Trabalho de Conclusão de curso 1 / Arquitetura e Urbanismo / UnilesteMG / Maria Marta Miranda / Novo Lar para Idosos.
A habitação, tal como temos hoje, é fruto de modificações construtivas de importância inestimável. Os espaços, que foram se ajustando às necessidades de seus ocupantes, ofereceram aos que cederam a eles sua atenção, a oportunidade ímpar de transformação e acondicionamento à evolutiva forma de viver. Desde as cavernas, habitáculo rudimentar e natural do homem pré-histórico, as paredes sempre traduziram mais que apenas abrigo das intempéries ou dos perigos cotidianos: tornou-se o aconchego para o fim do dia cansativo de labor. Diacronicamente, esse trabalho se deu a expor como as moradias para idosos passaram pelo tempo e foram modificadas por ele. Ainda, se deu a aguçar a visão e exprimir o foco sobre a fase da vida em que o lar, nem sempre, significa estar entre parentes. A velhice, futuro daqueles que conseguirem “vencer a vida”, pode ser agradável ou desagradável mediante à atenção e cuidado com que parentes, sociedade e governantes tratem esse assunto tão ausente das pautas. A condição natural do ser é envelhecer, mas sob que condição isso pode acontecer é que nos faz conceber esse estudo. Se não existe alternativa à velhice, é preciso que se imagine os últimos dias envoltos em dignidade e bem estar. Aos que tanto contribuíram para que os nossos dias fossem melhores valeria o esforço de conceber espaços que atendessem à condição humana de dignidade, lazer, saúde e bem estar. É objetivo desse estudo propiciar a, pelo menos uma casa que abriga permanentemente idosos, a ressignificação dos espaços que a teoria indica como motivadora de um novo olhar daqueles que vivem a terceira idade. Os vários capítulos por que foi dividido esse trabalho apresentarão de forma clara e concisa a história do envelhecimento, os cenários das casas de abrigo a idosos no mundo, no Brasil e na Região Metropolitana do Vale do Aço. A conclusão validará as constatações das observações e oferecerá alternativa de reestabelecimento do conceito de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), bem como o modo como as famílias, sociedade e governos veem essas instituições que oferecem esse serviço, seja pelo poder público, por filantropia ou por opção comercial.
7. RESUMO
A habitação, tal como temos hoje, é fruto de modificações construtivas de importância inestimável. Os espaços, que
foram se ajustando às necessidades de seus ocupantes, ofereceram aos que cederam a eles sua atenção, a oportunidade ímpar de
transformação e acondicionamento à evolutiva forma de viver. Desde as cavernas, habitáculo rudimentar e natural do homem
pré-histórico, as paredes sempre traduziram mais que apenas abrigo das intempéries ou dos perigos cotidianos: tornou-se o
aconchego para o fim do dia cansativo de labor. Diacronicamente, esse trabalho se deu a expor como as moradias para idosos
passaram pelo tempo e foram modificadas por ele. Ainda, se deu a aguçar a visão e exprimir o foco sobre a fase da vida em que o
lar, nem sempre, significa estar entre parentes. A velhice, futuro daqueles que conseguirem “vencer a vida”, pode ser agradável ou
desagradável mediante à atenção e cuidado com que parentes, sociedade e governantes tratem esse assunto tão ausente das pautas.
A condição natural do ser é envelhecer, mas sob que condição isso pode acontecer é que nos faz conceber esse estudo. Se não
existe alternativa à velhice, é preciso que se imagine os últimos dias envoltos em dignidade e bem estar. Aos que tanto
contribuíram para que os nossos dias fossem melhores valeria o esforço de conceber espaços que atendessem à condição humana
de dignidade, lazer, saúde e bem estar. É objetivo desse estudo propiciar a, pelo menos uma casa que abriga permanentemente
idosos, a ressignificação dos espaços que a teoria indica como motivadora de um novo olhar daqueles que vivem a terceira idade.
Os vários capítulos por que foi dividido esse trabalho apresentarão de forma clara e concisa a história do envelhecimento, os
cenários das casas de abrigo a idosos no mundo, no Brasil e na Região Metropolitana do Vale do Aço. A conclusão validará as
constatações das observações e oferecerá alternativa de reestabelecimento do conceito de Instituição de Longa Permanência para
Idosos (ILPI), bem como o modo como as famílias, sociedade e governos veem essas instituições que oferecem esse serviço, seja
pelo poder público, por filantropia ou por opção comercial.
Palavras-chave: VELHICE; MORADIA; BEM ESTAR; DIGNIDADE; ABRIGO; IDOSOS; RESSIGNIFICAÇÃO.
16. INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso visa à discussão e concepção de uma proposta de espaço para acolhimento ao idoso,
seja ela de longa ou temporária permanência, que possibilite um elo afetivo e de pertencimento entre as pessoas e o lugar. Isto
significa que o indivíduo precisa se sentir como pertencente ao lugar e ao mesmo tempo sentir que esse lugar o pertence e assim,
acreditar que pode e vale a pena interferir na rotina e nos rumos desse lugar como autor da ação.
Serão confrontados os modelos de unidades de acolhimento ao idoso existentes na Região do Vale do Aço, como previsto
na legislação brasileira por meio da lei de nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso.
Art. 2º - O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
social, em condições de liberdade e dignidade.
O artigo 3º define a priorização do atendimento aos idosos pela própria família, negando-se o atendimento asilar, exceto dos que não
a possuem ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência, de forma a assegurar os direitos fundamentais para
atendimento às suas principais necessidades.
Art. 3º - É obrigação da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar ao
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência. (ESTATUTO
DO IDOSO, 2003, p.1 e 2).
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18. INTRODUÇÃO
Também aqui, a casa é evidenciada como o refúgio do ser humano. É ela a âncora onde o indivíduo
revigora suas forças e fortalece a sensação agradável do lar.
Para Mincache (2010), no Caderno Temático Kairós Gerontologia, “(...) a casa é o nosso canto no
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mundo”.
A citação traz o entendimento da casa como o centro de referência do indivíduo, desde seu nascimento
até sua morte, por meio de lembranças que ficam gravadas na memória e no inconsciente e que o acompanham
ao longo de sua vida.
Já o lar aparece como a vivência familiar dentro da casa, resultante do clima espiritual que ecoa nos
ambientes concretos da moradia.
“O lar é uma condição complexa que integra memórias, imagens, passado e presente,
sendo um complexo de ritos pessoais e rotinas quotidianas que constitui o reflexo de seus
habitantes, aí incluídos seus sonhos, esperanças e dramas”. (MIGUEL, 2002).
Discutir e propor alternativas relacionadas à moradia para o idoso é então necessário e urgente,
considerando-se que, o envelhecimento da população traz em seus princípios, a redução da mobilidade, da
agilidade, da força óssea e dos reflexos. Cabe ao arquiteto, muito além de suprir as necessidades físicas, oferecer
um acolhimento por meio de recursos arquitetônicos, que permitam a experimentação do espaço através dos
sentidos, estimulando uma identificação e interação mais próxima com o ambiente e o convívio social interno e
externo, estes podendo produzir no idoso o entendimento da instituição como seu lar.
26. JUSTIFICATIVA
A necessidade de repensar o desenho urbano e os espaços arquitetônicos é iminente e de fundamental importância para o
profissional da Arquitetura e do Urbanismo. Em nível mundial, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais cresce de forma
mais rápida que a população de outras faixas etárias. Segundo dados do IBGE (2010), estima-se que em 2050 haverá dois bilhões
de idosos, 80% deles nos países em desenvolvimento. A população de 80 anos ou mais é a que mais cresce e poderá passar dos
atuais 11% para 19% em 2050.
Trazendo este cenário para a Região Metropolitana do Vale do Aço, o que se constata é que a população, a exemplo do que
vem ocorrendo no Brasil, ficou mais madura nos últimos 10 anos e em 2030 poderá haver carência de mão de obra jovem para
suprir a demanda do mercado.
Segundo o último Censo do IBGE, no ano 2000 as cidades de Coronel Fabriciano, Timóteo, Ipatinga e Santana do
Paraíso tinham 8,91% de pessoas com idade entre 0 a 4 anos; em 2010, o número caiu para 6,67%. Na mesma estatística, as
pessoas com idade entre 50 e 59 anos representavam 6,80% da população total no ano de 2000 e em 2010 o número subiu para
10,90%. Um aumento de 4,10% (IBGE, 2010).
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30. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
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4.1 O ENVELHECIMENTO
4.1.1 NO MUNDO
O envelhecimento da população mundial é um fenômeno novo que vem ocorrendo em vários países de forma e ritmo
diferenciados, progredindo mais rapidamente nos países em desenvolvimento. Em todo o mundo, o que era privilégio de poucos,
no Século XXI passou a ser experiência de um número cada vez maior de pessoas viver mais. Vive-se mais devido a melhorias
substanciais nas condições de vida e nos avanços da medicina. Um mundo cada vez mais velho é fato que não pode ser ignorado,
conforme dados constantes no relatório “Envelhecimento no Século XXI”, publicado pelo Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA 2012):
“(...) no mundo todo, a cada segundo 2 pessoas celebram seu sexagésimo aniversário – em um total anual
de quase 58 milhões de aniversários de 60 anos. Uma em cada 9 pessoas no mundo tem 60 anos de idade ou mais, e
estima-se um crescimento para 1 em cada 5 por volta de 2050”.
Se o número de idosos cresce mais rápido do que outra faixa etária e os países em desenvolvimento assumem esta
liderança, fica então o desafio para governantes de estabelecerem políticas públicas de amparo mais eficientes e adequadas para
acompanhar as mudanças demandas por esse novo segmento. A reportagem publicada no Globo (2011), mostra a preocupação
com o acelerado envelhecimento da população, que representa conquista da humanidade, mas que precisa ser tratado de forma
diferente pela sociedade em geral:
“Para alguns pesquisadores, a questão da idade já ultrapassa a preocupação com os problemas ambientais
e de sustentabilidade como principal desafio para a demografia global”. “... Muitos se preocupam com o excesso
de população no mundo atual, mas está na hora de começarmos a nos preocupar com a escassez de pessoas”.
(REDE GLOBO, 2011)
31. NOVO LAR PARA IDOSOS
A grande preocupação com o envelhecimento acelerado é decorrente de números que apontam atualmente 800 milhões
de pessoas com mais de 60 anos no mundo, o que representa 11% da população. Em 2050, as projeções apontam para um
contingente de mais de 2 bilhões de idosos, o que constituirá 22% da população. Para assegurar a esta população o bem-estar no
presente e no futuro é urgente que governantes adotem estratégias próprias, em geral na área da saúde, já que hoje 47% dos idosos
e 23,8% das idosas participam da força de trabalho.
Figura 1 - Distribuição da população mundial por idade e sexo - 2011 e 2050*
Homens Mulheres
Homens - 2050 Homens - 2011 Mulheres - 2011 Mulheres - 2050
Fonte: Nações Unidas (UNITED NATIONS, 2013)
O gráfico mostra a distribuição da população mundial por idade e sexo em 2011 e 2050, sinalizando que em 40 anos haverá um
estreitamento da base e um alargamento do topo, mais intenso entre as mulheres.
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32. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Preocupada então com a proteção e atenção aos idosos, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu duas
conferências mundiais sobre o tema, sendo uma em Viena em 1982 e a outra em Madri em 2002. Na conferência é dado destaque
ao fato de que antes existia uma grande preocupação com a explosão demográfica no mundo. Falava-se que a população chegaria
rapidamente a 15 bilhões de pessoas, mas hoje os números mostram que não passará de 10 bilhões.
Segundo relatório da ONU (2011), a principal tendência da demografia global é que na maior parte dos países do mundo a
população não cresce mais, ou cresce menos do que no passado, resultado da tendência global de menor fecundidade. Mesmo no
terceiro mundo, o crescimento da população está diminuindo. Países considerados “jovens”, hoje convivem com uma população
que cresce bem mais lentamente, como ocorre no Brasil.
