Este artigo tem por objetivo demonstrar que o mundo poderá caminhar para a 3ª Guerra Mundial em consequência do conflito que parece insolúvel reunindo, de um lado, os Estados Unidos e seus aliados ocidentais e, de outro, a Rússia, China e seus aliados. O que faz a possibilidade da 3ª Guerra Mundial ser cada vez mais provável é o acirramento atual do conflito entre a Rússia, de um lado, e os Estados Unidos, a OTAN e a Ucrânia, de outro lado. Além disso, os Estados Unidos estão articulando a constituição de uma OTAN Ásia-Pacífico para confrontar militarmente a China. O mundo caminha para eclosão da 3ª Guerra Mundial porque a proliferação de guerras interessa ao imperialismo norte-americano e à sua indústria bélica que são sócios no propósito de alcançarem seus objetivos, o primeiro, de manter sua hegemonia mundial e, o segundo, de aumentar sua lucratividade com a venda de armas. Com as guerras e os consequentes gastos militares, o imperialismo norte-americano visa manter o crescimento de sua economia e alcançar seus objetivos geopolíticos de manter sua dominação no mundo e, por sua vez, a indústria bélica busca maximizar seus lucros com a venda de armamentos ao governo dos Estados Unidos e a seus aliados. A ameaça de uma nova guerra mundial se fortalece, também, diante da falência do sistema internacional em assegurar a paz mundial. Como impedir a eclosão da 3ª Guerra Mundial? Para afastar definitivamente novos riscos de eclosão da 3ª Guerra Mundial e se concretize a paz em nosso planeta, foi proposto que todos os povos amantes da paz e países não alinhados aos beligerantes se mobilizem mundialmente para se contraporem à nova ordem mundial imposta pelo império global unificado sob a liderança dos Estados Unidos se articulando em defesa de um novo sistema internacional que seja capaz de garantir a paz mundial.
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MUNDO RUMO À 3ª GUERRA MUNDIAL.pdf
1. 1
MUNDO RUMO À 3ª GUERRA MUNDIAL?
Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo demonstrar que o mundo poderá caminhar para a 3ª Guerra
Mundial em consequência do conflito que parece insolúvel reunindo, de um lado, os
Estados Unidos e seus aliados ocidentais e, de outro, a Rússia, China e seus aliados. O
que faz a possibilidade da 3ª Guerra Mundial ser cada vez mais provável é o acirramento
atual do conflito entre a Rússia, de um lado, e os Estados Unidos, a OTAN e a Ucrânia,
de outro lado. Além disso, os Estados Unidos estão articulando a constituição de uma
OTAN Ásia-Pacífico para confrontar militarmente a China. O mundo caminha para
eclosão da 3ª Guerra Mundial porque a proliferação de guerras interessa ao imperialismo
norte-americano e à sua indústria bélica que são sócios no propósito de alcançarem seus
objetivos, o primeiro, de manter sua hegemonia mundial e, o segundo, de aumentar sua
lucratividade com a venda de armas. Com as guerras e os consequentes gastos militares,
o imperialismo norte-americano visa manter o crescimento de sua economia e alcançar
seus objetivos geopolíticos de manter sua dominação no mundo e, por sua vez, a indústria
bélica busca maximizar seus lucros com a venda de armamentos ao governo dos Estados
Unidos e a seus aliados. A ameaça de uma nova guerra mundial se fortalece, também,
diante da falência do sistema internacional em assegurar a paz mundial.
