A Sociedade da Informação e os Paradigmas Tecno-Econômicos
1. O Contexto
Contemporâneo
A Sociedade da Informação
MBA em Negócios Jurídicos
Disciplina: Gestão da Informação e do Conhecimento em Negócios Jurídicos
Prof. Leonardo Barbosa de Moraes
2. AS SOCIEDADES PÓS-INDUSTRIAIS
Na segunda metade do último século
vários acontecimentos de importância
histórica transformaram o cenário social
da vida humana.
Durante a década de 1960 e princípio da
década de 1970 vários sociólogos
renomados formularam uma interpretação
da sociedade moderna que denominaram
de teoria da sociedade pós-industrial.
3. • Tais sociólogos afirmavam que as sociedades do
mundo ocidental ingressaram em uma nova era
da sua história e que tais transformações exigiam
novas teorias para melhor compreendê-las
(KUMAR,1995).
• Essas teorias tinham como foco principal a
evolução da sociedade para uma economia de
serviços e uma ‘sociedade do conhecimento’;
além das mudanças sociais e políticas
conseqüentes.
5. • Essas sociedades seriam pós-industriais e teriam vários
nomes, dentre eles: sociedade da informação, pós-fordismo
e pós-modernismo.
• O expositor mais eminente da sociedade da informação foi
o sociólogo americano Daniel Bell.
• Já em 1973, em The coming of Post-Industrial Society, Bell
já definira o ‘conhecimento teórico’ como a fonte de valor
e de crescimento da sociedade do futuro.
• Posteriormente ele elabora melhor esse conceito sob a
égide das novas tecnologias de informação e suas
aplicações.
6. Algumas visões dos teóricos da Sociedade
da Informação
Hazel Henderson afirmou: “o microprocessador
revogou finalmente a teoria do valor do trabalho”.
T. Stonier argumentou que “a informação superou
a terra, o trabalho e o capital como insumo mais
importante nos sistemas modernos de produção”.
Alvin Toffler previu mudanças nas esferas da
informação, social, técnica, biológica, de poder e
psicológica.
7. Algumas visões dos teóricos da Sociedade
da Informação
Os mais utópicos esperam uma nova sociedade:
“mais sã, sensível e sustentável, mais decente e mais
democrática do que tudo que até agora conhecemos”
(TOFFLER);
uma sociedade que “elimina a necessidade social
primária da guerra...” onde “nenhum ditador pode
sobreviver por muito tempo...”, onde nascerá uma
“democracia do consenso” e será uma era de
abundancia e democrática, onde todos terão uma vida
de cultura e lazer (STONIER).
“A sociedade da informação se tornará uma sociedade
sem classes, isenta de poder dominante, tendo como
núcleo comunidades voluntárias” (MASUDA).
9. OUTRA VISÃO: OS PARADIGMAS
TECNO-ECONÔMICOS
Conceito que permite o entendimento das
transformações estruturais enfrentadas periodicamente
pelas sociedades: PTE – Paradigma Tecno-Econômico.
Explica as diferentes dinâmicas e padrões de geração,
uso e difusão de tecnologias e outras inovações
associadas que provocam transformações em toda
economia e na sociedade.
3 características dos fatores-chave: amplas possibilidades
de aplicação, demanda crescente e queda persistente de
seu custo unitário.
10. Uma definição ‘clássica’(Freeman)*
Um paradigma econômico e tecnológico é um agrupamento de inovações técnicas,
organizacionais e administrativas inter-relacionadas cuja vantagens devem ser
descobertas não apenas em uma nova gama de produtos e sistemas, mas também e
sobretudo na dinâmica da estrutura de custos relativos de todos possíveis insumos
para a produção. Em cada novo paradigma, um insumo específico ou conjunto de
insumos pode ser descrito como o ‘fator-chave’ desse paradigma caracterizado pela
queda dos custos relativos e pela disponibilidade universal. A mudança
contemporânea de paradigma pode ser vista como uma transferência de uma
tecnologia baseada principalmente em insumos baratos de energia para outra que
se baseia predominantemente em insumos baratos de informação derivados do
avanço da tecnologia em microeletrônica e telecomunicações.