Dados ainda mostram que na China a taxa de nascimento já é preocupante, e na Índia, que ainda cresce mais, também está
diminuindo. Porém a estabilidade da população nesses dois países deve ser atingida em poucas décadas. Somente na África há um
crescimento populacional ainda grande, com média acima de 3 filhos por mulher. Na Europa a taxa de natalidade é de 1,53 e 2,03
na América do Norte e na Ásia. (REDE GLOBO, 2011).
O rápido crescimento da população mundial é fenômeno recente. Há cerca de 2.000 anos, a população mundial era de
cerca de 300 milhões. Foram necessários mais de 1.600 anos para que ela duplicasse para 600 milhões. Este crescimento teve
início em 1950, com reduções de mortalidade nas regiões menos desenvolvidas, o que resultou numa população estimada em 6,1
bilhões no ano de 2000, quase duas vezes e meia a população de 1950. Com o declínio da fecundidade na maior parte do mundo, a
taxa de crescimento global da população tem decrescido desde seu pico de 2,0%, observado no quinquênio 1965-1970.
(NAÇÕES UNIDAS, 2011).
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33. Figura 2 - Aumento da população mundial
Fonte: Reportagem Globo, G1, 2011.
NOVO LAR PARA IDOSOS
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34. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Figura 3 - População idosa no mundo de 1960 a 2020
0 100 200 300 400 500
Fonte: Ministério da Saúde – Programa Saúde do Idoso, 2002.
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1960
1980
2000
2020
Países desenvolvidos
Países em desenvolvimento
População em milhões
35. NOVO LAR PARA IDOSOS
Em relação à longevidade no mundo, outro importante ponto para entender o envelhecimento da população, tem-se que
a Península Macau, situada na China, ocupa o 1º lugar, apresentando uma expectativa de vida de 84,36 anos. O Brasil ocupa o 123º
com 71,99 anos e o último colocado na pesquisa ficou para Angola, na África que ocupa o 224º lugar com 38,20 anos. É
importante observar que os últimos lugares na classificação da expectativa de vida ficaram no continente Africano (Libéria,
Moçambique, Lesoto, Zâmbia e Angola), países mais pobres, onde altas taxas de fecundidade dificultam o desenvolvimento e
perpetuam a pobreza, conforme apontado em estudo da ONU e mostrado no gráfico abaixo. (NAÇÕES UNIDAS, 2011).
Não há como negar que o envelhecimento no mundo traz grandes preocupações por ser um fenômeno ao qual os países
estão tentando se adaptar. De um modo geral a área da saúde é a mais afetada pela crescente demanda de serviços. Sendo assim,
Figura 4 - Expectativa de vida no mundo
Fonte: ISTOÉ Independente, ed. 2105, 2010.
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36. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
pode-se afirmar que se existe aumento da necessidade de cuidados com esta população, existe também o aumento de demandas
por opções de moradias especiais, principalmente para os idosos de baixa renda, já que são retirados do mercado de trabalho,
passando a sobreviver com o valor recebido na aposentadoria ou no benefício da LOAS (Benefício de Assistência Social ao Idoso
e ao Deficiente). Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2014), apontam que pelo menos 48% das pessoas em
todo o mundo, com idade para se aposentar, não recebem nenhum tipo de benefício, enquanto os 52% que têm acesso a algum
provento não recebem o valor adequado.
4.1.2 NO BRASIL
Brasil, país com uma população estimada de 201.032.714 habitantes, que de acordo com os dados mais recentes do IBGE
(2010), vem passando por transformações significativas a partir do crescente envelhecimento da população. Fenômeno este que,
como já descrito no capítulo anterior, ocorreu inicialmente nos países desenvolvidos atingindo rapidamente os países em
desenvolvimento, tornando a longevidade uma característica do mundo atual. (PRADO e DUTRA, 2004).
No Brasil, este processo ganhou maior espaço ao longo da segunda metade do século XX e tomou maior impulso a partir
de sua última década. Em 1950, o Brasil era o 16º país em número de idosos, em 2025 será o 6º.
O Brasil hoje é um “jovem país de cabelos brancos”. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à
população brasileira, a maior parte com doenças crônicas e alguns com limitações funcionais. O Brasil passou de
um cenário de mortalidade próprio de uma população jovem para um quadro de enfermidades complexas e
onerosas, típica dos países longevos, caracterizado por doenças crônicas e múltiplas que perduram por anos, com
exigência de cuidados constantes, medicação contínua e exames periódicos. (REVISTA DE SAÚDE PÚBLICA,
2009).
Pode-se dizer que o aumento da expectativa de vida no cenário nacional ocorreu nos últimos 60 anos, impulsionado pelos
avanços tecnológicos relacionados à área da saúde, que possibilitaram maior acesso às vacinas, antibióticos, quimioterápicos,
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37. NOVO LAR PARA IDOSOS
dentre outros medicamentos, tornando possível a
prevenção e a cura de muitas doenças. Fato que aliado à
queda da fecundidade, permitiu a explosão demográfica de
pessoas com mais de sessenta anos.
“ O B r a s i l p a r e c e t e r
definitivamente “descoberto” a
velhice. Depois do Ano Nacional do
Idoso, em 1999, ganhou destaque o
mais recente congresso da Sociedade
B r a s i l e i r a d e G e r i a t r i a e
Gerontologia (SBGG), realizado na
capital do país, em junho de 2000”.
(DIRETÓRIO DOS GRUPOS DE
PESQUISA NO BRASIL DO
CNPq,2000).
Neste contexto, é a partir de 2000 que estudos
sobre a velhice ganham espaço no país, já que idade
avançada era coisa de países da Europa ou do Japão.
Embora projeções estatísticas já indicavam esta faixa etária
como a mais crescente na maioria dos países em
desenvolvimento.
No intuito de apurar e acompanhar os índices de
envelhecimento no país, dados estatísticos passaram a ser
levantados e divulgados por órgãos oficiais do Brasil.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 2010), tem-se que no período de 1999 a 2009, o
índice relativo dos idosos (60 anos ou mais de idade) no
conjunto da população passou de 9,3% para 11,3%,
percentual ainda maior no período de 2009 a 2011 onde
houve aumento de 7,6%., ou seja, mais de 1,8 milhão de
pessoas. Em 2050 estima-se que haverá 64 milhões de
pessoas idosas, o que corresponde a 30% da população
brasileira.
Quanto à estratificação dos índices por sexo, em
documento da Presidência da República (2011),
Coordenação Geral dos Direitos do Idoso, a estatística
aponta para uma feminilização da velhice em 2020, em que
14,0% da população feminina contra 11,1% da população
masculina serão de pessoas idosas. Segundo dados do
IBGE (2010), as mulheres continuarão vivendo mais que os
homens e em 2060 a expectativa de vida delas será de 84,4
anos contra 78,03 dos homens. Esta predominância do
sexo feminino entre os idosos mostra que serão elas as
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38. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
maiores dependentes dos cuidados disponibilizados nas
políticas públicas.
Ainda no mesmo relatório, a partir de 2043 o país
sofrerá um declínio da população, que terá prováveis
implicações na economia com menos pessoas para produzir e
gerar renda. A redução da população será acompanhada de
um acelerado envelhecimento. O grupo de mais de 65 anos
será mais de um quarto (26,7%) dos brasileiros em 2060,
sendo que hoje representa 7,4%.
Os gráficos abaixo mostram que na década de 40 a
pirâmide brasileira começa a tomar forma invertida, resultado
do aumento da terceira idade e diminuição da porcentagem de
jovens, reafirmando a permanência do maior número de
idosos do sexo feminino.
2013 2040 2060
Pessoas com mais de 65 anos serão mais de um quarto dos brasileiros em 2060, segundo projeção do IBGE.
O percentual desse grupo representa 7,4% do total de pessoas que vivem no país em 2013.
Fonte: Costa, 2010
Figura 5 - Pirâmides etárias absolutas
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Milhões de pessoas
Idade
Homens - 2011 Mulheres - 2011
39. NOVO LAR PARA IDOSOS
Comparando a pirâmide etária relativa da França
em 2005 com a do Brasil em 2050, tem-se que, no máximo
em 40 anos, a brasileira será semelhante à da França atual. O
país terá taxa de natalidade mais baixa e, com isso, média de
idade maior, como pode ser observado no gráfico abaixo
(IBGE, 2010).
Figura 6 - Pirâmide etária relativa - França 2005 e Brasil 2050 (%)
Confrontando agora o Brasil com a África,
observa-se que há 50 anos, nosso país tinha o mesmo perfil
etário do continente africano hoje: muitos jovens e
crianças. Desde então, a população cresce em ritmo cada
vez mais lento e apresenta um crescimento da faixa juvenil
muito inferior aos apresentados em países da África,
conforme demonstrado no gráfico. (IBGE, 2010).
Figura 7 - Pirâmide etária relativa - África 2005 e Brasil 1960 (%)
Fonte: Costa, 2010 Fonte: Costa, 2010
Em análise dos dados referentes à condição econômica da população geral de idosos, os registros apresentam que 57,9%
são aposentados e a renda familiar per capita se distribui da seguinte maneira: 43,2% até 1 salário mínimo, 29,0% de 1 a 2 salários
mínimos e 22,9% mais de 2 salários mínimos. O que aponta uma grande massa com baixo poder aquisitivo e ainda, em alguns
casos, como sendo a principal fonte de renda da família. (IBGE, 2010).
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40. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Já em relação à saúde apresentada por essa população de idosos, dados confirmam que envelhecer sem doença crônica é
uma exceção, tendo em vista que 48,9% dos idosos sofrem de mais de uma doença crônica e no subgrupo de 75 anos ou mais de
idade, a proporção atinge 54,0%. Além das doenças crônicas, esta população passa por mudanças físicas, psicológicas e sociais
que ocorrem de diferentes formas, embora a expectativa de vida ao nascer está ascendente saindo de 69,8 anos em 2000 para 81,2
anos em 2060 (IBGE, 2010).
Com o avanço da idade, maiores são as chances do surgimento de doenças crônicas e degenerativas que não possuem cura
e cerceiam os idosos da liberdade e da autonomia. Uma das formas mais conhecidas são as demências, sendo a mais comum o Mal
de Alzheimer.
Para enfrentar o quadro de envelhecimento da população, a partir da década de 90, o governo brasileiro passou a dedicar
legislações e programas sociais à população idosa. Políticas públicas foram repensadas pelos governantes. Como primeiro
impulso, destaca-se a Constituição de 1988. Em seguida surge então a Política Nacional do Idoso (PNI), promulgada em 1994 e
regulamentada pelo Decreto nº 1948, de 03 de junho de 1996. Política que assegura os direitos sociais à pessoa idosa, ao criar
condições para promover sua autonomia, sua integração e sua participação efetiva na sociedade, já que a velhice é inevitável e
exige políticas próprias. “A velhice é a mais inesperada de todas as coisas que acontecem a um homem”. (TROTSKY, DIÁRIO
DO EXÍLIO, 1935).
Esse envelhecimento desencadeia profundas mudanças na sociedade de um modo geral, atingindo principalmente as
áreas da saúde, da filosofia e da política. Tom Kirkwood (2001, p.71), em seu livro “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”, levanta
uma discussão sobre o que se pensa da velhice enquanto um processo necessário e inevitável:
”(...) Duas das ideias mais comuns sobre a velhice, no entanto, são falsas. A primeira diz que a velhice é
inevitável porque simplesmente temos que sofrer desgaste. A segunda, que é necessária e que somos
programados para morrer porque, de outra maneira, o mundo ficaria intoleravelmente congestionado de gente. O
envelhecimento, contudo, nem é inevitável nem necessário, pelo menos não da maneira como supõem tantas
pessoas. É uma boa notícia essa, se temos esperança de, eventualmente, melhorar a condição e a qualidade de vida
na velhice”.
