios para a pesquisa e a pós-graduação. Rio
              . A linguagem e seu funcionamento: as formas do dis-    de Janeiro: Quartet, 2006. p. 157-172); organizou com
curso. São Paulo/Campinas: Pontes, 2003.                              SCHEYERL, Denise Chaves de Menezes, Espaços lingüísticos:
PHILIPS, Susan Urmston. The invisible culture – communication         resistências e expansões (Salvador: EDUFBA, 2006). Pesquisa-
in classroom and community on the Warm Springs Indian                 dora na área de sociolingüística aplicada à educação. E-mail:
Reservation. Prospect Heights: Waveland Press, Inc., 1993.            motakatia@hotmail.com
RAMOS, Graciliano. Entrevista em 1948. In:                        .
Vidas secas. 102. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, contracapa.            JANINE FONTES DE SOUZA, mestre em educação pela
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. São Pau-          Universidade do Estado da Bahia (UNEB), é professora de prática
lo: Cultrix, 1975.                                                    de ensino da mesma universidade, no campus XXIV – Xique-
SCHMIDT, Richard W. Interaction, acculturation, and the               Xique. Publicou recentemente: O texto nosso de cada dia (In: EN-
acquisition of communicative competence: a case study of an adult.    CONTRO DE PESQUISA EDUCACIONAL DO NORTE E NOR-
In: WOLFSON, Nessa; JUDD, Elliot (Eds.). Sociolinguistics and         DESTE – EPENN –, 18., 2007, Maceió. Anais... Maceió: Univer-
language acquisition. Rowley: Newbury House Publishers, 1983.         sidade Federal de Alagoas, 2007. 1 CD-ROM); A leitura da
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SOARES, Magda. Letramento – um tema em três gêneros. Belo             COLÓQUIO FORMAÇÃO DE EDUCADORES: Ressignificar a
Horizonte: Autêntica, 2003.                                           profissão docente, 2., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Univer-
SOBRAL, Adail. Ato/atividade e evento. In: BRAIT, Beth (Org.).        sidade do Estado da Bahia/Universidade Federal da Bahia, 2006.
Baktin: conceitos–chave. São Paulo: Contexto, 2005. p. 11-36.         1 CD-ROM); Eu falo, tu falas, nós escrevemos: diversidade lin-
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. Pensamento e linguagem. 2. ed.             güística e prática pedagógica. (In: ENCONTRO DE PESQUISA
São Paulo: Martins Fontes, 1989.                                      EDUCACIONAL DO NORTE E NORDESTE – EPENN –, 17.,
WELLS, Gordon. The meaning makers – children learning language        2005, Belém. Anais... Belém: Universidade Federal do Pará, 2005.
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                                                                      mail: nine_fontes@yahoo.com.br
      KÁTIA MARIA SANTOS MOTA, doutora em estudos luso-
brasileiros pela Brown University, nos Estados Unidos, é profes-                                         Recebido em outubro de 2006
sora do Programa de Pós-Graduação Educação e Contemporanei-                                                Aprovado em maio de 2007




514                                                                       Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
Resumos/Abstracts/Resumens




                       Janine Fontes de Souza e Kátia Maria
                       Santos Mota
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550   Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
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ticamente sobre as práticas metodológi-    para la expresión de pensamientos,
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Key words: adult and youth education;
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Este artículo tiene por objeto
establecer parámetros comparativos
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adultos, vinculada a las necesidades
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diálogo, la interacción verbal y la
competencia comunicativa como
componentes esenciales de la
educación linguística. Comprendiendo
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Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007                            551

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  • 1. O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? Considerações acerca do espaço da oralidade em educação de jovens e adultos Janine Fontes de Souza Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias Kátia Maria Santos Mota Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação Iniciando o diálogo mensões: como representação do mundo e do pensa- mento, como instrumento de comunicação e como A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como forma de ação ou interação (Koch, 2003). Pelos atos ouro falso; a palavra foi feita pra dizer. de fala, podemos designar e qualificar as coisas, pra- ticamos ações com palavras ditas e não ditas, exerce- Graciliano Ramos, 1948. mos o poder da fala intencionados em causar efeitos de sentidos múltiplos nos outros; enfim, a fala é um Introdução ato performativo (Austin, 1965). Nesse sentido, Geraldi (1984, p. 43) sintetiza: “a linguagem é uma Somos constituídos eminentemente pela força forma de interação: mais do que possibilitar a trans- criadora da linguagem e é justamente ela que nos ca- missão de informação de um emissor a um receptor, a racteriza como “seres humanos”; a criatividade lin- linguagem é vista como um lugar de interação huma- güística faz com que nos destaquemos em meio a to- na: através dela o sujeito que fala pratica ações que dos os outros animais. Estes possuem voz (phoné) e não conseguiria praticar a não ser falando”. com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui Os gregos, ao se referirem à linguagem, utiliza- a palavra (lógos) – o signo lingüístico composto de vam duas palavras: mythos e lógos. A primeira repre- significante (imagem sonora) e significado (represen- sentava as narrativas sobre a história dos deuses, dos tação mental) –, componente gerador da linguagem homens, do mundo; era a palavra mágica e encanta- verbal como instituição social (Saussure, 1975). tória que faz à vida o que ainda não se fez. Nesse Conversamos, lemos, escutamos nossos interlo- sentido, a força criadora da palavra, por excelência, cutores, trocamos idéias, vemos televisão, ouvimos materializa-se na sua magnitude nos textos bíblicos rádio, acessamos a Internet, constituimo-nos social- do Gênesis, nos quais a palavra cria a vida: “Deus mente pela linguagem, a qual é concebida em três di- disse: Faça-se a luz! e a luz foi feita”. Então “Deus Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007 505
