Este documento discute as perspectivas sobre o ensino do criacionismo nas aulas de ciências da rede de ensino adventista. Apresenta os diferentes tipos de criacionismo e analisa como os professores de ciências adventistas relacionam suas perspectivas sobre criacionismo com sua prática de ensino.
1. Em: SILVA, W. S. Criacionismo no século 21, Uma abordagem multidisciplinar.
CePLiB: Cachoeira, 2013
C a p í t u lo 2
O ENSINO DO CRIAQIONISMO NAS
AULAS DE CIÊNCIAS:
A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DA REDE
ADVENTISTA DE ENSINO
íM a y a r a F a r ia s d a S iC v a S a n t o s
'W e f â n g t o n Ç i í (R o d r ig u e s
In t r o d u ç ã o
Desde o seu surgimento na segunda metade do século XIX, o darwinismo
tem provocado várias polêmicas e uma das principais é a questão do ensino das
origens, ou seja, a tão decantada polêmica criação x evolução. Um dos seus
principais aspectos é quanto ao status do ensino de criacionismo nas escolas.
Há quem defenda que este pode ser considerado ciência e, por isso, merece
espaço no currículo na mesma medida dada ao ensino do evolucionismo. Em
contrapartida, outros discordam dessa posição, apontando tal ensino como
religioso e não científico e, como tal, deve se restringir ao espaço da igreja ou
ao momento da aula de religião. Essas polêmicas demonstram a necessidade de
um estudo mais aprofundado sobre o tema.
Um grupo especialmente envolvido nessa polêmica é de professores da
rede adventista de ensino visto que esta declara ter seu currículo pautado nos
princípios bíblico-cristãos e manter firme a postura do ensino do criacionismo
em meio a uma comunidade educacional que supervaloriza o conhecimento
“científico" em detrimento do que diz a Bíblia. É necessário, contudo, entender
o posicionamento específico da educação adventista sobre esse assunto, bem
como as concepções dos professores dessa rede a respeito do mesmo e como
essas concepções se refletem na sua prática pedagógica. O problema que guia
este trabalho é o questionamento: como os professores de ciências da rede
2. m. tCaplmio2 1 - Mayara Santos e Wellington Rodrigues
adventista relacionam suas perspectivas sobre o criacionismo com a sua prática
do ensino de ciências em sala de aula?
Na próxima seção, estão apresentados, de maneira sucinta, os referenciais
teóricos procedentes da literatura em educação científica, e da filosofia da
educação adventista que subsidiaram esta investigação. Em seguida, encontra-se
explanada a metodologia empregada e os dados obtidos, sendo discutidos à
luz da teoria. Finalmente, discute-se a contribuição que os resultados da pesquisa
têm a oferecer à educação adventista e, mais especificamente, aos professores
de ciências que atuam nessa rede de ensino.
C r ia c io n is mo e s e u s C o n c e it o s
A polêmica já começa sobre o significado do que é o criacionismo.
Trata-se de uma teoria? Uma filosofia? Apenas um modo de pensar? Pode ser
chamado de ciência? Esses e outros questionamentos estão bem presentes
no ambiente das relações entre criacionismo e evolucionismo, entre ciência e
religião e precisam ser discutidos e esclarecidos a fim de proporcionar uma
melhor compreensão do tema.
Alguns há que entendem tanto o evolucionismo como o criacionismo
como ciência. Outros acreditam que o evolucionismo é ciência e o criacionismo,
apenas religião. Outros há, ainda, que acham que nenhum dos dois é ciência,
mas apenas filosofias. E as polêmicas de discussão entre essas duas vertentes
só vêm aumentando cada vez mais.
O Dr. Antonio Zichichi, então presidente da Federação Mundial de
Cientistas, declara que o evolucionismo não pode ser considerado ciência no
sentido estrito do termo, ou seja, ciência empírica. Segundo ele,
[...] a teoria que deseja colocar o homem na mesma árvore genealógica
dos símios está abaixo do nível mais baixo de credibilidade cientifica.
... Se o homem do nosso tempo tivesse uma cultura verdadeiramente
moderna, deveria saber que a teoria evolucionista não faz parte da
ciência galileana. Faltam-lhe os dois pilares que permitiriam a grande
virada de 16o0: a reprodução e o rigor. (ZICHICHI, 1999, p. 81 e
82).
Por esse mesmo motivo, Borges (2004) declara que a teoria criacionista
também não pode ser considerada verdadeira ciência galileana, pois a mesma
aponta para a existência de um Deus, um ser divino que transcende a lógica
humana e não pode ser comprovado em testes de laboratório, nem tampouco
através da lógica matemática.
48
3. D E n s im ü ü ü C r ia c i g n is m o m s A u l a s p [ C iê n c ia s : a p e r s p e c t iv a d d s p r í h s s í m s d e c iê n c i a s e a o f a í w n t .s i a d f e h s ih u
Ruy Carlos de Camargo Vieira, presidente da Sociedade Criacionista
Brasileira, parece concordar com esse posicionamento ao afirmar que
“fundamentalmente, os modelos' criacionista e evolucionista são duas posições
filosóficas e não científicas, que têm a ver com pressupostos a respeito do
Universo no qual estamos inseridos” (apud Borges, 2004, p. 20).
Por outro lado, Asimov (1981, p. 183) afirma que o evolucionismo pode
ser considerado uma teoria científica ao passo que o criacionismo, não. Para
ele, uma teoria “é uma descrição detalhada de alguma faceta do funcionamento
do Universo que é baseada em longa observação e experimentação e que tem
sobrevivido ao estudo crítico dos cientistas em geral.” Segundo ele, a teoria celular,
da gravitação, a teoria quântica e a da relatividade são bem fundamentadas e
“aceitas como descrições válidas deste ou daquele aspecto do universo. Elas não
são palpite nem especulações. E nenhuma é melhor fundamentada, examinada
mais de perto, mais questionada criticamente e mais largamente aceita do que
a teoria da evolução” .
Nessa perspectiva, os argumentos e descobertas em relação à teoria
evolucionista têm base científica e são verdadeiras, pois partem da lógica humana
e do estudo científico dessa realidade, ao mesmo tempo em que se contrapõe
aos argumentos do criacionismo, ao dizer que este não é uma teoria. Para
Asimov (1981, p. 183), não existe “nenhum indício, cientificamente falando, que
o apoie. O criacionismo, ou pelo menos a variedade particular aceita por muitos
americanos, é uma expressão de uma lenda dos primórdios do Oriente Médio.
Ela é descrita, com justiça, como ‘apenas um mito’.”
De acordo com Engler (2007, p. 83, 84), de modo geral, “o conceito vigente
de ‘criacionismo’ [...] é a crença cristã segundo a qual Deus criou o mundo e
todos os seres vivos conforme ê descrito no livro bíblico do Gênesis".
No entanto, não existe apenas uma descrição de criacionismo. Não é apenas
acreditar que Deus é o criador do mundo que faz de alguém um criacionista,
no sentido estrito da palavra. Existe uma variedade de teorias para defender o
criacionismo e nem todas elas aceitam a interpretação da Bíblia como sendo
literal, no que diz respeito à criação do mundo e da vida. A seguir, encontram-se
alguns quadros que demonstram os principais tipos de criacionismo e o que cada
um deles defende e ensina. Essas descrições baseiam-se em alguns autores, a
Modelo é uma coisa mentalmente estruturada para tentar reproduzir da maneira mais
aproximada possível a ‘realidade1, o que, para a filosofia é inatingível, visto que nem tudo é
mensurável. (VIEIRA, 2004, p. 20)
4. ICaiHlulo2 1 - Mayara Santas e Wellington Rodrigues
saber, Freire-Maia (1986), Moreland e Reynolds (2006) entre outros.
Quadro 1 - Tipos de Criacionismo Segundo Freire-Maia (1986)
TIPOS DE
CRIACIONISMO DESCRIÇÃO CONCEITUAL
Criacionismo-fixista
Deus criou todos os seres vivos (incluindo 0 homem,
os animais domésticos, as plantas cultivadas, as raças
geográficas, as variedades, etc.) e, desde 0 início, não
nouve mudanças evolutivas, (p. 20).
Criacionismo-semifixista
Deus criou 0 homem e todas as espécies de animais e
vegetais ditas selvagens, que se mantiveram fixos até
hoje; os animais domésticos e as plantas cultivadas,
com todas as suas variedades, surgiram, pelo trabalho
do homem, a partir de ancestrais selvagens; as raças
geográficas (mesmo as humanas) desenvolveram-se por
evolução (intra-específica). (p. 20). Certa posição dos
criacionistas-semifixistas vem senao chamada ae “cria-cionismo
científico” , (p. 23)
Criacionismo-evolucionista
Deus criou a matéria com propriedades evolutivas e, as-sim,
a evolução ocorre pela ação de fatores naturais,
em consequencia daquelas potencialidades. Deus está
presente na origem e no destino de tudo. Antes do acaso
e da necessidade, frutos das contingências naturais, en-contra-
se a onipresença divina. Essa posição está, como
bem se vê, intimamente ligada a uma visao religiosa de
mundo. (p. 21-2 2 ).