A contribuição da indústria bélica no nascimento e na expansão do imperialismo
norte-americano
A relação umbilical entre o imperialismo norte-americano e a indústria bélica começou
com os gastos militares dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial que foi o principal fator
que contribuiu para tirar os Estados Unidos da depressão econômica ocorrida com a
quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 e não os gastos civis com o New Deal, programa
econômico adotado pelo presidente Roosevelt. É preciso observar que a 2ª Guerra
Mundial (1939-45) foi o processo através do qual os Estados Unidos saíram da estagnação
econômica após a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 para duplicar sua riqueza
nacional no pós-guerra, afirmando-se como potência hegemônica de primeira ordem que
mantém até hoje. Relação profunda aconteceu entre o governo dos Estados Unidos e a
indústria bélica norte-americana durante a 2ª Guerra Mundial, quando os Estados Unidos
se converteram em potência imperialista baseada na indústria de guerra permanente e na
ocupação militar de quase todos os países com a instalação de bases militares em todo o
mundo [1]. É difícil determinar o número real de bases militares dos Estados Unidos no
mundo. A primeira razão é que existem bases militares americanas sigilosas. Não se sabe
exatamente quantas são, e nem onde elas estão localizadas. E mesmo as bases conhecidas
publicamente sofrem mudanças constantes porque muitas são ativadas e desativadas de
acordo com o interesse do momento. O levantamento mais recente apresenta 742 bases
americanas fora dos Estados Unidos, que inclui instalações terrestres e marítimas.
A Figura 1 apresenta as bases militares norte-americanas dentro e fora dos Estados Unidos
[10].
2. 2
Figura 1- Bases militares dos Estados Unidos no mundo
Fonte: https://www.oladooculto.com/noticias.php?id=250
A partir da 2ª Guerra Mundial, a guerra e a economia baseada na indústria bélica se
tornaram os recursos por excelência utilizados pelo governo dos Estados Unidos para
promover a expansão do imperialismo norte-americano. Os gastos com a aquisição de
armas envolvem pesados créditos que o governo norte-americano vai buscar junto ao
sistema financeiro privado que faz com que haja uma relação estreita entre o gasto militar
e o aumento do capital especulativo circulante, estabelecendo-se fortes relações políticas
promíscuas entre os grandes grupos do capital financeiro, a indústria bélica e o governo
norte-americano. A expansão dos gastos militares impulsionada pelas guerras
patrocinadas pelo imperialismo norte-americano desde a 2ª Guerra Mundial até o presente
momento fez com que setor bélico-militar se destacasse no conjunto da economia dos
Estados Unidos.
O fortalecimento do imperialismo norte-americano com a constituição da OTAN
Depois da 2ª Guerra Mundial, o imperialismo norte-americano se confrontou na Guerra
Fria com a ex-União Soviética, quando este país e os Estados Unidos combatiam
indiretamente um ao outro. Não houve enfrentamento direto entre eles devido ao risco de
uma conflagração nuclear destrutiva. Neste período da Guerra Fria, os Estados Unidos e
seus aliados europeus se uniram no plano militar para enfrentar a União Soviética e seus
aliados com a constituição da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em
1949 sob a liderança dos Estados Unidos. Por sua vez, a União Soviética constituiu uma
aliança militar com os países socialistas criando o Pacto de Varsóvia. A respeito da
OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) [7], é importante observar que ela foi
criada no contexto da Guerra Fria, em 1949 tendo como seu principal objetivo conter a
expansão do socialismo na Europa ocidental. A OTAN tem como um de seus
pilares garantir a segurança de seus países-membros, que pode ocorrer de forma
diplomática ou com o uso de forças militares. Os países-membros da OTAN fornecem
3. 3
parte de seu contingente militar para eventuais ações desse porte, uma vez que a
organização não possui força militar própria.
A OTAN contava até a dissolução da União Soviética em 1989 com 16 países: 1)
Alemanha; 2) Bélgica; 3) Canadá; 4) Dinamarca; 5) Espanha; 6) Estados Unidos; 7)
França; 8) Grécia; 9) Holanda; 10) Islândia; 11) Itália; 12) Luxemburgo; 13) Noruega;
14) Portugal; 15) Turquia; 16) Reino Unido. Para atender os interesses geopolíticos dos
Estados Unidos e da indústria bélica, a OTAN se expandiu, após o fim da União Soviética,
atraindo mais 14 países que integravam o sistema socialista do leste europeu como
Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia,
Macedônia, Montenegro, Polônia, República Tcheca e Romênia. Com a adesão desses
países iniciou-se o cerco da Rússia que se completaria com a incorporação da Ucrânia à
OTAN (Figura 2).