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41. NOVO LAR PARA IDOSOS
A discussão proposta pelo autor mostra que o grande desafio consiste na descoberta do envelhecer como simplesmente
passar para uma nova etapa da vida. Uma nova fase que deve ser vivida de maneira positiva, saudável e feliz e que é preciso investir
na velhice como se investe na infância e na juventude.
Portanto, sendo o envelhecimento um fato que caminha a passos largos no mundo e no Brasil, cabe então à sociedade
buscar novas soluções para assistir adequadamente a este grupo. No que se refere à longevidade, de acordo com o
Ministério da Saúde (2009), o Brasil tem se organizado na tentativa de responder às crescentes demandas desta população,
preparando-se para enfrentar as questões da saúde e do bem estar do idoso.
Como providência ainda em 1º de outubro de 2003 foi sancionada a lei 10.741, que dispõe sobre o estatuto do idoso e dá
outras providências. Dentre todas as medidas nele previstas, trata também da questão da moradia, no capítulo IX, artigo 37 onde
consta: “O idoso tem direito à moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares,
quando assim o desejar, ou ainda, em instituição pública ou privada”.
Considerando o preconizado nesse artigo e pensando nos crescentes índices de doenças crônicas e degenerativas que
acometem o indivíduo, principalmente em idade mais avançada, fica a certeza de que haverá um aumento de demandas por lares
que ofereçam soluções ou adaptações nos ambientes, a fim de torná-los mais agradável, seguro e confortável. Fica então para o
arquiteto o papel de reinventar novos conceitos de Arquitetura e Urbanismo, em atendimento aos cuidados requeridos por esta
faixa etária.
4.1.3 NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO
Estreitando a análise do envelhecimento, para melhor entendimento e identificação da área de atuação, cuidará este
capítulo dos dados relativos à população idosa residente nos municípios que integram a Região Metropolitana do Vale do Aço
(RMVA), tanto do ponto de vista da distribuição por faixa etária e sexo, como de políticas públicas municipais.
54
42. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Para constatação se há na região aumento dos idosos, como vem ocorrendo no mundo e no Brasil, dados serão analisados
e confrontados com outras cidades do país, bem como com cidades de outros países, para verificação e entendimento do
comportamento da velhice no Vale do Aço. Para confiabilidade estatística, serão utilizados dados disponibilizados por órgãos
oficiais do governo. A seguir, ainda como forma de verificação da tendência apresentada nos quatro municípios, dados serão
confrontados com os registrados para o Estado de Minas Gerais, Brasil e Mundo.
As análises contribuirão ainda para a definição do projeto a ser proposto, no que se refere ao tipo de modalidade de longa
ou temporária permanência, município de atuação e seleção da instituição para intervenção.
A discussão iniciará a partir da reportagem do caderno de notícias do dia 25/12/2011, onde consta: “Cidades da região
estão ficando mais maduras”. Ainda em destaque informa que “A população idosa aumentou 4,10% nas cidades-polo do Vale do
Aço nos últimos 10 anos, e em 2030 pode haver carência de mão-de-obra jovem para suprir a demanda”.
A preocupação relatada acima é decorrente do fato de que o envelhecimento retira o indivíduo do meio produtivo,
diminuindo a mão-de-obra disponível. Ainda o cenário é agravado pela diminuição da fecundidade apresentada na região,
conforme mostra os índices apontados em pesquisa do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE 2010):
“(...) na década de 80 havia em média 5,8 pessoas por domicílio no Vale do Aço. Em 2010, esse número passou
para 2,9. Seguindo essa tendência nacional, num período de uma década o índice de nascimentos na região do Vale
do Aço caiu bastante”.
Dados que confirmam a Região Metropolitana do Vale do Aço com o mesmo comportamento identificado no Brasil e no
Mundo, tanto do ponto de vista do crescimento do número de idosos como pela redução da taxa de fecundidade.
Segundo o Coordenador Regional do IBGE, João Braga (2010):
“(...) a população do Vale do Aço está envelhecendo numa proporção quase que geométrica e, infelizmente, os
gestores governamentais não estão investindo em políticas públicas para atender a demanda na mesma
proporção. Essa é uma realidade que foi constatada em todo o país no último Censo”.
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43. NOVO LAR PARA IDOSOS
Pode-se afirmar que os problemas oriundos do envelhecimento na população no Vale do Aço, não diferem das demais regiões do
país: “novo” segmento que cresce assustadoramente, exigindo maior atenção e cuidado pela sociedade. O que agrava ainda mais é que poucas
são as políticas públicas de amparo ao idoso e mesmo assim apresentam baixo índice de cumprimento. Atores que alavancaram o
desenvolvimento da região siderúrgica são hoje personagens esquecidos, ficando normalmente desprovidos de cuidados e atenção.
Ainda analisando os dados estatísticos do último Censo do IBGE, tem-se que em dez anos o índice de crianças nos quatro
municípios do Vale do Aço caiu, mas em contrapartida subiu 4,10% o número de pessoas entre 50 a 59 anos de idade, conforme
dados abaixo:
“(...) em 2000 Coronel Fabriciano, Timóteo, Ipatinga e Santana do Paraíso tinha 8,91% de pessoas
com idade entre 0 a 4 anos; em 2010, o número caiu para 6,67%. Na mesma estatística, as pessoas com
idade entre 50 e 59 anos representavam 6,80% da população total no ano de 2000 e, em 2010, o número
subiu para 10,90%. Um aumento de 4,10%”.
As fotos abaixo mostram cenas de uma reportagem em comemoração ao dia do idoso, realizada no município de Coronel
Fabriciano em 1º de outubro de 2011. Nesta atividade organizada pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) são
destacados os números de 37.000 idosos registrados na Região Metropolitana do Vale do Aço, bem como o aumento de 32%
desta população.
Figura 8 - Comemoração ao dia do idoso em Coronel Fabriciano 2011
Reportagem do CRAS – Comemoração Dia do Idoso, 1º Outubro de 2011.
56
44. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Como o envelhecimento é um fenômeno da atualidade, faz-se necessário o comparativo entre os números registrados no
ano de 2000 e 2010, nos municípios estudados, para verificação do comportamento dessa população frente às faixas etárias. As
análises serão realizadas para cada município, separadamente, no intuito de levantar um diagnóstico que possibilite a escolha da
instituição a ser beneficiada pela proposta “Novo Lar para Idosos”.
Município de Coronel Fabriciano:
Segundo o Censo de 2010, foi registrado um total 103.694 habitantes residentes no município, sendo seu Produto Interno
Bruto (PIB) com destaque na área de prestação de serviços.
No que se refere ao Desenvolvimento
Humano Municipal (IDH-M) se classifica
como Alto, com um índice de 0,744. Em
relação ao IDH-M de Longevidade na faixa de
muito alto com 0,852 e no IDH-M de Renda
alto com 0,793.
Para verificação da evolução do
envelhecimento no município, comparando as
pirâmides de distribuição da população por
sexo, segundo os grupos de idade, tem-se no
ano de 2000 o registro de 7.559 idosos, sendo
3.332 do sexo masculino, o que corresponde a
3 , 5 % e 4 . 2 2 7 d o s e x o f e m i n i n o ,
correspondendo a 4,3% desta população.
Figura 9 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Coronel Fabriciano (MG) - 2000
Fonte: Censo IBGE, 2000
57
45. NOVO LAR PARA IDOSOS
58
Já em 2010 este número passa para
11.248, distribuídos em 4.862 do sexo
masculino, com um percentual de 4,7% e 7.559
do sexo feminino, correspondendo a 6,1%,
conforme verificado ao lado:
Comparando os dados da pirâmide de
2000 com os de 2010, tem-se em 10 anos um
aumento de 67% da população de idosos no
município e ainda o número de mulheres sendo
superior ao dos homens. Mesmo com este
percentual de envelhecimento bastante
expressivo, Coronel Fabriciano não possui
política pública específica de amparo ao idoso,
Figura 10 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Coronel Fabriciano (MG) - 2010
Fonte: Censo IBGE, 2010
estão atualmente se organizando para constituição da mesma.
Outro dado importante é a existência somente de uma Instituição de Longa Permanência para atender a demanda de
moradia especial para esta faixa etária, subsidiada pela Prefeitura Municipal.
· Município de Ipatinga:
Para este município, o Censo de 2010 registrou uma população de 239.468 habitantes, sendo seu PIB o maior da
microrregião onde está inserido, se destacando na área indústria. Apresenta IDH-Municipal alto com índice de 0,771, índice de
Longevidade muito alto com 0,864 e índice de Renda alto com 0,752. Cidade apontada em 2013 como a que apresentou o melhor
IDH do Vale do Aço, ocupando a 220ª posição na classificação de melhor região para se viver. (G1, 2013).
46. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
59
A pirâmide de distribuição populacional,
ao lado, mostra a faixa etária acima de 60 anos de
idade, em 2000, com um total de 12.975 pessoas,
sendo 5.895 do sexo masculino, correspondendo
a 2,8% e 7.080 do sexo feminino, representando
3,3%.
No ano de 2010, conforme demonstrado
na pirâmide, a população de idosos aumentou
em 57%, totalizando 22.854 pessoas, ficando
distribuídas entre 10.366 masculinos,
representando 4,3% e 12.488 femininos,
correspondendo a 5,2%.
Figura 11 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Ipatinga (MG) - 2000
Fonte: Censo IBGE, 2000
Figura 12 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Ipatinga (MG) - 2010
Fonte: Censo IBGE, 2010
47. NOVO LAR PARA IDOSOS
Ipatinga também apresenta elevado percentual de envelhecimento da população, porém o município possui, desde de
08 de agosto de 2012, a Lei nº 3.091, que dispõe sobre a Política Municipal do Idoso e sobre o Conselho Municipal do Idoso,
visando assegurar a esta faixa etária os direitos sociais, promover sua integração e efetiva participação na sociedade.
Em seu Artigo 4º esta política tem como instrumento de deliberação, de ações e de captação de recursos, respectivamente:
I - o Conselho Municipal do Idoso de Ipatinga - CMII;
II - o Fundo Municipal do Idoso de Ipatinga - FMII;
III - a Conferência Municipal do Idoso.
Para atendimento ao público de idosos que necessitam do acolhimento em moradias especiais existem três Instituições de
Longa Permanência para Idosos (ILPI) e uma Residência Inclusiva, que cumprem os requisitos previstos na política pública
municipal.
Município de Santana do Paraíso:
Com 27.265 habitantes registrado no censo de 2010, tem seu PIB com destaque para serviços e agropecuária. Em seu
IDH Municipal apresentou, em 2010, um índice de 0,685, estando na faixa média, IDH-M de Longevidade muito alto com índice
de 0,878 e IDH-M de Renda médio para um índice de 0,663.
Quanto à evolução do envelhecimento no municipio, segundo dados coletados no censo do IBGE e demonstrado no
gráfico, tem-se no ano de 2000 o registro de 1.224 idosos, sendo 596 pessoas do sexo masculino representando 3,2% e 628 do
sexo feminino representando 3,3%.
60
48. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Figura 13 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Santana do Paraíso (MG) - 2000
Fonte: Censo IBGE, 2000
Figura 14 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Santana do Paraíso (MG) - 2010
Fonte: Censo IBGE, 2010
No gráfico de 2010 esta faixa etária
apresentou um aumento de 53%, passando para
2.288 pessoas com idade acima de 60 anos,
distribuída entre 1.099 do sexo masculino sendo
3,9% e 1.189 do sexo feminino sendo 4,5%.
A e l e v a ç ã o d o p e r c e n t u a l d e
envelhecimento da população no período de 10
anos, confirma a tendência do município para o
aumento de idosos, bem como a feminilização
da velhice. Esta faixa etária enfrentará maiores
desafios, considerando a classificação mediana
nos índices de desenvolvimento humano
municipal e de renda, ag ravados pela
inexistência de política pública específica para
amparo a este segmento.