* conceito elaborado por Carlota Perez, Christopher Freeman e Giovanni Dosi
11. FASE PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO
Início e término 1770/80 a 1830/40 1830/40 a 1880/90 1880/90 a 1920/30
força a vapor e energia elétrica,
Descrição mecanização
ferrovia engenharia pesada
algodão e ferro
Fator-chave1 carvão e transporte aço
fundido
têxteis e seus máquinas e navios a engenharia e
equipamentos, vapor, máquinas e equipamentos
Setores alavancadores
fundição e moldagem ferramentas, elétricos, engenharia
do crescimento
de ferro, energia equipamentos e equipamentos
hidráulica ferroviários pesados2
ferrovias, navegação
Infra-estrutura canais, estradas energia elétrica
mundial
indústria
automobilística e
aço, eletricidade, gás, aeroespacial, rádio e
Outros setores crecendo máquinas a vapor,
corantes sintéticos, telecomunicações,
rapidamente maquinaria
engenharia pesada metais e ligas leves,
bens duráveis,
petróleo e plásticos
Alemanha, EUA, Grã-
Grã-Bretanha, França,
Grã-Bretanha, França Bretanha, França,
Países líderes Bélgica, Alemanha e
e Bélgica Bélgica, Suíça e
EUA
Holanda
Itália, Austria-Hungria,
Países em Itália, Holanda, Suíça, Canadá, Suécia,
Alemanha e Holanda
desenvolvimento Austria-Hungria Dinamarca, Japão e
Rússia
12. FASE QUARTO QUINTO
Início e término 1920/30 a 1970/80 1970/80 a ?
produção em massa,
Descrição tecnologias da informação
"fordismo"
microeletrônica, tecnologia
Fator-chave1 petróleo e derivados
digital
equipamentos de
automóveis e caminhões,
informática e
Setores alavancadores do tratores e tanques, indústria
telecomunicações,
crescimento aeroespacial, bens
robótica, serviços info
duráveis, petroquímicos
intensivos, softwares
auto-estradas, aeroportos, redes e sistemas,
Infra-estrutura
caminhos aéreos 'information highways'
fármacos, energia nuclear, biotecnologia,
Outros setores crecendo
microeletrônica, nanotecnologia, atividades
rapidamente
telecomunicações espaciais
Alemanha, EUA e outros Japão, EUA, Alemanha,
Países líderes paíse da CEE, Japão, Suécia, outros países da
Rússia, Suécia e Suíça CEE, Taiwan e Coréia
Países do Leste Europeu,
Brasil, México, Argentina,
Brasil, México, Argentina,
Países em desenvolvimento India, Indonésia,
Coréia, China, India,
Turquia,Venezuela, Egito
Taiwan
13. O PTE DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
O novo PTE é baseado em um conjunto interligado de
inovações em computação eletrônica, engenharia de
software, sistemas de controle, circuitos integrados e
telecomunicações, que reduziram drasticamente os custos de
armazenagem, processamento, comunicação e disseminação
da informação.
O avanço desse PTE vem exigindo novos formatos e
estratégias empresariais e de outras instituições, que
demandam uma carga cada vez maior de informações e
conhecimentos para exercer suas atividades.
14. FASE Fordismo Tecnologias da informação
Início e término 1920/30 a 1970/80 1970/80 a ?
motores à explosão, prospecção,
microeletrônica, tecnologia digital,
Principais inovações técnicas extração e refino de petróleo e minerais e
tecnologias da informação
produção de derivados
camputadorização, sistematização e
sistema de produção em massa,
Principais inovações organizacionais flexibilização, interligações em redes, 'just
"fordismo", automação
in time', inteligência competitiva
intensiva em informação e
Lógica da produção quanto ao uso
intensiva em energia e materiais conhecimento, preservação ambiental
do fator-chave
e de recursos
transmissão e acesso rápidos a enormes
aumento significativo da oferta de bens e volumes de informação, customização,
serviços, padronização, hierarquização, interligação em redes, cooperativismo,
Padrões de produção departamentalização, veloz aceleração da obsolescência dos
preponderantes obsolescência de processos e produtos, processos, bens e serviços, experiencias
cultura do descartável, concorrência virtuais, aceleração do processo de
individual e formação de cartéis globalização com maior hegemonia dos
EUA
indústria de automóveis, caminhões, informática e telecomunicações,
Setores alavancadores de tratores e tanques, indústria petroquímica, equipamentos eletrônicos, de
crescimento ind´sutria aeroespacial, indústria de bens telecomunicações e robótica, serviços
duráveis de informação e tele-serviços
info-vias, redes, sistemas e softwares
Infra-estrutura auto-estradas e aeroportos
dedicados
microeletrônica, energia nuclear, biotecnologia, atividades espaciais,
Outras áreas crescendo rapidamente
fármacos, telecomunicações nanotecnologia
Principais setores atingidos setors intensivos em energia, minerais e
setores produtores de materiais naturais,
negativamente pelas mudanças, outros rec não renováveis, meios de
formas e vias de transporte tradicionais
sofrendo importantes transformações comunic convencionais
monitoração e orientação,
Forma de intervenção e políticas controle, planejamento, propriedade, coordenação de informações e de
governamentais regulação, welfare state ações e promoção de interações,
desregulação
15. CARACTERÍSTICAS
A informação é a sua matéria prima: são tecnologias para agir sobre a
informação, não apenas informações para agir sobre as tecnologias, como
nas revoluções tecnológicas anteriores.