  • 2. Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota disse: Façamos o homem à nossa imagem e seme- si; a partir de experiências dialógicas com outros “eus” lhança [...]” (Gênesis 1: 3 e 26). A segunda palavra, é que o “eu” do sujeito se organiza para se tornar “au- lógos, manifesta-se como uma síntese de três idéias: tor” de si mesmo. A incompletude é inerente ao sujei- fala/palavra, pensamento/idéia e realidade/ser. Lógos to; a alteridade torna-se fundamental para a constitui- é a palavra racional em que se exprime o pensamento ção de identidades sociais; a noção do eu é sempre que conhece o real, é discurso (argumento e prova), social, dividindo-se em três categorias: o eu-para-mim, pensamento (raciocínio e demonstração) e realidade o eu-para-o-outro e o outro-para mim. (coisas, nexos e ligações universais e necessárias en- Os estudos de Bakhtin comungam com as idéias tre os seres) (Chauí, 2003). de Vygotsky (1989), pois ambos sustentam a argu- O espaço social é, então, criado pelas vozes que mentação de que a linguagem, historicamente deter- nele operam, construídas, na concepção de Bourdieu minada, produz sentidos a partir da interlocução, no (1998), pelo habitus de cada grupo social durante o interior da qual os interlocutores se constituem e são processo de formação do indivíduo, ao mesmo tempo constituídos. A linguagem e o pensamento na con- em que transcende a sua história pessoal ao ser re- cepção desse autor estão intimamente conectados, ceptor da herança cultural da sua comunidade local. sendo que o processo individual de formação da O habitus constitui-se de estruturas estruturadas a consciência só toma forma a partir da interação; o serem transformadas em estruturas estruturantes, “his- interpessoal é condição para o intrapessoal. A lin- tória transformada em natureza”. Assim, as vozes so- guagem, nas concepções de Bakhtin e de Vygotsky, ciais são organizadas em padrões de produção e re- torna-se o lugar da interação, da negociação de sen- cepção, mas também de opressão – repressão e tidos, da representação de papéis, da constituição de emancipação. identidades. A fala (ou o uso da língua, em geral) é um pouco O significado das palavras é um fenômeno de pensa- similar à troca de presentes: não é suficiente que nossa fala mento apenas na medida em que o pensamento ganha cor- faça sentido, também é necessário que ela se “inscreva” po por meio da fala, e só é um fenômeno de fala na medida num padrão de fala, ou seja, que a fala se tome como fala- em que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por da, que a fala “se auto-evidencie”, digamos assim. (Mey, ele. É um fenômeno do pensamento verbal, ou da fala sig- 2001, p. 46) nificativa – uma união da palavra e do pensamento. (idem, p. 4) Os discursos sociais vão, assim, (des)organizando- se historicamente com e pela interação, por proces- Essa dimensão social do discurso, manifestada sos dialéticos e dialógicos. Bakhtin (1990) retoma o pela fala individual, muito raramente é reconhecida conceito saussureano de signo lingüístico, reconhe- pela escola. As práticas escolares preocupam-se, so- cendo a natureza eminentemente social da linguagem, bretudo, com atividades estritamente pedagógicas que, mas critica a excessiva concentração no enfoque das ignorando as trajetórias pessoais dos seus protago- questões da langue, salientando que o caráter de abs- nistas, lhes impõem modelos de ensino e conteúdos tração inerente ao sistema lingüístico não revela os justamente produzidos para a reprodução de saberes usos sociais da língua; em contrapartida, prioriza o privados das classes dominantes. Assim, acabam ele- direcionamento para a parole, pois esta organiza-se a gendo determinados aspectos como imprescindíveis, partir das condições contextuais da comunicação que ao mesmo tempo em que ignoram tantos outros tidos são implicitamente ligadas às estruturas sociais. Se- como menos importantes, baseando-se em preconcei- gundo Bakhtin, o sujeito emerge do outro a partir da tos, discriminações, verdades incontestáveis, dogmá- enunciação (interação verbal) e não do enunciado em ticas, que são perpetuadas ao longo dos tempos. 506 Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
  • 3. O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? Como instituição que introduz os grupos iletrados este texto: que espaço é destinado à oralidade na pe- ou semiletrados às práticas letradas de prestígio, a dagogia de EJA? Que aspectos da oralidade são to- escola não reconhece as condições de produção tex- mados como ensináveis? Há, explicitamente, uma in- tual dos alunos na dinâmica interacional (tempo, lu- tenção pedagógica direcionada ao tratamento do texto gar, papel social, objetivos da interlocução, entre ou- oral? Que tipos de textos orais circulam no cotidiano tros). Portanto, optar pela problematização das escolar? Como se configuram as práticas de intera- condições de produção contribui para inscrever o tra- ção na sala de aula? Até que ponto o discurso pedagó- balho na sala de aula com base na dialogicidade. A gico promove ou reprime o diálogo – interação? condição em que a linguagem se produz possibilita a ruptura ou a conservação da situação discursiva que Na escola e na vida: quem tem direito à fala? se estabelece entre professores e alunos em sala de aula. Estudos etnográficos na área da linguagem e edu- A postura homogeneizante