5. 0 E n s in c d u C k ia c i o n iü m u n a s A u i í S 3 : C iê n c ia s : a p e r s p e c t iv a d g s h r o e e ^ i m s d e c iê n c ia s d a r e d e a d v e n t i s u d f f n s in ii
Quadro 2 - Tipos de Criacionismo Segundo Moreland e Reynolds et al
( 2006)
TIPOS DE
CRIACIONISMO DESCRIÇÃO CONCEITUAL
Criacionismo
recente
Essa teoria, também conhecida como ‘teoria da terra jo-vem’
acredita que as coisas existentes no Universo foram
criadas pela ação direta de Deus, durante a semana
descrita em Gênesis. Acredita também, que ao sair das
mãos de seu Criador, a Terra era perfeita e, com a en-trada
do pecado, sofreu uma arande degradação de seu
estado original. Esse mal resultou numa atitude, da parte
de Deus, ae destruição da Terra por um Dilúvio, sobre-vivendo
apenas, uma família para então, povoar nova-mente
a Terra.
Criacionismo
progressivo
Esta teoria defende que Deus criou a Terra em uma
progressão - uma quantidade de passos, ao longo de
um período estendido de tempo, no qual estabeleceu e
aperfeiçoou cada estágio do ambiente antes de adicio-nar
um estágio mais desenvolvido. Dentro desse tipo de
criacionismo se encontram algumas variantes com ideias
diferentes entre si:
• teoria do intervalo: o Universo foi criado por Deus
num determinado momento e, após algum tempo, a
Terra foi destruída por Satanás ("era porém sem rorma
e vazia.” Gên. 1:2). Há alguns milhares de anos, Deus
iniciou novamente sua criação em seis dias literais,
conforme mostra os primeiros capítulos de Gênesis.
Essa teoria acredita que o relato de Gênesis refere-se,
não à criação do mundo, mas à restauração do
planeta Terra feita por Deus. (p. 120).
• hipótese do dia-era os dias da criação não foram
literais, mas correspondem a longos períodos de anos
- eras - nos quais, Deus criou o mundo. Muitos são
adeptos desse pensamento, tentando conciliar o relato
bíblico aos ensinamentos geológicos.
• hipótese do dia interminente’. cada dia da criação
relatado na Bíblia, corresponde a 1 dia de 24 horas
que marca o início de uma era criativa, na qual, foram
criados os atributos do Universo - atmosfera, solo,
luz, oxigênio, vegetação, etc. 0 sétimo dia ainda não
chegou e consiste no descanso a ser dado por Deus
para a humanidade, a fim de se deleitarem nos novos
céus e na nova terra.
Comparando essas teorias, diferentes entre si, é possível separá-las em
apenas dois grupos: os que têm a interpretação bíblica de Gênesis como literal
e os que não a têm. Apesar de se diferenciarem em relação aos pressupostos
e explicações para a origem do mundo e da vida, as teorias do criacionismo
semifixista, evolucionista e progressivo, apontam para a realidade de um mundo
6. I C a p im i a 2 1 - Mayara Santos e Weilington Radriguss
criado por um ser superior. No entanto, não acreditam que a leitura de Gênesis
deve ser interpretada literalmente, buscando fazer uma conciliação entre o que a
ciência ensina e o que a Bíblia ensina.
Por outro lado, o criacionismo fixista e o recente acreditam que Deus é
o criador do mundo e da vida e que esta criação aconteceu exatamente como
é narrado no primeiro livro da Bíblia, Gênesis. Mesmo com algumas variâncias,
todas possuem a mesma crença nas Escrituras Sagradas como dignas de
plena confiança por se tratar da palavra de Deus (literalismo bíblico). Este é
um aspecto relevante quando se trata do estudo do criacionismo, pois mesmo
entre os cristãos existem muitas visões diferentes acerca da origem da vida e
do Universo e da interpretação do relato bíblico sobre essa questão. Portanto, é
extremamente interessante apresentar como se caracteriza o tipo de criacionismo
conforme entendido pela igreja adventista do sétimo dia.
O C r ia c io n is mo D e f e n d id o p e l a Ig r e j a A d v e n t is t a
d o S é t imo D ia
Esse estudo teve como sujeitos um grupo específico de pessoas:
professores que fazem parte de uma rede confessional de ensino. Esta rede -
adventista - possui uma filosofia e uma crença a respeito desse assunto e faz-se
necessário situar em que tipo de criacionismo está pautada essa filosofia.
Ellen G. White (2007), autora adventista, se posiciona da seguinte
maneira:
[...] a Bíblia não admite longas eras em que a Terra vagarosamente
evoiuiu do caos. De cada dia consecutivo da criação, declara o
registro sagrado que constituiu de tarde e manhã, como todos os
outros dias que se seguiram. No final de cada dia dá-se o resultado
da obra do Criador. Faz-se esta declaração no fim do relato da
primeira semana: ‘ estas são as origens do céu e da Terra quando
foram criados (Gn. 2:4). Mas isto não confere a ideia de que os dias
da criação eram diversos de dias literais. Cada dia foi chamado uma
origem ou geração, porque nele Deus gerou ou produziu alguma
nova porção de Sua obra. (WHITE, 2007, p. 70.. 71).
Esta é uma das várias declarações encontradas nos escritos de Ellen G.
White em relação a este assunto, deixando claro, portanto, que a posição da
Igreja Adventista sobre isso é a de que a criação da Terra aconteceu em 6 dias
de 24 horas, assim como se tem hoje. Essa é uma interpretação literal do texto
de Gênesis e, segundo essa perspectiva, os dias do Gênesis não podem ser
interpretados de outra maneira.
7. D E n s in o m C r ia c i d n i s m d m A d i a s g e C iê n c ia s : a p e r s p e c t i v a d d s P R P f t S s iM S d e c iê n c ia s d a b e d e a d v e n t - s t a o e e n s in q
Confirmando isso, o documento oficial das crenças fundamentais da Igreja
Adventista, intitulado Nisto Cremos (2008), declara o seguinte:
Os dias mencionados no relato bíblico da criação representam
períodos literais de 24 horas. Típica da forma como o povo do Deus
do Antigo Testamento media o tempo, a expressão tarde e manhã
(Gn. 1:5, 8, 13, 19, 23, 31) especifica dias individuais, com o dia
iniciando no pôr-do-sol (Lv. 23: 32: Dt. 16: 6) Não existe qualquer
justificativa para se dizer que a expressão representa um dia literal
em Levítico, por exemplo: e um periodo de milhões de anos em
Gênesis. [...] A palavra hebraica traduzida por dia em Gênesis 1
é yom. Quando yom se faz acompanhar de um número definido,
sempre significa um dia literal de 24 horas [...]. Aqueles que vêm
nos dias da criação períodos de milhões ou até mesmo de bilhões
de anos estão questionando a validade da Palavra de Deus, da
mesma forma como Eva foi levada a fazê-lo, tentada pela serpente,
(p. 89, 90).
Portanto, os Adventistas do Sétimo Dia acreditam e defendem que a
criação do mundo aconteceu em 6 dias de 24 horas cada um. No entanto,
estabelecem uma distinção entre a criação do universo (universo antigo) e a
criação da terra.
Ev o l u c io n is mo X C r ia c io n is mo : a H is t ó r ia d a C o n t r o v é r s ia
Existem aqueles que defendem que nas aulas de Ciências só há espaço
para o evolucionismo e que criacionismo é assunto para Religião. Há outros que
se opõem a este pensamento, ao defender que ambas as teorias, ou filosofias,
devem ser estudadas nas aulas de Ciências, colocando-as, assim, num mesmo
patamar. Vejamos, então, como se deu essa polêmica ao longo da história.
Desde 1859, quando Charles Darwin publicou seu livro Sobre a Origem
das Espécies por Meio da Seleção Natural, iniciou-se essa polêmica sobre o
ensino das origens do homem e da Terra. Até então, as pessoas tinham uma
visão religiosa das coisas e não havia oposições fundamentadas a respeito desse
assunto (COUTINHO, 2003).
Brum (2004) relata que, em oposição a essa teoria, surge, ao longo
do século XX% na Europa, o Criacionismo, estabelecendo-se, porém, com
maior força, nos EUA. A religião católica e várias igrejas protestantes
defendem que o relato de Gênesis é apenas simbólico e assim deve ser
J Período da massificação da escola pública a qual, ensinava a teoria da Evolução. Em
1890, cerca de apenas 200 mil crianças frequentavam a escola pública nos EUA, passando para
aproximadamente 2 milhões em 1920. Isso causou certa preocupação ao grupo de criacionistas, visto
que 0 ensino nas escolas se limitava apenas ao evolucionismo. (BRUM. 2004)
8. ICapftulo2 1 - Mayara Santas e Wellington Rodrigues
compreendido, porém, alguns fundamentalistasj insistem que a teoria da
evolução é incompatível com o relato bíblico. Sendo assim, surge essa polêmica
que tem como um dos principais cenários de discussões, a sala de aula.