Há carência também na disponibilidade
de moradia especial para assistir os velhos, já que
o município possui somente uma Instituição de
Longa Permanência para Idosos (ILPI),
subsidiada pela Prefeitura Municipal.
61
49. NOVO LAR PARA IDOSOS
Município de Timóteo:
Com uma população de 81.243 habitantes registrados pelo censo de 2010, o muncípo tem o segundo maior PIB de sua
microrregião, perdendo apenas para Ipatinga, destaca-se na área industrial. Também em 2010 apresentou IDH Municipal na
classificação alto, de Longevidade muito alto e de Renda alto.
Em relação à pirâmide de distribuição da população por sexo, em 2000 foi registrado um total de 5.434 pessoas com idade
igual ou superior a 60 anos, sendo 2.508 do sexo masculino, representando 4,8% e 2.926 do sexo feminino, com 4%.
Figura 15 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Timóteo (MG) - 2000
62
Fonte: Censo IBGE, 2010
Em 2010, o gráfico aponta para um acréscimo de 63% do segmento da terceira idade, ficando com um total de 8.599
pessoas, distribuidas entre 3.789 do sexo masculino, com 4,8% e 4.810 do sexo feminino representando 5,8%.
50. Timóteo, como os demais municípios
da RMVA, confir ma a tendência ao
envelhecimento da população e à feminilização
da velhice. Para enfrentar os desafios advindos
deste cenário, está se organizando para
aprovação de uma política pública de amparo
ao idoso. Como moradia especial para
acolhimento a este público da terceira idade
possui uma Instituição de Longa Permanência
para Idosos (ILPI), que mantem convênio com
a Prefeitura Municipal.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Figura 16 - Distribuição da população por sexo, segundos os grupos de idade
Timóteo (MG) - 2010
Fonte: Censo IBGE, 2010
Diante dos dados registrados, constata-se no Vale do Aço a mesma tendência levantada pelos censos demográficos
realizados no mundo e no país, onde a população envelhece e apresenta um número maior de longevos do sexo feminino.
Neste sentido, se o cenário aponta para o futuro tendo os idosos como maioria é preciso então que haja construção de
novos paradigmas, novas leis de atenção e superação de preconceitos, possibilitando aos mais velhos o convívio na sociedade
como indivíduos que possuem direitos como as crianças e os adolescentes.
Embora Ipatinga com um aumento de 57% de pessoas idosas, se comparada aos demais municípios da RMVA, não
apresente o maior índice de envelhecimento da região, perdendo em classificação para Coronel Fabriciano (67%) e Timóteo
(63%), possui um número expressivo de pessoas nesta faixa etária num total de 22.854, correspondendo a 9,5% dos habitantes em
2010. Quatro anos se passaram e pela tendência ao crescimento, este número não mais representa a realidade do município.
Influenciaram também na escolha o crescimento de 12,72% na taxa de Desenvolvimento Humano, comparando os
63
51. NOVO LAR PARA IDOSOS
números de 2000 e 2010, em que pessoas tem melhor
qualidade de vida e consequentemente longevidade, maior
acesso à educação e renda; e a existência de Lei Municipal
de Amparo ao Idoso, que permite além dos cuidados
necessários a esta população a possibilidade de captação de
recursos sociais para melhorias do espaço.
Considerando ainda, a tarefa de uma proposta de
ressignificação do espaço e seu caráter em uma instituição
asilar, que na atualidade recebe nomenclatura de
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), mas
em sua trajetória histórica mostra poucas mudanças na
contextualização da sociedade, do ponto de vista de
sentimento e de tipologia arquitetônica, faz-se necessária
intervenção que possibilite ao lugar o estabelecimento de
vínculos e de pertencimento.
Fica então definida a cidade de Ipatinga para aplicação do projeto
“Novo Lar para Idosos”, por oferecer três moradias especiais de longa
permanência, que contribuirão com dados e informações significativas no
estudo de casos, instrumento a ser utilizado para definição da instituição a
receber a intervenção.
64
52. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
4.1.4 O IDOSO NA FAMÍLIA E NA SOCIEDADE
Analisar as relações do idoso com a família e a sociedade é importante para o entendimento das especificidades advindas
com o processo do envelhecimento. A longevidade é uma questão da atualidade como pode ser verificado na reportagem “Como
Viver Mais e Melhor”, publicada na Revista Veja, edição 2121, de 15 de julho de 2009:
“(...) envelhecer já foi um milagre, um sonho e também uma sentença cruel. Nossos poetas
românticos, por exemplo, almejavam a vida curta, cravejada de muita tosse e olhos fundos, aureolados de
acentuadas olheiras. E, quando a vida se estendia, sentiam-se traídos pelo destino, envergonhados diante da
posteridade (...)”
O trecho da reportagem evidencia o “retrato antigo” de uma velhice indesejável e desrespeitosa, diferentemente
do que ocorre em países orientais, onde a velhice é objeto de adoração pela idade acumulada e pela sabedoria adquirida ao longo
dos anos. Tamanho respeito e atenção que desde 1947, no Japão comemora-se o “Dia do Respeito aos Idosos” (Keiro no Hi),
motivo de orgulho para os mais jovens que procuram os mais velhos em busca de conhecimento e experiência.
Para a atualidade, longevos modificam este conceito, pois buscam maior qualidade de vida e alegria de viver, como
evidenciado em trecho da mesma reportagem “(...) mas isso são histórias do Século XIX, quando viver não estava na moda. Hoje,
mais do que viver simplesmente, está na moda a alegria de viver”. Época marcada por uma população crescente que busca novas
oportunidades e novas concepções de vida. Neste sentido, a velhice no Século XXI não pode ser visualizada somente pelo viés do
aumento crescente de pessoas que envelhecem, mas também pelo modo como estas pessoas se organizam em busca de novas
oportunidades e de novas concepções de vida.
Porém, embora esteja na moda a alegria de viver, a longevidade traz em seu contexto relações que se modificam, o idoso
perde seu lugar de comando na família e há uma inversão dos papéis onde os filhos passam a se responsabilizar pelos pais,
consequentemente as pessoas idosas se tornam cada vez mais dependentes.
65
53. NOVO LAR PARA IDOSOS
Para melhor discorrer sobre as relações que envolvem o idoso na família, faz-se necessário buscar o significado deste
termo. Instituição que vem sofrendo modificações ao longo dos séculos e que afetam a crescente população da “Melhor Idade”,
que além de buscar viver mais e melhor, carece de uma relação duradoura e estreita com sua família. De acordo com Holanda
(1986, p.755, 2 ed.), “Família são pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os
filhos. Pessoas do mesmo sangue. Ascendência, linhagem, estirpe”.
O conceito de família constituída por pai, mãe, filhos, na mesma casa, pessoas do mesmo sangue, nos dias atuais tem sido
modificado e não há como negar que os comportamentos têm alterado esses padrões. A formação do núcleo familiar é afetada,
dentre outros fatores, pela diminuição do número de membros da família, pelos elevados índices de divórcio, pela falta de pessoas
em casa para cuidar do idoso. Além deste cenário, ainda há o envelhecimento dos membros da família, que requerem maior
cuidado pela dependência gerada, como constatado na matéria “Como Construir o Futuro” (Revista Veja on-line), em que a
pesquisadora Ana Amélia Camarano, do IPEA (Instituo de Pesquisas Econômicas Aplicadas) afirma:
66
“A sociedade não está preparada
para cuidar do parente que
envelhece”. “Muitos lares não
têm sequer espaço físico, muito
menos estrutura emocional e
financeira para lidar com esse tipo
de situação”. “Por isso é tão
frequente haver brigas de família
para saber quem vai cuidar do
v o v ô e m u i t o s i d o s o s
simplesmente perdem o direito a
um endereço fixo, morando ora
com um filho, ora com outro,
sentindo-se um peso para todos”.
(CAMARANO citado por VEJA
ONLINE, 2006).
54. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Neste sentido, a falta de gente em casa com tempo para se dedicar ao idoso também impacta sobre as estratégias familiares
nos cuidados necessários a esta faixa etária. Funções que antes eram concentradas no ambiente familiar são transferidas para
outras instituições.
Além da família é preciso pensar o idoso no convívio social, de forma a possibilitar a troca de experiência e afeto sem
segregá-lo da sociedade. Isto requer a criação de uma estrutura que estimule novos caminhos para o idoso que possa refletir em
reversão dos sentimentos de tristeza, inutilidade e abandono.
Em face de tal situação, e como o envelhecimento da população é um fenômeno mundial, o Brasil que já foi considerado
um país de jovens, está agora, segundo estatísticas do IBGE (2010), caminhando a passos largos para seu envelhecimento, é
urgente que conceitos sejam modificados a partir do novo olhar do espaço arquitetônico disponibilizado ao idoso. Isto é,
enxergar a velhice não como problema, mas sim como oportunidade para proposição de uma arquitetura mais funcional e
inclusiva, que possibilite ao indivíduo a moradia segura e confortável, que quebre o paradigma do abandono e desamparo familiar
e crie possibilidades para o estabelecimento de um novo conceito de vida plena, onde o idoso passa a ser o sujeito da ação e possa
ser reconhecido como um cidadão de direitos.
“Se existe alguma certeza quanto ao futuro, é a de que ele será mais velho. Aos poucos, o mundo ao nosso
redor terá cada vez mais idosos, resultado de um movimento demográfico no qual a taxa de fecundidade
continuará caindo e a expectativa de vida, subindo”. (ISTOÉ, 2009).
Conclui-se então que como o envelhecer é um processo natural e crescente que caracteriza uma fase do indivíduo, que a
longevidade traz em seu conceito o acúmulo de idade, com diversidade da condição de saúde, e que no âmbito familiar a velhice
assiste às alterações dos papéis de cada membro, é preciso repensar nossas moradias destinadas a esta população de forma
diferente e que criem condições para que a velhice não só acrescente anos à vida, mas também acrescente vida aos anos.
67
55. NOVO LAR PARA IDOSOS
68
4.2 O ASILO
4.2.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ASILAR
A Instituição Asilar não é uma prerrogativa da
vida moderna e pode ser considerada a mais antiga
modalidade de amparo e cuidado ao idoso fora de sua
família. De origem assistencialista, o asilo foi criado a
séculos para abrigar e atender pessoas pobres e doentes
em situação de exclusão social.
Historicamente, foi o cristianismo o pioneiro no
amparo a estas pessoas que ficavam subjugadas à própria
sorte, como missão social da igreja baseada no ministério
cristão. No artigo “Trajetória das Instituições de Longa
Permanência para Idosos no Brasil” de Oliveira Araújo,
Souza, Mancussi e Faro (S.D.), as autoras mencionam:
“Há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo
Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa
em um hospital para velhos”. (ALCÂNTARA; 2004,
P.149).
A institucionalização do asilo, portanto se dá
pelo cristianismo, que acolhe e protege uma classe
64. 4.2.3 O CORPO NO ESPAÇO
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Este capítulo tratará da análise fenomenológica da instituição asilar, em seu conceito de espaço social fechado, onde regras
são estabelecidas e impostas ao idoso no sentido de limitar e homogeneizar as atividades diárias dos internos, para melhor
entendimento das relações e dos vínculos ali presentes.
O texto “O Fenômeno do Lugar” de Christian Norberg Schulz (1976), será utilizado como fundamentação teórica, uma
vez que é preciso verificar o valor do lugar como algo perceptível, carregado de significância e caráter utilitário, em seu equilíbrio
entre espacialidade e expressão construtiva.
Sua abordagem, utilizando-se da linguística numa ótica estruturadora do pensamento e da Gestalt sobre o entendimento
da percepção e simbologia atribuída às coisas e lugares, complementará o entendimento do valor simbólico do asilo e suas
funções enquanto moradia de idosos, com seus projetos que alteram o desenho urbano e traz significância ao espaço.