da escola não abarca cação (Heath, 1994; Philips, 1993; Ogbu, 1991; Wells, a diversidade sociocultural dos alunos, patrimônio 1986) traduzem o distanciamento entre as microcul- cultural que se sustenta na tradição de um conjunto turas da comunidade familiar e da comunidade esco- de habitus responsável pela produção dos discursos lar como fator primordial determinante do fracasso de identidade marcados pelas diferenças de gênero, escolar. Nessa mesma direção, pesquisadores brasi- etnia, trabalho, filiação religiosa, territórios geográ- leiros vêm corroborando essa realidade apontando ficos, entre outras. Assim, faz-se necessária a com- para o descompasso entre as práticas discursivas que preensão, por parte do professor, de que o processo circulam dentro e fora da escola e suas implicações educacional se configura, na maioria das vezes, como no processo de ensino-aprendizagem da leitura e da uma ação contínua de organização da própria identi- escrita (Bortoni-Ricardo, 2005; Kleiman, 2001; Ma- dade em comunhão com os demais. Tal constatação é galhães, 2001; Cavalcanti, 2001; Soares, 2003). A extremamente importante, sobretudo quando se trata necessidade de reconhecer o ambiente de origem do de classes de educação de jovens e adultos (EJA), as aluno, a “ecologia lingüística” da sua comunidade, quais recebem aprendizes que experimentam o mo- torna-se fundamental para promover o diálogo em sala mento mágico do “rito de passagem” da tradição de de aula, considerando que a aprendizagem se proces- oralidade (no microespaço da comunidade local) para sa pela interação (ou “inter-ação”) entre os interlocu- o mundo grafocêntrico (no macroespaço da comuni- tores e seus textos orais e escritos. dade global), na intenção de elaborar um novo pata- Nas classes de EJA essa questão torna-se ainda mar de identidade, ao inserir-se ativamente no mun- mais enfática considerando que se trata de alunos adul- do letrado. tos, homens e mulheres, providos de uma competên- Nesse contexto, considerando que os jovens e cia comunicativa (com base predominante na orali- adultos, diferentemente das crianças, já trazem traje- dade) satisfatória para os ambientes familiares nas tórias de vida sedimentadas, a escola deveria reco- esferas privadas da vida social; entretanto, quando se nhecer e acolher as tradições de oralidade trazidas deslocam para a escola, são quase sempre infantiliza- pelas culturas de origem e integrá-las às práticas de dos com textos de leitura e escrita que não condizem letramento propostas pela escola. Essas inquietações com suas experiências de vida. Isso explica o relato levaram-nos a questionar as classes de EJA sobre o de uma trabalhadora doméstica, de 43 anos, que ex- espaço destinado ao trabalho pedagógico direciona- põe a razão por ter abandonado a escola: “Não dou do à oralidade, no tocante à construção da competên- pra essas coisas de escola, minha cabeça faz muita cia comunicativa dos sujeitos ali envolvidos. Algu- confusão quando me dão aquelas coisas bobas pra ler mas questões norteadoras inspiraram-nos a escrever e eu não consigo. Prefiro ir pra igreja. Lá na igreja eu Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007 507
  • 4. Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota converso as coisas da minha vida” (NC, entrevista tão rico de ressonâncias filosóficas, discursivas e outras. out. 2001, em Mota, 2002). Esse seria, com certeza, o (Sobral, 2005, p. 22) depoimento de muitos outros jovens e adultos que tro- caram a escola pela igreja, ou, pela rua, pelo bar, pelo Até que ponto, então, o discurso pedagógico se crime. Falta à escola o processo de mediação, tão for- inscreve nessa proposta? Analisando os efeitos de pro- temente apontado por Vygotsky (1989), como com- moção ou repressão do diálogo nas práticas intera- petência docente decisiva para estabelecer a ponte cionais, Orlandi (2003) fundamenta-se em dois pro- entre os conteúdos de vida e os de escola. cessos lingüísticos – o parafrástico e o polissêmico – O diálogo entre educadores e educandos aparece para descrever três tipos de discurso: o lúdico, o po- em Freire (1988) como o “encontro dos homens, lêmico e o autoritário. O lúdico caracteriza-se pela mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se predominância da “polissemia aberta”, ou seja, a fal- esgotando, portanto, na relação eu-tu” (p. 78). É a ta de convergência de sentidos entre os interlocutores, partir de uma tomada de consciência das coisas que a qual inviabiliza o processo de interação (de forma acontecem ao seu redor (mundo-realidade) que o ho- exagerada seria o “non-sense”); o polêmico privile- mem vai interagir nessa realidade, na qual ele é agente gia o uso de perspectivas diferenciadas de ver o obje- transformador, na medida em que também é transfor- to, mantendo a “polissemia controlada” na qual a mado dentro das condições que lhe são apresentadas. posição dialógica pode ser negociada; o autoritário A partir das relações do homem com a realidade, re- elege a paráfrase como estratégia discursiva, ou seja, sultantes de estar com ela e estar nela, por meio de prevalece a “polissemia contida” na qual não há in- atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinami- terlocutores de fato, pois se sustenta no processo de zando o seu mundo, dominando a realidade, humani- “inculcação” de significados partindo daquele que zando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele mes- detém maior poder social. Seguindo essa categoriza- mo é fazedor; nesse instante, a transformação acontece ção, o discurso pedagógico é visto como predomi- por conta das leituras que os homens fazem do mun- nantemente autoritário, pois “mais do que informar, do como resultante da interação com seus pares. explicar, influenciar ou mesmo persuadir, ensinar apa- O grande desafio educacional traduz-se no aju- rece como inculcar” (idem, p. 17). Essa postura rati- dar a gestar um homem enquanto sujeito pleno de seu fica o que Freire (1988, p. 79) apresentava ao criticar desejo, de suas transformações, um