Figura 2- O cerco da Rússia pela OTAN na Europa
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60129112
É oportuno observar que grande parte das operações realizadas até hoje pela OTAN
desenvolveu-se no Hemisfério Norte, como no Afeganistão, Kosovo, norte da
África, Oriente Médio, entre outros. Após 1990, a OTAN realizou a invasão do Iraque
sob a liderança dos Estados Unidos. Houve, também, intervenção da OTAN liderada
pelos Estados Unidos na Guerra da Bósnia que levou à dissolução da antiga Iugoslávia
em 1992. Além da cooperação militar entre seus países-membros, a OTAN também
contribui com a Organização das Nações Unidas (ONU) como seu braço armado
intervindo em áreas consideradas perigosas por esta última organização. No século XXI,
sob a liderança dos Estados Unidos, a OTAN envolveu-se em missões no Iraque (2004)
e Afeganistão (2003), combateu a pirataria no golfo de Aden e no oceano Índico, além de
realizar missões durante a Primavera Árabe, com a derrubada do governo de Gaddafi na
4. 4
Líbia, em 2011 e na tentativa de derrubada do presidente Bashar El-Assad da Síria, em
2013.
A Guerra Fria, conflito que se estabeleceu entre os Estados Unidos e a União Soviética,
após a 2ª Guerra Mundial, e a criação da OTAN se converteram no novo e continuado
impulso à indústria bélica norte-americana contribuindo para o fortalecimento do
complexo militar-industrial. Os gastos militares dos Estados Unidos somaram, a partir da
Guerra da Coréia (1950) até o momento atual, montantes jamais vistos. Além da Guerra
da Coreia, os Estados Unidos desencadearam a Guerra do Vietnã e, mais recentemente,
em conjunto com seus aliados europeus cinco guerras de agressão em larga escala — as
do Iraque, da Iugoslávia, do Afeganistão, da Líbia e da Síria — e neste processo lucraram
com espólios, como os recursos petrolíferos, enquanto os povos destes países sofreram
terrivelmente com o terror imperialista em todas essas guerras de agressão. Os alvos mais
recentes dos Estados Unidos e seus aliados foram a tentativa de derrubada dos regimes
de Assad na Síria e a dos aiatolás no Irã.
A tentativa recente de incorporação da Ucrânia à OTAN atenderia aos interesses
geopolíticos dos Estados Unidos porque completaria o cerco da Rússia e, ao mesmo
tempo, da indústria bélica norte-americana que aumentou suas vendas de armamentos
mesmo antes da invasão da Rússia ao fortalecer o exército ucraniano com armas e
treinamento militar. A invasão da Ucrânia pela Rússia fez aumentar ainda mais o
suprimento de armas a este país e aos países da OTAN para lidar com uma possível guerra
com a Rússia. O fortalecimento do exército ucraniano e o fornecimento de armas
explicam a resistência militar da Ucrânia em relação ao exército da Rússia durante a
invasão do país. A indústria bélica dos Estados Unidos está ganhando muito dinheiro
com a guerra na Ucrânia.
A expansão da OTAN na Europa para enfrentar a Rússia e a criação de uma versão
Ásia-Pacífico da OTAN para enfrentar a China
Não há dúvidas que há o interesse geopolítico dos Estados Unidos de cercar e
enfraquecer a Rússia, mas outro grande interessado no conflito é a indústria bélica
porque a existência do conflito representa maior volume de venda de armas e munições.
Recentemente, o Congresso dos Estados Unidos votou um projeto de lei chamado
“Proteger a Ucrânia”, no valor de US$ 500 milhões para fornecer armamento à Ucrânia.