Nos EUA, na década de 20, quatro estados - Oklahoma, Tennessee,
Mississipi e Arkansas - excluíram o ensino de evolucionismo do currículo das
escolas públicas. É nesse contexto que, em 1925, um professor de Tennessee,
John Thomas Scopes, foi julgado por ensinar a teoria da evolução em uma escola
pública. O julgamento, que teve repercussão em toda a América, e posteriormente
no mundo, através de filmes, durou 11 dias e o professor foi condenado a uma
multa de 100 dólares. (BRUM, 2004).
Em 1968, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou que todas as
“leis dos macacos” dos vários Estados eram inconstitucionais, argumentando
que as mesmas serviam para estabelecer uma religião apoiada pelo Estado e
desrespeitavam a separação entre a igreja e o Estado. (Supremo Tribunal dos
Estados Unidos, Epperson v. Arkansas, 1968).
Em 1973, o Estado do Tennessee aprovou uma substituição para a Lei
de Butler. A nova lei, que ficou conhecida como Lei do Tratamento Equilibrado,
declarava que: "Qualquer manual de biologia usado para o ensino nas escolas
públicas, que expresse uma opinião ou trate de uma teoria sobre as origens
ou a criação do homem e do seu mundo, dará igual quantidade de ênfase ao
[...] relato do Gênesis da Bíblia." (Public Acts of Tennessee [Leis Públicas do
Tennessee], 1973, Capítulo 377, citado em LaFollettw, 1983, p. 80).
Seguindo essa tendência, em 1981, - O Estado do Arkansas aprovou uma
lei, a Lei 590, ordenando que fosse dada à “ciência da criação” nas escolas
públicas o mesmo tempo que era dado à evolução.
Essas leis têm seu fim em 1987, quando o Supremo Tribunal concluiu
que o propósito da “ciência da criação” era “reestruturar o currículo da ciência
para conformá-lo com uma opinião religiosa particular,” (Supremo Tribunal dos
Estados Unidos, Edwards v. Aguilard, 1 987). E assim, todas as leis de “Tratamento
Equilibrado” existentes foram revogadas.
Utilizamos neste trabalho essa expressão para se referir às igrejas protestantes que
interpretam o que está escrito na Bíblia ao pé da letra, sem aceitar que sejam símbolos ou
metáforas.
9. 0 E n s in o o o C r i a c m s m o n a s A u l a s d e C iê n c ia s : a p e r s p e c t iv a d o s p r o f e s s o r e s d e c iê n c i a s d a r e d e a d v e n t is t a o e e n s in d
A C o n t r o v é r s ia n a s S a l a s d e A u l a d o B r a s i l
Coutinho (2003) descreve que o criacionismo nunca foi muito popular no
Brasil, devido ao grande índice de católicos existentes (70%), visto que esta
igreja não se opõe e nem opina sobre os conteúdos das disciplinas científicas. No
entanto, dados do IBOPE de 2004 apontam uma realidade um pouco diferente.
Foi constatado que 54% da população acredita na evolução, porém, sob o
planejamento e direção de Deus. Sobre o ensino do criacionismo nas escolas,
75% dos depoentes de maior renda concordam que este deve acontecer, assim
como, 89% dos de menor renda.
Em maio de 2004, a então governadora do Rio de Janeiro, Rosinha
Matheus, declarou ao Jornal O Globo ser adepta do criacionismo. Duas semanas
depois, 31 professores de religião da região no Norte Fluminense decidiram incluir
“a teoria criacionista” no currículo escolar. Eles fazem parte do grupo de 793
professores concursados e pagos pelo governo do Estado a fim de ministrarem
aulas de religião confessional no Ensino Fundamental das escolas da rede
pública de ensino, de acordo com a lei sancionada em 2002 pelo governo de
Anthony Garotinho. Lei esta, que previa a oferta de ensino religioso confessional
nas escolas públicas. (FRANÇA; MARTINS, 2004).
Isto teve grande repercussão no meio científico, pois, até então, o ensino
público no Brasil não valorizava ou aceitava o criacionismo por entender que se
trata de religião e não de ciência. Em entrevista à Revista Época (29/12/2004),
o astrofísico Marcelo Gleiser declarou “É um defeito do sistema educacional
[...] Aqui, nos Estados Unidos, e aí, no Brasil, os professores não ensinam as
crianças direito e quando elas crescem começam a acreditar nessas coisas. Está
na hora de a comunidade científica acordar, porque estamos perdendo essa
guerra."
De acordo com Romanini (2009) as escolas brasileiras confessionais
sempre ensinaram o criacionismo. Nos momentos de culto e nas aulas de religião
era abordado esse assunto. Com o tempo, o tema da criação foi ganhando
espaço, inclusive nas aulas de biologia e ciências. Entre essas escolas, destaca-se
a rede adventista de ensino que conta com um grande número de escolas de
Educação Básica e Ensino Superior. Estas escolas defendem o criacionismo e o
têm como conteúdo científico.
10. ,&DS¯WXOR - Mayara Santos e Wellingtan Radriques
Há cinco anos, funciona no Centro Universitário Adventista de São Paulo
(UNASP), o Núcleo de Estudo das Origens (NEO) que visa orientar seus cerca
de 4 mil alunos a respeito do criacionismo. Além disso, dentro do currículo dos
cursos de graduação, há um curso chamado Ciência das Origens que, ministrado
por seis acadêmicos de várias áreas, usa as “teorias científicas para provar e
fortalecer o criacionismo, como diz Euler Pereira Bahia, reitor da universidade.
(FRANÇA; MARTINS, 2004).
Os mesmos autores afirmam que as pesquisas revelam que, mesmo
valorizando e ensinando o criacionismo nas aulas de ciências, as escolas
adventistas estão entre as melhores do país.
O S u r g ime n t o d o C r ia c io n is mo n o P e n s a me n t o A d v e n t is t a e a s
Imp l ic a ç õ e s n a E d u c a ç ã o A d v e n t is t a
Conforme elucidado anteriormente, a crença da igreja adventista no
criacionismo é bem clara e específica. Suas crenças em relação a esse assunto
são atestadas nos escritos de Ellen White e na declaração das teses fundamentais
defendidas pela igreja. No entanto, é necessário um esclarecimento sobre o
criacionismo enquanto teoria e ciência, no pensamento adventista a partir do
século XX.
Os estudos e discussões sobre o criacionismo no meio adventista iniciaram
com George McCready Price, um adventista do sétimo dia que, após anos de
estudo e investigação profundos, escreveu um livro intitulado The New Geology
[A Nova Geologia], no qual defende que as características geológicas que são
vistas hoje em dia resultaram do Dilúvio bíblico, e não dos processos geológicos
apresentados pelos cientistas. Aponta também, que os fósseis são apenas os
corpos mortos de todos os que não entraram na Arca de Noé, ou seja, animais
e seres humanos existentes na época. (BRUM, 2004).
Price nasceu no Canadá em 1870 e, ainda na infância se tornou membro
da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Concluiu o Ensino Médio aos 15 anos e
casou-se aos 17. Era muito dedicado aos estudos e, com muito esforço,
conseguiu concluí-los e se tornar professor de ensino médio. O trabalho o levou
a morar numa vila de fazendeiros, na qual, conheceu Alfred Corbert Smith que,
por sua vez, ao perceber o posicionamento criacionista de Price, ofereceu alguns
volumes de sua própria biblioteca, com os quais se iniciou uma longa carreira de
pesquisas (DELEPRANI, 2007).
11. □ Ensino DD C r ia c i d n is m d ím s A u l a s j ; C iê n l i a s : a p l i-ís p e c t iv a d o s p r e if e s s d r ís d e c iê n c i a s d a r f d í a p i í f i t i s t í n r f n s in d
Por ser adventista, Price tinha conhecimento da posição da igreja em
relação às origens. Esse posicionamento, como já foi visto anteriormente,
encontra-se embasado na Bíblia e nos escritos de Ellen White. E, apesar de ter
lido sobre outras teorias que defendiam as longas eras de criação, de acordo
com Heeren (2008), Price manteve-se firme em suas crenças iniciais e influenciou
criacionistas em outras denominações, como se pode ver na fala abaixo:
@ H[DP LQDUHP RV FRP R RV WHP DV P DLV LP SRUWDQWHV GR DWXDO 0 RYLP HQWR GD 7HUUD
-RYHP SULQFLSDOP HQWH D JHRORJLD GR GLOXYLR
13. Com seus estudos, Price contribuiu para fortalecera crença no relato bíblico
de que a Terra é jovem, contrapondo-se, assim, à ideia de que o planeta existe
a bilhões de anos. Seus argumentos baseiam-se em descobertas geológicas que
apontam para rochas ’supostamente’ antigas contendo fósseis que só poderiam
ser encontrados em rochas recentes. Defende, também, que as rochas, fósseis e
minerais encontrados nas costas marítimas e leitos de diversos rios indicam uma
idade semelhante entre as rochas, negando assim, a possibilidade de longas
eras diferentes de umas e outras.
Price foi o antepassado intelectual dos cientistas criacionistas adventistas,
os quais tem no Geoscience Research Institute (www.grisda.org) o principal
órgão de produção e divulgação de pesquisa científica baseadas no paradigma
criacionista.