sujeito no qual o o modelo de “educação bancária”. sentido não se encerre – mas se inicie; não alguém assujeitado, mas um “sujeito situado” em seu tempo [...] o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o e espaço, dotado de um envolvimento tal com o uni- encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus verso que o cerca, que, na medida em que constitui o sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e huma- seu sentido próprio pelas suas ações, também ajuda a nizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de significar todo o mundo. um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. A proposta é a de conceber um sujeito que, sendo um eu para-si, condição de formação da identidade subjetiva, é O espaço da sala de aula caracteriza-se pela ins- também um eu para-o-outro, condição de inserção dessa tauração ou não da possibilidade de transformar-se identidade no plano relacional responsável/responsivo, que num lugar onde se desenvolva o conhecimento e a lhe dá sentido. integração cultural. A relação professor/aluno é, sem Só me torno eu em outros eus. Mas o sujeito, ainda dúvida, uma relação assimétrica, pois se manifesta a que se defina a partir do outro, ao mesmo tempo o define, é partir do jogo de relações de poder inerente ao papel o “outro” do outro: eis o inacabamento constitutivo do ser, social que cada um desempenha. Uma pessoa investida 508 Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
  • 5. O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? do papel de professor adquire poder de determinar segundo é “querer dizer” o que se “tem a dizer”, é ações aos alunos, e estes, por sua vez, legitimam esse desejar expressar-se, é reconhecer-se digno do dom poder, pois trazem de casa ou adquirem rapidamente da palavra ou do direito à palavra, é acreditar que o na escola a imagem do professor como autoridade. dito ou não dito pode marcar sua presença. Não só os conteúdos escolares, mas também as Mas não basta apenas “querer dizer”, é preciso variedades lingüísticas presentes na performance do “poder dizer”; este é o terceiro desafio e também o professor marcam, ainda mais, a dificuldade de inte- mais difícil, pois o poder implica sempre uma rede de ração dialógica em sala de aula. O professor, como relações construídas num jogo muitas vezes velado. agente do controle social, adota uma variante lingüís- De nada vale ter o que dizer, de nada vale querer, se tica muitas vezes distante das normas populares com eu não posso dizer. Quantas vezes cada um de nós já as quais os alunos se identificam. As relações intera- se viu nessa frustrante condição de não poder dizer, tivas, nesse sentido, dão-se dentro de uma conjuntura muito embora querendo e tendo o que dizer? A se- na qual o domínio da “língua legítima” se torna uma guinte citação de Foucault (2002, p. 37) justifica a forte moeda de troca nas relações de sobrevivência, interdição ou liberação da fala. instituindo dessa forma um mercado lingüístico no qual os “preços” são definidos pelos grupos de posse [...] ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer dessa competência lingüística, cujas capacidades de a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para produção são socialmente classificadas, configuran- fazê-lo. Mais precisamente: nem todas as regiões do dis- do ao mesmo tempo a capacidade de apropriação e curso são igualmente abertas e penetráveis; algumas são sua apreciação. altamente proibidas (diferenciadas e diferenciantes), en- quanto outras parecem quase abertas a todos os ventos e O que circula no mercado lingüístico não é a língua, postas, sem restrição prévia, à disposição de cada sujeito mas discursos estilisticamente caracterizados, ao mesmo que fala. tempo do lado da produção, na medida em que cada locutor transforma a língua comum num idioleto, e do lado da re- Oralidade e escrita: encontros e desencontros cepção, na medida em que cada receptor contribui para pro- duzir a mensagem que ele percebe e aprecia, importando Tendo em vista ser o homem, por natureza, fa- para ela tudo o que constitui sua experiência singular e co- lante e ouvinte, e não escritor e leitor, ele necessita letiva. (Bourdieu, 1998, p. 25) ser iniciado na cultura escrita. A escrita rompe com a temporalidade da fala para constituir-se numa rede Que chances tem o aluno em EJA, sendo porta- articulada, num texto tecido de forma aberta a uma dor de uma variante lingüística desprestigiada, de se gama de sentidos que se produzem no contexto de posicionar em sala de aula como cidadão falante? recepção mais do que no contexto da enunciação. A Consideramos que, ao falarmos, colocamos em jogo distância existente entre autor e leitor exige do autor tudo o que somos e o que sabemos sobre o mundo, uma representação imagética prévia do virtual leitor sobre a linguagem, sobre as relações pessoais, sobre a quem se dirige, o qual é o seu “leitor ideal”. o cotidiano e sobre o poder que perpassa as intera- A dimensão visual e espacial da escrita, articula- ções. Dessa forma, de acordo com Geraldi (1995), o da à sua materialidade e inserção num suporte exter- ato de fala configura-se em três desafios a serem en- no, tornou-a transportável e conservável, permitindo frentados pelo falante: o primeiro é ter o que dizer, é guardar as informações durante um tempo indeter- mobilizar todo o seu conhecimento de mundo, articulá- minado. Isso modifica a natureza da comunicação, lo com as próprias crenças pessoais, com os próprios estendendo-a para além do simples contato pessoal, conceitos e preconceitos, herdados ou adquiridos. O ao mesmo tempo em que transforma as condições de Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007 509