O mesmo está acontecendo com outros países integrantes da OTAN. Quase todos os
países da região estão comprando armas, equipamentos militares e munição da indústria
bélica dos Estados Unidos. O governo dos Estados Unidos e sua indústria bélica são os
principais responsáveis pela eclosão de uma nova guerra mundial porque, além de
promoverem o cerco da Rússia na Europa com a OTAN, está pretendendo construir uma
versão Ásia-Pacífico da OTAN para enfrentar a China. A China denunciou a criação de
uma versão Asia-Pacífico da OTAN no website news.cgtn [5].
Está bastante evidente a estratégia militar dos Estados Unidos de expandir a OTAN na
Europa para cercar a Rússia e da construção de nova versão Ásia-Pacífico da OTAN para
combater a China. Isto se deve ao fato de a Rússia e a China se constituírem em obstáculo
à dominação mundial dos Estados Unidos, respectivamente, do ponto de vista militar e
econômico. A nova versão Ásia-Pacífico da OTAN surge, também, para fazer frente ao
sistema de defesa da China na Ásia (Figura 3). A nova versão Ásia-Pacífico da OTAN
5. 5
tende a acirrar o conflito dos Estados Unidos contra a China da mesma forma que a OTAN
faz com relação à Rússia.
Figura 3- Sistema de defesa da China na Ásia
Fonte: https://www.naval.com.br/blog/2019/08/20/china-pode-vencer-militares-dos-eua-na-asia-em-
questao-de-horas-segundo-relatorio-australiano/
O risco da eclosão da 3ª Guerra Mundial fica colocada como uma possibilidade real de
acontecer, inclusive com o uso de armas nucleares. A Figura 4 apresenta os países que
possuem armas nucleares [8].
Figura 4- Países com armas nucleares
Fonte: https://rr.sapo.pt/especial/mundo/2022/02/28/armas-nucleares-quantas-existem-e-quantos-paises-
as-tem/274403/
6. 6
Cabe observer que, desde 2019, existem aproximadamente 3.750 ogivas nucleares ativas
e 13.890 ogivas nucleares totais no mundo [6]. Atualmente há 12.705
armamentos nucleares pertencentes a nove países: Estados Unidos, Rússia, China, França,
Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte. Rússia e Estados Unidos têm
90% das armas nucleares do mundo. Juntos, todos os países da OTAN que têm armas
nucleares possuem 6.065 ogivas, enquanto a Rússia tem 5.997.
Os gastos militares como sustentação econômica, geopolítica e imperialista dos
Estados Unidos
Não é coincidência que os Estados Unidos sejam um dos países que mais se beneficiam
economicamente de confrontos armados, já que as maiores exportadoras de armas do
mundo são norte-americanas. Para além da venda de munição e de armas, os Estados
Unidos monetiza, também, com contratos de segurança e treinamento militar, o que faz
com que muitos membros do Congresso norte-americano entendam as guerras como uma
máquina geradora de emprego e dinheiro. A paz, para os Estados Unidos, não é desejada
nem perseguida pelos seus governos porque poderia custar muito caro para sua economia.
Os Estados Unidos é o país com o exército mais poderoso do mundo porque, além de
possuir o terceiro maior exército em número de soldados ativos, é também o que mais
investe nas forças armadas [3]. Os Estados Unidos investem 740 bilhões de dólares no
exército, enquanto que a China, o segundo país que mais investe, possui um orçamento
de 178 bilhões de dólares.
Os Estados Unidos também possuem a tecnologia mais avançada para combates e defesa.
Atualmente, a Rússia possui a segunda força militar mais poderosa do mundo. Formado
em 1992, após a dissolução da União Soviética, o exército russo foi um dos que mais
investiram nas últimas décadas. A Rússia é também um dos poucos países que produzem
seus próprios equipamentos militares, tendo o maior número de tanques e projetores de
foguete entre todos os exércitos do mundo. A China possui o maior exército do mundo
em número de soldados ativos. A China é também o segundo com mais financiamento
nas forças armadas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O grande desenvolvimento
da China nos últimos anos, faz com que peritos projetem que o exército chinês venha a
se tornar ainda mais forte nas próximas décadas.