M e t o d o l o g ia
O estudo adotou uma abordagem qualitativa. A amostragem foi escolhida
a partir de alguns critérios: ser professor da rede adventista de ensino; lecionar
a disciplina de ciências; ser adventista. A pesquisa foi desenvolvida nas escolas
da rede adventista de ensino que estão localizadas nas cidades de Salvador
e Cachoeira, BA. Do grupo de docentes dessa rede, foram selecionados os
professores de Ciências que têm formação em Ciências e são membros da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os dados coletados foram analisados através
de reflexões críticas sobre o assunto estudado. O quadro abaixo apresenta o
perfil dos depoentes:
I 57 |
14. ICagitulB 2 1 - Mayara Sgntps E Wellmgtnn Rodrigues
Quadro 3 - Perfil Geral dos Entrevistados
Professor Gênero Idade Formação
Série/
Ano que
Leciona
Tempo de
Trabalho na
Rede Adventista
Tempo de
Adventista
E1 M 27 Graduação em
Biologia EM 7 anos 18 anos
E2 F 19 Graduação em
Enfermagem 5o ao 9o . . . . 9 anos
E3 F 32 Graduação em
Biologia 6o ao 9° 1 ano Desde o
nascimento
E4 M -
Graduação em
Biomedicina
6o ao 9o
e 1° ano
do EM
2 anos e meio Desde o
nascimento
E5 F 24 Graduação em
Matemática 6o ao 9o 1 ano 16 anos
E6 M 34
Graduação
em Biologia;
Especialização
em Nutrição
Humana e
Saúde
EM 5 anos 17 anos
E7 F 26
Graduação
em Biofogia;
Especialização
em Educaçao
e Gestão Am-bientai
5o ao 7°
ano lano 10 anos
Fonte: Pesquisa de campo
Como se pode observar, a amostra foi heterogênea no que se refere ao
gênero, havendo uma mistura de homens (3) e mulheres (4), o que, para os
pesquisadores, não alterou/influenciou nos resultados. A idade do grupo varia
entre 19 e 34 anos o que, inicialmente, também não interfere nos resultados
obtidos. Apesar de a área de formação não ter sido um critério de inclusão/
exclusão, há uma predominância de professores com graduação na área de
ciências naturais (4/2), o que, certamente interfere nos achados da investigação,
visto que esta área proporciona um maior conhecimento das teorias das origens.
Torna-se relevante destacar a série/ano de atuação desses professores. Todos
estão a partir do 5o ano do ensino fundamental e 3 deles, lecionam no Ensino
Médio (EM). Este aspecto é relevante pelo fato de que, em algumas escolas
em que se ensina o criacionismo, este é um assunto apenas para a Educação
Infantil e as séries iniciais do Ensino Fundamental. O tempo de atuação na
i 58 |
15. 0 E n s :n q c g C M C im i S i f f l n a s A u l a s d e C iê n c ia s : a p e r s p e o i v a d o s p r o e e s s u ije s d e c ê c i A S q ü r e c e a d o t i s k h e e n s in e ;
rede adventista altera entre 1 e 7 anos, o que pode intervir nos resultados,
já que o fator tempo pode proporcionar uma maior compreensão e aceitação
da filosofia da educação adventista. E finalmente, o tempo de adventista dos
professores (desde o nascimento para alguns) também pode ter influenciado nos
resultados, pois a concepção que eles têm de Deus, do criacionismo e da igreja
é diretamente afetada por este tempo.
A técnica utilizada para a coleta de dados foi a entrevista, as quais foram
gravadas e, em seguida, transcritas para uma análise mais exata dos dados.
As respostas foram classificadas em categorias e subcategorias, a depender
do assunto de que tratava e em seguida, os dados foram explorados à luz da
teoria.
R e s u l t a d o s e D is c u s s ã o
C o n c e i t u a n d o C r ia c io n i s mo
Ao serem questionados sobre o conceito de criacionismo, os professores
apresentaram diversas opiniões. Desde um simples “modelo explicativo” até um
sentido para a existência” , os conceitos se diferenciam, no entanto é perceptível
que a maioria dos entrevistados associa esse conceito à sua crença pessoal em
Deus. Isto pode ser confirmado a partir de algumas declarações:
“Então foi um ser, nosso Deus que criou tudo da maneira perfeita. ”
[ E2].
“Deus criou todas as coisas. ” [E7].
“[...] um ser supremo, criador, onipotente, onipresente e onisciente que
rege todos os fenômenos que acontecem no planeta Terra.” [E1].
Os comentários acima demonstram que o conceito de criacionismo
defendido pelos professores em questão está baseado em sua crença pessoal
em Deus, o que nos leva a questionar até que ponto a ciência e evidências
científicas estão relacionadas ao conceito de criacionismo desses professores.
Entendemos que não se trata apenas de acreditar ou não que Deus é
o criador do mundo. Os conflitos envolvendo o criacionismo não se limitam a
discutir quem criou, mas como criou. Este é o cerne da questão, pois como já foi
visto, há várias vertentes do criacionismo. Não é suficiente apresentar a crença
59
17. ( Q V LQ G G R U L D F L X Q L V P Q D V $ X O D V G H L¬ Q F L D V D S H U V S H F W LY D G R V S H G I H V V F N H V G H F L¬ Q F LD V G D U H G H D G Y H Q W LV W D G H H Q V LQ O
Pode-se entender, com base nesses comentários, porque muitos
consideram desnecessário descartar a crença em Deus para acreditar ou aceitar
as ideias evolucionistas. E, concordando com isso encontra-se também o famoso
geneticista brasileiro Newton Freire-Maia (1986) ao declarar que “o evolucionismo
não é contrário ao criacionismo, mas sim, ao fixismo' (p. 19). Para ele, é muito
possível crer em Deus e, ao mesmo tempo, conceber a ideia de evolução, desde
que não se tenha uma interpretação literal da Bíblia.
Contrapondo-se a essas declarações, Roth (2010) afirma que 0 mundo
apresenta evidências de que Deus criou todas as coisas em 6 dias literais. São
muitas, segundo ele, as incoerências em relação ao tempo da Terra defendido
pela ciência - aproximadamente 5 bilhões de anos. Ao considerar a complexidade
de uma simples molécula de proteína - necessária à formação do DNA - e 0
tempo necessário para se originar tal complexidade, Roth (2 0 10) conclui que:
As supostas longuíssimas eras da Terra e do Universo são curtas
demais para acomodar os improváveis eventos imaginados pela
evolução. Cálculos indicam que os cinco bilhões de anos da Terra
são bilhões de vezes curtos demais para a média de tempo exigido
para produzir uma única molécula específica de proteína por acaso.
Deus parece necessário. [...] Quando se acredita na criação, temos
então um Deus onipotente, não limitado pelo tempo, que não
necessita de muito tempo para criar. (p. 169 e 249).
Percebe-se, então que, a questão da idade da Terra e o tempo em que ela
foi criada é um dos aspectos que mais suscita discussões, mesmo no meio dos
que acreditam que Deus é 0 criador de todas as coisas. Esse é um dos fatores
que faz com que muitos cientistas critiquem o criacionismo visto que há tantas
contradições e divisões dentro do mesmo grupo.
Apesar de a maioria dos entrevistados não se ater em explicar como as
coisas foram criadas, um dos professores menciona algo sobre isso:
e aí a gente parte para aquela parte como Ele criou e a gente
começa a explicar como foi que Deus começou a criar as coisas, criou
tudo pela paiavra. “ (E3].
O comentário supracitado demonstra que tal professor acredita na maneira
que a Bíblia relata ter acontecido a criação do mundo, ou seja, através da palavra
de Deus. No entanto, conforme discutido anteriormente, essa resposta não
abrange todos os pormenores envolvidos nesse como.
4 Ver definição de fixismo no quadro de conceitos, p. 6.
I 61 I
18. ,DS¯IXOR - Mayara Santas e Wellinqton Rodrigues
Sendo assim, a partir dessa análise, fica clara a crença pessoal desse
grupo de professores em um Deus que criou todas as coisas, apesar de não se
deterem em explicar como foram criadas. Nota-se que a preocupação maior dos
professores em questão está em defender que Deus existe, que é um Deus de
amor que criou o mundo e tudo o que nele há, que cuida dos seres criados e
mantém o mundo com Seu poder.
C r ia c io n i s m o : C iê n c ia o u R e l ig iã o ?
Algumas questões importantes foram levantadas a respeito do criacionismo
enquanto conhecimento cientifico e, por isso, faz-se necessária uma análise das
opiniões dos professores a respeito desse assunto. A maioria dos professores
considera o criacionismo como ciência. Isso é relevante, pois implica, dentre
outros aspectos, em qual disciplina se deve estudar o criacionismo, se em
ciências ou se em religião. Para tanto, faz-se necessário discutir o que vem a
ser ciência.
Falando sobre esse assunto, Thomas ( 1984) afirma que a ciência que não
admite o criacionismo não se trata de ciência exata, mas de Cientismo, pois,
segundo ele, a ciência reconhece que existem áreas da vida que ela não pode
explicar, por se tratarem de coisas que estão em outros campos do conhecimento,
ao passo que o Cientismo defende que a ciência explica todas as coisas e que
aquelas que não consegue explicar não podem ser consideradas reais. Assim, o
autor explica que, sob este ponto de vista, a ciência/cientismo não pode aceitar
o criacionismo como científico.