Penetrabilidade dos seus efeitos: como a informação é uma parte integrante
de toda atividade humana, todos os processos de nossa existência individual
e coletiva são diretamente moldados pelo novo meio tecnológico.
Lógica das redes: morfologia bem adaptada à crescente complexidade de
interação e aos modelos imprevisíveis do desenvolvimento derivado do
poder criativo dessa interação. A rede pode ser implementada em todos os
tipos de processos e organizações.
Flexibilidade: processos, organizações e instituições podem ser modificadas
pela reorganização de seus componentes, com grande capacidade de
reconfiguração.
Crescente convergência de tecnologias.
16. OS IMPACTOS DAS MUDANÇAS
Uma revolução tecnológica centrada nas
TICs impõe ao mundo uma nova base
material, tecnológica, da atividade
econômica e da organização social,
impactando assim:
Economia
Cultura
Sociedade
17. SINTOMAS
A “ACELERAÇÃO” DO TEMPO
O “ENCURTAMENTO” DO ESPAÇO
AUMENTO EXPONENCIAL DA QUANTIDADE
DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS
O mundo torna-se uma grande rede - sem
separação entre o público e o privado, o
trabalho e o lazer.
Novos Produtos, processos e insumos
Novos mercados
Novas formas de organização
18. Outras características*
a crescente complexidade dos novos conhecimentos e
tecnologias utilizadas pela sociedade;
a aceleração do processo de geração de novos
conhecimentos e de fusão de conhecimentos, assim como a
intensificação do processo de adoção e difusão de inovações,
implicando ainda mais veloz redução dos ciclos de vida de
produtos e processos;
a crescente capacidade de codificação de conhecimentos e
a maior velocidade, confiabilidade e baixo custo de
transmissão, armazenamento e processamento de enormes
quantidades dos mesmos e de outros tipos de informação;
*(LASTRES & ALBAGLI,1999)
19. [...]
o aprofundamento do nível de conhecimentos tácitos (não
codificáveis e específicos de cada unidade produtiva e seu
ambiente), implicando a necessidade do investimento em
treinamento e qualificação, organização e coordenação de
processos;
as mudanças fundamentais nas formas de gestão e
organização empresarial, gerando maior flexibilidade e maior
integração das diferentes funções da empresa, (pesquisa,
produção, administração, marketing, etc.) assim como maior
interligação de empresas e destas com outras instituições,
estabelecendo-se novos padrões de relacionamento entre os
mesmos;
as mudanças no perfil dos diferentes agentes econômicos,
assim como dos recursos humanos, passando-se a exigir um
nível de qualificação muito mais amplo dos trabalhadores.
21. • 1943 - Em parceria com a marinha Norte-Americana, a IBM construiu o
Mark I, totalmente eletromecânico, com 17 m de comprimento, 2,5 m de
altura e 5 toneladas.
22. • 2010 - Mobilidade e conexão interplanetária.
• Mais capacidade de processamento e armazenamento, poder de
comunicação e leveza...
23. O preço médio de um circuito integrado caiu de
U$50 em 1962 para U$ 1 em 1971.
Em 1971 cabiam 2300 transistores em um chip do
tamanho da cabeça de uma tachinha. Em 1993
cabiam 35 milhões e em 2008, 234 milhões.
O custo médio de processamento da informação
caiu de aproximadamente U$ 75 por cada milhão
de operações, em 1960, para menos de um
centésimo de centavo de dólar em 1990.
24. Números da Internet no mundo em
2009...
247 bilhões – emails enviados por dia (média), dos quais 200
bilhões eram spam.
1.4 bilhões – número de usuários com conta de email no
mundo
1.73 bilhões – número de usuários na Internet (Set/2009).
234 milhões – número de sites (Dez/2009).
126 milhões – número de blogs
4 bilhões – Fotos no Flickr (Out/2009), 30 bilhões – fotos
postadas no Facebook por ano.
12.2 bilhões – Videos vistos no YouTube nos US (Nov/2009).
2.6 milhões– Qtdade de códigos maliciosos em 2009 (viruses,
trojans, etc.) ,921.143 – de novos códigos maliciosos
adicionados pela Symantec em Q4 2009.