As despesas militares globais atingiram em 2018 seu nível mais alto desde o fim da
Guerra Fria, alimentadas pelo aumento dos gastos militares dos Estados Unidos e da
China, as duas maiores economias do mundo, segundo números divulgados pelo Instituto
Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri) [2]. Em 2018, os Estados Unidos
e a China representaram metade gastos militares do mundo. Este é o valor mais alto desde
1988. Os Estados Unidos foram responsáveis por 36% do total de despesas militares
globais, valor próximo aos gastos combinados dos oitos países seguintes na lista, segundo
o Sipri. A China representa 14% dos investimentos globais e nos últimos dez anos
cresceram 83%. Desde 2013, a China dedica 1,9% de seu PIB a armamentos. Seguem-se
a Arábia Saudita, Índia e França. Em sexto lugar está a Rússia, que assim, pela primeira
vez desde 2006, deixa de fazer parte dos cinco maiores da lista do Sipri. Uma das razões
para a queda de investimentos russos, verificada desde 2016, está nas sanções econômicas
do Ocidente devido ao conflito com a Ucrânia que aumentou suas despesas militares em
7. 7
21% em relação ao ano anterior, gastando 4,8 bilhões de dólares. Em sétimo lugar está o
Reino Unido. A Alemanha vem em oitavo lugar.
A Figura 5 apresenta os maiores gastos militares no mundo por país [9].
Figura 5- Os maiores gastos militares no mundo por país
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/04/25/gasto-militar-mundial-bate-recorde-e-supera-us-2-
trilhoes-em-2021-aponta-relatorio
Além de atender aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, os gastos militares se
converteram, também, nos meios a que o sistema passou a recorrer tentando impedir a
eclosão de crises do sistema capitalista mundial e evitar a perda de lucratividade na
economia não bélica. O endividamento público, com relação ao qual os gastos militares
aparecem associados, se elevou, tornando os Estados Unidos a economia mais armada,
mas também mais endividada do mundo. A economia capitalista norte-americana passou
a ser bélico-dependente [4]. Há quem argumente que as despesas militares são positivas
porque criam demanda e geram emprego. Esse é o primeiro argumento que costuma ser
exibido para explicar o efeito “positivo” da indústria bélica. Outro argumento é o de que
as encomendas militares do governo estimulam empregos bem remunerados na indústria
bélica e na estrutura estatal de defesa (administração, etc.) que resulta em compras ao
setor produtivo da economia.
Pode-se afirmar que, de todos os imperialismos surgidos até hoje ao longo da história, o
imperialismo norte-americano foi o que cometeu os maiores crimes contra a Humanidade
por ter promovido inúmeras guerras de agressão e ter patrocinado os regimes de terror
como as ditaduras militares implantadas através de golpes de estado na América Latina
nas décadas de 1960 e 1970, inclusive no Brasil. Com o apoio de governos locais
subalternos a seus interesses, o governo dos Estados Unidos e seus aliados patrocinaram
todos os possíveis atos de terrorismo de Estado, que inclui prisões e detenções ilegais,
torturas, assassinatos, entre outras ações. Milhares de pessoas na Ásia, África e América
Latina sofreram com esses atos de terrorismo de Estado. Com 102 guerras em seu
"currículo" belicoso, os Estados Unidos são, provavelmente, na história um dos países
8. 8
mais envolvidos em ações militares no mundo que começaram com a anexação de terras
do México a seu território.