O domínio da ciência está limitado ao mundo físico da natureza,
sendo pois tão inexperiente como qualquer outra disciplina quando
se trata de realidades ou valores espirituais tais como a moral e
outras coisas semelhantes. [...] Quando qualquer cientista rejeita a
criação divina ou a providência de Deus nos assuntos humanos,
simplesmente por não serem científicas, estará então formulando 'a
priori um julgamento filosófico, especulativo e não cientifico. Estará
então empregando o Cientismo, já que a ciência não provou nem
pode provar que não existe uma providência em ação. (THOMAS,
1984, p. 120).
Para Thomas ( 1984), é preciso que se dê à ciência o lugar que corresponde
a ela, ao mesmo tempo em que deve se dar à fé o seu devido lugar também, pois
são vertentes diferentes do conhecimento humano e ambas, têm suas verdades,
limitações e vantagens.
i ^ ii
19. 0 E n s in o ü d C m c iO M S H Q m A u l a s d e D è n u i a s : h p e r s p e c t i v a u u s p r o f e s s o r e s n t c i f N c u s n : k l j e a u v e m i s t a d e e n s in o
Ao serem questionados sobre o que é ciência, os professores deram
algumas respostas que merecem um destaque. Os entrevistados mencionados
abaixo apresentaram um conceito semelhante ao que Thomas (1984) denomina
de Cientismo:
“a ciência como já diz é um estudo geral. A ciência estuda tudo. Ela
quer comprovar o que existe [...]” (E4, grifo nosso).
“é um estudo geral, um estudo sobre tudo que existe e sempre
trazendo questionamento do como surgiu, porque e como esses
mecanismos funcionam do micro para o macro e tudo em gerai'. (E 5,
grifo nosso).
Como se pode observar, essa ideia de que a ciência busca explicar todos
os fenômenos que existem é um tanto perigosa, pois acaba considerando tudo
aquilo que a ciência não o pode explicar como sendo irreal. Porém, esta é uma
definição muito comum, visto que se acredita que o conhecimento científico é
absoluto e comprovado.
Um dos entrevistados menciona o método científico ao falar sobre a ciência,
o que é muito relevante, pois de acordo com Thomas (1984), esse método
possibilita uma melhor compreensão da ciência como sendo exata. A ciência
se utiliza desse método a fim de comprovar seus experimentos e encontrar as
respostas para os questionamentos que surgem sobre os aspectos naturais da
vida.
Para mim, ciência seria a utilização do método cientifico para fazer
alguma descoberta ou para estudar a natureza ou conhecer a
natureza. (E1).
Ao analisar sob este prisma, pode-se ter a ciência como exata e verdadeira,
visto que o método científico deve se basear em experimentos e comprovações.
E é exatamente baseado nessa concepção que Borges (2004) defende que
nem o criacionismo nem o evolucionismo podem ser considerados como teorias
científicas, pois segundo ele, nenhuma das duas é completamente experimentada
e comprovada em laboratório.
E é nesse contexto que surge uma das grandes polêmicas no campo
da ciência e da religião. Pois sendo que o criacionismo não é considerado um
conhecimento científico, como pode ele ser ensinado nas aulas de ciências?
20. ICapÉUilo2 1 - Mayara Santas e WEllinqton Rodrigues
E quanto ao status científico do evolucionismo? Defensores do criacionismo
afirmam que, se o criacionismo não pode ser ensinado nas aulas de ciências, a
evolução também não o poderia.
Os professores entrevistados nessa pesquisa afirmaram que concordam
que a criação pode ser considerada conhecimento científico. Sendo assim, é
correto ensinar criacionismo nas aulas de ciências? Este é um aspecto central da
polêmica entre ciência e reügião nas salas de aula de ciências. Veremos, então,
o que os professores opinam sobre isso:
“todas as disciplinas podem falar, revelar sobre o criacionismo e não
somente a disciplina de religião, em especial as disciplinas de biologia
e ciências têm características bem peculiares para ensinar para os
alunos o criacionismo[Ei].
‘‘deve ser ensinado sim nas aulas de ciências [...] acho que toda aula
de ciências dá para usar o criacionismo” [E3j.
“com certeza deve [ensinar] sim e inclusive a incentivar os alunos a
pesquisarem isso também.” [E4].
“é uma ciência e, como toda ciência, deve ser estudada, sim, na aula
de ciências”[E5].
“é possível. [...] Pode ser ensinado.” [Ee],
Praticamente todos os professores defendem que o criacionismo deve ser
ensinado nas aulas de Ciências, visto que, para eles, o criacionismo pode ser
considerado um conhecimento científico. Isso pode ser explicado pelo fato de
que todos eles acreditam que o criacionismo é uma verdade digna de confiança.
Baseado em Forquin (1993; 2000) Dorvíllé afirma que
[...] o professor enfrenta no seu dia-a-dia, explicitamente ou não,
a questão da justificativa do que ensina. Ensinar e aprender são
atividades que envolvem custos e esforços de todos os tipos e desta
maneira sempre se faz necessário fazer escolhas, priorizando-se
determinados conteúdos e não outros. [...] ninguém pode ensinar
verdadeiramente se não ensina alguma coisa que seja verdadeira ou
válida a seus próprios olhos. Esta noção de valor intrínseco da coisa
ensinada, tão difícil de defimr e de justificar quanto de refutar ou
rejeitar, está no próprio centro daquilo que constitui a especificidade
da intenção docente como projeto de comunicação formadora. É por
isso que todo questionamento ou toda critica envolvendo a verdadeira
natureza dos conteúdos ensinados, sua pertinência, sua consistência.
I 64 |
21. D E n s in ü d d C r ia c i o m is m o n a s A u l a s d e C i ê n c ia s : a p e r s p e c t iv a d o s p r o f e s s d r e s o e c iê n c i a s c a r e d e a e m m i s i a d l e n s in o
sua utilidade, seu interesse, seu valor educativo ou cultural, constitui
para os professores um motivo privilegiado de inquieta reação ou de
dolorosa consciência {DORV1LLÉ, 2010, p. 110).
Isso acontece porque, como já foi visto anteriormente, cada professor,
ao ministrar suas aulas deixa evidenciar a sua crença pessoal. No caso de
professores criacionistas é quase impossível falar sobre a origem da vida e
não mencionar a existência de Deus, pois essa crença faz parte de sua própria
cosmovisão e filosofia de vida.
Por isso, Lourenço (2009 apud DORVILLÉ, 2010) declara que a maior
dificuldade em aceitar o ensino de criacionismo nas aulas de ciências se dá pelo
fato de que há uma tendência em falar em Deus e, para ele, as aulas de ciências
deveriam se limitar em estudar as evidências da criação sem, necessariamente,
apontar para o Criador. Quando se remete ao Criador, deixa de ser considerado
como ciências e passa a ser religião. Nas aulas de ciências deve-se estudar o
criacionismo científico, ou seja, seus aspectos que podem ser considerados fatos
científicos e não os aspectos que envolvem o ser Divino que criou as coisas.
A parte religiosa não é testável. (...) O criacionismo trabalha
especificamente nesta questão: ‘É possível provar cientificamente
que o mundo foi criado? Sim! 'É possível provar cientificamente
quem criou o mundo? Não! [...] Realmente, eu não posso numa aula
de biologia - que è uma aula de ciência - ensinar que Deus criou
o mundo. Na aula de biologia, eu tenho que ensinar como a vida
teria surgido e como ela teria se desenvolvido. Agora, é possível
mostrar que a vida foi criada pronta, completa, complexa, com uma
capacidade de adaptação básica? Claro que sim. Temos evidência
para isso? Claro que sim. Esse é o ponto principal: nós estamos
puxando novamente nesta direção. Queremos ensinar o criacionismo
científico e não o religioso. (LOURENÇO, 2009, apud DORVILLÉ,
2010, P- 124).
Há ainda os que defendem que o criacionismo é tanto ciência como
religião, conforme demonstram os comentários a seguir:
“eu acho que é as duas coisas. [...] Ciência e religião. Eu acho que é
os dois sim.” [E 7].
“ele pode ser considerado cientifico-religioso. Religioso no sentido que
a filosofia aí vai precisar de você crer em algo que não se consegue
medir, contere tudo mais, ele tem essa vertente diferenciada.” [E 6].
Dentre os teóricos e materiais estudados para fundamentar esta pesquisa,
não foi encontrado nenhum que concorde com tal posicionamento. Há quem
apoie a ideia de que o criacionismo é ciência e outros que o defendem como
22. I C a p í i i l o 2 1 - Mayara Santps b W^llington Radriques M
religião. No entanto, considerando a ideia de Lourenço (2009), ao mencionar os
dois objetos aos quais o criacionismo pode se direcionar (evidências da natureza
e Criador), conclui-se que ele pode assumir esses dois posicionamentos a
depender do que se está estudando ou da ênfase que se dá.