Buscou no conceito de Fenomenologia definido por Edmund Husserl (1859-1938), “como sendo uma investigação
sistemática da consciência e seus objetos”, fundamentos para sua teoria da fenomenologia como sendo um “método” que exige
um “retorno às coisas, em oposição às abstrações e construções mentais”.
Por outro lado, é preciso também ver o idoso, enquanto ator social, que vai reduzindo o seu “eu” na medida em que a
instituição é menos aberta para o mundo exterior, como ocorre nos manicômios, prisões e conventos.
Foi, portanto, a partir do pensamento das relações que se dão entre construir e habitar e da missão da arquitetura em
possibilitar experiências e sensações que um espaço pode causar que Norberg-Schulz baseou sua teoria.
Método que vêm para contestar pensamentos prevalecentes no modernismo, em que predominou o excesso de
funcionalismo, sistemas estruturais e reprodução dos modelos. Fato que provocou na arquitetura o afastamento do ser humano.
Era preciso então retomar os conceitos e buscar uma arquitetura mais humanizada, pensada para seu usuário de forma única,
possibilitando vivências e sensações de acordo com o uso e o espaço.
Neste contexto e influenciadas pelas ideias preconizadas pelo modernismo, estilo que tomou vulto principalmente a partir
77
65. NOVO LAR PARA IDOSOS
da primeira metade do século XX, surgem as edificações
asilares, com sua construção fechada, para recolhimento de
indivíduos esquecidos em sua valorização enquanto seres
humanos.
O desejo de afastar indivíduos velhos, doentes e
indesejáveis do convívio com a sociedade, fomentou a
criação de uma tipologia construtiva que muito se
assemelha ao sistema prisional, onde se vê quartos
dispostos ao longo de corredores, um pátio central para o
banho de sol e cercada por muro, impedindo o contato
entre o interior e o exterior. Lugar que não inspira e nem
possibilita pessoalidade e sentimento de pertencimento.
Para Norberg-Schulz,1976, a fenomenologia da
arquitetura criaria e impulsionaria a capacidade da
ressignificação do ambiente com a criação de lugares
específicos, já que a mente, segundo princípio da Gestalt,
configura os registros que chegam a ela mediante a
percepção ou a memória e permite que o mundo seja visto
como um todo e não em partes, tornando assim mais
explícito o que está implícito.
Neste sentido a arquitetura passa a ser vista não só
pelos métodos construtivos, ou estruturais, mas também no
sentido da necessidade de haver interação e intenção em
causar sensações.
Ainda no intuito de explicitar as ideias da interação
entre lugar e identidade, utiliza-se da antiga noção romana
do “Genius loci” (espirito do lugar), para mostrar a
significância e a ligação do espaço com o sagrado. É
baseado então no “Genius loci”, que Norberg-Schulz
“interpreta o conceito de habitar, como estar em paz num
lugar protegido”. Em sua teoria, o lugar tem grande
importância por ser a totalidade criada entre as coisas
concretas e a qualidade ambiental. Elege o lugar e a cidade
como possuidores de um espirito próprio e inconfundível,
que dialogam com as necessidades do homem
contemporâneo.
Com base então no conceito de habitar, “como
estar em paz num lugar protegido”, cabe aqui uma
indagação de qual é o caráter dado à instituição asilar, uma
vez que pessoas são retiradas do lar, involuntariamente, e
instaladas em um lugar sem vínculo e sem valor simbólico,
estabelecendo uma ruptura em sua história de vida.
Ainda para Norberg-Schulz o “cercamento” é
colocado em seu texto, como um importante fator para
delimitar ou diferenciar um lugar no espaço e ainda
possibilita a materialização mental da construção, objeto da
78
66. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
arquitetura. Traz neste conceito a ideia de que o arquiteto
deve agir sobre a cultura e mudar as coisas, de forma a
tornar clara a localização da existência humana, que está
entre o céu e a terra.
O cercamento como limite ou diferenciador de um
lugar no espaço nos asilos são os muros construídos ao
redor da edificação, com a intenção de impossibilitar o
contato dos internos com o mundo exterior. Isso porque as
pessoas ali colocadas não possuem mais contribuições para
o crescimento da sociedade, nem tampouco necessitam
experimentar sensações com a materialização mental da
construção.
Neste contexto, o cercamento da instituição asilar,
baseado na teoria de Norberg-Schulz, deveria proporcionar
a continuidade da existência humana cercada por
fenômenos concretos como natureza, cidades, casas,
pessoas, dentre outros e por fenômenos menos tangíveis
como os sentimentos.
Sendo assim, “um lugar é um fenômeno qualitativo
“total” que não pode ser reduzido a nenhuma de suas
propriedades, como as relações espaciais, sem que se perca
de vista sua natureza concreta”. A qualidade ambiental dos
lugares seria, portanto, definidora das atividades humanas,
já que funções similares exercidas em lugares diferentes
tendem a ser realizadas de formas diferentes, pois, os
lugares são diferentes.
Já o espaço pode ser considerado como uma
dimensão existencial. Segundo Norberg-Schulz, 1976,
“espaço indica a organização tridimensional dos elementos
que formam um lugar, o “caráter” denota a “atmosfera”
geral que é a propriedade mais abrangente de um lugar”.
Sendo então, o lugar algo perceptível, carregado de
significância e caráter utilitário. Já o seu reconhecimento se
dá por meio da sua experimentação e interação e apenas é
possível por meio das relações entre sujeito e ambiente.
Sem o espaço não há lugar-ambiente, ambos se
complementam e se relacionam.
Para Heidegger (SD), filósofo alemão, “a fronteira
não é aquilo em que uma coisa termina, mas, como já
sabiam os gregos, a fronteira é aquilo em que algo começa a
se fazer presente”. “Os lugares são literalmente “interiores”
o que significa dizer que “reúnem” o que é conhecido.
Discutindo então o conceito acima, tem-se que o
limite, a fronteira ou qualquer outra demarcação estabelece
o vínculo com o espaço, criando a referência do lugar e seu
valor simbólico.
79
67. NOVO LAR PARA IDOSOS
Paolo Portoghesi e Heidegger (SD), também
discutem o espaço como um “sistema de lugares” que
estabelecem a relação interior-exterior e possuem graus
variados de extensão e cercamento carregados de
significância.
Com base então nas ideias de Norberg-Schulz,
(1976), cabe aqui uma reflexão sobre a tipologia adotada nas
instituições asilares, lugares que mostram uma relação
corrompida pela falta de vínculos existentes entre o lugar e
o indivíduo ali assistido, pelo cercamento como fronteira e
tipologia reproduzida.
A identidade do espaço asilar necessita ser
priorizada na contemporaneidade, seja por meio da
fenomenologia do lugar ou por meio de outros conceitos.
“Quando a união entre o natural e o
produzido se completar, nossas
constr uções aprenderão e se
adaptarão, curarão a si mesmas e
evoluirão. Contudo, este é um poder
com o qual ainda não chegamos a
sonhar.” Comentário do americano
Kevin Kelly, escritor e conhecedor da
tecnologia, (RICHARD ROGERS,
1997).
Embora se tenha tantos conceitos que preconizam
uma arquitetura pensada e projetada para possibilitar a
experimentação do indivíduo em seu espaço, na atualidade
ainda se concebe um grande volume de construções de
asilos que carecem de uma caracterização para formação de
uma identidade entre espaço, lugar e arquitetura.
Em contrapartida, a nova população de idosos
buscando qualidade de vida, vivendo mais e com maior
autonomia e independência, a criação de leis específicas de
atenção e este segmento, o desejo de não se ter ruptura de
vida entre a residência e a instituição, exigirão neste século o
planejamento de lugares que se aproximem mais da
concepção de lar.
A valorização do corpo no espaço, atualmente é
pensada em modelos alternativos de creches e condomínios
para idosos, lugares ainda restritos a uma pequena parcela
desta faixa etária, o desafio é estender esta concepção para
os lugares públicos.
80
68. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
4.2.4 PROMOÇÃO DO CONTATO COM OS TEMAS VELHICE E ASILO
No intuito de fomentar uma reflexão sobre os temas que envolvem o idoso, para verificar possíveis percepções
sobre o processo de envelhecimento, uma vez que a velhice e suas consequências são deixadas de lado, não fazendo
parte do cotidiano das pessoas, foram realizadas duas intervenções que buscaram suscitar na população envolvida o
contato com o assunto.
Como constatação, após aplicação das atividades, a velhice precisa ser encarada de forma mais responsável e
melhor debatida pelos segmentos da sociedade, já que o envelhecimento é uma realidade do mundo e não somente
daqueles “asilados” e seus familiares. Isto se não quisermos permitir que o modelo público institucionalizado
atualmente perpetue e permaneça nas mesmas condições e com a mesma tipologia arquitetônica, fria, sombria e
impessoal.
4.2.4.1 24ª SEMANA INTEGRADA DO CAU/UNILESTE – 2º SEMESTRE/2014
No dia 22/09/2014, na sala E 107, foi preparado um espaço caracterizando o aconchego do lar, com esteiras
pelo chão, um cantinho da vovó com compoteiras de balas dispostas sobre a mesinha de canto, pipoca, refrigerante e a
projeção de um bom filme de nome “E Se Vivêssemos Todos Juntos”, em que alunos do 9º e demais períodos puderam
entrar em contato com algumas questões advindas do envelhecimento.
Filme lançado em 12 de outubro de 2012, do gênero comédia, foi dirigido por Stépahane Robelin e contou com
a participação de Jane Fonda, Pierre Richard, Geraldine Chaplin, todos já em suas fases maduras de vida, tornando o
enredo mais real.
81
69. Embalagens personalizadas “Novo Lar para Idosos”:
Embalagens para pipoca e copo para refrigerante foram adesivados com o logotipo do TCC1 no intuito de tornar público
o tema escolhido para o Trabalho. As caixinhas de pipocas ainda receberam adesivos contendo trechos de um pensamento sobre
o idoso, como forma de resgatar e tratar explicitamente a velhice numa perspectiva mais desafiadora, pois:
“(...) a sensação corporal de prazer possibilita experimentar a alegria ou a felicidade, sendo missão da arquitetura
criar espaços sensíveis e estimulantes que favoreçam o desenvolvimento da existência humana”. (OKAMOTO –
p. 253, 2002).
Figura 17 - Alunos assistindo o filme E Se Vivêssemos Todos Juntos
Fonte: Própria, 2014
NOVO LAR PARA IDOSOS
82
70. Figura 18 - Espaço Cantinho da Vovó
Fonte: Própria, 2014
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Figura 19 - Embalagens produzidas
Fonte: Própria, 2014
83
71. O Filme:
NOVO LAR PARA IDOSOS
Conta a história de cinco amigos de longa data que
acabam morando na mesma casa, decisão tomada após um
deles passar alguns dias em um asilo sob recomendações
médicas e pressão do filho. Diante da internação, um se
revolta com a condição do amigo e, com o auxílio dos
outros, o leva para casa onde todos passarão a conviver e a
ajudarem-se mutuamente nas dificuldades de cada um.
Figura 20 – Cena do filme citado
Fonte: Própria, 2014
Figura 21 – Cena do filme citado
Fonte: Própria, 2014
Em meio a desavenças e individualidades,
somadas aos problemas de saúde que enfrentam, os
amigos tentam se ajeitar dividindo as tarefas de casa.
84
72. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Figura 22 - Cena do filme citado
Fonte: Própria, 2014
Figura 23 - Cena do filme citado
Fonte: Própria, 2014
Figura 24 - Cena do filme citado
Fonte: Própria, 2014
A vida inteira é planejada, exceto a velhice, não
se pensa nos últimos anos e nem no que fazer nesse
tempo.
A tarefa não é fácil, já que, junto a idade, vem a
dependência e a necessidade de auxilio de terceiros.
Mesmo causando estranheza, os personagens se
apropriam dos espaços conforme seus desejos,
necessidades e limitações.