O nascimento do império unificado global sob a liderança dos Estados Unidos
Um fato novo ocorreu em 1975 quando todos os países imperialistas se unificaram
constituindo o império unificado global contemporâneo representado pelo G7 que é o
grupo dos países mais industrializados do mundo, composto por Alemanha, Canadá,
Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido com participação, também, da União
Europeia. Organizações como FMI, Banco Mundial, OMC (Organização Mundial do
Comércio) e OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) atuam articuladamente
com os países integrantes do G7 visando a consecução dos objetivos do imperialismo
unificado global ou império global. Na guerra da Ucrânia, o imperialismo unificado
global ou império global se faz presente com as ações unificadas entre os Estados Unidos
e seus aliados da União Europeia para realizarem sanções econômicas contra a Rússia e
o fornecimento de armas à Ucrânia.
A unidade de ação dos Estados Unidos e dos países da União Europeia deixa evidenciado
que uma nova ordem mundial está em vigor no mundo com o império global exercendo
o poder mundial sob a liderança dos Estados Unidos. As contradições interimperialistas
responsáveis pela 1ª e 2ª Guerra Mundial desapareceram. Todos os países imperialistas
estão unidos ao constituírem o imperialismo unificado ou império global que representa
uma ameaça concreta contra a paz mundial e contra a soberania de todos os países do
mundo porque se trata de um poder mundial único, sem fronteiras, acima de qualquer
potência capitalista. Pelo exposto, pode-se afirmar que a humanidade está ameaçada de
destruição pela sanha belicista do império global sob a liderança dos Estados Unidos. É
muito grande a chance da eclosão de uma nova guerra mundial.
Como impedir a eclosão da 3ª Guerra Mundial
Para afastar definitivamente novos riscos de eclosão da 3ª Guerra Mundial e que se
concretize a paz em nosso planeta, é preciso que todos os povos amantes da paz e países
não alinhados aos beligerantes se mobilizem mundialmente para se contraporem à nova
ordem mundial imposta pelo império global unificado se articulando em defesa de um
novo sistema internacional que seja capaz de garantir a paz mundial. Deveriam batalhar
para que o novo sistema internacional funcione com base em um Contrato Social
Planetário democraticamente aprovado por todos os povos do mundo. O Contrato Social
Planetário seria a Constituição do planeta Terra que regeria as relações entre os países,
entre os seres humanos e entre ambos e a natureza. Para a elaboração do Contrato Social
Planetário deveria haver a convocação de uma Assembleia Mundial Constituinte com a
participação de representantes de todos os países do mundo eleitos para este fim. O
Contrato Social Planetário deveria estabelecer a existência de um Governo democrático
mundial, de um Parlamento democrático Mundial e de uma Corte Suprema Internacional.
Este seria o caminho que permitiria evitar o império de um só país ou o domínio de um
grupo de países sobre os demais e a anarquia de muitos. Esta iniciativa exerceria pressão
sobre os governantes dos países beligerantes e sobre seus povos no sentido de aderirem
ao novo sistema internacional defensor da paz mundial.
9. 9
Para assegurar a prática democrática e a governabilidade no planeta Terra, o poder
mundial deveria ser exercido pelo Parlamento mundial que, além de eleger o Presidente
do Governo mundial, deveria elaborar e aprovar as leis internacionais baseadas no
Contrato Social Planetário. O Parlamento mundial deveria ser composto por um número
determinado e igual de representantes de cada país eleitos democraticamente para este
fim. O Presidente do Governo mundial deveria ser eleito com mais de 50% de votos do
Parlamento mundial e só exercerá o comando do governo mundial enquanto contar com
o apoio da maioria do parlamento Se, por maioria do parlamento, houver a necessidade
de substituição do Presidente do Governo mundial isto deve ser feito. O Governo mundial
deve contar com uma estrutura organizacional que seja capaz de lidar com as relações
internacionais, a questão militar, a economia global, o meio ambiente global, o combate
ao crime organizado, entre outras questões, para dialogar com o Parlamento mundial e os
países integrantes do sistema internacional.