Ao ponderar todos esses comentários e posições, percebe-se que esse
assunto é um tanto mais polêmico porquanto muitos não compreendem ainda o
que envolve o conceito de conhecimento científico. Vê-se o quanto as posições
e opiniões sobre esse assunto ainda se encontram divididas, e por isso é tão
necessário que o professor tenha uma concepção muito clara de suas crenças e
de como se posicionar em relação a elas já que isso interfere em grande medida
na maneira como ministrará suas aulas sobre esse assunto.
P o s t u r a d o P r o f e s s o r A d v e n t i s t a a o T r a b a l h a r o
C r ia c io n i s m o em S a l a d e A u l a
Os professores entrevistados relataram que, apesar de sua crença pessoal
no criacionismo, buscam ensinar os dois pontos de vista (evolução e criação)
sem promover a crença de um em detrimento do outro, segundo demonstram os
comentários a seguir:
“apesar de eu ser criacionista não é requisito em minha disciplina
todos acreditarem ou entenderem... ou se tomarem criacionistas, eu
tenho alunos que são evolucionistas e que apesar de minhas aulas
aprendem o que é criacionismo e permanecem evolucionistas.[E1].
“eu penso que a evolução é uma coisa que surgiu do nada e vai con-tinuar
do nada. Isso é o que eu penso e não o que eu passo em sala
de aula.” [E3].
“eu acredito, mas a partir do momento que mostro para meu aluno eu
digo a ele o que eu acredito e que a igreja Adventista trabalha dessa
forma. Mas eu sempre procuro deixar o aluno aberto a pensar o que
quiser e procuro ouvir dele o que ele traz, mesmo que em algumas
aulas eu consiga debater com ele, necessariamente “eu não posso
empurrara minha crença goela abaixo’’ eu não gosto disso, não é a
minha prática. ” [E6].
23. m. ( Q V LQ R @' U L¯F LG Q LV P G P $ X OD V G I LŒ + LWV D 3 ) 5 6 3 ) LLYW Q F V S U X A V V X U H V F LK $ V GR PLPPP X I PP
Esse tipo de posicionamento é apoiado por Roth e Alexander (1997 apud
OLIVEIRA, 2009) ao relatar, fundamentados na ideia de integração entre ciência
e religião, que nenhum dos discursos, seja o da evolução, seja o da criação,
deve ser privilegiado sobre o outro, pois que ambos podem ser aceitos por uma
mesma pessoa sem que conduzam a construções teóricas incoerentes.
Já Bahia (2004) alega que a postura do professor ao abordar o criacionismo
em sala de aula deve ser, primeiramente, inteligente e indica a promoção do
criacionismo ao mencionar que o professor deve conhecer os pressupostos
criacionistas para então poder confrontá-los com o evolucionismo. O autor
completa ratificando que a maioria dos estudantes é oriunda de uma formação
religiosa que acredita no criacionismo e, por isso, não há tanta dificuldade de
aceitação e compreensão desse ensino em sala de aula.
Falando sobre o ensino de criacionismo nas aulas de ciências dos EUA,
Dorvillé (2010) acrescenta que apesar de, legalmente não ser permitido, este
ensino vem ganhando espaço nessas escolas. Dados de 20084 revelam que 25%
dos professores admitiram ensinar o criacionismo em suas aulas de Biologia
e, ainda, defenderam que este pode ser considerado uma alternativa científica
às explicações da evolução das espécies. Dorvillé (2010) aponta como uma
das razões para essa realidade o fato de grande parte dos professores ser
criacionista. Isto confirma a ideia de que as concepções e crenças pessoais do
professor influenciam sobremaneira as suas práticas pedagógicas.
Em pesquisa com alguns professores evangélicos de ciências e biologia,
Dorvillé (2010) constatou posicionamentos diversos em relação à sua postura ao
ministrar aulas sobre as teorias das origens. Alguns professores pontuaram que
buscam separar o conhecimento científico do religioso, ou seja, não falam sobre
criacionismo em aulas de ciências ou biologia, detendo-se, apenas ao ensino do
evolucionismo.
Outros professores demonstraram buscar uma conciliação entre ambos
os conceitos - evolução e criação - apresentando os postulados que os vários
teóricos defendem ao buscar uma integração entre ciência e religião, levando os
alunos a compreenderem que a interpretação bíblica pode, sem prejuízo de sua
crença pessoal, se acomodar às descobertas científicas.
Já uma professora, em especial, revelou um posicionamento muito firme e
um tanto radical, no que diz respeito à crença na Bíblia, pois declara que, o que
' Pesquisa de escala nacional feita por BERKMAN; PACHECO PLUTZER (2008) com 939
professores do Ensino Médio nos EUA.
I 67 I
24. f t . [Capitulo21 - Mayara Santas e WeliinQtan RpdriquES
a Bíblia fala é daquele jeito, não havendo chance nenhuma de erros ou mesmo
interpretação diferenciada das palavras que estão lá escritas. É o que acontece
no caso da história de Josué, quando a Bíblia relata que o Sol parou e hoje, já
se descobriu que quem parou de fato não foi o Sol, mas a Terra, visto que nosso
sistema é heliocêntrico, ou seja, todos os planetas giram em torno do Sol. Para
essa professora, se a Bíblia diz que o Sol parou, há então uma chance de a
teoria do heliocentrismo estar equivocada.
Na literatura adventista, a recomendação é a de que a postura dos
professores deve ser de firmeza quanto a não acomodar a interpretação bíblica
às alegações científicas quando estas vêm se manifestando contra o que defende
a Bíblia. A posição da igreja, conforme discutido anteriormente, é de rejeição
às ideias evolutivas apesar de abrir espaço para a aceitação do processo de
adaptação dos seres vivos. Para o adventismo, a Bíblia é de uma ordem de
conhecimento superior a todos os outros ensinamentos e o professor adventista
precisa assumir uma postura de defesa das verdades deste livro, levando os
alunos a refletirem sobre esses fatos.
M e t o d o l o g ia s p a r a o E n s in o d e C r ia c io n i s m o
É unânime, no meio pedagógico, o conhecimento de que deve haver uma
coerência entre os objetivos, a metodologia e os conteúdos do currículo escolar.
Por isso, a necessidade de se esclarecer este aspecto neste trabalho. Questionou-se
como os professores da rede adventista de ensino estão trabalhando o assunto
do criacionismo nas aulas de Ciências? Qual a melhor maneira de se trabalhar
tal conteúdo nas aulas de Ciências? Estas são indagações que necessitam de
respostas significativas e coerentes com a filosofia adventista e é sobre isso que
aborda esta parte do trabalho.
Libâneo (1994) e CUBIASD (2010) concordam que os métodos de ensino
precisam estar pautados sobre determinados princípios. Estes fazem parte da
filosofia do sistema de ensino e norteiam todas as ações educativas. Por isso,
fez-se necessário a elucidação dos princípios metodológicos da pedagogia
adventista, “os quais são diretrizes amplas de sustentação curricular para a
seleção dos métodos e meios de ensino utilizados na sala de aula e demais
espaços educativos.” (CUBIASD, 2010, p. 71).
Ao serem questionados sobre sua prática em sala de aula, os professores
i 68 |
25. D E n s in q g d C r ia c i o n i s m o u a s A u u s a e C iê n c ia s : h p e r s p e c t i v a d a s p r o f e s s o r e s p f F L ¬ Q F L D V o a r e d e a d v e h t i s t a d e e n s in o m
citaram algumas metodologias utilizadas por eles para ensinar o criacionismo
imas aulas de ciências.
Ao relacionar as estratégias utilizadas pelos professores com os métodos
fecomendados por Libâneo (1994) e CUBIASD (2010), chega-se à conclusão de
que as estratégias estão voltadas para o método expositivo, no qual o professor
explica os conhecimentos e habilidades para os alunos, seja através de exposição
verbal, demonstração, ilustração ou exemplificação. Este é um dos métodos
usados por Jesus em seu ministério e proporciona condições para a ponderação
e reflexão de determinados assuntos.
Alguns professores mencionaram que se reportam à beleza e à perfeição
do mundo criado, à complexidade dos seres para reafirmar a existência e
perfeição de Deus:
“Quando você fala da célula; quando você fala do
funcionamento do corpo; quando você fala do sistema digestório;
quando você fala de qualquer sistema do corpo, você consegue
introduzir o criacionismo, porque você consegue mostrar como que
Deus fez funcionar Só mesmo um Deus perfeito, só mesmo um ser
perfeito com muita inteligência conseguiria fazer um órgão do nosso
corpo como o cérebro, por exemplo, funcionar de uma maneira tão
perfeita.” [E3j.
“Quando você faia sobre embriologia; como acontece
um milagre do nascimento de um bebê, todo o processo que
acontece, você percebe a proteção, todos os passos para acontecer
corretamente. ” [,E4].