85
73. 4.2.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO
Público Alvo: Externo
NOVO LAR PARA IDOSOS
Embora seja evidente o aumento do número de idosos no Brasil, ainda se conhece muito pouco sobre a pessoa idosa.
Percebendo a necessidade de conhecer como as pessoas, de faixas etárias variadas, lidam com o tema envelhecimento, utilizou-se
de uma pesquisa escrita com questões sobre moradia, sentimentos e relacionamentos, quesitos de grande importância
principalmente quando se está em fase avançada da idade, que foi distribuída a 100 pessoas.
Não representou estranheza quando um indivíduo, ainda jovem, perguntou se o questionário era mesmo para ser
respondido por ele e não somente por quem já estivesse em idade mais avançada. Momento em que foi levado a refletir sobre uma
fase da vida que chega para nós, para nossos familiares e para quem mais tiver sorte. Numa perspectiva de ressaltar a velhice como
sendo uma fase que deve ser aproveitada em sua plenitude.
Compilação das respostas:
Para apuração dos dados foram retornadas 40% das pesquisas distribuídas, o que pode ser interpretado como
consequência do baixo interesse no tema envelhecimento por parte da população. O percentual de participação provavelmente
seria maior se o assunto abordado fosse referente à infância, já que as crianças são tidas como futuro e a velhice como o fim da
vida. Visão distorcida que necessita ser modificada, haja vista que a velhice é o futuro de todos nós, inclusive dessas crianças.
86
74. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Foi observado com a pesquisa maior
interesse das mulheres na discussão do tema,
refletindo nos resultados, conforme gráfico
abaixo, onde o percentual de participação
feminina ficou superior ao masculino.
Quanto a indagação sobre morar em asilo,
apenas quatro pessoas responderam sim, o que
reforça o estigma negativo atrelado às instituições
asilares. Visto que as respostas positivas foram
dadas pelo público feminino, interpreta-se que os
homens apresentam maior resistência a receber
cuidados.
Figura 25 - Relação Percentual dos Entrevistados Divididos
por Sexo e Faixa etária
Fonte: Própria, 2014.
Fonte: Própria, 2014.
87
Figura 26: Moraria em asilo?
Indecisos
Não
Sim
10
3
8
15
4
0 Mulheres - 2011
Homens - 2011
75. Figura 27 - Condicionantes para respostas positivas
Ouviu coisas
ruins sobre asilos
Sentir-se
desamparado
Sentir-se
abandonado
Sentir-se
sozinho
5
2
15
3
2
2
3
0
0
Ter um cantinho
para viver
Cuidado profissional
da saúde
Ter amigos
para conversar
Ter segurança
e proteção
Ter companhia
Fonte: Própria, 2014.
Figura 28 - Condicionantes para respostas negativas
Fonte: Própria, 2014.
NOVO LAR PARA IDOSOS
N a s r e s p o s t a s p o s i t i v a s, a s p r i n c i p a i s
condicionantes estão relacionadas aos cuidados por
profissionais da saúde, segurança e convívio com outras
pessoas. Para esta questão foi permitido a escolha de mais
de uma opção.
Já o gráfico que apresenta as condicionantes que
levaram os pesquisados a responderem que não
procurariam um asilo para morar, aponta o abandono como
o item de maior relevância, aparecendo ainda como
motivos coisas ruins que são ouvidas, desamparo e estar
sozinho, fatores que foram discutidos a longo deste
trabalho.
88
79. ESTUDO DE CASOS
No planejamento inicial foi proposta a aplicação de um questionário para
levantamento de alguns fatos relevantes associados à vida externa e como se deu a
passagem do lar para a instituição, no intuito de entender as relações entre internos,
familiares e sociedade.
O questionário foi elaborado, porém na primeira visita esta ideia foi dissipada pelo
elevado número de internos com incapacidade, uns em seus leitos e outros alienados em
uma cadeira, ora disposta no pátio central, ora no interior dos quartos destinados a eles.
Nas visitas percebeu-se o quanto estas instituições estão à margem da sociedade,
sobrevivendo por meio de convênios com a Prefeitura Municipal e por obras de caridade,
sendo as três Instituições de Longa Permanência para Idosos, em Ipatinga, fundadas e
administradas por igrejas locais. Fatos que comprovam a concepção do asilo, até os dias
atuais, no campo da caridade pelo cristianismo.
Os convênios junto à Prefeitura Municipal, da Saúde (R$50.000,00/ano) e da
Assistência (R$300.000,00/ano) são destinados ao pagamento de pessoal da equipe
multidisciplinar, cuidadores e serviços gerais. Demais despesas são acobertadas pelas
igrejas, aposentadoria e Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), já que todos os
internos recebem algum tipo de benefício. Não sendo percebida, portanto, maiores
preocupações do governo no investimento da qualidade de vida do idoso interno.
93
80. 5.1 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS EM IPATINGA
5.1.1 INSTITUIÇÃO: LAR DOS VELHOS PAULO DE TARSO
Situada à Rua Lourenço da Veiga, 96 – Bairro Bom Retiro – Ipatinga, MG. Telefone de contato (31) 3823-2811. Foi
visitada em 04/11/2014.
Lar fundado em 1967 pela Casa Espirita que se situa em edificação vizinha. Possui atualmente 42 internos, contrariando a
resolução 109 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) – Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,
publicada em 11 de novembro de 2009, que define o máximo de 20 pessoas por instituição. Acolhe um público misto, sendo que
dentre os 42 assistidos somente um procurou o Lar voluntariamente, os demais
são provenientes de decisões familiares. Um dado que constata o abandono do idoso é que somente três deles recebem o
acompanhamento de familiares, os outros foram ali deixados e esquecidos.
Fonte: Própria, 2014
NOVO LAR PARA IDOSOS
94
81. ESTUDO DE CASOS
A edificação é constituída por duas alas, não sendo divididas por sexo, os quartos femininos e masculinos se misturam pela
extensão dos corredores. As condições de saúde variam muito, existindo idosos em leitos definitivos, cadeirantes, Portadores de
mal de Alzheimer e outras, poucos acompanham o dia-a-dia na instituição.
Todos os internos recebem um benefício da Previdência Social, aposentadoria, pensão ou Lei Orgânica de Assistência
Social (LOAS), valor que é retido pela instituição para cobrir suas despesas. De acordo com a legislação 70% fica para a instituição
e 30% devem ser mantidos com o beneficiário. Porém existe o descumprimento da lei, sendo em alguns casos por necessidade do
próprio asilo e em outros por falta de condição do próprio idoso administrar a quantia ou até mesmo por não ter como gastar.
Os quartos são compartilhados por 3 pessoas e o banheiro que antes era coletivo, agora é de uso individual compartilhado
por dois quartos. Não possuem armários para guarda de seus pertences, que são armazenados em um único cômodo.
É um lar onde pessoas são agrupadas pelas condições de saúde que apresentam. Que perdem os vínculos externos e a
identidade enquanto indivíduo criador de uma história de vida, abandonados pela família por ser um peso.
Abandono que faz diferença para um interno que se mantem todos os dias assentado na porta de entrada aberta,
observando o movimento na rua como forma de manter vivas as lembranças de ações corriqueiras e cotidianas presentes na vida
de um cidadão comum.
A equipe multidisciplinar se utiliza de atividades de terapias, trabalhos manuais, danças, pequenas caminhadas, passeios à
feirinha do bairro, para tornar mais produtiva a vida daqueles que podem se deslocar.
No pátio central uma oficina improvisada de marcenaria, com um voluntário fabricando pequenos objetos de madeira
para uso na instituição.
A visita se tornou mais rica a partir do instante que a Sra. Antônia, professora e única interna voluntária, se juntou ao
grupo e foi apontando melhorias necessárias que visualiza na instituição. Esta senhorinha está na instituição há 1 ano, porém nos
finais de semana e feriados fica com a filha e netas. Foi inserida no lar porque estava sendo maltratada pelo filho. Ela mantem seus
pertences guardados em uma trouxa de pano.
95
82. Necessidades apontadas:
NOVO LAR PARA IDOSOS
1 - Assistentes Sociais: Mudança no desenho da cozinha, criando espaço para que alguns deles possam preparar
alimentos, por mais simples que sejam, como forma de tornar aquele lugar mais próximo de suas casas.
2 - Dona Antônia: Sugere troca do piso da área externa onde permanecem em grande tempo. No pátio central mais verde
e flores nas áreas destinadas ao jardim. Fechamento por tijolo de uma porta atualmente isolada, que fica na sala de TV e permite a
passagem do som para seu quarto. Uma cozinha mais alegre e com o mobiliário mais bem disposto.
3 - Carpinteiro voluntário: Disfarce de dois pilares no centro da cozinha. Colocação de armários nos quartos, tornando
possível a guarda e os cuidados com as roupas e pertences por cada um.
Embora a instituição tenha sua tipologia construtiva definida, percebe-se a possibilidade de modificações que permitam
ao local maior comunicação do espaço com os internos e deste com seu entorno, já que possui em seu entorno equipamentos
urbanos como escola estadual, praça, clube, igrejas e hospital. Mostrou-se bastante aberta a intervenções de melhorias no espaço e
integração com o ambiente externo, contrariamente ao que indica sua edificação, concebida de forma fechada e voltada para o seu
interior, reproduzindo a tipologia existente para esse tipo de moradia.
96
83. ESTUDO DE CASOS
5.1.2 INSTITUIÇÃO: LAR DIVINA PROVIDÊNCIA DA SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO
Esta se situa à Rua Tupiniquins, 95 – Bairro Iguaçu – Ipatinga, MG.
Telefone de contato (31)3821-3838. Foi visitada em 06/11/2014.
Fonte: Própria, 2014
Lar fundado em 30/12/1989 pelo Padre Efrain Solano e entregue aos vicentinos para dirigir e administrar. Possui
atualmente 50 internos, contrariando a legislação que estabelece o número limite de pessoas, sendo 20 do sexo feminino e 30 do
sexo masculino. Para correção do número excedente, foi estabelecido o prazo de julho/2015 para que se chegue aos 40 internos.
Uma curiosidade é que dentre os internos está uma senhora de 107 anos, abrigada antes mesmo da inauguração da casa e
97
84. NOVO LAR PARA IDOSOS
ali permanece até os dias atuais, embora não apresente conexões com o mundo.
Em sua história abrigou muitos idosos vindo de outros municípios, fato que pode ter contribuído para o afastamento do
convívio entre internos e familiares, embora pessoas do próprio município estejam ali sem o acompanhamento familiar. Neste
ano, foi estabelecida a regra de só permitir o acesso daqueles residentes em Ipatinga.
No intuito de minimizar o abandono do idoso, a casa mantem um sistema de apadrinhamento pelos vicentinos, onde cada
interno possui um padrinho responsável pelas datas comemorativas, como aniversário, natal, etc. Foi relatado pela Assistente
Social que alguns fazem questão de comparecer e participar da organização da festividade, já outros pedem para que eles
organizem e informem o valor para envio.
Construção de dois pavimentos que tem sua frente fechada por grade alta possibilitando o contato do idoso com o mundo
externo, porém o portão de entrada é mantido sempre trancado. Possui separação das alas feminina e masculina e uma tipologia
construtiva muito semelhante a hospitalar. Os quartos são compartilhados por quatro pessoas e são dispostos ao longo de
corredores, possuindo ainda um pátio central pequeno, localizados no primeiro pavimento. Já o segundo pavimento é dividido em
salas e são utilizadas pelos vicentinos.
Possui na área externa um enorme pátio que era utilizado para armazenamento das doações destinadas ao lar, está sendo
fechado por falta de quantidade de doações suficientes que justifique a manutenção daquele espaço.
É uma instituição bastante visitada por escolas municipais, onde crianças cantam, leem histórias, trazem doações e passam
algum tempo visando momentos mais vivos e alegres para àqueles que vivem o abandono. Um destaque para o lar é a escola de
alfabetização em funcionamento, onde alguns idosos participam e estabelecem vínculos com a educadora.