Os parlamentares deveriam eleger a mesa diretora do Parlamento mundial que contaria
com estrutura organizacional apropriada. A Corte Suprema Internacional deveria ser
composta por juristas de alto nivel do mundo escolhido pelo Parlamento mundial que
atuariam por tempo determinado os quais deveriam eleger o Presidente da Corte para
cumprir um mandato por tempo determinado. A Corte Suprema Internacional deveria
julgar os casos que envolvam litigios entre paises, os crimes contra a humanidade e contra
a natureza praticados por Estados nacionais e por governantes à luz do Contrato Social
Planetário, julgar conflitos que existam entre o governo mundial e o partamento mundial
e atuar como guardiã do Contrato Social Planetário. O Governo mundial não terá Forças
Armadas próprias devendo contar com o respaldo de Forças Armadas dos países que
seriam convocados quando necessário.
Portanto, com o novo sistema internacional, a ONU poderia ser objeto de reestruturação
e ter sua sede transferida dos Estados Unidos para um país amante da paz ou de tradicional
neutralidade como a Suíça. Estas são, portanto, as medidas que deveriam ser adotadas a
curto prazo para acabar definitivamente com as guerras no mundo.
REFERÊNCIAS
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território? Disponível no website <https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/quantas-
bases-militares-os-estados-unidos-tem-fora-de-seu-territorio/>.
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<https://www.dw.com/pt-br/gastos-militares-globais-atingem-maior-n%C3%ADvel-
em-30-anos/a-48531464>, 2019.
3. JORNAL PORTUÁRIO. Saiba quais são os 24 exércitos mais poderosos do mundo
em 2022. Disponível no website <https://jornalportuario.com.br/interna/economia-
mudial/saiba-quais-sao-os-24-exercitos-mais-poderosos-do-mundo-em-
2022#:~:text=For%C3%A7as%20da%20frota%20da%20marinha,mais%20investe
%20nas%20for%C3%A7as%20armadas>.
4. DANTAS, Gilson. O setor bélico norte-americano em sua condição de estímulo
econômico: algumas notas para um debate contemporâneo. Disponível no website
<https://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%
F5es/GT3/gt3m4c4.pdf>.
10. 10
5. NEWS.CGTN.China opposes attempts to build an 'Asia-Pacific version of NATO'.
Disponível no website <https://news.cgtn.com/news/2022-05-13/China-opposes-
attempts-to-build-an-Asia-Pacific-version-of-NATO--1a0v2CxO34Y/index.html>.
6. PODER 360. Rússia e EUA têm 90% das armas nucleares do mundo. Disponível no
website <https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/russia-e-eua-tem-90-das-
armas-nucleares-do-mundo/>.
7. ALCOFORADO, Fernando. A verdadeira causa da guerra na Ucrânia e das guerras
atuais no mundo. Disponível no website
<https://www.academia.edu/72694282/A_VERDADEIRA_CAUSA_DA_GUERR
A_NA_UCRANIA_E_DAS_GUERRAS_ATUAIS_NO_MUNDO>.
8. MALHEIRO, João. Armas nucleares. Quantas existem e quantos países as têm?
Disponível no website <https://rr.sapo.pt/especial/mundo/2022/02/28/armas-
nucleares-quantas-existem-e-quantos-paises-as-tem/274403/>, 2022.
9. MELLO, Michele. Gasto militar mundial bate recorde e supera US$ 2 trilhões em
2021, aponta relatório. Disponível no website
<https://www.brasildefato.com.br/2022/04/25/gasto-militar-mundial-bate-recorde-e-
supera-us-2-trilhoes-em-2021-aponta-relatorio>.
10. ALMEIDA, Jorge. Bases planetárias dos EUA: O império do terror. Disponível
no website <https://www.oladooculto.com/noticias.php?id=250>.
* Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de
sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric
power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED-
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário
do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor
a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o
Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese
de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003),
Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI
ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary
Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr.
Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio
Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora
CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no
Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que
Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba,
2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-
autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade
ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).