“como nosso organismo é perfeito; como as plantas; a minúcia;
os detalhes de tudo como foi criado e saber que isso tudo não tinha
como ser do acaso. Que existe um Deus, um Criador que pensou,
alguém que projetou para que tudo aquilo desse certo, tudo aquilo
funcionasse com perfeição e se algum sistemazinho, se algum
aparelhinho desses tiver algum defeitinho, algum problema a depender
da situação pode vir a óbito. [Eõ],
Esse é um argumento muito utilizado pelos criacionistas de modo geral,
já que o mundo apresenta tantas evidências de uma ação planejada tendo em
I 69
26. ,DSLOXOR - Mayara Santas b WBilinqtan Rodrigues M
vista a complexidade de coisas tão pequenas. No entanto, o perigo de se deter
apenas neste tipo de comentário está nas imperfeições do mundo e dos seres. Se
a evidência que o mundo foi criado por Deus é a perfeição do corpo humano, por
exemplo, como explicar os casos de anomalias, deficiências e demais incidentes
que ocorrem com tantas pessoas?
Outra maneira de introduzir o assunto do criacionismo, mencionada pelos
professores, é através de questionamentos a respeito do evolucionismo. Os
professores afirmaram que fazem perguntas que levam os alunos a refletir sobre
a veracidade da evolução, utilizando expressões que conduzam os alunos a
duvidar do mesmo:
“você pode chegar para o aluno e dizer: gente tem lógica isso
ser um processo de evolução? Você percebe o poder, alguém que
pensou em fazer esse tipo de coisas acontecer e acontecer da forma
que acontece. ” [E4].
“a gente tem assim, já umas palavrinhas mágicas pra usar, [...]
pra deixar aquilo ali: será que realmente, numa explosão, [...] então
como é que o mundo se originou de uma explosão? [...j mas como é
que uma explosão poderia gerar assim um mundo tão perfeito como
a gente vê, né? [...} Se originar um ser e tal, de um macaco, ” então,
a gente sempre coloca, “será?” Deixa aquela interrogação pra eles
chegarem a conclusão que: ‘não! isso aí é besteira, num tem como
acreditar', levar por esse lado, né.” [E7, grifo nosso].
Desta problematização surgem os questionamentos sobre a veracidade
da evolução tomando como base as incoerências existentes neste modelo. Um
professor relata que em suas aulas levanta essas questões para discussão,
levando os alunos a refletir se estas incoerências não podem ser razões para
duvidar da exatidão dos argumentos evolucionistas ao passo que o criacionismo
pode ser mais coerente.
“[...] algo pra despertar no aluno, e dizer assim: opa! O
evolucionismo tá começando a ter alguma falha e criacionismo tá
começando a falar alguma coisa diferente. [...] começo a inserir
pequenos textos, fatos evidências, que possam despertar no aluno ele
fazer essa diferenciação entre uma teoria e outra.” [E6].
27. 0 E n s in o d o C r ia c i d w s m o m h m s d e C iê n c ia s : a p e r s p e c t i v a c-d s P R D -E s s riH b s d e c i ê ^ i i a s d * re d e » v e n t i s t a eie [n s im d
A estratégia de questionamento é muito utilizada por diversos professores
em diversos assuntos e é recomendada uma vez que pode, se corretamente
«utilizada, conduzir o aluno a uma reflexão crítica dos fatos, possibilitando um
Üevantamento de hipóteses, construções, desconstruções e reconstruções de
conceitos e saberes que fazem com que o aluno possa ter um posicionamento
pessoal diante de determinada questão. No entanto, para Dorvillé (2010, p. 202), a
utilização dessa técnica na maioria das vezes demonstra que “O questionamento
revela-se importante não por representar uma oportunidade de construir novas
ideias ou de refazer as antigas, mas como uma chance de reafirmar a precedência
ae sua visão de mundo em relação a todas as outras.”
Ademais, esta é uma das metodologias sugeridas pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997). Dentre as Orientações Didáticas ali
apresentadas, encontra-se a Problematização que consiste em fazer perguntas
e levantar problemas que levem o aluno a questionar o que já sabem ou o que
está posto, buscando uma nova maneira de conceber certos conhecimentos.
Explica-se quanticamente a estrutura infinitesimal, as microscópicas
estruturas de construção dos seres, sua reprodução e seu
desenvolvimento. E se debate, com questões existenciais de grande
repercussão filosófica, se a origem da vida é um acidente, uma
casualidade que poderia não ter acontecido ou se, pelo contrário,
é a realização de uma ordem já inscrita na própria constituição da
matéria primeva. (BRASIL, 1997, p. 25).
Apesar de o conhecimento científico ser considerado por muitos professores
como completamente objetivo, os PCNs apontam para a necessidade de levar
os alunos entenderem tal conhecimento como subjetivo e sujeito a modificações
já que o conhecimento se constrói ao longo do tempo e em coerência com as
transformações da sociedade. Além disso, essa estratégia desperta no aluno
o senso crítico possibilitando a formação de um cidadão pensante que não se
conforma apenas com respostas prontas, mas que se constituí num construtor de
seu conhecimento. (BRASIL, 1998).
Dentre os princípios metodológicos da educação adventista está a
integração fé e ensino. Com base neste princípio, qualquer que seja o método
escolhido pelo professor, deve-se ter em vista a educação para a eternidade.
Na filosofia adventista não há espaço para contrapor-se ao que a Bíblia ensina.
Qualquer conhecimento que esteja indo de encontro ao que a Bíblia ensina deve
ser questionado fazendo com que os ensinamentos bíblicos sejam reconhecidos
_ _
28. I C a p i t u l o 2 1 - Maysra Santos b WEllingtpn Rpdrigues
e aceitos como verdadeiros. (CUBIASD, 2010).
Ao conduzir os alunos a uma reflexão sobre os postulados científicos que
estão em desarmonia com os ensinamentos bíblicos, os professores estão em
consonância com o que defende a filosofia da educação adventista, pois estão
contribuindo para a formação de seres pensantes e agentes de seu conhecimento.
“Em vez de pusilânimes educados, as instituições de ensino poderão produzir
homens fortes para pensar e agir, homens que sejam senhores e não escravos
das circunstâncias, homens que possuam amplidão de espírito, clareza de
pensamento, e coragem nas suas convicções.” (WHITE, 2008 p. 18).
J u s t i f ic a t iv a s p a r a o E n s in o d e C r ia c io n is mo n a s A u l a s d e
C iê n c ia s
Todas as ações educativas necessitam de um porquê. É necessário ter
sempre em mente os motivos que conduzem à ação para se fazer uma prática
mais significativa, eficaz e eficiente. Por isso, ao planejar e conduzir suas aulas
de ciências faz-se necessário que os professores compreendam as razões em
trabalhar a temática do criacionismo com seus alunos. Isso contribui para se
obter os resultados mais almejados.
É pertinente registrar que estas justificativas estão no mesmo nível de
aceitação por parte dos professores, ou seja, cada uma delas foi mencionada por
apenas um professor, tendo como exceção apenas duas - 0 fato de ser ciência
e 0 despertar da crença no criacionismo - , pois estas foram apontadas por dois
professores.
Analisando essas respostas, conjectura-se que os motivos para o ensino
do criacionismo nas aulas de ciências estão divididos em duas razões principais:
a) tentativa de igualar, em nível de importância e reconhecimento, o criacionismo
ao evolucionismo (justificativas 1, 2 e 3); b) os valores espirituais que envolvem
o ensino do criacionismo (justificativas 4 e 5).
Por se tratar de uma pedagogia que tem sua base filosófica centrada
na Bíblia, é comum notar que os professores alegam o fator espiritual como
justificativa para 0 ensino da temática nas aulas de ciências. No currículo da
escola adventista chamado de Integral-restaurador todas as ações devem estar
pautadas numa perspectiva bíblico-cristã, com o objetivo maior de restaurar 0
homem à imagem de Deus.
6 V e r C U B IA S D ( 2 0 1 0)
29. D E h S IN D D D Ç r IA C ID M S H D N A S A ü LAS DE C l È M A S : A P E R SPEC TIVA DO S P E Q F E S S tM S DE C IÊ N C IA S DA REDE AD VEN TISTA 3E E N SIN O
O b j e t i v o s d o P r o f e s s o r A d v e n t i s t a a o T r a b a l h a r o
C r ia c io n i s mo n a s A u l a s d e C iê n c ia s
Um dos elementos mais falados e pensados do currículo são os objetivos.
São eles que norteiam as ações pedagógicas dentro e fora do espaço escolar,
subsidiando as metodologias, os conteúdos e a avaliação. Cada ação docente,
desde o planejamento ao desenvolvimento de suas aulas, precisa estar pautada
em objetivos a serem alcançados, pois a educação não é um processo sem
intencionalidades e finalidades.
É necessário conhecer quais os objetivos dos professores ao trabalhar o
criacionismo nas aulas de ciências e discutir se os tais estão em concordância
com os objetivos da filosofia adventista de educação.
Percebemos a predominância da crença no criacionismo por parte dos
alunos. É significativo considerar que, praticamente os mesmos professores que
apontam como objetivo a compreensão do criacionismo, desejam também, que
seus alunos acreditem no mesmo:
“que ele entenda em primeiro lugar” [E3]
“fazer com que acredite, sim, no criacionismo.” [E3]
“o aluno tem que entender, tem que ter sua opinião e tem que
formar aí para que lado ele vai partir com sua opinião. ” [E2].
“nós temos como propósito que ele acredite.’7[E2].