A arquitetura existente dificulta adaptações e modificações que possam promover melhorias nos espaços, para tornar os
ambientes mais acolhedores e com mais esperança de vida.
O formato maçudo da construção, as aberturas insuficientes, as cores utilizadas na pintura das paredes e a pouca
incidência de luz somam para uma sensação de peso e de confinamento, tornando o lugar ainda mais triste e frio.
98
85. ESTUDO DE CASOS
5.1.3 INSTITUIÇÃO: AÇÃO EVANGÉLICA DE AMPARO AOS NECESSITADOS DE IPATINGA
Situada à Rua Blumenau, 105 – Bairro Veneza II – Ipatinga, MG.
Telefone para contato (31)3825-0655. Foi visitada em 06/11/2014.
Instituição fundada em 26/03/1971 pela Igreja Assembleia de Deus iniciou os trabalhos com creche, passando a receber
idosas a partir de 2005. Alvo de denúncias foram obrigados a realizar correções e adaptações exigidas na Resolução – RDC Nº
283, de 26 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, motivo pelo qual possuem projeto
arquitetônico e pelas melhorias realizadas é a instituição que mais se assemelha a uma tipologia de “casa lar”.
Fonte: Própria, 2014
99
86. NOVO LAR PARA IDOSOS
Abriga 20 idosas e mantém o desejo de ingresso de internos do sexo masculino, porém é necessária ampliação da
construção, o que demanda investimentos. Os quartos são espaçosos, com portas largas e acomodam quatro internos. Um ponto
forte observado em seus espaços é a presença de espelho na parede, o que permite a idosa se ver.
Possuem um espaço de convivência situado à frente dos quartos, além de um espaço aberto na área externa da construção
para o banho de sol, onde também acontecem oficinas de atividades manuais. A lavanderia industrial é dividida, conforme
exigência da ANVISA em área suja e área limpa e possui um grande armário onde as roupas das internas ficam separadas e
guardadas.
Uma única idosa que foi voluntariamente para a instituição possui em seu espaço dentro do quarto compartilhado, um
guarda-roupa, rádio e uma cômoda, como forma de manter sua autonomia na guarda de seus pertences, vínculos que trouxe da
vida externa.
Mesmo com as reformas exigidas pela ANVISA ainda é necessária alguma melhoria, porém a instituição está em situação
de privilégio se comparada com as outras duas visitadas, embora a Assistente Social tenha expressado grande interesse em
parcerias.
100
87. ESTUDO DE CASOS
Concluindo o estudo de caso, tem-se que as três instituições estão ligadas às religiões Espirita, Católica e Assembleia de
Deus, duas abrigam idosos do sexo masculino e feminino e uma somente do sexo feminino. A impessoalidade e a falta de vínculo
são presentes nas três, fazendo dos lugares algo que não faria parte de uma escolha se assim pudesse ser.
Os Lares Paulo de Tarso e da Sociedade São Vicente de Paulo são os que apresentam maiores necessidades de adaptações,
embora as construções atuais dificultem reformas. Para atendimento as exigências de convênio junto à Prefeitura Municipal,
estão em processo de elaboração do projeto arquitetônico da edificação.
Para este Trabalho de Conclusão de Curso 1, somente uma instituição será estudada para proposição de um projeto de
ressignificação, adequação e reposicionamento do usuário na relação com o espaço habitado. Visto as necessidades imediatas, e a
latente demanda por outros espaços que possibilitem a reinserção do idoso ao convívio social, foi escolhido o Lar dos Velhos
Paulo de Tarso. Não posso deixar de mencionar que a Sra. Antônia, única moradora voluntária, muito influenciou nesta escolha,
sugeriu melhorias e solicitou ajuda para tornar aquele lugar mais integrador. Interlocução que ofereceu maior clareza aos
levantamentos, possibilitando uma ótica diferente entre espaço vivenciado esporadicamente e espaço habitado.
101
90. OBRAS ANÁLOGAS
Serão aqui referenciadas obras análogas no intuito de apresentar resultados satisfatórios de projetos para atendimento ao
idoso, dentro da concepção arquitetônica e soluções espaciais, numa perspectiva diferente do que foi levantado e registrado nas
visitas técnicas às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) na cidade de Ipatinga. As analogias contribuirão para a
proposição de modificações e melhorias que favoreçam o corpo no espaço, as relações entre o público e o privado, bem como o
conhecimento de modalidades alternativas buscando novos significados e novos usos do ambiente.
6.1 CENTRO GERIÁTRICO HABITAÇÃO COLETIVA - AIRES MATEUS PORTUGAL
Obra selecionada para inclusão no trabalho, por se tratar de uma edificação contemporânea, ousada na configuração dos
ambientes, considerou as limitações do seu público, promovendo novas experimentações do corpo no espaço.
Ficha da edificação:
Localização: Alcácer do Sal, Portugal;
Arquiteto Responsável: Francisco Aires Mateus & Manuel Aires Mateus;
Equipe De Projeto: Giacomo Brenna, Paola Marini, Anna Bacchetta, Miguel Pereira;
Área: 1,560 m2;
Ano: 2010.
“O projeto nasceu de uma leitura atenta da vida de uma comunidade em particular, uma espécie de micro
sociedade com as suas próprias regras. O programa pode definir-se entre um hotel e um hospital, procurando
compreender e reinterpretar a combinação público/privado, respondendo às necessidades de uma vida social, e
ao mesmo tempo de isolamento. As unidades independentes agregam-se a um único corpo com um desenho
claro e expressivo.” (ARCHDAILY.COM.BR, 2010).
105
91. Da mesma forma que o arquiteto utilizou-se da leitura de vida de uma comunidade para definir seu projeto, este trabalho,
na instituição a ser escolhida, considerará as práticas diárias, necessidades e anseios dos assistidos por ela.
Outro ponto de relevância na obra análoga, é a valorização do espaço destinado a circulação, mesmo considerando a
redução da mobilidade apresentada em idade avançada, item que será abordado no presente trabalho por meio de intervenções
nos acessos comuns e nas áreas de vivência, tornando-os ambientes mais integradores.
“A mobilidade reduzida daqueles que habitarão o edifício sugeriu que qualquer desvio deveria ser uma
experiência variada e emotiva. A distância entre as unidades independentes é medida e desenhada para que a ideia
de percurso se transforme em vida, e o tempo em forma.
O edifício, percurso desenhado, é um muro que naturalmente se ergue da topografia: limita e define o espaço
exterior, organizada todo o lote.” (ARCHDAILY.COM.BR, 2010).
Fonte: archdaily.com.br, 2010
NOVO LAR PARA IDOSOS
106
96. 6.2 MEMÓRIA VIVA
OBRAS ANÁLOGAS
Instituição referenciada neste trabalho em virtude de ser uma nova modalidade de assistência ao idoso inaugurada no
município de Ipatinga, ampliando o horizonte da população quanto às possibilidades de cuidados na velhice, até então limitada
aos asilos públicos convencionais.
É um centro dia situado no Bairro Cidade Nobre, em Ipatinga, MG, para permanência temporária do idoso. O nome
Memória Viva foi escolhido para não intimidar o longevo e seus parentes. Oferece um espaço onde a pessoa se sente em casa, mas
com um atendimento mais completo e direcionado para a melhoria de sua qualidade de vida. Tem como objetivo o
prolongamento do período ativo na velhice por meio de atividades direcionadas e convivência social.
Fonte: Própria
Figura 37 - Centro Memória Viva, Ipatinga, MG
111
97. Ficha da edificação:
Localização: Rua Dom Pedro II, Nº161- Bairro Cidade Nobre, Ipatinga, MG.
Fundado em agosto de 2014, ainda não tem seu o quadro de assistidos preenchidos. A aceitação do público ainda é lenta,
devido à resistência da sociedade com este tipo de empreendimento. Possui capacidade para atendimento a cinco internos em
período integral ou 10 meios períodos. Atualmente tem apenas um interno de período integral e alguns outros que participam das
oficinas terapêuticas.
O horário de funcionamento é de 7h as 18h, de segunda a sexta e os idosos podem ou não fazer as refeições na instituição,
ficando a critério do cliente. O serviço oferecido depende da necessidade do paciente cujo custo pode variar de R$1.300, meio
período, até R$ 4.500, período integral, com todas as atividades e refeições.
Fonte: Própria, 2014
Aos internos são oferecidas
d i ve r s a s o fi c i n a s d i á r i a s c o m o
acompanhamento de profissionais da
saúde. Além da assistência ao idoso
disponibilizam consultoria arquitetônica,
para realizar adaptações necessárias na
casa dos pacientes, no intuito de adequar
os espaços de acordo com a necessidade,
oferecendo maior conforto.
NOVO LAR PARA IDOSOS
112
Figura 38 - Vista externa
101. NOVO LAR PARA IDOSOS
Figura 41 - vista da cozinha da instituição Figura 42 - sala de Televisão da instituição
Fonte: Jeitodeviver.com.br, 2014 Fonte: Jeitodeviver.com.br, 2014
116
102. OBRAS ANÁLOGAS
Figura 43 - sala de estar da instituição Figura 44 - área de convívio social da instituição
Fonte: Jeitodeviver.com.br, 2014 Fonte: Jeitodeviver.com.br, 2014
A instituição possui um espaço acolhedor mais
próxima do conceito de lar, o que minimiza o sofrimento
gerado pelo rompimento da história vivida no lar e a
mudança para o local.
Ambientes destinados para o convívio
social entre internos e com visitantes integram a
edificação, tornando a moradia aconchegante e
pessoal. Espaços que foram projetados tirando
p r o v e i t o d a s v i s a d a s e x t e r n a s , q u e
proporcionam maior contato com o entorno e a
natureza.
117
106. Figura 45 - Diagrama de localização
Ipatinga
Belo Horizonte
Cel. Fabriciano
Santana do
Paraíso
IPATINGA
Novo Lar para idosos
Fonte: Própria, 2014.
NOVO LAR PARA IDOSOS
122
122. NORMAS E LEGISLAÇÕES CONSTRUTIVAS
Para atendimento às propostas apresentadas neste
trabalho, deverão ser consideradas normas e legislações, que
estabelecem padrões mínimos como requisitos para
elaboração e avaliação de projetos arquitetônicos em
estabelecimentos assistenciais, com o objetivo de torná-los
adequados às necessidades de seus usuários, de forma
responsável.
Embora a instituição, objeto deste trabalho, não seja
do setor da saúde, cuida e responsabiliza-se por pessoas com
os mais variados problemas de saúde decorrente da idade
avançada, fato que a coloca sob a fiscalização dos padrões
requeridos pela Vigilância Sanitária.
Assim sendo, a RESOLUÇÃO - RDC Nº. 50,
publicada em 21 de fevereiro de 2002, deve ser seguida como
requisito norteador no programa de intervenções proposto
para o Lar dos Velhos Paulo de Tarso, como complemento ao
projeto arquitetônico da instituição.
Art. 1º.–“Estabelece regras
para aprovar o Regulamento Técnico
d e s t i n a d o a o p l a n e j a m e n t o ,
programação, elaboração, avaliação e
aprovação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de
saúde, em todo território nacional, na
área publica e privada.” (RDC Nº. 50)
Segundo a RDC Nº 50, é por meio da aprovação do
projeto arquitetônico pela Vigilância Sanitária, que a
instituição regulariza seu processo de adequação, motivo pelo
qual as três instituições visitadas disseram estar preparando
seus projetos para apresentação.
Estabelece em seu texto requisitos básicos e
abrangentes a toda edificação, tais como dimensionamento
de espaços, limpeza, circulações verticais, acabamentos de
paredes, pisos e bancadas, condições de segurança contra
incêndios, dentre outros. Portanto esta norma define padrões
a fim de assegurar qualidade aos espaços modificados.