25. CRESCIMENTO VERTIGINOSO DA INTERNET NO BRASIL: NO
FINAL DE 2001, ESTIMAVA-SE QUE CERCA DE 8 A 10
MILHÕES DE PESSOAS ESTIVESSEM NAVEGANDO NA
INTERNET, 12 MILHÕES NO FINAL DE 2002, 32 milhões em
2005, 39 milhões em 2007*, 62,3 milhões em 2009;
Segundo pesquisa da eMarketer, a marca histórica de um
bilhão de usuários internet foi atingida em Dezembro de 2005.
EXPLOSÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO (B2C): NO BRASIL, O
COMÉRCIO NA REDE MOVIMENTOU, US$ 93 MILHÕES EM
1998; US$ 211 MILHÕES EM 1999, US$ 400 MILHÕES EM
2000, US$ 3,5 BILHÕES EM 2003.
R$ 139,5 BILHÕES DE NEGÓCIOS ENTRE EMPRESAS (B2B) EM
2004.
FONTES: IBM, IDC, EDUCASE RNP/MCT, INTERNET.BR, * Ibope/Net ratings (Set/07)
26. Mudanças organizacionais x TI
Objetivos Tecnologia Década
organizacionais
The Back Office Automatização de Mainframes 60 / 70
processos básicos e
microcom-
putadores
The Front Satisfação das PC 80
Office necessidades de
informação
The Virtual Influência na Internet 90
Office estratégia do
negócio
28. DESMATERIALIZAÇÃO
Em 1993 as matérias primas não representavam mais
do que 2% a 3% do custo de produção dos
componentes microeletrônicos (depois disso já
houve um avanço na miniaturização).
Um acordo entre o governo americano e a indústria
automobilística, em 1997, estipulou a redução a um
terço do consumo de combustível e emissão de CO2,
e teve como conseqüência a redução de 50% na
massa média dos veículos. Portanto, 50% menos de
‘matéria’.
Cada vez mais “as coisas têm menos coisas”...
29. • NENHUMA OUTRA TECNOLOGIA FOI ASSIMILADA TÃO
RAPIDAMENTE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
– Ver gráfico a seguir.
• COMPARE:
– UMA EDIÇÃO DO THE NEW YORK TIMES EM UM DIA
DA SEMANA CONTÉM MAIS INFORMAÇÃO DO QUE
O COMUM DOS MORTAIS PODERIA RECEBER
DURANTE TODA A VIDA NA INGLATERRA DO SÉC.
XVII...
– CERCA DE MIL LIVROS SÃO PUBLICADOS NO
MUNDO POR DIA...
30. Tempo p atingir 50 milhões de usuários
38
40
35
30
25
20
16
10
15
10 5
5
0
Radio TV TV cabo Internet
31. Os anos 90 caracterizam-se por rápidas
mudanças em design e mix de produtos
eletrônicos, além do fortalecimento das
características relacionadas ao novo
paradigma técnico-econômico: velocidade,
capacidade de armazenamento, flexibilidade,
networking e forte convergência entre as
tecnologias de computação com as
tecnologias de telecomunicações.
33. O QUE MUDOU, AFINAL?
A informação e o conhecimento sempre constituíram
importantes alicerces dos diferentes modos de
produção.
O que torna a informação especialmente
significante nos dias atuais é sua natureza
digital, com importantes reflexos na crescente
capacidade de codificação do conhecimento, no
aumento da velocidade de transmissão e na
confiabilidade, além da redução drástica dos seus
custos de armazenamento, processamento e
comunicação e disseminação.
34. O QUE MUDOU, AFINAL?
• O que é específico nesse novo
paradigma também é a ação de
conhecimentos sobre os próprios
conhecimentos como fonte principal de
produtividade.
35. NAS ANÁLISES ECONÔMICAS...
• A informação é um ativo, e assim deve ser
gerenciada.
• São extremamente importantes esforços explícitos
para geração de novos conhecimentos como
também sua introdução e difusão no sistema
produtivo. Esse é um processo que conduz ao
surgimento de inovações, considerado fator-chave
para o processo de desenvolvimento.
36. BIBLIOGRAFIA
• CASTELLS, M. - A Era da Informação: Economia,Sociedade e
Cultura – vol. 1: A Sociedade em Rede. 6ª Ed.São Paulo: Paz
e Terra, 1999.
• KUMAR, K. – Da Sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna :
novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1997.
• LASTRES, H. M. M.; FERRAZ, J. C. Economia da Informação,
do Conhecimento e do Aprendizado, In: Informação e
Globalização na Era do Conhecimento.Rio de Janeiro:
Campus, 1999.
• MORAES, L. B. de. O fim de uma Era - As transformações do
Séc. XX. Notas de aula.