  • 6. Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota arquivamento da informação, colocando-a acessível visão preconceituosa da fala com base mais estrutu- àqueles que sabem ler um campo de conhecimento ral do que funcional (descontínua, pouco organizada, mais extenso. rudimentar, não-planejada), muito mais porque se O que podemos observar concretamente é que constitui como a única forma de expressão verbal de há uma interdependência entre oralidade e escrita. Elas sociedades ditas primitivas, de crianças em fase de constroem-se em reciprocidade, interpenetram-se e aquisição ou de cidadãos pouco escolarizados do que complementam-se. A escrita pode intensificar a ora- pelo valor social intrínseco que os atos de fala repre- lidade ao extrair do contexto oral enunciados, analisá- sentam. los e remodelá-los na cultura escrita, devolvendo-os Retornando à compreensão da natureza textual em seguida ao contexto oral com vigor e força reno- das duas modalidades, Koch (2007) chama atenção vados. A oralidade pode intensificar a escrita, na me- para o fato de que o texto falado apresenta uma sinta- dida em que só a virtual oralização faz do escrever xe característica, contudo a sintaxe geral da língua um ato de significar, ou seja, só tem sentido escrever serve-lhe de pano de fundo. Além disso, a escrita pode se existirem supostos virtuais leitores que irão dar ao ser considerada estática – produto de um processo – texto os muitos sentidos possíveis, incorporando esses enquanto a fala se desenvolve durante o processo de sentidos às suas falas (Orlandi, 2001). comunicação, sendo assim dinâmica. Sobre esse as- Como todas as línguas que se manifestam nas pecto, a autora remete-nos a Michael Halliday: modalidades escrita e falada, a língua portuguesa pro- duz várias gramáticas, diferenciadas por recursos es- [...] capta bem essa diferença, utilizando a metáfora do qua- tilísticos próprios, que se comportam mais adequada- dro e do filme. Para o leitor, o texto se apresenta de forma mente em uma ou outra modalidade. Isso não significa, sinóptica: ele existe, estampado numa página – por trás dele porém, que a fala e a escrita devam ser vistas de for- vê-se um quadro. Já no caso do ouvinte, o texto o atinge de ma dicotômica, estanque, como era comum até há al- forma dinâmica, coreográfica: ele acontece, viajando atra- gum tempo e, por vezes, acontece ainda hoje. Segun- vés do ar – por trás dele é como se existisse não um quadro, do Marcuschi (1995, p. 13), “As diferenças entre fala mas um filme. (Koch, 2007, p. 63) e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois Em outras palavras, foi a visão dicotômica de pólos opostos”. fala e escrita, amplamente divulgada, que fez a mar- O que se verifica, na verdade, é que existem tex- cação estrutural das diferenças entre essas modalida- tos escritos que se situam, na relação de continuida- des. Caracteriza-se a fala como contextualizada, implí- de, como mais próximos ao pólo da fala conversacio- cita, redundante, não-planejada, com predominância nal (bilhetes, cartas familiares, textos de humor, por do “modus pragmático”, fragmentada, incompleta etc. exemplo), ao passo que existem textos falados que Em contrapartida, a escrita é considerada descontex- mais se aproximam do pólo da escrita formal (confe- tualizada, explícita, condensada, planejada, com pre- rências, entrevistas profissionais, discursos religiosos dominância do “modus sintático” etc. Koch (2007) e outros), sem se desprezar aqueles que transitam em alerta, contudo, que nem todas essas características um ou outro pólo em posições intermediárias. Nesse são exclusivas de uma ou outra das duas modalidades sentido, torna-se difícil sustentar a presença de ca- e que tais características foram sempre estabelecidas racterísticas exclusivas de uma ou outra modalidade. tendo por parâmetro o ideal da escrita. Na prática, entretanto, em virtude do valor so- Sabemos, na prática, que as relações entre fala e cial atribuído à língua escrita, costuma-se olhar a lín- escrita não são óbvias nem lineares, pois elas, sem gua falada através das lentes de uma gramática proje- dúvida, refletem um constante dinamismo fundado no tada para a escrita. Nessa perspectiva, predomina uma continuum que se manifesta entre essas duas modali- 510 Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
  • 7. O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? dades de uso da língua. Cabe ao professor direcionar construir conceitos, incorporar novas palavras e significa- seu trabalho no ensino de língua materna não para a dos, compreender e avaliar o que se ouve, chamando a aten- polarização estanque entre o oral e o escrito, fortale- ção dos alunos para os diferentes modos de falar e os efei- cendo os preconceitos em torno da oralidade, mas que tos que podem provocar sobre os que recebem a mensa- colabore para que os alunos percebam que a oralida- gem. (Brasil, 1997, p. 53) de e a escrita são duas faces da mesma moeda da lín- gua portuguesa, e que cada uma exerce diferentes Na sala de aula, entretanto, observamos que as papéis funcionais dentro dos vários contextos so- atividades de linguagem oral funcionam como for- cioculturais de cada coletividade. mas de avaliação e “correção” dos falares regionais e sociais, na expectativa de que se aproximem da nor- Os caminhos da oralidade em EJA: ma considerada gramaticalmente correta e mais ali- questionamentos e novas leituras nhada aos padrões da língua escrita. Dessa forma, o texto oral funciona como pré-texto para a pedagogia Os falares das pessoas analfabetas ou pouco esco- do letramento e nunca como uma outra modalidade larizadas são o canal autêntico de expressão da sua tra- textual que se afirma adequadamente em diferentes dição cultural, de registro das suas experiências de vida, situações sociais. Atitudes que levam a uma prática de viabilização de estratégias comunicativas a fim de excessiva de correção da fala do aluno; sobretudo, lidar com as tarefas cotidianas. Podemos encontrar em se tratando de um adulto, causam uma sensação adultos pouco escolarizados que têm um excepcional de estranheza da própria língua materna, um distan- domínio da expressão oral: contadores de histórias, ciamento da sua cultura, uma crença da sua incompe- poetas, repentistas, líderes populares. Entretanto, tência comunicativa que muitas vezes resultam no seu deparamo-nos