Nota-se que ao mesmo tempo em que pretende que o aluno entenda para
fazer sua escolha própria, o professor mencionado acima tem um objetivo que o
aluno acredite no criacionismo.
Como já foi mencionado anteriormente, o processo educativo não é neutro,
mas traz as intencionalidades e finalidades nas quais se baseia cada ação e isso
não é diferente na educação adventista, pois que todas as ações pedagógicas
estão pautadas em princípios filosóficos que apresentam objetivos a serem
alcançados. O currículo integral-restaurador é norteado por objetivos que estão
além do mundo natural e físico, pois envolve o mundo espiritual (CUBIASD,
2010). O despertar da crença em Deus e em Jesus Cristo também fazem parte
dos objetivos destes professores. E isso está completamente de acordo com os
objetivos da educação adventista.
30. ICapilulo21 - Mayara Santos e WEÍIingtan Rodrigues
Percebe-se que os objetivos dos professores entrevistados estão em
harmonia com os objetivos da educação adventista, já que a crença em Deus
faz parte desses objetivos. Ao ministrar suas aulas sobre quaisquer assuntos,
os professores dessa rede precisam ter em vista o principal objetivo que é a
restauração do homem. Para que isso aconteça, é necessário desenvolver uma
prática voltada, acima de tudo, para a promoção do conhecimento e da crença em
Deus e isso é bem viável e possível ao trabalhar a temática do criacionismo.
R e c u r s o s U t i l i z a d o s p a r a o E n s in o d e C r ia c io n i s m o n a s A u l a s
d e C iê n c ia s
Além dos métodos de ensino, Libâneo (1997) e CUBIASD (2010) pontuam
os recursos e materiais utilizados na ministração das aulas, aos quais denominam
de meios do ensino. Estes podem ser de uso geral, ou seja, úteis e necessários
para todas as disciplinas (mesa, carteiras, quadro-negro, giz, lousa, etc.) ou
de uso específico de cada disciplina (mapas, enciclopédias, globo terrestre,
discos, dicionários, recursos naturais, etc.). Somados a esses recursos, estão os
equipamentos tecnológicos que, hoje em dia, são bastante utilizados em sala de
aula, proporcionando ainda maior aprendizagem.
Para que as aulas sejam mais atrativas e a aprendizagem mais
significativa, é necessário que o professor seja capaz de selecionar os recursos
mais condizentes com a realidade da turma e com os objetivos que se quer
alcançar com a aula. Dentre os recursos que existem à disposição, os professores
entrevistados selecionaram os seguintes:
Livros paradidáticos que falem sobre o criacionismo;
Livros didáticos editados pela CASA7;
Escritos de Ellen White.
Nota-se que os recursos utilizados pelos professores podem oferecer
subsídios pertinentes ao assunto abordado, já que são bem específicos. Dentre os
paradidáticos, foram citados livros de Michelson Borges, um jornalista adventista
que escreve sobre o assunto:
Casa Publicadora Brasileira, editora dos adventistas do sétimo dia.
31. D E n s in o D E C h iA C iD S IS M B m A L IA S DE C lF H C IftS : A PEB SPC C TIVA D C S P H G fE S S a R E S q e c iê n c ia s c a r e d f C J V E N T IS U d e e n s ih d
Eu trabalho com esses livros, o livro A história da vida”, o livro
“Por que creio”, tenho o livro “Origens” também. [...] alguns livros de
pessoas criacionistas que mostram indícios da natureza, da história do
mundo, do que tem feito que possam apoiar que não foi o acaso. [E6].
Os livros didáticos utilizados na rede adventista são elaborados pela
CASA, que é uma editora adventista e publica, em seus livros didáticos de
ciências, a explicação do criacionismo e a versão evolucionista, comparando-os
e promovendo o criacionismo em detrimento do evolucionismo. Isto também é
apoiado pela educação adventista, pois segundo a CUBIASD (2010), a escolha
e utilização de livros didáticos precisam “levar em conta a concepção filosófica
apresentada.” (p. 85). E, por serem produzidos por uma editora que participa da
mesma filosofia, não encontra problemas quanto à coerência entre a concepção
filosófica do livro e a da educação adventista,
A utilização desses livros proporciona ao professor mais segurança ao
ministrarem suas aulas, pois que oferecem argumentos e posicionamentos que
se adequam à sua própria crença pessoal, como pode ser evidenciado nos
comentários abaixo:
“a gente utiliza os livros da Casa Publicadora, como os colegas
falaram, todos os materiais como fonte de pesquisa e é muito
interessante como 0 livro coloca essa maneira de colocar Deus.” [E3],
“Tudo 0 que passarmos aos alunos nós temos que colocar,
mostrar como Deus, principalmente em biologia, como Deus é
maravilhoso e os livros didáticos da CASA eles trabalham isso também
e isso é muito bom, isso é 0 diferencial da escola adventista.” [E4].
Os escritos de Ellen White foram um dos recursos mais apontados
pelos professores, pois, para eles, são materiais muito úteis por esclarecerem
certas dúvidas que de outra maneira não seria possível, conforme comprovam
os comentários a seguir:
“EGW traz muitas informações mais detalhadas sobre os
escritos bíblicos e isso é utilizado de maneira mais enfática em sala
de aula como sendo um referencial teórico além da Bíblia.” [E1].
32. a . DS¯WXOR - Mayara Santos e Wellinqtgn RadriquEs M
“Eflen White foi uma das maiores escritoras existentes da face
da terra [...] então, a gente iança mão né desses escritos, desses
textos que ela usa para que a gente possa enriquecer a nossa aula.
[E2]
“é impossível não usar [os escritos de EGW], porque ela me
ajuda a entender alguns assuntos que eu não consigo entender em
livros didáticos [...] então tudo isso me ajuda em nível de pesquisa
para eu passar para meus alunos. ” [E3j.
Para esses professores como se trata de uma escola confessional que
tem filosofia própria, não há problema em utilizar esses materiais, já que esta
autora é a principal teórica adventista.
Como se pode perceber, os professores entrevistados têm buscado tornar
suas aulas de criacíonismo significativas e, para isso, procuram trazer materiais
diversos para trabalhar esse assunto. No entanto, outros recursos poderiam
ser acrescentados, como por exemplo, vídeos sobre o criacionismo, imagens,
revistas que tratem do assunto, dentre outros.
C o n s id e r a ç õ e s F in a is
A reflexão na ação docente, nas práticas pedagógicas e no fazer do professor
proporciona crescimento profissional e pessoal. O exercício pedagógico precisa
estar pautado em reflexões constantes sobre as práticas envolvidas no processo
de ensino e aprendizagem. Com isso, entende-se que há uma necessidade de
constantes reflexões sobre as questões que envolvem o currículo.
O professor adventista faz parte de uma filosofia única e especial que busca
um desenvolvimento holístico do indivíduo e visa, acima de tudo, a eternidade.
Por isso, este profissional precisa estar ciente de sua responsabilidade enquanto
agente participante e diretamente ligado à formação dos alunos e condução
destes à restauração da imagem de Deus.
Dentre as diversas questões que perfazem o conhecimento científico está
a origem da vida, do Universo e dos seres humanos. Este é um assunto polêmico
quando se trata da educação adventista porque, no mundo científico há uma
valorização e aceitação do modelo evolucionista em detrimento do criacionista.
Há, portanto o desafio de se posicionar diante desta realidade e manter firme o
I 7 6 I
33. □ E n s in d d d C r ía c i d h is h d n a s A u ia s d e C i ê n c ia s : a p e r s p e c t iv a d o s p r d e e s s d r e s c e c iê n c i a s d a r e d e a d y e n t i s ía d e e n s in l
princípio bíblico, mesmo quando este é desvalorizado e até ridicularizado.
O presente estudo contribuiu significativamente para a reflexão e
a ponderação nesta realidade, fazendo com que compreendamos mais
profundamente os aspectos que estão envolvidos nesse assunto. Além disso,
a investigação evidenciou que o criacionismo é um assunto polêmico, inclusive
entre os adventistas do sétimo dia. Há uma necessidade, entre os professores
da rede adventista, de maior segurança em trabalhar esse conteúdo em sala de
aula. As concepções destes professores sobre essa temática precisam ser mais
firmemente alicerçadas na filosofia adventista a fim de influenciarem positivamente
em sua prática docente.
Este trabalho pretende ser uma contribuição para a rede adventista por
proporcionar uma visão mais profunda sobre aspectos que merecem e precisam
de mais atenção, pois que é um assunto que envolve, acima de tudo, a salvação
dos alunos. Espera-se que os professores de ciências possam levantara bandeira
do criacionismo com mais convicção para exaltar o Criador de todas as coisas,
pois este é o maior objetivo da educação adventista.
Recomendamos, entretanto, mais estudos nessa área, envolvendo uma
quantidade maior de sujeitos para que se tenha uma visão ainda mais real dos
fatos. Ademais, fica o desejo de que este material contribua para uma prática
adventista de educação mais efetiva e celestial e menos terrena.
34. ICapítulo2 1 - Mayara Santos e Wellington Rodrigues
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Wellington Git Rodrigues
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