139
123. NOVO LAR PARA IDOSOS
No que se refere a requisitos de acessibilidade, será
considerada a Norma ABNT NBR 9050, já que:
“ E s t a b e l e c e c r i t é r i o s e
p a r â m e t r o s t é c n i c o s a s e r e m
observados quando do projeto da
construção, instalação e adaptação de
edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos às condições de
acessibilidade.” (ABNT NBR 9050)
Requisitos estes estabelecidos para permitir às
pessoas portadoras de necessidades especiais e mobilidade
reduzida o acesso a produtos, serviços, atividades,
informações, etc..
Portanto, nas modificações propostas para a
Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Lar
dos Velhos Paulo de Tarso, esta norma muito contribuirá
para proporcionar aos idosos, com todas as suas limitações,
acessos aos espaços de forma digna, segura e autônoma.
Ainda neste contexto, vãos e circulações, rampas,
parâmetros antropométricos, sinalização tátil, área de
manobra, barras, também serão aqui avaliados e
considerados.
Também o Estatuto da Cidade deve ser referenciado
neste capitulo, por ser ele instrumento de definição de
importantes diretrizes, dentre elas o Plano Diretor, que
define parâmetros para ordenar a função social da cidade e da
propriedade urbana.
A análise do Plano Diretor de Ipatinga, aprovado em
12 de junho de 2014, contribuirá para o entendimento da
política territorial adotada e identificação da melhor forma de
usar o território do município. A classificação das áreas em
zoneamentos visa, por exemplo, o controle da densidade,
preservação de áreas ambientalmente frágeis e Zonas
Especiais de Interesse Social, para abrigar moradia popular.
Este capítulo finaliza-se com um mapa delimitando a
função social de cada área e outro identificando o Lar dos
Velhos Paulo de Tarso, onde será desenvolvido o trabalho de
TCC 2, localizado, conforme art. 72 da lei Nº 3.350 e mapa
de zoneamento, na zona de centralidade II:
140
124.
125.
126. – Zona de Alto Nível de Adensamento –
NORMAS E LEGISLAÇÕES CONSTRUTIVAS
“ZC II visa ao uso e à ocupação com o objetivo de adensar e incentivar as centralidades, promovendo o
fortalecimento das centralidades e, ao mesmo tempo, o controle da densidade, priorizando a multiplicidade de
usos, incentivando as atividades econômicas e permitindo habitações.”
A mesma lei aborda ainda, que deverá ser analisada a legislação vigente sobre o adensamento proposto na área que se
encontra na lei de uso e ocupação do solo do município, LPOUS:
Parágrafo único. “A implantação das instalações a que se refere o caput deverá observar as taxas de ocupação e
coeficientes de aproveitamento máximo especificados na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo –
LPOUS.”
Fonte: LPOUS nº83/2014 anexo II
143
129. NORMAS E LEGISLAÇÕES CONSTRUTIVAS
Chego ao final deste trabalho com a convicção de que algo precisa ser feito para melhoria das condições oferecidas nas
instituições de longa permanência para Idosos (ILPI's), localizadas na cidade de Ipatinga. O formato das mesmas migrou das
instituições asilares e pouco representou de avanço para os assistidos. Arrastam-se, ao longo do tempo, por insuficiência de
recursos financeiros para suprir as demandas existentes, vivendo de convênios públicos e obras de caridade, bem como pelo
distanciamento do tema junto à população, posicionando estas instituições à margem da sociedade.
Com suas tipologias arquitetônicas impessoais, mais se assemelham a um hospital do que propriamente a uma casa e não
favorecem oportunidade de apropriação dos espaços para criação de vínculos de pertencimento. As pessoas ali assistidas estão
desprovidas do amparo familiar e da sociedade.
“A família vai à busca do melhor local para o idoso morar em termos de estrutura física, cuidados e
convívio social com iguais e outras pessoas, pois entendem que por meio de visitas podem manter vínculos
familiares e afetivos. Contudo, em alguns casos, depois da adaptação do idoso à instituição, esse vínculo familiar
muitas vezes é rompido, ficando, o idoso, sem visitas de filhos ou parentes por tempo significativo. Esse
desligamento, que causa muito sofrimento, pode ser um fator desencadeador de deterioração da saúde do idoso,
que se vê sozinho, isolado, sem receber visitas e, portanto, sem ninguém no mundo” (PERLINI, LEITE,
FURINI, 2007).
As moradias de amparo à terceira idade continuam sendo um assunto delicado e pouco discutido pela sociedade. A
aceitação dessas instituições como alternativa de suporte social à população que envelhece, não apresenta consenso, embora seja
indiscutível o aumento da demanda por este serviço nos próximos anos.
Confesso que como cliente em potencial, como todos são, não se escolheria nenhuma das três instituições para morar em
idade avançada, pelas condições atuais apresentadas. Mas também não se pode deixar de referenciá-las pelo valor que possuem
para os assistidos, já que abandonados pelas famílias são os únicos lugares que restam a eles.
Nesta linha de raciocínio, cabe uma analogia em que o asilo está para o velho na mesma importância que está o manicômio
para o louco: melhor ali do que nos maus tratos familiares ou perambulando pelas ruas.
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130. NOVO LAR PARA IDOSOS
“No dia a dia de várias instituições para idosos residentes, a sensação que se tem é de um lugar onde o
tempo estagnou. As horas não passam e existe uma situação de “mesmice” nas diferentes horas do dia: idosos
sentados estáticos, muitas vezes um ao lado do outro, sem conversas, ou, quando se ouve alguma voz na maioria
das vezes é solitária. Idosos conversam, mas não se ouvem. Uns gritam sem motivo aparente, outros vagam. A
sensação é de desistência da vida. Permanece um tempo vazio de “espera” da morte nas instituições” (LIMA,
2000).
Acredito ser possível retirar a simbologia negativa que soa quando se refere a asilos, casas de repousos ou abrigos, se as
políticas públicas e privadas forem mais eficazes e os segmentos da sociedade passarem a enxergar o idoso como um ser dotado de
muitas experiências, valores, princípios, dignidade e bagagem social. Nesse momento, moradias de idosos poderão ser vistas
como lugares adequados para os cuidados especiais, que promovem a qualidade de vida, mantendo o longevo em contato com o
mundo.
Enquanto profissionais responsáveis pela concepção da moradia, temos muito o que fazer tanto nos espaços já
construídos quanto nos novos projetos. Compete também aos diversos mecanismos da sociedade como a mídia, sistema político,
tecnologias, dentre outros, a contribuição para diminuir o estigma e a discriminação da terceira idade, tornando-a mais bem
compreendida como uma fase final de vida que merece atenção pela grandiosidade de suas experiências e realizações no palco
desta existência.
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138. LEVANTAMENTO DE CAMPO
Público Alvo: Externo
1. Entrevistado: Nome completo_____________________________________
2. Sexo: F ( ) M ( ) Idade: _______ Cidade:_________________________
3. Estado Civil: Solteiro( ) Casado( ) Separado ( ) Viúvo(a)( )
4. Residência: Própria ( ) Alugada ( ) Cedida ( ) Asilo ( ) Favor ( )
5. Há quanto tempo reside no mesmo endereço? meses ( ) 1 ano ( ) 2 a 3 anos ( ) 3 a 5 anos ( ) 5 a
10 anos ( ) mais de 10 anos ( ) sempre morou neste endereço ( )
6. Reside com: Esposo (a)( ) Filho(s) ( ) Pais( ) Irmãos( ) Parentes( ) Sozinho ( )
7. Situação econômica: Trabalha( ) Desempregado( )
Aposentado( )Estudante( )
8. Quantos na família trabalham: 1( ) 2( ) 3( ) 4 ou mais( )
9. Renda Familiar: 1 SM( ) 1 a 2 SM( ) 2 a 3 SM( ) 3 a 5 SM ( )
Mais de 5 SM ( ) LOAS ( ) Sem Renda ( )
10. Condições da Moradia: Casa de 1 Pavimento( ) Casa de 2 Pavimentos( ) Prédio( ) Bom estado de
conservação( ) Necessitando de reformas( )
10.1 Quarto: Ventilado( ) Úmido( ) Iluminado( ) Escuro( ) Individual( ) Coletivo( ) Bom Espaço( )
Apertado( )
10.2 Banheiro: Bom tamanho( ) Pequeno( ) Possui adaptação( ) Não oferece segurança( )
10.3 Acesso aos cômodos: Escada( ) Rampa( ) Elevador( )
10.4 Considera que a construção possui obstáculos que dificultam a locomoção no dia-a-dia: Sim( ) Não(
161
139. ) Não sei( )
10.4.1. Se sim, quais são?_____________________________________
10.4.2. Se pudesse modificaria alguma coisa nesta casa para facilitar o deslocamento dentro d e l a ?
Sim ( ) Não ( )
10.4.3. O que?_______________________________________________
_________________________________________________________
10.5 Considera que a construção atual atende um morador com idade avançada? Sim ( ) Não ( ) Não sei ( )
10.5.1 Sendo a resposta não, qual o cômodo deveria ser modificado:
quarto ( ) banheiro ( ) sala ( ) toda a casa ( )
10.5.2 Qual modificação?
Tamanho( ) alargamento de portas( ) colocação de barras( ) iluminação ( ) ventilação ( )
substituição por rampa ( ) substituição por elevador ( )
11. Já conversou com algum arquiteto sobre sua moradia?
Sim ( ) Não ( ) nunca ouvi falar deste profissional ( )
12. Você se sente sozinho em sua casa? Sim ( ) Não ( ) Não sei ( )
13. Se sim, atribui a que esta solidão: saudade da família distante ( ) a demora por visitas ( ) falta de contato com
familiares ( ) nunca teve contato familiar ( ) falta de amigos ( ) falta do companheiro(a)( ).
14. Se pudesse, faria algo diferente em sua vida? Sim( ) Não( ) Nunca pensei ( )
15. Sendo a resposta sim, o que modificaria: aproximaria mais da família ( )
faria mais amigos ( ) procuraria mais os vizinhos ( ) moraria sozinho ( )
moraria em asilo ( ) moraria com parentes ( ) não moraria com parentes ( )
não moraria sozinha ( ) Outros: ___________________________________
16. Em uma idade avançada você procuraria um asilo para morar? Sim( )
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140. Não( ) Não sei( )
16.1 Se a resposta for sim, por que?
Terá companhia( ) Se sentirá seguro e protegido( )
Terá amigos para conversar( )
Será bem cuidado por profissionais da saúde ( )
Terá um cantinho para viver ( )
16.2 Se a resposta for não, por que?
Vai se sentir sozinho ( ) Vai se sentir desamparado ( )
Vai se considerar abandonado pela família( )
Ouvi falar coisas ruins sobre asilo( )
17. Considera a atividade física importante para a saúde? Sim ( )
Não ( ) Não sei ( )
18. Gosta de atividade física? Sim ( ) Não ( ) Não sei ( )
18.1. Se a resposta for sim, indique a atividade física preferida: caminhada ( ) corrida ( ) academia ( )
hidroginástica ( ) passeio ciclístico ( ) esporte radical ( ) defesa pessoal ( )
18.2. Se faz atividade física, informe a quanto tempo: alguns meses ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 a 5 anos ( ) mais
de 5 anos ( ) nunca fiz ( )
19. Considera importante o lazer? Sim ( ) Não ( )
19.1 Se a resposta for sim, indique o lazer preferido: leitura( )
mexer com as plantas( ) televisão( ) cinema( ) viagem( )
conversar na calçada ( ) contar histórias ( ) teatro( )
Visitar amigos ( ) brincar com crianças ( )
uma boa conversa com amigos ( )
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141. 20. Se tivesse a oportunidade de recomeçar a vida, o que faria do mesmo
jeito?_______________________________________________________________________________
_____________________________________
21. O que mudaria?_______________________________________________
22. Em uma só palavra como considera sua vida?_______________________
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