com uma grande maioria que tem seu silenciamento. Os “comandos paragramaticais” – vo- discurso marcado por experiências de privação, humi- zes de autoridade lingüística que circulam nos meios lhação e isolamento, decorrentes do distanciamento da de comunicação e na nossa tradição pedagógica – re- sua performance em relação aos parâmetros discursivos clamam que o brasileiro não sabe sua própria língua, daqueles considerados socialmente bem-sucedidos. mas Bagno (1999) defende os falares brasileiros como Em especial, nas classes de EJA, percebe-se que a legítimos. pedagogia se concentra quase exclusivamente nas ati- vidades de letramento – ler e escrever são as habilida- Esta língua é a língua que eu sei, é a língua que eu falo des prioritárias –, não considerando a pedagogia do bem, e por ser a minha língua ela não é difícil. Difícil, sim, desenvolvimento comunicativo na língua escrita e na é uma língua que não tem eco na minha vivência, na minha oral como de igual valia para a formação integral do experiência, que não traz à tona as minhas lembranças, que educando. Oficialmente, há o destaque para o trabalho não abala os meus sentimentos, uma língua que não me fala pedagógico da oralidade, descrito na proposta curricu- ao coração, que não faz vibrar as cordas do meu ser. E no lar elaborada pelo Ministério da Educação (MEC) para entanto é essa língua estranha, estrangeira, que vou ser obri- o primeiro segmento de ensino fundamental na EJA: gado, sujeitado e quase torturado a aprender. O professor deve planejar estratégias para que os alu- O problema não está na aprendizagem de uma nos experimentem e ampliem suas formas de expressão, outra variante lingüística, considerada mais culta e promover momentos em que os educandos se expressem de maior prestígio social, mas na postura que faz com em pequenos grupos, em grupos maiores, em conversas com que a variante popular seja desrespeitada, descarta- o professor. É necessário criar oportunidades de ouvir e fa- da, eliminada dos cenários escolares. Os livros didá- lar, reelaborar argumentos a partir de novas informações, ticos apresentam exercícios com a finalidade exclu- Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007 511
  • 8. Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota siva de solicitar que os alunos saibam corrigir as va- (2003, p. 61), ao discutir sobre a mediação entre a riantes populares de acordo com a norma padrão. Os oralidade e a escrita: professores, da mesma forma, alegam que os alunos não falam direito e por isso têm dificuldade de escre- É justamente esta fase de mediação que precisa ser ver. Para superarmos essas falácias, pressupostos sem fortalecida de várias formas: temos que tentar devolver o fundamentação nos estudos lingüísticos, precisamos gosto e a confiança na oralidade, o prestígio da arte verbal, compreender a linguagem nas suas múltiplas funcio- a discussão sobre as hipóteses relativas ao que seria a escri- nalidades sociais. Tanto a língua escrita como a oral ta, a leitura oral em voz alta de livros escritos e impressos e têm seus espaços de atuação, manifestando-se em di- a discussão dos seus conteúdos, comparados com conteú- ferentes graus de formalidade. dos de histórias da tradição oral. Todas estas, e outras, se- Os pilares de uma educação lingüística, teorica- riam as práticas necessárias para fortalecer ou até mesmo mente consistente, sustentam-se em duas bases: o de- instituir a fase de mediação entre oralidade e escrita. senvolvimento da competência comunicativa integral e o desenvolvimento da consciência metalingüística Muitos lingüistas brasileiros vêm contribuindo sobre o desempenho comunicativo de si próprio e dos no campo de pesquisa que enfoca a interação em sala seus interlocutores em textos orais e escritos. Enten- de aula, envolvendo os fundamentos teóricos da de-se competência comunicativa, na concepção de sociolingüística interacional, da análise da conversa- Hymes (1989), como a aquisição do conhecimento ção e da análise do discurso. Contudo, a sala de aula lingüístico com adequação aos contextos sociocultu- de EJA ainda é um espaço pouco explorado, necessi- rais de uma determinada comunidade lingüística em tando de estudos que analisem tópicos relevantes situações autênticas de interação verbal. como: discurso pedagógico, interação/conversação em Em outras palavras, Schmidt (1983, p. 140) res- sala de aula, competência comunicativa em eventos salta a contribuição de Michael Canale e Merrill de fala nas esferas pública e privada, letramento e Swain que destacam a inter-relação de quatro com- oralidade na escola e na comunidade, diversidade lin- ponentes associados à competência comunicativa: güística/preconceito lingüístico/fracasso escolar, en- competência gramatical (domínio de vocabulário e tre outros. de regras gramaticais básicas), competência socio- Avançamos nossa proposta ao idealizarmos uma lingüística (capacidade de tornar o discurso apropria- pedagogia da oralidade em EJA que promova o de- do dentro de um determinado contexto sociocultu- senvolvimento da competência comunicativa em am- ral), competência do discurso (domínio das combi- bientes fora da escola. Inspiramo-nos em depoimen- nações entre formas gramaticais e significados a fim tos de alunos de EJA que apontam dificuldades de se de manter a unidade do texto falado ou escrito) e expressar adequadamente em situações sociais várias, competência estratégica (utilização de estratégias como, por exemplo, em uma entrevista de emprego, verbais e não-verbais a fim de compensar as “falhas” em idas a agências de serviços públicos para tirar da comunicação). A consciência metalingüística, por documentos, em conflitos com vizinhos ou colegas sua vez, desenvolve-se a partir de atividades de ob- de trabalho e em muitos outros eventos de fala. Nessa servação do discurso de outros, de exercícios de ex- proposta, é possível trabalhar com situações simula- perimentação de modelos variados de interação das por meio de diálogos situacionais – retirados de dialógica, de monitoração do seu próprio discurso textos escritos ou orais encontrados na literatura, no visando à melhoria dos padrões de gramaticalidade, cinema, no teatro, na televisão, na música – na inten- de adequação sociolingüística e de eficiência discur- ção de analisar os conteúdos sociolingüísticos, incor- siva. A pertinência da construção de uma pedagogia porar estratégias comunicativas lingüísticas e extra- da oralidade encontra apoio nas palavras de Gnerre lingüísticas que colaborem com a intencionalidade do 512 Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
  • 9. O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? discurso, e ampliar seu repertório discursivo e sua BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e competência comunicativa integral. agora? In: . Sociolingüística & educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. Inconclusões BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas. São Pau- lo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998. O título da finalização deste artigo sugere a BRASIL. Ministério da Educação. Educação de jovens e adultos: incompletude intrínseca a qualquer discurso dialógico/ proposta curricular para o 1º segmento do ensino fundamental. dialético; nós nos disponibilizamos ao debate que ve- São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 1997. [Coordenação nha a fortalecer a possibilidade de promover novas e texto final: Vera Maria Masagão Ribeiro] leituras em referência ao trabalho de oralidade em CAVALCANTI, Marilda C. Um evento de letramento como cená- EJA. Asseguramos, desde já, a necessidade de produ- rio de construção de identidades sociais. In: COX, Maria Inês zir pesquisas aplicadas às experiências pedagógicas Pagliarini; ASSIS-PETERSON, Ana A. (Orgs.). Cenas de sala de de EJA que envolvam três direções de enfoque: etno- aula. Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 105-24. grafias sobre eventos de letramento e de fala nas co- CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. munidades de origem dos alunos, estudos de pesqui- FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições sa-ação sobre os padrões de interação em sala de aula Loyola, 2002. e formulação de propostas que objetivem o desenvol- FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18. ed. Rio de Janeiro: vimento da competência comunicativa em situações Paz e Terra, 1988. sociais da vida fora da escola. . Educação como prática de liberdade. 21. ed. Rio de Retomando o compromisso de educação de Freire Janeiro: Paz e Terra, 1992. (1992, p. 116), ao ressaltar: “Precisávamos de uma GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. Cas- pedagogia da comunicação, com que vencêssemos o cavel: Assoeste, 1984. desamor acrítico do antidiálogo”, acreditamos que . Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, nossas intenções de construir um programa pedagó- 1995. gico da oralidade em EJA vão contribuir amplamente GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: com a afirmação dos direitos lingüísticos do aluno Martins Fontes, 2003. como parte essencial do fortalecimento de identida- HEATH, Shirley Brice. Ways with words – Language, life, and des sociais, da formação de cidadania em uma so- work in communities and classrooms. New York: Cambridge ciedade democrática. University Press, 1994. HYMES, Dell. Foundations in sociolinguistics. An ethnographic Referências bibliográficas approach. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1989. KLEIMAN, Ângela B. (Org.). Os significados do letramento: uma AUSTIN, John Langshaw. How to do things with words. New York: nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mer- Oxford University Press, 1965. cado de Letras, 2001. BAGNO, Marcos. Que país? Que povo? Que língua? In: SEMA- KOCH, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. 8. ed. São NA DE LETRAS E ARTES, 3., 1999, Feira de Santana. Pales- Paulo: Contexto, 2003. tra... Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, . O texto e a construção dos sentidos. 9. ed. São Pau- 1999. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/educacao/ lo: Contexto, 2007. marcosbagno/art_que_pais_que_povo_que_lingua.htm>. Acesso MAGALHÃES, Izabel. Práticas discursivas de letramento: a cons- em: 12 mar. 2006. trução da identidade em relatos de mulheres. In: KLEIMAN, BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Hucitec: Angela (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspec- São Paulo, 1990. tiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Le- BÍBLIA Sagrada. Trad. de Pe. Matos Soares. São Paulo: Paulinas, 1983. tras, 2001. p. 201-235. Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007 513
  • 10. Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota MARCUSCHI, Luiz Antonio. Contextualização e explicitude na dade da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus I – fala e na escrita. Recife: s. ed., 1995 (mimeo.). Salvador. Publicou recentemente: As interações conversacionais MEY, Jacob L. As vozes da sociedade. Campinas: Mercado de em sala de aula (In: MERCADO, Luis Paulo Leopoldo; CAVAL- Letras, 2001. CANTE, Maria Auxiliadora da Silva (Orgs.). Formação do pes- MOTA, Kátia Maria Santos. A linguagem da vida, a linguagem da quisador em educação: profissionalização docente, políticas pú- escola: inclusão ou exclusão? (uma breve reflexão lingüística para blicas, trabalho e pesquisa. Maceió: EDUFAL, 2007. p. 109-124); não lingüistas). Revista da FAEEBA Educação e Contemporanei- Mulheres brasileiras imigrantes nos Estados Unidos: (des)caminhos dade, Salvador, v. 11, p. 13-26, jan./jun. 2002. do bilingüismo em trajetórias de identidades (In: CAVALCANTI, OGBU, John U. Cultural Diversity and School Experience. In: Marilda C.; BORTONI-RICARDO, Stella Maris (Orgs.). Trans- WALSH, Catherine E. (Ed.). Literacy as praxis – culture, culturalidade, linguagem e educação. Campinas: Mercado de language and pedagogy. Norwood: Alex Publishing Corporation, Letras, 2007. p. 143-174); Lingua(gem) e cidadania em um mun- 1991. p. 25-50. do pluricultural: descompassos e desafios (In: LIMA JR., Arnaud ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Soares de; HETKOWSKI, Tânia Maria (Orgs.). Educação e con- Campinas: Editora da Unicamp, 2001. temporaneidade: desafios para a pesquisa e a pós-graduação. Rio . A linguagem e seu funcionamento: as formas do dis- de Janeiro: Quartet, 2006. p. 157-172); organizou com curso. São Paulo/Campinas: Pontes, 2003. SCHEYERL, Denise Chaves de Menezes, Espaços lingüísticos: PHILIPS, Susan Urmston. The invisible culture – communication resistências e expansões (Salvador: EDUFBA, 2006). Pesquisa- in classroom and community on the Warm Springs Indian dora na área de sociolingüística aplicada à educação. E-mail: Reservation. Prospect Heights: Waveland Press, Inc., 1993. motakatia@hotmail.com RAMOS, Graciliano. Entrevista em 1948. In: . Vidas secas. 102. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, contracapa. JANINE FONTES DE SOUZA, mestre em educação pela SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. São Pau- Universidade do Estado da Bahia (UNEB), é professora de prática lo: Cultrix, 1975. de ensino da mesma universidade, no campus XXIV – Xique- SCHMIDT, Richard W. Interaction, acculturation, and the Xique. Publicou recentemente: O texto nosso de cada dia (In: EN- acquisition of communicative competence: a case study of an adult. CONTRO DE PESQUISA EDUCACIONAL DO NORTE E NOR- In: WOLFSON, Nessa; JUDD, Elliot (Eds.). Sociolinguistics and DESTE – EPENN –, 18., 2007, Maceió. Anais... Maceió: Univer- language acquisition. Rowley: Newbury House Publishers, 1983. sidade Federal de Alagoas, 2007. 1 CD-ROM); A leitura da p. 137-174. palavramundo: o mundo das palavras, as palavras no mundo (In: SOARES, Magda. Letramento – um tema em três gêneros. Belo COLÓQUIO FORMAÇÃO DE EDUCADORES: Ressignificar a Horizonte: Autêntica, 2003. profissão docente, 2., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Univer- SOBRAL, Adail. Ato/atividade e evento. In: BRAIT, Beth (Org.). sidade do Estado da Bahia/Universidade Federal da Bahia, 2006. Baktin: conceitos–chave. São Paulo: Contexto, 2005. p. 11-36. 1 CD-ROM); Eu falo, tu falas, nós escrevemos: diversidade lin- VYGOTSKY, Lev Semyonovich. Pensamento e linguagem. 2. ed. güística e prática pedagógica. (In: ENCONTRO DE PESQUISA São Paulo: Martins Fontes, 1989. EDUCACIONAL DO NORTE E NORDESTE – EPENN –, 17., WELLS, Gordon. The meaning makers – children learning language 2005, Belém. Anais... Belém: Universidade Federal do Pará, 2005. and using language to learn. Portsmouth: Heinemann, 1986. 1 CD-ROM). Pesquisadora na área de linguagem e educação. E- mail: nine_fontes@yahoo.com.br KÁTIA MARIA SANTOS MOTA, doutora em estudos luso- brasileiros pela Brown University, nos Estados Unidos, é profes- Recebido em outubro de 2006 sora do Programa de Pós-Graduação Educação e Contemporanei- Aprovado em maio de 2007 514 Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
  • 11. Resumos/Abstracts/Resumens Janine Fontes de Souza e Kátia Maria Santos Mota O silêncio é de ouro e a palavra é de prata? Considerações acerca do espaço da oralidade em educação de jovens e adultos Este artigo objetiva estabelecer parâme- tros comparativos sobre a escrita e a oralidade, com base nos estudos sociolingüísticos. Ao mesmo tempo, apresenta novas perspectivas sobre a pe- dagogia da oralidade em educação de jovens e adultos, vinculada às necessi- dades comunicativas dos alunos na so- ciedade contemporânea. Enfoca o diálo- go, a interação verbal e a competência comunicativa como componentes essen- ciais da educação lingüística. Com- preendendo a fala como ferramenta pri- mordial para a expressão de pensamentos, crenças e atitudes, assim como espaço de fortalecimento de iden- tidade e direito social na formação de cidadania, as autoras posicionam-se cri- 550 Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007
  • 12. Resumos/Abstracts/Resumens ticamente sobre as práticas metodológi- para la expresión de pensamientos, cas do ensino da oralidade nas escolas. creencias y actitudes, así como espacio Palavras-chave: educação de jovens e de fortalecimiento de identidad y adultos; oralidade; interação derecho social en la formación de la Silence is golden, the word is silver? ciudadanía, las autoras se posicionan Oral language in young and adult de forma crítica sobre las prácticas education metodológicas de la enseñanza de la This article proposes to establish oralidad en las escuelas. comparative parameters on the written Palabras claves: educación de jóvenes word and orality based on y adultos; oralidad; interacción sociolinguistic studies and, at the same time, to present new perspectives on the pedagogy of orality in adult and youth education, linked to the communication needs of students in contemporary society. It focuses on dialogue, verbal interaction and communication competence as essential components of linguistic education. Taking the spoken word as the primordial tool for expressing thoughts, beliefs and attitudes as well as a space for strengthening identity and social right in the formation of the citizenship, the authors take a critical position concerning the methodological practices of teaching orality in our schools. Key words: adult and youth education; orality; interaction ¿El silencio es de oro, la palabra es de plata? Consideraciones a respecto del espacio de la oralidad en la educación de jóvenes y adultos Este artículo tiene por objeto establecer parámetros comparativos sobre la escrita y la oralidad, con base en los estudios sociolinguísticos. Al mismo tiempo, presenta nuevas perspectivas sobre la pedagogía de la oralidad en la educación de jóvenes y adultos, vinculada a las necesidades comunicativas de los alumnos en la sociedad contemporánea. Enfoca el diálogo, la interacción verbal y la competencia comunicativa como componentes esenciales de la educación linguística. Comprendiendo la habla como herramienta primordial Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007 551